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EME56
SET/2003
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1 As fresadoras
1.1 Introdução
Historicamente não se sabe ao certo quando surgiu a operação de fresagem1 existem alguns registros que
indicam que a primeira fresadora surgiu por volta de 1818 invenção do engenheiro americano Eli Whitney que a
criou para usinagem de peças para armamento.
1
O nome da operação (fresagem) deriva do nome da ferramenta utilizada para tal, a fresa, esta expressão por sua vez vem do
francês fraise que significa moranguinho e este nome é devido ao formato de uma ferramenta manual primitiva, em forma de
uma bola, na qual, antes da têmpera se levantavam, com uma talhadeira, numerosas rebarbas, a forma final desta ferramenta
lembrava um morango.
No entanto, no Brasil, diversos autores utilizam a expressão fresamento para designar esta operação de usinagem e esta
expressão foi também adotada pela ABNT, portanto a princípio ambas as designações estariam corretas.
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Figura 3 Canais Figura 4 Peças com seção formada por polígonos
regulares
Figura 5 Furação.
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1.3 Principais partes
Por existirem diversos modelos de fresadoras, as partes principais de uma destas máquinas podem variar de
uma configuração para outra. Desta forma, serão detalhadas os principais componentes de uma fresadora universal,
que pode ser observada na Figura 9
Base: É o componente responsável por suportar toda a máquina e, muitas vezes, funciona também como
reservatório de fluido refrigerante. Normalmente os apoios possuem ajustes para nivelamento da máquina
no piso.
Console: Desliza pelas guias da coluna, realizando o movimento vertical da peça. Aloja os mecanismos de
acionamento da sela e da mesa. Possui as guias do movimento horizontal transversal.
Sela: Pode se dividir em duas partes denominadas sela inferior e sela superior. A sela inferior desliza pelas
guias do console, realizando o movimento horizontal transversal. A sela superior gira em um plano
horizontal em relação a sela inferior, permitindo-se inclinar a peça. A sela superior possui as guias do
movimento horizontal longitudinal.
Mesa: Desliza pelas guias da sela superior realizando o movimento horizontal longitudinal. Possui rasgos
em T para fixação das peças e acessórios e canalizar o fluxo de fluido refrigerante de volta ao reservatório.
Torpedo: É a estrutura montada sobre a coluna. Sua finalidade é a de receber o suporte do mandril, quando
a fresadora estiver na configuração horizontal e com ferramenta longa. Em alguns modelos quando se
utiliza a configuração vertical o torpedo é deslizado para trás.
Cabeçote vertical: Dispositivo que se fixa na coluna da fresadora e conecta-se ao eixo-árvore, alterando a
configuração de horizontal para vertical em alguns modelos o cabeçote vertical é fixado no torpedo
Árvore: É o eixo que recebe a potência do motor e fornece o movimento de giro para a ferramenta. Pode
ser acionada através de correia e/ou engrenagens, que permitem o ajuste de algumas velocidades de
rotação. Pode girar nos dois sentidos. Normalmente, em sua extremidade, há um cone (ISO ou Morse) para
fixação direta de ferramentas ou de mandril porta ferramentas.
1 Torpedo;
2 - Eixo porta Fresa;
3 Fresa Circular;
4 - Mesa;
5 - Volante de acionamento do movimento
transversal;
6 Console;
7 - Volante de acionamento do movimento
vertical;
8 Base;
9 Sela inferior;
10 Sela superior;
11 volante de acionamento do movimento
longitudinal;
12 Barramento vertical;
13 Porta da coluna;
14 - Coluna
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Figura 10 Uma fresadora universal pode ser montada tanto como fresadora horizontal como mostra a figura
a esquerda como vertical como mostra a figura a direita
Quanto à finalidade
De oficina, também chamada de ferramenteira (maior flexibilidade);
De produção (maior produtividade);
Quanto a aplicação:
Convencional;
Pantográfica (fresadora gravadora);
Copiadora (o apalpador toca um modelo e a ferramenta o reproduz na peça);
Chaveteira (específica para fazer chavetas internas e/ou externas);
Dentadora (específica para usinar engrenagens);
AFigura 11 ilustra de forma esquemática uma fresadora horizontal, uma fresadora vertical e uma fresadora
duplex (com os dois eixos-árvore horizontais). Pode-se destacar que na configuração duplex poder-se-ia ter um eixo
horizontal e outro vertical, ou ainda os dois eixos na vertical.
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Figura 11 Fresadora horizontal, fresadora vertical, fresadora duplex.
Figura 12 Na fresadora Pantográfica a esquerda o modelo a ser copiado é percorrido manualmente pelo
operador, enquanto que na fresadora copiadora a direita o movimento em direção ao apalpador é realizado
de forma automática
Figura 13 A esquerda uma fresadora chaveteira externa e a direita uma fresadora chaveteira interna
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Figura 14 Detalhe de uma dentadora do tipo Fellows
Os cabeçotes que são utilizados para possibilitar maior flexibilidade ao posicionamento das
ferramentas ou ainda para possibilitar movimentos especiais as mesmas;
Os dispositivos para fixação das ferramentas; que servem para convenientemente fixar as ferramentas
aos cabeçotes;
Os dispositivos para fixação das peças; utilizados para fixar as peças à mesa, para possibilitar sua
usinagem.
1.5.1 Cabeçotes
Podem-se dividir os cabeçotes em dois grandes grupos:
Cabeçotes motorizados; que possuem acionamento próprio;
E os cabeçotes acionados pela árvore da fresadora; neste caso o cabeçote é acoplado a árvore
da fresadora e o sistema de acionamento da máquina é o responsável pelos movimentos do
cabeçote.
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Os cabeçotes motorizados podem ser adaptados a qualquer tipo de fresadora enquanto que os outros são
específicos para cada modelo de fresadora e são de difícil adaptação a outras máquinas.
Existe uma grande variedade de cabeçotes acionados pela árvore dentre os quais pode-se destacar:
Cabeçotes angulares; utilizados para possibilitar uma nova direção para o eixo de rotação da
ferramenta e com isto atingir novas posições para a ferramenta;
Cabeçotes chaveteiro, também chamado de cabeçote plainador; é um cabeçote que converte o
movimento de rotação da árvore em movimento retilíneo alternado da ferramenta é utilizado
principalmente para abertura de rasgos de chaveta em furos;
Cabeçote de rosquear; a abertura de roscas com o uso de fresadoras só pode ser realizada em duas
situações: ou quando a máquina possui a chamada árvore indexada, ou seja, a possibilidade de se
estabelecer sincronismo entre o movimento de rotação da árvore e seu avanço ou com o uso de um
cabeçote de rosquear neste caso
o cabeçote permite que seja
possível a abertura de roscas com
o uso de machos ou cossinetes, o
cabeçote executa duas funções
básicas: permitir o giro no
sentido de corte, com limitação
do torque máximo transmissível,
para evitar a quebra da
ferramenta e permite a inversão
automática do sentido de rotação
com velocidade acelerada ao ser
atingido o comprimento desejado
da rosca, os cabeçotes de
rosquear em função da
possibilidade de deslocamento
axial da ferramenta permitem
que o sincronismo ente a rotação
e o deslocamento da ferramenta seja atingido de forma natural;
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A Figura 19 mostra um dispositivo destes,
composto de uma carcaça exterior, impedida de
girar por uma haste de travamento. A tampa da
carcaça é atravessada pelo eixo (2) ligado ao
cone Morse de fixação a arvora da máquina.
Na parte inferior da carcaça tem-se o eixo (1)
que está ligado ao mandril onde será fixada a
ferramenta a ser utilizada para abertura da
rosca. No eixo (2) esta fixada através de
chaveta o prato de arraste (3), que possui um
núcleo cônico (C1) revestido de material de
fricção, e também um cone interno (C3). O
núcleo cônico (C1) pode se acoplar ao cone do
mandril (C2) e para este transmitir rotação. O
cone interno (C3) por sua vez faz rodar os
roletes de atrito (4), que são em número de
seis.
No rosqueamento (Metade esquerda da Figura
19), a descida da árvore, (que deve descer a
uma velocidade compatível com o passo da
rosca e a rotação do mandril), faz o cone C1
acoplar-se ao cone C2 acionando diretamente o
Fonte Stemmer (1992) eixo (1) com a mesma velocidade do eixo (2), o
Figura 19 Dispositivo de roscar com limitação do torque e torque é limitado pelo atrito entre os dois
inversão automática de rotação cones.
No desrosqueamento (Metade direita da Figura 19), tão logo a rosca atinge seu comprimento final o
movimento de avanço da árvore cessa e tem sua direção invertida, isto faz com que o eixo (1) desça desacoplando os
cones C2 e C1 e fazendo com que o cone externo C4 tenha contato com os roletes (4), isto faz com que a rotação do
mandril se inverta e dobre de rotação retirando a ferramenta.
Cabeçote de broquear e facear; estes cabeçotes permitem que o raio de rotação da ferramenta seja
alterado conforme desejado e com isto é possível à obtenção de diâmetros precisos, para tanto este
cabeçote possui uma parte inferior que pode se deslocar mediante o comando de um colar graduado,
em alguns modelos à alteração do raio da ferramenta pode ser realizado com o cabeçote em rotação e
neste caso o cabeçote possui a possibilidade suplementar de executar faceamentos ou mesmo a abertura
de canais no interior de furos.
Figura 20 Cabeçote de broquear, neste cabeçote a parte inferior e capaz de se deslocar em relação a parte
superior e com isto é possível alterar o raio de giração da ferramenta
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1.5.2 Acessórios para fixação das ferramentas
Um outro conjunto de acessórios de grande importância está relacionado com a fixação das ferramentas.
Como já foi mencionado, o eixo árvore possui em sua extremidade um cone e chavetas. Neste cone pode-se fixar um
mandril ou uma ferramenta de haste cônica. Para garantir a fixação utiliza-se uma haste roscada que atravessa a
árvore. As chavetas evitam o deslizamento.
Há ferramentas de haste cônica que podem ser fixadas diretamente no cone de fixação do eixo-árvore, que
pode ser Morse (menor esforço) ou Iso (maior fixação). Normalmente se tratam de ferramentas relativamente
grandes. Para se fixar ferramentas menores, que possuem outra dimensão de cone, utiliza-se um mandril adaptador,
como mostrado pela Figura 21. Nesta mesma figura pode-se observar na ponta do mandril a rosca onde se fixa a
haste roscada.
O mandril universal é muito utilizado em furadeiras manuais, mas também pode ser utilizado em
fresadoras, mas com ressalvas. Só podem ser fixadas ferramentas de haste cilíndrica e cujo esforço não seja elevado,
pois a pressão de fixação não será suficiente. A figura 1.17 apresenta um mandril Jacobs.
O mandril porta-pinça possui modo de trabalho similar ao Jacobs, mas permite uma força de fixação maior.
Também é indicado para ferramentas de haste cilíndrica. A pinça é uma peça única com um furo central no diâmetro
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da haste a ser fixada e com diversos cortes longitudinais que lhe dão uma flexibilidade de fechar este furo em alguns
décimos de milímetro. Este mandril é composto de duas partes. A primeira é o mandril propriamente dito, possui
uma cavidade que receberá a pinça. Esta cavidade possui uma superfície cônica de formato igual ao da pinça. A
segunda parte é denominada de porca, e é rosqueada no mandril. A Figura 23 ilustra um mandril porta-pinça e dois
modelos de pinça. Durante o rosqueamento a porca força a pinça a entrar na cavidade do mandril, e devido à forma
cônica, obriga a pinça a se fechar e fixar a ferramenta.
Figura 24 Existem vários modelos de pinça e para cada modelo deve ser escolhido um porta pinça adequado
Para ferramentas de maior porte, e conseqüentemente, maiores esforços de usinagem, é necessário uma
maior garantia de que não haja um deslizamento entre o mandril e a própria ferramenta. Nestes casos o mandril
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possui chavetas, que podem ser transversais (quando o mandril é curto) ou longitudinais. A Figura 25 apresenta
alguns modelos de mandril.
Cone de fixação
Figura 25 Alguns modelos de mandril.
A Figura 26 apresenta um mandril curto com chaveta longitudinal. AFigura 27 ilustra o mandril curto com
chaveta transversal. A Figura 28 apresenta um mandril porta-fresa longo com chaveta longitudinal, também
denominado de eixo porta-fresa de haste longa.
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Figura 28 Mandril porta-fresa longo com chaveta longitudinal.
Os cones dos eixos porta fresa assim como dos porta pinças e também dos mandris podem seguir vários
padrões os dois mais comuns são os cone do tipo Morse e do tipo ISO, a Figura 29 e Figura 30 apresentam estes
cones.
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Impedir a deformação da peça seja em função dos esforços e corte ou mesmo do esforço de
fixação.
Atualmente o único princípio que existe para direcionar o projeto de dispositivos de fixação de peças é o
chamado Princípio 3 2 1. A Figura 31 apresenta sinteticamente este princípio.
a) Um corpo no espaço possuí 12 graus de liberdade, seis de b) Para isto três localizadores ( Localizadores Primários), são
translação (+X, -X, +Y, -Y, +Z e -Z), e seis de rotação (+ , - , posicionado para definirem um plano chamado de plano
+ , - , + , e - ) o objetivo do dispositivo é eliminar estes graus primário, a peça apoiada neste plano perde 5 graus de liberdade,
c) Com a colocação de mais 2 localizadores (Localizadores d) Colocando-se agora mais um localizador (Localizador
Secundários), situados em um plano perpendicular ao plano Terciário) situado em um plano perpendicular aos dois planos
primário, elimina-se mais 3 graus de liberdade (2 rotações e 1 anteriores, elimina-se uma translação e com isto a peça está
O Princípio 3 2 1 garante que a peça está convenientemente posicionada e orientada, mas a peça ainda não
está imobilizada, para isto torna-se necessário à aplicação de elementos de sujeição que então imobilizarão
completamente a peça. Os acessórios para fixação de peças se prestam para estas funções de posicionar, orientar e
imobilizar as peças. A seguir serão apresentados os principais elementos utilizados para esta função que são:
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- Sistemas modulares de fixação (Figura 38)
Figura 35 Morsas.
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Figura 37 Divisor universal e contraponto.
É muito importante ressaltar, que a instalação dos acessórios na mesa de trabalho da fresadora, deve ser
realizada com muita atenção para evitar erros dimensionais na usinagem. O exemplo clássico é a instalação de uma
morsa. Após sua fixação na mesa deve-se fazer o seu alinhamento, com o auxílio de um relógio comparador,
apalpando o seu mordente fixo que deverá ficar paralelo ao movimento da mesa. Também é necessário verificar se
não há cavacos que mantenham a morsa ligeiramente inclinada no plano paralelo à mesa.
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Esta forma de divisão recebe este nome, pois é executada diretamente no eixo onde está fixada a peça. É a
forma mais simples e limitada. A Figura 39 ilustra este divisor. Utiliza um disco perfurado denominado disco
divisor que possui o número de furos necessários para girar a peça e executar a divisão desejada.
O disco divisor pode conter mais de uma carreira de furos e furos em ambas as faces, de modo a ter maior
flexibilidade, pois só é permitida a divisão em números que sejam submúltiplos do número de furos de cada carreira.
Por exemplo, supondo um disco que tenha uma carreira de 24 furos pode-se executar as seguintes divisões: 2, 3, 4,
6, 8, 12 e 24.
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Este sistema permite obter uma maior série de divisões com o mesmo disco divisor. Pode-se tomar, como
exemplo de disco divisor, um que possui as seguintes carreiras de furos: face A (15, 18, 20, 23, 27, 31, 37, 41 e 47) e
face B (16, 17, 19, 21, 29, 33, 39, 43 e 49).
O parafuso sem-fim é comandado por uma manivela, ou manípulo, que contém um pino que se ajusta aos
furos do disco divisor. Por sua vez o sem-fim comanda uma coroa que está ligada diretamente à árvore onde se fixa
a peça.
A relação de transmissão (i) depende do número de entradas do parafuso sem-fim (esf) e do número de
dentes da coroa (dc) através da seguinte relação:
e sf
i
dc
É comum encontrar esta relação como sendo 1/40, e na prática fala-se que a constante (K) do divisor é 40.
Ou seja, são necessárias 40 voltas da manivela para que a árvore execute uma volta. Portanto, para calcular o giro da
manivela (G) para se executar o número de divisões desejadas (n) utiliza-se a seguinte relação:
K
G
n
O giro da manivela indica o número de voltas que deverão ser dadas e também a carreira de furos a ser
utilizada. Quando mais de uma carreira de furos possibilitar a divisão deve-se optar pela maior (mais externa ao
disco, que fornece maior precisão).
Exemplo: Calcule o giro da manivela para executar as furações do flange abaixo, sabendo-se que se dispõe das
seguintes carreiras de furos:
Solução:
K 40 Deve-se sempre
G G que possível
n 12
escolher a carreira
com maior número
40 12 de furos. Assim:
36 3 1 13
G 3
4 3 13
13 furos
4 1 G 3voltas
G 3 3 carreira de 39
12 3
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1.5.3.1.3 Divisão diferencial
Quando não há maneira de utilizar a divisão indireta deve-se optar pela divisão diferencial. Nesta divisão
realiza-se o cálculo para um número de divisões aproximado (n ) do número desejado (n). Devido a esta diferença
de valores a divisão recebeu o nome diferencial.
K
G
n
Para corrigir esta diferença é necessário calcular um trem (ou grade) de engrenagens que faça uma
compensação. Este trem de engrenagens é conectado entre a árvore e o disco divisor, como mostra a Figura 41 Este
trem de engrenagens é conhecido como trem diferencial.
Enquanto gira-se a manivela o disco também gira, só que de forma praticamente imperceptível. Este trem
de engrenagens é esquematizado pela Figura 42 Do lado esquerdo tem-se o trem simples e do direito o trem
composto. Pode-se calcular o trem através da relação:
K Z Z *Z
i * (n n) arvore arvore b
n Z Z *Z
disco c disco
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A Figura 43 mostra em detalhes todas as engrenagens internas e o trem simples montado no divisor
universal. A Figura 44 mostra o mesmo esquema, mas com a montagem do trem composto, em uma vista de topo.
Zárvore
Zdisco
intermediária
Gira-se a manivela que aciona o parafuso sem-fim que gira a coroa. O eixo da coroa gira a peça e também
gira a primeira engrenagem do trem diferencial. A última engrenagem do trem diferencial irá girar o disco (através
de um conjunto interno de engrenagens).
Observação importante: se i>0 então o disco deverá girar no mesmo sentido da manivela. (n > n). Se n < n
então teremos i<0 e o disco deverá girar no sentido inverso ao da manivela. Portanto, após a montagem do trem
diferencial deve-se realizar uma verificação para confirmar os sentidos de giro, e se necessário, corrigi-lo através da
engrenagem intermediária. A Figura 45 ilustra esta situação.
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Figura 45 Utilização de engrenagem intermediária.
Para que isto seja possível conecta-se o fuso da mesa ao divisor universal através de um trem de
engrenagens denominado de trem helicoidal, que pode ser simples ou composto, como mostra a Figura 46
Para se executar hélices à direita deve-se girar a mesa no sentido anti-horário (ou seja, empurrar o lado
direito da mesa). Para hélices à esquerda faz-se o contrário. Além disto é necessário sincronizar o movimento de
giro fornecido pelo trem de engrenagens. Sendo assim, após sua montagem deve-se verificar a necessidade ou não
do uso de uma engrenagem intermediária.
Para executar a usinagem de uma hélice é necessário conhecer o passo da hélice (Ph), ângulo da hélice ( ),
o passo do fuso (Pf), o diâmetro externo da peça (d) e o valor da constante do divisor (K). As seguintes relações
envolvem estas variáveis.
Inclinação entre peça e ferramenta:
*d
Passo da hélice: Phélice
tg( )
Phélice Z disco Z disco * Z c
Trem helicoidal: i
Pfuso * K Z fuso Z e * Z fuso
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AFigura 47ilustra a instalação das engrenagens do trem helicoidal no divisor universal e também um
esquema com as engrenagens internas. Para entender a seqüência de eventos envolvida pode-se observar a Figura
48. O fuso move a mesa e aciona a primeira engrenagem do trem helicoidal. A última engrenagem do trem
helicoidal irá girar o disco. A manivela gira junto com o disco, pois o pino está encaixado. Como a manivela gira, a
peça gira.
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1.6 Fresas
São ferramentas rotativas providas de múltiplos gumes de corte dispostos simetricamente ao redor de um
eixo, removendo intermitentemente material da peça. Esta característica oferece uma grande vantagem das fresas
sobre outras ferramentas: o menor desgaste. Quando os dentes não estão realizando o corte eles estão sendo
refrigerados, e isto permite que mantenham sua dureza.
Em muitos casos utilizam-se fresas com apenas um gume de corte, denominadas popularmente de
bailarina. Em situações específicas também pode ser necessário o uso de uma disposição não simétrica dos gumes
de corte para evitar ressonância.
As fresas podem ser classificadas de várias maneiras. A primeira delas seria quanto a forma geral. As fresas podem
ser cilíndricas, cônicas ou ainda de forma. A Figura 49 apresenta fresas cilíndricas. As ferramentas mais estreitas são
também chamadas de fresas de disco, enquanto as ferramentas que possuem haste própria são denominadas de fresas
de haste ou fresas de topo (lado direito da figura).
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As fresas de forma possuem o perfil de seus dentes afiados para gerar superfícies especiais tais como dentes
de engrenagem (fresa módulo), superfícies côncavas ou convexas, raios de concordância e outras formas específicas
de cada caso, e são denominadas fresas especiais. Alguns autores classificam as fresas cônicas como fresas de
forma. As fresas especiais normalmente são fabricadas pela própria empresa que as utiliza, no setor denominado de
ferramentaria, ou são encomendadas em empresas especializadas em ferramentas. A Figura 51 ilustra algumas
fresas de forma.
Quanto ao sentido de corte a classificação é simples, pois trata do sentido de giro da ferramenta, observado
do lado do acionamento (de cima para baixo). Tem-se as fresas de corte à direita (horário) e as fresas de corte à
esquerda (anti-horário). Obviamente esta classificação só se emprega em fresas de haste fixa. As fresas que não
possuem haste podem, normalmente, ser fixadas tanto em um sentido como em outro.
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Figura 52 Fresas de dentes retos, helicoidal e bihelicoidal.
Mas fresas bihelicoidais só são possíveis em espessuras relativamente pequenas e com ângulos reduzidos
de hélice. Para possibilitar usinagem de grandes superfícies sem o efeito da força axial deve-se recorrer a uma
montagem de duas fresas de mesmo diâmetro e número de dentes, mas com hélices invertidas, como na Figura 53
As fresas também podem ser classificadas quanto às faces de corte (o número de superfícies com afiação) e
que definem em que direção a ferramenta pode avançar, ou seja, se poderá executar uma fresagem tangencial (eixo
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paralelo à peça) e/ou uma fresagem frontal (eixo perpendicular à peça). Tem-se fresas de um, dois e três cortes. A
fresa de um corte possui afiação, normalmente, apenas em sua superfície cilíndrica. A fresa de dois cortes possui
afiação em uma de suas faces e em sua superfície cilíndrica. Uma fresa de três cortes possui afiação nas duas faces e
também na superfície cilíndrica. A Figura 55 ilustra uma fresa de dois cortes.
Observa-se que fresas para materiais mais macios podem ter dentes menos resistentes, o que significa
possuir um ângulo de cunha menor. Isto permite colocar menos dentes na ferramenta, deixando maior espaço para
transportar o cavaco, que será removido em grandes quantidades. Em uma fresa para materiais de alta dureza cada
dente remove pouco material. Desta forma é necessário que a fresa possua muitos dentes para que, em uma volta,
remova uma quantidade significativa de material. Além disto os dentes deverão ter um ângulo de cunha maior para
lhes conferir maior resistência.
Fresamento concordante
A resultante do vetor velocidade tangencial da ferramenta, no arco de contato que esta faz com a peça tem
sentido próximo ao da velocidade de avanço da peça. O corte inicia-se com a espessura máxima do cavaco, a força
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de corte tende a apertar a peça contra a mesa, a reação da força de corte tende a afastar a ferramenta da peça, este
seria o método mais interessante de fresamento não fosse o problema da folga existente entre o fuso de acionamento
da mesa e sua porca.
Fresamento discordante
Nesta situação o sentido do vetor velocidade tangencial da ferramenta, no arco de contato que esta faz com
a peça é contrário ao sentido de avanço da peças. Isto faz com que o corte do cavaco se inicie com a espessura
mínima. A força de corte tende a levantar a peça da mesa. Se a peça for longa e estiver presa pelas extremidades
poderá gerar vibrações indesejadas. A Figura 58 ilustra este método de fresamento.
Este tipo de fresamento costuma desgastar um pouco mais a ferramenta. Como o corte inicia-se com pouca
espessura, o início do corte é difícil. Na realidade o gume de corte começa encruando o material a ser cortado, até
que sejam superadas as deformações elásticas e realmente inicie-se o cisalhamento do material. Este encruamento
eleva localmente a dureza, fazendo com que o desgaste seja um pouco mais elevado. Neste método de fresamento
não há influência da folga entre porca/parafuso, fazendo com que o movimento da mesa seja mais uniforme,
gerando melhor acabamento.
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Figura 59 Detalhes
ampliados da
porca/fuso de
acionamento da mesa
e das duas
possibilidades de
fresagem, onde pode-
se notar que a força
resultante da
fresagem discordante
está convenientemente
sustentada pelo
contato entre a porca
e o fuso enquanto que
na fresagem
concordante a força
resultante pode fazer
com que a porca se
desloque do valor da
folga.
Em máquinas que possuem fusos pré-tensionados de esferas recirculantes como o mostrado na Figura 60, a
fresagem pode ocorrer por quaisquer um dos métodos pois este fuso não possui folga livre e portanto não haveria o
problema de movimentos irregulares da mesa quando a fresagem fosse concordante. Em máquinas CNC é comum
encontrar este tipo de fuso que está também se popularizando para aplicações em máquinas convencionais.
Figura 60 Um fuso de esferas recirculantes. Neste tipo de fuso uma mola existente entre as duas metades da
porca faz com que não exista folga livre entre a porca e o fuso e com isto a fresagem tanto pelo método
concordante como discordante podem ocorrer sem problemas
Fresamento combinado
Ocorre quando a fresa tem seu eixo dentro do campo de corte da peça. Desta forma parte do corte ocorre
através da fresagem concordante e parte através da discordante. A Figura 61 apresenta este método de fresamento.
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1.6.2 Aspectos da fresagem frontal
- Rotação;
- Avanço;
- Profundidade
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Presença de refrigeração
Os valores da velocidade de corte são normalmente fornecidos pelos fabricantes das ferramentas, a tabela
abaixo apresenta um exemplo de uma tabela deste tipo.
A velocidade de avanço pode ser obtida através de uma característica da ferramenta, que é o avanço por
dente (az), que mostra qual a quantidade máxima de material que pode ser removida por uma aresta de corte. Por
meio deste valor e do número de arestas cortantes da ferramenta (Z) torna-se possível calcular o avanço por volta.
Com o valor do avanço por volta, obtido anteriormente, e o valor da rotação da ferramenta pode-se calcular
a velocidade de avanço máxima permitida pela ferramenta, tomando como referência a capacidade de remoção do
cavaco.
v a [mm / min] a v [mm / volta ] * n[rpm]
- Acabamento;
- Solicitação no dente:
Material a ser cortado
Tipo da fresa
Material da fresa
Natureza da operação
A tabela a seguir apresenta um exemplo dos valores para avanço por dente.
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1.7.3 Profundidade de corte
A profundidade de corte deve ser a maior possível é limitada normalmente pela rigidez da ferramenta, da
peça ou da máquina e em operações de acabamento pelo valor do sobre-metal a se retirar para garantir a dimensão
final. Características construtivas da ferramenta também são determinantes da profundidade de corte
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Fonte: Catálogo de ferramentas SKF
Figura 64 Algumas recomendações para fresas de topo de aço rápido para largura de corte e profundidade de
corte
Deve-se sempre verificar se o conjunto de parâmetros selecionados não excede a potência disponível no
equipamento
Entre a peça e a ferramenta atua uma força, responsável pela deformação local de material e conseqüente
formação de cavaco. Para simplificar o estudo dessa força, considera-se que ela atua em um único ponto localizado
no gume cortante. De maneira geral, a direção e o sentido da força F são difíceis de se determinar. Por isso ela é
decomposta em componentes.
revisão 7 36
As componentes de F são
identificadas por índices:
A Força de Corte Fc tem o mesmo sentido e direção da velocidade de corte vc. Ela é responsável pela
maior parte da potência de corte.
A Força de avanço Ff tem o mesmo sentido e direção da velocidade de avanço vf. Ela é a maior
responsável pela deflexão da ferramenta.
A potência de acionamento Pa é a potência fornecida pelo motor à máquina ferramenta. Ela difere da
potência de corte pelas perdas que ocorrem por atrito nos mancais, engrenagens, sistemas de avanço, etc.
Entende-se a Força de corte como uma pressão aplicada sobre uma área.
revisão 7 37
Fc: força de corte [N]
kc: pressão específica de corte
[N/mm2]
A: seção de usinagem [mm2]
b: comprimento do gume ativo
[mm]
h: espessura do cavaco [mm]
KIENZLE propõe uma formulação semelhante. A constante kc1.1 e o expoente (1-mc) são determinados
experimentalmente e tabelados.
Com a equação (5) podemos calcular a Fc para torneamento. No fresamento temos as seguintes
complicações:
..... Espessura do cavaco variável (cálculo de h)
..... Diferença entre o fresamento frontal e o periférico (cálculo de s )
..... Ferramenta multicortante (vários dentes, cálculo de Zc )
..... Variedade de geometrias de ferramenta e de gume (cálculo de b)
Cálculo de h
Para levar em conta a variação da espessura do cavaco, usa-se a sua espessura média.
Cálculo de s
.....Fresamento FRONTAL
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.....Fresamento PERIFÉRICO
Cálculo de Zc
A força de corte depende do número de dentes em contato com a peça. Se Zc não for um número inteiro, significa
que, enquanto a fresa gira, o número de dentes em contato oscila entre dois valores inteiros. Assim a força de corte
também oscila. Usa-se então o maior dos dois valores.
Cálculo de b
A Força de Corte é diretamente proporcional ao comprimento do gume ativo. Ocorre que a variedade de geometrias
de ferramenta dificulta o cálculo de b. Como simplificação, demonstramos a solução para uma ferramenta de gumes
(ou dentes) retos:
p
Em seguida
A equação da Força de Corte no fresamento é, então, modificada a partir da equação do torneamento, para levar em
conta as particularidades do processo.
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Reunindo as equações mostradas chega-se ao resultado.
Em função da dificuldade do cálculo da força de corte, métodos alternativos são utilizados e um deles usa o
conceito de Fator de remoção:
a p ae v f a p ae f z z n
Pc
1000 K n 1000 K n
Kn= Fator de remoção [cm3/Kw.min] ; (potência necessária para remover 1 cm3 de material por minuto)
Como não é muito comum encontrar os valores tabelados de Kn a principal utilidade desta fórmula está em
permitir obter experimentalmente o valor do fator de remoção para uma condição e a partir deste valor obtido poder
tentar otimizar os parâmetros de corte para uma dada situação.
Bibliografia
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