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Verbos - Estrutura e Conjugação
Verbos - Estrutura e Conjugação
módulo
gramática professor
Abaurre • Pontara • Avelar
VERBOS: ESTRUTURA E
CONJUGAÇÃO
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MARCOS AURéLIO
1
CAPÍTULOs
1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6 • 7 • 8 • 9 • 10 • 11 • 12 • 13 • 14 • 15 • 16 • 17 • 18 • 19 • 20 • 21 • 22 • 23 • 24 1
O verbo e
suas partes
Neste módulo, vamos abordar a classe de palavras que
possibilita localizar ações, processos, estados e fenômenos
da natureza no decurso do tempo: o verbo. Você irá
SA
conhecer os elementos que compõem as formas verbais
e as noções gramaticais que esses elementos expressam:
número, pessoa, tempo, modo, voz e aspecto.
PATINAR
Os paradigmas dos verbos regulares e irregulares
ocuparão grande parte dos nossos estudos. Lembre-se,
BALANÇA
Jorge Araújo/Folha Imagem
2
LTAR
a Imagem
Eduardo Knapp/Folh
R
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AR Objetivos
■
Professor: Consulte o Plano de Aulas. As orientações pedagógicas e
sugestões didáticas vão facilitar o seu trabalho com os alunos.
3
Capítulo
1 A estrutura das
formas verbais
1 Introdução
Observe a imagem apresentada a seguir e leia o texto que a acompanha.
Adrees Latif/Reuters/Latinstock
4
1 Que elementos apontados no texto fazem parte da imagem?
O fotógrafo japonês Kenji Nagai caído no chão, erguendo sua máquina
5
Isto é essencial!
Verbo é a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo, voz e aspecto,
indicando ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações de fenô-
menos da natureza.
2 As partes do verbo
O verbo é formado por um radical associado a uma vogal temática, a uma desi-
nência (ou sufixo) modo-temporal e a uma desinência (ou sufixo) número-pessoal.
Observe.
trabalh-a-sse-m
■ Segunda conjugação: vogal temática -e- (beber, ver, nascer, trazer, viver).
■ Terceira conjugação: vogal temática -i- (partir, vir, fugir, exigir, rir).
6
3 Flexões verbais
Os verbos variam em número, pessoa, modo, tempo, voz e aspecto. Conhece-
remos, a seguir, cada uma dessas categorias.
3.1 Número
O verbo pode ocorrer no singular, quando se refere a uma só pessoa ou coisa,
ou no plural, quando a referência se estende a mais de uma pessoa ou coisa. Em
um enunciado como O rapaz trabalha, por exemplo, a forma verbal (trabalha)
ocorre no singular porque se refere a uma só pessoa (o rapaz); já no enunciado Os
rapazes trabalham, o verbo é flexionado no plural (trabalham) porque a referência
envolve mais de uma pessoa (os rapazes).
3.2 Pessoa
As pessoas do discurso também se encontram marcadas nas formas verbais. Dize-
mos que a forma está na primeira pessoa quando faz referência àquele que fala (eu
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
trabalho, nós trabalhamos); na segunda pessoa quando se refere àquele com quem
se fala (tu trabalhas, vós trabalhais); e na terceira pessoa quando a referência é feita
àquele de quem (ou àquilo de que) se fala (ele/ela trabalha, eles/elas trabalham).
Na maioria das variedades do português do Brasil, a segunda pessoa discursiva é
indicada pela forma pronominal você(s), e não por tu/vós. Também encontramos alter-
nância no uso das formas nós e a gente para a expressão da primeira pessoa no plural.
Ambos os fatos têm consequências gramaticais importantes, pois as estruturas verbais
que se associam às formas você e a gente são realizadas na terceira pessoa do singular.
Assim, em lugar de Nós trabalhamos e Tu trabalhas, é comum encontrar constru-
ções do tipo A gente trabalha e Você trabalha. Apesar de, nesses casos, o verbo ser
realizado na forma de terceira pessoa, a referência continua a ser feita respectiva-
mente à primeira pessoa e à segunda pessoa do discurso.
Laerte
Figura 2. LAERTE. Piratas do Tietê. Folha de S.Paulo, São Paulo, 24 out. 1999.
É cada vez menos frequente o uso das formas verbais de segunda pessoa do plural na
fala e escrita cotidianas. Como denota afastamento e respeito por parte do interlocutor, a
segunda pessoa do plural costuma ser associada a contextos muito formais. Na tira acima
(figura 2), Hugo dirige-se a Deus e, nesse caso, escolhe a maneira mais formal possível de
expressar respeito por seu interlocutor: flexiona os verbos na segunda pessoa do plural
(fazeis, sabeis, dizei).
7
3.3 Modo
Os modos verbais, que se manifestam nas formas do indicativo, do subjuntivo e do
imperativo, indicam a atitude do falante em relação ao conteúdo de seus enunciados.
■ No modo indicativo, o conteúdo do enunciado é tomado como certo pelo falante.
Meus filhos comem frutas e bebem leite todos os dias. Por isso serão adultos
saudáveis.
■ No modo subjuntivo, o conteúdo do enunciado é tomado, pelo falante, como
duvidoso, hipotético, incerto.
Espero que você traga o material que eu pedi. Eu ficaria agradecido se você me
ajudasse a terminar os exercícios de matemática. Quando eu concluir os exercícios,
mostrarei ao professor.
■ No modo imperativo, o conteúdo do enunciado expressa uma atitude de man-
do, conselho, súplica.
Arrume imediatamente o seu quarto. Não deixe a roupa espalhada pelo chão.
3.4 Tempo
8
No texto, verbos flexionados no passado, no presente e no futuro, associados Professor: O paradigma
de todos os tempos ver-
às três pessoas do discurso, são usados para elaborar uma crítica à falta de inves- bais dos modos indica-
timentos em educação. tivo e subjuntivo (além
Há uma relação de causa e efeito entre os fatos apresentados nos diferentes das formas do imperati-
vo) será apresentado no
tempos: os fatos do presente podem ser interpretados como uma consequência de próximo capítulo. As cir-
fatos do passado; por sua vez, os fatos do futuro são uma consequência daqueles cunstâncias em que es-
ses tempos verbais são
que se estabelecem no presente. Considerando as ações da primeira pessoa do dis- normalmente emprega-
curso, seria possível reescrever essa dinâmica da seguinte forma: dos serão abordadas no
módulo Formas verbais
Eu não estudei. Por causa disso, eu depredo, me drogo e agrido. Em consequência simples e perifrásticas:
emprego e sentido.
desses meus atos, eu sofrerei no futuro.
O evidente tom de crítica transparece nas ações associadas à terceira pessoa do
discurso, representada pelo pronome eles, os únicos que não sofrem as consequên
cias negativas do mal que, no passado, poderiam ter evitado:
Eles não investiram em educação, eles não investem em educação, eles se elegerão.
3.5 Voz
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A voz verbal indica a relação entre o fato expresso pelo verbo e o sujeito sin-
tático da frase. Considera-se, normalmente, que o português apresenta três vozes
verbais: a ativa, a passiva e a reflexiva.
(a) Caim assassinou Abel. (b) Abel foi assassinado por Caim.
9
CHAPRATTE
Figura 4. CHAPRATTE. Veja. São Paulo: Abril, ed. 2041, n. 52, 29 dez. 2007. p. 117.
10
Voz reflexiva
Na voz reflexiva, o sujeito é agente e paciente do fato expresso pelo verbo. A
ação verbal origina-se no sujeito do verbo e sobre ele se reflete:
Depois das denúncias de corrupção, o prefeito demitiu-se de suas funções.
3.6 Aspecto
O aspecto designa a duração de um fato expresso pelo verbo ou a maneira pela
qual o falante considera esse fato no decorrer de sua extensão temporal. Por meio
do aspecto, indica-se se uma ação está no início ou em curso, se é algo já concluí-
do, se produz efeitos permanentes etc.
Uma distinção relacionada a essa noção gramatical diz respeito aos contrastes entre
o aspecto inconcluso e o aspecto concluso, observados entre os tempos do pretérito.
Diz-se que a forma do pretérito imperfeito do indicativo indica o aspecto in-
concluso, por permitir a expressão dos fatos sem que os mesmos sejam apresenta-
dos como concluídos, acabados:
Enquanto o marido lavava louça, a esposa varria a casa.
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Fernando Gonsales
Figura 5. GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. Folha de S.Paulo, São Paulo, 16 jan. 2008.
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Professor: As noções O humor está no fato de que as reclamações provavelmente se manterão habi-
de aspecto concluso e
inconcluso serão abor- tuais no presente, já que o marido fez a mulher se ocupar dos pelos do cachorro,
dadas novamente no em lugar de evitar que os próprios pelos se espalhassem pela casa.
capítulo 2 deste módulo,
que se ocupa do empre-
go e sentido dos tempos
e modos verbais.
4 As formas nominais
As formas verbais denominadas infinitivo (estudar), gerúndio (estudando) e par-
ticípio (estudado) exercem funções que são típicas dos nomes. São, por isso, cha-
madas de formas nominais.
4.1 Infinitivo
O infinitivo pode ser flexionado e não flexionado.
■ O flexionado apresenta a desinência número-pessoal.
Daniel Beltrá/Greenpeace
( ) Preservar as florestas
( ) Não comprar madeira de desmatamento
( ) Economizar água
Mudanças climáticas:
Aproveite que você ainda tem escolha.
Figura 6. Superinteressante. São Paulo: Abril, ed. 247, 15 dez. 2007. p. 99.
12
Na imagem, um cenário desmatado, seco e quase sem vida (observe o animal à
beira do que resta de um lago ou de um rio) aparece como uma alternativa ao lado
de três possibilidades de escolha expressas por meio de formas no infinitivo:
Note que os infinitivos são correlatos a formas substantivas com o mesmo radi-
cal: preservação das florestas, compra de madeira, economia de água.
4.2 Gerúndio
Como não apresenta variação de flexão, dizemos que o gerúndio é uma forma
invariável: estudando, lendo, dormindo etc.
Normalmente, o gerúndio apresenta valor de advérbio ou de adjetivo:
O menino quebrou a perna jogando bola.
(jogando bola = quando / no momento em que jogava bola)
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Laerte
Figura 7. LAERTE. Piratas do Tietê. Folha de S.Paulo, São Paulo, 21 jun. 2005.
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4.3 Particípio
O particípio tem valor equivalente ao de um adjetivo:
Os trabalhos feitos a lápis não serão aceitos; Qualquer livro deve ser lido cri-
ticamente.
Observe a propaganda a seguir.
CGCOM
Figura 9. GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 jan. 2008.
14
Exercícios dos conceitos
O texto serve de base para as questões 1 e 2.
Passando batom
A mão alva, de dedos longos e unhas bem cuidadas, mergulha na bolsa
de couro cru. Tateia em seu interior, provocando ruídos roucos, abafados, e
depois um tilintar de chaves. Tateia um pouco mais. Agora, sim. Encontrou.
A mão retorna à superfície, os dedos finos surgindo das entranhas da bolsa
de couro e carregando o pequeno objeto procurado. É um objeto cilíndrico,
forrado de tecido brilhante, adamascado. Pouco maior que seu dedo. Agora,
ela o segura com as duas mãos, fazendo uma pequena pressão, abre a tampa.
É um estojo, um estojo diminuto, que guarda outro objeto cilíndrico, de me-
tal prateado: um batom. A tampa do pequeno estojo tem em seu interior um
espelho mínimo, retangular, capaz de enquadrar em sua superfície apenas a
imagem de uma boca, mais nada. (...)
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fazer esse uso dos verbos, traz a ação para o presente, criando no leitor a sensação
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b) Considerando o texto, por que essa forma verbal foi utilizada?
Para dar a ideia de uma ação em processo, descrita em detalhes ao longo do
Laerte
LAERTE. Deus segundo Laerte. São Paulo: Olho d’Água, 2002. p. 27.
urgentes feitos a ele, já que não são de sua “alçada”. Os pedidos sobre dívidas
b) Qual é o termo utilizado por Deus para fazer essa sugestão? Como esse termo
é formado?
O termo é a forma verbal terceirizar, criada a partir do acréscimo do sufixo de
16
b) Qual é o raciocínio feito pelo santo para criar esse novo verbo?
Santo Expedito cria o verbo por analogia ao que foi usado por Deus (terceirizar).
Em lugar de passar os pedidos a terceiros (no caso, outros santos como ele),
prefere atribuí-los à pessoa mais indicada no contexto: Deus, que seria o “primeiro”
Edgar Vasques
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5 A tira apresentada faz uma crítica a uma séria questão social do nosso país.
a) Que questão é essa? Explique.
A tira faz referência ao fato de muitos menores serem abandonados por seus
b) Na estrutura linguística utilizada, quem sofre a ação expressa pela forma ver-
bal? Justifique sua resposta.
Como se trata de uma estrutura de voz passiva, quem sofre a ação expressa
6 O termo maior está determinado por outro. De que maneira isso revela a inten-
sificação da crítica de Edgar Vasques a essa mazela social?
O termo maior determinado por abandonado intensifica a crítica de Vasques.
Sugere que os pais dos menores que vivem nas ruas já sofreram o abandono, sem
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Retomada dos conceitos Professor: Consulte o Banco de Questões e incentive
os alunos a usar o Simulador de Testes.
Leia o texto, escrito em meados da década de 1970 pelo médico Mozart Tavares de
Lima Filho, da Escola Paulista de Medicina, e responda à questão 1.
2 (Uerj)
18
Para diferenciar o verbo do substantivo, por exemplo, seria necessário considerar,
O que caracteriza os
além do sentido de ação, a seguinte característica que só os verbos possuem: verbos é o fato de
serem flexionados
a) terminação em r ; c) presença indispensável à frase; em tempo, modo e
b) flexão de tempo, modo e pessoa; d) anteposição de um substantivo. pessoa.
Laerte
LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 5.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) Que estrutura linguística ele utiliza para indicar esse fato? Por quê?
A estrutura utilizada é uma oração na voz passiva: “Fui substituído por uma
máquina”. Nessa estrutura, o ordenhador deixa claro que sofre a ação expressa
pelo verbo substituir, perdendo, portanto, sua função para uma máquina.
b) O humor da tira está no fato de, no segundo quadrinho, a vaca constatar que
sofreu a mesma ação. Nesse caso, quem é o agente da “substituição”?
O agente da substituição é o clone. Há, na fala da vaca, a elipse da locução
4 (Enem)
Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais
curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas
de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis falavam
mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usarem coletes
tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as
borboletas de toucados de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas
de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores
beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo
que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947.
19
5 (UFPA, adaptada)
Na voz passiva, a for 6 (Mackenzie-SP) Transpondo a frase “uma espécie de soluço que produz no ani-
ma verbal produz de
ve ser transposta para
mal comportamentos estranhos e sofrimento” para a voz passiva, a forma verbal
são produzidos. destacada acima corresponde a:
a) “são produzidos”. d) “estão produzidos”.
b) “é produzido”. e) “havia sido produzido”.
c) “foram produzidos”.
7 (UFRJ, adaptada)
2 As conjugações
verbais
1 Introdução
Analise o diálogo entre Calvin e Haroldo nos quadrinhos a seguir e responda
às questões 1 e 2.
Figura 1. WATTERSON, Bill. Felino selvagem psicopata homicida. v. 1. São Paulo: Best News, 1996. p. 53.
em verbos.
3 Explique a origem do termo que foi “verbificado” por Calvin e identifique a fun-
ção que ele costuma desempenhar na língua.
Calvin “verbificou” o adjetivo esquisito, transformando-o em um verbo da primeira
21
Professor: Embora o au- Leia o texto para responder às questões 4 a 6.
tor do texto tenha pro-
movido a transformação
de vários substantivos (...) No café esquinado de varanda vidrada, cafezei o leite, açucarei com
em verbos da primeira comedimento, xicarei a boca cuidadosamente para não bolhar a língua. Em
conjugação, os verbos
vidrar, açucarar e arvo- seguida voltei a jornalar-me, confortável, cadeirado no assento de palhinha.
rar já existem com os Por meia hora letrinhei-me, mastigando torradas geleadas. Aí, cartão-de-
sentidos utilizados por
ele. Por esse motivo, não -creditei a despesa toda e porteei, calçadei, seguindo para casa pela rua agra-
consideramos as ocor- davelmente arvorada.
rências desses verbos
nas respostas previstas RODRIGUES, Sérgio. Enquanto cafezo o leite. What língua is esta?; estrangeirismos,
para algumas das ques- neologismos, lulismos e outros modismos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. p. 60. (Fragmento.)
tões propostas.
4 O autor do texto parece levar adiante a proposta de Calvin. Explique como isso
ocorre.
No texto, há vários substantivos que foram “verbificados”: esquina, vidro, café,
xícara, bolha, jornal, cadeira, letra, geleia, cartão de crédito, porta, calçada. Por meio
Professor: Espera-se que 5 No último quadrinho, Calvin afirma: “Verbificar esquisita a língua”. Considerando o
os alunos concordem
com a opinião de Calvin,
texto de Sérgio Rodrigues, você concorda com a personagem Calvin? Por quê?
porque o efeito obtido Resposta pessoal.
por Sérgio Rodrigues, em
seu texto, é o de tornar
estranho o modo de des-
crever vários comporta-
mentos triviais (misturar
o café com o leite, adoçar
a bebida, levar a xícara à
boca com cuidado para
não se queimar, ler o
jornal sentado em uma
cadeira de palha, masti-
6 Sérgio Rodrigues escreveu o texto seguinte para ilustrar sua opinião.
gar torradas com geleia,
pagar a despesa com (...) pode ser questão de gosto, mas essa tendência contemporânea
cartão de crédito, voltar
para casa por uma rua de tascar um ar em substantivos à mão cheia, para transformá-los em
arborizada). verbos, sempre me soou a desmazelo, desapreço pela língua. Claro que o
idioma é e deve ser maleável, e que os falantes se apropriam dele, ótimo.
Mas não vamos esquecer outros valores fundamentais como sonoridade
e senso de ridículo, senão ninguém aguenta.
RODRIGUES, Sérgio. Enquanto cafezo o leite. What língua is esta?;
estrangeirismos, neologismos, lulismos e outros modismos.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. p. 60. (Fragmento.)
por exemplo, que o substantivo acesso, referido por Calvin, foi transformado no
verbo acessar.
22
b) No texto de Sérgio Rodrigues, além de acrescentar o -ar aos substantivos, ele
precisa submeter os termos “verbificados” a outro processo para que possam
nomear as ações desejadas. Que processo é esse?
Depois de “verbificados”, os verbos são flexionados de acordo com o
criá-los foi -ar, todos os “novos” verbos são conjugados de acordo com o
Tanto a tira de Calvin como o texto de Sérgio Rodrigues, por meio de exemplos
inusitados, nos fazem reconhecer que, como falantes, temos um conhecimento in-
tuitivo das estruturas características das formas verbais. Desde crianças, aprendemos
e internalizamos os paradigmas regulares das conjugações verbais. Por esse motivo,
conseguimos atribuir sentido às formas flexionadas das palavras “verbificadas”.
lembre-se!
Paradigma é um modelo, um exemplo que serve como padrão para outras ocorrências.
Em termos gramaticais, o termo paradigma refere-se a um conjunto de formas vocabu-
lares que servem de modelo para um sistema de flexão ou de derivação.
23
Os defectivos não se conjugam em todas as formas previstas pelo paradigma (abo-
lir, falir, precaver etc.). Entre os defectivos estão incluídos os impessoais, usados apenas
na terceira pessoa do singular (chover, ventar etc.), e os unipessoais, que apresentam
apenas sujeitos na terceira pessoa do singular ou do plural (acontecer, ocorrer etc.).
Os abundantes apresentam duas ou mais formas para o particípio (aceitar,
salvar, prender etc.).
24
Presente do subjuntivo
Para formar esse tempo, toma-se o radical da primeira pessoa do singular do
presente do indicativo e substitui-se a desinência -o pelas flexões do presente do
subjuntivo, que são:
■ Na primeira conjugação, -e, -es, -e, -emos, -eis, -em (sufixo modo-temporal -e- +
sufixos número-pessoais).
■ Na segunda e terceira conjugações, -a, -as, -a, -amos, -ais, -am (sufixo modo-
-temporal -a- + sufixos número-pessoais).
Imperativo afirmativo
Esse tempo possui apenas formas próprias na segunda pessoa do singular e na
segunda pessoa do plural.
■ A segunda pessoa do singular e a segunda pessoa do plural do imperativo afirma-
tivo são formadas, respectivamente, da segunda pessoa do singular e da segunda
pessoa do plural do presente do indicativo com a supressão da desinência -s.
■ As demais pessoas do imperativo afirmativo (excetuando-se a primeira pessoa,
que não é usada nesse tempo) são as próprias formas do presente do subjuntivo
com o pronome posposto.
Imperativo negativo
Com exceção da primeira pessoa do singular, que não é usada no imperativo,
as formas usadas com sentido de imperativo negativo são as próprias formas do
presente do subjuntivo, usadas com o pronome posposto.
25
3.2 Tempos derivados do pretérito perfeito
do indicativo
São formados do tema (radical + vogal temática) do pretérito perfeito do indi-
cativo: o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do sub-
juntivo e o futuro do subjuntivo.
O tema do pretérito perfeito do indicativo corresponde à forma da segunda
pessoa do singular (cantaste) sem o sufixo número-pessoal (-ste): canta-.
Futuro do subjuntivo
Na sua formação, acrescentam-se as desinências -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem
(que correspondem ao sufixo modo-temporal -r- + sufixos número-pessoais) ao
tema do pretérito perfeito do indicativo.
26
Formação do futuro do subjuntivo
Origem Radical do pretérito perfeito do indicativo + vogal temática (tema): canta-, bate-, parti-
Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação
Eu canta- r bate- r parti- r
Tu canta- res bate- res parti- res
Ele(a) canta- r bate- r parti- r
Nós canta- rmos bate- rmos parti- rmos
Vós canta- rdes bate- rdes parti- rdes
Eles(as) canta- rem bate- rem parti- rem
27
Infinitivo pessoal
À forma do infinitivo impessoal (que permanece a mesma para a primeira e a terceira
pessoas do singular) acrescenta-se a desinência -es (para a segunda pessoa do singular);
para as três pessoas do plural, acrescentam-se as desinências -mos, -des, -em.
Gerúndio
Formação do gerúndio
Origem Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação
Infinitivo impessoal: cantar, bater, partir canta- ndo bate- ndo parti- ndo
Particípio
Elimina-se a desinência -r final do infinitivo impessoal e acrescenta-se a desi-
nência -do. Observe que, na segunda conjugação, a vogal temática passa a -i-.
Formação do particípio
Origem Primeira conjugação Segunda conjugação Terceira conjugação
Infinitivo impessoal: cantar, bater, partir canta- do bati- do parti- do
Presente
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação canto cantas canta cantamos cantais cantam
Segunda conjugação bato bates bate batemos bateis batem
Terceira conjugação parto partes parte partimos partis partem
Pretérito imperfeito
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantava cantavas cantava cantávamos cantáveis cantavam
Segunda conjugação batia batias batia batíamos batíeis batiam
Terceira conjugação partia partias partia partíamos partíeis partiam
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Pretérito perfeito
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantei cantaste cantou cantamos cantastes cantaram
Segunda conjugação bati bateste bateu batemos batestes bateram
Terceira conjugação parti partiste partiu partimos partistes partiram
Pretérito mais-que-perfeito
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantara cantaras cantara cantáramos cantáreis cantaram
Segunda conjugação batera bateras batera batêramos batêreis bateram
Terceira conjugação partira partiras partira partíramos partíreis partiram
Futuro do presente
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantarei cantarás cantará cantaremos cantareis cantarão
Segunda conjugação baterei baterás baterá bateremos batereis baterão
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Futuro do pretérito
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantaria cantarias cantaria cantaríamos cantaríeis cantariam
Segunda conjugação bateria baterias bateria bateríamos bateríeis bateriam
Terceira conjugação partiria partirias partiria partiríamos partiríeis partiriam
Modo subjuntivo
Presente
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cante cantes cante cantemos canteis cantem
Segunda conjugação bata batas bata batamos batais batam
Terceira conjugação parta partas parta partamos partais partam
Pretérito imperfeito
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantasse cantasses cantasse cantássemos cantásseis cantassem
Segunda conjugação batesse batesses batesse batêssemos batêsseis batessem
Terceira conjugação partisse partisses partisse partíssemos partísseis partissem
Futuro
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantar cantares cantar cantarmos cantardes cantarem
Segunda conjugação bater bateres bater batermos baterdes baterem
Terceira conjugação partir partires partir partirmos partirdes partirem
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Modo imperativo
Afirmativo
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
cantemos cantem
Primeira conjugação – canta tu cante você cantai vós
nós vocês
batam
Segunda conjugação – bate tu bata você batamos nós batei vós
vocês
partamos partam
Terceira conjugação – parte tu parta você parti vós
nós vocês
Negativo
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
não não cante não cante- não canteis não cantem
Primeira conjugação –
cantes tu você mos nós vós vocês
não batas não bata não batamos não batais não batam
Segunda conjugação –
tu você nós vós vocês
não partas não parta não parta- não partais não partam
Terceira conjugação –
tu você mos nós vós vocês
Infinitivo pessoal
Eu Tu Ele(a) Nós Vós Eles(as)
Primeira conjugação cantar cantares cantar cantarmos cantardes cantarem
Segunda conjugação bater bateres bater batermos baterdes baterem
Terceira conjugação partir partires partir partirmos partirdes partirem
Figura 2. GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. Folha de S.Paulo, São Paulo, 31 dez. 1998.
30
1 Quando vê a cobra engolindo um ovo, Níquel Náusea conta uma piada. Em ter- Professor: Os termos
também são homó-
mos linguísticos, como foi construída essa piada? grafos, mas a graça da
piada está na identida-
A piada explora termos homófonos: ovo, gema, clara. Embora os termos sejam de sonora das palavras.
Por isso, na resposta,
substantivos comuns quando designam o ovo e suas partes, aparecem, na piada, optou-se por chamar a
atenção para a homofo-
com a função de substantivo próprio (dona Clara) e verbo (são empregados como nia que apresentam.
2 “Não gema, dona Clara, senão eu não ovo.” Os dois termos sublinhados desem-
penham a função de verbos nesse contexto. Identifique os infinitivos impessoais
desses verbos.
Os infinitivos desses verbos são gemer e ouvir.
presente do indicativo.
a homofonia entre uma de suas formas e o alimento que ela tem na boca.
b) E o de Níquel Náusea?
Níquel Náusea ri porque conseguiu alcançar seu objetivo: fazer a cobra quebrar
31
5.1 Verbos irregulares e anômalos
Trataremos, primeiramente, dos verbos irregulares e anômalos.
Em cada um dos verbos apresentados, apenas os tempos com formas irregulares
são indicados. As formas do imperativo de verbos irregulares que o admitem não
serão incluídas, uma vez que são derivadas do presente do indicativo (imperativo
afirmativo) e do presente do subjuntivo (imperativo negativo), da mesma forma
que acontece nos verbos regulares.
lembre-se!
Verbos irregulares possuem formas que não obedecem ao paradigma de sua conju-
gação, podendo apresentar irregularidades na forma que assume o radical e/ou que
assumem as desinências.
Verbos anômalos exibem profundas irregularidades em seus radicais.
lembre-se!
Primeira conjugação
Dar
Pres. do ind.: dou, dás, dá, damos, dais, dão.
Pret. perf. do ind.: dei, deste, deu, demos, destes, deram.
Mais-que-perf. do ind.: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram.
Pres. do subj.: dê, dês, dê, demos, deis, deem.
Pret. imperf. do subj.: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem.
Fut. do subj.: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Passear
Pres. do ind.: passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais, passeiam.
Pres. do subj.: passeie, passeies, passeie, passeemos, passeeis, passeiem.
lembre-se!
Como passear (que recebe um -i- nas formas rizotônicas), conjugam-se outros verbos ter-
minados em -ear, como bloquear, cercear, nomear.
Incendiar
Pres. do ind.: incendeio, incendeias, incendeia, incendiamos, incendiais, incendeiam.
Pres. do subj.: incendeie, incendeies, incendeie, incendiemos, incendieis, incendeiem.
lembre-se!
Como incendiar (que, por analogia com os verbos em -ear, recebe um -i- nas formas rizo-
tônicas), conjugam-se ansiar, mediar, odiar, remediar.
32
Segunda conjugação
Caber
Pres. do ind.: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem.
Pret. perf. do ind.: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam.
Mais-que-perf. do ind.: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam.
Pres. do subj.: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam.
Pret. imperf. do subj.: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem.
Fut. do subj.: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
Dizer
Pres. do ind.: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem.
Pret. perf. do ind.: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram.
Mais-que-perf. do ind.: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, disseram.
Fut. do pres.: direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão.
Fut. do pret.: diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam.
Pres. do subj.: diga, digas, diga, digamos, digais, digam.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lembre-se!
Fazer
Pres. do ind.: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem.
Pret. perf. do ind.: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram.
Mais-que-perf. do ind.: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram.
Pres. do subj.: faça, faças, faça, façamos, façais, façam.
Pret. imperf. do subj.: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem.
Fut. do subj.: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Part.: feito.
Liza DONNELLY
lembre-se!
33
Obter
Pres. do ind.: obtenho, obténs, obtém, obtemos, obtendes, obtêm.
Pret. imp. do ind.: obtinha, obtinhas, obtinha, obtínhamos, obtínheis, obtinham.
Pret. perf. do ind.: obtive, obtiveste, obteve, obtivemos, obtivestes, obtiveram.
Mais-que-perf. do ind.: obtivera, obtiveras, obtivera, obtivéramos, obtivéreis, obtiveram.
Fut. do pres.: obterei, obterás, obterá, obteremos, obtereis, obterão.
Fut. do pret.: obteria, obterias, obteria, obteríamos, obteríeis, obteriam.
Pres. do subj.: obtenha, obtenhas, obtenha, obtenhamos, obtenhais, obtenham.
Pret. imperf. do subj.: obtivesse, obtivesses, obtivesse, obtivéssemos, obtivésseis,
obtivessem.
Fut. do subj.: obtiver, obtiveres, obtiver, obtivermos, obtiverdes, obtiverem.
Inf. impes.: obter.
Inf. pes.: obter, obteres, obter, obtermos, obterdes, obterem.
Ger.: obtendo.
Part.: obtido.
Angeli
Figura 4. ANGELI. Chiclete com banana. Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 out. 2000.
Na tira, uma personagem comete um equívoco frequente: “Se contermos os fluxos (...)”.
Formas como as do pretérito imperfeito do indicativo, imperfeito e futuro do subjun-
tivo costumam ser regularizadas pelos falantes que não se dão conta de que o verbo
conter (e deter, manter, reter) são compostos do verbo ter e, portanto, devem ser conju-
gados como ele. A forma correta, no caso da tira, é contivermos.
Poder
Pres. do ind.: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem.
Pret. perf. do ind.: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam.
Mais-que-perf. do ind.: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, puderam.
Pres. do subj.: possa, possas, possa, possamos, possais, possam.
Pret. imperf. do subj.: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem.
Fut. do subj.: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.
Pôr (anômalo)
Pres. do ind.: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem.
Pret. imperf. do ind.: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham.
34
Pret. perf. do ind.: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram.
Mais-que-perf. do ind.: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram.
Pres. do subj.: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham.
Pret. imperf. do subj.: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem.
Fut. do subj.: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.
Part.: posto.
Querer
Pres. do ind.: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem.
Pret. perf. do ind.: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram.
Mais-que-perf. do ind.: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram.
Pres. do subj.: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram.
Pret. imperf. do subj.: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem.
Fut. do subj.: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem.
lembre-se!
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O verbo requerer é derivado de querer. Sobre sua conjugação, vale observar que a forma
da primeira pessoa do singular do presente do indicativo é requeiro. Além dessa diferen-
ça com relação a querer, apresenta flexão regular no pretérito perfeito e nos tempos que
se formam a partir do radical do perfeito (requeri, requereste etc.; requerera, requereras
etc.; requeresse, requeresses etc.; requerer, requereres etc.).
Trazer
Pres. do ind.: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem.
Pret. perf. do ind.: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram.
Mais-que-perf. do ind.: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,
trouxeram.
Fut. do pres.: trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão.
Fut. do pret.: traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam.
Pres. do subj.: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam.
Pret. imperf. do subj.: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem.
Fut. do subj.: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.
Ver
Pres. do ind.: vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem.
Pret. perf. do ind.: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram.
Mais-que-perf. do ind.: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram.
Pres. do subj.: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam.
Pret. imperf. do subj.: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem.
Fut. do subj.: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Part.: visto.
lembre-se!
35
De olho na fala
Na tira, Jon usa corretamente uma das formas do verbo ver que costumam ser utilizadas
de maneira equivocada pelos falantes: a primeira pessoa do singular do futuro do sub-
juntivo (“Eu aviso se vir um cupom...”). Os falantes regularizam as formas desse tempo
verbal e, em lugar de vir, dizem ver. De agora em diante, lembre-se de que o verbo ver
é irregular e tome cuidado para não fazer essa confusão ao utilizar as formas do futuro
do subjuntivo desse verbo.
lembre-se!
Como servir, conjugam-se aderir, advertir, aferir, compelir, competir, conferir, convergir, de-
ferir, desferir, despir, digerir, discernir, divergir, ferir, inferir, ingerir, inserir, mentir, preferir, re-
ferir, refletir, repelir, repetir, seguir, sentir, sugerir, vestir.
Pedir
Pres. do ind.: peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem.
Pres. do subj.: peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam.
lembre-se!
Como pedir, conjugam-se medir e também despedir, expedir, impedir, desimpedir, reexpedir.
Ir (anômalo)
Pres. do ind.: vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
Pret. imperf. do ind.: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam.
Pret. perf. do ind.: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram.
Mais-que-perf. do ind.: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram.
Fut. do pres.: irei, irás, irá, iremos, ireis, irão.
Fut. do pret.: iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam.
Pres. do subj.: vá, vás, vá, vamos, vades, vão.
Pret. imperf. do subj.: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem.
Fut. do subj.: for, fores, for, formos, fordes, forem.
36
Vir (anômalo)
Pres. do ind.: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm.
Pret. imperf. do ind.: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham.
Pret. perf. do ind.: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram.
Mais-que-perf. do ind.: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram.
Fut. do pres.: virei, virás, virá, viremos, vireis, virão.
Fut. do pret.: viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam.
Pres. do subj.: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham.
Pret. imperf. do subj.: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem.
Fut. do subj.: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem.
Part.: visto.
De olho na fala
Um equívoco frequente costuma ocorrer no uso do futuro do subjuntivo do ver-
bo vir. Os falantes, regularizando um verbo anômalo, dizem vir em lugar da forma
correta vier, sem se dar conta de que, ao fazer isso, utilizam as formas do subjunti-
vo do verbo ver (vir, vires, vir, virmos, virdes, virem) no lugar das formas do verbo vir.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cuidado para não cometer o mesmo equívoco e, sem perceber, dizer algo muito di-
ferente do que você pretendia.
lembre-se!
Como vir, conjugam-se advir, avir, convir, desavir, intervir, provir e sobrevir.
37
lembre-se!
Verbos defectivos não se conjugam em todas as formas previstas pelo paradigma (abo-
lir, precaver, chover etc.).
Verbos abundantes apresentam mais de uma forma para determinada flexão.
38
As formas irregulares do particípio costumam ser utilizadas na formação da voz
passiva, acompanhadas do auxiliar ser:
Os jornais noticiaram que muitas pessoas foram mortas pela explosão da bomba.
Apenas as formas irregulares do particípio podem ser usadas como adjetivos,
combinando-se com estar, ficar, andar, ir e vir, como no seguinte exemplo:
Fiquei preso no elevador por duas horas.
De olho na fala
O uso dos particípios irregulares ganho, pego e pago em tempos compostos cos-
tuma provocar um equívoco no uso do particípio do verbo chegar, que apresenta
somente a forma regular: chegado. É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem
Ele tinha chego atrasado, em lugar da forma correta: Ele tinha chegado atrasado.
Problema semelhante ocorre no uso do verbo trazer, quando as pessoas dizem Ele
tinha trago os livros para a aula, enquanto a forma correta é: Ele tinha trazido os livros
para a aula. Esses equívocos podem ser evitados se você lembrar que chegar e trazer
não são verbos abundantes, pois não apresentam particípio irregular.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O mais-que-perfeito
Assim como talher de peixe, trata-se de um arcaísmo que teima em não
desaparecer. É o cúmulo da arrogância: se a perfeição já é uma coisa inatin-
gível, imagine um estado mais-que-perfeito!
E o mais incrível é que o mais-que-perfeito brota do nada, aparecendo
em textos que você mesmo escreveu, numa mágica que só os revisores são
capazes de operar. Já perdi a conta das vezes em que um singelo “tinha recu-
sado” escrito por mim apareceu publicado como “recusara”. Recusara? Eu?
São calúnias, meritíssimo!
Quero deixar claro que eu não fumo, não uso drogas e, sobretudo, jamais
estivera, vira ou merecera. Tenho cá meus defeitos, mas daí a dizer que eu
fora, que eu falara ou que eu levara já vai uma grande distância. Se você vir
que eu beijara, pode apartar que é briga!
FREIRE, Ricardo. The best of Xongas. São Paulo: Mandarim, 2001. p. 22. (Fragmento.)
b) Ao tratar da questão, ele faz um uso recorrente desse tempo verbal. Transcre-
va as formas verbais flexionadas nesse tempo.
Recusara, estivera, vira, merecera, fora, falara, levara, beijara.
39
c) Podemos afirmar que, no texto, essas formas verbais são utilizadas de modo
irônico. Explique essa afirmação.
Como considera o mais-que-perfeito um arcaísmo que deveria “desaparecer”
verbal dão ao texto um tom muito formal. Por isso, usa várias vezes o pretérito
mais-que-perfeito simples (“mas daí a dizer que eu fora, que eu falara ou que
eu levara já vai uma grande distância”) para explicitar como tornam o texto
mais formal.
2 Freire afirma que, muitas vezes, quem revisa seu texto acaba por substituir as
formas verbais compostas utilizadas por ele por outras equivalentes. Releia.
-perfeito. Freire, em seus textos, faz a mesma opção. O uso da forma simples
40
dutores já saltaram para a rua, dispostos a empurrar o automóvel empanado
Glossário
para onde não fique a estorvar o trânsito, batem furiosamente nos vidros
fechados, o homem que está lá dentro vira a cabeça para eles, a um lado, a Consoante. Con
forme, segundo,
outro, vê-se que grita qualquer coisa, pelos movimentos da boca percebe-se de acordo.
que repete uma palavra, uma não, duas, assim é realmente, consoante se vai
ficar a saber quando alguém, enfim, conseguir abrir uma porta, Estou cego.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
perfeito do indicativo.
5 A certa altura do texto, o narrador muda o tempo verbal que emprega para des-
crever os acontecimentos. Considerando o momento em que ocorreram os fatos
relatados, explique a intenção dele ao fazer essa alteração.
Os acontecimentos relatados no texto ocorreram no passado, em um momento
anterior àquele em que a história está sendo narrada. Por isso, no início, o narrador
6 De que forma essa alteração dos tempos verbais interfere na relação entre o
leitor e os acontecimentos apresentados? Explique sua resposta.
A opção narrativa de recorrer a verbos flexionados no presente coloca o leitor
7 “(…) não seria a primeira vez que se dava o caso.” Nesse trecho, o verbo subli-
nhado está conjugado em outro tempo verbal. Que tempo é esse e o que seu
uso indica a respeito da ação referida pelo verbo?
Trata-se do futuro do pretérito do indicativo e seu uso se refere à
41
Leia a tira para responder às questões 8 a 10.
Djota
DJOTA. Só dando gizada. Correio Popular, Campinas, 23 fev. 2003.
8 Entre os vários problemas apresentados pelo texto do jornal, um deles diz res-
peito a um verbo abundante. Identifique-o.
O problema está no uso da forma “foram pegados”.
O autor do texto ignorou essa regra e, na voz passiva, fez uso do particípio regular
(...)
Ouça-me bem, amor,
Preste atenção, o mundo é um moinho,
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos,
Vai reduzir as ilusões a pó.
Preste atenção, querida,
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés.
CARTOLA. O mundo é um moinho.
42
a) Na primeira estrofe, há uma metáfora que se desdobra em outras duas. Expli-
que o sentido dessas metáforas.
A metáfora inicial é “o mundo é um moinho”. Ela se desdobra em “vai triturar
seus sonhos” e “vai reduzir as ilusões a pó”. O compositor utiliza essas metáforas
esperanças da jovem.
b) Caso o autor viesse a optar pelo uso sistemático da segunda pessoa do sin-
gular, precisaria alterar algumas formas verbais. Indique essas formas e as res-
pectivas alterações.
“Ouça-me”: Ouve-me; “Preste atenção”: Presta atenção.
3 (PUC-RJ, adaptada)
Texto 1
Todos os retratos que tenho de minha mãe não me dão nunca a verdadei-
ra fisionomia que eu guardo dela – a doce fisionomia daquele seu rosto, da-
quela melancólica beleza de seu olhar. Ela passava o dia inteiro comigo. Era
pequena e tinha os cabelos pretos. Junto dela eu não sentia necessidade dos
meus brinquedos. D. Clarisse, como lhe chamavam os criados, parecia mes-
mo uma figura de estampa. Falava para todos com um tom de voz de quem
pedisse um favor, mansa e terna como uma menina de internato. Criara-se
em colégio de freiras, sem mãe, pois o pai ficara viúvo quando ela ainda não
falava. Filha de senhor de engenho, parecia mais, pelo que me contavam dos
seus modos, uma dama nascida para a reclusão.
À noite ela me fazia dormir. Adormecer nos seus braços, ouvindo a
surdina daquela voz, era o meu requinte de sibarita pequeno.
Ela me enchia de carícias. E quando o meu pai chegava nas suas crises,
exasperado como um pé-de-vento, eu a via chorar e pronta a esquecer
todas as intemperanças verbais do seu marido. Os criados amavam-na. Ela
também os tratava com uma bondade que não conhecia mau humor.
Horas inteiras eu fico a pintar o retrato dessa mãe angélica, com as
cores que tiro da imaginação, e vejo-a assim, ainda tomando conta de
mim, dando-me banhos e me vestindo. A minha memória ainda guarda
detalhes bem vivos que o tempo não conseguiu destruir.
REGO, José Lins do. Menino de engenho.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1972. p. 6.
43
Texto 2
É sempre assim. As memórias que a gente guarda da vida experimen-
tada vão se enfraquecendo cada vez mais. Pra dar pra elas ilusoriamente
a força da realidade nós as transpomos pro mundo das assombrações por
meio do exagero. (...)
É um engano isso de afirmarem que a gente pode reviver, tornar
a sentir as sensações e os sentimentos do passado. As memórias são
fragilíssimas, degradantes e sintéticas pra que possam nos dar a reali-
dade que passou tão complexa e grandiosa. Na verdade o que a gente
faz é povoar a inteligência de assombrações exageradas e secundaria-
mente falsas. Esses sonhos de acordado, poderosamente revestidos de
palavras, se projetam da inteligência pros sentidos e dos sentidos pro
ambiente exterior, se alargando cada vez mais. São as assombrações.
Diferentes pois das sensações, as quais do ambiente exterior pros senti-
dos e destes pra inteligência vêm se diminuindo cada vez mais. E essas
assombrações por completo diferentes de tudo quanto passou é que a
gente chama de “passado”...
memória.
44
a) Reescreva a primeira estrofe, iniciando-a com a frase afirmativa Quem gosta
de samba e fazendo as adaptações necessárias para que se mantenha a coe-
rência do pensamento de Caymmi. Não utilize formas negativas.
Quem gosta de samba/bom sujeito é/é são da cabeça/ou sadio do pé.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vir.
c) Cite outros dois verbos que apresentam a mesma flexão de eles veem.
Os seguintes verbos apresentam a mesma flexão de veem: ler (eles leem);
7 (FGV-SP) Assinale a alternativa em que o particípio sublinhado está corretamen- Os demais particípios
te utilizado. estariam corretos da
seguinte forma: sus-
a) O diretor tinha suspenso a edição do jornal antes da publicação da notícia. pendido; chegado;
dispersado; expulsa-
b) Lourival tinha chego ao mercado. Marli o esperava próxima da barraca de do.
frutas.
c) O coroinha havia já disperso a multidão que estava em volta da Matriz.
d) A correspondência não foi entregue no escritório.
e) Diogo tinha expulso os índios que cercavam o povoado.
45
Para saber mais
Usos dos tempos verbais
Uma das características estruturais dos textos narrativos é apresentar uma série
de acontecimentos associados a diferentes momentos no tempo. Para que os leito-
res consigam situar os acontecimentos e relacioná-los entre si, é fundamental que
seja feito um bom uso da flexão de tempo dos verbos.
Perceba como o uso dos tempos verbais no texto “As armadilhas do tempo” cria
para o leitor uma sequência de acontecimentos cuidadosamente localizados no
tempo. Com as formas do pretérito perfeito do indicativo são nomeados aconteci-
mentos pontuais do passado. As ocorrências do pretérito imperfeito do indicativo
referem-se a ações recorrentes no passado ou àquilo que caracterizou a persona-
gem feminina em vida. O presente é utilizado para indicar que os acontecimentos
estão se desenrolando no momento da enunciação.
Da teoria à prática
Agora é sua vez. Como você viu, o controle da flexão de tempo dos verbos é es-
sencial para a construção de um bom texto narrativo. É esse controle que constrói
a articulação adequada entre os acontecimentos narrados, estabelecendo a relação
temporal entre os vários eventos e fatos. Como resultado, o leitor compreende o
que está sendo contado.
46
Professor: O objetivo desta
Sua tarefa será escrever uma narrativa curta que dê continuidade ao trecho a atividade é criar uma situa-
seguir, também de Eduardo Galeano. O título sugere um acontecimento que pre- ção narrativa em que o alu-
cisa estar ligado à surpresa referida no final do trecho. Considere essa orientação no seja levado a articular
os fatos narrados no texto
no momento de elaborar sua narrativa. E fique atento à articulação adequada, por transcrito àqueles que ele
meio do uso das flexões verbais, entre os fatos narrados pelo autor e os que você acrescentará, fazendo uso
das flexões verbais para
acrescentará à história. marcar de modo adequado
as relações temporais que
pretende criar. Escolheu-se
O beijo como “estímulo” um tre-
cho narrativo ao qual ele
Antonio Pujía escolheu, ao acaso, um dos blocos de mármore de Carrara deverá dar continuidade
que vinha comprando ao longo dos anos. a fim de fornecer algumas
Era uma lápide. Viera de alguma tumba, sabe-se lá de onde; ele não tinha relações temporais já esta-
belecidas e, assim, permitir
a menor ideia de como tinha ido parar em seu ateliê. que se sinta mais à vonta-
Antonio deitou a lápide sobre uma base de apoio, e começou a trabalhar. de para desempenhar a
tarefa proposta.
Tinha alguma ideia do que queria esculpir, ou talvez nenhuma. Começou por No momento de avaliar as
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apagar a inscrição: o nome de um homem, o ano de nascimento, o ano do fim. narrativas produzidas, a
Depois, o cinzel penetrou o mármore. E Antonio encontrou uma surpre- atenção deve estar voltada
para o modo como essas
sa, que estava esperando por ele pedra adentro (...). relações temporais entre
GALEANO, Eduardo. Bocas do tempo. Trad. Eric Nepomuceno. os eventos narrados são
estabelecidas por meio das
Porto Alegre: L&PM, 2004. p. 29.
flexões de tempo dos ver-
bos utilizados.
Resposta pessoal.
47
Navegando no módulo
verbo
48