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Altamira: cidade paraense está imune

ao Coronavírus?
Por Deivid Esteferson, 04/06/2021

“O cenário econômico de Altamira já não era bom, tinha muito desemprego, e a


educação não era excelente. Com a pandemia, as coisas pioraram”, relata Felipe Costa,
18, morador de Altamira e concluinte do Ensino Médio no IFPA (Instituto Federal do
Pará). Segundo ele, “(...) as escolas tiveram grandes dificuldades em se adaptar ao estilo
remoto (...)”. Acerca da inclusão, ele continua: “(...) muitos alunos que não possuíam
acesso a internet foram inicialmente excluídos do ensino, principalmente os de zona
rural”.
A pandemia teve início no decorrer do mês de março do ano de 2020 e quase
imediatamente tudo se fechou, das escolas aos bares. Permaneceram abertos apenas os
estabelecimentos cujo os serviços eram considerados essenciais, como lotéricas,
hospitais e comércios. Vale ressaltar ainda, que a taxa de propagação do vírus Covid-19
era baixa quando se declarou a pandemia e, mesmo assim, o temor – e terror – pela
doença era inimaginável.
Entretanto, com o passar dos meses, foi possível notar que as pessoas estavam
voltando à rotina pré-pandemia – salienta-se que uma parte da população nem sequer
havia se isolado, como fora recomendado. Cenas como aglomerações no cais e em
praças passaram a ser frequentes, mesmo com o vírus ativo – ressalta-se também que
ainda não havia vacinação –, e espalhando-se. Os bares começaram a ser abertos,
comércios pararam de averiguar corretamente a temperatura das pessoas e
estabelecimentos de serviços não essenciais abriram suas portas (academias,
lanchonetes etc.).
Tal fator foi crucial para o enorme aumento da taxa de contaminação do vírus,
que de tão alta, causou um colapso no sistema de saúde da cidade, de acordo com o
programa “Xingu”, e publicado no site “Instituto Socioambiental”. Segundo a
reportagem, 100% dos leitos de UTI foram ocupados, e no período de 24h surgiram 187
novos casos. Mediante tal situação, cerca de 47 organizações levantaram a campanha
“Respira Xingu”, que pediu à prefeitura um decreto de “lockdown” de forma imediata.
Tal decreto permitiria a abertura apenas de estabelecimentos de serviço essencial,
monitoraria a circulação das pessoas nas ruas e restringiria a entrada de pessoas na
cidade – se viessem de fora, deveriam ficar em quarentena por, no mínimo, 14 dias.
Não é raro assistir nos jornais noticias e casos de aglomerações clandestinas em
diversas partes do país, onde Altamira também está inclusa, e logo após anunciar essas
ocorrências, o jornalista mostra o número de mortes causadas pelo vírus – o mesmo que
as pessoas ajudam a espalhar durante festas e encontros. Apesar de o número ser
assustador, não é o suficiente para conscientizar a população a seguir as medidas
sugeridas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em tempos tão sombrios como esses, nos quais há tantas mortes, a população,
despreparada, tende a seguir os exemplos dos líderes, tendo em vista que, se estão na
liderança, são capacitados. Entretanto, como observado no Brasil, seguir as instruções
de autoridades como o presidente Jair Messias Bolsonaro, foi um grande erro. Tal fato
se dá porque, desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro incentivava e participava de
aglomerações. Além disso, promoveu manifestações que não respeitavam os protocolos
de segurança previamente recomendados.
Não obstante, o presidente, em rede nacional, disse que o vírus não era perigoso,
classificando-o como apenas uma “gripezinha”, e ainda imitou pessoas sem ar, que é um
dos sintomas da Covid-19. Ainda vale ressaltar que, mesmo a OMS afirmando, através
de estudos e pesquisas, que a máscara deveria ser usada sempre, a fim de evitar o
contágio do vírus, Jair Messias desaconselhava seu uso. Em diversos locais, e até em
entrevistas, o presidente não utilizava máscara, pois segundo ele, o equipamento de
proteção “é coisa de ‘viado’”. Além de por em risco a saúde de toda a população com
esse discurso, o presidente ainda comete o crime de homofobia. Tendo em vista o
comportamento de Jair Messias Bolsonaro, não é de se espantar que a população
reproduza suas ações.
Volto então, para Altamira, onde boa parte da população tem agido como se a
cidade estivesse imune ao Covid-19. É possível ver cidadãos andando sem máscaras,
jovens e adultos marcando encontros e promovendo eventos que reúnem uma
quantidade grande de indivíduos, tanto em locais públicos, como no cais e nas praças,
quanto em locais privados, como suas próprias residências ou clubes. Enquanto isso, o
coronavírus está, igualmente, participando das “reuniões”, resultando no aumento de
contaminação e, consequentemente, de mortes.
Essa realidade não é exclusiva de Altamira, em diversas outras cidades do país
também ocorrem esses desrespeitos a quarentena. Ao meu ver, não só o governo deve se
posicionar mais ativamente para combater isso, a fim de evitar tais ocorrências e punir
seus responsáveis, como também a própria população, pois é ela quem está “sentindo na
pele” os males advindos do vírus.
Em minha opinião, para que as pessoas possam voltar a ter uma vida normal e o
vírus se “extinguir”, é necessário que a população siga, à risca, as recomendações de
órgãos responsáveis, como a OMS. Haja vista que o governa não está se empenhando ao
máximo, são os cidadãos brasileiros que devem monitorar o cumprimento dessas
medidas protetivas. Ações como pedir para alguém que coloque sua máscara em local
público, levar consigo o álcool em gel, e manter o distanciamento social, são essenciais
para o combate ao Covid-19. Se a sociedade e a ciência se alinharem e começarem a
trabalhar juntas, não tardará para que, não só Altamira, como também o Brasil, sejam
comparados a locais como a Nova Zelândia, onde o vírus foi erradicado, e a vida voltou
a normalidade.

(Revisão 1 — 29/06/2021)

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