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Crie. Movimente. Realize.

Almanaque Educadores:
Educação Empreendedora na prática
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Crie. Movimente. Realize.
SUMÁRIO

1 Chegar

Educação Empreendedora em Rede ...................................................................................................................7


no contexto da Base Nacional Comum Curricular

Pressupostos metodológicos.......................................................................................................................................8

Passos da metodologia.....................................................................................................................................................9

O projeto......................................................................................................................................................................................10

A quem serve este livro....................................................................................................................................................12

Geração “nem-nem” em questão e projeto de vida.................................................................................13

Entenda este almanaque...............................................................................................................................................17

2 Reconhecer

Educação empreendedora: O que (não) é? ....................................................................................................19


NA PRÁTICA - Painel semântico: Empreendedorismo e educação.............................................21

Ouvir histórias: Dar voz aos(às) estudantes para construir projetos de vida......................... 26
NA PRÁTICA - Procuro-me: Oficina de autorretratos ............................................................................. 28
NA PRÁTICA - Há quanto tempo? Construção de timeline...............................................................30
NA PRÁTICA - Janelas para o futuro: Brainstorm....................................................................................... 35
Desenhar mapas:................................................................................................................................................................. 39
Reconhecer potencialidades do território para transformar histórias
NA PRÁTICA - Explorações do território..............................................................................................................41
NA PRÁTICA - Mapas e afetos....................................................................................................................................45
NA PRÁTICA - Fragilidades e forças.......................................................................................................................48
NA PRÁTICA - O meu lugar...........................................................................................................................................51
SUMÁRIO

3 Conectar, buscar e movimentar

O futuro do trabalho.......................................................................................................................................................... 55
NA PRÁTICA - Mudanças em curso....................................................................................................................... 57
NA PRÁTICA - “Eu sonho mais alto que drones” ........................................................................................ 62
NA PRÁTICA - Transformar-se em outras(os) ...............................................................................................66

A educação pelos recursos...........................................................................................................................................69


NA PRÁTICA - Café com recursos.............................................................................................................................71
NA PRÁTICA - No meu dinheiro mando eu.................................................................................................... 77

Iniciativas de impacto.......................................................................................................................................................81
NA PRÁTICA - Oficina de ideação de projetos.............................................................................................. 83

A vez da comunicação.....................................................................................................................................................89
NA PRÁTICA - Vender o impossível.........................................................................................................................91
NA PRÁTICA - Estudo de benchmarking ......................................................................................................... 93
NA PRÁTICA - Pitch de projetos .............................................................................................................................. 97

4 Amplificar

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................................................100
NA PRÁTICA - Estudo de caso ..................................................................................................................................101

5 Amplificar

Quadro de competências empreendedoras................................................................................................109

Referência...................................................................................................................................................................................109
1
CHEGAR
“Não preciso do fim
para chegar.”
Manoel de Barros
CHEGAR

APRESENTAÇÃO
Educação Empreendedora em Rede no contexto da Base Nacional
Comum Curricular

Olá, professora! Olá, professor!


Este livro é resultado de uma entre as muitas ações do projeto Educação
Empreendedora em Rede, uma iniciativa do Sebrae, com a execução técnica da
Fundação Roberto Marinho. Ela se insere em uma conjuntura de desafios para os(as)
educadores(as) e gestores(as) da educação básica em todo o país. Já não é nova a
constatação de que as escolas foram duramente impactadas pela pandemia de covid-19
em 2020 e 2021, que resultou em dados preocupantes em relação à evasão escolar e à
ampliação das desigualdades, já tão antigas e significativas, entre os mais pobres e os
mais ricos no Brasil.
Às dificuldades pedagógicas e estruturais do momento, somaram-se transformações
que vinham sendo engendradas no campo das políticas públicas há anos e começaram
a tomar forma precisamente durante a pandemia. Redes, escolas, gestores(as) e
professores(as) foram apresentados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – que
unificou a orientação para a construção de currículos em todo o país ao mesmo tempo
em que voltou a lógica da escola para o ensino por competências. Nos anos finais da
educação, as discussões sobre a BNCC vieram acompanhadas de uma outra novidade: o
Novo Ensino Médio, que pela lei 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes Bases da Educação
Nacional com o objetivo de ampliar o tempo dos(as) estudantes nas instituições de
ensino e de atender às expectativas dos(as) jovens em relação à preparação para o futuro
e o mundo do trabalho. É nessa esteira que surgem propostas como a inserção do
Projeto de Vida e dos Itinerários Formativos no cotidiano da escola.
É no contexto, de grandes transformações em curso abaladas pela crise sanitária que
atravessamos, que surge a ideia deste livro. Aqui, oferecemos a professores(as) dos anos
finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio propostas pedagógicas que conciliam
o desenvolvimento da cultura empreendedora nas instituições de ensino a conceitos e
práticas contemporâneas do campo da educação.
Mas, afinal, que papel tem o empreendedorismo na escola? Cabe um esclarecimento.
Uma escola empreendedora é aquela que permite aos(às) seus(suas) estudantes
identificar oportunidades, valorizar ideias, agir com criatividade, desenvolver
autoconhecimento e resiliência, mobilizar recursos e pessoas, planejar e gerir projetos
(no âmbito pessoal ou profissional), trabalhar em equipe e aprender com a experiência.
Assim, a noção de empreendedorismo como a percebemos vai além de abrir um
negócio, investir nele e arriscar os próprios recursos em um futuro cheio de incertezas.

7
CHEGAR

A educação empreendedora supera tais noções e estereótipos, de modo que as


competências empreendedoras (veja mais ao final do livro, no Quadro de competências
empreendedoras) dialogam com as competências gerais da Base Nacional Comum
Curricular. Nesse sentido, que educação não é empreendedora? Que educação não tem
como sentido a formação de sujeitos autônomos, com pensamento crítico desenvolvido,
autoconfiança e capacidade de intervir e transformar o meio em que vivem? Estes são
certamente valores caros a um projeto de educação que preza pela democracia e por
valores como a participação, o diálogo e o respeito à diversidade.

Pressupostos metodológicos
Além de um projeto de educação pautado pelos valores democráticos, as sugestões
presentes neste livro se ancoram em outros pilares. Entre eles, podemos destacar
a noção de educação integral, de acordo com a qual é necessário garantir o
desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional,
social e cultural.
Compreendemos, ainda, que uma educação integral, só é possível com a percepção
de que os(as) jovens não formam um conjunto coeso, harmônico, padronizado e
pasteurizado. Pelo contrário, há muitas maneiras de viver essa fase da vida, atravessada
por valores culturais, religiosos, territoriais e de classe. É por isso que sustentamos a
noção de juventudes, no plural, a fim de abarcar a diversidade que há nas salas de aula
de todo o Brasil, seja em grandes metrópoles, seja no interior.
Se são muitas as juventudes, precisam ser plurais as referências que selecionamos. Neste
livro, procuramos dar voz a produções regionais, que contemplem o mosaico nacional,
sem perder de vista seu diálogo com os clássicos universais. A diversidade humana é
igualmente um valor presente nas sequências didáticas e na ideia de multiletramentos,
uma vez que defendemos a importância de que estudantes se eduquem a partir de
uma leitura crítica dos gêneros do discurso contemporâneos, como imagens digitais,
posts, jogos, vídeos, memes e gifs. Sem deixar de lado as demais expressões de arte
como a música, a representação teatral, a vivência, a observação do entorno da escola, a
expressão oral, auditiva, táctil, gestual e espacial.
Você perceberá, ainda, que as atividades têm algo em comum: a prática. Ela, porém, não
invalida nem substitui a teoria. Pensamos as metodologias ativas em uma perspectiva
reflexiva, que respeita o espaço do(a) professor(a) e seus saberes. Sob essa ótica, as
estratégias ativas não são meramente lúdicas nem funcionam apenas como brincadeira
para os(as) jovens. Nossa proposta é que sejam pensadas para promover uma
aprendizagem significativa, em que os objetivos estão dados e a síntese das práticas
é fundamental para que se possa atribuir valor a elas. Também por isso, as atividades
não são estáticas e este livro não é um manual de instruções: você, professor(a), pode
transformar as sequências didáticas para que se adequem à sua realidade.

8
CHEGAR

Por fim, as propostas se organizam em torno de um ciclo metodológico de cinco


etapas: Reconhecer, Conectar, Buscar, Movimentar e Amplificar. Essas etapas nomeiam
as unidades do volume e evidenciam como as atividades estão articuladas em torno de
um processo de aprendizagem.

Passos da metodologia

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9
CHEGAR

O projeto

A obra Educação empreendedora – Uma proposta para engajar estudantes e


transformar comunidades é parte de um conjunto integrado de ações do Sebrae que
tem como foco as redes de ensino. Entre essas ações, estão as trilhas educativas para
estudantes e os cursos online para professores(as). Ambas as iniciativas são de formações
assíncronas, que estabelecem diálogo com as propostas deste livro e se pautam pelos
mesmos princípios metodológicos e pedagógicos.

Compreendemos que se trata de uma fase desafiadora para quem está na sala de
aula e que, por vezes, o peso recai principalmente sobre os(as) professores(as). São
eles(as) que muitas vezes têm de lidar com questões cotidianas que superam os debates
sobre currículo, como a falta de infraestrutura, a vulnerabilidade social e as ameaças à
saúde mental. Entendemos aqui que a educação empreendedora não é a única tábua
de salvação para todos esses dilemas, mas um caminho a partir do qual seja possível que
os(as) atores(atrizes) da linha de frente na escola possam construir seus próprios
percursos a fim de engajar jovens e transformar algumas histórias.

10
CHEGAR

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Na mandala acima, confira os conceitos integrados que orientam as ações do


Educação Empreendedora em Rede.

11
CHEGAR

A quem serve este livro


As atividades aqui propostas são úteis para docentes e escolas que incluíram,
na implantação do Novo Ensino Médio, itinerários formativos ligados ao eixo do
Empreendedorismo. Este não é, todavia, o único uso da obra, uma vez que os
fundamentos da educação empreendedora podem orientar qualquer prática educativa,
afinal, como já questionamos, que educação não é empreendedora? Assim, as
sequências didáticas – sempre acompanhadas de fichas que indicam público além
das competências empreendedoras e da Base Nacional Comum Curricular – servem
também ao trabalho das áreas do conhecimento em sala de aula, nos anos finais do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Na unidade 2, Reconhecer, as ferramentas apresentadas fundamentam atividades de
autoconhecimento e de diagnose local, importantes para o debate sobre Projeto de
vida, em qualquer fase da vida escolar. Na unidade 3, Conectar, buscar e movimentar,
abordamos diferentes temáticas, como a gestão dos recursos (tangíveis e intangíveis),
a preocupação com a sustentabilidade, a reflexão sobre as transformações no mundo
do trabalho e a importância da comunicação para fazer com que projetos se tornem
realidade.
São temas indossociáveis de uma formação que tem como perspectiva a educação
integral. Na unidade 4, Amplificar, procuramos encarar o desafio de ir além dos muros
da escola - e de envolver toda a comunidade escolar em práticas inovadoras.
Bom trabalho!

12
CHEGAR

“Geração nem-nem” em questão e projeto de vida


Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica

27,3
Aplicada (Ipea), havia 27,3 milhões de jovens entre 15 e
25 anos fora das instituições de ensino e do mercado
de trabalho em 2020. Nesse contexto, popularizou-se
a expressão “geração nem-nem”, nem trabalham nem milhões de jovens
estudam. A construção tem tom pejorativo, porque
faz parecer que os(as) jovens estão nessa situação por
entre 15 e 25 anos
desejo próprio. Ela não considera as crises econômicas não estudam
e outros fatores que estão menos relacionados à nem trabalham
vontade e mais a uma conjuntura complexa que inclui
a fragilidade das políticas voltadas a esse público.

Miriam Muller, uma das responsáveis pelo estudo Se já é difícil, imagina pra mim...,
publicado pelo Banco Mundial em 2018, afirmou, em entrevista ao jornal El País, que
a responsabilidade não é dos(as) jovens, ao contrário do que indica a expressão. Para
ela, condições ligadas ao gênero e à pobreza são dados importantes da realidade que
fazem com que essa população não projete aspirações. Para Muller, a falta de figuras
de referência com carreiras interessantes afeta a mobilização do grupo. No caso das
mulheres, há que se considerar a gravidez na adolescência, os casamentos precoces
e a superação de barreiras como o estereótipo da mulher cuidadora. Ademais, falta
informação básica para que os(as) jovens tenham acesso ao mundo do trabalho e à
educação. A pesquisadora cita como exemplo o fato de que muitos dos(as) jovens das
camadas mais pobres se inscrevem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas
desistem de fazer a prova.

Embora o estudo seja de 2018, as constatações

1,38 e explicações de Muller encontram paralelo na


atualidade. Em 2021, o Enem teve o menor número
de inscritos desde 2007. A redução atingiu todos
milhão de os grupos e é mais acentuada entre pretos, pardos
estudantes e indígenas. Os dados do exame refletem as
entre 6 e 17 anos consequências da pandemia. De acordo com a
Unicef, 1,38 milhão de estudantes entre 6 e 17 anos
deixaram a escola deixaram a escola em 2020, seja pela dificuldade de
em 2020 acesso ao ensino em casa, seja pela necessidade de
ajudar a família a garantir alguma renda.

13
CHEGAR

O quadro de desengajamento se soma à vontade de

47%
deixar o Brasil. O país nunca teve tantos jovens – são
50 milhões – e nunca tantos deles quiseram buscar
oportunidades em outros lugares: 47% iriam embora
se pudessem, como concluiu o Atlas das Juventudes e dos jovens iriam
de novos estudos da FGV Social, de junho de 2021. São
nítidas as consequências. No âmbito objetivo, pode-se
embora do Brasil
contemplar a redução da população economicamente se pudessem
ativa, a falta de mão de obra qualificada e a estagnação
do desenvolvimento. No âmbito objetivo, como é
possível ter fé no futuro – e fomentar essa fé, como é
papel dos professores e professoras – em um cenário de desesperança e frustração?
Em outra perspectiva, o copo está também meio cheio. Monique Evelle, jornalista
e empreendedora, afirma que na periferia o que se chama de empreendedorismo
sempre foi sobrevivência. Mais uma vez, os dados confirmam a hipótese. Em 2020,
o número de Microempreendedores Individuais cresceu 20% em relação a 2019, de
acordo com o Sebrae. Os negócios que mais surgiram são salões de cabelereiros, lojas
de roupas e acessórios e pequenas empresas prestadoras de serviço. À sua frente, estão
principalmente mulheres e jovens que, em razão da crise no mercado formal, tiveram a
iniciativa de abrir um negócio para dar respostas a demandas cotidianas.

Os números contextualizam o momento em que se coloca o debate sobre educação


empreendedora. Na escola, abrem-se portas para que isso seja potencializado. Retomando
o estudo Se já é difícil, imagina pra mim..., Miriam Muller propõe intervenções para
transformar a realidade dos(as) jovens, que incluem: facilitar o acesso a informações que

14
CHEGAR

efetivamente podem mudar a vida de meninos


e meninas; incutir nas populações mais pobres
o sentimento de que espaços dos quais foram Em 2020, o
historicamente excluídos – como as universidades Brasil ganhou
– também são para elas; oferecer programas de

14
mentoria para ajudar os(as) jovens a lidar com as
dificuldades que atrapalham seu progresso.
A educação empreendedora, ao contemplar a
tomada de iniciativa, a gestão dos recursos e a milhões de
valorização de ideias e oportunidades, é aqui empreendedores
compreendida como uma das chaves para tal
intervenção. Propicia-se, com o desenvolvimento
da mentalidade empreendedora, que jovens
reconheçam suas habilidades e fragilidades, compreendam e usem a seu favor os
territórios em que vivem, percebam criticamente as desigualdades sociais. Também
propicia que eles não reproduzam, de modo autômato, o discurso meritocrático, mas
saibam que há vias para a transformação. Trata-se, então, de desenhar projetos de
vida consistentes, a fim de expandir o horizonte de suas existências sem negar suas
identidades – e sem deixar o Brasil para trás.

Fontes: IBGE, Unicef, FGV Social, Global Entrepreneurship Monitor

Mergulhe nas referências


Monique Evelle fala sobre empreendedorismo e sobrevivência no
primeiro episódio da websérie Os originais, da Netflix: youtu.be/
vE3HQTeV7RA
A conta fica para a juventude é um documentário curta-
metragem que discute as consequências da pandemia para as
juventudes. Uma produção da TV Capão em parceria com a Oxfam
Brasil. youtu.be/-EGW5aeHq9k
No site Atlas da Juventude, da FGV Social, acesse pesquisas que
traduzem qualitativa e quantitativamente a realidade dos(as) jovens
brasileiros(as). https://atlasdasjuventudes.com.br/
A plataforma Juventude, Educação e Trabalho, da Fundação
Roberto Marinho, reúne indicadores de educação, trabalho e
vulnerabilidade social com busca por região, estado e município do
Brasil. https://pjet.frm.org.br/

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CHEGAR

Acreditamos que é exatamente


hoje – numa época em que muitos
condenam a escola como desajeitada
frente à realidade moderna e
outros até mesmo parecem querer
abandoná-la completamente – que
o que a escola é e o que ela faz se
torna claro. [...] Muitas alegações
contra a escola são motivadas por
um antigo medo e até mesmo ódio
contra uma de suas características
radicais, porém essencial: a de que
a escola oferece “tempo livre” e
transforma o conhecimento e as
habilidades em “bens comuns”, e,
portanto, tem o potencial para dar
a todos, independentemente de
antecedentes, talento natural ou
aptidão, o tempo e o espaço para sair
de seu ambiente conhecido, para se
superar e renovar (e, portanto, mudar
de forma imprevisível) O mundo.

Trecho do livro Em defesa da escola - Uma questão pública


(editora Autêntica), de Jan Masschlein e Maarten Simons
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CHEGAR

Entenda este almanaque


ALMANAQUE EDUCADORES: EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NA PRÁTICA – Uma
proposta para engajar estudantes e transformar comunidades está organizado em
cinco unidades:
Chegar – Uma apresentação do projeto Educação Empreendedora em Rede, do
livro e dos desafios que cercam a prática da educação básica na atualidade.
Reconhecer – Conjunto de atividades pedagógicas voltada para a diagnose de
escolas, turmas e comunidades com foco na educação empreendedora.
Conectar, buscar e movimentar – Atividades pedagógicas que conectam a cultura
empreendedora às áreas de atuação do Ensino Fundamental – Anos finais e Ensino
Médio.
Amplificar – Propostas para que o debate sobre empreendedorismo não se restrinja
à sala de aula e ao universo de professores(as) e estudantes.
Partir (para outros lugares) – Quadro de competências empreendedoras e
indicações de referências.

Em cada unidade, em especial nos capítulos focados em práticas pedagógicas, você


encontrará as seguintes seções:
Na prática – Tutoriais de atividades pautadas nas metodologias ativas
de aprendizagem, que têm foco no desenvolvimento de competências
empreendedoras e da Base Nacional Comum Curricular.
Insight – Dicas de mediação e síntese da atividade.
Personalize sua aula – Sugestões para que a atividade se adeque a diferentes
contextos e ganhe a “cara” da turma e do(a) professor(a).
Glossário – Conceitos e autores(as) que contextualizam dinâmicas e competências
em desenvolvimento.
Inspire-se – Cases de educação empreendedora e referências de diferentes
linguagens para ampliar seu repertório.
Entre aspas – Trechos de artigos acadêmicos e frases para provocar a reflexão e
motivar o trabalho em sala de aula.

17
2
RECONHECER
“Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.”
José Saramago
RECONHECER

Educação empreendedora: O que (não) é?

Objetivos
Conceituar educação empreendedora no contexto da educação
básica, tanto para os anos finais do Ensino Fundamental quanto
para o Ensino Médio.
Desconstruir mitos a respeito do empreendedorismo na escola.

Público
Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental – Anos finais.

Competências
empreendedoras
É possível afirmar que a educação traz para o empreendedorismo a
possibilidade de se afirmar como elemento integrante da formação
integral dos sujeitos, reforçando que esse pode compor ainda o
processo educativo que objetiva a construção de projetos de vida.
Segundo Dolabela (2008), o cerne da estratégia didática para a
educação empreendedora está no propósito, no sonhar e na busca
pela sua realização. Com isso, o ensino de base empreendedora deve
promover ações dialógicas sobre sonhos, pessoais e profissionais,
ao mesmo tempo que prioriza o desenvolvimento de habilidades
necessárias para a vida.
Na matriz do Entrecomp encontramos a ideia de que na relação do
empreendedorismo com a educação o que se deve priorizar é o seu
desenvolvimento enquanto competência transversal, fundamental à
vida profissional, pessoal e cidadã dos sujeitos.
Espaços educativos, sobretudo a escola, podem se tornar o local
para que essa relação se fortaleça e que as competências sejam
trabalhadas, favorecendo a disseminação da cultura empreendedora
e atitude empreendedora. Currículos e novas práticas podem
envolver o tema e estratégias pedagógicas podem ser elaboradas
com o objetivo de desenvolver competências empreendedoras.
19
RECONHECER

As competências destacadas
nas atividades aparecerão
coloridas na mandala.

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Edu ica
caçã nôm
o financeira e eco
Fonte:
Mobili as
zação de pesso Entrecomp

Competências gerais da BNCC


Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Trabalho e projeto de vida
Empatia e cooperação

Atividades desta sequência


Painel semântico: Empreendedorismo e educação

20
RECONHECER

NA PRÁTICA

Painel semântico: Empreendedorismo e educação


Tempo sugerido: 90-100 minutos

Nesta etapa do livro, o verbo de ordem é “Reconhecer”. Por isso, a atividade que abre
este capítulo se volta para o reconhecimento do conceito de educação empreendedora.
Faremos isso por meio da elaboração coletiva de um painel semântico (saiba mais na
seção Glossário) sobre a palavra empreendedorismo e partiremos do conhecimento que
sua turma e você, professor(a), já têm a respeito do tema.

1 Comece a atividade mostrando, em um slide ou no quadro, as seguintes palavras:

ORGANIZAR
INOVAR
PENSAR
AGIR

CRIAR MUDAR
RESOLVER

ARRISCAR PLANEJAR

2 Na sequência, peça que cada estudante escolha um verbo para si e explique que
individualmente deverão conceber um painel que traduza o significado do verbo
escolhido sem usar palavras. Para isso, eles podem se valer de desenhos, imagens
recortadas de revistas ou pesquisadas na internet. Incentive-os a associar as
possíveis definições com figuras de pessoas conhecidas e relevantes para a história
(por exemplo, no PENSAR, caberia incluir uma foto do físico Albert Einstein ou da
química Marie Curie), com lugares (INOVAR pode estar ligado a uma pista de skate e
RESOLVER à participação em uma olimpíada do conhecimento), com filmes, séries
e outras produções do ramo de entretenimento (MUDAR pode se relacionar com a
animação Divertida Mente, da Pixar, por exemplo).

21
RECONHECER

Personalize sua aula


Faça uma seleção prévia de imagens que possa inspirar sua turma na
pesquisa de referências. Isso é especialmente importante para grupos
do Ensino Fundamental e contribui para ampliar o repertório visual e
estético do grupo. Se a atividade for feita em uma plataforma digital
e no computador, disponibilize uma pasta com ideias que podem
incentivar o processo criativo.

3 Oriente-os a construir o painel em etapas. Primeiro, é importante fazer a curadoria


de imagens a partir da reflexão sobre a palavra escolhida. Depois, planejar a
distribuição delas no painel – seja ele físico, em uma cartolina ou papel kraft, seja ele
virtual – e, então, finalizar o conjunto.

Glossário:
Painel semântico
Ferramenta muito usada
por profissionais da área de
arquitetura e design, o painel
semântico reúne imagens,
cores, objetos e texturas em
um conjunto que comunica
visualmente ideias, valores e
preferências. Na sala de aula, o
painel semântico é um recurso
para investigar e construir
conceitos.

4 Acompanhe o trabalho dos(as) alunos(as) e faça sugestões para que a colagem


não seja aleatória. Incentive-os(as) a construir narrativas e associações por meio
do posicionamento das referências selecionadas e de intervenções como linhas,
emoticons e círculos que relacionem as imagens. Oriente-os(as) a identificar, no
topo do painel, a palavra escolhida.

5 Quando os painéis forem finalizados, peça à turma que organize uma exposição
dos trabalhos. Pode ser na parede da sala ou em uma projeção, caso tenham sido
usados aplicativos como o Padlet ou o Canva.

22
RECONHECER

6 Forme uma roda em torno dos trabalhos e peça que apenas observem as diferentes
associações visuais motivadas pelas palavras escolhidas e que reflitam: Como essas
reflexões mudam minha maneira de compreender o significado de tais verbos?
Chame atenção para as diferentes características que podem ter se evidenciado na
exibição dos painéis. Uns são mais ordenados, outros mais inovadores e isso reflete,
em alguma medida, a personalidade de quem os confeccionou.

7 Explique que os verbos selecionados se conectam com o tema desta aula: a definição
dos conceitos de empreendedorismo e educação empreendedora. Primeiro, leia para
eles o verbete de empreendedorismo que aparece no dicionário Oxford Languages:

Empreendedorismo. Substantivo masculino. 1. Disposição ou capacidade


de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços e negócios. 2. Iniciativa de
implementar novos negócios ou mudanças em empresas já existentes, com
alterações que envolvem inovação e risco.

8 Pergunte se é possível estabelecer relações entre a definição do dicionário e os


painéis apresentados. Que relação PENSAR, CRIAR, ORGANIZAR, AGIR, MUDAR,
INOVAR, RESOLVER e ARRISCAR têm com empreendedorismo e com as referências
que eles(as) buscaram?

9 Em seguida, questione: Como esses mesmos verbos se relacionam com a educação?


É possível colocá-los em prática no contexto da escola? O que seria uma educação
empreendedora? Ouça as falas do grupo e registre-as no quadro ou no suporte que
considerar conveniente.

Insight
O objetivo desta atividade é construir conceitos para destruir mitos
sobre empreendedorismo e educação empreendedora. Nesse sentido,
é importante que fique claro como empreender não está associado
exclusivamente ao campo empresarial nem requer lidar com grandes
montantes de dinheiro. Trata-se, antes, de uma maneira de agir, de uma
cultura que, para jovens do Ensino Fundamental e do Ensino Médio,
pode contribuir para desenhar e colocar em prática projetos de vida mais
conscientes e consistentes.

23
RECONHECER

10 A partir das hipóteses levantadas pela turma, finalize a atividade enfatizando que há
uma série de mitos que envolvem o empreendedorismo. No entanto, ao falar sobre
educação empreendedora estamos falando sobre criar uma cultura na qual seja
possível tomar a iniciativa, assumir protagonismo diante da resolução de problemas,
lidar com crises de forma criativa e inovadora, assumir riscos calculados, trabalhar
colaborativamente e transformar o contexto ao nosso redor. Isso tem tudo a ver com
aquelas palavras da etapa 1 e mesmo com o processo de confecção dos painéis,
porque a ideia é aprender na prática.

Pegada digital
O Padlet (https://pt-br.padlet.com) e o Canva (https://www.canva.
com/) são dois aplicativos online que facilitam a montagem de painéis
semânticos. Eles têm versões gratuitas e disponíveis para dispositivos
móveis como celulares e tablets.

Inspire-se
O canal da plataforma CER, do Sebrae, produziu uma série de vídeos
sobre educação empreendedora e inovação na educação. Acesse para
assistir a webinars e séries que apoiam o trabalho de educadores(as)
na sala de aula. https://www.youtube.com/c/CERSebrae
Incentive os jovens a buscarem o curso do projeto Educação
Empreendedora em Rede “No corre! Tá na trilha. Tá no corre do
projeto de vida” acessar no link: https://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/cursosonline/no-corre-ta-na-trilha-ta-no-corre-do-
projeto-de-vida,f1cef78ea80eb710VgnVCM100000d701210aRCRD

24
RECONHECER

A educação empreendedora
existe para despertar o
empreendedorismo nas pessoas,
por meio de técnicas que articulam
o fazer e o conhecer.
É aprender fazendo!
Nos processos educacionais,
a educação empreendedora
atua em duas frentes principais:
1. Desenvolvimento de
competências duráveis.
2. Possibilidade de inserção
sustentada no mundo do trabalho.
Assim, a educação empreendedora
vai além da abertura de um negócio:
trata-se do desenvolvimento de
uma cultura em que a pessoa se
sinta sensibilizada, preparada e
empoderada para o alcance de
seus objetivos de vida.

Sebrae

25
RECONHECER

Ouvir histórias: Dar voz aos(às) estudantes para


construir projetos de vida

Objetivos
Resgatar trajetórias pessoais dos(das) estudantes, a fim de que
possam refletir sobre identidades e potencialidades.
Relacionar narrativas pessoais à construção de projetos de vida e à
educação empreendedora.

Público
Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental - Anos finais.

Competências
empreendedoras
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Fonte:
Entrecomp

26
RECONHECER

Competências gerais da BNCC


Repertório cultural
Comunicação
Cultura digital
Trabalho e projeto de vida
Autoconhecimento e autocuidado

Atividades desta sequência


Procuro-me: Oficina de autorretratos
Há quanto tempo? Construção de timeline
Janelas para o futuro: Brainstorm

27
RECONHECER

NA PRÁTICA

Procuro-me: Oficina de autorretratos


Tempo sugerido: 100 minutos

Como primeiro passo da jornada de reconhecimento, propomos uma atividade de


confecção de selfies inspirados pelo trabalho da artista brasileira Lenora de Barros.
Os(As) jovens devem se preparar e trazer para o encontro roupas e acessórios diversos.

1 Comece mostrando aos(às) jovens a obra Procuro-me, de 2001, da artista brasileira


Lenora de Barros, disponível aqui: https://mam.org.br/acervo/2006-073-000-barros-
lenora-de/

2 Provoque o grupo a fazer leituras da imagem:

O que a expressão da artista nos lembra?


Por que ela muda de cabelo e um pouco suas feições quando posa para o retrato?
Como podemos interpretar essas mudanças à luz do título da obra: Procuro-me?

Personalize sua aula


Sugerimos a obra de Lenora de Barros, mas há muitos outros(as)
artistas que usam o autorretrato como ferramenta de expressão.
Observe seu grupo e exiba inspirações que contemplem diferentes
origens, posições políticas e orientações sexuais. No canal Arte Viral,
confira uma retrospectiva cronológica do autorretrato:
https://www.youtube.com/watch?v=sCAApnPeNGc&t=262s

28
RECONHECER

3 Proponha, então, que os(as) jovens façam uma releitura da obra de Lenora a partir de
suas próprias crises e questões, cujo produto deve ser um painel de selfies variadas feitas
com a câmera do celular. O tema da atividade é o que dá título à obra: Procuro-me.

4 Acompanhe os(as) jovens durante a produção e incentive-os(as) a buscar expressões


e produções que sejam criativas e que deem vazão às próprias angústias, histórias e
vontades. Não se trata apenas de um trabalho visual, mas de uma investigação sobre si.

5 Quando os painéis estiverem prontos, organize uma exposição das imagens, com o
apoio de um telão ou, se não for viável, com o suporte dos aparelhos celulares dos(as)
estudantes.

6 Após a exibição das imagens, proponha um momento de escrita individual, em que


os(as) jovens devem registrar no papel, em forma de texto em prosa ou em verso,
uma resposta para a seguinte questão: O que eu procuro?

7 Convide aqueles(as) que se sentirem confortáveis a compartilharem as produções


com a sala e feche a atividade enfatizando que a elaboração de projetos de
vida, no contexto da educação empreendedora, tem como ponto de partida o
autoconhecimento. Esse processo não se inicia nem se encerra agora, trata-se
de um movimento que conduzimos com mais ou menos vigor ao longo de toda a
vida e que nos impulsiona a tomar decisões e a lutar por aquilo que reconhecemos
como parte de nós.

29
RECONHECER

NA PRÁTICA

Há quanto tempo? Construção de timeline


Tempo sugerido: 150 minutos

Nesta etapa, você vai conhecer um pouco mais sobre a história de seus(suas) estudantes.
Também poderá ter um diagnóstico dos desejos de sua turma e do quanto eles(as) estão
abertos ao diálogo e ao trabalho por meio da confecção de uma linha do tempo pessoal.

1 Organize a turma em círculo e peça aos(às) jovens que compartilhem momentos


que postaram nas redes sociais recentemente. Caso ache necessário, você
pode pedir que consultem o celular para observar que tipo de acontecimento
compartilham. Enquanto eles(as) falam, sintetize em um quadro ou outro suporte
as menções que aparecem: aniversário, encontro com amigos(as), encontro com
namorado(a), passeio no parque, almoço com a família, selfies.

2 Na sequência, procure motivar a reflexão sobre o registro dos fatos mencionados em


uma timeline (linha do tempo):

Por que deixamos nossa vida registrada nas redes sociais?

Por outro lado, por que há fatos que queremos que desapareçam rapidamente,
como aqueles que postamos em redes como o TikTok ou nos stories do Instagram?

Que critérios usamos para postar e para escolher o conteúdo que deve permanecer
e o que deve ser passageiro?

Insight
Inspire-se
Nesta atividade, é importante observar como sempre estamos adotando
critérios para a publicação de um conteúdo sobre nós, que se relaciona ao
mesmo tempo com quem somos, com quem gostaríamos de ser e com
quem temos como público.

30
RECONHECER

Personalize sua aula


Complemente a conversa sobre as linhas do tempo das redes sociais
comparando-as com álbuns de fotos antigas. Há diferenças entre
eles? O que escolhíamos registrar e eternizar antes? E agora, com
mais acesso à tecnologia, que histórias contamos sobre nós?

3 Depois do aquecimento, distribua um número contado (por exemplo, 10) de tarjetas


de papel para cada jovem.

4 Peça-lhes que pensem com cuidado - já que, ao contrário da internet, o espaço


é limitado - e elejam dez momentos fundamentais de suas trajetórias pessoais.
Depois, oriente-os(as) a registrar nas tarjetas os fatos que escolheram e o ano em
que eles ocorreram.

5 Com as tarjetas prontas, peça a cada jovem que organize sua sequência em um
suporte, de modo que a linha do tempo possa ser vista e compreendida pelos
demais colegas. Pode ser em um cartaz ou em um fio de barbante, por exemplo,
em que os marcos ficam presos com fita adesiva ou pregadores de roupa. Além das
tarjetas, eles(as) podem incluir no suporte imagens e símbolos representativos de
suas narrativas pessoais.

Pegada digital
Há ferramentas que podem auxiliá-lo(a) na construção de linhas do
tempo. Teste o Padlet (padlet.com), que já tem um layout próprio
para timelines, e o Jamboard (jamboard.google.com), que organiza
quadros de informação por meio de notas adesivas. Acesse tutorial da
ferramenta aqui.

6 Organize um espaço de exposição dos trabalhos e solicite aos(às) jovens que, ao


longo de 10 ou 15 minutos, circulem por eles, dando atenção aos fatos, imagens ou
símbolos com os quais também se identificaram.

31
RECONHECER

7 Quando todos(as) passarem pela exposição, faça novamente um círculo com a


turma e diga-lhes para comentarem os marcos com os quais se identificaram.

Insight
Inspire-se
Em nossas linhas do tempo, temos marcos em comum porque somos
sujeitos do mesmo espaço e de uma mesma época. É bastante possível
que uma festa ou mesmo um evento trágico seja mencionado por
muitos(as) jovens que o vivenciaram conjuntamente. Nosso interesse
aqui é provocar a turma a pensar em como tais eventos afetam nossas
identidades além de oportunidades e desejos.

8 Depois da atividade de construção de timeline, peça aos(às) jovens que escrevam


um complemento para a seguinte frase e depositem em uma caixa:

Ao revisitar minha história,


posso dizer que sou…,
tenho paixão por…
e quero conquistar...

9 Diga que eles(as) não precisam colocar o nome no papel e que apenas você fará a
leitura das respostas. O conteúdo é útil tanto para fazer adaptações dos próximos
encontros quanto para que você conheça melhor a sua turma e o quanto eles(as)
já se sentem seguros para compartilharem experiências e sentimentos com você e
com os(as) demais.

32
RECONHECER

Glossário:
Projeto de vida
A expressão foi incorporada
com mais força ao vocabulário
das escolas brasileiras após
2017, com a ampliação das
discussões sobre Novo Ensino
Médio. Para Juarez Dayrell,
da Universidade Federal de
Minas Gerais, podemos definir
projeto de vida como “a ação
do indivíduo de escolher um,
dentre os futuros possíveis,
transformando os desejos
e as fantasias que lhe dão
substância em objetos passíveis
de serem perseguidos”. Isso não
significa que falamos de um
plano imutável, mas de metas
flexíveis, que acompanham
o amadurecimento e os
imprevistos próprios da vida.

33
RECONHECER

Falo querendo entender, canto para


espalhar o saber e fazer você perceber
Que há sempre um mundo, apesar de
já começado, há sempre um mundo
pra gente fazer
Um mundo não acabado
Um mundo filho nosso, com a nossa
cara, o mundo que eu disponho agora
foi criado por mim
Euzin, pobre curumim, rico, franzino e
risonho, sou milionário do sonho
Elisa Lucinda

34
RECONHECER

NA PRÁTICA

Janelas para o futuro: Brainstorm


Tempo sugerido: 100 minutos

Aqui, vamos nos remeter às descobertas compartilhadas nas etapas anteriores para que
os(as) jovens possam propor um desenho do próprio futuro a partir de suas habilidades.

1 Comece a atividade pedindo à turma que compartilhe memes que brincam com as
expectativas em relação ao presente e ao futuro.

Personalize sua aula


Antes da atividade, peça à turma que separe memes relacionados a
sentimentos em relação ao futuro.

2 Procure pensar junto com a turma:

O que a cultura dos memes revela sobre nós? De alguma maneira, ela reflete um
fenômeno da nossa sociedade?

Além do efeito de humor, por que compartilhamos imagens que lidam com nossas
inseguranças e que, às vezes, promovem discursos autodepreciativos?

Insight
Inspire-se Note que aqui não se trata de fazer discursos de autoajuda ou
de criticar formas de expressão e de compreensão do mundo
das juventudes, mas de ouvir suas percepções e de conectá-
las a um trabalho que visa a motivação e autoconsciência sem
desconsiderar influências do território em que esses(as) jovens
estão inseridos - questão que abordaremos na próxima unidades.

3 Explique que estamos fazendo essa provocação com os memes porque queremos
promover um olhar sobre o futuro, as oportunidades, os obstáculos e as maneiras
como podemos superá-los. Por isso, faremos uma atividade de brainstorm que
recupera algumas das reflexões feitas nas atividades anteriores: a oficina de
autorretratos e a construção de timeline pessoal.
35
RECONHECER

4 Distribua uma folha de papel sem pauta em tamanho A4 e oriente os(as) jovens a
dividi-la em oito partes, quatro na frente e quatro no verso. Explique que você fará
perguntas e que dará cerca de três minutos para que eles(as) preencham cada
quadrante, com as respostas organizadas em tópicos. Sugerimos, a seguir, algumas
questões, mas você pode adaptá-las ao contexto e à faixa etária da sua turma:

Anote:

Cinco habilidades que você acredita que marcam sua personalidade.

Cinco habilidades que as outras pessoas atribuem a você.

Três situações desafiadoras pelas quais você passou e, no mesmo quadro, três
aprendizados que resultaram dessas situações desafiadoras.

Três coisas que motivam você.

Desejos para conquistar em sua vida no prazo de 5, 10 e 20 anos.

Os obstáculos que imagina que irá encontrar para conquistar seus objetivos de
curto, médio e longo prazo.

Quais características suas, mapeadas nas duas primeiras questões, podem ajudar a
superar esses obstáculos.

Que outros recursos você pode precisar para superar esses obstáculos.

36
RECONHECER

5 Durante a confecção do quadro, se eles(elas) tiverem dificuldades para fazer


o brainstorm, explique que não há resposta certa ou errada e dê exemplos de
anotações possíveis.

6 Quando os quadros estiverem terminados, peça aos(às) jovens que se sentirem


confortáveis para compartilharem suas respostas com os demais. Dê especial
atenção às habilidades, aos obstáculos e às formas de superação propostas.

Insight
Inspire-se As respostas do grupo são úteis para que pensemos nas competências
relacionadas ao desenvolvimento de uma educação empreendedora.
É importante ter autoconhecimento, estabelecer metas e reconhecer os
obstáculos para que se possa traçar metas para superá-los ou lidar com
eles no cotidiano. Nesse sentido, é fundamental o apoio das pessoas que
nos cercam e das instituições como a própria escola.

7 Nesta etapa, organize com os(as) jovens uma nuvem de palavras em que eles(as)
destaquem três pilares do processo de autoconhecimento, foco das três atividades
anteriores. Use ferramentas como o Mentimenter (mentimeter.com) (se não houver essa
possibilidade, use pedaços de papel e fita adesiva a fim de montar um mural) para fazer
uma enquete com três perguntas, que devem ser respondidas em uma palavra:

Qual é a minha principal habilidade?

Qual é o meu sonho?

Que obstáculos vou enfrentar?

8 Ao fim da avaliação, faça a leitura da nuvem coletiva, dando destaque para as palavras
que mais apareceram, e questione: De que maneira esse grupo pode se fortalecer
diante das habilidades de cada um e dos obstáculos que há pela frente?

37
RECONHECER

Inspire-se
Assista a um trecho da entrevista de Edu Lyra, criador do Instituto
Gerando Falcões, ao programa Roda Viva. A iniciativa de Lyra tem
como objetivo transformar a história de jovens na periferia de São
Paulo por meio de educação e desenvolvimento econômico.
https://www.youtube.com/watch?v=XMgJkX5Sy2Q

Glossário:
Juventudes
A palavra, aqui usada no plural,
representa a diversidade do
conceito, uma vez que sua
concepção está associada a
etnia, classe, religião e gênero,
entre outros fatores. No
mesmo sentido, há juventudes,
resultados de uma época e de
um lugar, que interagem com
outras gerações e sobre as quais
não é possível traçar um perfil
homogêneo.

38
RECONHECER

Desenhar mapas: Reconhecer potencialidades


do território para transformar histórias

Objetivos
Observar e potencializar a relação dos jovens com o território em que
vivem.
Identificar oportunidades e desafios no território.
Conectar as potencialidades do território ao projeto de vida dos jovens
e à noção de educação empreendedora.

Público
Estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental – Anos finais.

Competências
empreendedoras
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Fonte:
Mobili as
zação de pesso Entrecomp

39
RECONHECER

Competências gerais da BNCC

Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Trabalho e projeto de vida
Empatia e cooperação
Responsabilidade e cidadania

Atividades desta sequência

Explorações do território
Mapas e afetos
Forças e fraquezas
No meu lugar

40
RECONHECER

NA PRÁTICA

Explorações do território
Tempo sugerido: 150-200 minutos

Depois das práticas de


autoconhecimento, vamos explorar
o entorno da escola por meio de um
exercício dirigido de cartografia.

1 Esta é uma atividade de trabalho de campo que envolve a circulação pelo


entorno da escola. Antes de começar o trabalho com a turma, prepare um mapa
e estabeleça uma rota que deverá ser percorrida. Caso sua turma seja numerosa e
os(as) alunos(as) ainda pouco autônomos, peça auxílio de outros professores para
acompanhá-lo. Atenção também ao traçado da rota em territórios de risco.

2 Organize os jovens em grupos de quatro ou cinco e explique que faremos uma


exploração da região próxima à escola. Para isso, cada grupo ficará responsável pela
observação de um aspecto desse território.

3 Faça cópias do mapa com a rota estabelecida e entregue um a cada jovem


acompanhado de prancheta e caneta para facilitar o registro.

4 Com os grupos formados, apresente e distribua os temas de observação e


mapeamento:

Comércios, serviços e outros locais de trabalho (indústria, escritórios, hospitais, por


exemplo).
Espaços de lazer, esportes e cultura da juventude.
Prédios da administração pública (como prefeituras e fóruns).
Instituições voltadas para a educação (informal ou formal, básica ou superior).
Organizações não-governamentais.
Locais de atenção à saúde.
Templos religiosos.
Pontos de referência para transporte
(terminal de ônibus, estação de balsas, por exemplo).

41
RECONHECER

5 Explique que, além do trabalho que os grupos farão, cada estudante,


individualmente, deve pensar na sua relação com os espaços do entorno. Pode ser
que ela seja mais próxima, caso ele(a) seja morador(a) do bairro, ou mais distante,
caso só se desloque até lá a fim de estudar. Oriente-os a registrar – em foto e por
escrito, no mapa – os espaços que de alguma maneira marcam sua relação com o
território.

6 Durante a observação, incentive os grupos a fazerem registros em que marcam suas


observações no mapa. Eles também podem associar sentimentos e percepções ao
mapa. Por exemplo, colocar um emoticon triste em uma estrutura para a juventude
que está abandonada, um sorriso nos espaços de gostam de frequentar ou um
ponto de atenção.

7 Após a caminhada, volte ao espaço da escola e, antes de chegar à sala de aula, abra
uma roda e peça que os jovens apontem o que constataram em suas observações.
Pergunte como se sentiram (permita que façam também avaliações negativas, que
falem sobre cansaço, medo ou tédio, por exemplo) e o que notaram pelo caminho
que até esta atividade não haviam percebido.

Insight
Inspire-se
O objetivo desta atividade é aguçar o olhar para descortinar novas
possibilidades de leitura em paisagens com as quais estamos
acostumados. Andar a pé e sem pressa é um exercício que faz parte
dessa mudança de perspectiva. Para o professor italiano Francesco
Careri, autor do livro Walkscapes – O caminhar como prática estética,
mover-se a pé é um ato que nos permite, ao mesmo tempo, exercitar
a criatividade e transformar, pelo próprio ato de caminhar, os lugares.
Durante a atividade, estimule em seu grupo a postura investigativa
que Careri propõe.

Pegada digital
A atividade pode ser adaptada para o virtual com o apoio do Google
Street View, que mostra imagens das ruas das maiores cidades do
Brasil. https://www.google.com.br/maps

42
RECONHECER

Personalize sua aula


Você pode mudar as categorias de observação para contemplar a
realidade local. Caso sua escola não fique na zona urbana, por exemplo,
certamente haverá mudanças naquilo que deve ser observado pelos
jovens caminhantes.

Glossário:
Cartografia
À noção da geografia, disciplina
para a qual a cartografia é
a elaboração de mapas que
representam o espaço físico
visível, acrescenta-se aqui um
caráter subjetivo. O sentido
do verbo cartografar significa,
dessa maneira, perceber o
território na relação com a vida
das pessoas que nele habitam
e convivem. Cartografar aqui,
portanto, abarca a memória, as
experiências, os sentimentos
e os desejos dos sujeitos, na
tentativa de construir um
sentido para tais interações e,
por outro lado, desconstruir
estereótipos e ideias
pré-concebidas.

Inspire-se
O primeiro episódio do podcast 37 graus conta a história de
professores que criaram experimentos para explorar o mundo além
do seu quintal. As histórias falam sobre o território em que se vive,
mas também sobre como extrapolar esses limites. Ouça Cafundós:
https://37grauspodcast.com/episodio1/

43
RECONHECER

A cartografia convida a uma postura analítica


constante da realidade mapeada. Permite não só
reconhecer traçados objetivos dos nossos bairros,
cidades, deslocamentos e relações mas também
acessar a construção subjetiva dos significados
presentes neles. Ao evidenciar as construções de
significados presentes nos objetos de investigação,
ela permite o reconhecimento das potencialidades
pessoais e dos territórios para ativá-las em processos
de construção coletiva de conhecimentos sobre as
realidades locais.
Nesse processo, a cartografia é uma estratégia
que permite articular ações para a experimentação
de novas práticas e novos olhares, abrindo
possibilidades para a invenção de estratégias para a
constituição de novos territórios, outros espaços de
vida e relações.
Essa metodologia relaciona-se com um princípio de
investigação que tem o sentido de desnaturalizar e
problematizar os significados, provocando nos jovens
o “desprendimento” de modelos e proporcionando
o “pensar diferentemente”, o reconhecimento da
alteridade e dos diferentes modos de viver.

Trecho do livro Jovens


urbanos – Marcos conceituais
e metodológicos, uma
iniciativa da Fundação
Itaú Social e do Centro de
Estudos e Pesquisas em Ação
Comunitária – Cenpec

44
RECONHECER

NA PRÁTICA

Mapas e afetos
Tempo sugerido: 100 minutos

Informações quantitativas e qualitativas se encontram no desenho coletivo de mapas


afetivos.

1 De posse das observações, cada grupo deverá desenhar um mapa em escala maior
do que aquele levado para o trabalho em campo. Você pode fazer cópias dos mapas
em tamanho A3 ou distribuir cartolinas e pedir que eles mesmos desenhem o
contorno da região, o traçado das ruas e elementos geográficos – como praias, rios
e montanhas – que a compõem. A qualidade e a precisão da imagem são menos
importantes do que as informações qualitativas que serão acrescentadas a ele.

2 Quando o desenho do mapa estiver terminado, solicite que eles incluam as


observações feitas pelo grupo nos lugares correspondentes.

3 Depois, sugira que acrescentem sentimentos, sensações e outros dados que


puderam perceber enquanto caminhavam. Eles podem fazer isso por meio de
palavras-chave, emoticons, desenhos, versos de músicas e poemas. Também é
possível incluir lugares que dizem respeito a experiências pessoais, como a casa da
avó, um balanço no parque que lembra a infância ou uma pizzaria que frequentam
com os amigos. Oriente os estudantes a usar cores diferentes de caneta para
identificar quais são as contribuições de cada pessoa do grupo.

Insight
Inspire-se Nesta etapa, é possível que o mapa expresse sentimentos conflitantes,
pois cada um desenvolve experiências muito pessoais com o território.
Diga-lhes que não há problema e que o valor da atividade está
justamente em fazer com que essas incoerências se revelem – por meio
delas conhecemos mais o outro e o território que frequentamos.

4 Terminados os desenhos, organize uma ordem para que os grupos apresentem seus
trabalhos. Estabeleça um limite de tempo – cerca de cinco minutos – para que esta
etapa fique mais dinâmica.

45
RECONHECER

Insight
Inspire-se Faça intervenções enquanto os grupos se apresentam e explore
características que você mesmo observou no território em diálogo com
jovens. Além disso, conforme a dinâmica avança, faça comparações que
coloquem em evidência a pluralidade de olhares que pode haver sobre
uma mesma região.

5 Ao final, peça ajuda da turma para fazer uma síntese das percepções que o grupo
teve em relação ao território e reforce a ideia de que é por meio do trabalho em
equipe que podemos avançar tanto em um trabalho de diagnóstico local quanto de
autoconhecimento a partir das relações que estabelecemos com os espaços em que
vivemos.

6 Não jogue fora os mapas, pois eles serão necessários na próxima atividade desta
sequência didática.

Inspire-se
Conheça o projeto Quebrada Maps, iniciativa de professores de
Geografia do Ensino Fundamental e do Ensino Médio em escolas de
São Paulo. Os docentes se valem da tecnologia para deslocar o eixo
de diálogo na cidade do centro para a periferia por meio da confecção
de mapas colaborativos e participativos. O site tem exemplos das
produções que podem inspirar seu trabalho. https://quebradamaps.
wordpress.com/

Imagem: https://quebradamaps.wordpress.com/
46
RECONHECER

(...) Ao cartografar os lugares a partir das


sensações das pessoas, os mapas afetivos
dão materialidade para a subjetividade dos
espaços vividos, conhecidos, desconhecidos
ou imaginados, caminhando para uma
representação da rua, do bairro, da cidade
não pelo prisma político do Estado e sim pelo
microcosmo do cotidiano e das construções
imaginárias do EU sobre o espaço. Ao
colocar na centralidade da representação
as percepções sensoriais das pessoas, os
mapas afetivos de forma direta ou indireta
são capazes de desenvolver identidades
territoriais, indicando lugar (afetividade com
o espaço) e não-lugar (esvaziado de sentido
para o ser). Ao ilustrar essa dicotomia
entre afetivo e não efetivo, esses mapas
sensoriais são capazes de iniciar a tessitura
de experiências das pessoas e sua relação
com os espaços-tempos por onde coabitam
sentimentos plurais sobre o espaço (...).

Luiz Augusto Ferreira Lourenço, para o Wikifavelas

47
RECONHECER

NA PRÁTICA

Fragilidades e forças
Tempo sugerido: 100 minutos

O que podem as pessoas que formam um território? Qual é a importância de reconhecer


aquilo que ainda não podemos? Essas perguntas são o motor para a atividade a seguir.

1 Prepare o espaço da aula com os mapas afetivos e recupere a síntese da atividade


anterior.

2 Na sequência, se houver possibilidade, exiba o vídeo Embarcar, um episódio da série


Pense Grande.doc, que registrou iniciativas de empreendedorismo jovem em todo o
Brasil. Ele está disponível aqui: youtu.be/FcLy8Y6yCkc&t=771s

Personalize sua aula


A série Pense Grande.doc dispõe de 26 episódios com histórias de
protagonismo juvenil. Escolha, para reflexão, a história que mais se
adequa ao perfil de sua turma. A dica vale também para professores
dos anos finais do Ensino Fundamental, que podem encontrar
iniciativas mais apropriadas ao seu público.
http://www.pensegrandedoc.org.br/

48
RECONHECER

3 Em seguida, analise a história de Taissir Carvalho por meio de algumas questões:


Que fragilidade o jovem identificou em seu território, a cidade de Santarém, no Pará,
para desenvolver o projeto Embarcar?
O que permitiu que ele desenvolvesse o projeto? Como a história de vida de Taissir
permitiu que ele tomasse a iniciativa para intervir sobre um problema local?
Que impactos a iniciativa provocou nas pessoas que precisam chegar ou sair de
Santarém?
4 Relacione a análise do vídeo com a exploração do território que aconteceu
anteriormente. Enfatize como a dependência e a falta de informação a respeito do
transporte – um problema que incomodava não apenas o jovem, mas boa parte
da população – motivou a criação da startup. Mostre também como Taissir tinha
algumas forças, como o conhecimento de programação, a capacidade de trabalhar
em grupo e a facilidade de ir em busca de informações. Isso permitiu que o negócio
ganhasse força.

5 Distribua seis pedaços pequenos de papel, três de uma cor e três de outra, e
explique que vamos tentar identificar as fragilidades e as forças do território que
observaram na atividade do mapa. Peça que escolham três fragilidades percebidas
e registrem uma em cada papel. Depois, que pensem em três forças do território e
façam o mesmo processo de registro individualmente.

6 Escolha um suporte, como uma parede ou um quadro de cortiça, para reunir de um


lado as forças e de outro as fragilidades do território. Peça que os jovens colem com
fita crepe ou tachinhas suas contribuições. Quando tiverem terminado, solicite que
leiam o que diz cada pedaço de papel e procurem agrupá-los por semelhança. Que
fragilidades mais apareceram? Que forças são mais evidentes? A ideia aqui é fazer
inferências da percepção do grupo.

Forças Oportunidades

Fraquezas Ameaças

49
RECONHECER

7 Então, em mais uma rodada de reorganização dos papéis, peça que eles conectem
as fragilidades e forças identificadas no mural. Dito de outra maneira, que conectem
as necessidades às potencialidades do território com o objetivo de resolver
problemas, assim como fez Taissir, o jovem protagonista do vídeo.

8 Novamente, procure amarrar as pontas do debate a fim de garantir que o objetivo


da atividade seja cumprido. Nesse sentido, indique como nem sempre é óbvio
juntar as habilidades e características de que dispomos com os problemas que
afetam nossa vida e que precisamos resolver. Trata-se de um exercício ligado às
competências empreendedoras.

.
Insight
Inspire-se O documentário visto pela turma fala de uma questão relacionada ao
transporte, mas a mesma lógica se aplica a outras áreas. Se o mapa for feito
de maneira comprometida, ele revelará questões como a falta de espaços
de lazer para a juventude, a evasão escolar, a vulnerabilidade social. Por
outro lado, pode dar a ver a capacidade associativa que existe em templos
religiosos ou na associação de moradores, a liderança e o potencial de
mobilização de uma diretora de escola, os projetos de extensão e parcerias
viáveis com universidades públicas.

Glossário:
Análise FOFA
Esta atividade é uma adaptação
de uma ferramenta de
planejamento e gestão de
projetos chamada Análise FOFA
ou, em inglês SWAT, que ajuda
na avaliação de cenários e na
tomada de decisões. No modelo
original, identificam-se as
Forças e as Fraquezas internas
(do projeto que se quer colocar
em prática; no nosso caso,
do território) e as Ameaças e
Oportunidades externas.

50
RECONHECER

NA PRÁTICA

O meu lugar
Tempo sugerido: 50 minutos

1 Comece a atividade escrevendo o título desta proposta na lousa ou em outro


suporte que estiver disponível: O meu lugar.

2 Explore com os(as) jovens os diferentes significados da frase. Ao que ela se refere?
Enfatize que ela pode remeter ao lugar de onde viemos, ou seja, às nossas origem e
identidade. Pode também falar sobre o lugar em que vivemos, por onde circulamos,
nosso território. Por fim, fazer pensar sobre qual é nosso lugar, de modo subjetivo,
em um mundo de muitas possibilidades.

Personalize sua aula


Para completar a reflexão, você pode
ouvir com os(as) estudantes músicas
representativas dessa pluralidade de
significados que acompanham
a frase discutida. Uma delas é
De Santo Amaro a Xerém (assista
aqui: https://youtu.be/h0UAAfOaEmc),
de Caetano Veloso, interpretada por
Maria Bethânia e Zeca Pagodinho,
conhecidos pelo valor que dão
ao lugar em que nasceram ou se
criaram. Estas são sugestões, pois a
seleção musical deve dialogar com as
preferências e origens do seu grupo.

51
RECONHECER

2 Recupere com o grupo de estudantes as atividades de autoconhecimento feitas


no primeiro capítulo desta unidade. É importante que retomem, em especial, o
exercício de brainstorm Janelas para o futuro.

3 Peça que eles releiam o que haviam escrito em seus quadros pessoais e em seguida
observem os mapas afetivos que foram confeccionados após a exploração do
território.

4 Prepare, com antecedência, duas caixas. Escreva em uma delas a frase “Eu recebo” e
na outra “Eu ofereço”.

5 Entregue dois pedaços de papel coloridos a cada jovem. Em um, eles(as) devem
escrever o que oferecem como habilidade ou desejo a esse território – por exemplo,
“ofereço criatividade” ou “ofereço o desejo de ajudar as pessoas. No outro, devem
registrar o que recebem desse território – por exemplo, “recebo um modelo de
solidariedade”, “recebo o bom humor cotidiano da comunidade”.

6 Depois que os registros forem feitos, peça que a turma deposite os papéis nas caixas.

7 Abra um círculo e peça a cada um que retire das caixas uma resposta e leia para o
grupo, de modo dinâmico.

8 Quando terminarem de ler os papéis, peça que tentem responder a razão pela
qual conectamos as duas atividades: a de autoconhecimento com a de exploração
do território. Ouça as hipóteses e reafirme o que for necessário para um processo
impulsionador da educação empreendedora.

Insight
Inspire-se As oportunidades estão também nos lugares por onde circulamos, mas
para percebê-las, em primeiro lugar, é necessário que saibamos quais são
as nossas metas, estabelecer parâmetros para um projeto de vida. Em
segundo lugar, para empreender é preciso enxergar o mundo com novas
lentes, a fim de perceber relações que não se dão a ver tão facilmente e de
enxergar possibilidades em lugares que parecem hostis ou inférteis – tal
como na epígrafe desta unidade, trata-se de ser como o inseto que busca
um caminho no terremoto.

52
RECONHECER

Quero, terei —
Se não aqui,
Noutro lugar que
inda não sei.
Nada perdi.
Tudo serei.
Fernando Pessoa, poeta português

53
3
CONECTAR,
BUSCAR E
MOVIMENTAR
“O alimento da
inteligência é
aquilo que ela
nunca pensou.
Ela o procura
sem saber.
Ela espera sem
saber aquilo
em que nunca
teria pensado.”
Paul Valéry

54
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

O futuro do trabalho

Objetivos
Promover a reflexão sobre o mundo do trabalho diante das
transformações do século XXI.
Relacionar projeto de vida e educação empreendedora no contexto
das referidas transformações.

Público
Estudantes do Ensino Médio e estudantes do Ensino Fundamental –
Anos finais

Competências
empreendedoras

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Mob os
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Edu ica
caçã nôm
o financeira e eco
Fonte:
Mobili as
zação de pesso Entrecomp

55
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Competências gerais da BNCC

Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Repertório cultural
Trabalho e projeto de vida

Área do conhecimento

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas #ensinomédio


Linguagens e suas Tecnologias #ensinomédio
Ciências Humanas #ensinofundamental
Linguagens #ensinofundamental

Atividades desta sequência didática

Ensino Médio
Mudanças em curso
“Eu sonho mais alto que drones”

Ensino Fundamental – Anos finais


Transformar-se em outros(as)

56
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Mudanças em curso #ensinomédio


Tempo sugerido: 100 minutos

Faremos um levantamento das relações de trabalho presentes nas famílias e nas figuras
de referência dos(as) estudantes para traçar hipóteses a respeito das transformações
dessa área que se percebem no mundo contemporâneo.

1 Como preparação para esta atividade, oriente os(as) jovens a pesquisarem as


relações de trabalho que as pessoas com quem convivem tiveram ao longo da vida.
Para pautar a investigação, você pode oferecer a eles(as) uma lista de questões
como a que apresentamos a seguir.

Qual é o seu nome?

Qual é a sua data de nascimento?

Quando você era criança, sonhava em exercer que profissão quando adulto?

Que profissão você exerce hoje?

Quando você começou a trabalhar?

Até hoje, que ocupações você teve? Em que diferentes lugares você já
trabalhou?

Já ficou ou está desempregado(a)? Como se sente em relação a isso?

Como eram/são os contratos de trabalho? Você trabalhou com carteira


assinada ou formalizou sua atividade de alguma outra maneira, por exemplo,
por meio de um cadastro como Microempreendedor Individual?

Que importância o trabalho tem em sua vida?

Se pudesse dar um conselho a um(a) jovem que está prestes a começar a


trabalhar, que conselho daria?

57
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

2 Combine um prazo para que eles(as) façam as entrevistas e peça que, se possível,
conversem com mais de uma pessoa. É importante ouvir diferentes pontos de
vista sobre o tema. Vale estimular que entrevistem alguém que admiram como
profissional, pode ser um professor, um funcionário da escola ou alguém com
quem trabalham, já que no Ensino Médio há uma série de estudantes que exercem
atividade remunerada.

3 Com os dados coletados, promova entre os(as) jovens uma atividade de registro.
Peça-lhes que elejam uma das pessoas entrevistadas e escrevam uma narrativa em
primeira pessoa, que registre a trajetória do(a) escolhido(a) no mundo do trabalho.
Como os textos serão lidos depois, limite o tamanho das produções a uma folha de
tamanho A4.

Insight
Inspire-se O registro escrito oferece um importante instrumento de avaliação para
educadores(as). Que aspectos da trajetória do(a) entrevistado(a) os(as)
estudantes escolhem valorizar? Quais preferem deixar de lado? O que
essas escolhas revelam sobre a visão de mundo do(a) próprio(a) jovem?

4 Solicite que voluntários(as) compartilhem em voz alta trechos que gostaram das
narrativas que escreveram. Na sequência, peça que reflitam sobre as narrativas que
ouviram e que analisem as experiências de diferentes faixas etárias em relação ao
trabalho. Ao compararmos as diferentes histórias, o que mudou?

58
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Personalize sua aula


Caso seu grupo tenha dificuldade para traçar paralelos entre o passado
e o presente no campo do trabalho, selecione imagens que retratam
diferentes épocas. Selecionamos algumas possibilidades:
O francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) trabalhou como pintor da
corte portuguesa no Brasil e retratou, entre outros temas, o cotidiano
das pessoas escravizadas naquele período. Acesse algumas de suas
obras na Enciclopédia Itaú Cultural: https://enciclopedia.itaucultural.
org.br/pessoa18749/jean-baptiste-debret
O brasileiro Sebastião Salgado registrou, entre 1980 e 1990, o esforço
humano na série de fotografias Trabalhadores. Algumas das imagens
estão disponíveis no site Nutrição Visual: https://nutricaovisual.art.br/
historia/artistas-em-pesquisa/sebastiao-salgado/
É famosa a foto de Charles Clyde Ebbets, de 1932, que registra operários
almoçando sentados em uma viga posicionada nas alturas durante a
construção de um edifício em Nova York. Acesse no site do G1.
As videoinstalações do artista alemão Harun Farocki tematizam o
trabalho ao longo da história. Conheça Farocki a partir da exposição
organizada pelo Instituto Moreira Salles: youtu.be/ZXcr2wmTnxs

Insight
Inspire-se
São muitos os tópicos que podem ser abordados pela turma nessa
reflexão. Há, ainda assim, pontos importantes que não podem ser
ignorados por quem faz a mediação da atividade. É importante
ressaltar o crescimento da informalidade – e, no caso do Brasil, do
empreendedorismo, como resposta à redução das vagas formais. Também
podem ser tematizadas as mudanças na produção, como a redução do
número de operários que trabalham em fábricas ou no campo, em razão
da automatização e da inteligência artificial. Ainda, não perca de vista os
efeitos da pandemia sobre o mundo do trabalho. Cresceu o número de
pessoas que trabalham em home office e dos entregadores ou motoristas
de aplicativo, como resultado da uberização.

59
5 Após construir a comparação em relação às transformações do mundo do trabalho
em diferentes épocas, exiba a palestra de Maira Habimorad, especialista em
Recursos Humanos, em uma edição do TEDx Talks de 2018, que discute o que não
muda em relação ao futuro além de questões éticas e morais ligadas à produção.
Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Dy9O3oOVnho

6 No desfecho da conversa, procure sintetizar as reflexões construídas ao longo deste


percurso: O que o futuro do trabalho reserva a quem ingressará nesse mundo em
breve? Como encontramos correspondência entre essas conclusões e nosso projeto
de vida? Aprofundaremos esta questão na próxima atividade.

Glossário:
Uberização
O termo reflete transformações
no modelo de trabalho, que
passa a ser gerenciado por
plataformas digitais, como
aplicativos, as quais conectam
os clientes às empresas. As
relações são caracterizadas, ao
mesmo tempo, pela eficácia e
pela informalidade. Dados do
Instituto Locomotiva mostraram
que, em 2021, 11,4 milhões de
pessoas recorreram a aplicativos
para obter ao menos parte de
sua renda.

60
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Experiências promovidas por uma


escola que acolhe as juventudes e
percebe os desafios da sociedade
contemporânea] favorecem a
preparação básica para o trabalho
e a cidadania, o que não significa a
profissionalização precoce ou precária
dos jovens ou o atendimento de
necessidades imediatas do mercado
de trabalho. Ao contrário, supõe o
desenvolvimento de competências que
possibilitem aos estudantes inserir-
se de forma ativa, crítica, criativa e
responsável em um mundo cada vez
mais complexo e imprevisível, criando
possibilidades para viabilizar seu
projeto de vida e continuar aprendendo,
de modo a ser capazes de se adaptar
com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores.

Base Nacional Comum Curricular, p. 465-466.

61
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

“Eu sonho mais alto que drones” #ensinomédio


Tempo sugerido: 150 minutos

O título desta atividade se refere a um verso da música AmarElo, do rapper Emicida.


O objetivo é estimular os(as) jovens a compreender que valor tem ou terá o trabalho em
suas vidas a fim de que possam refletir sobre seu projeto de vida e sobre o que desejam
alcançar no curto, no médio e no longo prazo – sem esquecer de sonhar alto.

1 Comece a atividade lendo as frases a seguir, que trazem diferentes visões sobre o
trabalho tanto no âmbito pessoal como social e histórico. As citações podem ser
projetadas em slides ou impressas em papel e coladas nas paredes ou no mural
da sala.

“O trabalho danifica o homem.”


Maguila, boxeador brasileiro.

“[...] o chefe da casa, trabalha e nunca está


Ninguém vê sair, ninguém escuta chegar
O trabalho ocupa todo o seu tempo
Hora extra é necessário pro alimento”
Racionais MC’s, Periferia é periferia (em qualquer lugar)

“Eta povo pra lutar, vai gostar de trabalhar/


Nunca vi tão disposto (esse é o povo brasileiro).”
Trecho da canção Eta povo pra lutar, de Zeca Pagodinho

“Amor, trabalho e conhecimento são as fontes


de nossa vida. Deveriam também governá-la.”
Wilhelm Reich

62
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

“Hoje o indivíduo se explora e


acredita que isso é realização.”
Fala do filósofo sul-coreano e contemporâneo Byung Chul-Han, em entrevista ao jornal El País.

“E do caboclo que vive “Seu trabalho vai


Com a enxada na mão preencher uma parte
Trabalhando o dia inteiro grande da sua vida, e a
Com a maior diversão única maneira de ficar
Sem invejar a ninguém realmente satisfeito é fazer
Satisfeito a trabalhar o que você acredita ser
Cada vez mais animado um ótimo trabalho. E a
Esse teu suor pingado única maneira de fazer um
Grandeza e honra te dá.” excelente trabalho é amar o
Trecho de Caboclo Nordestino, música de que você faz.”
Luiz Gonzaga
Steve Jobs, criador da Apple

2 Na sequência, pergunte aos(às) jovens que frase mais se relaciona com o modo
como percebem o trabalho. Abra espaço para as críticas e acolha as falas que
expressem falta de perspectiva.

Insight
Inspire-se A falta de perspectiva em relação ao trabalho pode ser explicada pelos
exemplos familiares, pela ausência de figuras de referência ou pelo índice
de vulnerabilidade social do território. Daí a importância de dar voz às
histórias de vida dos(as) estudantes e das atividades de tutoria na escola,
que ampliem os horizontes sobre o tema.

63
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

3 Depois que eles(as) escolherem as frases, investigue com a turma o que elas
evidenciam sobre a relação entre humanidade e trabalho, sobretudo, na
contemporaneidade. É importante deixar claro como convivem, simultaneamente,
percepções que idealizam o trabalho e outras que o menosprezam. Questione se é
possível encontrar um equilíbrio em relação a essas visões polarizadas.

4 Após a provocação inicial, dê aos(às) jovens uma tarefa ligada à cultura digital.
Eles(as) devem planejar e criar gifs animados ou um vídeo por meio do qual
expressem suas metas para os próximos 5, 10, 15 e 20 anos. O formato pede que a
tarefa seja cumprida com bom humor, o que não tira dela a seriedade da reflexão
sobre o futuro.

Pegada digital
O site CanalTech explica como usar o WhatsApp para criar gifs
animados: youtu.be/951xPftI28s

5 Quando os trabalhos estiverem terminados, organize uma exposição na sala ou


virtualmente. As produções podem ser concentradas, por exemplo, em um grupo
de WhatsApp da turma.

6 Pergunte aos(às) jovens quais gifs ou vídeos mais chamaram sua atenção e por qual
razão. Investigue também que desejos são mais comuns em seu grupo.

7 Divida a classe em grupos de trabalho de no máximo quatro estudantes. Entregue


a cada um(a) deles(as) uma folha em tamanho A4, que deve ser dividida em quatro
partes, cada uma reservada para um período trabalhado na etapa anterior: 5, 10, 15 e
20 anos. Os grupos devem eleger um(a) de seus(suas) integrantes para controlar o
tempo.

8 Explique que faremos uma dinâmica em que os(as) colegas darão sugestões para
que as metas sejam alcançadas. Trata-se, portanto, de uma construção que permite
a empatia e a troca entre os pares. Os grupos devem se organizar em roda e o
preenchimento deve começar não pelo(a) próprio(a) estudante, mas pelo colega da
direita. O responsável pelo controle do tempo deve cronometrar três minutos antes
de dar um sinal para que as folhas sejam repassadas no círculo.

9 Ao final da dinâmica, a folha voltará às mãos do(a) jovem, que deve ler as sugestões
de seu grupo e fazer seus acréscimos.

64
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

10 Durante a atividade, circule pelas equipes e enfatize que é importante dar sugestões
concretas e realistas para que as metas sejam alcançadas. Por exemplo, se em
cinco anos a pessoa quer ter um diploma de graduação, precisa ser orientada a
se inscrever no Exame Nacional do Ensino Médio. Se quer ter o próprio negócio,
pode ser interessante procurar um curso profissionalizante. Os próprios itinerários
formativos oferecidos pela escola são um caminho para a concretização das metas.

11 Antes do desfecho, explique aos(às) jovens que planejar o futuro depende de


competências como a capacidade de identificar oportunidades e de ter visão, ou
seja, de perceber aquilo que nem sempre está evidente. O trabalho com os pares
oferece enormes contribuições neste sentido.

12 Encerre a atividade com um conteúdo inspiracional, a música AmarElo, mencionada


no título desta atividade. Destacamos, em especial, os seguintes versos:

Eu sonho mais alto que drones


Combustível do meu tipo? A fome
Pra arregaçar como um ciclone (Entendeu?)
Pra que amanhã não seja só um ontem
Com um novo nome
[...]

Cê vai sair dessa prisão


Cê vai atrás desse diploma
Com a fúria da beleza do sol, entendeu?
Faz isso por nóiz
Faz essa por nóiz (Vai)
Te vejo no pódio
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro

65
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Transformar-se em outras(os) #ensinofundamental


Tempo sugerido: 100 minutos

No debate sobre o futuro do trabalho, esta atividade que tem como público o Ensino
Fundamental prioriza a reflexão sobre as escolhas profissionais durante o processo de
amadurecimento e a percepção de figuras de referência.

1 Comece a conversa pedindo à turma que fale sobre a infância e sobre o que
desejavam ser quando crescessem. Pergunte quais desses desejos se mantêm e
quais mudaram com o decorrer do tempo.

2 Entregue a eles(as) uma folha com contornos de figuras humanas na frente e


no verso. Na frente, eles devem escrever a palavra “expectativa”. No verso, devem
escrever “realidade”. A folha também deve ter campos para que os(as) estudantes
preencham seus nomes e a profissão escolhida.

(FRENTE) (VERSO)
EXPECTATIVA REALIDADE
PROFISSÃO PROFISSÃO

3 Oriente a turma a escolher uma profissão que pensam em exercer e, em seguida, a


associar palavras relacionadas ao que imaginam ser o cotidiano dessa profissão. Dê
alguns parâmetros para que façam o preenchimento: jornada de trabalho, salário,
rotina, contato com pessoas, satisfação e assim por diante.

4 Com as expectativas registradas, oriente-os(as) a fazer um trabalho de pesquisa em


que buscam informações na internet e entrevistam profissionais para preencher o
verso da folha, o da “realidade”.

66
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

5 Estudantes que escolherem a mesma profissão podem fazer o trabalho juntos(as).


Além disso, como se trata de alunos(as) mais jovens, você pode auxiliá-los(as) na
procura por pessoas e informações.

6 Combine um prazo para que os(as) estudantes tragam o resultado da apuração.


Organize a sala em círculo e peça que eles(as) falem sobre as expectativas e as
constatações depois de entrar em contato com o profissional. O que já sabiam? O
que mudou depois da atividade?

Insight
Inspire-se Temos reiterado neste capítulo a importância das figuras de
referência. O contato com profissionais, já no Ensino Fundamental, em
especial, para alunos(as) do 9º ano, é um passo nesse sentido.

7 Depois da troca de informações e impressões, diga à turma que eles(as) deverão


produzir uma foto em que sintetizam o resultado de suas investigações. Para isso
precisarão produzir tanto as roupas quanto o cenário da foto por meio de uma
curadoria de objetos. Podem até usar diferentes locações, como um salão de
cabelereiro ou um consultório médico. O importante é que se transformem em
outros(as) nos quais projetem suas expectativas e o resultado da investigação.

8 Marque uma data para a entrega das fotos, que podem ser digitais ou, se houver
possibilidade, impressas. A partir delas, organize uma exposição e, se possível,
convide as famílias ou envie para elas o resultado do trabalho. A percepção dos
anseios dos(as) adolescentes pode movimentar tanto os(as) responsáveis quanto
a comunidade.

Inspire-se
Conheça a iniciativa “Eu preciso sonhar: uma escola que perpassa a
função de ensinar”, do professor Elionaldo Bringel de Lima, de Juazeiro, na
Bahia. Ele percebia nos(as) estudantes uma desmotivação para ingressar
no Ensino Superior. Investigou as causas do problema e promoveu na
escola uma série de ações, como visitas técnicas a faculdades próximas
de seu território, aulas de informática no contraturno e exibição de filmes
que dialogam com a temática do projeto de vida.
Confira: https://historias.cer.sebrae.com.br/post/eu-preciso-sonhar-
uma-escola-que-perpassa-a-funcao-de-ensinar

67
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Pensar o futuro é um
exercício arriscado e,
muitas vezes, fútil. Mas,
apesar dos avisos, não
resistimos à tentação de
imaginar o que nos irá
acontecer, procurando,
assim, agarrar um destino
que tantas vezes nos
escapa. [...] o horizonte não
existe para nos trazer de
volta à origem, mas para
nos permitir medir toda
a distância que temos a
percorrer. .
António Nóvoa, no livro
Professores: Imagens do
futuro presente

68
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

A educação pelos recursos

Objetivos
Conceituar recursos na perspectiva da educação empreendedora.
Refletir sobre o uso dos recursos em sua relação com projeto de vida.

Público
Estudantes do Ensino Médio e estudantes do Ensino Fundamental –
Anos finais

Competências
empreendedoras

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Mobilizar fontes
Alf ca
abe mi
tizaç onô
ão financeira e ec
Fonte:
Mobilizar pessoas Entrecomp

69
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Competências gerais da BNCC

Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Trabalho e projeto de vida
Autoconhecimento e autocuidado
Empatia e cooperação
Responsabilidade e cidadania

Área do conhecimento

Matemática e suas Tecnologias #ensinomédio


Linguagens e suas Tecnologias #ensinomédio
Matemática #ensinofundamental
Linguagens #ensinofundamental

Atividades desta sequência didática

Ensino Médio
Café com recursos
No meu dinheiro mando eu

Ensino Fundamental – Anos finais


Café com recursos

70
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Café com recursos #ensinomédio #ensinofundamental


Tempo sugerido: 150 minutos

Definiremos o sentido da palavra recursos no contexto da educação empreendedora a


partir da dinâmica de organização de um lanche comunitário.

1 Previamente, organize a turma em grupos e explique que para discutir o que


são recursos no contexto da educação empreendedora, a turma deverá preparar,
na próxima semana, um café que será oferecido à turma, aos professores e
professoras e à equipe gestora da escola. O encontro de hoje será usado na
divisão de tarefas e na organização do evento.

2 Explique que não adotaremos divisões comuns como “meninos levam salgado” e
“meninas levam doce”. Será necessário montar um cardápio e, ao final, fazer uma
prestação de contas do evento, conforme explicaremos adiante. Diga também
que não há comissão fácil, pois, ao final do evento, haverá uma votação para
avaliar qual dos grupos trabalhou melhor.

3 Divida a classe em comissões, que são as seguintes:

Ambientação, decoração e recepção dos convidados.


Cardápio de salgados.
Cardápio de doces.
Preparação de bebidas.
Direção geral (responsável pela comunicação entre os grupos) e registro do
evento (fotos e vídeos).

Insight
Inspire-se Não separe os grupos aleatoriamente. Use os exercícios dos capítulos
anteriores, de autoconhecimento, para que cada jovem possa escolher
uma comissão que potencializará suas habilidades ou que o ajude a
superar fragilidades.

71
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

4 Com as comissões formadas, entregue a cada uma delas uma ficha de


planejamento com as seguintes questões:

DECISÕES DO GRUPO
Quantas pessoas vamos atender?
Em que lugar vamos realizar o evento?
Quanto tempo ele vai durar?

DECISÕES DAS COMISSÕES


Quais são nossos objetivos? O que vamos oferecer ao público? São quantas
pessoas?
De que materiais (ou ingredientes) vamos precisar para alcançar nossos objetivos?
De quem precisaremos para nos ajudar nessa tarefa? Como essas parcerias nos
ajudarão?
Quanto tempo investiremos nesse trabalho?
Qual será o diferencial do trabalho da nossa comissão?
Como alcançaremos os nossos objetivos? Quem fará que tarefa?

5 A primeira lista de perguntas deve ser respondida pela turma com a sua
mediação. A segunda deve ser respondida por cada comissão. Circule pelos
grupos e estimule que o planejamento seja feito detalhadamente e que eles
invistam o próprio tempo na realização das tarefas.

72
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

6 Depois da etapa de ideação, entregue a cada comissão uma planilha, em que


eles devem registrar o processo de preparação do lanche.

Custos
Atividade Responsável Tempo investido Parceria
financeiros

Comprar os
ingredientes:
Exemplo: Carla, tia da Ju,
40 minutos Fazer o
Bolo de que tem um
Juliana bolo (inclusive, assar,
cenoura R$25 mercadinho
Souza colocar cobertura
para 30 e doou os
e armazenar
pessoas ingredientes.
adequadamente):
1h30
Total de
Tempo total
dinheiro
investido:
investido:

7 Lembre à comissão de Decoração e recepção dos convidados de fazer os convites


aos professores e professoras no dia combinado e curta o lanche com o grupo.
8 Não perca de vista, porém, que esta é uma atividade pedagógica. Ao final,
reúna os(as) convidados(as) e peça que façam uma avaliação de cada comissão,
apresentando os(as) responsáveis por cada etapa. Peça, então, que elejam a
comissão que apresentou o melhor resultado.

Insight
Inspire-se O interessante é que os(as) convidados(as) possam premiar a comissão
que demonstrou mais engajamento no processo e que investiu o
próprio tempo e o próprio trabalho para proporcionar uma experiência
especial a todos do grupo.

73
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

9 No encontro seguinte ao café, peça que cada comissão leve sua tabela
preenchida e compartilhe com o grupo os resultados a fim de que se faça a
prestação de contas do evento.
10 Faça a soma do tempo investido, do dinheiro gasto e anote todas as parcerias
que foram necessárias para que o lanche coletivo acontecesse.
11 Diga-lhes que o objetivo de realizar o evento é estimular, na prática, a
conceituação da ideia de recursos, fundamental tanto para a educação
empreendedora quanto para a educação financeira.
12 Com base nos dados coletivos, pergunte aos(às) jovens:
Como podemos definir o que são recursos?
Por que é importante lidar com eles da maneira adequada?
Nosso lanche poderia ter sido melhor e menos custoso se tivéssemos feito a
gestão dos recursos de outra maneira?
No que se refere aos recursos, o que precisamos considerar antes de colocar uma
ideia em prática?
13 Feche a atividade mostrando como, de modo geral, temos uma noção limitada
do que são recursos. Entendemos que se temos dinheiro, temos recursos, mas
o conceito é muito mais amplo. Recursos envolvem o trabalho e o tempo que
investimos em uma atividade e os insumos que usamos (como os ingredientes
do bolo de cenoura).

74
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Para a economia, recursos são


tudo aquilo que é produtivo,
ou seja, tudo que produz algo
novo e valioso para as pessoas
– novos bens e serviços que
precisamos ou queremos
em nosso cotidiano. Aqui
cabe uma ressalva muito
importante: o dinheiro não
é um recurso pela ótica da
ciência econômica, mesmo
que muitos se refiram a ele
como tal. Na verdade, ele é
apenas um meio para que
ocorram trocas de bens e
serviços entre as pessoas.
Texto de Bruno André Blume, adaptado do site Politize!
https://www.politize.com.br/recursos-o-que-sao/

75
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Inspire-se
A Aupa, agência de jornalismo independente, dedica-se a cobrir iniciativas
empreendedoras que geram impacto social. Na série de vídeos Eu errei,
eles contam histórias de jovens e seus desafios na gestão de diferentes
negócios. É o caso de Matheus Cardoso, criador do projeto Moradigna,
de reforma e construção de moradias populares. No vídeo, Cardoso fala
sobre problemas que teve no fluxo de caixa da empresa, temática muito
relacionada à questão dos recursos apresentada neste capítulo.
Assista: https://youtu.be/TzAvLS8uC3w

76
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA #ensinomédio

No meu dinheiro mando eu


Tempo sugerido: 100 minutos

A seguir, usamos a influência da youtuber Nath Finanças para ajudar os jovens a fazer
um diagnóstico de gastos.

1 Comece a atividade pedindo aos jovens que façam de memória uma lista dos
gastos que tiveram na última semana. Peça que alguns compartilhem suas
respostas e anote os gastos semelhantes no quadro.

Insight
Inspire-se Se for difícil para seu grupo fazer a lista espontaneamente, ofereça
categorias: supermercado, lanche na escola, roupas e acessórios,
material escolar, contas de luz e água, gás, lazer etc.

2 Na sequência, apresente alguns dados sobre endividamento no Brasil, divulgados


em agosto de 2021 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo. Os números se referem a julho do mesmo ano:

71,4% dos consumidores tinham alguma dívida.


30,5% da renda mensal das pessoas, na média, está comprometida com o
pagamento de dívidas.
82,7% das famílias têm dívidas no cartão de crédito.
61,9 dias é o tempo médio de atraso na quitação de dívidas.
14,6% das famílias estão muito endividadas.

Personalize sua aula


Os dados são de agosto de 2021, mas você pode atualizá-los. Você
também pode oferecer números locais sobre o endividamento.

77
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

3 Pergunte à turma a que atribuem os números. Alguns representam os maiores


índices desde que a pesquisa começou a ser feita.
4 Ouça as hipóteses dos(as) jovens e, caso não apareça na fala deles, indique que
há fatores internos e externos para o descontrole em relação ao dinheiro. Do
ponto de vista externo, o país passa por uma crise econômica, com crescimento
do desemprego, queda na renda média das famílias e aumento da inflação.
Do ponto de vista interno, muitas famílias não aprenderam a organizar (ou
a reorganizar, em caso de demissão e diminuição da renda) suas finanças e
gastam mais do que recebem.

Insight
Inspire-se Note que não se trata de culpar indivíduos pelo seu endividamento.
Há situações que escapam ao controle das famílias quando é
necessário atender a necessidades básicas de sobrevivência.
Abordamos aqui o planejamento financeiro como uma das
estratégias de educação financeira que não se sobrepõe a políticas
públicas para geração de emprego e renda. Entendemos também
que a escola, a partir de projetos de educação empreendedora,
pode se converter ela mesma em um polo de geração de renda para
os territórios em que se insere.

5 Na sequência, exiba o vídeo do canal Nath Finanças. Ele é comandado por


Nathália Rodrigues, jovem de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que encontrou
na internet o lugar para disseminar conteúdo sobre educação financeira para a
população de baixa renda. O vídeo, intitulado Organize suas finanças, é de 2020,
mas segue relevante: https://youtu.be/1vGVHGyqg0U
6 Pergunte aos(às) jovens se eles já colocam em prática algumas das dicas do
vídeo e combine com eles a organização de uma planilha de levantamento de
gastos mensais. Os dados podem se referir à(ao) jovem ou à família.
7 Combine um prazo para a finalização da planilha (caso não haja qualquer
controle, 30 dias parece um tempo razoável, pois será possível acompanhar a
rotina ao longo de um mês) e peça à turma que leve os dados para a aula.
8 De posse dos dados, promova uma leitura crítica individual a partir de uma
pergunta fácil: Onde é possível economizar?

78
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

9 Como atividade final, peça aos jovens que organizem uma planilha de
planejamento financeiro. Para isso, eles devem considerar as metas
estabelecidas nas atividades de autoconhecimento e definição de objetivos
feitas anteriormente. A pergunta que devem responder é: Quanto precisam
economizar e por quanto tempo para que seus sonhos possam ser realizados?
10 Avalie o conhecimento construído a partir das duas atividades desta sequência
didática. Converse com o grupo: De que maneira ter consciência do valor das
coisas (inclusive, do nosso tempo de dedicação) e planejar os gastos me ajuda a
alcançar meus sonhos?

Insight
Inspire-se
Nathália Rodrigues organizou um instrumento que ajuda os
consumidores a refletirem sobre as categorias em que é possível
economizar. Ela listou uma série de categorias – como aluguel, água,
manicure, cabeleireiro, celular e presentes – para que o público
pense em quais gastos podem ser cortados ou reduzidos e quais são
essenciais.
O material está disponível no link: https://www.intrinseca.com.br/
nathf inancas/download/lista-onde-conomizar_Nath-Financas.docx

Inspire-se
Conheça a história de Davi Braga, garoto de Maceió que criou o
aplicativo List-it, para ajudar famílias e estudantes a adquirir o material
escolar, posteriormente comprado por uma empresa que investe em
negócios de educação. Leia aqui.

79
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Glossário:
Consumo consciente
O Instituto Akatu define
consumo consciente como
aquele em que consumimos
para garantir nosso bem-estar,
sem transformar o consumir em
um ato com finalidade em si
mesmo. A organização enumera
alguns princípios do consumo
consciente: planejar as compras,
avaliar os impactos do consumo,
consumir apenas o necessário,
reutilizar produtos e embalagens
e separar o lixo, entre outros.
Saiba mais: https://akatu.org.br/
conheca-os-12-principios-do-
consumo-consciente/

Pegada digital
Há uma série de aplicativos que ajudam a organizar as finanças. Entre
eles há o Guia Bolso e o Money Lover, ambos com versões gratuitas. O
Sebrae tem uma cartilha online com orientações de planejamento e
controle financeiro pessoal.

Baixe a cartilha do
Sebrae aqui.

80
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Iniciativas de impacto

Objetivos
Conceituar empreendedorismo social.
Desenhar projetos de intervenção local a partir do diagnóstico do
território feito na segunda unidade do material – Reconhecer.

Público
Estudantes do Ensino Médio e estudantes do Ensino Fundamental –
Anos finais

Competências
empreendedoras

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Mo ça
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Mobilizar fontes

Edu ica
caçã nôm
o financeira e eco

Mobilizar pessoas
Fonte:
Entrecomp

81
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Competências gerais da BNCC

Conhecimento
Pensamento científico, crítico e criativo
Comunicação
Empatia e cooperação
Responsabilidade e cidadania

Área do conhecimento

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas #ensinomédio


Ciências da Natureza e suas Tecnologias #ensinomédio
Linguagens e suas Tecnologias #ensinomédio
Linguagens #ensinofundamental
Ciências da Natureza #ensinofundamental
Ciências Humanas #ensinofundamental

Atividades

Ensino Médio e Ensino Fundamental – Anos finais


Oficina de ideação de projetos

82
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Oficina de ideação de projetos #ensinomédio #ensinofundamental


Tempo sugerido: 200 minutos

Vamos mobilizar os conhecimentos produzidos na etapa de Diagnóstico para pensar em


projetos que geram impacto positivo sobre a comunidade.

1 Inicie a atividade contando aos(às) jovens que vamos conhecer algumas


iniciativas que têm algo em comum. Foram criadas por jovens que geraram
impacto positivo sobre o território em que vivem.
2 Divida a classe em grupos e explique que cada equipe assistirá a um vídeo
diferente. São todos episódios do programa PenseGrande.Doc, exibido pelo Canal
Futura. Segue a lista:

Instituto Alinha, uma iniciativa focada em melhorar as condições de trabalho de


costureiros e costureiras na Grande São Paulo.

http://www.pensegrandedoc.org.br/alinha/

Mãe&Mais foi criada para dar atendimento básico de saúde a mulheres em


situação de extrema vulnerabilidade social no Rio de Janeiro.

http://www.pensegrandedoc.org.br/maemais/

A plataforma Hemotify nasceu no Rio Grande do Sul para conectar doadores de


sangue aos bancos de dados dos hemocentros locais.

http://www.pensegrandedoc.org.br/hemotify/

No Pará, Heitor Sebastian, jovem transsexual, criou Art Ato, uma loja em que
vende artesanato produzido por minorias sexuais.

http://www.pensegrandedoc.org.br/art-ato/

Sabrina Bizunga é a jovem por trás do projeto Flor do Sertão, que valoriza as
espécies vegetais da caatinga no Ceará.

http://www.pensegrandedoc.org.br/flor-do-sertao/

83
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Insight
Inspire-se Para os(as) alunos(as) do Ensino Fundamental, você pode trabalhar
com outras histórias. Conheça, por exemplo, a Cooperativa Mirim,
de Linhares, no Espírito Santo, que venceu o Prêmio Sebrae de
Educação Empreendedora em 2019. Outra possibilidade é usar os
vídeos da já mencionada Agência Aupa, que se dedica à cobertura
de iniciativas de empreendedorismo social.

3 Peça aos jovens que assistam os vídeos. Caso não haja internet nem infraestrutura
para acessar os episódios na escola, peça-lhes que se organizem para assistir antes
da aula.

4 Abra um círculo e pergunte o que mais chamou atenção nas iniciativas que
conheceram e se conseguem apontar outras semelhantes no território em que
moram e/ou estudam.

5 Solicite também que levantem hipóteses: O que tornou a realização das iniciativas
possível? O que parece ser necessário para tirar uma ideia do papel e gerar impacto
positivo sobre uma comunidade?
6 Na sequência, mostre à turma os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da
Organização das Nações Unidas e peça que os(as) estudantes relacionem os ODS
aos vídeos que assistiram. De que forma as iniciativas estudadas contribuem para
um mundo mais sustentável?

84
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

7 Após a análise dos documentários e dos ODS, explique à turma que haverá uma
nova divisão de grupos para trabalhar em projetos voltados para as necessidades da
escola e para o entorno dela.

Insight
Inspire-se Recupere as informações das atividades de apresentação da
unidade Reconhecer, em especial, o capítulo 2, e faça uma curadoria
dos grupos, de modo a reunir pessoas com habilidades que se
complementam.

8 Revisite, com os(as) alunos(as) os mapas confeccionados durante a etapa


Reconhecer e faça, junto com o grupo, uma rememoração das necessidades e das
potencialidades do território.
9 Em seguida, entregue a cada grupo um roteiro para pensar no projeto que querem
desenvolver:
Que problema queremos resolver?
Quem será beneficiado pelo projeto?
Estamos contribuindo com qual Objetivo do Desenvolvimento
Sustentável?
De que recursos precisamos?
Quais alianças e parcerias podemos fazer?
Que resultados são esperados?
Quem é a equipe envolvida?
Como avaliaremos se o projeto deu certo?
Qual será o tempo de execução?
Que sequência de ações precisam ser desenvolvidas para colocar o projeto
em prática?

10 Circule pelos grupos, aponte inconsistências, faça com que se lembrem dos
aprendizados que acumularam ao longo dos últimos encontros e nas referências
com que tiveram contato.

85
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

11 Quando o esboço das propostas estiver fechado, peça que mapeiem com mais
detalhes a sequência de ações necessária, em um planejamento, e elaborem um
cronograma em que apareçam tanto o tempo necessário para a execução daquela
etapa quanto as pessoas que serão responsáveis pelo acompanhamento. Veja o
exemplo, de um projeto de agentes de reciclagem na escola:

Ação Responsável Prazo

Fazer entrevista com os (as) alunos(as)


para entender porque não usam as Beatriz, Paula e 25 de setembro
lixeiras de separação corretamente. Janaína.

12 Estimamos aqui, no cabeçalho da atividade, um tempo para a ideação dos projetos,


mas é possível que seus grupos levem mais tempo no desenho da ação e na
confecção no cronograma. Não há problema.
13 Quando os planos e os cronogramas estiverem terminados, promova uma rodada
de apresentações entre os(as) estudantes. A ideia é que eles(elas) possam fazer
sugestões aos projetos dos(as) colegas.
14 Encerre a atividade fazendo os apontamentos que julgar necessários e explique que,
nas próximas etapas, usaremos as propostas do dia de hoje para pensar em ações
de comunicação voltadas para potenciais parceiros.

Glossário:
ODS
Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável – ODS consistem em
17 metas globais definidas pela
Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas. As metas
envolvem áreas como fome,
saúde, educação, igualdade de
gênero, energia e urbanização,
entre outras.
Saiba mais em
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

86
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Insight
Inspire-se A Garupa é uma organização que apoia o desenvolvimento do
turismo sustentável. Neste vídeo, a iniciativa discute o futuro do
turismo no mundo. São valores que podem ajudar regiões e jovens
a pensar em estratégias de desenvolvimento para seus territórios.

87
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

A educação tinha que ser


um ambiente privilegiado
para o menino e a menina
experimentarem. Uma pessoa
no mundo é essa potência
toda, essa possibilidade de
interagir com tudo.

Ailton Krenak, liderança indígena e escritor,


em entrevista à Revista Periferias.

88
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

A vez da comunicação

Objetivos
Motivar a compreensão sobre a importância da comunicação para
uma atitude empreendedora.
Experimentar atividades que usem a linguagem para vender ideias e
desenvolver habilidades de comunicação tanto oral quanto escrita.

Público
Estudantes do Ensino Médio e estudantes do Ensino Fundamental –
Anos finais

Competências
empreendedoras

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Edu ica
caçã nôm
o financeira e eco

Mobilizar pessoas
Fonte:
Entrecomp

89
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Competências gerais da BNCC

Conhecimento
Repertório cultural
Comunicação
Cultura digital
Trabalho e projeto de vida
Argumentação
Empatia e cooperação

Área do conhecimento

Linguagens e suas Tecnologias #ensinomédio


Linguagens #ensinofundamental
Língua portuguesa #ensinomédio

Atividades desta sequência didática

Ensino Médio
Vender o impossível
Estudo de benchmarking
Pitch de projetos

Ensino Fundamental – Anos finais


Vender o impossível
Estudo de benchmarking

90
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Vender o impossível #ensinomédio #ensinofundamental


Tempo sugerido: 70 minutos

Por meio de uma divertida dinâmica, procuramos despertar os(as) estudantes para a
importância da comunicação assertiva.

1 Organize a turma em grupos de quatro ou cinco estudantes. Coloque em um saco


ou caixa papéis com os nomes de objetos impossíveis de vender, como os que
listamos a seguir:
Bicicleta sem pneus
Refrigerante sem gás
Garrafa de água furada
Fita adesiva sem cola
Copo quebrado

2 Sorteie os produtos entre os grupos e explique que cada um deverá planejar e


executar uma propaganda para convencer a plateia a comprar o produto.
3 Cronometre o tempo. O planejamento deve levar cerca de 10 minutos (no Ensino
Fundamental, esse tempo pode ser ampliado para 15 minutos) e cada apresentação
não deve durar mais de 5 minutos.
4 Assista às apresentações e, ao final delas, discuta com os(as) estudantes qual foi
mais criativa, adotou o melhor discurso e convenceu de modo mais contundente os
espectadores. Procure também, junto com os(as) alunos(as), mapear as estratégias
argumentativas que cada grupo usou para cumprir a tarefa.
5 Feche a atividade explicando que o objetivo da dinâmica é mostrar que quando nos
comunicamos temos um objetivo, um interlocutor e um contexto. A partir disso,
pensamos de que maneira passaremos a mensagem que precisamos para alcançar
nosso objetivo. Embora o esquema pareça simples, não é: Quantos de nós erramos o
tom ao falar com alguém? Ao mesmo tempo, quantas iniciativas falham porque não
conseguem se comunicar adequadamente com seu público?

91
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Insight
Inspire-se Apesar de os capítulos da terceira unidade deste livro se focarem
em áreas do conhecimento, todas as atividades podem ser
trabalhadas de maneira transdisciplinar. Note como a dinâmica dos
produtos impossíveis possibilita a parceria de professores de Língua
Portuguesa e de Artes, por exemplo.

92
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Estudo de benchmarking #ensinomédio #ensinofundamental


Tempo sugerido: 100 minutos

A pesquisa de referências em comunicação amplia o repertório dos(as) estudantes e


ajuda a compreender conceitos como público, suporte e mensagem.

1 Conte à turma que nesta atividade o foco é a importância da pesquisa e do


planejamento para criar ações de comunicação que envolvam iniciativas
empreendedoras.
2 Organize a turma em grupos e explique que cada um deles ficará responsável
pela análise de uma campanha ou canal de comunicação. As referências são as
seguintes:

Vídeo da escola Sandy Hook, nos Estados Unidos:


https://youtu.be/A8syQeFtBKc (embora o vídeo seja em inglês, ele é
plenamente compreensível, mesmo sem legendas).
Iniciativa Machado de Assis Real, promovida pela Faculdade Zumbi dos
Palmares: https://youtu.be/mb_Am0YwfaA
Série de desenhos Mulheres, da ilustradora Carol Rossetti, disponíveis no
site dela: https://www.carolrossetti.com.br/mulheres
Conta do Instagram @spinvisivel, que conta histórias de pessoas em
situação de rua.
Vídeo do Instituto Maria da Penha: https://youtu.be/A6CslhHgTrA
Imagens da organização Sea Shepherd, sobre plástico nos oceanos, aqui.

Personalize sua aula


Confira antes as indicações desta atividade. Pode ser necessário
adaptá-las para estudantes mais novos. Além disso, escolha temáticas
que se relacionam com a realidade local.

93
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Glossário:
Estudo de benchmarking
Prática de levantamento e
análise de ações da concorrência
feita por empresas ou estudo
de referências que embasa
o planejamento de uma
organização ou iniciativa. É
bastante usado por agências de
comunicação e publicidade no
desenvolvimento de produtos.

3 Entregue a cada grupo uma ficha que deve orientar a análise da campanha
recebida. A ficha deve contemplar os seguintes itens:

Qual é o objetivo da campanha ou do canal em questão?


Com que público se comunica?
Quais estratégias o canal ou a campanha usa para se comunicar com esse
público?
Como é a linguagem do canal ou da campanha? Mais formal? Menos formal?
Que efeitos vocês imaginam que esse canal ou essa campanha produz no
público?
A partir dos exemplos, é possível argumentar que a comunicação pode mudar
o mundo? De que maneira?

4 Reserve cerca de 30 minutos para que as equipes façam a análise da campanha


e organizem a síntese das principais ideias em uma cartolina ou pedaço de papel
kraft. Oriente-os a fazer uma síntese chamativa, que oriente a fala, pois os(as) jovens
terão de apresentar os resultados de sua reflexão para a classe.

94
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

5 No momento das apresentações, cada grupo deve começar mostrando a campanha


ou o canal que avaliou e, na sequência, contar para a turma a que conclusões
chegou a partir do roteiro. Cada uma deve durar cerca de 10 minutos no total.
Lembre-se de que eles(as) podem ir além das perguntas: O que mais perceberam?
Qual foi o primeiro impacto ao ver o vídeo ou a imagem? Acreditam que os canais
ou campanhas têm resultados efetivos sobre o público?
6 Sintetize a atividade mostrando como a comunicação serve a diferentes áreas. No
caso dos exemplos selecionados, todas elas têm uma função social bastante clara,
que pode ser denunciar a violência contra a mulher, promover um mundo mais
inclusivo ou reduzir a poluição dos oceanos. Essa função é que orienta como os
canais e campanhas serão feitos.

Insight
Inspire-se Vale contextualizar o momento em que vivemos. Diante da
quantidade de informação disponível na internet, como garantir que
uma mensagem consiga alcançar seu público? Se antes a televisão
tinha mais força, hoje é nas redes sociais que tanto as causas quanto
as marcas buscam espaço.

Inspire-se
O livro Histórias de educação
empreendedora reúne iniciativas
de professores e professoras de
diferentes lugares do Brasil que
encontraram nas Linguagens o
ponto de partida para criar projetos
inovadores. É o caso da professora
Lucilene Hotz Bronzato, de Juiz de
Fora, Minas Gerais, que fez, na escola
em que atua, uma campanha de
prevenção ao suicídio associada
ao estudo de gêneros textuais,
como o cartaz. Conheça esta e
outras histórias: https://historias.cer.
sebrae.com.br/compilation/ensino-
fundamental-ii

95
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Saber viver, aprender, discernir


e prosperarem uma cultura de
mídia global e diversificada,
tanto online quanto offline,
é um exercício constante que
demanda compreensão do
ecossistema das mídias como
condição essencial para o
gerenciamento de informação,
consumo consciente, criação
responsável de conteúdo
e participação ativa na
sociedade.

Trecho do Guia da educação midiática,


de Ana Claudia Ferrari, Daniela Machado e Mariana Ochs,
uma iniciativa do Instituto Palavra Aberta.
Disponível em: https://educamidia.org.br/guia

96
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

NA PRÁTICA

Pitch de projetos #ensinomédio


Tempo sugerido: 100 minutos

Nesta atividade, os(as) jovens unem as habilidades adquiridas até aqui para convencer
uma banca avaliadora a investir em seu projeto.

1 Diga aos(às) jovens que os projetos propostos em encontros anteriores (as


orientações estão no capítulo 3 desta unidade, intitulado Iniciativas de impacto)
serão apresentados aos(às) gestores da escola e aos professores e professoras por
meio de uma dinâmica chamada pitch.

Glossário:
Pitch de projetos

Um pitch é uma apresentação


rápida, não mais que cinco
minutos, para vender uma
ideia a um investidor. No
contexto desta atividade,
gestores e docentes ocupam
a posição de investidores, que
podem decidir apoiar ou não
as propostas dos jovens.

2 Exiba o vídeo (https://youtu.be/7161Ev2xvKw) em que o jovem Augusto de Lahóz


explica em menos de dois minutos o que é um pitch e como estruturá-lo.
3 Na sequência, mostra um exemplo de pitch, o de Priscila Gama, arquiteta e
fundadora da Malalai, empresa especialista em desenvolver soluções tecnológicas
para garantir a segurança das mulheres.
4 Depois, peça que os grupos se reúnam, organizem um roteiro de sua apresentação
e o material de apoio, que pode ser um arquivo de slides, um vídeo ou uma
animação e que combinem quando e como irão executá-lo.

97
CONECTAR, BUSCAR E MOVIMENTAR

Pegada digital
Tanto a plataforma Prezi (https://prezi.com/pt/) quanto a Powtoon
(https://www.powtoon.com/) oferecem recursos inovadores para a
criação de apresentações que engajam o público com transições
criativas, animações e formatações diferentes.

5 Combine um dia para a organização das apresentações, com os grupos e com


docentes e gestores(as). Organize a sequência de apresentações e peça que os
avaliadores se preparem para fazer devolutivas a cada equipe. As falas podem
considerar, por exemplo, a relevância do projeto para o território, a viabilidade de
execução, a capacidade de comunicação oral do grupo.
6 Ao final, peça que a plateia faça uma avaliação geral do encontro e que os(as) jovens
também avaliem como foi a experiência.
7 Você pode ampliar a experiência e criar um encontro para que as apresentações
sejam feitas à comunidade. Depois, em assembleia, é possível definir coletivamente
em qual ou em quais ideias de impacto é necessário investir.

Insight
Inspire-se Este não é um exercício artificial de apresentações. A proposta deste
livro prevê que, efetivamente, os(as) jovens desenhem iniciativas que
possam interferir sobre a realidade em que vivem em consonância
com seus projetos de vida e com os preceitos da educação
empreendedora. Por isso, é tão importante a possibilidade de envolver
toda a comunidade escolar no pitch, a partir do qual podemos ter um
processo democrático de escolha.

98
4
AMPLIFICAR
“Ontem, sonhei o teu sonho
sem saber que também era o meu.”
Sergio Vaz

99
AMPLIFICAR

APRESENTAÇÃO
Eu não ando só – Gestores e comunidades na construção de uma
escola empreendedora

Até aqui, tratamos da educação empreendedora mais como um conjunto de conceitos,


valores e práticas que mudam o que acontece na sala de aula, na relação entre docentes
e estudantes. Sabemos que o objetivo da educação empreendedora é que crianças
e jovens desenvolvam competências a fim de que tenham iniciativa, conquistem a
autonomia, pensem criticamente, superem desafios e impactem positivamente o
mundo ao seu redor. Esse olhar, porém, só é possível quando engloba também as
práticas da gestão escolar, tanto dentro das próprias escolas quanto nas secretarias de
educação. Afinal, o exemplo de quem administra alimenta o fazer dos docentes e se
transforma em referência para os(as) estudantes.
Por isso, propomos aqui uma série de estudos de caso que podem ser usados em
atividades de formação continuada de professores(as) e gestores(as) ou em reuniões e
conselhos. São histórias que não dizem respeito diretamente a ninguém que participa
da formação ou da reunião, mas, ao mesmo tempo, tocam em desafios que podem ser
comuns a escolas de todo o Brasil. Nesse, o estudo de caso é uma estratégia para iniciar
a abordagem de temas às vezes difíceis, mas presentes no cotidiano de quem trabalha
com educação e cujo debate é necessário.
Na perspectiva das metodologias ativas, o viés adotado é o da aprendizagem baseada
em problemas, que usa a teoria para resolver desafios ligados à realidade por meio do
trabalho em equipe, que passa pelo levantamento de hipóteses, reconhecimento de
conhecimentos prévios, investigação de referências e definição de estratégias.

100
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NA PRÁTICA

1. Evasão escolar
Célia é coordenadora pedagógica de uma escola na zona rural do
Estudo Tocantins. Há anos, uma constatação a aflige: os alunos, principalmente
de caso os meninos, deixam o colégio para trabalhar na limpeza de terrenos para
pasto e grandes lavouras em outros estados, como Pará e Mato Grosso.
Ela identifica a constância das taxas de evasão, mas não sabe como seu
trabalho poderia contribuir para reverter esse quadro.

2. Transparência
Recentemente, uma organização do terceiro setor implantou um projeto
Estudo em uma cidade do interior de São Paulo para auxiliar, com recursos
de caso financeiros e de infraestrutura, escolas públicas que não obtiveram bom
desempenho no Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
A comunidade escolar, principalmente professores e professoras, porém,
tem reclamado que não veem os resultados concretos do projeto.

3. Comunicação
A escola em que Marcelo trabalha como diretor, no interior de
Estudo Pernambuco, vem obtendo resultados excelentes no Exame Nacional do
de caso Ensino Médio e em olimpíadas do conhecimento. Os dados, no entanto,
produziram um efeito reverso ao que ele esperava: a procura pela escola
diminuiu, porque começou a circular na comunidade a ideia de que a
instituição era muito difícil.

4: Incentivo à leitura e à escrita


Em uma escola da periferia de Belém, a professora Ana Cássia foi
Estudo pioneira na implantação de uma biblioteca comunitária. Ela fez cursos
de caso de capacitação, conseguiu parcerias com a secretaria de educação e com
organizações não-governamentais para ampliar o acervo. Nos últimos
anos, contudo, notou que o interesse pela leitura vem diminuindo e se
agravou durante a pandemia, quando a instituição passou meses fechada.

101
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5. Novo Ensino Médio


Marta é diretora de uma escola em uma cidade importante do interior do
Estudo Rio Grande do Sul. Sua escola está implantando as mudanças propostas
de caso pelo Novo Ensino Médio e, em razão da política adotada pela gestão local,
a instituição oferecerá dois itinerários formativos a partir de um cardápio
de opções. Apesar de ter ouvido os(as) estudantes, a equipe pedagógica
ainda não chegou a uma conclusão sobre quais deles deve oferecer.

6. Indisciplina
Em Itapevi, cidade da Grande São Paulo, uma escola que atende
Estudo alunos(as) do Ensino Fundamental vem enfrentando questões
de caso disciplinares importantes. As tentativas de endurecer as punições aos
responsáveis não deram certo e uma espécie de movimento de revolta
dos(as) alunos(as) vem ganhando força.

7. Avaliação
Uma escola da zona rural do Ceará vem se dedicando à implementação
Estudo da Base Nacional Comum Curricular e, nesse processo, prioriza a
de caso participação das famílias e dos moradores do entorno da escola,
pois há anos fomenta uma cultura de participação que busca criar
uma comunidade de aprendizagem. Ainda assim, precisa elaborar
instrumentos de avaliação para que possa compreender melhor como
as mudanças nos currículos têm afetado seus estudantes. O desafio é
construir esses instrumentos na perspectiva da educação integral.

8. Interdisciplinaridade
Uma escola vem se adaptando às mudanças da Base Nacional Comum
Estudo Curricular e escolheu o material didático para trabalhar com os projetos
de caso integradores. Mariana, a coordenadora pedagógica, notou que os projetos
não estão nada integrados e estão sendo trabalhados na “caixinha” das
disciplinas, tal qual era antes da transformação do currículo.

102
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9. Conflito
Alunos(as) de uma escola em que Marília atua como professora de língua
Estudo portuguesa, tem se queixado de que, apesar do início da implementação
de caso da proposta do Novo Ensino Médio, eles continuam não se sentindo
preparados para o ingresso no mundo do trabalho. Ela levou a queixa para
a reunião com os docentes, mas um grupo deu como resposta que esse
grupo só sabe reclamar.

10. Recursos
Os recursos são escassos para atender a todas as demandas de
Estudo infraestrutura de uma escola antiga e tradicional em que Joana é
de caso diretora. Alguns desses problemas, como as goteiras no teto em dias de
chuva, atrapalham o aprendizado efetivo dos(as) estudantes, mas não há
dinheiro nem pessoal para consertá-las.

Insight
Inspire-se As perguntas a seguir orientam o debate de estudos de caso. É claro,
trata-se de um modelo metodológico, o que importa é a condução do
raciocínio que leva a possibilidades para solucionar o problema.
Qual é o problema?
O que sabemos sobre esse problema? Temos experiências
semelhantes no assunto?
De que informações precisamos para pensar em uma solução para
o problema?
Que sugestões temos para solucionar o problema?
Como podemos colocar essas sugestões em prática no contexto
em que o problema foi apresentado?

103
AMPLIFICAR

A aprendizagem baseada em
problemas tem como foco
a aprendizagem ativa, por
meio do estudo autônomo e
da discussão de problemas
atuais. É uma abordagem
que capacita a realizar
pesquisas, integra teoria e
prática, além de possibilitar a
aplicação de conhecimentos,
habilidades e atitudes para
o desenvolvimento de uma
solução viável para um
problema definido.

Trecho do livro Aprendizagem baseada em problemas,


de Fábio Frezatto. Adaptado.

104
AMPLIFICAR

Insight
Inspire-se Se você é educador(a), pode propor à coordenação pedagógica
que insira os estudos de caso nos encontros docentes.
Se você é coordenador(a) pedagógica ou diretor(a), pode selecionar
alguns casos e levar para as reuniões, como uma espécie de
aquecimento para o planejamento estratégico, por exemplo.
Pode também criar histórias inspiradas na sua própria realidade.
Se você é secretário(a) de educação, esta atividade é complementada
pelo Guia do Sebrae, disponível aqui.

Inspire-se
Caio Dib é jornalista e, em 2013, criou o projeto Caindo no Brasil. A
proposta é viajar pelo país e mapear iniciativas de educação inovadora.
Com outros autores, ele escreveu o livro Educação de alma brasileira,
que está disponível para download gratuito.

105
AMPLIFICAR

Uma política educacional


empreendedora, na perspectiva
da educação integral é uma
política que prepare crianças,
adolescentes e jovens para
desenvolverem plenamente
suas potencialidades,
através de aprendizagens
significativas, de modo a
torná-los pessoas autônomas,
capazes de se servir dessas
aprendizagens para exercer
cidadania ativa e planejar seu
próprio projeto de vida.
Trecho extraído do Guia de Secretários de Educação,
do Sebrae

106
AMPLIFICAR

Glossário:
Comunidade de
aprendizagem
A proposta da escola como
instituição central da sociedade
foi criada em 2003 pelos
pesquisadores do Centro
Especial de Investigação em
Teorias e Práticas Superadoras
de Desigualdades (CREA) da
Universidade de Barcelona,
na Espanha. Seu objetivo é
ampliar, de modo articulado,
a participação das pessoas
do território na vida da escola,
promovendo interações entre
famílias, comunidade local e os
diferentes atores do processo de
aprendizagem.
Uma referência sobre o assunto
é o livro Comunidades de
aprendizagem – Outra escola
é possível, de Roseli Rodrigues
de Mello, Fabiana Marini
Braga e Vanessa Gabassa, que
orientou a escrita da definição
apresentada aqui.

107
5
PARTIR
(para outros lugares)
“Chegar e partir são só
dois lados da mesma viagem.”
Milton Nascimento e Fernando Brant

108
PARTIR

Quadro de competências empreendedoras


O modelo Framework Entrecomp foi proposto em 2016 por Margherita Bacigalupo,
Panagiotis Kampylis, Yves Punie e Godelieve Van den Brande, especialistas em educação
empreendedora que atuam na Europa, e dialoga com outros documentos importantes
da área da educação. Entre eles estão os Quatro pilares da educação – UNESCO (1998),
as Competências para o século XXI – National Research Council (2012), os Quatro Cs
da educação – Associação Nacional de Educação dos Estados Unidos (2010), a Base
Nacional Comum Curricular – Ministério da Educação, no Brasil (2017) e os 17 Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (2015). Com base
na pedagogia das competências, o framework estabelece níveis para o desenvolvimento
destas. Veja a seguir:

Competência Fundação Intermediário Avançado

Aproveitar e
Reconhecer
Encontrar remodelar
oportunidades
Identificar oportunidades oportunidades para
para resolver
oportunidades para gerar valor responder a desafios
necessidades ainda
para outros. e criar valor para
não atendidas.
outros.
Desenvolver Transformar ideias
Testar e redefinir
múltiplas ideias em soluções que
Criatividade ideias que criam
que geram valor criam valor para
valor para outros.
para outros. outros.
Usar sua visão
Criar uma visão para guiar
Imaginar um
Visão inspiradora para estrategicamente o
futuro desejável
Ideias e engajar pessoas. processo de tomada
oportunidades de decisão.
Entender que Desenvolver
Entender e ideias podem ter estratégias para
Valorizar as
apreciar o valor de diferentes tipos aproveitar ao máximo
ideias
ideias. de valor e podem o valor gerado pelas
ser usadas de ideias.
maneiras distintas.
Reconhecer o
impacto de suas Ao tomar decisões, Agir de modo a
Pensamento escolhas e com- direcionar-se garantir que suas
ético e portamentos na pela ética e pela metas éticas e
sustentável comunidade e sustentabilidade. sustentáveis sejam
para o meio atingidas.
ambiente.

109
PARTIR

Competência Fundação Intermediário Avançado


Compensar seus
Confiar em
Aproveitar ao pontos fracos
Autoconsciên- suas próprias
máximo seus se juntando às
cia e autoefi- habilidades para
pontos fortes e outras pessoas e
cácia gerar valor para
pontos fracos. desenvolvendo mais
outros.
seus pontos fortes.
Predispor-se a
Permanecer focado
usar recursos e
Seguir seus em seus sonhos e
Motivação e se esforçar para
sonhos e criar continuar a criar
perseverança seguir seus sonhos
valor para outros. valor, mesmo em
e criar valor para
situações de fracasso.
outros.
Definir estratégias
Encontrar e Reunir e gerenciar
para mobilizar
Mobilizar usar recursos diferentes tipos de
recursos necessários
Recursos fontes de maneira recursos para criar
para gerar valor para
responsável. valor para outros.
outros.
Identificar opções
Fazer planos para
Desenvolver de financiamento
Alfabetização a sustentabilidade
orçamento e administrar o
financeira e financeira da
para atividades orçamento em
econômica atividade de criação
simples. sua atividade de
de valor.
criação de valor.
Persuadir,
Comunicar Inspirar outros
envolver e
suas ideias e convencê-los
Mobilizar inspirar outras
de maneira a fazer parte de
pessoas pessoas em
clara e com atividades de
atividades de
entusiasmo. criação de valor.
criação de valor.

110
PARTIR

Competência Fundação Intermediário Avançado

Vontade
Procurar
de resolver Iniciar atividades
Tomar a oportunidades para
problemas que de criação de
iniciativa criar ou aumentar
afetam sua valor.
valor.
comunidade.
Criar planos de
Refinar prioridades
ação, que define
e planos para
Planejar e Planejar e prioridades e
se ajustar às
gerenciar gerenciar marcos críticos
mudanças nas
para atingir seus
circunstâncias.
objetivos.
Avaliar os
Ponderar os
benefícios e
Lidar com riscos e tomar
Não ter medo de riscos de várias
incerteza, decisões, mesmo
cometer erros ao alternativas e
ambiguidade em situações
Em ação tentar inovar. tomar decisões
e risco de incerteza e
que reflitam a
ambiguidade.
sua preferência.
Criar um time
Trabalhar junto
e uma rede de
Trabalhar em com uma gama
Trabalhar contatos baseados
equipe para criar de pessoas e
com pessoas nas necessidades
valor. grupos para criar
da sua atividade de
valor.
criação de valor.
Melhorar suas
Reconhecer os
Refletir e avaliar habilidades de criar
Aprender aprendizados
suas conquistas valor por meio de
por meio da obtidos ao
e fracassos e suas experiências
experiência fazer parte de
aprender com anteriores e da
atividades de
eles. interação com
criação de valor.
outros.

Fonte: BACIGALUPO, KAMPYLIS, PUNIE E VAN DER BRANDE, 2016, versão traduzida.

111
REFERÊNCIAS

ABED, A. L. Z. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para


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SANTOS, Wagner Antonio dos e ZANELLI, Fernanda Fragoso (orgs.) Itinerários para
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SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE (org.).


Guia de Secretários de Educação: Cidade empreendedora. Brasília/DF: [s. n.], 2020.

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Crie. Movimente. Realize.

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