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INTRODUÇÃO

Desde os primordios da história da humanidade a gravidez na adolescência é


um fenómeno que assola as sociedades, em particula as mulheres. A gravidez
na adolescência representa um desafio à maturidade e à estrutura da
personalidade da adolescente.considera- se gravides na adolescência a
concepção da mulher numa idade compreendida entre 12 a 18 anos cujo
impacto afecta a estrutura psicologica, biologica e bem como no âmbito
escolar.

No início do século XX, Panneter estabelece ao “fenómeno da gravidez na


adolescência um limite etário dezassete anos” (Lourenço, 1998, p. 20).

Deste modo Fenaup, (2004, p. 76) sustenta que a gravidez na adolescência é


“aquela que admite tanto a imaturidade do corpo da adolescente (sob o ponto
de vista biológico) para uma gravidez como a imaturidade emocional da
wadolescente como pessoa, considerando a indefinição de muitos aspectos da
vida, como o estudo, trabalho, autos sustento”.

De maneiras a entendermos melhor a temática em estudo faz-se necessario


definir a dolescência. Assim o termo a adolescência deriva do latim adolescere,
que significa “crescer”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define
adolescência como uma etapa que vai dos 10 aos 19 anos, e o Estatuto da
Criança e Adolescência (ECA) a conceitua como a faixa etária de 12 a 18 anos.

A adolescência é o período de transição entre a infância e a idade adulta, que


se caracteriza pela rejeição aparente dos modelos da infância e pela não
identificação imediata com os modelos dos adultos. Ela é caracterizada,
sobretudo, por crises de identidade, iniciação sexual, questionamento de
normas e valores estabelecidos, conflitos psicossociais, saída para o mundo
externo, busca de modelos e alta valoração do grupo etário de pertença.

Todos estes fatores, geralmente, originam alguma angústia e desencadeiam


uma maior complexificação da personalidade e do funcionamento cognitivo,
afetivo e social. Desta feita determinar o impacto da gravidez precoce na
adolescência constituirá o foco do trabalho.

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Vários estudos mostram que no contexto Angola as relações sexuais se iniciam
em média, entre os 11 e 12 anos de idade, facto pelo qual muitos adolescentes
engravidam antes de atingir a idade adulta. Uma sexualidade muito elevada,
com 75% de adolescentes sexualmente activos, alta frequência de gravidez na
adolescência dos 14-17 anos: nesta faixa etária, 37% das raparigas já tinham
engravidado e 17% dos rapazes tinham consciência de ter engravidado uma
rapariga; alta incidência de abortos de risco, 50% das adolescentes grávidas
abortou e 79% desses abortos foram provocados e induzidos (Fnuap, 2002).

Este trabalho nasce no decorrer das nossas carreiras profissionais como


docentes nas escolas primária e do Iº ciclo lecionando as cadeiras de Língua
portuguesa e Biologia, nas quais tem-se verificados algumas situações que
suscitam grande interesse inerentes ao processo de ensino-aprendizagem
(sucesso escolar ou insucesso) das adolescentes grávidas, uma vez que as
mesmas apresentam um comportamento diferente dos demais colegas
(introvertidas as aulas, pouco assíduas, tristes, desmotivadas), indicadores que
favorecem aferir o desenvolvimento psicossocial destas alunas.

O professor tem um papel preponderante no desenvolvimento integral dos


alunos (as). A influência da escola na valorização da vida dos adolescentes é
muito grande, uma vez que é o contexto de desenvolvimento onde passam
grande parte da sua adolescência, período em que identidade pessoal e sexual

se explora e, progressivamente, se define.

Assim é impossível pensar em processo educativo transformador e de


construção de cidadania sem incluir nas escolas a dimensão da crise identitária
que implica comportamentos de exploração e de experimentação, onde a
afetividade e a sexualidade constituem uma dimensão nuclear.

Com esta investigação, pretende-se compreender e interpretar as histórias


vivenciadas pelas adolescentes grávidas, visando aprofundar os
conhecimentos atuais sobre o impacto da gravidez na adolescência e sobre as
suas repercussões no processo de ensino aprendizagem. Ao mesmo tempo,
anima-nos também uma intenção prática que consiste em propor um conjunto
de sugestões e estratégias psicopedagógicas institucionais, que possam ajudar

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os professores e pais ou encarregados de educação a lidarem com esta
problemática de modo a motivarem as adolescentes grávidas na obtenção de
êxitos académicos.

A gravidez que ocorre na adolescência entre “os doze anos, ou menos, e os


dezasseis anos é antes de tudo um sintoma de disfunção familiar”(Bennoît ,
1998, p. 235) Para Relvas (cit. in Lourenço, 1998, p. 9), a gravidez na
adolescência é uma problemática extremamente complexa, associada a
múltiplas variáveis (bio fisiológicas, psicológicas, psicossociais e culturais), de
difícil abordagem.

Deste modo a gestação na adolescência é um facto na nossa sociedade,


relacionada a fatores diversos, como a falta de implementação de uma política
de atenção específica para essa faixa etária e de componentes sociais e
cultural característica de determinadas regiões ou populações.

Segundo Godinho et al. (2000) apontam para possíveis causas da gravidez na


adolescência: a falta de lazer, a desestruturação familiar, a necessidade de
expressar amor e confiança. Estes factores, entre outros, podem levar a
adolescente a iniciar uma vida sexual precoce aumentado o risco de uma
gestação indesejada. Referem também a ausência de educação sexual nas
escolas e a falta de programas de planeamento familiar nos serviços públicos
como factores potenciais de gravidez na adolescência.

Entre esses factores a familia ocupa um lugar crucial uma vez que ela é um
elo fundamental para o crescimento, desenvolvimento transformação do
adolescente, a qual deve ser compreendida como um todo que possui sua
história e esta em constante transformação, com diversos significados,
estruturas e compromissos mútuos (Ramos, 2011).

Ainda existem inúmeras barreiras no diálogo entre pais e filhos, pois estes por
mais liberais que possam ser, apresentam dificuldades em abordar assuntos
relativos à sexualidade com os seus filhos. Segundo Correia e Alves (1990, p.
35) “a carga excessiva de conflitos, que surgem e são reativados na

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adolescência, podem conduzir a um jogo sexual precoce no seio das relações
familiares débeis a adolescente pode engravidar como forma de atenuar as
suas carências”.

O desejo consciente ou inconsciente das adolescentes engravidarem está


relacionado ou pode ser influenciado por factores como o de perder o
namorado, desejo de sair de casa dos pais, afirmação da feminilidade através
da fertilidade, expectativa de encontrar no filho um objectivo para a sua vida
como sua companhia.

Mas os mesmos autores também referem questões relacionadas ao


desenvolvimento e uso inadequado dos métodos contracetivos, ausência de
Orientações sobre fisiologia e sexualidade, além do uso de substâncias como
álcool e outras drogas. Persona, (Shimo e Tarallo, 2004).

Outro factor apontado é a falta de informação. Existe ainda uma lacuna entre o
acesso à informação e a promoção de uma mudança de comportamento. Ao se
avaliar a vulnerabilidade dos adolescentes, afirmam que: no que diz respeito à
infância e adolescência, as peculiaridades biopsicossociais relacionadas ao
processo de crescimento, desenvolvimento pessoal (maturidade emocional e
intelectual) inserção social caracteriza este grupo como de alta vulnerabilidade
aos agravos sociais. (Costa e Bigras, 2007 p. 105).

De acordo com as especificações anteriores, pode-se formular como questão


heurística geral a seguinte: Quais são as melhores estratégias
psicopedagógicas institucionais para acompanhar e garantir o sucesso
académico das adolescentes grávidas?

Partindo do pressuposto de que não se pode conceber a realização de uma


investigação sem que exista um desenho previamente elaborado e da
preparação do mesmo depende o êxito ou o fracasso da investigação na qual
colocaremos a seguinte situação problemática.

Situação problemática:
 Elevada crença e tabus sobre a gravidez no seio da família;
 Ausência de palestras para consciencializar os alunos sobre a gravidez
precoce;

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 Fraca educação sexual por parte dos pais e professores;
 Inexistência da educação sexual no corículo escolar;
 Carência de informação sobre a gravidez precoce por parte dos alunos;
 Gravidez nos adolescentes de 13 anos como consequência abandona
escolar.

Tendo identificado a situação problemática, elaboraremos o seguinte


problema científico:

Como minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino


e aprendizagem dos alunos da 7ª Classe da Escola do Iº Ciclo do Ensino
Secundário 17 de Setembro nº 41 do Cuito/ Bié?

Objecto de estudo: processo de ensino e aprendizagem da Educação sexual.

Campo de acção: propor um conjunto de estratégias psicopedagógicas, para


minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos da 7ª Classe da Escola do Iº Ciclo do Ensino
Secundário 17 de Setembro nº 41 do Cuito/ Bié.

Objectivo geral: Elaborar um conjunto de estratégias psicopedagógicas


institucionais para minimizar o impacto da gravidez na adolescência no
processo de ensino e aprendizagem dos alunos da 7ª Classe da Escola do Iº
Ciclo do Ensino Secundário 17 de Setembro nº 41 do Cuito/ Bié.

Objectivos específicos:

 Sistematizar os fundamentos teoricos e metodologicos que sustentarão


a gravidez na adolescencia no processo de ensino-aprendizagem das
adolescentes.
 Diagnosticar a situação actual da gravidez na adolescencia no processo
de ensino-aprendizagem das adolescentes.

 Elaborar-se ão um conjunto de sugestões e estratégias


psicopedagógicas institucionais para minimizar o impacto da gravidez
na adolescência no processo de ensino e aprendizagem dos alunos da
7ª Classe da Escola do Iº Ciclo do Ensino Secundário 17 de Setembro
nº 41 do Cuito/ Bié.
1. Ideia a defender:

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 A utilização de um conjunto de estratégias psicopedagógicas
institucionaiso vinculada com a prática quotidiana do professor poderá
minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de
ensino e aprendizagem dos alunos da 7ª Classe da Escola do Iº Ciclo
do Ensino Secundário 17 de Setembro nº 41 do Cuito/ Bié.

Marco teórico
1.1 Antecedentes históricos sobre a gravidez na adolescência;

1.2 Consequência da gravidez na adolescência no processo de ensino-


aprendizagem;

1.3º papel da família na prevenção da gravidez na adolescência;

1.4 A escola como um espaço para o repúdio da gravidez na adolescência.

Fundamentação Metodológica

- Modelo da Investigação

Para o desenvolvimento efectivo desta investigação seleccionaremos o modelo


de investigação qualitativo, porque considera-se como um processo activo,
sistemático e rigoroso de indagação dirigida, em que se tomam decisões sobre
o investigado. As diferentes fases do processo de investigação não se dão de
forma linear e progressiva, senão interactivamente, quer dizer, em todo
momento existira uma estreita relação entre a recolha de dados.

Tipo de Investigação
Com vista a efectivar o processo de investigação pugnar-se-emos pelo tipo de
pesquisa explicativa, já que permite ir mais além da descrição e reflectir as
regularidades gerais, estáveis, essenciais que regem a dinâmica e
desenvolvimento dos fenómenos estudados, também mostra as qualidades que
não são observáveis directamente; está dirigida a responder as causas dos
eventos.

Métodos a empregar:
Nesta pesquisa, empregar-se-á métodos teóricos e empíricos.

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Métodos teóricos:

A análise é um método que consiste na interpretação de um objecto ou na


dissociação de um todo em suas partes. Com este método poderemos fazer
uma interpretação e estudar os componentes que intervêm na resolução do
problema em estudo.

A síntese — É o oposto da análise. É um método que consiste em recompor


um objecto em suas partes antes separada. Com a síntese, unir-se-á o
essencial de cada teoria e obter-se-á a novos resultados.

Indutivo: que procede por indução, isto é, consiste em ir do particular para o


geral, dos factos para o além.

Uma operação mental que consiste em estabelecer uma verdade com base no
conhecimento de certo número de dados singulares.

Dedutivo: resulta da estrutura lógica que consiste em pensar do todo para a


parte, da causa para o efeito. Daí o sentido de inferência.

Histórico-lógico permitiu narrar acontecimentos e processos de orientação


profissional do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje,
visto que as instituições alcançaram sua forma actual através de alterações de
suas partes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular
de cada época.

Comparação. Acto pelo qual a inteligência atende a dois ou mais objectos,


considerando ou procurando descobrir neles alguma relação tal como

- Métodos Empíricos:
 A Observação: consiste em observar os fenómenos tal como eles
existem na realidade. Com este método poderemos observar na escola
o comportamento das adolescentes gravidas no processo de ensino e
aprendizagem.

A Entrevista: porque é uma técnica de pesquisa que visa obter informações de


interesse a uma investigação, onde o pesquisador formula perguntas

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orientadas, com objectivo definido.

O Questionário: é uma técnica de investigação composta por um número mais


ou menos elevado de questões apresentadas por escrito à pessoas, que tem
por objectivo propiciar determinado conhecimento ao pesquisador. Diferencia-
se da entrevista pois nesta última as perguntas e respostas são feitas de
maneira oral.

População e amostra:
A população é composta pelo conjunto de fenómenos, indivíduos, situações
que apresentam as características definidas para serem objecto de
investigação. A amostra representa uma parte considerada significativa da
população seleccionada para o estudo pretendido, de acordo com o projecto da
pesquisa. (Vianna, 2001:161). A amostra é uma parte da população que servirá
de base para a investigação.

Assim, a população será composta por todas adolescentes gravidas da 7ª


Classe da Escola do Iº Ciclo do Ensino Secundário 17 de Setembro nº 41 do
Cuito/ Bié.

A Amostra será composta por 6 adolescentes gravidas da 7ª Classe da Escola


do Iº Ciclo do Ensino Secundário 17 de Setembro nº 41 do Cuito/ Bié.

Tipo de Amostragem:

Amostragem será probabilístico. Porque todos os alunos possuem as


mesmas características para participarem na investigação. Critério de
selecção:

Para os alunos o critério é de azar simples/aleatórios simples, porque se


trabalhará com os que possuem números pares.

Contributo teórico

A presente investigação servirá de base para a proposta de um conjunto de


sugestões e estratégias psicopedagógicas institucionais para minimizar o
impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino e aprendizagem

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dos alunos da 7ª Classe da Escola do Iº Ciclo do Ensino Secundário 17 de
Setembro nº 41 do Cuito/ Bié.

Estrutura do trabalho:

De acordo aos critérios metodológicos o trabalho estará composta em


Introdução, dois capítulos, conclusões, recomendações e anexos.

Assim sendo no primeiro capitulo faz-se referencia aos fundamentos teóricos


de modo geral, para mostrar como este tema esta sendo estudado no mundo e
em Angola. No segundo capítulo, abordaremos todas as questões inerentes a
metodologia usada, destacando-se a utilização do modelo qualitativo, com
todos os seus referentes, o tipo de pesquisa explicativa que facilitará o
conhecimento do fenómeno estudado, também estão patentes os métodos
utilizados bem como os critérios de aplicação, faz-se referencia também a
critérios de amostragem.

CAPÍTILO I- FUNDAMENTOS TEÓRICOS QUE SUSTENTAM O IMPACTO


DA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA
Neste capítulo constam os principais pressupostos teóricos relacionados com a
gravidez na adolescência no processo de ensino/aprendizagem como:
antecedentes históricos sobre a gravidez na adolescência; contextualização da
Adolescência, factores e consequências da gravidez na adolescência e
finalmente a escola contexto de desenvolvimento para adolescentes grávidas .
.
1.1 Antecedentes históricos sobre a gravidez na adolescência;

Desde a década de 1970, a maternidade na adolescência vem sendo


identificada como um problema de saúde pública. Complicações obstétricas
com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas
psicológicos, sociais e econômicos têm fundamentado essa afirmação. As
ações voltadas para dar conta dessa temática têm-se apoiado em resoluções
baseadas na educação sexual, no acesso a métodos contraceptivos e até
mesmo no aborto.

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Autores como (Corrêa e Ferriani, 2006; Monteiro e col., 2007; Silva e Tonete,
2006;Lira e Dimenstein, 2004; Altmann, 2007; Yazlle, 2006; Moreira e col.,
2008) enfatizam que na atualidade, os estudos que identificam as causas mais
frequentes para a ocorrência e recorrência da gravidez na adolescência
mostram uma contínua relação entre a gestação e o abandono escolar, o apoio
da família e o apoio do pai do bebê.

Além disso, a ausência de programas de planeamento familiar adequados à


demanda dos adolescentes nos serviços públicos de saúde também tem sido
discutida como fator importante na etiologia da gestação das adolescentes
(Gonçalves e col., 2001; Godinho e col., 2000; Lima e col., 2004).

Contudo, sabe-se que a criação de programas e projectos que sejam


específicos para os adolescentes tem sua importância cada vez mais
destacada, dadas as consequências sociais e econômicas da gravidez na
adolescência e a maior intensidade dos prejuízos de uma atenção precária à
gestação nessa fase da vida (Monteiro e col., 2007, Godinho e col., 2000; Lima
e col., 2004; Gama e col., 2004).

Assim sendo, os autores deste trabalho percebem a importância de um estudo


que atente para o que tem sido feito com relação ao crescente número de
gestações na adolescência, bem como a forma com que essas ações se
apresentam para os adolescentes, ampliando a discussão sobre o modo como
se tem dado o cuidado e a atenção à gestação na adolescência nos âmbitos
mais citados pela literatura, os quais são: familiar, político e na sociedade.

Nas últimas décadas, a gravidez na adolescência tem sido considerada um


importante assunto de saúde pública, em virtude da prevalência com que
esse fenômeno vem ocorrendo ao redor do mundo. A chamada epidemia da
maternidade na adolescência só foi reconhecida por volta do século XX,
quando as taxas de fecundidade nesta faixa etária já começavam a cair
nos Estados Unidos e em outros países do primeiro mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a gravidez na adolescência


como gestação de risco. A grande dificuldade encontrada na análise de
trabalhos publicados na literatura nacional e internacional se deve ao facto de

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se atribuir um possível pior desempenho obstétrico e repercussões sobre o
recém-nascido simplesmente à idade materna, com um cortejo de situações de
risco como: pobreza, baixa escolaridade, falta de assistência pré-natal
adequada, entre outras.

Assim, no entender dos autores da presente investigação o conhecimento dos


factores relacionados à gravidez na adolescência dentro de cada realidade
social pode se constituir em um importante caminho para a implementação de
medidas que possam modificar esse quadro e favorecer o exercício pleno e
saudável da sexualidade desses adolescentes.

Por outro lado a preocupação com a gravidez na adolescência vem de longa


data, mas a questão da repetição das gestações nesta faixa de idade não
recebeu, por muito tempo, a mesma atenção. Assim, são ainda escassos os
trabalhos sobre reincidência de gravidez na adolescência, o que dificulta,
inclusive, o conhecimento da sua frequência, com variação entre 25 e 50% na
literatura mundial. O empenho em empreender este estudo decorre do facto de
que o cuidadoso diagnóstico de situação representa o caminho para orientar
intervenções apropriadas capazes de surtir um desejado efeito preventivo.

É importante compreender que nesta fase pode ocorrer uma necessidade de


experiências novas e então diante desta busca, o uso de drogas, bebidas
alcoólicas, cigarros, iniciação da vida sexual, bem como o desenvolver de
uma gestação enquanto se completa a definição de EU a qual se
subordinam as identificações infantis, que diz ser a adolescência “um período
de moratória psicossocial por ser uma época na qual o jovem se sente
livre para experimentar papéis e estilo de vida adulta" (Takiutt, 1986, p. 127 )

Ainda pode-se observar que os meninos e meninas entram na adolescência


cada vez mais cedo; o início da ejaculação e da menstruação indica que eles
estão começando sua vida fértil, isto é, que chegarão àquela fase da vida e que
são capazes de procriar. As transformações físicas não são as únicas que
enfrentam e suas mentes também passam por grandes alterações.

Entretanto essa é uma fase de dubiedades: no momento o jovem pode tornar-


se mais sonhador ou independente e arrojado, passando a querer experimentar

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novas possibilidades e vivências. Ao mesmo tempo em que se vê retraído,
inseguro, pode achar que não precisa de ninguém, acha que é capaz de tudo,
apesar de temer o mundo, acredita que nada pode acontecer.(FREITAS,
1990)

Nesta linha de pensamento os autores deste trabalho acrescentam que nessa


fase onde há modificação do corpo chama-se de puberdade, no caso das
garotas, os seios desenvolvem ganha nova tonalidade vocal, as pernas
engrossam, os lábios vaginais se tornam foco da experiência e finalmente, a
menstruação. Factor preponderante, que a torna uma adolescente e não mais
uma garota.

No caso dos garotos, surgem as espinhas e a voz engrossa, o pênis se


desenvolve, a musculatura define o corpo e o foco de atenção são as
novidades do sexo oposto. Inicia-se a masturbação, as fantasias e as
historinhas ligadas ao ato sexual. É um período de grandes diferenças

Individuais e notáveis mudanças físicas. Os hormônios de crescimento e


sexuais são produzidos em altas doses pelo organismo e esses impulsos que
estavam em repouso agora explodem segundo FREITAS, (1990).

Para DUARTE (1990), ao adquirir personalidade própria, o jovem geralmente


distancia-se da família, procurando maior autonomia. Com isso, sua vida social
se modifica, passa preferir companhia de outros adolescentes, recusando a de
irmãos e de pais. Os amigos da mesma idade passam a ser mais importantes,
começa a se vestir de acordo com o figurino do grupo exalar sua linguagem, a
frequentar lugares diferentes, chegar mais tarde em casa.

Para GOMES, (2000) os conceitos em relação à saúde reprodutiva da


adolescente vem mudando nos últimos 30 anos. Inicialmente, considerava-se
toda mulher grávida como sendo de "risco", em virtude da possibilidade de
ocorrer algum dano binômio mãe-filho.

Além do elevado índice de complicações como toxemia, é freqüente a


prematuridade ou o nascimento de bebês de baixo peso em mães
adolescentes. Ocorre até mesmo uma competição feto-materno por
nutrientes, já que ambos precisam de substâncias especiais para o

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desenvolvimento.

De acordo com SANTOS, (2000) havia pouca preocupação com contexto


social no qual a mãe adolescente vivia, mas isto mudou nos anos 70. Os
especialistas reconheceram que as jovens do ponto de vista biológico poderiam
ter um filho por ano, já que a partir dos 15 a 16 anos, sem representar
qualquer risco reprodutivo, mas alertam para o fato de maior risco por conta
das precárias condições sociais em que, via de regra, vivem as adolescentes.

A população alvo passou a ser mulheres em idade reprodutiva, pertencentes às


classes sociais menos favorecidas economicamente. “Mais recentemente, o
critério para definir risco não é mais o nível de renda, pois se considera
somente que o fator econômico não explica as determinações do processo
saúde- doença. Na maioria dos casos, a caracterização de gravidez de alto
risco está ligada a pressão psicológica por que passa a jovem e as dificuldades
psíquicas e financeiras de acesso a profissionais de saúde.

Do ponto de vista psicológico, a jovem precisa de uma atenção maior, e a falta


de orientações gera riscos”. (CAVALCANTI, 2000,p.124). Na prática médica
associa-se à gravidez na adolescência a probabilidade de aumento das
intercorrências clínicas e morte materna, assim como os índices maiores de
prematuridade, mortalidade neonatal e baixo peso de recém-nascidos, entre
outras.

Quando indesejadas ou sem apoio social e familiar, a gravidez freqüentemente


leva adolescentes a práticas deabortos ilegais e em condições impróprias,
constituindo-se esta em uma das principais causas de óbitos por problemas
relacionados à gravidez. Só no ano de 1998, mais de 50 mil adolescentes
foram atendidas em hospitais públicos para curetagem pós-aborto, sendo cerca
de três mil realizados entre jovens de 10 a 14 anos (GOMES, 2000).

Os autores da presente investigação presumem que a maternidade no início da


vida reprodutiva antecipa a maturidade biológica, e precipita momentos
socialmente institucionalizados para a reprodução, com claras implicações para
a constituição de família e a organização social dominante. A expectativa social
diante da idade para o início da reprodução, no entanto, alteram-se cultural e

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historicamente, e a gravidez, no período modernamente chamado de
adolescência, é abordada de modo diferente de décadas passadas. Deste
modo para uma melhor compreensão do assunto em causa é necessário
conceituar o que vem a ser adolescência.

1.2 Contextualização da Adolescência

Adolescência deriva do latim adolescere, que significa “crescer” A


adolescência é uma fase que alberga inúmeras transformações, tanto de
cunho anatômico, fisiológico, mental, como também sociais, as quais
correspondem à transição da infância para a fase adulta.

A adolescência compreende a faixa etária que vai dos 10 aos 19 anos.


Todavia, sendo um período carregado de descobertas e aprendizagem, um
número considerável de gravidezes podem ocorrer nessa fase, seja por
imaturidade, irresponsabilidade, ausência de estrutura familiar e psicológica
adequada ou mesmo escassa perspectiva de uma vida melhor, interferindo na
prospecção das jovens mães.

Tanto a adolescência como a gestação são etapas indispensáveis para o


desenvolvimento individual e a perpetuação da espécie humana, mas a
segunda pode ser desestruturante, haja vista apresentar uma austera carga
emocional, física e social, pulando etapas importantes nos estágios da
maturação psicossexual, constituindo um dos grandes problemas no processo
de ensino e aprendizagem.

Entretanto os autores desta investigação salientam que nessa época da vida


de uma adolescente, uma gestação representa sérias complicações, tanto
biológicas e familiares, quanto psicológicas e econômicas, pois impactam a
vida da adolescente e da sociedade amplamente, adiando e limitando as
oportunidades de desenvolvimento e engajamento destas jovens na
sociedade.

É uma interrupção em seu desenvolvimento, que pode determinar a perda


de identidade, e consequentemente desestruturando os estudos, gerando a

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perda de confiança da família, perda do parceiro que por vezes não assume a
gestação, além da perda de expectativas futuras, e, finalmente, a perda da
proteção familiar.

Segundo Santos (1999) a adolescência possui diferentes configurações, pois


depende da classe social em que o adolescente está inserido. Nas classes
mais privilegiadas, é entendida como um período de experimentação sem
grandes conseqüências emocionais, econômicas e sociais, sendo que neste
período o adolescente não assume responsabilidades de um adulto.

Em contrapartida, nas classes mais baixas, os riscos de experimentar novas


experiências são maiores. Por conta da necessidade de trabalhar, ajudar no
sustento de sua família, a gravidez na adolescência se constitui como um
agravante no processo de formação do jovem com consequências para a sua
vida adulta.

Para Takiutt, (1986) A adolescência é um período de mudanças, sejam elas


físicas psicológicas e que são acompanhadas pela alteração das emoções,
alterações biológicas, mudanças essas que são explicadas através da
interação com o ambiente em que vive. As mudanças biológicas, são a
"transformação do estado não reprodutivo ao reprodutivo ou seja, na
adolescência, esse amadurecimento do sistema reprodutivo provoca
mudanças características desse período e também impõe limites para cada
sexo.

Nesta perspectiva, é que surge a sexualidade na adolescência,


acompanhada das alterações hormonais e dos factores culturais. Tais fatores
parecem interferir no comportamento sexual biologicamente determinado,
controlado pela sociedade e pela cultura.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define adolescência como uma etapa


que vai dos 10 aos 19 anos.

Os autores desse trabalho afirmam que trata-se de uma etapa da vida em que
ocorrem a maturação sexual, o acirramento dos conflitos familiares e a
formação e cristalização de atitudes, valores e comportamentos que
determinarão sua vida e na qual se inicia a cobrança de maiores

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responsabilidades e definição do campo profissional. Lidar com essa situação
particular exige das equipes de educação uma abordagem integral dos
problemas detectados, dentre eles a gravidez na adolescência.

A gravidez na adolescência é uma situação de risco psicossocial que pode ser


reconhecida como um problema para os jovens que se integram no processo
de ensino e aprendizagem e início de uma família não intencionada. O
problema afecta, especialmente, a biografia da juventude e sua possibilidade
de elaborar um projeto de vida estável.

É especialmente traumático quando ocorre nas classes de bases e nas famílias


socioeconomicamente desfavoráveis. Muitos são os desafios e mudanças
próprias da adolescência, podendo os jovens incorrer num comportamento de
risco. Esse segmento populacional encontra-se mais exposto à gravidez na
adolescência, às doenças sexualmente transmissíveis - DST/AIDS, ao uso de
drogas, acidentes e diferentes formas de violência.

A vulnerabilidade dos adolescentes com relação à gravidez envolve vários


aspectos, dentre os quais se destaca o facto de a mãe adolescente, nas mais
das vezes, não estar preparada para cuidar do seu filho.

A gravidez na adolescência pode produzir efeitos nocivos à saúde da mãe e do


concepto e contribuir para a manutenção da para esclarecimento e solução de
dúvidas, contribuindo assim para apaziguar os medos e anseios, comuns
nessa fase.

A gravidez na adolescência constitui desafio para as políticas públicas no


contexto da promoção da saúde e traz à tona questões relevantes sobre esse
problema, no momento em que há o desafio de fornecer aos adolescentes
subsídios para viver sua sexualidade de forma plena e com planeamento de
anticoncepção ou concepção, no âmbito da promoção da saúde.

Sendo a vivência da adolescência diferente consoante o contextos


socioculturais em que o jovem se encontra, o mesmo se passa com a gravidez
durante este período. As consequências físicas, psicológicas e sociais que
acarretam a gravidez nesse período de vida ocasionam diversos transtornos,
quer a nível pessoal, familiar e social.

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Numa sociedade onde a gravidez em tenra idade é uma constante e está a
atingir proporções consideráveis com repercussões alarmantes sobre o
comportamento individual e de grupo, onde o adolescente atravessa um
período de grande tensão emocional aliado a factores socioeconómicos
(desajuste familiar, desemprego, evasão escolar, baixa remuneração, etc.),
a adolescente grávida sofre dificuldades adaptativas para responder aos
desafios do sucesso escolar e do desenvolvimento sócio-familiar e vocacional.

Assim, os autores deste trabalho enfatizam que adolescência enquanto


período de transição, a duração e o significado da adolescência
demonstra grande variabilidade em função da realidade histórica e cultural.
Deste modo, em algumas culturas a adolescência é uma transição muito breve
que se realiza através de ritos de passagem que redefinem e estabilizam a
identidade dos indivíduos.

Porém, na cultura ocidental do período de aprendizagem, a adolescência


tem-se prolongado, acompanhado a complexificação dos sistemas
educativos e da escolaridade obrigatória. Neste contexto, a adolescência
estende-se do início da puberdade, em torno dos 12 anos, até aos 17 ou 18
anos (Stratton & Peter, 2003, p. 4).

De acordo com a Organização Mundial de saúde (OMS), em 1997, por


conveniência estatística, pode situar-se a adolescência no período entre os 10
e os 20 anos. A comunidade científica adotou, de forma genérica e com relativo
consenso, a definição de adolescência da Organização Mundial de Saúde,
podendo-se distinguir, nesta segunda etapa de vida (10-19 anos), duas sub-
fases: a primeira adolescência (10-14 anos) e a segunda (15-20 anos). O fim
da adolescência ocorre de maneira lenta e gradual, variando de acordo com a
cultura e os factores maturacionais de cada individuo.

Para Ramos (2001), torna-se essencial compreender a adolescência além


de sua demarcação temporal, incorporando a ideia do adolescente como
protagonista na construção do seu processo de vida pessoal e colectivo,
conferindo-lhe um potencial de emancipação autonomia e responsabilidade
social. Ao mesmo tempo, deve ser encarada como uma fase normal do
desenvolvimento humano, com mudanças físicas, biológicas, fisiológicas,

17
sociais e psicológicas, com tendências para a rebeldia, instabilidade,
desequilíbrios emocionais, associações grupais, crises de valores e atitudes
morais, sexuais e religiosos.

Para Miguel (1990, p. 18), “é na adolescência que a afetividade, que até aqui
quase circunscrita à família, se orienta mais intensamente noutros
sentidos”. Nesta altura, o adolescente projecta os seus afectos em
pessoas significativamente exteriores à família.

Os autores deste trabalho assumem que a adolescência é uma fase da vida em


que se adquire uma maturidade intelectual. Através do desenvolvimento do seu
pensamento formal, o adolescente adquire capacidades de exercitar o seu
pensamento, de se questionar a si próprio, de problematizar e de pensar
abstratamente sobre o possível e o provável, jogando com várias perspetivas
interpretativas, criticando e interrogando.

Segundo (Blos e Erikson), quanto ao término da adolescência, “será marcado


pela formação do caracter ou pela aquisição da identidade com a
consequente separação psicológica do adolescente em relação à família”
(Lourenço, 1998, p. 21).

Neste período de vida, o desafio fundamental implica alcançar uma


identidade coerente, um conjunto congruente e estável de aspirações sobre si
mesmo. As alterações hormonais trazem consigo alterações psicológicas.
Estes desenvolvem um conjunto de sentimentos e atitudes para com os seus
corpos que contribuem significativamente para a crescente sensação de
identidade pessoal (Berryman, 2001).

Os autores desta investigação compreendem que Um dos aspetos que influem


no nível de satisfação com a vida, nesta cultura da imagem, é a aceitação
da aparência física e das habilidades académicas, desportivas e socias. O
jovem que sente segurança quanto à sua aparência física e habilidades tem
mais facilidade para relacionar-se com o sexo oposto e para envolver-se em
novas atividades de grupo. Mostra entusiasmo com os vários aspetos de sua
vida e promove mais facilmente seu desenvolvimento.

1.3 Factores e consequências da gravidez na adolescência

18
Sempre que gravidez e adolescência coexistem, a crise da adolescência
anuncia uma outra crise: a da gravidez. Muito mais do que expor
exaustivamente este fenómeno, procurar-se-á descrever o que representa a
gravidez na adolescência, as suas principais causas, consequências e as
mudanças mais representativas (fisiológica, psicológica e sociocultural) e tentar
responder a questões do estudo e avaliação da problemática sobre o processo
de ensino aprendizagem.

As consequências no decorrer de uma gestação na fase da adolescência são


de diversa etiologia, podendo ter efeitos significativos para o futuro destas. A
gravidez na adolescência acarreta muitas consequências na aprendizagem,
pois as adolescentes grávidas perdem o interesse, sofrem preconceitos,
enfrentam problemas de natureza social e muitas delas abandonam a escola
ou diminuem drasticamente o seu envolvimento e rendimento no processo de
ensino-aprendizagem.

Ao mesmo tempo, estas adolescentes também são consideradas um grupo de


risco na questão da gravidez não planificada, assim como nas doenças de
transmissão sexual. As consequências de uma gravidez desejada ou não,
para as adolescentes, podem ter a sua origem em múltiplos factores de
diversa índole: física, sociocultural e emocional.

Entre os factores que contribuem para a gravidez na adolescência,


destaca-se a existência da actividade sexual precoce. Com efeito, segundo
Lourenço (1998, p. 51), deve notar-se que: a este “fenómeno não é indiferente
a contextualização numa sociedade cada vez mais erotizada, nomeadamente
pelos meios de comunicação social, com a proliferação cultural de conteúdos e
estímulos sexuais”. É notória a mudança de valores relativos à sexualidade
aumentando a permissividade e valorizando-se as dimensões comunicacionais
e do prazer.

Esteves e Meandro (2005) apontam que a gestação na adolescência está


relacionada com a impossibilidade de completar a função adolescente,
antecipando escolhas e abreviando experiências. Também provoca abandono
escolar, menor probabilidade de qualificação profissional e consequentemente,
menos oportunidade de inserção no mundo do trabalho, além de afastamento

19
do grupo de pares amigos, culpabilização, agressividade familiar, perda de
oportunidades de trabalho, diminuição da probabilidade de relacionamentos
maduros, duradouros e felizes.

Godinho et al. (2000, p. 28) elucidam que: o expressivo número de


adolescentes que abandonam seus estudos devido à gravidez pode ter relação
com a vergonha destas meninas mais jovens em assumirem-na, de
enfrentarem os colegas e professores, pois estão muitas vezes sozinhas. A
saída mais fácil acaba sendo o abandono escolar já no início da gravidez.

Além destas, Damiani (2005, p. 17) enfatiza outras consequências


negativas de uma gravidez na adolescência referindo-se que “uma gestante
jovem pode apresentar insatisfação, baixa autoestima, rejeição social,
ansiedade, depressão e frustração”. Esteves e Meandro (2005) apontam um
aumento das dificuldades para restabelecer a vida sexual e controlar a
fecundidade, formar uma família bem estabilizada, atingir a independência
financeira e a estabilidade conjugal, podendo sofrer de abandono familiar e de
estigmatização.

Os autores deste trabalho partilham com as ideias dos autores acima focados
reparando que a gravidez na adolescência acarreta consequências amargas
para as adolescentes que se encontram neste estado sobretudo no processo
de ensino e aprendizagem e avergonha constitui o primeiro sentimento a seguir
da ansiedade, depressão e frustração que são consequências psicológicas.
Além do impacto emocional e social, há ainda consequências referentes à
saúde da mãe e da criança, estando associadas a altas taxas de morbi-
mortalidade materna, abortos, e também complicações no parto.

Segundo Cordeiro (2009, p. 355), embora o abandono escolar seja uma das
consequências temidas, a maior parte das jovens que são mães já
abandonaram os estudos antes de engravidarem. Outro aspecto a salientar é a
enorme responsabilidade que lhes incumbe, não somente ao nível económico
que é a mais óbvia, mas sobretudo ao nível da coartação da liberdade
referente aos comportamentos de exploração e experimentação de papéis e de
socialização com os pares, essenciais para prosseguir a sua definição
identitária.

20
Isto pode conduzir a problemas graves, designadamente em relação aos
cuidados maternos a prestar ao bebé. Da mesma forma, o conflito
emocional consigo própria, com o namorado/marido, e com a família e o meio
social envolvente pode ser uma fonte de grande ansiedade e stress, que pode
deixar marcas indeléveis na jovem e comprometer o seu ajustamento
psicológico.

Assim, os autores desta investigação presumem que, a gravidez na


adolescência é um fenómeno universal. Encontram-se adolescentes grávidas
em todos os extratos sociais, embora seja mais prevalente em classes sociais
desfavorecidas. Constituem factores de risco o abandono escolar, o baixo nível
de escolaridade da adolescente, do companheiro e da família, a ausência de
projectos profissionais futuros, e a repetição de modelos familiares (ser filha de
mãe adolescente). Apesar da grande angústia e incerteza que acompanha esta
experiência, verifica-se que muitas vezes a adolescente grávida sente orgulho
em ter o filho, funcionando a maternidade como Auto gratificação e
autocompensarão afectiva.

De acordo com Halbe (2010), os principais factores da gravidez na


adolescência são: o aumento da erotização precoce, a redução da idade do
início da vida sexual e a fragilidade de um projecto de vida. São muitos factores
que podem levar a uma gravidez na adolescência, mas uma das questões é o
adiantamento da menstruação e, com isso, as meninas iniciam uma vida sexual
muito cedo, seja ela por pouco conhecimento sobre o assunto ou simplesmente
curiosidade, e estão menos preparadas para enfrentar uma possível gravidez.

Muitas vezes, a gravidez na adolescência está relacionada com uma situação


de vulnerabilidade social, por falta de informação ou acesso aos serviços de
saúde. Damiani (2005) diz que a gravidez na adolescência é um resultante
de falta de informação, de medo de assumir a vida sexual e da falta de espaço
para discussão de valores no meio familiar.

No entanto, percebe-se que são vários os factores que levam a adolescente


engravidar, mas a falta de orientação, seja essa dada pela família, escola ou

21
sectores as saúde, contribui para aumentar este problema. A literatura tem
tratado a gravidez na adolescência como um problema de saúde pública,
especialmente pelo facto de propiciar riscos ao desenvolvimento da criança
gerada e da própria adolescente gestante (Gontijo & Medeiros, 2004).

Segundo o estudo feito por Cerqueira-Santos (2010), o avanço nas taxas de


gravidez na adolescência pode ser esclarecido por distintas causas, podendo
modificar de país para país. Em meio ao complexo de factores de risco para
considerar esta questão, destacam-se os aspectos socioeconômicos. Apesar
de o fenômeno alcançar e estar crescente em todas as classes sociais, ainda
há uma forte semelhança entre pobreza, baixa escolaridade e a baixa idade
para gravidez. Além disso, factores como a redução global para a idade média
para menarca e da primeira relação sexual compõem um panorama de risco
que contribui para o avanço dessas taxas.

Outro estudo não menos importante é de Moura (1991) mostrou que, na


maioria dos países, a idade média para a menarca diminuiu significativamente
de 13 para 11 anos de idade em uma década. De forma similar, o estudo de
Cerqueira-Santos (2007), realizado em quatro capitais dos países, assinalou
que a idade média de iniciação sexual dos jovens de nível socioeconômico
baixo está por volta dos 13 anos. Estudos anteriores, da década de 90,
revisados por Santos Júnior (1999), revelavam médias entre 15 e 17 anos para
a primeira relação sexual desta população.

Aquino e colaboradores (2003), em estudo multicêntrico no Brasil,


encontraram que a prevalência de gravidez antes dos 18 anos de idade
(maioridade legal brasileira) foi relatada por 8,9% dos homens e 16,6% das
mulheres. O mesmo estudo descreveu que a maior parte dos casos de
gravidez para esta população adveio do contexto de um relacionamento
afeticvo, sendo maior o relato masculino sobre a gravidez de uma parceira
casual do que um relato feminino sobre esta situação. Destacou-se, ainda,
neste estudo o caso de que a ocorrência de uma gravidez antes dos vinte anos
alterou opostamente com a renda e a escolaridade.

Hoga (2010) afirma em sua pesquisa que a prematuridade do namoro foi citada
como uma das razões da ocorrência da gravidez. Estudos mostram que

22
o namoro está profundamente coligado ao início da vida sexual na
adolescência, especialmente por ser o relacionamento afeticvo e amoroso mais
característico da adolescência, assim como o “ficar”. É possível analisar que
o namoro necessitaria estar entre os assuntos abordados nas intervenções
realizadas com os adolescentes exatamente por se constituir em um espaço de
exercício das relações entre homens e mulheres que sejam mais
igualitárias ou hierarquizadas, podendo ser adaptadas as atitudes e práticas
sexuais e contracetivas.

Segundo o estudo feito por Dias (2010), a gestação na adolescência é


considerada uma situação de risco biológico tanto para as adolescentes como
para os recém-nascidos. Estes autores citados anteriormente observam que
características fisiológicas e psicológicas da adolescência fariam com que uma
gestação nesse período se caracterizasse como uma gestação de risco.

Em termos psicológicos, Dias (2010), citando Levandowski, Piccinini e


Lopes (2008), afirma ainda que a gestação na adolescência está associada à
noção de risco na medida em que implica na vivência simultânea de dois
fenômenos importantes do desenvolvimento: o ser adolescente e o ser mãe.
Dias (2010) também faz referência a ideia de Erikson (1968/1976), que diz que,
em geral, no que se refere as jovens oriundas de famílias em situação de
vulnerabilidade social, a adolescência é considerada uma fase do ciclo vital na
qual os jovens deveriam, na medida do possível, avaliar possibilidades antes
de tomar decisões que exigem maior comprometimento, como escolher uma
profissão, casar e ter filhos.

Os autores desse trabalho finaliza sua reflexão reiterando pontos de vista de


outros autores (Rangel& Queiroz, 2008; Carvalho, Merighi, & Jesus, 2009), os
quais afirmam que a maternidade na adolescência traz consigo uma série de
expectativas e responsabilidades que limitam essas possibilidades de
exploração, ao mesmo tempo em que institui um novo espaço de constituição
da identidade.

1.4 A escola contexto de desenvolvimento para adolescentes grávidas

O processo docente educativo é uma integração de múltiplos aspectos ou

23
dimensões: recursos humanos e materiais, meios técnicos, funções e
estruturas organizacionais, qualidades pessoais e etapas de desenvolvimento,
que formam uma unidade totalizadora que se desenvolve dinâmica e
dialeticamente para produzir aprendizagens significativas e estimulantes do
desenvolvimento. Também se pode definir como um conjunto de actividades
intencionais, relacionais e estruturadas do professor e do aluno visando a
alcançar determinados resultados (domínio de conhecimentos, atitudes e
valores).

Cabe à escola, como instituição responsável pela formação integral e pela


socialização do conhecimento construído ao longo da história, a organização
curricular e pedagógica da discussão sobre a sexualidade, com vista a ampliar
o entendimento da sexualidade humana, desmistificar os tabus e preconceitos
e possibilitar espaço para reflexão contínua. Assim, pode-se promover a
prevenção da gravidez na adolescencia e das doenças sexualmente
transmissíveis, norteando pela compreensão da sexualidade enquanto
fenómeno humano e pelo reconhecimento das necessidades dos adolescentes.

Cordeiro (2009, p. 498) refere que é “cada vez mais importante que os pais
participem na vida escolar dos filhos, não só mostrando preocupação e
interesse relativamente às actividades escolares, mas adotando também uma
atitude proativa e participando realmente dentro e fora da escola”.

Os autores deste trabalho entendem que a escola, por sua vez, deve garantir o
direito e espaço para discutir, verbalizar e construir uma vida sexualmente
harmoniosa, destacando a importância do planeamento e da elaboração
conjunta das actividades, da formação continuada dos professores e da
avaliação das intervenções com os alunos. Na escola, deve ser proporcionado
conhecimentos, discussões e reflexões sobre a sexualidade junto a todos os
segmentos da comunidade escolar.

Em relação à escolaridade, encontramos diversos autores que reforçam que a


gestação na adolescência deve-se ao baixo nível de escolaridade educacional.
Leite, Rodrigues e Fonseca (2004, p. 477) afirmam que: O “nível educacional
das adolescentes aparece como o mais importante determinante do seu
comportamento sexual reprodutivo”. Adolescentes com mais ou menos cinco

24
ou mais anos de escolaridade são menos propensas a ter a primeira relação
sexual; mais propensas a usarem algum método anticoncecional na primeira
relação e apresentam riscos mais baixos de ter filhos, em comparação com
adolescentes com até quatro anos de estudo.

No que se refere a educação sexual, os artigos pesquisados mostram


olhares diferentes sobre o tema. A pesquisa de Maia, Eidt, Terra e Maia (2012)
assinala que, durante o desenvolvimento do projecto de sexualidade junto à
escola, foi verificada, por um lado, que os conceitos cotidianos trazidos pelos
alunos referentes à anatomia, fisiologia e saúde foram sendo superados pela
aquisição de conhecimentos científicos acerca dessas temáticas.

Por outro lado, a questão da sexualidade envolvendo aspectos sociais e


culturais ampliou o universo de significações dos alunos. O objectivo do
projecto foi de contribuir para o processo de humanização dos alunos,
mediante a apropriação do conhecimento científico. A incorporação desse
universo de significações possibilita a construção de um novo sentido pessoal
sobre a sexualidade. Portanto, as autoras sugerem um projecto de capacitação
de professores com ênfase na sexualidade instrumentalizando-os a fim de que
eles também possam ter uma formação teórico-prática e, assim, dar
seguimento ao trabalho com os adolescentes.

Já a pesquisa feita por Altmann (2009) indica que parece haver uma
contradição no trabalho desenvolvido no âmbito escolar. A educação sexual
parece ser trabalhada a partir do tema reprodução, a qual acaba recebendo
ênfase, quando é justamente a ocorrência dela entre adolescentes que
diversas políticas públicas querem evitar. A relação sexual está
constantemente vinculada à reprodução nem que seja para evitá-la e não ao
prazer, às relações entre pessoas, independentemente da sua orientação
sexual.

Em contra partida, artigos pesquisados por Amorim e colaboradores (2009)


e Cerqueira-Santos, Paludo, Schirò, e Koller (2010), apresentam uma análise
contextual sobre os factores de riscos e proteção de uma gravidez na

25
adolescência.

Assim os autores desta investigação enfatizam que olhando para o contexto


angolano pesar do aumento da cobertura do Programa de Saúde da Família,
principalmente em regiões mais vulneráveis, observa-se a ausência de políticas
públicas voltadas para esta população, com falhas tanto nos programas
educativos como nos preventivos, como estímulo do uso de preservativos e
contraceptivos.

Programas que visem reduzir a prevalência de gravidez na adolescência


devem levar em consideração não apenas o início precoce da vida sexual, mas
também a dificuldade do acesso aos serviços de saúde e, consequentemente,
aos métodos contraceptivos neste segmento Amorim et al.,( 2009) concluem
que os principais factores relacionados à gravidez na adolescência observados
foram: baixa escolaridade da adolescente, história materna de gestação na
adolescência, ausência de consultas ginecológicas prévias e falta de acesso
aos métodos anticoncepcionais.

Os autores pontuam que esses factores devem ser levados em consideração


na construção de estratégias para prevenir a gravidez na adolescência em
programas de saúde pública.

Já o trabalho de Cerqueira-Santos, Paludo, Schirò e Koller (2010), discute que


não é possível explicar a gravidez durante a adolescência de forma
determinística e causal, já que ela é multideterminada. De acordo com os
dados obtidos no seu estudo, os autores confirmam o posicionamento de
outras pesquisas (Canavarro & Pereira, 2001; Jacard, Dodge, & Dittus,
2003; Pantoja, 2003) que descrevem a gravidez adolescente como um
fenômeno que envolve diferentes factores de risco.

Os autores da presente investigação ressaltam a abordagem a qual descreve a


importância do contexto no desenvolvimento humano, na forma como o sujeito
interage com aqueles que o rodeiam e com o meio que está inserido. Essa
perspectiva teórica possibilita analisar a pessoa como um ser activo e
dinâmico, que interage com o tempo e com o contexto que vivencia,
modificando e sendo modificada por ele.

26
Assim, a teoria de Bronfenbrenner enfatiza os contextos de vida da pessoa
que compreendem a interação de quatro níveis ambientais denominados:
microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. Estes níveis
estão articulados na forma de estruturas concêntricas inseridas uma na o utra,
formando o meio ambiente ecológico. Assim, considera-se que a pertença a
uma camada social de baixa renda poderá representar um micro e
mesossistema mais carente ao nível das informações sobre sexualidade,
cuidados de saúde e importância de contracepção, bem como no acesso aos
serviços de saúde e, por esse motivo, um contexto de maior risco.

Este mesmo estudo supracitado enfatiza, ainda, que essas adolescentes


precisam ser vistos como pessoas em sua totalidade, com suas histórias,
suas experiências e suas vivências sexuais. A forma como os adolescentes
interpretam as suas interações sexuais revelam as relações (processos
proximais) que estabelecem com os seus parceiros.

Os autores do presente trabalho acrescentam que em grande parte das


vezes, as relações sexuais são oriundas de interações que não são
significativas e tampouco duradouras, trazendo muitas vezes resultados
disfuncionais. Neste estudo, esse tipo de efeito pode ser representado pela
ocorrência do aborto natural e provocado, soluções imediatas da gravidez
indesejada identificadas por alguns dos entrevistados.

Os autores apresentam dados de outras pesquisas que sugerem que a


proporção do aborto é maior entre os adolescentes com idade inferior a 20
anos (Aquino et al., 2003; Vieira, Goldberg, Saes & Dória, 2007). Em
contrapartida, é assinalado também que a transição ecológica imposta pela
gravidez, força a menina a assumir um outro papel nas relações interpessoais
e promove o seu envolvimento na nova atividade: ser mãe e manter os
cuidados de seu filho.

Cabe ressaltar que a escola pode funcionar como um mecanismo importante


de proteção para a gravidez na adolescência (Cerqueira-Santos, Paludo,
Schirò e Koller, 2010). A interação entre os iguais, professores comprometidos
com a formação plena adicionado ao apoio e a presença familiar podem
compor o mesossistema protetivo dos adolescentes. Discute-se se o abandono

27
dos estudos é provocado pela gestação ou se o prévio abandono é factor de
risco para a gravidez na adolescência.

Os autores citam Figueró (2002), que observou que parte das gestantes e
mães adolescentes abandonou a escola previamente à gravidez. Já os dados
da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004) apontam um alto índice de
jovens gestantes que largam os estudos dificultando a futura inserção no
mercado de trabalho (WHO, 2004). Segundo os autores, estes dados
corroboram os resultados de Figueiredo (2001), os quais mostram como o
surgimento da gravidez compromete a capacidade de desenvolvimento de
autonomia por parte da adolescente no que se refere às figuras parentais,
fazendo com que a dependência relativamente aos seus pais persista,
principalmente a nível econômico.

Nesta vertente os autores da presente investigação assumem que o professor


como promotor do desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem
encontra-se numa posição particularmente vantajosa em relação aos conflitos
motivacionais, porque para além dos pais, provavelmente mais ninguém tem a
oportunidade única de observar durante tantas horas e numa variedade tao
grande de situações. O professor pode observar como a criança se relaciona
com os adultos, com o grupo de pares e com a frustração e pode detetar
quando estas reações parecem desviantes.

Deste modo não se sugere que os professores passem todos a ser psicólogos
profissionais, mas quer se queira, quer não, de facto, nós
«psicologizamos» sempre que fazemos interferências sobre como e
porquê as pessoas se comportam deste ou daquele modo .

O estudo da motivação na sala de aula, especialmente em relação ao


rendimento académico é, de facto, fascinante. À medida que as pessoas se
compreendem a si próprias, se conhecem, e se libertam, toda a humanidade se
beneficia: os motivos fundamentais do indivíduo são precisamente os mesmos
que os motivos da sociedade. Idealmente, as tarefas de aprendizagem
deveriam estar organizadas de modo a promover o desenvolvimento da

28
competência pessoal e a auto-mestria.

Contudo como tal, os objetivos da escola deveriam incluir a estimulação, a


promoção e a facilitação do desenvolvimento pessoal no contexto da
aprendizagem, de molde a compensar os efeitos debilitantes e a aumentar a
plena realização do potencial humano (Sprinthall & Sprinthall, 1993, p. 521).

As adolescentes no decorrer desta fase vivenciam inúmeras dificuldades, pois


sendo adolescentes, estudantes e grávidas têm que aprender matérias do
currículo escolar e também a conviver com gravidez e aprender a ser mães.
Muitas das vezes tornam-se vítimas de discriminação e preconceito dentro da
sua instituição de ensino, o que poderá levar ao abandono escolar. O
conhecimento emergente da prática dos profissionais sobre o que se faz e em
que condições se desenvolvem os processos educativos condiciona o quê, o
como e o porquê dos mesmos.

A sua profissional idade (re) constrói-se no seu contexto próprio da escola ,


mas esta tem de se pensar a si própria, na sua missão e no modo como se
organiza para cumprir. Tem também de ser “reflexiva” (Alarcão, 2003, p. 44). É
neste sentido que a transformação dos processos de aprendizagem implica
uma nova organização da escola e da sua relação com o meio, pois é na
interação entre os vários saberes que cada qual aprende a usá-los em
situações concretas e desenvolver o seu saber.

Os professores, enquanto profissionais do humano, tomam consciência da sua


identidade profissional e só ela pode remeter à “permanente descoberta de
formas de desempenho de qualidade superior e ao desenvolvimento da
competência profissional na sua dimensão holística, interativa e ecológica”
(Alarcão, 2003, p. 43).

Ser professor no séc. XXI requer uma atitude pessoal e profissional do tipo
crítico-reflexivo que o leva a repensar e reajustar o seu desempenho face às
situações imprevisíveis e ambíguas da sua prática pedagógica. Compete-lhe
fazer uma “gestão curricular diferenciada de acordo com a ecologia das
circunstâncias que caracterizam cada situação e cada contexto” (Sá-Chaves,
1999, p. 37).

29
Os autores desta investigação vão mais além afirmando que a construção e o
desenvolvimento do currículo exige do professor um conjunto de competências
de mobilização para a acção e de pensamento estratégico para a consecução
das actividades. Os professores, como mediadores entre a sociedade e os
alunos, tornam-se agentes imprescindíveis para a socialização destes.

Deste modo, podem tornar-se professores credíveis que, de acordo com


Perrenoud (2002, p. 127), são aqueles que não se contentam em dar lições,
mas que se apresentam como seres humanos complexos e como actores
sociais que incarnam interesses, paixões, duvidas, faltas, contradições,
defeitos e virtudes, empenhamentos, que são actores que lutam, como todos
nós, com o sentido da vida e as incertezas da condição humana.

Esta visão aponta para se repensar a profissão numa perspectiva em que ser
professor neste século exige a transformação dos seus modos de trabalho, de
se relacionar com os alunos e com os outros elementos da comunidade. Exige
também capacidades para utilizar os seus recursos cognitivos múltiplos para
agir da melhor maneira, face a situações complexas.

Assim, os autores deste trabalho voltam a ressaltar que ensinar a prevenir é


educar através de informações disponíveis organizadas, de maneira lógica e
significativa, pelo professor e através de comportamentos e acções diante da
realidade com que se defronta, para gerar resultados satisfatórios que
transformem a sociedade.

1.5 Conclusões gerais

A realização deste capítulo permitiu uma reflexão no campo da gravidez na


adolescência e suas consequências. Tendo em vista o foco desse estudo, é
notável a seriedade dos estudos voltados para a temática no que diz respeito
aos direitos e deveres da sociedade, nos quais são focados a importância de
políticas públicas com responsabilidade, para que crianças e dos adolescentes
não tenham direitos infligidos.

Percebeu-se, também, que alguns factores são responsáveis por esta falta de

30
preparo das adolescentes que engravidam sem planeamento, como, a
erotização precoce, o adiantamento da menstruação, a falta de orientação por
parte dos pais, da escola e do sistema de saúde, entre outros. Portanto, cabe a
escola e pais e familiares retomar o cuidado com as adolescentes e orientá-las
para a prevenção.

Ainda ficou uma lacuna em aberto para a continuação destes estudos,


principalmente relacionada a questão sobre como a escola pode e deve estar
se adaptando a esta realidade com seus currículos actuais e, assim, estar mais
preparada a orientar as adolescentes e seus familiares.

CAPÍTULO II. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO E


PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE ESTRATÉGIAS PSICOPEDAGÓGICAS,
PARA MINIMIZAR O IMPACTO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DA 7ª CLASSE
DA ESCOLA DO Iº CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO 17 DE SETEMBRO Nº
41 DO CUITO/ BIÉ.
Neste capítulo se apresenta a população e amostra, se analisa e se discutem
os resultados obtidos no diagnóstico das necessidades, assim como se
apresenta a proposta de um conjunto de estratégias psicopedagógicas, para
minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos.

População e amostra.

Extracto Populaçã Amostra Percentage Tipo de Critério de


o m amostra amostragem
Corpo 1 100%
directivo
Professores 34 15 44% Não Acidental
probabilística
Alunos 25 12 48% Probabilístic Estratificada

31
a proporcional
Total 60 27

A análise dos resultados

Resultados da entrevista aplicada ao corpo directivo (Anexo n. 3)

Para o presente estudo, enveredou-se pela metodologia qualitativa,


fazendo uso da entrevista semiestruturada. A entrevista é uma técnica que
exige um relacionamento entre partes, entrevistado e entrevistador (Freixo,
2009, p. 191). É um método de recolha de informações que consiste em

conversas orais, individuais ou de grupo com pessoas selecionadas, a fim de


obter factos ou representações cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade
é analisado na perspetiva dos objetivos e recolha de informações (Ketele &
Rogieres, 1999, p. 22). Portanto, o principal instrumento utilizado consistiu num
guião de entrevista aplicado aos três subgrupos, com adaptações específicas a
cada um (cf. Anexos 1, 2 e 3) e realizado de modo a ter em consideração
osobjetivos da pesquisa. Os guiões foram construídos a partir da estrutura da
Life Story Interview de D. P. McAdams (1996) que cobre a “história de
vida”, distinguindo diversos episódios significativos do passado, a antecipação
do futuro e a “ideologia pessoal” (valores e ideais definidores da
identidade pessoal), traduzindo-se o instrumento, adaptando-se ao conteúdo
próprio da “gravidez na adolescência” e incluindo-se diversas questões novas
em função dos objetivos relacionados com a elucidação da experiência e das
perceções e atitudes dos sujeitos.

Procedimentos

Nos procedimentos para a realização e aplicação dos instrumentos da


pesquisa foi apresentada uma solicitação às direções das escolas de
Benguela, elucidando os objetivos do estudo em causa, e pedindo autorização
para se contactarem as adolescentes com vista à sua participação. A Direção
assumiu que o primeiro contacto com as adolescentes seria efetuada pelos
diretores pedagógicos e respetivos chefes de turno. Assim se procedeu e os
chefes de turno das respetivas escolas disponibilizaram o seu departamento

32
para entrevistar as adolescentes e os professores, onde eram encaminhadas
por eles. Inicialmente, o objetivo era também de entrevistar os encarregados de
educação, mas estes não mostraram disponibilidade para tal, sugerindo antes
que um questionário por escrito seria a melhor via, tendo-se, portanto, optado
por esse método.

Antes de se proceder às entrevistas, foi explicado a cada sujeito


detalhadamente os seus objetivos, garantindo proteção da sua privacidade,
através de anonimato e confidencialidade, e solicitando a permissão para que
as mesmas fossem gravadas em áudio para recolha de dados válidos. As
entrevistas foram transcritas verbatim na sua íntegra e realizada a leitura
exaustiva e atenta das informações obtidas para se estabelecer classificações,
agrupando os aspetos com relação entre si denominando-os de categorias.
Estas foram obtidas de modo dedutivo, a partir da teoria da personalidade
narrativa (Jesus, 2010, 2013; McAdams, 1996, 2001) e da revisão teórica sobre
Psicologia da Adolescência, e de modo indutivo, a partir dos conteúdos mais
recorrentes nos discursos dos entrevistados.

Durante a entrevista realizada ao corpo directivo da escola em referência, os


investigadores deste trabalho, na primeira pergunta aperceberam-se de que O
director da escola tem 40 anos e possui uma carreira docente de mais de 10
anos de experiência. Ele é formado em psicologia e é quadro definitivo. Quanto
ao cargo de director ele possui muita experiência visto que assumiu o cargo á
cinco anos.

Relativamente à segunda pergunta, onde os autores desse trabalho


procuravam saber se escola tem um bom ambiente que permite a socialização
dos alunos foi notório um bom ambiente que permite a socialização mas
verificamos que há pouca socialização por parte das adolescentes gravidas.

Quanto à pergunta número três, foi possível compreender que a escola tem
matriculado as adolescentes gravidas e segundo o director da escola das
alunas gravidas são matriculadas no período ou turno noturno, esta situação
pode pode colocar em risco aprendizagem das adolescentes gravidas nesta
escola.

33
A quarta pergunta procurava saber sobre o rendimento escolar das
adolescentes gravidas na instituição, nas declarações do senhor director o
rendimento das alunas gravidas é baixa tendo em conta os resultados que
temos obtido nas avaliações. Na análise dos autores do presente trabalho o
baixo rendimento prende-se também com o período do qual as alunas gravidas
são colocadas.

Já a quinta pergunta, procura saber se os professores estão preparados ou


capacitados para lidar com esta situação, em resposta o caderão mximo da
escola afirma que nem todos professores estão preparados para responder
este fenómeno entendendo que alguns professores não são doutados de
agregação pedagógica.

Analisando a sexta pergunta onde as autoras do presente trabalho procuravam


saber sobre será que a gravidez constitui um obstáculo para o processo
de aprendizagem das adolescentes nas escola em causa. Tevemos uma
resposta positiva a que dá entender que a direcção da escola tem consciencia
de que a gravidez pode ser um grande risco para o processo de ensino
apremdizagem.

Analisando a setima pergunta sobre que tratamento, abordagem ou resposta a


escola apresenta face a este problema. Notou-se que a escola não esta
preparada para dar respostas adequada a este problema porque poucos são
os especialista que se preocupam dirigirem as suas investigações neste campo
do saber.

No que tange a oitava pergunta que buscava saber que estratégias os


professores utilizam para a motivação das adolescentes grávidas o director
da escola não mencionou nenhuma o que levou os autores tasta investigação
presumirem que a direcção da escola desconhece as estrategias que possa
resolver este problema.

Correlação a nona questão que procurava saber que importância as


adolescentes grávidas atribuem ao seu percurso o directivo foi claro e feliz em
afirmar que não consigo far ser uma inferencia a cerca da questão que acabou

34
de me colocar, pelo que, o assunto em investigação não é familiar.

Resultados do questionário aplicado aos professores (Anexo 4)

Como o objectivo é de compreender desses actores as respectivas percepções


a cerca do fenómeno do insucesso escolar nas escolas, decidiu – se utilizar um
questionário. Dos quinze professores questionados, 40% são do sexo feminino
e 60% são do sexo masculino. Desses questionados 20% com menos de 7
anos de experiência na docência, 33% com 7 a13 anos e os restantes (46%)
com uma carreira docente superior ou igual a 14 anos igualmente distribuídos
entre sexos. Analisando a qualificação científica e pedagógica para a docência,
nota – se que dos professores inquiridos todos têm formação para trabalhar no
Ensino primário, visto que 60% são Licenciados, 26% são bacharéis e apenas
14% possuem curso médio. Podemos dizer que a maioria dos inqueridos estão
preparados pedagogicamente para leccionar com sucesso, porque tendo
preparação pensamos que estão aptos para lidar com as crianças e aplicando
estratégias de melhoria do ensino.

Quanto à pergunta nº 1, que procurava saber se O professor (a) está


preparado (a) para lidar com as alunas gravidas na sala de aula. Verificamos
que um número maior não esta capacitado para intervir neste problemas de
forma pedagógica.

Extracto Frequência Percentagem


Sim 6 40%
Não 9 60%
Total 15 100%
Já na questão nº 2 que procurava saber qual é o rendimento escolar das
adolescentes gravidas. Analisando a tabela abaixa vemos que o maior numero
de docentes declara que é baixo tendo em conta as consequência que a
gravidez na adolescência traz para esta etapa da vida.

Extracto Frequência Percentagem


Alto 5 34%
Médio 3 20%
Baixo 7 46%
Total 15 100%

35
Na pergunta nº 3 onde se pediu ou se procurava saber se A escola tem
promovido seminário ou estratégias que visam capacitar os professores (as)
para intervir neste aspecto, depois da análise da tabela percebemos que
poucas vezes que a escola tem promovido seminário ou estratégias que visam
solucionar problemas de géneros.

Extracto Frequência Percentagem


Sim 3 20%
Não 4 26.6%
As vezes 8 53.4%

Total 15 100%

A pergunta nº 4 procurou saber se quais são as estratégias que a escola utiliza


pra minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino
aprendizagem, pela análise do quadro podemos dizer que a maioria dos
professores apontam para capacitação dos professores. Assim de acordo com
os dados podemos verificar que a reprovação é mais acentuado nos pais que
nunca visitam a escola.

Extracto Frequência Percentagem


Gincana 5 33.3%
Palestra de 0 0%
sensibilização
Conferência
Capacitação do 10 66.6%
professor
Reunião com os 0 0%
pais e
encarregados
de educação
Total 15 100%
Já na quinta pergunta, onde os autores desta investigação procuravam saber
se o professor (a) O professor (a) tem intervindo no processo de ensino e

36
aprendizagem das alunas gravidas e dos alunos que engravidam. O quadra
ilustra que uma parte significativa afirmam que as vezes.

Extracto Frequência Percentagem


Sim 3 20%
Não
As vezes 12 80%
Total 15 100%

Relativamente a sexta pergunta e por sinal a última dirigida aos professores


procurava saber a opinião do mesmo sobre as causas das repetências das
adolescentes gravidas todos indicaram complicações na gestação. Pela análise
dos dados podemos verificar que há um desconhecimento das estratégias a
adequadas que visam banir este impacto por parte dos professores.

Extracto Frequência Percentagem


Complicações na 5 33.3%
gestação
Pouco estudo 5 33.3%
Criar a actividade 3 20%
que motiva o
interesse das alunas

Dialogo diário 2 13%


Total 15 100%

Os resultados do instrumento aplicado aos professores evidenciam que os


mesmos têm consciência de que o insucesso escolar no processo de ensino
aprendizagem dos alunos é um fenómeno que afecta a qualidade dos alunos
no ensino primário por isso nota-se que os professores não estão preparados
para lidar com os alunos portadores de insucesso escolar; têm pouco
conhecimento de que de que o insucesso escolar provem de enes factores.

37
Resultados do questionário aplicado aos alunos (Anexo 5)

Todas as alunas que constituíram a nossa amostra responderam o


questionário. Assim segundo os dados neste estudo participaram uma
população constituída por 25 alunos dos quais 29.5% são repetentes e não
repetentes são 70.4% ambos da escola em referencia. Quanto ao sexo é de
salientar que todas são sexo feminino. As idades dessas alunas estão
compreendidas entre 13 a 15 anos e mais. De acordo com a lei de acesso e
permanência dos ciclos podemos dizer que muitos desses alunos estão na
idade de permanência escolar nesse ciclo de estudo. A média da idade para
esses alunos é de 15 anos.

Quanto à pergunta nº 1 que procurou saber a história de vida das adolescentes


notamos o seguinte: no concernente à história pessoal e familiar, pode-se
inferir que as adolescentes questionadas referem-se à infância, evocando
algum sofrimento emocional, geralmente devido à separação dos pais e por
terem sido criadas por outros familiares. Das doze questionadas, sete
descrevem que a separação foi um dos momentos mais difíceis das suas vidas,
duas viveram com familiares e apenas duas referem ter vivido sempre ao
cuidado dos pais.

Extracto Frequência Percentagem


Mal 7 58.3%
Boa 5 41,6%
Total 12 100%

Na pergunta nº 2 que almeja saber os acontecimentos chaves. Relativamente


a este acontecimento chave, as 12 participantes no estudo referem como
momento mais feliz da vida as festas de aniversário, viagens com os pais,
reconciliação dos pais e uma apenas refere quando teve a primeira relação
sexual. Os dados obtidos demonstram que grande parte das adolescentes em
estudo citam a família nos aspetos vivenciados de grande felicidade. Os
psicólogos concordam sobre a grande importância da família na determinação
de nossos traços da personalidade. Os pais e as condições do lar moldam a

38
criança, em seus primeiros anos de vida. Observam-se os “efeitos sobre as
crianças no facto de terem crescido em ambiente de harmonia, em ambiente de
conflitos e ainda em lares desestruturados” (ausência de um dos pais em razão
de morte, divórcio ou outros) (Barros & Guimarães, 2005, p. 55).

Extracto Frequência Percentagem


festas de 5 41.6%
aniversário
Viagens com os 5 41,6%
pais
2 16,6
Primeira relação
sexual

Total 12 100%

Já na pergunta nº 3 onde as autoras procuravam saber a experiecia da


gravidez. Dos testemunhos abaixo citados, podemos observar que a grande
maioria das adolescentes não estavam emocionalmente preparadas para
assumirem a gravidez nesta faixa etária e etapa da vida. Os relatos apontam
expressões como “fiquei muito triste”, “não queria esta gravidez”, “não estou
preparada para ser mãe”, “queria acabar o ensino médio”, “ainda sou muito
criança”. Houve demonstração de medo de enfrentar a gravidez perante a
família, da reação dos pais e das ameaças patentes de que se um dia
engravidassem seriam postas fora de casa. A gravidez indesejada na
adolescência é perturbadora, é assumida como um entrave nos planos de
vida. As entrevistadas demostraram a preferência de terem contado primeiro
às mães do que à figura paterna, referindo serem mais agressivos,
mostraram plenamente o sentimento de medo perante a reação destes.

Extracto Frequência Percentagem


Estava 3 25%

39
emocionada de
alegria
Esteva 9 75%
emocionada
medo dos pais
Total 12 100%

Na pergunta nº 4 onde os autores desta investigação procuravam saber sobre


o tratamento que a escola dá as adolescentes gravidas. Das adolescentes em
estudo, nove foram transferidas do turno diurno (manhã e tarde), para o turno
noturno, apenas uma ainda se mantem no período da tarde. Manifestaram
descontentamento perante essa mudança, alegando que não gostam dos
professores, porque eles não dão atenção, que é muito difícil estudar à noite
devido à distância e que se deslocam a pé sendo arriscado devido à
insegurança noturna de bandidagem, assaltos entre outros. Apenas uma se
declarou favorável à argumentação que fundamenta a mudança, apesar de não
gostar. Somente uma única referiu gostar da mudança, porque no turno da
noite há mais grávidas, o que a deixa mais confortável.

Extracto Frequência Percentagem


Transferencia 10 83.3%
para outr turno
Não preta 2 16,6%
atenção
Sombam de nos 0 0%
Total 12 100%

Na pergunta nº 5 onde procurava-se saber as relações das adolescentes com


seus parceiros. Das doze adolescentes questionadas, a maioria referem que o
parceiro não está assumir a gravidez e estão infelizes. Não Participam e nem
acompanham a gravidez apenas uma minoria demonstrou que tem esse apoio
do companheiro.

As teorias de Bowlby (cit. in Fleming, 1997) são de grande interesse dada a


riqueza que o modelo maturacional contém para a compreensão dos
mecanismos da vinculação e da separação. Quanto ao desenvolvimento das

40
ligações de vinculação durante a adolescência, verifica-se que outros adultos
podem assumir importância maior ou igual à dos pais e a atração sexual pelos
pares entra em jogo. Os comportamentos revelam-se muito heterogéneos,
situando-se no espectro entre vinculação e separação: há adolescentes que
rompem com os pais e há adolescentes que permanecem extremamente
vinculados e são incapazes ou recusam dirigir o seu laço vinculativo para
outros. Entre estes dois extremos, encontram-se a maioria dos adolescentes,
cuja ligação aos pais permanece poderosa, ainda que as relações que
estabelecem com os outros adquiram muita importância.

Extracto Frequência Percentagem


Boa 3 25%
Mal 9 75%
Total 12 100%

A sexta pergunta que procurava saber o rendimento escolar das adolescentes.


Segundo as opiniões de muitas adolescentes, desde que engravidaram o seu
rendimento tem sofrido alterações negativas, notas baixas, revelam pouca
vontade de ir à escola, e de revisar a matéria. Apenas algumas refere que a
gravidez não está a interferir com o seu rendimento. Todas as quetionadasadas
foram unânimes em afirmar que estudar no turno da noite não é fácil, sentem-
se mais cansadas e com os perigos constantes de terem que andar a pé
grandes distâncias às escuras e expostas aos perigos de bandidos.

A ansiedade é uma das variáveis afetivo-cognitivas da personalidade muito


estudada e com aplicações quer na clinica, quer no campo pedagógico e
social. Ela influencia as tarefas de rendimento cognitivo. Segundo Spielberger
(1979), os indivíduos mais ansiosos, sob moderado ou elevado stress, tendem
a ter menor rendimento, devido a uma componente cognitiva da ansiedade – a
preocupação. Não obstante, a relação entre ansiedade e realização escolar é
ambígua, pois muitos resultados são contraditórios, embora se assista, na
maior parte das pesquisas, a uma correlação negativa entre ansiedade e
rendimento escolar. Depende da quantidade da ansiedade, assistindo-se por
isso a uma relação curvilínea entre as duas variáveis: se for moderada, a
ansiedade pode ser positiva, mas se atingir níveis elevados torna-se negativa.

41
Há certamente uma ansiedade que facilita a aprendizagem (estimulante) e
outra que dificulta (inibidora ou debilitante)..

Extracto Frequência Percentagem


Alto 3 25%
Baixo 9 75%
Total 12 100%

O instrumento aplicado aos alunos revelou claramente as causas e


necessidadas dos alunos sobre a gravidez na adolescência , por isso têm de
ser ajudado no processo de ensino aprendizagem; e também revelou que têm
dificuldades e estão transferidos num turno que não lhes favorecm para
enfrentar o processo de ensino e aprendizagem de uma maneira singular isto
é, sem o auxilio dos professores.

O anteriormente expresso no instrumento aplicado aos professores e o


aplicado aos alunos, preocupa os autores do presente trabalho, porque estas
dificuldades são indicadores de um começo de mal qualidade de ensino que se
reflete na pouco desempenho escolar dos alunos que por uma ou outra razão
não vivem juntos dos seus pais. Por isso, para que estes problemas que os
alunos apresentam sejam minimizados, é necessário trabalhar com o professor
e família, isto é, dar-lhe uma preparação metodológica, já que o professor é um
líder na sala de aulas e seu comportamento e atitudes reflectem-se nos alunos.
O contacto directo que estabelece com os alunos, lhe possibilita instruí-los,
educá-los e ao mesmo tempo apoia-los. Quanto a família sabe que ela é a
célula básica de qual quer sociedade por isso consciencializa-los para
despertar a sua função é a melhor forma para se obter um ensino de qualidade.

2.2. PROPOSTA DE UM CONJUNTO DE ESTRATÉGIAS


PSICOPEDAGÓGICAS, PARA MINIMIZAR O IMPACTO DA GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS DA 7ª CLASSE DA ESCOLA DO Iº CICLO DO ENSINO
SECUNDÁRIO 17 DE SETEMBRO Nº 41 DO CUITO/ BIÉ.
A elaboração da presente proposta estratégias psicopedagógicas, é resulta do
da análise as aulas observadas, da entrevista aplicada ao corpo directivo e do
questionário dirigido aos professores e aos alunos da presente investigação em

42
suas diferentes etapas, com a intenção de melhorar a actuação dos
professores no processo docente educativo.

Objectivo geral da proposta:

Fortalecer os pais e professores qualidades técnico pedagógico para intervir na


gravidez na adolescencia das alunos da 6ª classe da escola primária nº 6
helena de almeida no cuito/Bié.

.Fundamentação da proposta

Nesta proposta de um conjunto de de estratégias psicopedagógicas, para


minimizar o impacto da gravidez na adolescência no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos da 7ª classe da escola do iº ciclo do ensino
secundário 17 de setembro nº 41 do cuito/ Bié.
. os autores do presente trabalho, colocam no centro de suas atenções os
professores e a família por causa dos problemas relacionados a separação dos
pais e faze-los adquirir condições propícias no processo de ensino
aprendizagem dos alunos com insucesso escola de modo adquirirem
competências indispensáveis para a realização a intervenção para melhorar
este fenómeno dentro da instituição escolar.

Deste modo os autores do presente trabalho estão de acordo com Sousa


(2010), quando afirma que o fenómeno da massificação do ensino caraterizar-
se por nela existirem alunos com caraterísticas, necessidades e interesses
muito distintos e por esta razão, o professor tem que ser formado para ser
capaz de dar resposta à diversidade de alunos e às exigências sociais,
estruturando o ensino com situações pedagógicas que permitam aos alunos
construírem a aprendizagem, gerindo o currículo escolar de forma flexível, em
função das necessidades e dos interesses dos seus alunos, e apostando na
utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas que conduzam a uma igual
mestria do maior número possível deles.

Destaca-se aqui o professor e a família porque eles exerce um papel essencial


nos processos de mudança da sociedade ao contribuir com seu saber, valores
e experiências na difícil tarefa de intervir no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos.

43
De acordo com o anteriormente referido, pensa-se que se os professores as
famílias tiverem sido capacitado metodologicamente para este trabalho de
intervir no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com os pais
separados isto fará com que os alunos tenham mias desempenho escolar.

Entretanto, a fundamentação do conjunto de acções metodológicas tem seu


sustento no enfoque histórico-cultural de Vygostsky, (1987) porque na sua
execução haverá envolvimento dos professores, das autores do presente
trabalho e do contexto social para que por meio de debates, argumentação e
“discussão” teórico-metodológicos se busquem alternativas para os problemas
relacionados com a orientação profissional dos alunos para que sejam capazes
de superarem problemas que atravessam na escola.

Deste modo, o conjunto de acções psicoeducativa elaboradas desenvolver-se-


á tendo em conta quatro momentos específicos:

• Formação de equipas de trabalho;

• Apresentação da situação problemática;

• Apresentação do critério de cada equipa a volta do assunto em causa;

• Os orientadores darão um parecer final que vai indicar o fim da actividade.

Na indicação da actividade os orientadores começam por apresentar a situação


problemática que concebem em função do tema da actividade a desenvolver e
os possíveis procedimentos que serão posteriormente apresentados.

O essencial para este conjunto de acções psicopedagógica propostas é de


favorecer um espaço de debates aberto, onde se promovam análises e
reflexões de forma a desenvolver e transformar a prática pedagógica dos na
escola em estudo. Para se poder atingir estes objectivos se pretende realizar
as seguintes acções psicopedagógica:

1. Como educar sexualmente a minha filha?

2. Como motivar adolescente gravida no processo de ensino e aprendizagem?

3. Como a escola deve tratar as alunas gravidas ?

Conjunto de estratégias psicopedagógicas, para minimizar o impacto da


gravidez na adolescência no processo de ensino e aprendizagem dos

44
alunos da 7ª classe da escola do iº ciclo do ensino secundário 17 de
setembro nº 41 do cuito/ Bié.

Estrategia psicopedagógica nº1.

Título: Como educar sexualmente a minha filha?

Objectivo: Explicar a consequência da gravidez aos pais/encarregado de


educação de modo a ter conhecimento do fenómeno.
Forma de execução: apresentar um texto que reflete a gravidez na
adolescência.
Participantes: professos, directivos e pais/encarregados de educação.
Orientadores: as autoras da presente pesquisa, mas em coordenação com
uma pessoa mais experiente em orientação profissional.
Local: escola.
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações da estratégia :
Para a realização da actividade apresenta-se um texto que reflete o insucesso
escolar de um aluno.
:

O aspeto mais importante do desenvolvimento emocional durante o inicio


da infância não é a emergência de novas emoções, tais como o orgulho e a
culpa, mas sim o desenvolvimento da “habilidade para inibir, aumentar,
manter e modular o despertar de emoções a fim de realizar certos objectivos”
(Eisenberg et al.,1997). Assim, o orgulho é temperado pela culpa (e vice versa);
a alegria pela tristeza; a raiva pelo medo; o medo pelos rituais. Essa habilidade,
chamada regulação emocional, é desenvolvida em resposta às expectativas da
sociedade. De acordo com Daniel Goleman, a habilidade para modular e
dominar as emoções é crucial para a inteligência emocional, isto é aprendido
no início da infância quando as áreas intelectuais e reflexivas do cérebro
gradualmente governam um ataque de medo, raiva ou outras paixões oriundas
da amígdala.

A aprendizagem adequada na infância pode prevenir a aparição de


respostas emocionais negativas tais como os vícios, a delinquência, a

45
maternidade na adolescência ou o suicídio (Goleman, 1998; Berger, 2003, p.
198) .A seguir pedese a opião dos pais sobre o assunto.

Para dar solução a esta situação problemática o procedimento é o seguinte:

1- Formar equipas de trabalho que estejam compostas pelos professores.


2- Cada equipa apresentará uma proposta de como eles procederiam para
resolver a situação problemática apresentada inicialmente.
3- Depois da reflexão por equipa segue o debate onde cada equipa
apresentará seu critério.
4- No final do debate, os orientadores darão um parecer fina que vai indicar
o desfecho e o juízo moral da história.

Estratégia psicopedagógica nº2

Título: Como motivar adolescente gravida no processo de ensino e


aprendizagem?

Objectivo: Desenvolver a capacidade cognitiva dos professores e pais .


Forma de execução: contar uma história relacionada com fenómeno em
causa.
Participantes: professores e directivos encarregado de educação.
Orientadores: as autoras do trabalho presente com a participação de outras
pessoas experientes na matéria.
Local: centro cultural.
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações da actividades:
Para a realização da actividade apresenta-se uma historia que indica uma das
causas da gravidez.
O futuro é, por excelência, o tempo psíquico determinante, organizador da
motivação e da ação. Por isso, a projeção do futuro demonstra adaptação
resiliente e competência autorreguladora (Boyd & Zimbardo, 2008; Jesus,
2013). Todas as adolescentes têm perspetivas ambiciosas quanto à sua
carreira futura, não inibiram as suas expectativas, apesar das mensagens
sociais estigmatizantes. Todas referiram querer prosseguir os estudos para o
nível superior para se poderem formar nas mais diversas áreas, com uma

46
incidência proeminente para seguirem a carreira de professora. A escola é
geralmente o contexto onde o adolescente passa uma parte significativa do seu
tempo, sendo este espaço fecundo no contato e nas trocas relacionais e
afetivas. Além disso, é também na escola que o adolescente, com a sua
capacidade de pensar além do presente, se prepara para o desenvolvimento
de uma outra tarefa que envolve a implicação e preparação da carreira
profissional (cf. “tarefas de desenvolvimento” de Havighurst, 1972). Como
referem Monteiro e Ribeiro dos Santos (2005, p. 53), o raciocínio hipotético-
dedutivo é, no desenvolvimento psicossocial, uma arma poderosa nas opções
profissionais, nos caminhos que se aspira, na construção de projetos futuros
(Pessanha et al., 2010, p. 94). Para tal é necessário:
1- Formar equipas de trabalho que estejam compostas pelos professores e
directivos.
2- Cada equipa reflecte sobre o assunto.
3- Abrir um debate geral com todas as equipas.
4- No fim do debate os orientadores farão o encerramento de actividade.
5- Estratégia psicopedagógica nº3:

Título: 3. Como a escola deve tratar as alunas gravidas ?

Objectivo: analisar com os presentes sobre algumas formas possíveis que


pode estimular as alunas gravidas .

Forma de execução: debater com os participantes sobre o assunto em causa.


Participantes: professores, directivos e encarregado de educação.
Orientadores: as autoras do trabalho presente com a participação de outras
pessoas experientes na matéria.
Local: escola.
Tempo de duração: 45 minutos.
Método: elaboração conjunta.
Orientações da actividade:
Para a realização da actividade é necessário:
Para enfrentar o insucesso escolar, a criança deve ter confiança em si e sentir-
se segura. Para que a sua auto-estima se desenvolva é importante ter uma boa
relação com os pais, familiares, professores ou outras pessoas que a rodeiam.
Um clima emocional estável reduz a ansiedade, a agitação, o desassossego. A

47
criança precisa saber em quem pode confiar, o que pode ou não fazer e ter
limites bem definidos. Para tal e necessário:

1. Formar equipas de trabalho que estejam compostas pelos professores e


directivos.

2. Cada equipa reflecte sobre o assunto.

3. Abrir um debate geral com todas as equipas.

4. No fim do debate os orientadores apresentarão algumas formas de estimular


o aluno .

Conclusões parciais do capítulo II

Falar de gravidez na adolescência é um desafio, por ser um tema pouco


explorado e por constituir um problema social, não afetando somente as
adolescentes envolvidas, mas também as famílias e a própria sociedade em
geral.

As consonâncias e dissonâncias que emergem entre as perceções e atitudes


dos três grupos de sujeitos revelam a complexidade sócio-simbólica do
fenómeno “gravidez na adolescência” e permitem-nos compreender a
organização dos discursos e das práticas interativas..

CONCLUSÕES GERAIS

1. Nos seus depoimentos, muitas adolescentes referem-se à infância

48
evocando algum sofrimento emocional (e.g., à separação dos pais,
“adoção” por outros familiares, violência física e verbal, e
comportamentos poligâmicos paternos). Portanto, há uma grande
discrepância emocional entre as adolescentes que viveram sempre
com os pais e as que sofreram separação parental. Em geral, as
adolescentes identificaram a própria gravidez como sendo o
momento negativo mais marcante da sua biografia, mostrando
sofrimento pela “perda de liberdade”, “vergonha” de enfrentar pessoas,
amigos e colegas, e consequente “evitamento” e “isolamento social”.
2. Nas representações dos pais, verifica-se uma notável heterogeneidade
de respostas que revelam diferentes reações emocionais (entre a tristeza
e a “normalidade”), atitudes ambivalentes e diversos modos de
“descoberta”, que se integram num processo de aceitação e de
esforço de aproximação empática, orientados pela primazia dos “valores
da família”..
3. A proposta de um conjunto de estrategias psicopedagógica, previamente
elaboradas pode constituir via fundamental para minimizar o impacto da
gravidez na adolescência no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos da 7ª classe da escola do iº ciclo do ensino secundário 17 de
setembro nº 41 do cuito/ bié.

RECOMENDAÇÕES

1. Que a Escola do Iº ciclo do ensino secundário 17 de setembro nº 41 do

49
cuito/Bié, crie condições para a preparação metodológica das alunas
para a intervenção do insucesso escolar dos alunos no espaço das
actividades docentes.
2. Que a Escola Superior Pedagógica do Bié incentive os estudantes para
a realização de pesquisas sobre este campo do saber para resolver
problema do genéro no contexto Angolano em particular biena dada a
sua importancia.

50

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