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Resolução CNE/CES n° 01, de 29 de dezembro de 2020. Dispõe sobre prazo de implantação das
novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) durante a calamidade pública provocada pela
pandemia da COVID-19.
Conselho Nacional de Educação
RESPOSTA do CNE Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. Consulta protocolada sob
o n os 23001.000350/2019-80 e 23001.000462/2019-31solicitando esclarecimentos acerca da
oferta do curso de graduação em Educação Física.
Conselho Nacional de Educação
Parecer CNE/CES 584/2018: o ‘Parecer’ das incertezas....? Por uma Educação Física
Unificada: a certeza da resistência.
Adriana Machado Penna
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
I – RELATÓRIO
1. Introdução
Luiz Curi e outros – 0030 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23001.000030/2011-72
A base conceitual das DCNs em Educação Física apoia-se em um quadro teórico legal
de referenciais, que inclui: Constituição Federal de 1988; Lei Orgânica do Sistema Único de
Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e as alterações introduzidas pela Lei nº
9.836/1999, nº 10.424/2002, nº 11.108/2005, nº 12.401/2011 e nº 12.864/2013; Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; Lei do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior nº 10.861, de 14 de abril de 2004; Lei
nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá
outras providências; Parecer CNE/CES nº 58, de 18 de fevereiro de 2004; Resolução
CNE/CES nº 7, de 31 de março de 2004; Parecer CNE/CES nº 142, de 14 de junho de 2007 e
Resolução CNE/CES nº 7, de 4 de outubro de 2007, que tratam das Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Educação Física, oferecendo, definitiva e
objetivamente, as bases da transformação da Educação Física no Brasil, mediante a
construção de currículos capazes de propiciar ao estudante o desenvolvimento da postura
autônoma e crítica, diante da própria formação.
Assim, essas DCNs em Educação Física estabelecem que o Curso de Graduação em
Educação Física deverá assegurar uma formação acadêmico-profissional generalista,
humanista e crítica, qualificadora de uma intervenção fundamentada no rigor científico, na
reflexão filosófica e na conduta ética. O graduado em Educação Física deverá estar
qualificado para analisar criticamente a realidade social, para nela intervir acadêmica e
profissionalmente por meio das manifestações e expressões culturais do movimento humano,
tematizadas nas diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo,
do esporte, da luta/arte marcial, da dança, visando a formação, a ampliação e o
enriquecimento cultural das pessoas para aumentar as possibilidades de adoção de um estilo
de vida fisicamente ativo e saudável.
A finalidade é possibilitar que as pessoas, independentemente de idade, de condições
socioeconômicas, de condições físicas e mentais, de gênero, de etnia, de crença, tenham o
conhecimento e a possibilidade de acesso à prática das diferentes expressões e manifestações
culturais do movimento humano, compreendidas como direito inalienável de todo(a)
cidadão(a) e como importante patrimônio histórico da humanidade e do processo de
construção da individualidade humana.
Neste contexto, estas DCNs em Educação Física representam um marco na formação
dos estudantes por preconizar a aquisição, durante sua graduação, de competências,
habilidades e atitudes, de modo que se alcance os seguintes perfis do formando
egresso/profissional:
Além do quadro legal, explicitado acima, as DCNs em Educação Física tiveram como
base os seguintes referenciais: Declarações Mundiais sobre Educação Superior no Século XXI
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PROCESSO Nº: 23001.000030/2011-72
das Conferências Mundiais sobre o Ensino Superior, realizadas pela Unesco; Relatórios das
Conferências Nacionais de Saúde, realizadas pelo Ministério da Saúde e instrumentos legais,
que regulamentam o exercício dos profissionais da Educação Física.
Com base no acima exposto, foram definidos como objeto e como objetivo geral das
Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Educação Física, o que segue:
4. Apreciação do relator
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II – VOTO DA COMISSÃO
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PARECER HOMOLOGADO
Portaria n° 1.349, publicada no D.O.U. de 17/12/2018, Seção 1, Pág. 33.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
PROJETO DE RESOLUÇÃO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Luiz Curi e outros – 0030 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23001.000030/2011-72
CAPÍTULO II
DA ETAPA COMUM
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CAPÍTULO III
DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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CAPITULO IV
DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
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CAPÍTULO IV
DAS DIRETRIZES GERAIS
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optar pelas novas diretrizes, em acordo com suas respectivas instituições, e, neste caso,
garantindo as adaptações necessárias aos princípios das novas diretrizes.
Art. 30 As Instituições de Educação Superior poderão, a critério da Organização do
Projeto Pedagógico Curricular do Curso de Educação Física, admitir, em observância do
disposto nesta Resolução, a dupla formação dos matriculados em bacharelado e licenciatura.
Art. 31 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas a
Resolução CNE/CES nº 7, de 31 de março de 2004, a Resolução CNE/CES nº 7, de 4 de
outubro de 2007, e demais disposições em contrário.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
(*)
Resolução CNE/CES 6/2018. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de dezembro de 2018, Seção 1, pp. 48 e 49.
CAPÍTULO II
DA ETAPA COMUM
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Art. 8º A etapa comum deverá proporcionar atividades acadêmicas integradoras tais
como:
a) nivelamento de conhecimentos aos ingressantes por meio de processo avaliativo e
acolhimento próprio.
b) disciplinas de aproximação ao ambiente profissional de forma a permitir aos
estudantes a percepção acerca de requisitos profissionais, identificação de campos ou áreas
de trabalho e o desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas interativas com
espaços profissionais, inclusive escolas de educação básica e média.
Parágrafo único. As instituições, no âmbito de suas políticas institucionais
curriculares, deverão desenvolver as atividades acima, preferencialmente, em 10% da carga
horária adotada na etapa comum.
CAPÍTULO III
DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO
FÍSICA
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problematizar e sistematizar conhecimentos teóricos e práticos sobre motricidade
humana/movimento humano/cultura do movimento corporal/atividade física nas suas
diversas manifestações (jogo, esporte, exercício, ginástica, lutas e dança), no âmbito do
Ensino Básico.
Art. 10 O Licenciado em Educação Física terá formação humanista, técnica, crítica,
reflexiva e ética qualificadora da intervenção profissional fundamentada no rigor científico,
na reflexão filosófica e na conduta ética no magistério, ou seja, na docência do componente
curricular Educação Física, tendo como referência a legislação própria do Conselho
Nacional de Educação para a área.
Art. 11 As atividades práticas da etapa específica da Licenciatura deverão conter o
estágio supervisionado, bem como outras vinculadas aos diversos ambientes de
aprendizado escolares e não escolares.
§ 1º O estágio deverá corresponder a 20% das horas referenciais adotadas pelo
conjunto do curso de Educação Física ao aprendizado em ambiente de prática real, e deverá
considerar as políticas institucionais de aproximação ao ambiente da escola e às políticas de
extensão na perspectiva da atribuição de habilidades e competências.
§ 2º O estágio deverá expressar e integrar o conjunto de atividades práticas realizadas
ao longo do curso e ser oferecido, de forma articulada, com as políticas e as atividades de
extensão da instituição com curso.
§ 3º Os graduandos em atividades de estágio deverão ter seu desempenho e
aproveitamento avaliado por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto
Pedagógico Curricular do Curso e do Projeto Institucional.
Art. 12 A etapa específica da Licenciatura em Educação Física deverá desenvolver,
além do estágio, outras atividades práticas como componente curricular, distribuídas ao
longo do processo formativo;
Parágrafo único. As atividades de que trata o caput poderão ser desenvolvidas de
forma articulada com disciplinas existentes ou serem organizadas como disciplinas ou
atividades acadêmicas próprias.
Art. 13 A etapa específica para formação em Licenciatura deverá desenvolver
estudos integradores para enriquecimento curricular, com carga horária referenciada em
10% do curso, compreendendo a participação em:
a) seminários e estudos curriculares, em projetos de iniciação científica, iniciação à
docência, residência docente, monitoria e extensão, entre outros, definidos no projeto
institucional da Instituição de Educação Superior e diretamente orientados pelo corpo
docente da mesma instituição;
b) atividades práticas articuladas entre os sistemas de ensino e instituições educativas
de modo a propiciar vivências nas diferentes áreas do campo educacional, assegurando
aprofundamento e diversificação de estudos, experiências e utilização de recursos
pedagógicos;
c) intercâmbio acadêmico interinstitucional; e
d) atividades de comunicação e expressão, visando à aquisição e à apropriação de
recursos de linguagem capazes de comunicar, interpretar a realidade estudada e criar
conexões com a vida social;
Art. 14 A etapa específica para formação em Licenciatura deverá garantir nos
currículos interdisciplinares, seus fundamentos e metodologias, bem como conteúdos
relacionados aos fundamentos da educação e à formação na área de políticas públicas e
gestão da educação para o desenvolvimento das pessoas, das organizações e da sociedade.
Art. 15 Os cursos de Licenciatura em Educação Física, respeitadas a diversidade
nacional e a autonomia pedagógica das instituições, devem garantir uma formação
profissional adequada aos seguintes conteúdos programáticos:
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a) Política e Organização do Ensino Básico;
b) Introdução à Educação;
c) Introdução à Educação Física Escolar;
d) Didática e metodologia de ensino da Educação Física Escolar;
e) Desenvolvimento curricular em Educação Física Escolar;
f) Educação Física na Educação Infantil;
g) Educação Física no Ensino Fundamental;
h) Educação Física no Ensino Médio;
i) Educação Física Escolar Especial/Inclusiva;
j) Educação Física na Educação de Jovens e Adultos; e
k) Educação Física Escolar em ambientes não urbanos e em comunidades e
agrupamentos étnicos distintos.
Art. 16 Os cursos de Licenciatura em Educação Física, respeitadas a diversidade
nacional e a autonomia pedagógica das instituições, deverão, ainda, incluir as seguintes
atividades:
a) observação, análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação de processos
educativos e de experiências educacionais em instituições educativas;
b) pesquisa e estudo da legislação educacional, processos de organização e gestão
educacional, trabalho docente, políticas de financiamento educacional, avaliação e
currículo; e
c) pesquisa e estudo das relações entre educação e trabalho, educação e diversidade,
direitos humanos, cidadania, educação ambiental, entre outras temáticas centrais da
sociedade contemporânea.
Art. 17 O processo de avaliação da formação específica da Licenciatura deverá ser
realizado de forma a fortalecer o aprendizado, incluir relatórios de atividades práticas,
textos escritos, fichamento bibliográfico, apresentação de estudos individuais e em grupos e
avaliações seriadas do conjunto dos conteúdos das disciplinas ao final de cada semestre.
CAPITULO IV
DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BACHARELADO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA
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c) intervir acadêmica e profissionalmente de forma fundamentada, deliberada,
planejada e eticamente balizada nos campos da prevenção, promoção, proteção e
reabilitação da saúde;
d) intervir acadêmica e profissionalmente de forma fundamentada, deliberada,
planejada e eticamente balizada em todas as manifestações do esporte e considerar a
relevância social, cultural e econômica do alto rendimento esportivo;
e) intervir acadêmica e profissionalmente de forma fundamentada, deliberada,
planejada e eticamente balizada no campo da cultura e do lazer;
f) participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de
discussão, de definição, de planejamento e de operacionalização de políticas públicas e
institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação não escolar, da
segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros;
g) diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas (crianças,
jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência, de grupos e comunidades especiais) de
modo a planejar, prescrever, orientar, assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos
e programas de atividades físicas e/ou esportivas e/ou de cultura e de lazer;
h) conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar diferentes técnicas,
instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias para a intervenção acadêmico-
profissional em Educação Física nos seus diversos campos de intervenção, exceto no
magistério da Educação Básica;
i) acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e de áreas
afins, mediante a análise crítica da literatura especializada com o propósito de contínua
atualização acadêmico-profissional; e
j) utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a
ampliar e diversificar as maneiras de interagir com as fontes de produção e de difusão de
conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito de
contínua atualização acadêmico-profissional.
Art. 19 O Bacharel em Educação Física terá formação geral, humanista, técnica,
crítica, reflexiva e ética, qualificadora da intervenção profissional fundamentada no rigor
científico, na reflexão filosófica e na conduta ética em todos os campos de intervenção
profissional da Educação Física.
Art. 20 A formação do Bacharel em Educação Física, para atuar nos campos de
intervenção citados no caput do Art. 10, deverá contemplar os seguintes eixos
articuladores:
I - saúde: políticas e programas de saúde; atenção básica, secundária e terciária em
saúde, saúde coletiva, Sistema Único de Saúde, dimensões e implicações biológica,
psicológica, sociológica, cultural e pedagógica da saúde; integração ensino, serviço e
comunidade; gestão em saúde; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e
programas de Educação Física na saúde;
II - esporte: políticas e programas de esporte; treinamento esportivo; dimensões e
implicações biológica, psicológica, sociológica, cultural e pedagógica do esporte; gestão do
esporte; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e programas de esporte; e
III - cultura e lazer: políticas e programas de cultura e de lazer; gestão de cultura e de
lazer; dimensões e implicações biológica, psicológica, sociológica, cultural e pedagógica do
lazer; objetivos, conteúdos, métodos e avaliação de projetos e programas de Educação
Física na cultura e no lazer.
Art. 21 A etapa específica para formação do Bacharelado deverá garantir nos
currículos interdisciplinares, seus fundamentos e metodologias, bem como conteúdos
relacionados à formação na área de políticas públicas e gestão para o desenvolvimento das
pessoas, das organizações, da economia e da sociedade.
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Art. 22 As atividades práticas da formação específica do Bacharelado deverão conter
o estágio supervisionado de 20% das horas referenciais adotadas pelo conjunto do curso de
Educação Física, oferecido na área de bacharelado.
§ 1º O estágio deverá corresponder ao aprendizado em ambiente de prática real,
considerando as políticas institucionais de aproximação a ambientes profissionais e as
políticas de extensão na perspectiva da atribuição de habilidades e competências.
§ 2º O estágio deverá expressar etapas de práticas anteriores de aproximação ao
ambiente profissional e ser oferecido de forma articulada com as políticas e as atividades de
extensão da instituição junto ao curso.
§ 3º Os graduandos, em atividades de estágio, deverão ter seu desempenho e
aproveitamento avaliado por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto
Pedagógico Curricular do Curso e do Projeto Institucional.
Art. 23 A formação específica do Bacharelado deverá desenvolver, além do estágio,
outras atividades práticas como componente curricular, distribuídas ao longo do processo
formativo.
Parágrafo único. As atividades de que trata o caput poderão ser desenvolvidas de
forma articulada com disciplinas existentes ou serem organizadas como disciplinas ou
atividades acadêmicas próprias, correspondendo a 10% das horas referenciais adotadas pelo
conjunto do curso de Educação Física.
Art. 24 O processo de avaliação da formação específica do Bacharelado deverá ser
realizado de forma a fortalecer o aprendizado, de modo a incluir relatórios de atividades
práticas, textos escritos, fichamento bibliográfico, apresentação de estudos individuais e em
grupos e avaliações seriadas do conjunto dos conteúdos das disciplinas ao final de cada
semestre.
CAPÍTULO IV
DAS DIRETRIZES GERAIS
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Art. 27 A implantação e desenvolvimento das DCNs do Curso de Graduação em
Educação Física deverão ser acompanhadas, monitoradas e avaliadas, visando ao seu
aperfeiçoamento.
Art. 28 O Curso de Graduação em Educação Física em funcionamento terá o prazo
de 2 (dois) anos a partir da data de publicação desta Resolução, para implementação das
presentes diretrizes.
Art. 29 Os graduandos em Educação Física, matriculados antes da vigência desta
Resolução, têm o direito de concluir seu curso com base nas diretrizes anteriores, podendo
optar pelas novas diretrizes, em acordo com suas respectivas instituições, e, neste caso,
garantindo as adaptações necessárias aos princípios das novas diretrizes.
Art. 30 As Instituições de Educação Superior poderão, a critério da Organização do
Projeto Pedagógico Curricular do Curso de Educação Física, admitir, em observância do
disposto nesta Resolução, a dupla formação dos matriculados em bacharelado e
licenciatura.
Art. 31 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas a
Resolução CNE/CES nº 7, de 31 de março de 2004, a Resolução CNE/CES nº 7, de 4 de
outubro de 2007, e demais disposições em contrário.
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Carta da Educação Física ao Conselho Nacional de Educação
É importante destacar que, a mera explicitação das questões acima não contemplará as
necessidades postas às comunidades acadêmica, científica e ao movimento estudantil, desde a
aprovação das novas DCNs da EF. Diante desses fatos, solicitamos ao CNE que considere a
necessidade da revogação das novas DCNs da Educação Física, passando à convocação de toda a
comunidade acadêmica, científica, movimento estudantil, entre outras entidades e indivíduos
interessados em contribuir, para participação em audiência pública com o objetivo de aprofundar as
discussões sobre tais Diretrizes. Estamos certos de que em função das condições atuais do país,
sob as quais se encontra submetida a educação de modo geral, e a educação superior em particular,
é mais que necessário que nos coloquemos em defesa de uma Educação Física que privilegie a
formação humana fundada em bases técnico-científicas críticas, que se articulem às ciências
humanas e naturais, associada à reflexão filosófica, política e à expressão artística e literária.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
I – RELATÓRIO
Histórico
[...]
a nova DCN de Educação Física indica a obrigatoriedade de que a Instituição
oferte o curso de Educação Física tanto para o grau “bacharelado” como para
“licenciatura”, de forma que o aluno que optar por um curso de Educação Física
deva cursar um núcleo comum e em determinado ponto do curso, escolher entre
qualquer um dos graus e seguir o percurso formativo complementar específico,
conforme trechos da resolução transcritos abaixo.
Marilia Ancona – 9476 Documento assinado eletronicamente nos termos da legislação vigente
PROCESSO Nº: 23000.029476/2019-46
[...]
SIMEC:421531 – CUBE: 4059676 – UNIVERSIDADE LUTERANA DO
BRASIL – ULBRA – (449) – Data: 24/09/2019
(...) recebemos a informação que deveríamos solicitar dois códigos de curso de
Educação Física, um para o bacharelado e outro para a licenciatura, e deveríamos
solicitar para a SERES criar um código ABI para ingresso dos estudantes. Entretanto,
surgiram novas dúvidas que repassamos abaixo e contamos com vossos
esclarecimentos para atender as novas DCNs dos cursos de Educação Física: 1) Se a
IES já possui um curso de Educação Física – bacharelado, é obrigada a solicitar
autorização para outro código para a Educação Física – licenciatura, mesmo que a
IES não tenha intenção de ofertar a licenciatura do curso de Educação Física? Neste
caso haveria ingresso apenas no curso de Educação Física – Bacharelado. Este
questionamento se justifica porque temos campi que não existe demanda para a
licenciatura da Educação Física. Então não haveria motivo para autorizar e manter
uma estrutura sem alunos. 2) Se a IES, sem autonomia, já tem um curso de Educação
Física – bacharelado autorizado e em funcionamento, deve solicitar um novo código
para a licenciatura via protocolo de processo de autorização de cursos no Sistema e-
MEC ou apenas solicitar a inserção de um novo código através s de demanda a
SERES? 3) Se a IES possui um curso de Educação Física – bacharelado, autorizado e
em funcionamento, poderá expedir diplomas de bacharelado ou de licenciatura sem
necessitar cadastrar um novo código de curso para a Educação Física Licenciatura?
Uma vez que o aluno poderá optar por qualquer uma das formações,
licenciatura ou bacharelado, entende-se clara a necessidade da existência de dois
cursos no Cadastro e-MEC que respaldem a diplomação em qualquer um dos graus.
Diante do exposto solicita-se o esclarecimento de como deve ser realizada a
operacionalização da Resolução nº 6/2018 no âmbito do Cadastro e-MEC e caso haja
a confirmação de que o entendimento da CGGIRES indicado acima está correto,
ainda restam alguns pontos por definir, por exemplo, sobre a) como as IES deverão
proceder no caso de só possuírem curso de educação física em um dos graus? B)
quando a instituição ainda não possui nenhum curso de educação física deverá
solicitar dois processos de autorização um para cada grau obrigatoriamente? ”
A CGDIRES aguarda as orientações necessárias para atendimento das
demandas das instituições.
Considerações da Relatora
[...]
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) do curso de graduação em Educação Física, assim denominado, a serem
observadas na organização, desenvolvimento e avaliação dos cursos, estabelecendo
as suas finalidades, os princípios, os fundamentos e a dinâmica formativa.
Parágrafo Único – São objetos destas Diretrizes, os cursos de graduação
denominados, exclusivamente, de Educação Física.
Art. 2º O curso de graduação em Educação Física tem carga horária
referencial de 3.200 (três mil e duzentas) horas para o desenvolvimento de atividades
acadêmicas.
Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção
profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação a motricidade ou
movimento humano, a cultura do movimento corporal, com foco nas diferentes formas
e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, das lutas e da
dança, visando atender às necessidades sociais no campo da saúde, da educação e da
formação, da cultura, do alto rendimento esportivo e do lazer.
Art. 4º O curso de graduação em Educação Física deverá articular a formação
inicial e continuada, tendo como premissa a autonomia do(a) graduando(a) para o
contínuo aperfeiçoamento, mediante diversas formas de aprendizado.
Art. 5º Dada a necessária articulação entre conhecimentos, habilidades,
sensibilidade e atitudes requerida do egresso para o futuro exercício profissional, a
formação do graduado em Educação Física terá ingresso único, destinado tanto ao
bacharelado quanto à licenciatura, e desdobrar-se-á em duas etapas, conforme
descrição a seguir:
[...]
a) “(...) como as IES deverão proceder no caso de só possuírem curso de
educação física em um dos graus? ”
[...]
b) “(...) quando a instituição ainda não possui nenhum curso de educação física
deverá solicitar dois processos de autorização um para cada grau obrigatoriamente?”
A instituição solicitará autorização para o curso de graduação em Educação Física e,
em sua autonomia, decidirá ofertar uma ou duas das etapas específicas do curso, explicitando
sua opção.
II – VOTO DA RELATORA
Ministério da Educação
SGAS, Av. L2 Sul, Quadra 607, Lote 50 - Bairro Asa Sul, Brasília/DF, CEP 70200-670
Telefone: 2022-7734 - h p://www.mec.gov.br
OFÍCIO Nº 310/2020/CES/SAO/CNE/CNE-MEC
Brasília, 06 de julho de 2020.
Ao senhor
Prof. Dr. MÁRIO HEBLING CAMPOS
Diretor da Faculdade de Educação Física e Dança
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Prezado Senhor,
https://sei.mec.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=2137247&codigo_crc=78c4103F&hash_downl… 1/5
17/07/2020 SEI/MEC - 2137247 - Ofício
https://sei.mec.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=2137247&codigo_crc=78c4103F&hash_downl… 2/5
17/07/2020 SEI/MEC - 2137247 - Ofício
§ 2º O estágio deverá expressar e integrar o conjunto de a vidades prá cas realizadas ao longo do
curso e ser oferecido, de forma ar culada, com as polí cas e as a vidades de extensão da ins tuição
com curso.
§ 3º Os graduandos em a vidades de estágio deverão ter seu desempenho e aproveitamento avaliado
por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto Pedagógico Curricular do Curso e do
Projeto Ins tucional.
[...]
Art. 22 As a vidades prá cas da formação específica do Bacharelado deverão conter o estágio
supervisionado de 20% das horas referenciais adotadas pelo conjunto do curso de Educação Física,
oferecido na área de bacharelado.
§ 1º O estágio deverá corresponder ao aprendizado em ambiente de prá ca real, considerando as
polí cas ins tucionais de aproximação a ambientes profissionais e as polí cas de extensão na
perspec va da atribuição de habilidades e competências.
§ 2º O estágio deverá expressar etapas de prá cas anteriores de aproximação ao ambiente profissional
e ser oferecido de forma ar culada com as polí cas e as a vidades de extensão da ins tuição junto ao
curso.
§ 3º Os graduandos, em a vidades de estágio, deverão ter seu desempenho e aproveitamento
avaliado por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto Pedagógico Curricular do Curso e
do Projeto Ins tucional.
10. No que se refere à oferta específica do curso de graduação em Educação Física, licenciatura,
importa registrar que, não obstante a obrigação de a IES atender, de forma ar culada, tanto o que dispõe as
DCNs do curso, no que se refere à etapa comum e à etapa específica referente à formação para o
licenciado, quanto as DCNs para a formação inicial de professores para a Educação Básica, consubstanciadas
na Resolução CNE/CP nº 2/2019, importa destacar que a carga horária para o estágio supervisionado para o
curso de licenciatura em Educação Física deverá ser aquela preconizada na Resolução CNE/CES nº 6/2018,
tendo em vista tratar-se de norma específica para o curso.
11. Ainda sobre o caput do ar go 11, que prescreve que as a vidades prá cas da etapa
específica da Licenciatura deverão conter o estágio supervisionado, bem como outras vinculadas aos
diversos ambientes de aprendizado escolares e não escolares, tal determinação se dá considerando o
escopo de atuação do graduado em Educação Física.
12. Tanto do ponto de vista do mérito quanto do ponto de vista formal, a formação acadêmica
de licenciados e de bacharéis os qualifica indis ntamente para o registro profissional como possuidores de
diploma ob do em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido, nos termos do art. 2º
da Lei nº 9.696/1998, de modo a atuarem profissionalmente – tanto bacharéis quanto licenciados – na área
da Educação Física em espaços profissionais não-escolares como academias, clubes espor vos e similares.
13. A Resolução em comento, além do estágio, prevê outras a vidades como componente
curricular, dentre as quais a vidades prá cas, cuja carga horária deverá ser de 10% da carga total do curso,
conforme o ar go 13 e ar go 23, referentes à formação em licenciatura e em bacharelado,
respec vamente:
Art. 13 A etapa específica para formação em Licenciatura deverá desenvolver estudos integradores
para enriquecimento curricular, com carga horária referenciada em 10% do curso, compreendendo a
par cipação em:
a) seminários e estudos curriculares, em projetos de iniciação cien fica, iniciação à docência,
residência docente, monitoria e extensão, entre outros, definidos no projeto ins tucional da Ins tuição
de Educação Superior e diretamente orientados pelo corpo docente da mesma ins tuição;
b) a vidades prá cas ar culadas entre os sistemas de ensino e ins tuições educa vas de modo a
propiciar vivências nas diferentes áreas do campo educacional, assegurando aprofundamento e
diversificação de estudos, experiências e u lização de recursos pedagógicos;
c) intercâmbio acadêmico interins tucional; e
d) a vidades de comunicação e expressão, visando à aquisição e à apropriação de recursos de
linguagem capazes de comunicar, interpretar a realidade estudada e criar conexões com a vida social;
[...]
Art. 23 A formação específica do Bacharelado deverá desenvolver, além do estágio, outras a vidades
prá cas como componente curricular, distribuídas ao longo do processo forma vo.
https://sei.mec.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=2137247&codigo_crc=78c4103F&hash_downl… 3/5
17/07/2020 SEI/MEC - 2137247 - Ofício
Parágrafo único. As a vidades de que trata o caput poderão ser desenvolvidas de forma ar culada
com disciplinas existentes ou serem organizadas como disciplinas ou a vidades acadêmicas próprias,
correspondendo a 10% das horas referenciais adotadas pelo conjunto do curso de Educação Física.
[...]
14. Para a etapa comum, a Resolução prevê a vidades acadêmicas, com carga horária
preferencial de 10% da carga horária comum, totalizando 160 horas:
Art. 8º A etapa comum deverá proporcionar a vidades acadêmicas integradoras tais como:
a) nivelamento de conhecimentos aos ingressantes por meio de processo avalia vo e acolhimento
próprio.
b) disciplinas de aproximação ao ambiente profissional de forma a permi r aos estudantes a percepção
acerca de requisitos profissionais, iden ficação de campos ou áreas de trabalho e o desenvolvimento
de a vidades didá co-pedagógicas intera vas com espaços profissionais, inclusive escolas de
educação básica e média.
Parágrafo único. As ins tuições, no âmbito de suas polí cas ins tucionais curriculares, deverão
desenvolver as a vidades acima, preferencialmente, em 10% da carga horária adotada na etapa
comum.
15. Com relação às a vidades previstas nas DCNs, incluindo aquelas constantes no ar go 25, que
possuem carga horária flexível, cumpre esclarecer que é prerroga va da ins tuição de ensino a definição da
matriz curricular do curso ofertado, desde que atenda às diretrizes curriculares nacionais, tenha coerência
com o Projeto Pedagógico do Curso e respeite o disposto na legislação específica.
16. Ainda em atenção ao ques onamento referente ao estágio e às a vidades de extensão,
importa registrar que o estágio supervisionado possui, como pressuposto, a formação e a prá ca
profissional voltada à especialidade de cada curso, que, por sua vez, não se confunde com as a vidades de
extensão, cujo obje vo, mais amplo, propõe a interação entre as ins tuições de ensino superior e outros
setores da sociedade.
17. Nesse sen do, destacamos o texto do Parecer CNE/CES nº 608/2018, que fundamentou a
Resolução CNE/CES nº 7/2018, que estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira
e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação -
PNE 2014-2024 e dá outras providências:
A qualificação da formação do estudante, por meio de seu envolvimento em a vidades extensionistas,
depende também, no âmbito interno das ins tuições de ensino, de um diálogo franco e permanente
dos órgãos, des nados ao fomento das a vidades extensionistas, com os colegiados de gestão
acadêmica da graduação e da pós-graduação, de forma que possibilite a aplicação efe va das
Diretrizes de Extensão e da legislação vigente.
Essa estruturação norma va e legal, portanto, deve orientar o estabelecimento de regras para o
estágio supervisionado, bem como para a composição da grade curricular, levando em conta a
correlação entre a carga horária e os créditos atribuídos, ou a previsão de cronogramas de disciplinas e
regras disciplinares.
[...]
Como se observa, este Parecer considera, prioritariamente, como a vidades de extensão, as
intervenções que envolvam diretamente as comunidades externas às ins tuições de ensino superior e
que estejam vinculadas à formação do estudante e amparadas por diretrizes e princípios claramente
definidos, podendo ser complementadas por normas ins tucionais próprias.
Segundo sua caracterização, nos projetos polí cos pedagógicos dos cursos, as a vidades de extensão
devem se inserir em programas, cursos e oficinas, eventos e prestação de serviços. No entanto, as
a vidades de extensão não devem se reduzir às a vidades exclusivamente provenientes de polí cas
ins tucionais próprias. É desejável, desse modo, que as a vidades incluam, além dos programas
ins tucionais, eventualmente também programas de natureza governamental, que atendam a
polí cas municipais, estaduais, distritais e nacional.
[...]
Como se percebe, os projetos polí cos pedagógicos dos cursos de graduação deverão, portanto, se
adequar ao novo ordenamento legal da extensão, de modo que confira às a vidades de extensão a
importância necessária, além de caracterizar adequadamente a par cipação dos estudantes,
permi ndo-lhes, dessa forma, a obtenção de créditos curriculares ou carga horária equivalente após
a devida avaliação. Para tanto, as a vidades de extensão devem ter sua proposta, desenvolvimento e
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conclusão registrados, documentados e analisados, de forma que seja possível organizar os planos de
trabalho, as metodologias, os instrumentos e os conhecimentos gerados.
Nesse sen do, torna-se imprescindível que tais a vidades sejam sistema zadas, acompanhadas,
fomentadas e avaliadas por instâncias administra vas ins tucionais devidamente estabelecidas,
conforme definido em regimentos próprios, e garantam o devido registro na documentação estudan l
como forma de reconhecimento da sua dimensão forma va. (Grifos nossos).
18. Conforme o entendimento acima exposto, as polí cas de extensão das IES deverão não
apenas nortear a composição da grade curricular, como também figurar como componente curricular dos
cursos de graduação, pificadas como tal na matriz curricular do curso, e caracterizadas nos termos da
Resolução CNE/CES nº 7/2018, conforme ar gos abaixo:
Art. 4º As a vidades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga
horária curricular estudan l dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular
dos cursos;
[...]
Art. 8º As a vidades extensionistas, segundo sua caracterização nos projetos polí cos pedagógicos dos
cursos, se inserem nas seguintes modalidades:
I - programas;
II - projetos;
III - cursos e oficinas;
IV - eventos;
V - prestação de serviços
[...]
Art. 12 A avaliação externa in loco ins tucional e de cursos, de responsabilidade do Ins tuto Anísio
Teixeira (INEP), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) deve considerar para efeito de
autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos, bem como para o
credenciamento e recredenciamento das ins tuições de ensino superiores, de acordo com o Sistema
Nacional de Avaliação (SINAES), os seguintes fatores, entre outros que lhe couber:
I - a previsão ins tucional e o cumprimento de, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga
horária curricular estudan l dos cursos de graduação para as a vidades de extensão pificadas no Art.
8º desta Resolução, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos;
Atenciosamente,
Referência: Caso responda a este O cio, indicar expressamente o Processo nº 23001.001057/2019-30 SEI nº 2137247
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Ministério da Educação
SGAS, Av. L2 Sul, Quadra 607, Lote 50 - Bairro Asa Sul, Brasília/DF, CEP
70200-670
Telefone: 2022-7734 - http://www.mec.gov.br
OFÍCIO Nº 361/2019/CES/SAO/CNE/CNE-MEC
Brasília, 18 de junho de 2019.
À Senhora
Profª. Drª. ZENÓLIA CHRISTINA CAMPOS FIGUEIREDO
Pró-Reitora de Graduação
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
zenolia.figueiredo@ufes.br
Prezada Senhora,
Atenciosamente,
OFÍCIO Nº 320/2020/CES/SAO/CNE/CNEMEC
Brasília, 09 de julho de 2020.
reitoria@ufu.br
3. Da leitura do argo 5º, temos claro que as DCNs concebem o curso de Educação
Física como um curso único, e, portanto, com um único Núcleo Docente Estruturante (NDE),
bem como com Projeto Pedagógico com matriz comum, cujo desenho curricular deverá
apresentar uma etapa inicial comum às duas formações, bacharelado e licenciatura, que, por
sua vez, contarão com percursos formavos disntos, não havendo, no entanto, a
obrigatoriedade de oferta de ambos, permindo à IES, em sua autonomia, oferecer apenas
uma das terminalidades específicas.
4. Assim, caso a instuição decida pela oferta da formação desnada apenas à
licenciatura ou apenas ao bacharelado, em ambos os casos, a organização curricular de cada
formação deverá se desenvolver com a carga horária referencial de 3.200 (três mil e duzentas)
horas, contemplar as habilidades e competências a serem desenvolvidas, assim como os
conteúdos curriculares que comporão os diversos eixos de formação, cabendo à IES,
observadas às DCNs do curso, definir a matriz curricular, garanndo as orientações das DCNs,
deixando claro aos alunos quais formações oferece.
5. Caso a IES oferte as duas formações, o ingresso no curso deverá ser único e
desdobrarse em duas etapas: uma etapa comum a todos os alunos e, a parr da escolha
efetuada no 4º semestre, uma etapa específica ou, ainda, ambas. A possibilidade de dupla
formação, preconizada no argo 30 das DCNs, delega à Instuição, no âmbito de sua
autonomia, adequar seu Projeto Pedagógico de Curso e definir como ela se dará, inclusive no
que diz respeito à possibilidade de cursar, concomitantemente, as duas formações,
respeitando o que determina a Resolução para cada etapa de formação específica,
especialmente no que se refere à observância das cargas horárias (1600 horas desnadas à
etapa comum e 1600 horas desnadas a cada etapa específica). O PPC do curso deverá, em
função desta permissão normava, exprimir essa composição, se for o caso, com a definição
das cargas horárias das disciplinas, com os objevos e as respevas diferenciações entre as
duas habilitações bem definidas.
6. No que se refere à oferta específica do curso de graduação em Educação Física,
licenciatura, importa registrar que, não obstante a obrigação de a IES atender, de forma
arculada, tanto o que dispõe as DCNs do curso, no que se refere à etapa comum e à etapa
específica referente à formação para o licenciado, quanto as DCNs para a formação inicial de
professores para a Educação Básica, consubstanciadas na Resolução CNE/CP nº 2/2019, temos
que a Resolução CNE/CES nº 6/2018 tratase de norma específica para o curso de graduação
em Educação Física. Portanto, a carga horária para o estágio supervisionado para a formação
do licenciado deverá ser aquela por ela preconizada.
7. Assim, considerando a composição do curso em duas etapas, conforme definido
no ar.go 5º da Resolução, temos que os 20% des.nados ao estágio supervisionado para cada
etapa específica, cuja escolha pelo aluno se dará no início do 4º semestre, estão inseridos na
carga horária total do curso de graduação em Educação Física, que, conforme o ar.go 2º, é de
3.200 horas referenciais, totalizando, portanto, 640 horas, nos termos do ar.go 11:
[...]
Art. 11 As a vidades prá cas da etapa específica da Licenciatura deverão conter o
estágio supervisionado, bem como outras vinculadas aos diversos ambientes de
aprendizado escolares e não escolares.
§ 1º O estágio deverá corresponder a 20% das horas referenciais adotadas pelo
conjunto do curso de Educação Física ao aprendizado em ambiente de prá ca real, e
deverá considerar as polí cas ins tucionais de aproximação ao ambiente da escola e às
polí cas de extensão na perspec va da atribuição de habilidades e competências.
§ 2º O estágio deverá expressar e integrar o conjunto de a vidades prá cas realizadas
ao longo do curso e ser oferecido, de forma ar culada, com as polí cas e as a vidades
de extensão da ins tuição com curso.
§ 3º Os graduandos em a vidades de estágio deverão ter seu desempenho e
aproveitamento avaliado por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto
Pedagógico Curricular do Curso e do Projeto Ins tucional.
[...]
Art. 22 As a vidades prá cas da formação específica do Bacharelado deverão conter o
estágio supervisionado de 20% das horas referenciais adotadas pelo conjunto do curso
de Educação Física, oferecido na área de bacharelado.
§ 1º O estágio deverá corresponder ao aprendizado em ambiente de prá ca real,
considerando as polí cas ins tucionais de aproximação a ambientes profissionais e as
polí cas de extensão na perspec va da atribuição de habilidades e competências.
§ 2º O estágio deverá expressar etapas de prá cas anteriores de aproximação ao
ambiente profissional e ser oferecido de forma ar culada com as polí cas e as
a vidades de extensão da ins tuição junto ao curso.
§ 3º Os graduandos, em a vidades de estágio, deverão ter seu desempenho e
aproveitamento avaliado por metodologia própria desenvolvida no âmbito do Projeto
Pedagógico Curricular do Curso e do Projeto Ins tucional.
10. Com relação às a.vidades previstas nas DCNs, cumpre esclarecer que é
prerroga.va da ins.tuição de ensino a definição da matriz curricular do curso ofertado, desde
que atenda às diretrizes curriculares nacionais, tenha coerência com o Projeto Pedagógico do
Curso e respeite o disposto na legislação específica.
11. Por fim, quanto ao prazo es.pulado para implementação da Resolução a ser
observado pelas Ins.tuições de Educação Superior para o curso de Educação Física deverá ser
aquele es.pulado no ar.go 28 da Resolução CNE/CES nº 6, de 18 de dezembro de 2018, que
determina 2 (dois) anos a par.r da data de publicação, que se deu no Diário Oficial da União
do dia 19 de dezembro de 2018, Seção 1, pp. 48 e 49, não havendo previsão para alteração
desse prazo.
12. Eram os esclarecimentos a serem prestados.
Atenciosamente,
Referência: Caso responda a este O'cio, indicar expressamente o Processo nº 23001.000505/202011 SEI nº 2143383
SEI/MEC - 2135579 - Ofício Page 1 of 3
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Ofício Nº 308/2020/CES/SAO/CNE/CNE-MEC
Ao Senhor
Pró-Reitor de Graduação
prograd@prograd.ufrgs.br
Senhor Pró-Reitor,
Recebemos, neste Conselho Nacional de Educação (CNE), o Ofício em epígrafe, protocolado sob o nº
23001.001075/2019-11, por meio do qual a Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), considerando o disposto na Resolução CNE/CES nº 6/2018, que
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Educação Física, solicita as seguintes
informações quanto à oferta do curso:
1) [...] Se, ao final da Etapa de Formação Comum, houver mais candidatos para determinada
formação específica do que vagas oferecidas, o que acontecerá com o estudante que não conseguir
entrar na formação elegida, por não atingir classificação que lhe permita ingressar no tipo de
formação elegida (Licenciatura ou Bacharelado)?
2) [...] a que tipo de curso superior o estudante estará vinculado na Etapa de Formação Comum?
3) Considerando [...] as horas instituídas na Resolução 06/2018 (1600 horas para Etapa de
Formação Comum e 1600 horas para cada Etapa de Formação Específica) e (IV) as horas definidas
na Resolução da BNCC de 7 de novembro de 2019 para a Formação de Professores (3200 horas),
como equacionar tais horas? Ou seja, as 3200 horas instituídas pela Resolução da BNCC não cabem
na Etapa Licenciatura instituída pela Resolução 06/2018 (1600 horas).
Art. 2º O curso de graduação em Educação Física tem carga horária referencial de 3.200 (três mil e
duzentas) horas para o desenvolvimento de atividades acadêmicas.
[...]
I - Etapa Comum - Núcleo de estudos da formação geral, identificador da área de Educação Física, a
ser desenvolvido em 1.600 (mil e seiscentas) horas referenciais, comum a ambas as formações.
II - Etapa Específica - Formação específica a ser desenvolvida em 1.600 (mil e seiscentas) horas
referenciais, na qual os graduandos terão acesso a conhecimentos específicos das opções em
bacharelado ou licenciatura.
§ 2º A formação para intervenção profissional à pessoa com deficiência deve ser contemplada nas
duas etapas e nas formações tanto do bacharelado, quanto da licenciatura.
[...]
Nesse sentido, cumpre esclarecer que as DCNs para o curso de graduação em Educação Física
determinam o ingresso único para o curso, que deverá se desdobrar em duas etapas: uma etapa
comum e uma etapa específica para a formação pretendida, cuja escolha se dará nos termos do artigo
5º, § 1º.
Este novo marco regulatório concebe o curso de graduação em Educação Física como um curso
único, e, portanto, com Projeto Pedagógico com matriz comum, ao qual o aluno se vincula quando do
ingresso no curso, restando claro a previsão de duas formações – licenciatura e bacharelado – com
percursos formativos distintos. Em ambos os casos, a organização curricular cada formação deverá
se desenvolver com a carga horária referencial de 3.200 (três mil e duzentas) horas, contemplar
as habilidades e competências a serem desenvolvidas, assim como os conteúdos curriculares que
comporão os diversos eixos de formação.
Assim, a IES que possui autorização para ofertar o curso superior de Educação Física passa a ter a
prerrogativa de fazê-lo em formato de dupla formação, possibilidade preconizada no artigo 30 das
DCNs, delegando à Instituição, no âmbito de sua autonomia, adequar seu Projeto Pedagógico de
Curso e definir como ela se dará, inclusive no que diz respeito ao remanejamento de vagas,
respeitando o que determina a Resolução para cada etapa de formação específica, resultando em
diploma único, devendo as terminalidades concluídas pelo aluno serem apostiladas.
Atenciosamente,
Referência: Caso responda a este Ofício, indicar expressamente o Processo nº 23001.001075/2019-11 SEI nº 2135579
A efetivação das análises se dará com a evolução dos recursos financeiros aplicados
no período de 2014-2020 e previstos para o ano de 2021. O recuo ao ano de 2014 se
justifica pelo fato de ter sido o ano em que se realizaram eleições presidenciais com
a reeleição de Dilma Rousseff e a partir deste fato houve a trama que culminou
no impeachment de Dilma Rousseff (2016), comandado pelo Deputado Federal
Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados, na assunção de Michel
Temer na presidência (2016), a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (2018-2019),
chegando a 2018 com a eleição de Jair Bolsonaro para o mandato de 2019 a 2022.
Ressalte-se que em todo esse período, de 17/03/2014 a 01/02/2021 esteve em
atividade a Operação Lava Jato que, utilizando-se de ações que contrariaram o
Estado Democrático e de Direito, participou de todo o processo, desde
o impeachment de Dilma Rousseff até a eleição de Bolsonaro.
Os valores apresentados estão em R$, corrigidos para janeiro de 2021, Pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Os valores relativos ao período 2014-2020 foram
obtidos da Execução Orçamentária da União (BRASIL.CAMARA DOS DEPUTADOS,
2021) e a proposta de 2021 são as estabelecidas no Projeto de Lei Orçamentária
Anual (PLOA) (BRASIL.CAMARA DOS DEPUTADOS, 2021).
A Função Educação
A Função Saúde
Neste caso os valores saíram de um valor um pouco maior que R$ 130,0 bilhões em
2014 para o patamar de R$ 120,0 bilhões entre 2015 e 2019 e uma previsão para
2021 de pouco mais de R$ 100,0 bilhões. O ano de 2020 se comportou de forma
atípica pela liberação de recursos especiais para o atendimento à Pandemia causada
pelo coronavírus (SARS-CoV-2), que resultou na Covid-19. A queda dos valores de
2014 para 2021 são da monta de R$ (-28,7) bilhões, o que representa uma queda de
21,6% em 2021, em relação a 2014.
A Função Cultura
Houve, portanto, nesta Função uma queda drástica de 2014 a 2020, saindo de
valores um pouco superiores a R$ 2,5 bilhões para valores muito pequenos, da
ordem de R$ 200 milhões; uma redução de R$ (-2,3) bilhões nesse período. Esta
redução significou uma queda de 90,2% nos valores de 2020 em relação a 2014. Há
uma recuperação na proposta orçamentária para 2020, para R$ 703,0 milhões, valor
ainda muito distante daquele de 2014.
Os valores sofreram uma abrupta queda de 2014 para 2015, saindo de valores
próximos de R$ 10,0 bilhões para R$ 4,0 bilhões. Houve de 2016 a 2020 uma
oscilação em torno de R$ 4,0 bilhões, caindo novamente de forma abrupta para R$
1,0 bilhão em 2021. Em relação ao valor de 2014 houve uma redução de 74,2% no
período em análise.
Uma análise acoplada desses dois gráficos nos leva a concluir que a queda na
necessidade de refinanciamento, de 2014 a 2019 se deu por um maior pagamento
de juros, encargos e amortização da dívida nesse mesmo período. A elevação do
refinanciamento da dívida se deve a dois fatores principais: endividamento devido
aos elevados recursos vinculados à Pandemia; e o aumento da dívida pública para o
pagamento de parte das despesas primárias do governo federal pela quebra da
chamada Regra de Ouro, que ocorre quando o governo tem que emitir títulos além
dos valores associados às despesas classificadas como investimento. Neste caso o
Congresso Nacional é responsável por autorizar a emissão de títulos da dívida para
o pagamento das despesas primárias do governo federal.
A comparação dos perfis desses dois gráficos com os anteriores – sempre com
drásticas quedas – sinaliza que o setor financeiro é uma prioridade nesse período.
Isto reflete o conteúdo da EC-95 que congelou por vinte anos as despesas primárias
e não estabeleceu nenhum limite para as despesas vinculadas a esse setor.
A Função Defesa Nacional teve seus valores financeiros, de 2014 a 2021 com o perfil
mostrado no gráfico 8.
Este resultado deixa bem explicitada uma condição estabelecida na EC-95 que é a de
que esta EC congelou as despesas primárias do Poder Executivo e não de cada um
dos setores que compõem esse poder. É, portanto, uma deliberação do governo
federal quando elabora as propostas de leis orçamentárias e do Congresso Nacional
quando as aprova, estabelecer os setores prioritários. E, nesse período, além das
despesas financeiras, foi colocada nesta condição prioritária a Defesa Nacional.
Nota-se uma drástica redução dos recursos para o pagamento de água, luz, internet,
vigilância, limpeza, terceirizados, aquisição de material de consumo etc. das
instituições, saindo de R$ 9,0 bilhões e caindo para valores em torno de R$ 5,5
bilhões em 2021; uma redução muita alta, de R$ (-3,5) bilhões, o que significa uma
queda de 38,9%. Esta redução compromete, de forma irremediável, o
funcionamento geral das instituições no ano de 2021. A Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), em 18/03/2021
promoveu uma coletiva à imprensa para expor a situação orçamentária das
Universidades e alertar a sociedade brasileira sobre a gravidade da situação e a
possibilidade da paralização das atividades institucionais no final do primeiro
semestre (ANDIFES, 2021).
Gráfico 11 – Evolução dos recursos financeiros associados aos Investimentos nas Universidades
Federais, no período 2014-2021.
Fonte: (BRASIL.CAMARA DOS DEPUTADOS, 2021)
Gráfico 12 – Evolução dos recursos financeiros associados ao pagamento de Pessoal dos Institutos
Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica, no período 2014-2021.
Fonte: (BRASIL.CAMARA DOS DEPUTADOS, 2021)
Há uma elevação de 2014 até 2020 e no ano de 2021 haverá uma queda da ordem
de R$ (-187,0) milhões. Foram valores em torno de R$ 9,0 bilhões em 2014 e entre
R$ 14,0 bilhões e R$ 15,0 bilhões em 2020. Assim como nas UFs, esta queda em 2021
já expressa uma corrosão salarial pela inflação.
Gráfico 14 – Evolução dos recursos financeiros associados aos Investimentos nos Institutos
Federais e Centros Federais de Educação Tecnológica, no período 2014-2021.
Gráfico 15 – Evolução dos recursos financeiros totais aplicados pelo FNDE no período 2014-2021.
Os recursos aplicados pelo FNDE sofreram uma redução de R$ (-20) bilhões de 2014
a 2020, o que comprometeu diversas ações que estavam implementadas em 2014,
dentre elas, a Complementação da União ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), a Concessão de Bolsas de apoio à Educação Básica, o Apoio ao
Desenvolvimento da Educação Básica, o Programa Dinheiro Direto na Escola
(PDDE), o Apoio ao Transporte Escolar, o Programa de apoio à Alimentação Escolar
(PNAE), a Produção, Aquisição e Distribuição de Livros e Materiais Didáticos e
Pedagógicos (Programa do LIVRO DIDÁTICO), o Apoio ao Transporte Escolar para a
Educação Básica – Caminho da Escola etc.
O FNDCT também teve uma forte redução de em seus recursos, passando de quase
R$ 4,0 bilhões em 2014 para um valor menor do que R$ 500,0 milhões em 2021,
uma redução de 90,6%, como mostrado no gráfico 18.
Considerações finais
Os 18 gráficos que ilustram as análises deste estudo não deixam dúvidas de que está
ocorrendo no Brasil um processo de destruição de setores sensíveis ao futuro de
uma Nação.
Referências
Editora Executiva
Profa. Dra. Maria de Lourdes Pinto de Almeida – Unoesc/Unicamp
Desventuras dos
professores na
formação para
o capital
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ISBN 978-85-7591-549-3
FAPE
CLACSO
1a edição
AGOSTO / 2019
IMPRESSÃO DIGITAL
IMPRESSO NO BRASIL
PREFÁCIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Selma Venco
APRESENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Olinda Evangelista
capítulo I
DESTERRO DOCENTE E FORMAÇÃO HUMANA
NOS GOVERNOS PETISTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Astrid Baecker Avila, Mauro Titton e
Olinda Evangelista
capítulo II
O CRESCIMENTO PERVERSO DAS
LICENCIATURAS PRIVADAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Allan Kenji Seki, Artur Gomes de Souza e
Olinda Evangelista
capítulo III
72 HORAS EM 16 MINUTOS: QUAL ESCOLA
PARA O PROFESSOR BRASILEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Olinda Evangelista, Allan Kenji Seki e
Artur Gomes de Souza
capítulo IV
VITÓRIA DA EAD OU DO CAPITAL? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Olinda Evangelista, Allan Kenji Seki e
Artur Gomes de Souza
capítulo V
O LABIRINTO DOS DADOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Olinda Evangelista, Allan Kenji Seki e
Artur Gomes de Souza
POSFÁCIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
João Zanardini
APÊNDICE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PREFÁCIO
Selma Venco
Verão, 2019
Referências
Olinda Evangelista
Florianópolis, abril de 2019
Introdução
8. Segundo Martins (2009, pp. 3), o TPE é um “think tank da área educacional,
isto é, [um] organismo especializado em produzir e difundir conhecimentos
e ideias para educação no país. [...] Os contribuintes são apresentados como
‘patrocinadores’ da organização e encontram-se divididos em três níveis que
variam de acordo com o valor do repasse. Ao todo, a organização conta com
dez contribuintes, entre eles: Grupo Gerdau, Grupo Suzano, Banco Itaú,
Banco Bradesco, Organizações Globo. No conjunto, destacam-se aqueles
grupos com atuação predominante no setor financeiro.” Informa o autor
que “O Grupo Gerdau (ligado ao setor de metalurgia) ocupa a chamada
‘cota ouro’ e se destaca como principal patrocinador da entidade.” Geral-
do e Leher (2016, pp. 2-3) explicam que “Em 2006, organizações sociais
privatistas se organizaram e formaram o Todos pela Educação. No governo
de Luiz Inácio Lula da Silva, houve a conjugação do neoliberalismo e pre-
ceitos do social-liberalismo da Terceira Via, operando um grande processo
transformista ao enfraquecer o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pú-
blica e redirecionando a agenda de importantes sindicatos de trabalhadores
da educação. [...] O Todos pela Educação, desde sua criação, atua como
um partido.”. Ainda, Evangelista e Leher (2012, pp. 5-6) assinalam que “O
ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, o ex-presidente do Instituto
11. Uma listagem não exaustiva dessas ações encontra-se no Apêndice, agru-
padas em quatro grandes dimensões, ressalvados seus entrecruzamentos:
formação inicial; formação continuada; ações de formação docente; acesso
ao ensino superior. Desse total, em torno de 11 foram executadas antes do
período de Fernando Haddad no Ministério da Educação (MEC), das quais
oito já existiam, algumas do governo FHC, outras anteriores, como é o caso
do Programa de Concessão e Manutenção de Bolsas de Pós-Graduação no
País, de 1951. Nos quase sete anos de seu ministério, Haddad demonstrou
grande capacidade gerencial e política sendo, talvez, difícil encontrar inicia-
tivas do MEC não nomeadas por ele e sua equipe. Em 2006, 2007 e 2008,
mais de trinta propostas foram instaladas. A listagem exibe a pulverização
da política educacional e concomitante focalização nos temas “candentes”
que a conjuntura apresentava.
12. A política de editais, ademais de intermitente, não raro atendeu a interesses
de grupos de pressão que lograram transformar em política pública deman-
das específicas. A abertura de editais para financiamento de temas em alta
configurou-se numa potente forma de cooptação de segmentos intelectuais
radicados nas universidades, públicas especialmente. Nas palavras do go-
verno: “A Capes não executa diretamente as ações de formação: são as uni-
versidades, os institutos e instituições formadoras credenciadas pelo MEC
forma de regime ditatorial nos anos de 1960 (aliás, como para grande parte
dos países da periferia do capitalismo).
15. Antes, na década de 1970, havia aportado na região, no Chile, tendo servido
de “balão de ensaio”. Sua difusão em outros países ocorreria a partir da
década de 1990.
16. A Unesco afirma que “Mesmo atuando em uma variedade distinta de cam-
pos, a missão central da Unesco é a construção da paz [...]. Para atingir
tal objetivo, a Unesco trabalha cooperando com os governos em seus três
níveis, com o Poder Legislativo e a sociedade civil, construindo uma rede de
parcerias, mobilizando a sociedade, aumentando a conscientização e edu-
cando para a Cultura de Paz. Exemplo disso é o Programa Abrindo Espaços
– desenvolvido em diversos estados e municípios do Brasil e, mais recen-
temente, em parceria também com o Governo Federal –, uma estratégia de
abertura das escolas públicas nos finais de semana, com atividades de arte,
esporte, cultura, lazer e cidadania, que se caracteriza como um eficiente
programa de inclusão social com forte componente de educação, promoção
da cultura de paz e redução da violência” (Diskin e Roizman 2002).
17. A Lei do Piso, nº 11.738, de 16 de julho de 2008 (Brasil 2008), previu prazo
para implementação, como se vê no Art. 6º: “A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios deverão elaborar ou adequar seus Planos de Carrei-
ra e Remuneração do Magistério até 31 de dezembro de 2009, tendo em vis-
ta o cumprimento do piso salarial profissional nacional para os profissionais
do magistério público da educação básica, conforme disposto no parágrafo
único do art. 206 da Constituição Federal.” Porém, até hoje não logrou ser
implementada na maioria dos Estados e Municípios brasileiros.
39
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015, 2017).
Nota: Elaboração própria. Nota específica: ∆ significa variação.
Gráfico 2 – Frequência de matrículas em cursos de licenciatura
por modalidade de ensino – 2003/2017 – Brasil
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015, 2017). [Nota: Elaboração própria]
CURSO N % % Acumulada
Formação de professor de matemática 8688 19 19,3
Formação de professor de química 8365 19 37,8
Formação de professor de biologia 6956 15 53,3
Formação de professor de física 5594 12 65,7
Formação de professor de computação (informática) 2979 6,6 72,3
Formação de professor de língua/literatura vernácula (português) 2696 6 78,3
Formação de professor de geografia 1866 4,1 82,4
Formação de professor de educação física 1553 3,4 85,9
Pedagogia 1443 3,2 89,1
Formação de professor de língua/literatura estrangeira moderna 834 1,9 90,9
43
Formação de professor de artes visuais 359 0,8 96,2
Formação de professor de teatro (artes cênicas) 354 0,8 97
Formação de professor de dança 272 0,6 97,6
Formação de professor de sociologia 206 0,5 98
Formação de professor de língua/literatura vernácula e língua estrangeira moderna 198 0,4 98,5
Formação de professor das séries iniciais do ensino fundamental 194 0,4 98,9
Licenciatura para a educação profissional e tecnológica 193 0,4 99,3
Formação de professor de história 186 0,4 99,7
Licenciatura Intercultural Indígena 120 0,3 100
Total 45056 100 100
21. Com base nos microdados do INEP, em 2017 tínhamos um quadro educati-
vo cruel. De cada 100 brasileiros, quatro frequentavam o Ensino Superior.
Destes quatro, três frequentavam IES privadas; um frequentava universida-
de pública; um cursava a modalidade EaD e três a modalidade presencial.
De cada 100 brasileiros com mais de 25 anos, sete eram analfabetos; 34 não
terminaram o Ensino Fundamental; 27 completaram o Ensino Médio e 16
completaram o Ensino Superior. Não temos de que nos orgulhar.
Referências
Introdução
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Tabela 2 – Número de matrículas de licenciaturas em Universidades por categoria administrativa e modalidade de ensino –
2003/2015 – Brasil
N % N % N % N %
Privada sem fins lucrativos 53438 9,56 183664 27,2 224879 26,1 192431 20,2
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
67
Na Tabela 2, anteriormente, percebemos que, entre 2003
e 2015, as matrículas na EaD nas universidades cresceram: nas
particulares, foram de 1,18% para 23,02%; nas privadas sem fins
lucrativos, de 0,37% para 10,50%. Sua contraface, redução de
23,22% para 3,2% das matrículas presenciais nas particulares, é
visível e assustadora, posto que mostra a tendência de abandono
da modalidade presencial na qualificação docente.6 Uma outra
tendência é perceptível: as matrículas presenciais privadas, em
2015, estavam concentradas em Faculdades; no caso da EaD em
universidades e centros universitários particulares. Corrobora essa
tendência o fato de que, entre 2007 e 2015, as universidades privadas
passaram de 87 para 88; os Centros de 116 para 140; as Faculdades
de 1.829 para 1.866 (Brasil 2017). Veremos oportunamente que não
é no número de IES, nem no de cursos, que o fenômeno da explosão
de matrículas nas licenciaturas e na EaD pode ser adequadamente
compreendido.
Conquanto em 2015 o percentual geral de matrículas
na modalidade EaD estivesse em 38,36%, restando 61,64% de
presenciais, eles não escondem um fato estarrecedor: em 2003,
último ano do segundo Governo FHC, a EaD somava 5,91% das
matrículas. Em 2007, último ano do primeiro governo Lula, os
microdados elucidam a nova tendência: as matrículas em EaD
saltaram de menos de 6% para 23,13% (Tabela 1).
O fato de que a formação esteja majoritariamente presente
nas Universidades e Centros Universitários poderia corroborar o
senso comum corrente de que nestas IES, públicas ou privadas,
a formação de boa qualidade estaria assegurada em razão de que
nelas, supostamente, se produziria ciência, pesquisa por um quadro
docente credenciado, além da extensão. Porém, as armadilhas
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
N % N % N % N %
Pública EaD 25.972 4,0% 1.657 1,0% 2.671 7,6% 2.000 8,2%
Total privadas EaD 315.915 48,4% 39.759 23,7% 1.356 0,8% 1.024 0,6%
Particular EaD 230.204 35,3% 36.660 21,9% 314 0,9% 189 0,8%
Privada sem fins lucrativos EaD 85.711 13,1% 3.099 1,8% 1.042 3,0% 835 3,4%
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
18. Não se trata de ignorar que nem sempre a pesquisa e a extensão nas univer-
sidades públicas podem ser consideradas 100% de interesse social geral. É
corrente o debate entre universitários acerca do aprisionamento da pesquisa
acadêmica por empresas ou por editais estatais com interesses dirigidos.
De outro lado, a extensão, não raro, toma a forma de venda de serviços. A
Universidade pública torna-se “plataforma de lançamento” e legitimação de
credenciais flexionadas às demandas do capital.
19. De acordo com Montaño (2015, pp. 29), “Esse é o grande papel ideológico
e mistificador da nova nomenclatura: converter o projeto que responde aos
interesses da fração de classe dominante em um projeto aceito por todos, ao
entoarem os ‘cânticos das Sereias’”.
UF N N % N % N % N % N % N %
MG 104188 17080 16,4 7758 7,4 39256 37,7 5247 5 32194 30,9 2653 2,5
PR 58197 23127 39,7 3251 5,6 18883 32,4 6575 11,3 6361 10,9 - -
TOTAL 870750 372766 42,8 36985 4,2 228815 26,3 11845 1,4 217686 25 2653 0,3
85
Tabela 6 – Frequência e percentual de matrículas em licenciaturas por Unidade da Federação – 2015 – Brasil
UF N N % N % N % N % N % N %
RO 18891 4221 22,3 311 1,6 2036 19,2 8716 46,1 1343 7,1 2264 12
AC 11322 5448 48,1 193 1,7 1076 2,7 3286 29 51 0,5 1268 11,2
AM 44301 25410 57,4 498 1,1 7829 12,3 2642 6 6315 14,3 1607 3,6
RR 8664 3933 45,4 1013 11,7 613 0 1410 16,3 295 3,4 1400 16,2
PA 69400 31083 44,8 634 0,9 4838 21,5 21009 30,3 3176 4,6 8660 12,5
AP 14418 6970 48,3 223 1,5 3411 10,1 1469 10,2 438 3 1907 13,2
TO 16520 8214 49,7 3290 19,9 1128 10,1 2852 17,3 492 3 544 3,3
MA 39105 24043 61,5 3340 8,5 6197 14,6 4503 11,5 839 2,1 183 0,5
PI 36664 21918 59,8 9924 27,1 2324 2,8 854 2,3 1364 3,7 280 0,8
CE 48495 33814 69,7 4134 8,5 4784 1,9 2700 5,6 2009 4,1 1054 2,2
RN 20213 13242 65,5 2477 12,3 1826 9,8 1576 7,8 982 4,9 110 0,5
PE 46923 27899 59,5 3143 6,7 4513 15,5 5066 10,8 5328 11,4 974 2,1
AL 24328 13300 54,7 2938 12,1 907 32,1 5006 20,6 1541 6,3 636 2,6
SE 19396 7565 39 3419 17,6 3914 39,9 4110 21,2 338 1,7 50 0,3
BA 89155 35444 39,8 7418 8,3 11096 16,8 28418 31,9 4006 4,5 2773 3,1
MG 120917 33281 27,5 6284 5,2 7986 37,7 41536 34,4 18925 15,7 12905 10,7
ES 37119 5862 15,8 2217 6 7280 40,5 8672 23,4 6076 16,4 7012 18,9
RJ 101116 31580 31,2 11116 11 12071 17,3 17234 17 27376 27,1 1739 1,7
SP 310910 31411 10,1 3605 1,2 68761 53,5 62913 20,2 87759 28,2 56461 18,2
PR 94866 30165 31,8 5560 5,9 10080 32,4 32949 34,7 9876 10,4 6236 6,6
SC 62057 10372 16,7 3413 5,5 2458 10,7 35254 56,8 7072 11,4 3488 5,6
RS 74146 18251 24,6 3837 5,2 1691 4,3 23345 31,5 22687 30,6 4335 5,8
MS 28610 9730 34 1332 4,7 1941 34,2 8343 29,2 4362 15,2 2902 10,1
MT 27491 10265 37,3 1203 4,4 2911 36,2 8313 30,2 2591 9,4 2208 8
GO 43791 17772 40,6 833 1,9 5206 16,6 11557 26,4 5652 12,9 2771 6,3
DF 30110 6701 22,3 32 0,1 8220 53,9 5198 17,3 7864 26,1 2095 7
87
A tabela 6 indica que o percentual de matrículas EaD em
licenciatura, no ano de 2015, correspondeu, em Santa Catarina,
a 67,9%, Roraima 59,8%, Minas Gerais 50,2%, Espírito Santo
48,2 e Paraná 47,2%, configurando-se nos estados em que a EaD
abocanhou maior parcela das matrículas de formação docente. A
Amazônia tem o menor percentual, 10,7%.
No que tange às matrículas EaD em IES particulares, somam
35.254 (56,8%) em Santa Catarina e 2.642 (6%) na Amazônia. A
hipótese propalada de que a expansão da EaD democratizaria o
acesso à formação nas regiões mais necessitadas ou nos lugares mais
distantes cai por terra. Em Santa Catarina, a Uniasselvi dominou
52,2% (22.003) do mercado de matrículas EaD em licenciatura,
ou seja, mais de um terço da formação de professores no estado se
encontra nessa situação.
20. Uma dessas articulações pode ser apreciada na parceria entre a Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais – FLACSO-Brasil com a Fundação
Ford que criaram o Grupo Estratégico de Análise da Educação Superior
(GEA-ES), um think tank sob coordenação de André Lázaro “com incidên-
cia nos meios político, acadêmico, empresarial e, especialmente, sobre a
mídia”. Segundo o portal, o GEA-ES objetiva “acompanhar, avaliar e inter-
vir nos debates sobre a expansão e democratização da educação superior no
Brasil”. Um de seus grupos de trabalho tematiza “Processos de diversifica-
ção e ampliação da oferta privada no ensino superior brasileiro e dinâmicas
de internacionalização”. Desenvolvem também pesquisa em parceria com a
Fundação Carlos Chagas e oferecem cursos para jornalistas acerca de suas
propostas para o ensino superior no Brasil (Flacso 2019).
21. Private Equity é “a modalidade de fundo de investimento que compra par-
ticipação acionária em empresas. Direcionado para negócios que já funcio-
nam e têm, em geral, boa geração de caixa. Tendem a investir em negócios
mais maduros, como consolidação e reestruturação. Em relação ao tipo de
capital empregado nos fundos de PE, em sua maioria são constituídos em
N % N %
Nota: *O Grupo Kroton adquiriu essas mantenedoras após o Censo de 2011. No dia
primeiro de março de 2016 o controle da Sociedade Educacional Leonardo da Vinci passou
para os fundos Carlyle e Vinci Partners (Carlyle 2016).25 Em 2018 25% da empresa foi
vendida para a “gestora americana Neuberger Berman” (Koike 2018).
Tristes conclusões
29. Essa problemática aparece na terceira das Teses sobre Feuerbach, escritas
em 1845: “A teoria materialista de que os homens são produto das circuns-
tâncias e da educação e de que, portanto, homens modificados são produto
de circunstâncias diferentes e de educação modificada esquece que as cir-
cunstâncias são modificadas precisamente pelos homens e que o próprio
educador precisa ser educado. Leva, pois, forçosamente, à divisão da so-
ciedade em duas partes, uma das quais se sobrepõe à sociedade (como, por
exemplo, em Robert Owen). A coincidência da modificação das circunstân-
cias e da atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente com-
preendida como prática transformadora”.
30. Nos primeiros 100 dias do governo Bolsonaro, o então Ministro da Edu-
cação, Vélez Rodríguez, declarou em entrevista à Veja que a Universidade
era para uma “elite intelectual”, ademais de estarem fadadas a caírem num
buraco sem fundo, a se evitar com a cobrança de matrículas, seguindo orien-
tação do Banco Mundial, e uma lei de responsabilidade fiscal para reitores.
Propunha ainda que se acabasse com as eleições diretas para reitor, pois
o deixavam refém dos sindicalistas organizados no “monstrengo” chama-
do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(ANDES-SN) (Castro e Vieira 2019, pp. 5). O Ministro não permaneceu
no cargo; em 8 de abril de 2019 novo nome foi anunciado, o do economista
Abraham Weintraub que não ficou devendo nada ao anterior: “Em Israel, o
Jair Bolsonaro tem um monte de parcerias para trazer tecnologia aqui para o
Brasil. Em vez de as universidades do Nordeste ficarem aí fazendo sociolo-
gia, fazendo filosofia no agreste, [devem] fazer agronomia, em parceria com
Israel. Acabar com esse ódio de Israel” (Souza 2019).
31. Citamos, à guisa de ilustração, o Unigranrio (Carioca Shopping, RJ), a Uni-
versidade Estácio de Sá (Pátio Norte Shopping, São José de Ribamar/MA),
Universidade Brasil (Shopping Fernandópolis, Fernandópolis/SP), Uni-
Sant’Anna (Shopping Aricanduva, SP/SP), UNOPAR (Shopping Boulevard,
Londrina/PR). Trata-se de um desses episódios de rara franqueza por parte
da burguesia, afinal, nada poderia ser mais revelador sobre a forma como a
educação superior é considerada por essas “empresas educacionais” do que
vendê-las em espaços como os Shoppings, que encarnam o próprio modo de
vida neoliberal.
Introdução
1. Virgínia Fontes (2019, grifos da autora) faz um cristalino raio X de seu pro-
jeto político: “Seu programa é resumido e brutal, com o aprofundamento das
privatizações de empresas públicas, o favorecimento de capitais estrangei-
ros e brasileiros; [...] a redução da previdência pública e sua substituição por
capitalização [...]; a gestão privada direta de políticas públicas universais
[...]; a redução de impostos; a desvinculação e desindexação das receitas e
gastos da União [...]; o aprofundamento da redução de direitos dos trabalha-
dores [...] e aumento da competição bancária [...]. [...] A atuação de Gue-
des (Ministro da Economia) fortalece o já tradicional peso da participação
direta empresarial em todos os ministérios e áreas estratégicas do Estado
(não reduzido pelos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff). Ainda não é
claro quais setores empresariais detêm as melhores posições neste governo,
embora os atuais ganhadores pareçam manter suas posições – agronegócio,
bancos e especuladores, mega-proprietários brasileiros (associados ou não
a estrangeiros) e, last but not least, mega-capitais estrangeiros sob intensa
adulação. A promessa de fartos ingressos de capitais estrangeiros, de manei-
ra surpreendente, vem acalmando os setores de capitais brasileiros médios e
grandes, que foram os principais mobilizadores do impeachment de Dilma e
da própria campanha de Bolsonaro”.
A concentração de matrículas
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015, 2017). [Nota: Elaboração própria]
Instituto Superior
Instituto Federal
Universidade
Faculdades
TOTAL
Privada sem
129.803 4.082 49.032 4.769 - 217.686
2003
fins lucrativos
Privada sem
109.880 48.073 40.040 - - 197.993
2007
fins lucrativos
Privada sem
113.928 3.002 109.944 - - 276.874
2011
fins lucrativos
Privada sem
92.249 45.168 91.898 - - 229.315
fins lucrativos
2015
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Centro Universitário
Instituto Superior
Instituto Federal
Universidade
Faculdades
TOTAL
fins lucrativos
Particular 6.575 2.463 1.974 - 833 11.845
Total 45.646 2.463 1.974 567 833 51.483
Pública 54.370 301 - - - 54.671
Privada sem
73.784 17.629 697 - - 92.110
2007
fins lucrativos
Particular 56.671 6.343 35.687 - - 98.701
Total 184.825 24.273 36.384 - - 245.482
Pública 99.482 - - - 4.371 103.853
Privada sem
110.951 19.745 12.820 - - 143.516
2011
fins lucrativos
Particular 76.896 52.489 51.523 - - 180.908
Total 287.329 72.234 64.343 - 4.371 428.277
Pública 80.024 - - - 5.189 85.213
Privada sem
100.182 22.751 3.167 - - 126.100
fins lucrativos
2015
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015). [Nota: Elaboração própria]
Fonte: Brasil, INEP (1999-2016) e Seki et al. (2017). [Nota: Elaboração própria]
O salto da EaD
[...] algo como uma ‘nova direita’ associativa, com ações voltadas
para a organização de setores das classes dominantes e para a
definição de pautas centrais, setoriais ou do conjunto da classe,
para a atuação parlamentar e governamental. [...] A dimensão
associativa – ou a sociedade civil, expressa em aparelhos
privados de hegemonia, da qual fazem parte também partidos,
sindicatos, mídia, escolas, clubes etc., segundo a conceituação
gramsciana – é espaço no qual se exercita a sociabilidade e onde
se travam as grandes batalhas pela compreensão do mundo, pela
consciência e pelas opções e possibilidades existentes de sua
conservação ou transformação.10
Ano Nome
Fonte: Dados retirados dos sites das respectivas entidades. [Nota: Elaborado por Seki
(2018)]11
11. A tabela foi elaborada por Allan Kenji Seki (2018), com base na pesquisa
de doutorado atualmente em andamento no Programa de Pós-graduação em
Educação da UFSC.
12. O Fórum reúne diversas entidades, tais como sindicatos, associações, fe-
derações e confederações entre as quais destacam-se as entidades que
representam os interesses das grandes mantenedoras do ensino superior
no Brasil, como a Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas
(ABESC), a Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP) e
a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015, 2017). [Nota: Elaboração própria]
16. Portelinha, Sbardelotto e Borssoi (2017, pp. 1), em pesquisa sobre estágios
remunerados de graduandos em pedagogia no oeste paranaense, questionam
“a legitimação de contratação de estudantes de graduação sem a devida for-
mação para o exercício” efetivo da docência. Aliás, o número de professores
temporários na educação pública brasileira, em 2015, era de quase um mi-
lhão e 29,1% deles não tinha formação para a docência (Seki et al. 2017).
Fonte: Brasil, INEP (2003, 2007, 2011, 2015, 2017). [Nota: Elaboração própria]
Referências
Olinda Evangelista
Allan Kenji Seki
Artur Gomes de Souza
Introdução
2. Segundo a página da escola virtual do IBGE (Brasil 2014), a EaD pode ser
entendida de modos diferentes. “A educação a distância pode se realizar
pelo uso de diferentes meios (correspondência postal ou eletrônica, rádio,
televisão, telefone, fax, computador, Internet etc.), técnicas que possibilitem
a comunicação e abordagens educacionais, e baseia-se tanto na noção de
distância física entre o aluno e o professor, como na flexibilidade do tempo
e na localização do aluno em qualquer espaço. Educação on-line é uma mo-
dalidade de educação a distância realizada via Internet. Tanto pode utilizar a
Internet para distribuir rapidamente as informações como pode fazer uso da
interatividade propiciada pela Internet para concretizar a interação entre as
pessoas” (Mandeli 2014).
A construção do caminho
4. Hobsbawm (2009, pp. 9), ao discutir o “Século Breve”, assinala: “seria pos-
sível dizer que, entre 1945 e o início da década de 1970, a economia mun-
dial sofreu oscilações relativamente pequenas, ao passo que desde 1973 nos
vimos de novo em um período marcado por sacudidas muito fortes: as crises
de 1980-2, 1990-1 e 1997-8”.
5. Para o economista João Sicsú (2014), “O plano Real, lançado em 28 de
fevereiro de 1994, foi um plano influenciado pelas ideias do economista
inglês John Maynard Keynes e pelas experiências hiperinflacionárias euro-
peias (da primeira metade do século XX), mas que contou com uma ques-
tionável administração de economistas brasileiros e com as (des)orientações
do Fundo Monetário Internacional (FMI). Longe de ter sido ‘idealizado por
Fernando Henrique Cardoso’, [...], o plano foi organizado e dirigido exclu-
sivamente pelos economistas do PSDB”.
6. No Plano (Brasil 1993, pp. 59) lê-se: “vem sendo desenvolvido e imple-
mentado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB),
com a finalidade de aferir a aprendizagem dos alunos e o desempenho das
escolas de primeiro grau e prover informações para avaliação e revisão de
planos e programas de qualificação educacional.” A partir de 1988 (Werle
2011), surge a avaliação em larga escala na Educação Básica por meio do
Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Público (Saep) de 1º grau, no
Paraná e Rio Grande do Norte. Esse piloto contou com a presença do Banco
Mundial. Numa linha de tempo temos: 1992, o INEP assumiu a avaliação;
1995, surgiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb);
1998, criou-se o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); 2000, Brasil
começa a participar do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(Pisa), organizado pela OCDE. Atualmente está em discussão a implemen-
tação de uma Prova Nacional de Concurso para ingresso na carreira docente.
Aprovada pela Portaria Normativa no 3, de 2 de março de 2011 (Brasil 2011)
e inserida no Plano Nacional de Educação de 2014 (Brasil 2014), encontra-
se ainda em estudo (Brasil 2015).
7. Na perspectiva do capital incidindo diretamente na educação e na formação
docente, citamos o caso da significativa entrada, na Prefeitura Municipal de
Florianópolis (PMF), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O acordo foi firmado em 2014 com o objetivo de expandir e melhorar a Edu-
cação Infantil e Ensino Fundamental do município, constando entre seus
eixos um dedicado à formação docente. Para executar parte substantiva dele
foram contratados o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação
11. Cêa (2017) realiza uma discussão atual e pertinente sobre crises do capital e
parcerias público-privadas em educação.
12. Lima (2006, pp. 6) destaca em meados dos anos 2000: “O que surpreende
é complacência com que lideranças do meio acadêmico têm se referido à
questão: em posição de flagrante subordinação, o ex-ministro da educação
(Cristovam Buarque) considerou salutar o interesse de grupos estrangeiros
investir no mercado educacional brasileiro assegurando que é muito melhor
que o capital seja aplicado na educação do que em outras áreas, como por-
nografia ou jogo. Tanto em palestras proferidas quanto em depoimentos à
imprensa, o ex-ministro Paulo Renato Souza coloca-se como defensor da
internacionalização do mercado educacional. Os argumentos explorados
asseguram que a concorrência contribuirá para movimentos em direção
da elevação da qualidade acadêmica e da gestão universitária.” Cristovam
Buarque foi Ministro no Governo Lula entre 1 de janeiro de 2003 e 27 janei-
ro de 2004; Paulo Renato Souza ocupou o cargo entre 1 de janeiro de 1995
e 1 janeiro de 2003, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso.
foi criada, em Niterói, Rio de Janeiro, a primeira Escola Normal para formar
professores para o então ensino primário. Essa escola oferecia o Curso Nor-
mal que paulatinamente se alastrou pelas Províncias do Império. Nos anos
de 1930, algumas foram elevadas ao nível superior por breve período. (Ta-
nuri 1970) Nos anos de 1970, denominou-se Habilitação Magistério, tendo
voltado à sua denominação original com a LDBEN (Brasil 1996).
14. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/microdados. Acesso em:
14/10/2017.
15. O atual Plano Nacional de Educação (PNE) (Brasil 2014) prevê que, até
2020, os professores da Educação Básica deverão ser licenciados, a tendên-
cia de desaparecimento do curso normal em nível médio deverá se agravar.
Não significa que tal formação ocorrerá, pois o previsto na LDBEN de 1996
até hoje não ocorreu.
16. Esta posição fica clara no Decreto Presidencial nº 3.554, de 7 agosto de
2000 (Brasil 2000), artigo 3º, § 2, que dispõe: “A formação em nível supe-
rior de professores para a atuação multidisciplinar, destinada ao magistério
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, far-se-á,
preferencialmente, em cursos normais superiores”.
20. Para Mancebo, Silva Júnior e Oliveira (2018, pp. 6), o enxugamento das
funções matriciais da Universidade, que supõem a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão, vem ocorrendo na implementação de formas
de ensino superior públicas nas quais o ensino é priorizado. Os autores re-
ferem-se aos “institutos federais de educação, ciência e tecnologia – IFE”.
Não significa afirmar que nos Institutos não ocorra pesquisa, mas que sua
organização institucional é pertinente à lógica do Ensino Superior não uni-
versitário.
23. Não está em nosso escopo, discutir as políticas implementadas pelo Apa-
relho de Estado para a EaD no âmbito da esfera pública. Entretanto, ci-
tamos dois programas exemplares deste período: 1) o Pró-Licenciatura,
para formação de professores a distância, conjugando esforços do MEC,
Secretarias de Educação Básica (SEB), Secretaria de Educação a Distância
(SEED), com participação das Secretarias de Educação Especial (SEESP) e
da Educação Superior (SESU); 2) o Sistema Universidade Aberta do Brasil
(UAB) (Brasil 2006b), foi articulado pelas Secretaria de Educação a Dis-
tância (SEED/MEC) e Diretoria de Educação a Distância (DED/CAPES),
25. Dos anos de 1990 em diante surgiu um arcabouço legal para diluir a sepa-
ração entre as IES públicas e privadas, possibilitando, por exemplo, que em
muitas instituições de ensino municipais públicas sejam cobradas mensali-
dades e taxas sob a forma jurídica das fundações de ensino.
26. “O Fies, criado por Medida Provisória, em 1999, foi institucionalizado pela
Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001 (Brasil 2001), durante o Governo
Fernando Henrique Cardoso, e ampliado durante as gestões do Partido dos
Trabalhadores (2003-2016). Fundo de natureza contábil, destina-se à con-
cessão de financiamentos aos estudantes matriculados em cursos pagos de
ensino superior a serem pagos após a formatura, o que contribui para o endi-
28. A lei assegurou que o Estado fosse destacado para o controle e gestão das
políticas educacionais, liberalizando a oferta de educação privada (Chaves
2010). Esse é o sentido do artigo 7º da referida legislação: “O ensino é livre
à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das
normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II -
autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da
Constituição Federal” (Brasil 1996).
29. Especialmente no seu parágrafo 4º do artigo 5º, diz: “§ 4o O investimento
público em educação a que se referem o inciso VI do art. 214 da Constitui-
ção Federal e a meta 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados
na forma do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposi-
ções Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados nos pro-
gramas de expansão da educação profissional e superior, inclusive na forma
de incentivo e isenção fiscal, as bolsas de estudos concedidas no Brasil e no
exterior, os subsídios concedidos em programas de financiamento estudantil
e o financiamento de creches, pré-escolas e de educação especial na forma
do art. 213 da Constituição Federal” (Brasil 2014).
Tipo de financiamento Presencial EaD Presencial EaD Total Presencial EaD TOTAL
Financiamento IES não reembolsável 1.308 2 67.862 42.063 109.925 69.170 42.065 111.235
173
Gráfico 1 – Comparativo entre as estimativas de renúncias fiscais
e gastos executados com o FIES em comparação com o orçamento
destinado à subfunção Educação Superior Federal na LOA, em
bilhões de reais – 2013-2017
cheon, que lançou as bases de sua política para 2030, reafirmou esta abor-
dagem: Nos comprometemos con una educación de calidad y con la mejora
de los resultados de aprendizaje, para lo cual es necesario fortalecer los
insumos, los procesos y la evaluación de los resultados y los mecanismos
para medir los progresos. Velaremos por que los docentes y los educadores
estén empoderados, sean debidamente contratados, reciban una buena for-
mación, estén cualificados profesionalmente, motivados y apoyados dentro
de sistemas que dispongan de recursos suficientes, que sean eficientes y que
estén dirigidos de manera eficaz. (Unesco 2015, pp. 7). Helen Clark, Ad-
ministradora do PNUD, foi assertiva: “Em nosso mundo, o conhecimento é
poder e a educação empodera.” (Unesco 2015, pp. 13).
Referências
Introdução
1. Os dados foram coletados por Renata Soares da Silva e Rafael dos Santos
Pereira no estágio inicial da pesquisa. A partir do segundo ano, tendo em
vista a formatura da acadêmica e o afastamento do Técnico-administrativo
para doutorado na UFPR, os dados passaram a ser coletados por Carla de
Oliveira Bernardo, Arestides Macamo e Artur Gomes de Souza. Nos dois
últimos anos, a coleta de dados, sua reordenação e a elaboração de tabelas,
gráficos e figuras coube a Artur Gomes de Souza com auxílio de Allan Kenji
Seki. Para a abertura e análises dos microdados utilizamos o programa esta-
tístico IBM SPSS Statistics Subscription Trial for Microsoft Windows 64-bit,
na versão de teste gratuita.
Um caso ilustrativo
5. Davies (2016, pp. 137) alerta que devemos ter cautela quanto a essa distinção,
“pois as instituições que se denominam e são classificadas legalmente como
sem fins lucrativos ocultavam e ocultam seus lucros sob várias formas”.
6. A distinção dos tipos de IES expostas na LDBEN (Brasil 1996) são tidas por
Davies (2017) como frouxas, haja vista que “As filantrópicas são as únicas
com fundamento jurídico definido”.
7. De acordo com o INEP (Brasil 2018), as alterações nos nomes das opções na
forma de coleta dessa variável datam de 2010: “De: 4.‘Particular em sentido
estrito’ para ‘Privada com fins Lucrativos’ 5. ‘Privada Confessional’ para
‘Privada sem fins Lucrativos’. 6. ‘Privada Comunitária’ para ‘Privada sem
fins lucrativos’”.
8. As formas jurídicas das mantenedoras privadas não constam no Censo. Em
2009 eram dispostas em seis: “1. Pessoa Jurídica de Direito Privado - Sem
fins lucrativos - Associação de Utilidade Pública; 2. Pessoa Jurídica de Di-
reito Privado - Sem fins lucrativos – Fundação; 3. Pessoa Jurídica de Direito
Privado - Sem fins lucrativos – Sociedade; 4. Pessoa Jurídica de Direito
Privado - Com fins lucrativos – Associação de Utilidade Pública; 5. Pessoa
Jurídica de Direito Privado – Com fins lucrativos - Sociedade Civil; 6. Pes-
soa Jurídica de Direito Privado – Com fins lucrativos – Sociedade Mercantil
ou Comercial” (Barroso e Fernandes 2007, pp. 51).
11. A Fundação Educacional de Penápolis estava como privada sem fins lucra-
tivos no Censo e no e-MEC como pública municipal de direito privado. Ou-
tras questões são difusas como o caso da mantenedora Guatag – Sociedade
de Assistência Educacional Ltda. que mantém duas IES sem fins lucrativos
sem definição e uma com fins lucrativos. A Fundação Astorga Educação
Para Todos também não tem definição no e-MEC.
N ∆ ∆% N ∆ ∆% N ∆ ∆%
2007 43590 -4886 -10% 57150 42652 294% 100740 37766 60%
2015 40722 -2868 -7% 19550 -37600 -66% 60272 -40468 -40%
Formação de professor das séries iniciais do ensino fundamental 11374 9.168 103 - - -
201
Formação de professor de artes (educação artística) 6330 - 2042 - 2024 -
203
Formação de professor de zootecnia - 128
Administração educacional - - 68 23 - -
Educação infantil - 77
Educação especial - 16
205
Formação de professor de artes (educação artística) 4510 - 3309 884 1979 -
Formação de professor de filosofia 2508 102 2158 824 3246 1114
207
Educação infantil - - - - 63 -
Formação de professor das séries finais do ensino fundamental 60 - - - - -
Formação de professor de língua/literatura estrangeira moderna 23.129 5.003 5.365 7.411 9.528 10
Formação de professor de artes visuais 5.847 2.105 1.101 2.434 3.625 691
Formação de professor de computação (informática) 5.116 1.979 419 481 696 253
209
Formação de professor de enfermagem 1.435 53 807 - 336
Formação de professor de educação física 32.964 1.657 39.488 36.660 53.800 3.099
211
Formação de professor de física 20.189 2.000 203 189 896 835
Formação de professor de filosofia 9.719 2.484 198 1.904 3.844 1.627
Formação de professor de artes visuais 6.836 730 1.443 5.850 2.729 1.112
Formação de professor de sociologia 10.674 302 220 1.636 965 1.984
Formação de professor de música 8.137 478 473 - 3.512 2.665
Formação de professor de ciências 10.242 795 328 1 80
Formação de professor de computação (informática) 5.876 3.245 155 905 297 517
Formação de professor de teatro (artes cênicas) 4.479 159 275 - 244 -
Formação de professor de artes (educação artística) 759 104 62 - 981 3.229
Referências
Zanardini
223
Preta 4.264 4.863 13.877 22 23.026 4,1
Programa de Formação de Professores em Exercício – Pro- Curso normal médio; quatro séries iniciais; classes de alfabetização ou Educa-
formação (1997; expandido em 2004) (FNDE-SEED/MEC) ção de Jovens e Adultos; redes públicas de ensino; EaD; atividades presenciais
nas férias escolares/sábados; prática pedagógica; tutores.
Programa de Formação Inicial para Professores em Exercí- Formação inicial; parceria com IES; licenciatura EaD; permanência em exer-
cio no Ensino Fundamental e no Ensino Médio – Pró-Licen- cício nos anos finais do ensino fundamental/ensino médio; sistemas públicos
ciatura (2004) de ensino; UaB.
Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas In- Licenciaturas; professor indígena; escolas indígenas; anos finais do ensino
terculturais – PROLIND/ Educação Indígena (Edital) (2005) fundamental e ensino médio; ensino, pesquisa e extensão; temas relevantes;
línguas maternas, gestão e sustentabilidade das terras e culturas dos povos
indígenas.
Programa de Formação Inicial para Professores em Exercí- Curso normal médio; EaD; sala de aula; educação infantil; creches e pré-es-
cio na Educação Infantil – PROINFANTIL (2005) colas; rede pública; rede privada comunitária, filantrópica ou confessional;
metodologias e estratégias de intervenção pedagógicas.
Programa de Consolidação das Licenciaturas – Prodocência Inovação; científico; tecnológico; formação professor da educação básica; co-
(Edital) - 2006 operação entre unidades acadêmicas interdisciplinares e intersetoriais; elevar
a qualidade da formação; educação superior-educação básica; superar defici-
ências avaliações licenciatura.
Universidade Aberta do Brasil – UAB (Edital) (2006) Licenciatura; EaD; formação inicial; formação continuada; educação básica;
Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura Formação educadores com ensino médio; escolas do campo; áreas do co-
em Educação no Campo – Procampo (Edital) (2007) nhecimento; alternância tempo/escola-curso e tempo/comunidade-escola do
campo; ingresso e permanência dos profissionais.
Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais Cursos técnicos; cursos superiores de tecnologia; preferencial EaD; funcio-
da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público – Pro- nários dos sistemas públicos de ensino; formação inicial e continuada dos
funcionário (2007) profissionais da educação básica.
Rede UAB de Educação para a Diversidade (Edital) (2008) Formação; EaD; educadores e gestores da Educação Básica; diversidade; 17
cursos.
Programa de Formação Inicial e Continuada, Presencial e Formação inicial emergencial; presencial; redes públicas de educação básica;
a Distância, de Professores para a Educação Básica – PAR- EaD; Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente.
FOR (Edital) (2009)
225
tura e de Pedagogia.
PROGRAMAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA OBJETIVOS
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Formação inicial; escolas indígenas e do campo; licenciatura Intercultural In-
para a Diversidade – Pibid Diversidade (Edital) (2010) dígena e Educação do Campo; educação básica indígenas, campo, quilombo-
las, extrativistas e ribeirinhas; integração educação superior-educação básica;
diversidade sociocultural e linguística; diálogo intercultural.
Programa de Concessão e Manutenção de Bolsas de Pós- Formação de recursos humanos de alto nível; mestrado, doutorado e pós-dou-
Graduação no País (Edital) (1951-continuação) torado; financiamento das atividades dos cursos de pós-graduação; projetos
de pós-doutorado.
Programa de Cooperação Internacional e Bolsas no Exterior Complementar pós-graduação no país; formação de docentes e pesquisadores
(Edital/acordos de cooperação) (1951-continuação) de alto nível acadêmico.
Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Formação de professores e alunos; educação básica pública. Romper hiato entre
Educação Básica (2004) Educação superior e básica. Articulação de pesquisa, cursos presenciais e EaD.
Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade Formação de gestores e educadores; sistemas educacionais inclusivos, ativi-
(2005) dades presenciais e EaD.
Programa Escolas Bilíngues de Fronteira – PEBF (2005) Escolas de zona de fronteira; educação intercultural; português-espanhol;
argentino-brasileiro; Identidade Regional Bilíngue e Intercultural; cultura de
paz; cooperação interfronteiriça.
Programa de Formação Continuada de Professores das Formação continuada; professor; qualidade de aprendizagem; leitura/escrita e
séries iniciais do Ensino Fundamental – Pró-Letramento matemática; séries iniciais do ensino fundamental; MEC/universidades/ Rede
Observatório da Educação – OBEDUC (Capes; INEP; SECA- IES; programas de pós-graduação; grupos de pesquisa; projetos financiados;
DI) (Edital) (2006) bolsas coordenadores institucionais-estudantes de graduação, mestrado; dou-
torado e professores da rede pública; integração pós-graduação, cursos de
formação de professores e escolas de educação básica.
Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica / For- Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica; titulação do-
mação de Mestres para a Rede Federal de Educação Profis- cente; pós-graduação; pesquisa e inovação; consolidar Institutos Federais de
sional Científica e Tecnológica – PROJETO GESTOR (2006) Educação, Ciência e Tecnologia.
Programa Institucional de Qualificação Docente para a Titular servidores da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tec-
Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecno- nológica; pós-graduação stricto sensu; pesquisa.
lógica – PIQDTEC (2006)
Educação em Agroecologia e Sistemas Orgânicos de Produ- Pesquisa; agroecologia; sistemas orgânicos de produção; formar professores
ção (Edital) (2006) e alunos de nível médio/superior em ciências agrárias; conhecimentos, tec-
nologias e materiais didáticos para comunidade escolar; parcerias; núcleos
de estudo em agroecologia na Rede Federal de Educação Profissional e Tec-
nológica.
Programa Escola de Altos Estudos - 2006 Professores e pesquisadores estrangeiros; cursos monográficos; fortalecer, am-
pliar e qualificar pós-graduação brasileira.
Formação pela Escola – FPE (2006) Formação continuada; EaD; execução, monitoramento, avaliação, prestação
de contas e controle social dos programas e ações educacionais financiados
pelo FNDE; professor.
Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnolo- Inclusão digital; professores, gestores; educação básica pública; comunida-
gia Educacional – Proinfo Integrado (Adesão direta) (2007) de escolar; qualificar processos de ensino e de aprendizagem; competências,
habilidades e conhecimentos; Portal do Professor: TV Escola; DVD Escola;
227
Domínio Público; Banco Internacional de Objetos Educacionais; EaD.
Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola – PP- Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica; titular pro-
GEA (2007) fessores; pós-graduação; pesquisa e inovação; consolidação dos Institutos
Federais.
Programa de Formação Continuada de Professores na Edu- Formar professores da rede pública; atendimento educacional especializado;
cação Especial (Edital; Plano de Ações Articuladas; UAB) salas de recursos multifuncionais; ensino regular; inclusão; EaD; UAB; insti-
(2007) tuições públicas de educação superior.
Política de Formação em Educação de Jovens e Adultos Ampliar, diversificar e melhorar formação continuada; professores das redes
(FNDE/IES) (2007) de ensino públicas.
Programa Escola Ativa – Educação no Campo (Edital; PAR) Melhorar desempenho em classes multisseriadas do campo; apoiar sistemas
(1997/reformulado 2007) estaduais-municipais; recursos pedagógicos e de gestão; propostas pedagógi-
cas e metodologias; formação continuada presencial e em alternância; espe-
cificidades do campo; publicar, adquirir e distribuir materiais pedagógicos.
Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Formação continuada em serviço; semipresencial; EaD; gestores de escolas
Pública (2009) públicas estaduais e municipais; motivar e envolver comunidade escolar; li-
dar com a diversidade; planejar e inovar em métodos; novas ideias.
Plataforma Paulo Freire (2009?) Acesso ao Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica;
licenciatura; rede de instituições públicas de ensino superior; Capes.
Programa Mídia e Educação (2009) EaD; formação continuada; uso pedagógico das TICs: TV e vídeo; informática;
rádio e impresso para os professores da educação básica.
Residência Docente no Colégio Pedro II e no Colégio de Projeto-piloto; formação do professor da educação básica com até três anos
Aplicação da UFMG (2012) de formado; formação continuada; excelência; desenvolvimento profissional;
qualidade da Educação Básica; certificado de especialização.
Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio Formação continuada de professores; coordenadores pedagógicos; ensino
(2013) médio público; rural e urbano; presencial, na escola; articulado ao Ensino
Médio Inovador.
Escola da Terra (2013) Formação continuada; escolas do campo; comunidades quilombolas; recur-
sos didáticos e pedagógicos, presencial e alternância.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC Professor; alfabetização; turmas multisseriadas e multietapa; materiais; refe-
(2013) rências curriculares e pedagógicas; universidades públicas; avaliação e acom-
panhamento da aprendizagem; materiais; melhoria da qualidade do ensino.
Programa de Formação Continuada de Professores e Ges- Formação continuada; extensão, aperfeiçoamento e especialização; presen-
tores nas temáticas de Educação em Direitos Humanos e cial, semipresencial; EaD; educação ambiental, direitos da criança e adoles-
Educação Ambiental – NOVO (2014) cente, gênero e diversidade sexual.
Programa de formação dos professores de alunos meda- Aperfeiçoamento de professores de alunos com talento para ciências exatas;
lhistas da Olimpíada de Matemática – OBMEP na escola bolsa Capes; Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas; apren-
(IMPA; MCTI; Capes) (2014) dizagem da Matemática; valorização dos educadores.
229
Programa de Apoio a Eventos no País – PAEP (Mérito) Eventos científicos no Brasil; formação de professores para a educação básica;
(1951-continuação) auxílio financeiro.
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA Coordenado pela OCDE; avaliação comparada; por áreas do conhecimento;
(1998) ciências; língua materna; matemática; compatibilizado com o IDEB.
Portal de Periódicos (2000-continuação) Planejar, coordenar e executar; informação científica e tecnológica interna-
cional e nacional; assinaturas do conteúdo científico; gratuito.
Rede Nacional de Educação e Ciência: Novos Talentos da Sede na UFRJ; IES; pesquisa; ensino eficiente; metodologias; cursos experi-
Rede Pública (1985) mentais de curta duração; estágios.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR I Formação continuada; professores séries iniciais do Ensino Fundamental; qua-
(2001-continuação) lidade do atendimento; escolas públicas; EaD; momentos presenciais.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II Professores séries finais Ensino Fundamental; formação continuada semipre-
(2004) sencial; formação Matemática e de Língua Portuguesa; saberes profissionais;
local de trabalho; competência docente e alunos; EaD; autonomia.
Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB (1991-re- Dois processos: a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Ava-
estruturado 2005) liação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc (Prova Brasil); Avaliação
Nacional de Alfabetização (Ana-Provinha Brasil).
Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação Formação dirigentes municipais de educação; equipes técnicas; gestão da
– PRADIME (2006) educação e do sistema municipal; encontros presenciais; curso EaD; Obje-
tivos de Desenvolvimento do Milênio; metas do Marco de Ação de Dacar
(2000) e do PNE (2001-2011).
Programa Pró-Equipamentos (Edital) (2007) Modernizar; ampliar; infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica; Pro-
gramas de Pós-Graduação; uso comum e compartilhado de equipamentos.
Rede Interativa Virtual de Educação – RIVED (2007) Produção de conteúdos pedagógicos digitais; objetos de aprendizagem; me-
lhorar a aprendizagem; educação básica; formação cidadã; capacitações para
produzir e utilizar objetos de aprendizagem; IES; rede pública de ensino.
Programa Ética e Cidadania: Construindo Valores na Escola Formação de professores, estudantes e profissionais; textos específicos, docu-
e na Sociedade (2007) mentos e livros; atividades escolares; cursos; formação de equipes; projetos;
ações na escola e na comunidade.
Programa Saúde na Escola – PSE (Adesão) (2007) Formação integral dos estudantes; promoção, prevenção e atenção à saúde;
vulnerabilidades; crianças e jovens; rede pública de ensino; educação per-
manente; capacitação de profissionais da Educação e da Saúde e de jovens.
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB Aprovação e média de desempenho em língua portuguesa e matemática; cal-
(2007) culado sobre os dados de aprovação escolar no Censo Escolar; médias de
desempenho nas avaliações do Inep, Saeb e Prova Brasil.
Programa Currículo em Movimento (2008) Organização curricular; atualização das DCN; conteúdos; formação básica
Portal do Professor (Acesso aberto/adesão direta) (2008) Formação; armazenamento e circulação de conteúdos educacionais multimí-
dia; links; pesquisa; Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio, Profis-
sional e modalidades; integração do sistema público de educação básica e
profissional; MEC, secretarias estaduais e municipais de educação, escolas,
231
gestores, professores e alunos.
Programa Banda Larga nas Escolas (MEC/Anatel) (2008) Universalizar e democratizar acesso à informação; inclusão digital; professores.
Prêmio Professores do Brasil (2008) Professores; ativos na implementação do Plano Nacional de Educação; refle-
xão sobre prática pedagógica; sistematização de experiências educacionais.
TV Escola (2009) Aperfeiçoamento; valorização dos professores; rede pública; enriquecer pro-
cesso de ensino-aprendizagem; melhorar qualidade do ensino.
Banco Internacional de Objetos Educacionais (2009) Portal; assessorar professor: recursos educacionais gratuitos; diversas mídias
e idiomas (áudio, vídeo, animação/simulação, imagem, hipertexto, softwares
educacionais); educação básica; IES; áreas do conhecimento.
Programa um Computador por Aluno (Adesão) (2010) Concatenada com ProInfo; aluno de escolas públicas.
Programa Novos Talentos (Edital) (2010) Projetos bem sucedidos; conhecimento científico; educação básica pública;
capacitar professores e estudantes; aprendizado continuado; socialização;
promoção e integração social; vocações em estudantes de baixa renda; carrei-
ras tecnológicas e científicas; acesso às IES públicas; metodologias, estratégias
e materiais didáticos inovadores; língua materna, ciências; local, regional e
global; pós-graduação, grupos e centros de estudos e pesquisas.
Editais Feiras de Ciências e Mostras Científicas (s.d.) Apoio às Feiras de Ciências e Mostras Científicas; municipal, estadual/distrital
e nacional; popularização da ciência; melhoria dos ensinos fundamental e
médio; jovens talentosos; carreira técnico-científica e docente; majoritaria-
mente alunos de escola pública; meninas-matemática, física, astronomia, ro-
bótica e engenharias; gratuitas; livre acesso; meio ambiente; reciclar.
Materiais didáticos ou de divulgação Publicações didáticas; difusão de conhecimento; resultados de programas que
tenham previsto algum tipo de publicação.
Fundo de Financiamento do Ensino Superior – FIES (1999- Acesso de estudantes ao ensino superior; licenciatura, pedagogia, normal su-
2007 reformulado) perior; cursos superiores de tecnologia.
Programa Universidade para Todos – Prouni (2005) Isenção e incentivos fiscais; IES privadas; bolsas de estudo integrais e parciais
de 50%; cursos de graduação e sequenciais.
Fonte: Elaboração própria com dados garimpados nos sites do MEC (Brasil 2019), CAPES (Brasil 2019a) e FNDE (Brasil 2019b). [Nota: Listagem não exaustiva]
233
Referências
1. UFBA/FACED – LEPEL
2. UFBA/FACED – LEPEL/EPISTEF
3. ANFOPE – NORDESTE
4. FÓRUM NACIONAL DOS CURSOS DE LICENCIATURAS EM
EDUCAÇÃO FÍSICA DE CARÁTER AMPLIADO – NÚCLEO UFBA
5. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA
6. MOVIMENTO NACIONAL CONTRA-REGULAMENTAÇÃO (MNCR) –
NÚCLEO SALVADOR – BAHIA
7. REPRESENTAÇÃO DISCENTE DO PPGE – FACED/UFBA
8. REPRESENTAÇÃO DISCENTE ESTUDANTES PRÁTICA ENSINO IV
CURSO LICENCIATURA EDUCAÇÃO FÍSICA DA UFBA
BOGO, Ademar. Marx e a Superação do Estado. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
266 p.
BOTÉTIE, Etienne de La. Discurso da servidão voluntária. 2ª. ed. Edição bilíngue. São
Paulo: Martin Claret, 2009. Martin Claret, 2009. 57 p.
CURY, Carlos Roberto Jamil; REIS, Magali; ZANARDI, Teodoro Adriano Costa. Base
Nacional Comum Curricular: dilemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2018. 143 p.
KORYBKO, Andrew. Guerras Híbridas: das revoluções coloridas aos golpes. São
Paulo: Expressão Popular, 2018. 172 p.
MEJÍA, Eloy Altuve. Papel del deporte em la irrupción fascista em Brasil: Cómo el
deporte fue convertido em elemento importante de la campaña de Bolsanaro? De
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<http://www.alainet.org/es/articulo/196617>. Acesso em: 25 nov. 2018. 36 p.
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52 p. (Cartilha)
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trabalho: Mediações da regulamentação da profissional. 376 f. 2004. Tese (doutorado).
PPG em Educação da Universidade Federal Fluminense. 2004.
SILVA, Francisco Jacob Paiva et al. Projeto do Capital para a Educação: análise e
ações para a luta. Brasilia-DF, 2016. 32.
Nesta edição:
1. Editorial
Editorial
Nos posicionamos contrários a de bom desse governo para os traba-
desregulamentação de direitos tra- lhadores. Essa disputa tem relação
balhistas propostas pelo governo de entre outras questões, com o fato
Bolsonaro e Mourão. A destruição da da Ordem dos Advogados do Brasil
previdência é um ataque desumano, (OAB) e o Conselho Federal de Me-
que retira a possibilidade de apo- dicina (CFM) barrarem a modalidade
sentadoria dos idosos, faz com que de Educação a Distância na forma-
parte da população tenha uma ex- ção inicial de suas áreas. Tal tensio-
pectativa de vida menor do que a ne- namento não ocorre com o Conselho
cessária para se aposentar e repassa Federal de Educação Física (CONFEF)
o dinheiro arrecadado ao mercado que inclusive faz parcerias com as
financeiro. Está em curso um apro- empresas monopolistas de tal se-
fundamento da reforma trabalhista tor da economia. Ademais, a PEC de
com o afrouxamento de normas de Guedes, em seu primeiro artigo abre
saúde e segurança do trabalhador e uma exceção para o Conselho Fede-
concomitantemente o ataque à esta- ral de Medicina, a OAB e o CONFEF
bilidade dos servidores públicos, in- ao propor, no artigo 174-A, que es-
cluso pela entrada, com o projeto do tarão excluídos de tal medida aque-
Future-se, de Organizações Sociais les em que “a ausência de regulação
na administração das Instituições Fe- caracterize risco de dano concreto à
derais de Ensino Superior públicas. vida, à saúde, à segurança ou à or-
A superexploração do trabalhador dem social”.
no Brasil é concatenada pelos Con- Reafirmamos nosso compromis-
selhos que retiram parte do salário so na luta pelos direitos trabalhistas
via cobranças indevidas, mas legali- e contrária à regulamentação da pro-
zadas no Brasil. fissão e à divisão da formação, man-
Alguns trabalhadores passaram tida nas diretrizes curriculares do
a crer que a disputa entre liberais curso de Educação Física (Resolução
presentes no governo, em especial CNE/CES n° 06/2018). Essa luta nos
a ala de Paulo Guedes, que propôs coloca em contraposição aos liberais
uma restrição aos Conselhos profis- que por ora se opõem ao movimen-
sionais via PEC 108/19, poderia nos to corporativista dos conselhos para
beneficiar com uma redução do po- reduzir suas barreiras de lucro na es-
tencial do sistema CONFEF/CREFs. fera financeira.
Não temos ilusões de que sairá algo
improviso, ao final do mandato do governo in- aqueles do amplo segmento do fitness, o qual
terino de Michel Temer, a Resolução CNE/CES “oriundo da privatização no âmbito da Educa-
n° 06/2018, tramitada e homologada a “sete ção Física e das atividades físicas passou por
chaves” (PENNA, 2018). uma expansão exponencial em todo o mun-
Em que pese muitas continuidades com do.” (FREITAS; OLIVEIRA; COELHO, 2019, p. 7).
o projeto de formação dominante que já vi- Como articulador dessa manobra anti-
nha sendo realizado na área, uma delas tomou democrática nas DCNs e aglutinador dos di-
maior evidência: a permanência da existência versos interesses do campo conservador nes-
da formação em bacharelado. Ou seja, todo se processo vemos o protagonismo do sistema
o movimento que vinha sendo operado em CONFEF/CREFs. O reordenamento de pessoal
torno da minuta de 2015, com realização de do CNE/CES pós-impeachment favoreceu as
audiência pública oficial no CNE, realização de posições conservadoras e permitiu, por afini-
mesas de debate no meio acadêmico por todo dade, uma grande aproximação de intelectuais
o país, dentre outros mecanismos de partici- orgânicos do sistema CONFEF/CREFs, fato re-
pação direta da sociedade civil foi sumaria- conhecido pelo parecer CNE/CES n° 584/2018
mente ignorado. O retrocesso democrático na BRASIL, 2018a) que, ao anunciar o “objeto e
política geral se refletiu também em um retro- objetivo geral” no relatório, expõe que o CNE/
cesso na política específica da educação físi- CES “...após a definição dos referenciais legais
ca. Nesse sentido, a permanência da figura do e epistemológicos que embasaram a elabora-
bacharel na Resolução n° 06/18, ponto central ção das DCNs em Educação Física, analisou as
de ruptura com a minuta de 2015, se tornou o propostas apresentadas pelo Conselho Fede-
principal aspecto de descontinuidade em rela- ral de Educação Física e demais atores sociais
ção ao que vinha sendo elaborado. vinculados à área de conhecimento.” (BRASIL,
Esse é um dos principais aspectos que a 2018a, p.4, grifos nossos). De forma nada ve-
influência do campo conservador fez prevale- lada aponta nominalmente somente a análise
cer. Campo conservador formado por frações do projeto apresentado pelo sistema CONFEF/
importantes do empresariado da educação, CREFs, projeto que nenhuma das entidades
do fitness e de tradições da cultura corporal. envolvidas no debate relacionado à minuta
Os mesmos que, em situação de crise estru- 2015 teve acesso.
tural do capital, concentram seus esforços na Interlocução também exaltada nas con-
reprodução ampliada do seu capital e das suas siderações finais do presidente do CNE e rela-
margens de lucro e tendem a se favorecer com tor do parecer, Luiz Roberto Liza Curi, para o
diretrizes que permitam a venda de mais cur- qual o documento é “o resultado de uma cons-
sos no setor privado, em especial à distância trução coletiva, com a participação do Conse-
(SOUZA e MELGAREJO, 2019), que formem o lho Federal de Educação Física, do segmento
futuro trabalhador para uma subjetividade acadêmico e científico e das associações edu-
empreendedora capaz de não questionar as cacionais e profissionais, e que retrata a evo-
condições de trabalho, para uma fragmen- lução pensada, gradual, responsável e sem
tação do conhecimento direcionado para o trauma (...)” (BRASIL, 2018a, p.5).
pragmatismo e para a resolução dos proble- Após aproximadamente quatro meses
mas da cotidianeidade, ou que formem para a da homologação da resolução, Luiz Curi vem
supervalorização dos nichos de mercado asso- a público reforçar essa relação que já era evi-
ciados aos campos não escolares, em especial dente. Se dirigindo à plenária paulista em um
evento acadêmico1, afirma seu destaque aos peso. Porém, na atual conjuntura passam a
grandes colaboradores das novas DCNs: “To- ser o interlocutor privilegiado entre o MEC e o
dos aqui colaboraram muito. Faço um destaque campo da educação física. Um exemplo dado é
em nome do [Sebastião] Gobbi. Agradeço tan- o da forma também antidemocrática que atu-
to o CONFEF, os CREFs e o conjunto das coor- ava Iguatemy Maria de Lucena Martins, outra
denações nacionais. O Gobbi trabalhou muito intelectual orgânica do sistema CONFEF/CREFs
aí nesse processo junto comigo”. O professor e integrante da mesma comissão que faz par-
exaltado em questão é um intelectual orgânico te Gobbi. Professora da UFPB que, no passado,
do sistema CONFEF/CREFs que faz parte justa- ocupou cargos dentro do MEC e se valia de sua
mente da Comissão de Ensino Superior e Pre- posição para engavetar os pareceres que afir-
paração Profissional do CONFEF2. mavam a atuação ampla e irrestrita dos licen-
Outros vários elementos poderiam ser in- ciados em todos os campos de atuação3.
troduzidos para corroborar a nossa afirmação, Entendemos justo afirmar, no entanto,
no entanto, por um esforço de síntese para que o sistema CONFEF/CREFs não se encerra
essas páginas acreditamos que os elementos enquanto força social autônoma, mas aglutina
dados até aqui conseguem demonstrar a força os interesses de um campo conservador e pri-
com que o sistema CONFEF/CREFs volta ao pro- vatista mais amplo e se coloca como interlocu-
tagonismo da condução das DCNs pós-impea- tor privilegiado em favor deles. Outras forças
chment, revertendo nos bastidores o principal certamente contribuíram para o atual estado
eixo que movia a minuta de projeto de 2015, a das DCNs. Ressaltamos, por exemplo, a compo-
unificação da formação em torno da licenciatu- sição da própria comissão do CNE/CES respon-
ra. sável pela elaboração do parecer n° 584/20184,
No entanto, essa constatação não nos au- a qual composta por cinco conselheiros, dentre
toriza, em nenhuma medida, afirmar que tais os quais dois se destacam. Um por fazer parte
forças não atuavam nos governos anteriores. direta do campo privatista do ensino superior e
Pelo contrário, sabemos que sempre tiveram outro por integrar “uma agência de acreditação
internacional de educação orientada por mo-
1 III Colóquio de Graduação das Universidades Estaduais Pau-
listas, realizado em abril de 2019, evento realizado em conjunto delos de negócios empresariais que promovem
pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), pela Universida- valores e princípios do livre mercado na Edu-
de de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual de Campi- cação Superior”. (FREITAS; OLIVEIRA; COELHO,
nas (UNICAMP), com convite estendido para as universidades
particulares e federais do estado de São Paulo. O evento ocorreu 2019, p. 3).
no anfiteatro II do Instituto de Biociências da UNESP de Rio
Claro. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?featu-
re=youtu.be&v=3-z8QnvOtT8&app=desktop>. Acesso em: 23 3 Assim Paulo Barone define a situação em debate realizado no
mai. 2019. dia 15 de outubro de 2015 nas dependências da PUC-Goiás so-
2 Comissão atualmente formada pelos seguintes membros: bre as reformas das Diretrizes Curriculares Nacionais da educa-
Wagner Domingos Fernandes Gomes (Presidente); Alexandre ção física ao se referir que os pareceres do MEC que sinalizavam
JanottaDrigo (Secretário); João Batista Andreotti Gomes Tojal; para a atuação ampla do licenciado em todos os campos de tra-
Iguatemy Maria de Lucena Martins; Sebastião Gobbi; Márcia balho não eram homologados: “Descobrimos que havia uma in-
Regina Aversani Lourenço; Marino Tessari; Francisco José Gon- tervenção espúria (...) de uma professora que ocupou um espaço
dim Pitanga; e Flávio Delmanto. A referida comissão, poucos no MEC por um tempo, que não deixava nenhum parecer de
dias após o seminário realizado em Rio Claro, lançou uma circu- educação física (...) ser homologado. Nunca se transformou em
lar oficial do CONFEF, assinada pelo presidente Jorge Steinhil- documento oficial nenhum desses pareceres. Desde o 400/2005
ber, em que toma para si de forma presunçosa e ilegítima o papel até o último em 2012.”. Disponível em: <https://www.youtube.
que deveria ser atribuído ao CNE, o de dar orientação técnica com/watch?v=p2qRuNWtjW0>. Acesso em 07 ago 2019.
com “Esclarecimentos acerca da resolução CNE/CES n° 06/2018 4 Comissão composta por Antônio de Araújo Freitas Júnior
que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de (Presidente), Luiz Roberto Liza Curi (Relator), José Loureiro
Graduação em Educação Física” (CONFEF, 2019). Lopes, YugoOkida e Márcia Angela da Silva Aguiar.
Afirmar essa atuação não solitária do sis- educação física, também ligados ao CBCE6 e; c)
tema CONFEF/CREFs significa também que, de os que se aglutinam em torno do campo pro-
alguma forma, houve o consentimento passivo gressista na defesa histórica da formação unifi-
ou ativo de setores e intelectuais importantes cada, em torno da licenciatura ampliada e ge-
do campo da educação física em todo o proces- neralista.
so anterior que desencadeou na Resolução n° Temos, portanto, com exceção do último
06/18. Dentre essas forças destacamos de for- subgrupo, uma parcela que acabou por corro-
ma expositiva alguns grupos principais5. borar, ativa ou passivamente com a orientação
O primeiro grupo diz respeito àquele cor- confefiana, guiada por setores importantes do
po acadêmico que nunca tomou a tarefa de empresariado da educação, do fitness e de tra-
estudar e produzir cientificamente sobre for- dições da cultura corporal. Assinalando o acor-
mação profissional e mundo do trabalho, mas do, portanto – deliberadamente ou não –, com
que, como por inércia, se satisfaz com a manu- o conteúdo e a forma de todo o processo.
tenção do bacharelado. Um grupo mais amorfo Acordo com um conteúdo que refina me-
que por meio da omissão acaba por corroborar canismos como: a) a ampliação do poder de
com a manutenção da fragmentação da profis- fiscalização, controle e arrecadação financeira
são. dos trabalhadores da educação física e das tra-
No segundo grupo estão aqueles que de dições da cultura corporal por parte do sistema
alguma forma tratam sobre a formação profis- CONFEF/CREFs7; b) a consolidação do seu mo-
sional, seja de forma aprofundada em grupos delo de trabalhador flexível e empreendedor
de estudos, pesquisa, movimentos sociais, etc, formado sob a noção pós-moderna das peda-
ou que, pelo menos, se propõem a discutir e gogias do “aprender a aprender” – em especial
se posicionar. Veremos dentre esses três sub- a pedagogia das competências – e a adequação
grupos: a) os que fazem a defesa do bachare- aos contratos flexíveis e precários de trabalho
lado pelo viés mais pragmático, por vezes sob e; c) O espraiamento da concepção estreita de
a bandeira dos argumentos voltados aos inves- educação física assentada na limitação do ob-
timentos já realizados nas IES para a formação 6 Nas palavras do Professor Paulo Ventura: “No CONBRACE
do bacharelado e, portanto, da necessidade de de 2015, lá em Vitória, conversei com várias pessoas, várias
pessoas conversaram comigo. O Mauro Betti disse pra mim,
não extingui-lo; b) os que defendem a dupla falou assim: ‘ha Paulo, agora que a gente começou a acomodar,
formação tendo em vista em suas IES já existir conseguiu acomodar as coisas lá em Bauru, a gente não vai
certa acomodação docente e discente de cada mexer com isso. Conseguimos professor para aqui, para ali. Tá
tudo na paz, não convém mexer com isso.’ Então é desse grupo
curso de formação, não havendo mais litiga en- que eu falo né? Aí se somaram várias pessoas, né? O pessoal
tre eles, cada qual seguindo o seu caminho e da federal de Minas... o Lino Castellani que tem muita força,
muita voz nisso, né?”.
advogando, assim, a autonomia da licenciatu- 7 O texto da resolução CNE/CES n°06/18 faz consolidar e re-
ra perante a influência biologizante. Em certa finar o projeto fiscalizador e policialesco do sistema CONFEF/
medida, aqui se alocam setores reformistas da CREFs, discriminando os campos de atuação de cada formação,
conseguindo transferir para a aparelhagem de Estado em torno
5 Classificação tomada de empréstimo, por livre interpretação do MEC a responsabilidade que chamava para si ilegal e ilegiti-
nossa, da fala do professor e militante histórico do GTT “for- mamente, de fiscalizar e restringir os campos de atuação. Uma
mação profissional e mundo do trabalho” do CBCE, professor fiscalização que restringe ainda mais a atuação do licenciado,
Paulo Ventura, na ocasião do X congresso goiano de ciências pois abre margem, inclusive, para a atuação do bacharel dentro
do esporte (CONGOCE) e XI congresso de educação física de da manifestação do esporte educacional, como exposto no arti-
Jataí (CONEF), com o tema “Educação física em tempos de go 18, item “d”: “intervir acadêmica e profissionalmente de for-
novos contornos e demandas” realizado entre os dias 23 e 25 de ma fundamentada, deliberada, planejada e eticamente balizada
maio de 2019 no município de Jataí-GO. Disponível em: <ht- em todas as manifestações do esporte e considerar a relevân-
tps://www.youtube.com/watch?v=v7iRSBzan6c&feature=you- cia social, cultural e econômica do alto rendimento esportivo”
tu.be>. Acesso em: 07 ago 2019. (BRASIL, 2018b, p.6, grifo nosso).
1 - Introdução
A presença do fenômeno das Diretrizes Curriculares Nacionais na educação
brasileira está marcado por um determinado tempo histórico, sendo assim identificado
como a “era das diretrizes” (CIAVATTA e RAMOS, 2012, p. 2). É sob este marco
temporal que buscamos a relação entre as reformas curriculares (em todos os níveis da
educação) – como o centro de uma política reformista empreendida no Brasil – e o
movimento internacional correspondente. Essa relação “refere-se à crescente
subordinação dos Estados nacionais às exigências das agências multilaterais, como a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e os
Bancos Mundial e Interamericano de Desenvolvimento (BIRD e BID)” (LOPES 1, 2008,
apud., CIAVATTA & RAMOS, 2012, p. 16). Temos aqui, indícios de que “a principal
finalidade da educação contemporânea seria a formação de personalidades flexíveis para
a adaptação à realidade instável e incerta. A era das diretrizes coincide, assim, com a
era das incertezas” (CIAVATTA E RAMOS, 2012, p. 17, grifo nosso).
Há décadas a Educação Física (EF) tem sido marcada pelas consequências
concretas da luta de classes no mundo e por seus impactos e especificidades no Brasil.
Sobretudo, tal condição torna-se mais evidente com o avanço da crise capitalista e seus
desdobramentos sob a forma das políticas neoliberais, no início dos anos de 1990.
Diante desta constatação, e desde já, reafirmamos nossa posição em defesa da
unificação da formação oferecida pelos cursos de EF, na forma da licenciatura
ampliada, tomando por base as concepções de formação generalista2 e formação
omnilateral3, contra o “esfacelamento da profissão” (FARIA JUNIOR., 1987).
Esfacelamento que Faria Junior (1987, p. 29), nos finais dos anos de 1980, já previa
como representando um grande risco e podendo acarretar “como conseqüência
1
LOPES, Alice. Políticas de integração curricular. Rio de Janeiro: Eduerj, Faperj, 2008.
2
Para uma análise mais precisa sobre as contribuições da formação generalista ver FARIA JUNIOR,
Alfredo Gomes de. Professor de educação física: licenciado generalista. In: OLIVEIRA, V. M. de.
Fundamentos pedagógicos educação física 2. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1987.
3
Seguimos as formulações desenvolvidas por Saviani na defesa de uma formação humana na perspectiva
da omnilateralidade, a qual defende a necessária relação dialética entre teoria e prática na busca pela
formação integral do sujeito.
agrupamentos cooperativistas que terão de lutar pela regulamentação das profissões,
criando privilégios e fechando cada vez mais o mercado de trabalho”.
Contrapomo-nos, assim, à formação dominante baseada em concepções
pragmáticas e fragmentadas de mundo, funcional, portanto, à atual fase na qual se
expande o capitalismo monopolista4 e suas ideologias correspondentes, vale dizer, as
ideologias do pós-modernismo, antimarxistas, portanto.
Foi o campo da luta de classes o responsável por fazer emergir as disputas em
torno da formação e da profissionalização do trabalhador da EF. Portanto, as medidas
tomadas pelo Estado (às vezes, sustentadas pela força da lei) – na busca pela produção
de pretensos consensos entre as classes antagônicas – estão invariavelmente marcadas
pelos interesses inconciliáveis presentes entre as classes fundamentais. O fenômeno do
consenso carrega desde a sua origem a marca do antagonismo. Sendo assim, mais cedo
ou mais tarde, mostra a sua face instável e provisória.
Um exemplo concreto do argumento acima está na recente política de
conciliação de classes no Brasil, sobretudo, na sua expressão presente entre os anos de
2003 e 2016. Apostou-se na possibilidade da produção de consensos entre o capital e os
interesses de classes e frações da classe trabalhadora, perdendo de vista a dimensão das
contradições que se avolumavam. O resultado veio à tona com o impeachment da
presidenta Dilma5, indicando que a concreticidade real desta fase do capitalismo é
incapaz de sustentar quaisquer formas de consensos e/ou arremedos de conciliações
entre as classes fundamentais. A crise mundial e seus braços aqui no Brasil,
impulsionados pela atual fase do imperialismo monopolista, precisaram descartar o véu
da conciliação. Esse processo indicou a abertura de um tempo no qual o capital avança
de forma brutal sobre os trabalhadores, buscando alcançar a única coisa que lhe
interessa: o equilíbrio de suas taxas de lucro. Ao mesmo tempo, abre-se a possibilidade
para que a luta de classes se coloque no nosso horizonte, mais cedo ou mais tarde, sem
maquiagens. Esse aguçamento, por obvio, também está se fazendo presente na EF.
A este respeito, vale resgatar o ano de 19986 quando concretizou-se parte de um
projeto que, pelo menos desde meados dos anos de 1980, vem sendo o responsável por
4
Estamos apoiados na concepção de Lenin sobre a formação dos monopólios, como consequência da
fusão de grandes massas de capital, representando “a transição do capitalismo para a sua fase superior”, a
fase imperialista. O imperialismo: fase superior do capitalismo. 4ª ed. São Paulo: Centauro, 2008.
5
O plenário do Senado aprovou no dia 31 de agosto de 2016, por 61 votos favoráveis e 20 contrários, o
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
6
Referimo-nos a sanção da Lei 9696, de 1º de setembro de 1998, a qual regulamentou a profissão de
educação física, criando o Conselho Federal de Educação Física e seus respectivos Conselhos Regionais.
negociações em nome da EF. Ao mesmo tempo, está comprometido com os interesses
privados e com a desqualificação/destruição dos espaços públicos. Este projeto foi o
responsável, entre outros aspectos, pela materialização do sistema Confef/Crefs: uma
“estrutura avançada do capitalismo” (NOZAKI, 2004) que vem operando no campo da
EF, haja vista a sua adequação à atual fase do capital monopolista, com suas variadas
formas de ataques desferidos à classe trabalhadora. Nesta conjuntura, o sistema
Confef/Crefs busca legitimidade ao se apresentar constituído por “[...]órgãos de
normatização, disciplina, defesa e fiscalização dos Profissionais de Educação Física, em
prol da sociedade, atuando como órgãos consultivos do Governo” (ESTATUTO
CONFEF, 2010). É neste sentido que precisaremos mais que nunca, ter a clareza de que:
Para uma análise rigorosa deste processo e de sua relação com o reordenamento do mundo do trabalho,
possibilitando a regulamentação da profissão de educação física, bem como suas consequentes
modificações e implicações no campo da intervenção e da formação/qualificação profissional da
educação física, ver Nozaki (2004).
7
A Comissão do CNE/CES, no dia 3 de outubro de 2018, votou favoravelmente à aprovação das
Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Educação Física, na forma Parecer 584/18 e
do Projeto de Resolução que o acompanha, sendo publicado em DOU no dia 25 de outubro de 2018
(BRASILa, 2018).
Especificamente buscaremos abrir uma discussão, indicando que este ‘Parecer’
está determinado pelas condições econômicas, políticas e ideológicas do capital em
crise. Assim, ao operar a divisão dos saberes entre duas etapas de formação,
representados pela total fragmentação entre licenciatura e bacharelado, este ‘Parecer’
concluiu as ameaças iniciadas em 2004 e que foram controladas pelos limites da
conciliação promovida pela Resolução CNE/CES 7/20048. Sobre as DCNs instituídas
pela Resolução CNE/CES 7/2004, Taffarel e Júnior (2005, p. 114) apresentam-nas
[...] como mediadoras das necessidades de reestruturacão produtiva,
de dominação imperialista, de reformas e de aplacar a pobreza,
existem elementos concretos que permitem afirmar as íntimas relações
entre elas e a necessidade de estabelecimento da ‘nova ordem
mundial’.
8
Instituiu as DCNs de EF, publicada no DOU em 5 de abril de 2004, Seção 1, p. 18. Alterada pela
Resolução CNE/CES nº 7, de 4 de outubro de 2007.
2 - A Formação de Professores sob a ideologia do pós-modernismo
9
Maria Helena de Castro, secretária executiva do MEC, em entrevista concedida à Associação Nova
Escola (MONTEIRO, 16 Nov, 2017).
10
Por pós-modernidade, Terry Eagleton (1998) compreende “uma linha de pensamento que questiona as
noções clássicas de verdade, razão, identidade e objetividade, a ideia de progresso ou emancipação
universal, os sistemas únicos, as grandes narrativas ou os fundamentos definitivos de explicação.” (p. 7)
detrimento daquelas. Trata-se, de fato, da super valorização da dimensão técnica e
instrumental como orientadora da formação do futuro professor, a qual não está
desligada do crescimento de uma ideologia em defesa do ‘NOVO’. Esta, ao
materializar-se na forma de política, passa a determinar a existência de elementos
indispensáveis à preparação do novo perfil docente, o qual deverá ser o “multiplicador”
de novas práticas e discursos os quais proclamam uma nova era, supostamente pautada
por incontornáveis e inquestionáveis avanços da chamada sociedade do século XXI.
Portanto, todos deverão estar dispostos à adaptação!
Frequentemente conduzidos pelo discurso acima (tanto no campo da teoria como
no da prática), aos cursos de formação de professores impõe-se a produção de um
conjunto de competências capazes de introduzir esse ‘novo perfil docente’. É neste
contexto que: “Professores públicos são chamados a pagar a conta dos acordos espúrios
com o Capital: redução salarial, parcelamento de proventos, precarização e
intensificação do trabalho, entrega da escola pública às Organizações Sociais”
(EVANGELISTA, 2016, p. 1-2)
A alegação de que o professor tem que “aprender a aprender”11 a dar aulas e que,
portanto, sua formação deverá acompanhar a dinâmica veloz e transitória imposta pela
modernização dos novos tempos, vem pavimentando o caminho das reformas que se
apresentam à formação de professores no Brasil, sobretudo, a partir dos anos de 1990,
bem alinhadas às concepções da pós-modernidade.
O avanço do neoliberalismo e seu correspondente no campo da cultura, o pós-
modernismo12, reforçaram o discurso da chamada “sociedade do conhecimento”13.
Neste contexto, os conhecimentos universais e objetivos, historicamente construídos e
sistematizados, têm sido apontados como obstáculos à promoção do que se passou a
denominar como educação de qualidade. Esta, entendida como uma educação asséptica,
visando uma pretensa neutralidade íntima da tradição positivista. Tudo isso passa a
compor o novo perfil de educadores conectados à modernidade do Século XXI.
Assim, defender uma qualidade abstrata como o carro chefe da “Educação do
Século XXI” significa, em tempos de ultraliberalismo, alinhar-se à lógica da gestão dos
negócios, da competição de mercado, da meritocracia etc.
11
Para uma análise mais aprofundada sobre esta questão ver Martins (2010) e Facci (2004).
12
Para uma discussão aprofundada sobre o sentido do pós-modernismo e as dimensões alcançadas por
sua ideologia, ver Federic Jameson (1996) e Terry Eagleton (1998).
13
Concordando com Duarte (2008): “A assim chamada sociedade do conhecimento é uma ideologia
produzida pelo capitalismo, é um fenômeno no campo da reprodução ideológica do capitalismo” (p. 13).
Enguita (1998) nos mostra como ocorreu de forma acrítica, a partir dos anos de
1990, a associação entre a concepção de qualidade da educação com a concepção de
qualidade preconizada pela modernização para a produtividade e competitividade dos
mercados. Esse fenômeno vem ganhando força com o avanço das tecnologias voltadas à
informação.
Na linguagem dos especialistas, das administrações educacionais e dos
organismos internacionais, o conceito de qualidade tem invocado sucessivas
realidades distintas e cambiantes. Inicialmente foi identificado tão-somente
com a dotação em recursos humanos e materiais dos sistemas escolares ou
suas partes componentes: proporção do produto interno bruto ou do gasto
público dedicado à educação, custo por aluno, número de alunos por
professor, duração da formação ou nível salarial dos professores, etc. Este
enfoque correspondia à forma pela qual, ao menos na época florescente do
Estado do Bem-Estar, se tendia a medir a qualidade dos serviços públicos,
supondo que mais custo ou mais recursos, materiais ou humanos, por usuário
era igual a maior qualidade. Mais tarde, o foco da atenção do conceito se
deslocou dos recursos para a eficácia do processo: conseguir o máximo
resultado com o mínimo custo. Esta já não é a lógica dos serviços
públicos, mas da produção empresarial privada (1999, p. 98, grifo nosso).
Faz-se necessário notar que está em curso, desde os anos de 1990, um processo
de readequação da intervenção do capital na escola de modo geral, na formação e no
trabalho docente de forma específica. A este respeito Evangelista (et al., 2017) afirma
que “O desiderato de subordinação da docência à tarefa de produção e reprodução da
consciência burguesa via escolarização (...) é um fenômeno cujas repercussões sociais
nos dias que correm são gravíssimas”.
Pode-se inferir que a “formação docente se configurou como um dos elementos
centrais da reforma educacional projetada pelo neoliberalismo após os anos de 1990”
(EVANGELISTA, 2017, ibid., p. 5), e continua ainda nos dias de hoje, com todo o seu
arsenal jurídico-administrativo pronto para atacar. Haja vista a atual “Política Nacional
de Formação de Professores”, lançada pelo governo de Michel Temer em outubro de
2017. Segundo o MEC, para além de reforçar o discurso de culpabilização do professor,
seu objetivo era o de atuar para “ampliar a qualidade e o acesso à formação inicial e
continuada de professores da Educação Básica” (MONTEIRO, 2017).
Nessa linha acusatória, o então ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmava
que
(...) a qualidade do professor é o fator que mais influencia a
melhoria do aprendizado. Isso significa que, independente [!]
das diferenças de renda, de classes sociais e das desigualdades
existentes, a qualidade do professor é o que mais pode
ajudar a melhorar a qualidade da educação (MONTEIRO,
2017, grifos nossos).
14Está prevista pela Resolução Nº 2, de 1º de julho de 2015, pelo CNE/MEC, que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para
graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.
15 Esta Resolução teve seu Artigo 22 alterado pela Resolução Nº 3, de 3 de outubro de 2018. O Art. 22 da Resolução
Nº 2/2015 passa a vigorar da seguinte forma: “Os cursos de formação de professores, que se encontram em
funcionamento, deverão se adaptar a esta Resolução no prazo improrrogável de 4 (quatro) anos, a contar da data de
sua publicação”.
16 A BNCC para os ensinos infantil e fundamental foi aprovada em 15/12/2017 em votação no Conselho Nacional de
Educação (CNE);
Destaque-se a centralidade dada pela BNCC ao uso do conceito de
“competências”, que além de assumir em sua essência a centralidade político-ideológica
do neoliberalismo, ainda, apresenta-se camuflado por interesses aparentemente
subjetivos e pedagógicos tanto de professores, como de estudantes. Nesta perspectiva,
“competência” é definida como a “mobilização de conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e
do mundo do trabalho”. Desta forma, pretende dar a indicação “clara do que os alunos
devem ‘saber’ [...] e, sobretudo, do que devem ‘saber fazer’ [...]” (BRASIL, 2017, p.
6 - 11, grifo nosso).
É neste contexto que precisaremos apreender as contradições presentes no
‘Parecer’ que pretende instituir as novíssimas Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Educação Física (Parecer CNE/CES nº 584/ 2018).
18
A Teoria do Capital Humano e seu “caráter circular” – dando destaque aos supostos macro e microeconômicas da
tese –, é discutida com rigor e riqueza de detalhes na obra de Gaudêncio Frigotto “A produtividade da Escola
Improdutiva: um (re) exame das relações entre educação e estrutura econômico-social capitalista”. SP. Cortez
Editora. 2001.
19 Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: “Dispõe sobre as condições para a
20
“Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
(discussão que se abre desde meado dos anos de 1990)21. Ainda assim, faz-se necessário
chamar a atenção para o fato de que, diferentemente do processo que levou à aprovação
da Resolução CNE/CES 7/2004 – o qual se deu após uma série de audiências públicas
(TAFFAREL E JUNIOR, 2005; NOZAKI, 2004) –, e da audiência convocada em 2015
para debater a “Minuta de Projeto de Resolução para audiência pública” (CNE/CES
2015), o atual ‘Parecer’ o qual vem acompanhado de um Projeto de Resolução, parece
estar tramitando sob o resguardo de sete chaves. Tal compreensão se torna mais clara
quando o ‘Parecer’ expõe a interferência acentuada de uma única entidade a qual tem,
inclusive, seu nome citado literalmente no texto do documento. Referimo-nos ao
CONFEF.
Cabe reforçar que, a ausência do debate coletivo legitimou o relator à
equivocada interpretação, como já comentado acima, a qual se expressa na saudação às
novas diretrizes como sendo o resultado de um processo da “evolução pensada,
gradual, responsável e sem trauma” (p. 5, grifo nosso). Trata-se, ao contrário da
interpretação do relator, de uma tentativa de conter e apassivar as contradições
históricas presentes no campo da EF. Nesse sentido, nem mesmo as condições concretas
para a construção de um “consenso possível” ou de um “falso consenso” (TAFFAREL,
2005), tal como ocorrera em 2004, foram possibilitadas22.
Um dos desdobramentos da ausência de debates já apontada por nós, se expressa
também pelo caráter obrigatório assumido pela proposta de novas diretrizes. A
obrigatoriedade se impõe sem que ao menos as IES tenham sido minimamente
comunicadas sobre o andamento deste processo. Ressalte-se aqui a ameaça à autonomia
universitária, constitucionalmente prevista em seu Artigo 207, garantindo que: “As
21
Importante lembrar que a discussão sobre a construção de Diretrizes para os cursos de EF têm suas
raízes tanto na LDBN, Lei 9394/96, bem como nos debates que se abrem no âmbito da Câmara Superior
de Educação, Conselho Nacional de Educação, a partir de 1997, convocando a comunidade acadêmica e
profissional para contribuir com o processo de reformulação curricular dos cursos de graduação.
22
Como demonstrado por Nozaki (2004), o início dos anos 2000 abriu a possibilidade para os debates e
para a exposição das disputas para que fossem apresentadas as posições de cada entidade convocada para
se posicionar, junto ao CNE, acerca da definição das Diretrizes Curriculares e da duração dos cursos de
EF. Nozaki demostra que foi ao longo deste processo que várias entidades participaram efetivamente,
entre elas o Ministério dos Esportes, CBCE, CONFEF, MEEF, EXNFEE, declarando suas posições
políticas e ideológicas sobre a questão da formação nos cursos de EF. Neste processo, em determinado
momento algumas entidades se manifestaram em apoio à resolução da comissão de especialistas,
apresentado pelo Ministério do Esporte, os quais entre elas estavam “o CBCE e o Conselho dos
Dirigentes das Instituições de Ensino Superior de Educação Física (CONDIESEF), fundamentalmente
argumentando sobre o possível consenso até então formado” (p. 257). Celi Taffarel (2003, p. 10-11)
destacou, à época, não ter havido consenso, ou, sequer um “consenso possível” como foi defendido pelo
CNE. Para Taffarel: “O que existe é sim um acordo momentâneo para passar uma posição frente ao
CNE”.
universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão” (BRASIL, 1998).
O destaque à obrigatoriedade encontra-se de forma clara nas “Considerações
finais do relator” (p, 5), o qual se coloca sob uma perspectiva meramente técnica e sem
qualquer atenção ao necessário debate com as IES e suas reais disponibilidades
pedagógicas, políticas e ideológicas para a implementação de novas diretrizes. Sendo
assim, na vã tentativa de reforçar sua concepção, alegando que as novas DCNs de EF
são o resultado de uma “evolução pensada, gradual, responsável e sem trauma” (p.
5, grifo nosso), o relator afirma que:
[...] a despeito de obrigatórias [as DCNs], deverão ser estabelecidas de
forma gradual pelas Instituições de Educação Superior (IES), pelo que
entendemos ser razoável que seja essa implantação concluída em um prazo
máximo de 2 (dois) anos, a partir da publicação desta Resolução, sem
prejuízo de que as IES, querendo e de forma consensual com os colegiados
dos cursos de Educação Física e com a representação discente, possam
promover, proporcionalmente, ajustes nos cursos em andamento. (PARECER
CNE/CES 584/2018, p. 5)
Não apenas pelo aspecto acima, mas, sobretudo por ele, não teremos outra saída
a não ser materializar a nossa organização para derrubar o caráter de obrigatório,
fragmentário, pragmático e mercantil da proposta apresentada nessas diretrizes. Este é
um forte sinal dos desafios que precisaremos enfrentar na atual conjuntura. Afirmamos
que essa proposta, só pelo fato de terem sido propostas...!, já representam um
profundo retrocesso e ameaça à formação unificada do professor de EF.
O quadro acima se ajusta ao patamar da concepção dominante em defesa da
chamada “Educação Século XXI” atrelada aos ideários ultraliberais. Localiza o
indivíduo como o único responsável por suas supostas conquistas ou por seus supostos
fracassos e dá a este fenômeno o nome de “autonomia” e “liberdade”; inclusive quando
se trata de estar “excluído” do trabalho. Atrelada a este ideário, a perspectiva do
desenvolvimento de competências se apresenta como a principal condição para garantir
a inserção dos indivíduos no mercado produtivo. Esta lógica tem propagado, sobretudo
a partir dos anos de 1990, a ideia da “educação para toda a vida”, a qual leva o
indivíduo (neste caso, o professor de EF) a buscar saídas individuais para se enquadrar
permanentemente às transformações impostas por uma lógica de produção flexível,
veloz e desregulamentada.
Assim, formar o graduado em EF dentro desta lógica significa situá-lo,
predominantemente, na esteira de uma variedade de mercados destinados à
irracionalidade técnica que tem acompanhado a capacitação profissional pautada pelos
modismos que imperam no mercado do corpo, da saúde, do lazer, da recreação etc. Mas
que também se configura como um concorridíssimo mercado que, entre outras coisas,
disputa a formação do novo perfil docente, bem como a capacitação/qualificação
deste para atuar na escola23.
O recurso da obrigatoriedade camuflado pela retórica da defesa da liberdade de
escolha e da autonomia do discente está presente no ‘Parecer’. Assim, impõe ao
estudante a lógica da especialização precoce, lançando-o às armadilhas da variação de
“humores” do mercado e de seus modismos seja na área da formação para atuar na
educação escolar, seja fora da escola na área do fitness, da saúde, do treinamento etc.
Esta é a tão proclamada “educação ao longo de toda a vida” (DELORS, 1990, p. 104).
Segundo estas propostas difundidas pela UNESCO e expressas no livro do ideólogo
Jacques Delors sob o título “Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a
UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI”, uma
concepção em defesa da educação ao longo de toda a vida deve:
[...] fazer com que cada indivíduo saiba conduzir o seu destino, num mundo
onde a rapidez das mudanças se conjuga com o fenômeno da globalização
para modificar a relação que homens e mulheres mantêm com o espaço e o
tempo. As alterações que afetam a natureza do emprego, ainda circunscritas a
uma parte do mundo, vão, com certeza, generalizar-se e levar a uma
reorganização dos ritmos de vida. A educação ao longo de toda a vida torna-
se assim, para nós, o meio de chegar a um equilíbrio mais perfeito entre
trabalho e aprendizagem bem como ao exercício de uma cidadania ativa
(UNESCO. UM TESOURO A DESCOBRIR, p. 105).
23
Sobre esta questão ver: PENNA, Adriana. Plano de Metas Compromisso Todos Pela Educação’:
Implicações da Lógica Privada na Formação/Qualificação do Professor. Uma Análise
Fundamentada pela Pedagogia Histórico-Crítica. In: Congresso Pedagogia Histórico-Crítica:
educação e desenvolvimento humano. 2015. 06 a 08 de julho de 2015. Unesp - Bauru (SP);
PENNA, Adriana. Regulamentação da profissão do pedagogo: a quem interessa? Um debate
fundamentado pela Pedagogia Histórico-Crítica. In: III Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas
sobre Educação do Campo. V Jornada de Educação Especial no Campo. XIII Jornada do HISTEDBR –
Educação no Campo: História, desafios e perspectivas atuais. Disponível em: WWW.gepec.ufscar.br.
bacharel) estão submetidos às formações/qualificações aligeiradas e superficiais. Estas
se inscrevem na falsa retórica que naturaliza a relação entre a condição de manter-se
empregado frente ao avanço do desemprego estrutural e da inexorável dilatação do
exército industrial de reserva, e o esforço individual em manter-se incansavelmente
“correndo atrás” do tempo perdido.
Por fim, cabe afirmar que o ‘Parecer’ em questão representa a expressão mais
acabada da formação para o trabalho precarizado na EF. Deste modo, além de adequar a
formação do professor de EF às reformas em curso na educação básica, ainda busca
resolver uma disputa que se faz presente na EF desde, pelo menos, 1998. Assim, o
‘Parecer’ em análise cumpre o papel de solucionar/resolver pelo e para o CONFEF os
limites e a ingerência desta entidade nos mercados escolar e não escolar.
A aprovação definitiva dessa proposta em busca da aprovação de novas DCNs
de EF poderá reforçar o fenômeno da regulamentação da profissão de educação física, o
qual levou à criação do sistema CONFEF/CREFs24. Este faz parte de uma ação
corporativista e de gerência da crise do capital, sendo assim, não representa,
efetivamente, conquistas aos trabalhadores da educação física. Nesse contexto, vale
sempre lembrar e reafirmar que a criação do sistema CONFEF/CREFs, ante as reformas
estruturais vividas pelo Estado brasileiro, configura-se como uma "estrutura avançada
do capitalismo" (NOZAKI, 2004, p.209, grifo nosso).
24
Conselho Federal de Educação Física e seus respectivos Conselhos Regionais de Educação
Física.
Na etapa específica, à formação do licenciado o ‘Parecer’ indica a restrição do
professor de EF às atividades escolares, adequando-se às reformas educacionais já em
curso, haja vista a implementação do chamado “Novo Ensino Médio” e da BNCC na
educação básica. Nesse sentido, a formação do professor de EF e sua atividade
pedagógica também deverão ser fundamentadas na concepção de competências.
No que se refere à formação no bacharelado, o ‘Parecer’ aprofunda seus aspectos
técnicos, naturalizando a competitividade e a flexibilização de funções destinadas à
atuação nos mercados da aptidão física, do fitness e da busca por uma vida saudável.
A aparição deste ‘Parecer’ se dá num momento de grandes incertezas e de
ameaças de toda natureza (econômicas, políticas, ideológicas...). Tudo isso num país
que vem conduzindo seus serviços públicos à falência, transformando-os
sistematicamente em mercadorias. Na mesma proporção o estado brasileiro abre as
portas do mercado à iniciativa privada e às elites.
É preciso, indispensável mesmo, que o pensamento crítico remanescente aja
contra o racionalismo instrumental do mercado e sua capacidade destrutiva, os quais
impulsionam a sociedade à irracionalidade. Daí a necessidade de nos organizarmos e de
conhecermos a realidade concreta para apontarmos as contradições de sua dinâmica
política, econômica e ideológica. Só assim NÃO nos renderemos às suas várias
expressões de poder.
À LUTA, POIS!
Bibliografia:
BRASIL. MEC/ CNE/ CES. Minuta de Projeto de Resolução para audiência pública de
11/12/2015. Disponível em: <
http://www.cbce.org.br/upload/biblioteca/Proposta%20de%20Resolu%C3%A7%C3%A
3o_DCN%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%ADsica%20licenciatura.pdf>.
Acesso em: 15 nov. 18.
PNE . http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf.
Resumo: Objetivando analisar a fragmentação da formação nas (novas) Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de
graduação em Educação Física (Resolução CNE/CES nº 06/2018), o estudo se utiliza da análise documental para revelar os
debates que antecederam sua publicação e a concepção de formação nelas presente. Constatamos que a fragmentação foi
repaginada, se mantém na lógica destrutiva do capital, assim como a concepção de formação contínua direcionada à
instrumentalização para o trabalho.
Palavras-chave: Formação de Professores. Diretrizes Curriculares Nacionais. Educação Física.
Resumen: Con el objetivo de analizar la fragmentación de la formación en las (nuevas) Directrices Curriculares Nacionales de los
cursos de graduación en Educación Física (Resolución CNE/CES nº 06/2018), para tal el estudio se utiliza del análisis
documental para revelar los debates que precedieron su publicación y la concepción de formación en ellas presente. Constatamos
que la fragmentación fue repaginada, se mantiene en la lógica destructiva del capital, así como la concepción de formación
continua dirigida a la instrumentalización para el trabajo.
Palabras clave: Formación de Profesores. Directrices Curriculares. Educación Física.
Abstract: Aiming to analyze the fragmentation of formation in (new) National Curriculum Guidelines for undergraduate courses
in Physical Education (Resolution CNE/CES nº 06/2018), the study uses documentary analysis to reveal the debate leading up to
your publication and the design of formation her present. We found that fragmentation was remodeled, keeps on destructive logic
of capital, as well as the design of formation directed at exploitation for work.
Key words: Formation of Theachers. Curriculum Guidelines. Physical Education.
Considerações iniciais
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 318
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Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 319
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Professor Tojal inicia a sua fala declarando sua procedência como professor da
UNICAMP, vice-presidente do CREF/CONFEF formado bacharel pelo parecer
215/87. Inicia estranhando que não tem uma Comissão de Especialista discutindo a
questão da revisão das diretrizes e que não tem um documento prévio com o parecer,
mas somente a Minuta de Resolução que eles tiveram acesso somente dia 7/12/2015,
depois de enviar correspondência ao CNE forçando o convite para a Audiência10.
Importante ressaltar que em dezembro de 2015 deu-se início, na Câmara dos Deputados, cujo
presidente à época era Eduardo Cunha, ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
denunciada por crime de responsabilidade fiscal. Dava-se início ao golpe de Estado que levou à
presidência da república Michel Temer (MDB). A conjuntura política do Brasil iria afetar também o
campo da EF, pois a mudança também aconteceu no Ministério da Educação e, consequentemente, no
CNE, o que provocou a desmobilização da comissão de revisão das DCNEF, sobretudo a saída do relator
Paulo Barone – que nos últimos anos vinha acumulando conhecimentos sobre o problema da
fragmentação da profissão EF. A partir de então, o processo de reformulação foi tratado apenas no
interior do CNE, não houve mais nenhuma audiência pública e, ao que parece, os novos conselheiros
ficaram sobre a pressão política promovida pelo Confef.
O fato é que em 18 de janeiro de 2018 a nova comissão11 promulgou as (novas) DCNEF, as
quais são subsidiadas pelo Parecer CNE/CES 584/2018. Porém, a nova comissão não conseguiu ir na
direção oposta às determinações do mercado de trabalho e aos ditames do movimento político do setor
conservador/cooperativista, pois o bacharelado voltara de uma morte anunciada na minuta da resolução
de 2015.
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 321
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muito comum em um modelo neoliberal de formação de professores, cujas lógicas da pedagogia das
competências e da simetria invertida prevalecem no desenvolvimento do currículo dos cursos de
licenciatura. Podemos perceber os aspectos neoliberais na Resolução CNE/CES nº 06/2018:
[...] a formação do professor precisa tomar como ponto de referência, a partir do qual
orientará a organização institucional e pedagógica dos cursos, a simetria invertida entre
a situação de preparação profissional e o exercício futuro da profissão. As diretrizes
que se seguem procuram avançar nessa característica, buscando tornar coerente a
formação do professor com a simetria existente entre essa formação e o futuro
exercício da profissão.
Logo, se o conhecimento mais valorizado da formação inicial é o advindo do cotidiano e
pessoal, então, a formação deixa de abordar os conhecimentos mais desenvolvidos e ricos construídos
pela humanidade ao longo de sua história. Mesmo quando é exigido algum tipo de conhecimento advindo
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 322
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do campo da ciência, este é substituído pelo conhecimento das competências e habilidades requeridas pela
prática cotidiana (DUARTE, 2010). Esta é a lógica pautada na formação da Etapa Específica do
professor/profissional de EF, modelo de educação que aprofunda o processo de fragmentação da área e
está em consonância com a defesa do setor conservador/cooperativista da EF.
Outro aspecto que destacamos diz respeito aos objetos de estudos contidos nas (novas)
DCEEF, restritos a apenas dois, os quais devem orientar os cursos no processo de (re)formulação de seus
currículos.
A emancipação não se dará fora de um violento processo de ruptura com o atual modo
de o capital organizar a vida. E, portanto, a ontologia aponta a possibilidade teleológica
da transição do socialismo ao comunismo. Mas sem aderência a esta realidade isto não é
possível. Faz-se necessário anunciar, sim, o tipo de sociedade que se quer transformar a
atual e com que instrumentos da luta de classes vamos contar para tal transição e
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Considerações Finais
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Constatamos que a conjuntura política que o país viveu entre os anos de 2016 e 2017 contribuiu
para que houvesse uma repaginação da fragmentação da formação do professor/profissional de EF, haja
vista que a Resolução CNE/CS nº 06/2018 manteve-se atrelada aos interesses do setor
conservador/corporativista. Esperamos que o setor progressista/revolucionário da EF se mantenha unido
para o enfrentamento das tendências e conjunturas atuais, com a retomada do poder pela extrema direita,
o que nos exige consciência e organização de classe e torna ainda mais presente e imperativa a célebre
frase deixada por Marx e Engels (1998, p. 65) ao final do manifesto do Partido Comunista: “Proletários de
todo os países, uni-vos!”.
Referências
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 325
Artigos
Notas:
1 Universidade Federal do Pará. Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), professor de Educação
Física da rede estadual de ensino do Pará (SEDUC). Membro do Linha de Estudo em Educação e Pesquisa em Educação Física,
Esporte e Lazer (LEPEL). ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9772-4413 Email: osvaldogaldino@hotmail.com
2 Doutor em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), professor de Educação Física da rede estadual de ensino do
Pará (SEDUC). Membro do Linha de Estudo em Educação e Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer (LEPEL). Docente
da Faculdade de Educação Física Madre Celeste (ESMAC). ORCID: http://orcid.org/0000-0002-3204-9920 Email:
robsonbastos@hotmail.com
3 Universidade Federal do Pará. Foi o conjunto de mediações realizadas entre os setores que discutiam as DCNEF de 2004, com
exceção do MEEF, que não coadunou com as determinações das diretrizes e retirou-se do processo.
4 A autora constatou o interesse do Confef em orientar as diretrizes para: 1) a qualidade de vida e promoção da saúde; 2) a
regulamentação da profissão; e 3) a divisão entre licenciatura e bacharelado. Outro documento que reafirma este interesse no
direcionamento da área é a Resolução Confef 046/02, que dispõe sobre a Intervenção Profissional de Educação Física, já que a
própria Lei nº 9.696/98 (BRASIL, 1998) não deixa claro o campo de atuação do “Profissional de Educação Física”. Logo
depois, o documento em questão serviu de subsídio para o Parecer CNE/CES 138/02 “[...] elaborado sob prestimosa assessoria
do Confef”. (CASTELLANI FILHO, 2016, p. 760).
5 Disponível em: <http://docs.wixstatic.com/ugd/1b4256_90ab5fc7db3e4a04aa77d130dc64d5a9.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2019.
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Artigos
7 O debate da EF há algum tempo tem-se concretizado também na esfera jurídica. A exemplo, está a Ação Civil Pública N. 29134-
90.2013.01.3900 de 28 de janeiro de 2014, Seção Judiciária do Pará, que suspendeu a restrição ao campo de atuação dos
profissionais graduados em licenciatura, por entender que a Lei nº 9.696/98 não prevê distinção entre licenciados e bacharéis.
8 Segundo Furtado et al (2016, p. 782) “[...] trata-se de um dispositivo jurídico, que deveria destinar-se a teses jurídicas com
fundamentações idênticas em questão de direito. Todos os Estados que tinham assegurado via decisões de primeira e segunda
instâncias o direito ao exercício profissional, perderam esta condição após a decisão do STJ de 12 de novembro 2014”.
9 Composta pelos Presidente Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi, Relator Conselheiro Paulo Monteiro Vieira Braga Barone e
pelo Membro da Comissão Conselheiro Yugo Okida.
10 Relato da Audiência Pública proferido pela professora Celi Taffarel. Disponível em:
<http://www.rascunhodigital.faced.ufba.br/ver.php?idtexto=224>. Acesso em: 10 fev. 2019.
11 Composta pelos Conselheiros: Antônio de Araújo Freitas Júnior (Presidente), Luiz Roberto Liza Curi (Relator), José Loureiro
Lopes, Yugo Okida e Márcia Ângela da Silva Aguiar.
12 Expressão cada vez mais usada no meio corporativo para expressar o sentimento de pertença de um indivíduo que cuida de
algo que não é seu, mas é como se fosse. Esse tipo de profissional é a mais procurado atualmente no mundo do trabalho pelos
capitalistas.
13 Esta foi a ideia do 3+1 na EF – 3 anos de estudos de conhecimento básico e 1 ano de aprofundamento nas diversas áreas de
interesses.
14 Art. 15. Os cursos de Licenciatura em Educação Física, respeitadas a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das
instituições, devem garantir uma formação profissional adequada aos seguintes conteúdos programáticos: a) Política e
Organização do Ensino Básico; b) Introdução à Educação; c) Introdução à Educação Física Escolar; d) Didática e metodologia
de ensino da Educação Física Escolar; e) Desenvolvimento curricular em Educação Física Escolar; f) Educação Física na
Educação Infantil; g) Educação Física no Ensino Fundamental; h) Educação Física no Ensino Médio; i) Educação Física
Escolar Especial/Inclusiva; j) Educação Física na Educação de Jovens e Adultos; e k) Educação Física Escolar em ambientes
não urbanos e em comunidades e agrupamentos étnicos distintos (BRASIL, 2018, p. 4).
15 Art. 18. [...] a formação do Bacharel em Educação Física deverá [...] ser concebida, planejada, operacionalizada e avaliada,
qualificando-o para a intervenção profissional em treinamento esportivo, orientação de atividades físicas, preparação física,
recreação, lazer, cultura em atividades físicas, avaliação física, postural e funcional, gestão relacionada com a área de Educação
Física, além de outros campos relacionados às prática de atividades físicas, recreativas e esportivas [...] (BRASIL, 2018, p. 5).
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 317-327, dez. 2019. ISSN: 2175-5604 327
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES: A DISPUTA NOS RUMOS DA FORMAÇÃO
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi apresentar, após análise de dados empíricos sobre os cursos de
formação de professores em geral, a problemática e os desafios colocados para a Educação em geral no
atual momento histórico. A metodologia do trabalho considerou análise da conjuntura, os documentos
legais, os dados sobre os cursos e posições de entidades a respeito da formação de professores. Conclui-se
apresentando: a possibilidade de essência para a formação de professores segundo a Associação Nacional
pela Formação dos Profissionais de Educação (Anfope) e a possibilidade de essência apresentada por
Grupos de Pesquisa e defendida por entidades, para formação de professores, que rompa com a subsunção
ao projeto histórico capitalista que prevê a negação do conhecimento teórico, o relativismo científico e o
avanço da barbárie.
Abstract: The objective of this research was to present, after analyzing empirical data on teacher training
courses in general, the problems and challenges posed to Education in general in the current historical
moment. The methodology of the work considered analysis of the conjuncture, the legal documents, the
data on the courses and positions of entities regarding the formation of teachers. It concludes by
presenting: the possibility of essence for teacher training according to the National Association for the
Training of Education Professionals (Anfope) and the possibility of essence presented by Research
Groups and defended by entities, for teacher training, which breaks with the subsumption to the capitalist
historical project that provides for the denial of theoretical knowledge, scientific relativism and the
advance of barbarism.
Resumen: El objetivo de esta investigación fue presentar, luego de analizar datos empíricos sobre los
cursos de formación docente en general, los problemas y desafíos planteados a la Educación en general en
el momento histórico actual. La metodología del trabajo consideró el análisis de la coyuntura, los
documentos legales, los datos sobre los cursos y posiciones de las entidades respecto a la formación de
docentes. Se concluye presentando: la posibilidad de esencia para la formación docente según la
Asociación Nacional para la Formación de Profesionales de la Educación (Anfope) y la posibilidad de
esencia presentada por Grupos de Investigación y defendida por entidades, para la formación docente, que
rompe con la subsunción al proyecto histórico capitalista que prevé la negación del conocimiento teórico,
el relativismo científico y el avance de la barbarie.
1
Professora Dra. Titular FACED/UFBA. Produtividade Pesquisa CNPq. Coordenadora ANFOPE
REGIONAL NORDESTE. E-mail: celi.taffarel@gmail.com.
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1 INTRODUÇÃO
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 2
Fundos Públicos, que visa à revisão e extinção de fundos públicos bem como medidas
para privatizar 17 empresas estatais; (4) no “Plano Brasil Mais”, 4do governo de Jair
Bolsonaro, encaminhado por Paulo Guedes, em 05 de novembro de 2019, para ser
aprovado pelo parlamento brasileiro, que prevê Projetos de Lei para desvincular,
desobrigar, desindexar, desestatizar/privatizar o orçamento e as empresas estatais. O
plano pretende alterar as funções sociais do Estado Brasileiro, com redução de gastos
obrigatórios, objetiva alterar também regras do pacto federativo e revisar fundos
públicos. Essas medidas trarão consequências nefastas e destrutivas no âmbito da
Educação Física, seja como formação de professores, como conteúdo do Ensino
Fundamental e Médio, seja como Política Pública de desenvolvimento científico e
tecnológico, educacional, de lazer e do esporte competitivo de alto rendimento; e (5) o
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda diante dos impactos da
COVID-195, denominado por Rodrigo Maia como a “Economia de Guerra”, que previa
suspenção de contratos trabalhistas, renda emergencial e redução das horas de trabalho,
com redução de salários.
Com essas medidas econômicas que visam desvinculação, desobrigação,
desindexação e desestatização, impactam-se os serviços públicos, bem como a garantia
de direitos e conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras, já incluídos precariamente na
Constituição Federal de 1988.
A crise capitalista gera efeitos evidentes nas consequências sociais do
desmonte da República e retirada dos direitos, pela via das medidas encaminhadas pelo
Executivo, aprovadas no Legislativo, com o respaldo do Judiciário. Medidas perversas
porque penalizam a classe trabalhadora, mas são amplamente aprovadas por setores
como a mídia privada, que tem concessões estatais, pelos latifundiários e pelos
empresários capitalistas, o setor rentista parasitário da economia. Com essas medidas,
crescem os índices de desemprego e de violência, principalmente com os mais pobres, o
povo negro, os indígenas, os quilombolas, Fundo e Fecho de Pasto, povos tradicionais,
de terreiros, das águas, das florestas, os Sem-teto, os Sem-terra, os atingidos por
grandes obras, as mulheres, os LGBTQI+6. As evidências também estão nas
consequências da perda de direitos com leis trabalhistas da seguridade social, da
assistência, previdência e saúde.
O colapso do Sistema Único de Saúde, pela falta de investimentos públicos e
de uma política nacional coordenada para salvar vidas, também ficou evidente durante a
pandemia de 2020. O propósito da elite no poder é reduzir os gastos com políticas
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 3
públicas, em especial, saúde, educação, saneamento e beneficiar o setor rentista da
economia. A finalidade é tirar dos pobres para “compensar” os pobres, proporcionando
uma renda mínima em dinheiro para que decidam o que fazer. Uma espécie de “vale”,
um “voucher” para a classe trabalhadora empobrecida “comprar” do setor privado
educação, saúde, assistência, previdência.
Evidências da crise podem ser identificadas, também, nas questões ambientais,
na destruição das florestas, na mineração devastadora, na privatização das águas, no
negacionismo das problemáticas climáticas. Os ataques às florestas na Amazônia trarão
consequências mundiais irreversíveis ao planeta, com alterações climáticas que poderão
inviabilizar a vida humana. O Objetivo é único: riquezas minerais a custo da
devastação. Ademais, povos indígenas serão dizimados e a biodiversidade destruída.
A crise está sendo evidente, também, nas questões políticas, com avanços da
direita e extrema direita, na atuação das milícias, do narcotráfico, do “gabinete do ódio”,
na propagação das Fake News e na atuação dos Think Tanks. Além disso, evidencia-se
na destruição da Constituição Cidadã de 1988, na quebra do equilíbrio dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, nas relações com a sociedade civil, por meio da
ameaçadora presença das forças armadas, na coerção, enquanto política de Estado,
evidente nos, aproximadamente, oito mil militares no Governo, predominantemente do
Exército, compactuando com os avanços da extrema direita genocida, avanços da
necropolítica (MBEMBE, 2018) e com a política externa subalterna aos Estados Unidos
da América do Norte (BANDEIRA, 2004).
As medidas devastadoras, próprias do ultra neoliberalismo, que impõe um
Estado (MASCARO, 2013) o qual, em sua forma jurídica, pode ser designado de
“Estado de Exceção” (VALIM, 2017), têm consequências, também, nas questões
culturais. Constatamos o rebaixamento teórico, o negacionismo da ciência, o
obscurantismo, a destruição das culturas dos Povos Tradicionais, Povos Indígenas, de
Terreiro, das Florestas, Das Águas, Dos Campos ,dos Quilombolas, Fundo e Fecho de
Pasto, com a imposição de valores de uma cultura meritocrática, paternalista, militarista,
oligárquica, machista, impregnada de preconceitos e fobias (homofobia, xenofobia,
gerontofobia entre outras), que agora busca instituir um ethos7 geocultural, em
conformidade com o ethos geopolítico do ultra neoliberalismo, do imperialismo, face
superior do capitalismo, em todo o planeta. Uma cultura da exploração, da opressão
humana e destruição da natureza, na qual prevalecem as ideias da classe dominante, a
ética e a moral próprias dos burgueses capitalistas, exploradora, opressora, da lógica
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 4
privatista, mercantilista, empresarial, parasitária, militarista, disciplinadora,
subserviente, entreguista, obscurantista, negacionista, acientífica, a-histórica e acrítica.
São as contradições entre a vida material, pelo conflito que existe entre as
forças produtivas sociais e as relações de produção que determinarão os rumos
assumidos pela luta de classes no próximo período.
Segundo Marx, “A transformação da base econômica altera, mais ou menos
rapidamente, toda a imensa superestrutura [...]” (2007, p. 25). Ainda segundo Marx, ao
considerarmos tais alterações, temos que distinguir entre as alterações materiais, as
condições econômicas de produção e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas
e filosóficas, ou seja, as formas ideológicas pelas quais os seres humanos tomam
consciência disso tudo e levam essa consciência às últimas consequências. Portanto, não
se pode mudar uma ideologia da burguesia com outra ideologia identitária. É necessário
mudar as condições materiais concretas da existência humana.
O que constatamos é que novas formas de relações de existência humana se
fazem necessárias, são vitais, ou entraremos em um processo cada vez mais profundo de
barbárie, de retrocesso civilizatório, que colocará em jogo a própria existência humana
no planeta. Os imperialistas, em especial os Estados Unidos da América do Norte, têm
um poder armamentista para destruir cem vezes o planeta Terra, mas não têm condições
de deter um vírus, e hoje o país está em primeiro lugar entre as nações, no que diz
respeito à morte de pessoas pela COVID-19.
Segundo Montoro (2014, p. 369-542), em seu livro Capitalismo e Economia
Mundial, vivemos um período histórico em que existem “crises, ajustes e crises”, para a
volta à “normalidade do imperialismo”. E a “normalidade” é um sistema dominado pelo
capital em decadência, impondo a todas as nações e suas populações, principalmente à
classe trabalhadora, um brutal sofrimento, fruto de crises financeiras, guerras e ataques
às forças produtivas, ao trabalhador, ao trabalho, ao conhecimento e à natureza. Ataques
que aprofundam a barbárie já instalada, em maior ou menor grau, em nosso planeta. Os
resultados são nefastos, a saber: destruição das forças produtivas.
O capitalismo, em sua atual fase imperialista (LENIN, 2007) apresenta
resultados visíveis, medíveis, comparáveis que são: a destruição econômica, a
regressão social e a destruição da democracia. A caracterização da situação atual é
inequívoca, segundo Montoro (2014, p. 369) “[...] se trata de uma grande crise, não
apenas muito mais profunda que a dos anos setenta, mas também comparável às mais
graves da história [...]”. Crise histórica que tem determinações da economia política, da
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 5
geopolítica mundial, que é uma das características do imperialismo, a partilha do mundo
entre as associações capitalistas (LENIN, 2007, p. 79). Vem da concentração da produção
com base na exploração do trabalho humano, dos monopólios, da financeirização, das
oligarquias financeiras e da exportação de capitais.
Para estruturar e manter um sistema com essa lógica, ergue-se toda uma
superestrutura dentro das quais estão as famílias, a igreja, a escola, as associações, as
organizações, as empresas, os partidos, os sindicatos e, inclusive, os cursos de formação
de professores de Educação Física.
O que reivindicamos para a formação de professores em geral e para a
formação de professores de Educação Física? Frente a essa realidade e considerando a
gravíssima situação sanitária de descontrole da Pandemia do coronavírus, causa da
doença COVID-19, em decorrência da necropolítica aplicada pelo Governo Bolsonaro,
interrogamo-nos sobre a concepção, os fundamentos da formação de professores em
geral e, em especial, dos professores formados em cursos de Educação Física.
Apresentamos dados sobre essa formação como mais uma contribuição que se
soma aos esforços empreendidos pelos intelectuais orgânicos da classe trabalhadora
(GRAMSCI, 1978) para enfrentar a realidade concreta, identificando os pontos de apoio
que nos permitirão superar este período pré-histórico de relações sociais possíveis à
humanidade. Aliamo-nos aos que estão concretamente inseridos nas lutas de classe da
classe trabalhadora, em defesa do projeto de emancipação humana, ou seja, projeto de
superação do modo de produção de vida capitalista, em que se situa um projeto de
formação de professores em geral e, em especial, de Educação Física, que se contrapõe
ao conformismo e a adaptação à lógica do capital.
A análise até aqui desenvolvida nos permite reconhecer que existe,
concretamente, uma realidade de crise, em que as instabilidades e contradições
capitalistas são confrontadas, remodeladas e reformuladas para manter a hegemonia em
que consiste o capitalismo. As crises, segundo David Harvey (2016, p. 09-13), abalam de
maneira drástica o modo de pensar e entender das instituições e das ideologias
dominantes, bem como nossa concepção de mundo e do lugar que ocupamos nele. Ainda
segundo Harvey (2016, p. 10), por coerção ou consentimento, acabamos adaptando-nos às
respostas capitalistas, às contradições “fundamentais”, “mutáveis” e “perigosas” do
capitalismo que sinalizam o seu fim.
Neste lastro do tempo histórico, com evidentes indícios de que as forças
produtivas não só “deixaram de crescer” (TROTSKY, 2018, p. 91), mas estão sendo
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 6
destruídas (MONTORO, 2014, p. 515), ou seja, o trabalho humano, a natureza, as
técnicas, o conhecimento científico, o trabalhador/trabalhadora estão sendo destruídos, é
que se coloca a discussão sobre a transição (TROTSKY, 2018), do projeto histórico
capitalista para o socialismo (ENGELS, 1981) e sobre diretrizes para a formação de
professores, em especial, professores de Educação Física, a ser aprofundada em próximo
texto.
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183,1 mil instituições de ensino, com 2,6 milhões de docentes que estão com suas
atividades suspensas e que buscam, a partir de referências teóricas, saídas alternativas
para enfrentar o que está colocado na realidade atual, a qual descrevemos acima.
Em se tratando dos professores, perguntamo-nos onde são formados, em que
instituições de ensino obtiveram seus diplomas? Alguns dados nos permitem identificar
tendências e, assim, refletir sobre o que fazer, em especial as instituições públicas que
formam professores.
Sinteticamente, analisando os números existentes no INEP, sobre cursos de
Formação de professores no Brasil em 2020, concluímos que existem 20.382 cursos;
destes, temos, no setor público, um total de 4.501, sendo 3.936 na modalidade
presencial e 565 em Educação a Distância (EaD). O setor privado é responsável por
15.881 cursos, dos quais 4.200 são presenciais e 11.681 são via EaD.
Segundo os dados levantados por região, tem-se que a região Nordeste é a que
apresenta o maior número de cursos de formação de professores. São, no total, 5.898
cursos e, destes, 4.253 são oferecidos pela iniciativa privada, dos quais 3.588 são
cursos via Educação a Distância. A Região Sudeste detém um total de 5.721 cursos, dos
quais 4.799 estão na iniciativa privada, sendo 2.545 via Educação a Distância e 2. 254
presenciais. A Região Norte ocupa o terceiro lugar, com 3.110 cursos, sendo que,
destes, 2.266 estão na iniciativa privada, dos quais 2.057 são via Educação a Distância.
A Região Sul ocupa o quarto lugar em número de cursos, em um total de 2.982; desse
número, 2.378 cursos estão na iniciativa privada, sendo 1.664 pela via da Educação a
Distância. A Região Centro-oeste ocupa o quinto lugar, com um total de 2.671 cursos,
sendo que, destes, 2.195 estão na iniciativa privada, dos quais 1.827 são pela via da
Educação a Distância. Assim, esses dados demonstram e confirmam a tendência no
Brasil de formação de professores por cursos na iniciativa privada, via Educação a
Distância.
A respeito das políticas de formação de professores a distância no Brasil,
Malanchen (2015), após analisar criticamente o debate sobre EaD, que considerou o
deslumbramento de um novo modelo de formação, a perspectiva social, as faces ocultas
da EaD, as tramas do discurso e o determinismo tecnológico, apresenta-nos o papel
articulador, disseminador de um novo ideário nas Políticas e Estratégias para a
formação docente a distância, engendrada pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Banco Mundial. Com isso consolida-se
no Brasil, por meio de cooperações intelectuais e apoio técnico, um novo paradigma da
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 8
Educação. Malanchen (2015) questiona essas políticas e estratégias, interrogando sobre
cooperação ou dominação intelectual e, ao analisar a regulamentação da EaD e o novo
modelo de formação docente, detecta que duas ações são enfatizadas: uma que torna
imprescindível o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e outra que
indica a parceria entre público-privado, sendo incentivada pelas orientações de
organismos internacionais e, com isso, estimulando a formação de professores fora das
universidades, preferencialmente em serviço, para reduzir tempo e custos. Consolidam-
se os interesses da classe dominante que em meio a pandemia (LAMOSA, 2020)
As conclusões a que chegamos, hoje, em 2020, analisando os números e
identificando tendências na formação de professores, não diferem, em termos gerais, do
que Malanchen (2015) concluiu a respeito da educação sob a hegemonia neoliberal. Sob
a hegemonia ultra neoliberal, afirmamos nós, em 2020, o papel do Estado foi e está
sendo redefinido, na atualidade, com o desmonte acelerado dos serviços públicos, em
prol da iniciativa privada. O valor da educação, hoje, também está conformado pela
lógica do mercado, visando adequar a escola e seus profissionais aos interesses
hegemônicos de manutenção das condições de acumulação do capital na sua forma
atual.
Os oligopólios foram consolidando-se no Brasil às custas de recursos públicos
advindos do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). O ensino a distância, em meio
à pandemia, tem sido altamente lucrativo para as empresas privadas. Para grandes
empresas, é vantajoso gastar menos com a folha de pagamento de pessoal, diminuem-se
custos com instalações e equipamentos, que passam a ser de responsabilidade de
professores e estudantes. A Anhanguera Educacional Ltda, do Grupo Cogna, por
exemplo, chega a ter uma relação professor aluno de 1.737 estudantes para cada
professor10.
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 9
competindo com as instituições públicas na busca de recursos. Os aparelhos privados
estão disputando os interesses da sociedade brasileira, colocando como se os interesses
privados fossem os exclusivos interesses gerais de toda a sociedade.
A Educação, mesmo em meio à pandemia da COVID-19, continua sendo
adequada aos imperativos economicistas que orientam as políticas públicas. Malanchen,
já em 2015, questionava e sinalizava para o conceito de democracia em que eram
pautadas as políticas de EaD, que apregoavam a igualdade política e jurídica, mas não
garantiam a igualdade material. Os dados demonstram isso, pois, segundo a
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 62% dos estudantes
não têm acesso à base material que garante a própria existência de condições para a
EaD.
Em 2020, constatamos a expansão em grande escala da formação docente a
distância, que promove, segundo Shiroma (2003), a desintelectualização, ancorando a
formação na epistemologia da prática e na individualidade, não permitindo uma
consistente base teórica, sólida e coletiva.
Esta devastadora e crescente tendência de aumento dos cursos de formação de
professores na iniciativa privada e pela modalidade de Educação a Distância, sob os
auspícios dos oligopólios, tem o respaldo de Diretrizes que regem esses Cursos,
aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologadas pelo Ministro da
Educação13. Podemos constatar que, ao longo da história, sempre ocorreram
negociações que viabilizaram a incorporação de avanços nas Diretrizes, processo que
não está acontecendo desde o Golpe de 2016 e, principalmente, sob o governo ultra
neoliberal de Jair Bolsonaro.
Estamos em 2020 e podemos constatar, pela forma como estão ocorrendo as
audiências públicas e os processos de aprovação de “novas” Diretrizes para a formação
de professores, a ocorrência de um total menosprezo pelas propostas das entidades no
campo da Educação por parte do CNE. Provavelmente, a própria pedagogia entrará
novamente em pauta e veremos o que é uma péssima hipótese: as diretrizes serão
reformuladas, o curso dividido em bacharel e licenciando, e teremos a criação de um
conselho profissional que vai regular o exercício da profissão, enquanto a valorização
do magistério está sendo violentamente atacada. Esse processo de divisão na formação e
criação de conselho profissional já ocorreu com a Educação Física.
A devastação provocada por medidas adotadas na área da Educação no Brasil,
a partir do Golpe de 2016 (JINKINGS, ET.AL. 2016), que destituiu uma presidenta
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 10
legitimamente eleita, pode ser observada nas medidas até agora adotadas contra o
Sistema Federal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, contra a Educação
Pública e contra os Serviços Públicos14.
Vamos destacar o que diz respeito à revogação arbitrária da Diretriz Curricular
sobre formação inicial e continuada de professores para a educação Básica, a Resolução
02/2015, que vinha orientando a reestruturação de currículos para a formação inicial e
continuada de professores. Com as alterações ocorridas na composição do CNE e no
Fórum Nacional de Educação (FNE), alterou-se a lei, e tem-se a aprovação, em 2019, da
resolução 02/2019, que trata da formação Inicial de professores e institui a Base
Nacional Comum Curricular (BNC) para a Formação de Professores.
As principais críticas das Diretrizes aprovadas e homologadas são as seguintes:
(a) Os fundamentos da formação de professores estão atrelados à Base Nacional
Curricular Comum (BNCC) que, por sua vez, responde a “competências e habilidades”
para adaptação ao mundo do trabalho que, como vimos acima, é o mundo do trabalho
alienador e conformador ao novo ethos geopolítico e ethos geocultural imperialista; (b)
o esvaziamento teórico de conhecimentos clássicos da área das teorias pedagógicas
críticas; (c) a divisão entre formação inicial e continuada; e (d) a desconsideração do
que determina a valorização do magistério – além da sólida formação teórica, as
condições de trabalho a formação continuada, salários, carreira, gestão democrática,
financiamento da educação, organização dos trabalhadores da educação, entre outros.
O Projeto de Formação Inicial e Continuada de Formação de professores, que
vem sendo defendido historicamente pelas entidades da Educação e pela teoria
pedagógica crítica, sobre formação de professores, sinaliza a consideração do projeto
histórico-superador do capitalismo como referência na formação (FREITAS, 2018), as
diretrizes curriculares que superem as políticas que se perfilam com o ethos neoliberal e
ultra neoliberal (MALANCHEN, 2016), os fundamentos da teoria pedagógica
Histórico-Crítica (MARTINS; DUARTE, 2010) para a formação de professores e os
princípios do Projeto de Formação de Professores da Associação Nacional pela
Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE, 2018), dos quais destacamos: 1º) a
formação inicial, sempre presencial e em nível superior, e a continuada devem ser
examinadas de forma contextualizada na sociedade brasileira; 2º) a transformação do
sistema educacional exige e pressupõe sua articulação com a mudança estrutural e
conjuntural, visando à construção de uma sociedade democrática, justa e igualitária; 3º)
a gestão democrática da educação integrante da democratização da sociedade brasileira;
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4º) a autonomia universitária; 5º) a reformulação dos cursos de formação de professores
como processo constante e contínuo, desenvolvimento dos conhecimentos científicos e
tecnológicos e das demandas socioculturais; 6º) a defesa da Universidade e suas
Faculdades de Educação como locus prioritário para a formação dos profissionais da
educação que atuam na educação básica; 7º) a superação do caráter fragmentário e
dicotômico da formação do pedagogo e dos demais licenciados, que se materializa na
organização curricular, reafirmando a docência como a base da identidade de todos os
profissionais da educação; 8º) a extinção gradativa da formação de professores em nível
médio; 9º) os princípios da Base Comum Nacional : sólida formação teórica e
interdisciplinar sobre o fenômeno educacional, seus fundamentos históricos, políticos e
sociais, bem como o domínio dos conteúdos da educação básica, de modo a criar
condições para o exercício da análise crítica da sociedade brasileira e da realidade
educacional; unidade teoria-prática atravessando todo o curso e não apenas a prática de
ensino e os estágios supervisionados, de modo a garantir o trabalho como princípio
educativo na formação profissional; trabalho coletivo e interdisciplinar como eixo
norteador do trabalho docente; compromisso social do profissional da educação, com
ênfase na concepção sócio-histórica de leitura do real e nas lutas articuladas com os
movimentos sociais; gestão democrática entendida como superação do conhecimento
de administração enquanto técnica e compreendida como manifestação do significado
social das relações de poder reproduzidas no cotidiano escolar; incorporação da
concepção de formação continuada, visando ao aprimoramento do desempenho
profissional aliado ao atendimento das demandas coletivas da escola; avaliação
permanente dos cursos de formação dos profissionais da educação, como
responsabilidade coletiva a ser conduzida à luz do projeto político-pedagógico de cada
curso/instituição.
4. REAFIRMANDO PRINCIPIOS
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como já o fez a Anfope, em especial, a professora Dra. Helena Freitas15, em seu Blog,
as concepções das propostas construídas coletivamente para enfrentarmos as
proposições negacionistas e divisionistas atuais do período pós-golpe de 2016.
Esses são nossos instrumentos de resistência aos processos de desqualificação
da profissão, à degradação das condições de trabalho, de salário, da carreira do
magistério e demais profissionais da educação. Com essa base, dá-se o confronto de
projetos na formação de professores no Brasil. A correlação de forças e o envolvimento
dos intelectuais orgânicos da classe trabalhadora são decisivos, em tempos de Estado de
Exceção, de pandemia, de autoritarismo e de aplicação de uma política econômica ultra
neoliberal. Os cursos de formação de profissionais de Educação Física não estão
eximidos, apartados, isolados, deste contexto e destes embates. Mas esse assunto será
motivo de um próximo texto para a Revista da Universidade Federal Fluminense que
ora está sendo lançada. Aprofundaremos o assunto da formação nos cursos de Educação
Fisica a partir da hipótese de que, além do empresariamento, da privatização, da
Educação a Distância, os cursos sofrem as seguintes pressões na disputa de projetos de
formação: São elas: 1. Pensamento médico, ainda higienista e eugenista, racista, agora
com uma linguagem científica sofisticada; 2. A influência militarista da disciplina de
corpos e mentes e de militarização das escolas16; 3. A ênfase desportiva, competitiva, de
rendimento, meritocrática; 4. O empresariamento17 e a Educação Física como negócio
lucrativo, pela via da “uberização” do trabalho do professor por meio de plataformas de
serviços controladas por monopólios internacionais; 5. O divisionismo imposto pela
regulamentação da profissão via CREF/CONFEF, que divide campos de trabalho; 6.
Política curricular com base teórica no construtivismo, no “aprender a aprender”, nas
competências e habilidades via BNCC (Resolução N.º 4, de 17 de dezembro de 2018 -
Resolução da BNCC) e Reforma Ensino Médio, Lei N.º 13.415, de 16 de fevereiro de
2017; 7. O Relativismo Pós-moderno. 8. As estas forças somam-se forças da extrema
direita, fascistas, alicerçando o processo de acumulação capitalista cuja medula é o
capital financeiro, a indústria militar bélica, e o narcotráfico (MEJIA, 2019; 2020).
Essas oito forças podem ser localizadas dentro da academia, das entidades científicas,
em todos os campos de trabalho e, principalmente, na forma como a extrema direita está
conduzindo as políticas públicas no Brasil.
O embate prosseguirá e estará expresso nas páginas desta revista, que
bravamente nasce no ano pandêmico de 2020. Prosseguirá em correlações de forças
nem sempre favoráveis à humanização. Prosseguirá enfrentando poderes internos e
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externos nas instituições. Prosseguirá expressando o confronto de projetos históricos, de
projetos de escolarização, do projeto de formação de professores de Educação Física
(TAFFAREL; ALBUQUERQUE, 2020).
Assim como a Revista Fluminense de Educação Física do Instituto de
Educação Física da Universidade Federal Fluminense (UFF) prosseguirá com números
subsequentes, assim também este texto inconcluso seguirá com novas elaborações,
buscando aderência ao real concreto, para que, ao formular explicações, suscite em
todos e todas proposições superadoras, na perspectiva da emancipação humana.
REFERÊNCIAS
JINKINGS, Ivania; et.al. (Org.). Por que gritamos Golpe. São Paulo: Boitempo, 2016.
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol. 01, ano 01, dez 2020. Página 14
MALANCHEN, J. Política de formação de professores a distância no Brasil: uma
análise crítica. Campinas-SP: Autores Associados, 2015.
MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Crítica da mais recente filosofia alemã em
seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus
diferentes profetas 1845-1846. São Paulo: Boitempo, 2007.
MEJIA; Eloi Altuve. Papel del deporte em la irrupción Fascista em Brasil 2018: Como
el deporte fue convertido em elemento importante de la campaña de Bolsonaro? De que
forma el Mundial de Fútbol y Juegos Olímpicos contribuyeron com la destitución de
Dilma Rouseff, el punto de quiebre de la democracia? ATHLOS: Revista Internacional
de Ciencias Sociales de la Actividad Física, el juego y el Deporte. Vol XVI – Ano VIII,
Enero, 2019.
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1
Ver a respeito da COVID-19: o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, criado pelo Consórcio
do Nordeste, que reúne os governos dos nove estados nordestinos para o enfrentamento da crise por que
passam esses Estados, o Brasil, a América Latina, a humanidade, o mundo todo. Disponível em:
https://www.comitecientifico-ne.com.br/. Acesso em: 20 ago. 2020
2
Ver a respeito da EC 95/2016: Cynara Monteiro Mariano, Revista de Investigações Constitucionais.
“Emenda constitucional 95/2016 e o teto dos gastos públicos: Brasil de volta ao estado de exceção
econômico e ao capitalismo do desastre”. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2359-
56392017000100259&script=sci_arttext. Acesso em: 20 ago. 2020.
3
Ver a respeito os CADERNOS DA REFORMA ADMINISTRATIVA: FONACATE – Fórum Nacional
Permanente de Carreiras Típicas do Estado. Disponível em: https://fonacate.org.br/. Acesso em: 23 ago.
2020.
4
Ver mais: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/05/paulo-guedes-plano-mais-brasil-
pretende-transformar-o-estado-brasileiro.
5
Ver Nota Técnica n.º 232 de 3 de abril de 2020, do DIEESE. Disponível em:
https://www.dieese.org.br/notatecnica/2020/notaTec232ProgramaEmergencialGoverno.html. Acesso em:
20 ago. 2020.
6
L: lésbica; G: gays; B: bissexuais; T: transexuais, travestis e transgêneros; Q: questionando ou queer; I:
intersexuais, +: todas as demais designações.
7
ETHOS palavra de origem grega relacionada à moral e aos costumes.
8
Ver mais em:
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/484154/Estat%C3%ADsticas+dos+professores+no+Brasil/2c
fab3f2-3221-4494-9f7e-63ae08c154e1?version=1.1.
9
O Censo da Educação Básica Notas Estatísticas: pesquisa realizada anualmente pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em articulação com as Secretarias Estaduais
e Municipais de Educação, sendo obrigatória aos estabelecimentos públicos e privados de educação
básica, conforme determina o art. 4º do Decreto nº 6.425/2008”.
10
Ver mais a respeito em: https://universidadeaesquerda.com.br/kroton-cortara-75-dos-cursos-
presenciais-ead-e-mais-lucrativo/?preview=true&_thumbnail_id=10777. Acesso em: 27 ago. 2020.
11
Sobre Resistência Ativa, recomendamos as seguintes obras: SAVIANI; Demerval. A Nova Lei da
Educação. LDB Trajetória Limites e perspectiva. Campinas/SP: Autores Associados, 1997; FRIGOTTO,
Gaudêncio. “Escola sem Partido” Esfinge que ameaça a educação e a sociedade Brasileira. Rio de
Janeiro. UERJ, LPP, 2017; FREITAS, Luiz Carlos. A Reforma Empresarial da educação. Nova direita,
Velhas Ideias. São Paulo, Expressão Popular, 2018.
12
O Censo da Educação Básica Notas Estatísticas está baseado na pesquisa realizada anualmente pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
13
Foram quatro os ministros indicados para o ME: Ricardo Velez Rodrigues, Abraham Weintraub, Carlos
Decotelli e o quarto, Milton Ribeiro.
14
Ver mais a respeito das medidas adotadas em tempos de pandemia em:
https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/confira-o-caderno-de-textos-e-a-proposta-de-cronograma-do-
8o-conad-extraordinario1.
15
Ver mais em:
https://formacaoprofessordotcom.files.wordpress.com/2020/05/parecer_fcd_cne_maio_2020.pdf.
16
A respeito da militarização das escolas, ver: https://ubes.org.br/2019/10-problemas-graves-no-projeto-
de-bolsonaro-para-militarizar-escolas/. Ver também: https://www.cartacapital.com.br/educacao/5-pontos-
que-colocam-em-xeque-a-militarizacao-das-escolas/ e ainda
https://revistaeducacao.com.br/2019/04/29/militarizacao-das-escolas/.
17
A respeito do empresariamento da Educação, consultar:
http://www.colemarx.com.br/teams/empresariamento-da-educacao/
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Abstract: The purpose of this text is to present, after analyzing empirical data on Physical Education
teacher training courses, data on courses, aspects of legislation, and entities' positions regarding the
guidelines for these courses. Eight influential forces were identified that express positions in the class
struggle, in the dispute for training projects and historical projects. It concludes by presenting: the
possibility of essence for the training of Physical Education teachers, which breaks with the denial of
theoretical knowledge, scientific relativism and the division of courses in undergraduate and bachelor's
degrees.
Resumen: El propósito de este texto es presentar, luego de analizar datos empíricos sobre los cursos de
formación del profesorado de Educación Física, datos sobre los cursos, aspectos de la legislación y
posiciones de las entidades sobre los lineamientos de estos cursos. Se identificaron ocho fuerzas
influyentes que expresan posiciones en la lucha de clases, en la disputa por proyectos de formación y
proyectos históricos. Se concluye presentando: la posibilidad de esencia para la formación del
profesorado de Educación Física, que rompe con la negación de los conocimientos teóricos, el relativismo
científico y la división de cursos en licenciaturas y licenciaturas.
AUTORES:
CELI NELZA ZULKE TAFFAREL – Professora Dra. Titular UFBA. CNPq taffarel@ufba.br
MATHEUS LIMA DE SANTANA – Estudante Educação Fisica UFBA -matheusls2010@gmail.com
SIDNEIA FLORES LUZ – Doutoranda PPGE FACED/UFBA – sidneiaflores@yahoo.com.br
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1 INTRODUÇÃO
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são 1.351 cursos na Iniciativa Privada, sendo 734 Licenciaturas e 589 Bacharelados. Na
modalidade Presencial, temos 1.704 Cursos, sendo que, destes, 1.443 são da Iniciativa
Privada. Temos, portanto, confirmado que os Cursos de Educação Física, na maioria,
estão na iniciativa privada, o que corresponde a 91% do total de cursos. Cresce a
tendência dos cursos de bacharelado e a modalidade cursos à distância. Em comparação
aos dados de 2017, o número quase duplicou, foram criados 1.346 novos cursos,
passando de 1.709 a 3.055
Quadro 02 – Cursos de Educação Física no Brasil - 2020
CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL – 2020
Modalidade a distância Modalidade presencial
Bacharelado Licenciatura Bacharelado Licenciatura
Região Total
Públic Privad Públic Privad Públic Privad Públic Privad
o o o o o o o o
Norte 0 106 4 124 21 38 45 29 367
Nordeste 0 190 8 230 15 162 55 102 762
Centro-oeste 0 82 6 110 9 81 18 65 371
Sul 1 84 3 107 16 126 19 118 474
Sudeste 0 127 6 163 31 382 32 340 1081
Total 1 589 27 734 92 789 169 654 3055
Fonte: Sistema e-MEC
Considerando as cinco regiões do Brasil, a maioria dos cursos está na Região
Sudeste, correspondendo a 35% do total. Em segundo lugar, em número de Cursos, está
o Nordeste, com 25% do total. Em terceiro lugar, a Região Sul, com 16% do total de
Cursos. Em quarto lugar, empatadas, temos as regiões Norte e Centro-Oeste, com 12%
do total de cursos.
3. AS FORÇAS SOCIAIS QUE TENCIONAM A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Constatamos que o mesmo movimento ocorrido na formação de professores em
geral está ocorrendo com os Cursos de Educação Física. Cresce a iniciativa privada e a
Educação a Distância. Há um agravante com a divisão do Curso e com um Conselho
profissional que age segundo um aparelho do Estado Burguês, exercendo prerrogativas
que não lhe cabem nem sob o ponto de vista da legalidade e muito menos da
legitimidade, como é o caso da ingerência no Sistema Educacional, nas Escolas e nos
Curso de Formação Inicial e Continuada de professores de Educação Física.
As ideias que prevaleceram em cada tempo histórico foram as da classe
dominante, ou seja, a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante, visto que a
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segundo o COLEMARX (2020a; 2020b), estão envolvidos nesta coalisão liderados pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o
Banco Mundial (BM), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), grupos empresariais como Microsoft, Google,
Facebook, Zoom, Moodle, Huawei, Tony Blair Institute for Global Change, Fundação
Telefônica entre outras. Formam-se trincheiras junto ao Estado, em alianças com
organismos internacionais e o setor empresarial que mantem a hegemonia na condução
das políticas educacionais e na criação de condições para a atuação de grupos
“filantrópicos-mercantis”. Entram aí as grandes corporações do capital aberto que
oferecem seus pacotes educacionais (COLEMARX, 2020a; 2020b).
O que constatamos neste momento histórico é que existem, portanto, o marco
regulatório legal, as políticas públicas de esporte, educação saúde e outras oito forças,
atuando sobre os cursos de formação de professores de Educação Física, as quais
contribuem para acentuar a tendência de cursos privados, a distância, com formação
fragmentada, com ênfase na modalidade bacharelado e com base em políticas
curriculares em sintonia com os preceitos da economia ultra neolieberal, vigente no
Brasil em 2020. São elas: 1. Pensamento médico, predominantemente higienista e
eugenista, racista, machista, agora com uma linguagem científica sofisticada (ARAUJO,
2013; CBCE, 2020); 2. A influência militarista da disciplina de corpos e mentes e de
militarização das escolas3 e a nefasta tendência das Leis da Mordaça, nos Projetos de
Lei Escola Sem Partido (RAMOS, 2016; MEIRELES; SANTOS, 2020); 3. A ênfase
desportiva, competitiva, de rendimento, meritocrática (SACOMANI, 2016; CEGALINI;
FLEURY; CARDOSO, 2016); 4. O empresariamento4 e a Educação Física como
negócio lucrativo, pela via da “uberização” do trabalho do professor por meio de
plataformas de serviços controladas por monopólios internacionais (ANDRADE, 2019;
CBCE, 2019); 5. O divisionismo imposto pela regulamentação da profissão via
CREF/CONFEF, que divide campos de trabalho (TAFFAREL; HACK;
MORSCHBACHER, 2020); 6. Política curricular com base teórica no construtivismo,
no “aprender a aprender”, nas competências e habilidades via BNCC (Resolução N.º 4,
de 17 de dezembro de 2018 - Resolução da BNCC) e Reforma Ensino Médio, Lei N.º
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CBCE. GTT Atividade Física e saúde lança Carta de repúdio ao programa Brasil em
Movimento do Governo Federal. Disponível em: http://www.cbce.org.br/noticias-
detalhe.php?id=1405. Acesso em: 20 ago. 2020.
Revista Fluminense de Educação Física, Edição Comemorativa, vol 02, ano 02, jan.
2021. Página 18
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HAIDER, A. A armadilha da identidade: raça e classe nos dias de hoje. São Paulo,
Veneta, 2019.
JINKINGS, Ivana et al. (Org.). Por que gritamos golpe. São Paulo: Boitempo, 2016.
LENIN, V. I. O Imperialismo, fase superior do capitalismo. Brasília: Nova Palavra,
2007.
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FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL:
CONTRIBUIÇÕES DA ANFOPE, FORLIA E MNCR
RESUMO
Este texto responde à chamada da Associação Nacional de Formação dos Profissionais
da Educação (ANFOPE), para elaboração de um Dossiê sobre formação de professores
de Educação Física no Brasil. Delimitamos o tema em torno das contribuições da
ANFOPE para a formação dos professores de Educação Física, do Fórum Nacional de
Licenciatura em Educação Física de Caráter Ampliada (FORLIA) e do Movimento
Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de Educação Física (MNCR). As
fontes foram documentos oficiais das entidades. Concluímos que a divisão da profissão e
o rebaixamento teórico pela negação do conhecimento científico traz consequências
nefastas para os professores. Sustentamos a proposta da ANFOPE sobre Base Nacional
Comum de Formação de Professores e a proposta do MNCR de curso único para atuação
em campos de trabalho na perspectiva da emancipação da classe trabalhadora.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores; Formação Professores de Educação
Física; ANFOPE; FORLIA; MNCR.
ABSTRACT
This text responds to the call of National Training Association for Education Professionals
(ANFOPE), for the elaboration of a Dossier on the training of Physical Education teachers in
Brazil. We delimited the theme around the contributions of ANFOPE to the training of Physical
Education teachers, of the Extended Degree Forum (FORLIA), and the National Movement
Against the Regulation of the Physical Education profession (MNCR). The sources were official
documents available on the websites of the entities. We conclude that the division of the
profession and the theoretical demotion due to the denial of scientific knowledge has harmful
consequences for teachers. We propose to defend the ANFOPE proposal on a Common National
Base for teacher training and the MNCR proposal for a single course to work in labor fields with
a view to the emancipation of the working class.
KEYWORDS: Teacher training; Physical Education Teacher Training; ANFOPE; FORLIA;
MNCR.
RESUMEN
Este texto responde al llamado de la Asociación Nacional de Formación de Profesionales de la
Educación (ANFOPE), para la elaboración de un Dossier sobre la formación de profesores de
Educación Física en Brasil. Delimitamos el tema en torno a los aportes de ANFOPE a la
formación de profesores de Educación Física, del Foro Extendido de Titulación (FORLIA) y el
Movimiento Nacional Contra la Regulación de la Profesión de la Educación Física (MNCR). Las
fuentes fueron documentos oficiales disponibles en los sitios web de las entidades. Concluimos
que la división de la profesión y la degradación teórica por la negación del conocimiento científico
tiene consecuencias nocivas para los docentes. Proponemos defender la propuesta de ANFOPE
sobre una Base Nacional Común para la formación docente y la propuesta del MNCR de un curso
único para trabajar en el ámbito laboral con miras a la emancipación de la clase trabajadora.
PALAVRAS CLAVE: Formación docente; Formación de profesores de educación física;
ANFOPE; FORLIA; MNCR.
INTRODUÇÃO
1
Ver mais em:
<https://formacaoprofessordotcom.files.wordpress.com/2020/05/parecer_fcd_cne_maio_2020.pdf>.
2
Ver mais em:
<https://formacaoprofessordotcom.files.wordpress.com/2020/05/parecer_fcd_cne_maio_2020.pdf>.
alunos”. Na lógica neoliberal, a padronização dos currículos da
educação básica – BNCC – e da formação de professores – BNC da
Formação -, é necessária para melhor avaliar de forma censitária todos
os sujeitos – estudantes e os professores, as escolas e os sistemas, [...]
(FREITAS, 2019, n. p., grifo da autora).
3
Dados E-mec de agosto de 2020.
militarista e, com o golpe empresarial-militar de 1964, firma-se a tendência
esportivizante. A Educação Física passa a ser obrigatória no Ensino Superior para todos
os estudantes. Iniciam-se as propostas para divisão da formação.
Com a luta pela democratização do país, na década de 1980, desenvolvem-se
teorias pedagógicas críticas e, também, teorias críticas na Educação Física, que defendem,
para esses cursos, uma consistente base teórica, a não divisão da formação e a não negação
de conhecimentos. Os anos iniciais da década de 2000 fez avançar a ideia de um curso
único por dentro do CNE, contudo, o Golpe de 2016 fez esse processo retroceder e
estamos confrontando-nos com um ideário próprio do século passado, acrescido da
pressão exercida pelas empresas e pelo Conselho.
Para caracterizar esse embate na área de Educação Física, vamos considerar a
realidade concreta dessa formação no Brasil na atualidade. Hack (2017) sinaliza que está
ocorrendo uma tendência de desvalorização dos cursos de licenciatura, uma ampliação
dos cursos de bacharelado e uma ampliação dos cursos à distância. O argumento a respeito
da divisão na formação advém, principalmente, das políticas curriculares nacionais e
reformas sob a égide do pós-modernismo e do relativismo cultural; da área da saúde e seu
discurso higienista e eugenista e do Conselho que regulamenta a profissão com base no
“mercado de trabalho” e sua ancoragem empresarial. Reconhecemos, no entanto, que
existem resistências ativas como veremos a seguir.
O FORLIA foi criado em julho de 2012, durante a semana da 64ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A fundação do FORLIA decorreu
da necessidade de reunir, organizar e fortalecer as instituições que, com base na
autonomia universitária, segundo preceito constitucional do Art. 207, desenvolvem
discussões e debates para tratar das reformulações, reestruturações e conceptualizações
curriculares dos cursos de Educação Física tendo por base a concepção de formação
ampliada para atuar, tratando da Cultura Corporal, em espaços formativos que se
expandem nos sistemas Educacional, da Saúde, do Lazer, do Esporte (TAFFAREL;
HACK, 2015).
As instituições que compunham o FORLIA desde a sua fundação são as
Universidade Estaduais de Goiás, Mato Grosso, Pará, Feira de Santana; as Universidades
Federais da Bahia, Fluminense, Goiás, Pará, Rural de Pernambuco, Rural do Rio de
Janeiro, Santa Maria, Sergipe.
O FORLIA avaliou a conjuntura brasileira, quanto à política de Formação de
Professores/as de Educação Física, tendo como uma das referências as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) aprovadas em dezembro de 2018. Reconheceu-se que a
conjuntura nacional em ligação com a situação internacional é marcada pela investida do
imperialismo sobre o Brasil, aliado às forças no país que coadunam com o desmonte das
políticas públicas em geral, o que tem repercussões na política nacional de formação de
professores/as. Foram apontadas algumas hipóteses sobre o processo de implementação
das DCNs de 2018: 1) Na maioria dos cursos, provavelmente, não está sendo considerada
a Resolução CNE nº 02/2015 como referência para a reestruturação dos currículos; 2)
Provavelmente, neste processo, as DCNs de 2018 estão sendo consideradas sem maiores
questionamentos quanto ao processo de sua formulação e ao seu conteúdo tendo em conta
que este documento foi aprovado sem debate com a comunidade acadêmica; 3) As
Instituições de Ensino Superior públicas, que não oferecem cursos de bacharelado em
Educação Física, relutam em criá-los; 4) Provavelmente, o setor privado fará grandes
investidas para ofertar as duas formações, licenciatura e bacharelado, considerando a
tendência do maior número de matrículas para o bacharelado e para a educação à
distância; 5) O prazo estabelecido para implementação das DCNs não está permitindo
uma discussão coletiva do que fundamenta esta proposição; 6) As DCNs correspondem
ao que a Profa. Helena de Freitas denominou de “assimetria invertida”, que significa
responder no curso de formação à lógica do mercado, em especial com a pedagogia das
competências, e agudizada pela política da extrema direita; 7) Com a possibilidade de se
implementar em nível nacional o programa Future-se, ou algo semelhante, teremos
impactos nas universidades públicas federais, como o provável fechamento de cursos, em
especial, de licenciaturas, fim da assistência estudantil, modificação do ethos da
universidade baseada na ideia de instituição como “balcão de negócios” e na compreensão
de empreendedorismo, redução drástica do orçamento da União na Educação, Ciência e
Tecnologia públicas, e o rebaixamento teórico nos currículos com as fortes influências de
ideias obscurantistas, acríticas, acientíficas e a-históricas; 8) A permanecer a ingerência
do Conselho na formação de professores/as, as Universidades perderão a autonomia para
decidir sobre os cursos, e adotarão coercitivamente a concepção desse sistema para a
formação; 9) Teremos um acesso limitado e elitista à Educação Física, alicerçada
novamente no paradigma da saúde, da aptidão física, do multiculturalismo, das
pedagogias do aprender a aprender, etc.; 10) Os currículos sujeitos a uma política
curricular, conforme denunciado por Malanchen (2016), submetidos e sustentados por
teorias pós-modernas, culminarão em uma atuação do professor/a de Educação Física que
estará aliada e atrelada à reforma do Ensino Médio e à BNCC, o que significa o fim da
Educação Física para os trabalhadores/as e da sua possibilidade de acessar este patrimônio
da humanidade; 11) Em relação à resistência e desafios frente à disputa de projetos de
formação, os segmentos docente, estudantil e de gestão apresentam elementos que nos
permitem reconhecer uma desagregação. Provavelmente, estudantes e docentes não estão
suficientemente articulados, e os gestores, por sua vez, vão cumprir as resoluções –
revivendo os embates entre projeto histórico de educação, escola e sociedade que não
estão sendo enfrentados adequadamente por estes segmentos; 12) Não estão sendo
suficientemente mobilizadas as proposições mais avançadas – considerando a
necessidade de formação coletiva da classe trabalhadora, resultante de formulações
científicas e de conteúdo emancipatório – para fazer o enfrentamento com as ideias mais
retrógradas que estão permeando os cursos (âmbito das ideias pedagógicas da formação
de professores/as); 13) As formulações de caráter sócio histórico não estão sendo levadas
em consideração como referência para a formação humana e para a formação de
professores/as de Educação Física.
O FORLIA tem se posicionado na contínua defesa contra a desqualificação dos
trabalhadores/as em sua formação inicial, com a divisão de cursos e a negação de
conhecimentos, com o rebaixamento teórico que atende somente aos interesses
exploradores do mercado de trabalho capitalista. Sua atuação está em defender uma
formação de professores/as de Educação Física em Cursos de Graduação de Caráter
Ampliado para atender os espaços formativos nos sistemas educacional, saúde, lazer,
esportivo, e outros, exercendo a docência, tratando do objeto da cultura corporal e
conferindo uma direção omnilateral à formação humana em diferentes campos de
trabalho (TAFFAREL; HACK, 2015).
MNCR – O QUE É? O QUE DEFENDE?
O MNCR foi criado em 1999, após a homologação da Lei nº 9.696/1998, que criou
o Conselho Federal de Educação Física e seus conselhos regionais.
O movimento é formado por estudantes, professores/as e trabalhadores/as de um
modo geral, organizado nacionalmente e se orienta por três princípios: 1) contrariedade à
tese da regulamentação da profissão, entendendo-a como fragmentária e corporativista;
2) ser um movimento de caráter amplo, ou seja, a luta travada na Educação Física não
pode ficar restrita a esta área, não se pauta apenas a revogação da lei que instituiu a criação
dos conselhos federal e regionais de Educação Física e regulamentou a profissão, mas um
horizonte mais amplo da luta pela abolição da sociedade de classes e pela emancipação
da classe trabalhadora; 3) a luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora, pela
regulamentação do trabalho, como garantia de direitos básicos a todos trabalhadores,
como férias, salário, estabilidade, licenças (maternidade, paternidade, saúde), formação
continuada, etc. (MNCR, 2010).
O MNCR atua no enfrentamento e combate aos ataques e ingerência do Conselho
que, ao longo da sua existência, age de forma autoritária, violenta e repressora contra os
trabalhadores da cultura corporal. Ao longo dos últimos anos, esses trabalhadores/as têm
sido vítimas das arbitrariedades repressivas promovidas pelo Conselho, sendo ameaçados
e coagidos em seus locais de trabalho em meio à realização de suas atividades
profissionais.
Ao contrário do que propaga este Conselho4, não há restrições para a atuação
profissional do licenciado em Educação Física segundo a legislação brasileira, pois:
4
Uma interpretação equivocada e interessada por parte do Conselho acerca da Resolução CNE/CES 07/04
outorgou à si próprio a prerrogativa de determinar a proibição de atuação em espaços não escolares aos
Licenciados/as em Educação. Dessa forma, foi possível, a partir da nova legislação, criar um enorme
contingente de cursos de Bacharelado em Educação Física, mesmo que esses já pudessem ser criados desde
1987 (MNCR, 2017, p. 12).
ministrar aulas, e 3) A Lei n° 9696/1998 que regulamenta o profissional
de Educação Física e cria o Sistema CONFEF/CREFs, não faz distinção
entre licenciados e bacharéis e nem atribui atividades diferenciadas a
estes. Ressaltamos ainda que as resoluções estabelecidas pelo sistema
CONFEF/CREFs não tem força de lei (MNCR, 2017, p. 13).
Além da coerção aos trabalhadores/as, o Conselho tem incidido em áreas que são
da competência do Ministério da Educação, da Saúde, da Ciência e Tecnologia, como por
exemplo, na área escolar, intervindo nos editais de concursos públicos para professores/as
de Educação Física na Educação Básica, impondo que seja requisito para assumir o cargo
possuir registro profissional junto ao conselho; na construção da DCNs de Educação
Física; atuando junto às secretarias municipais e estaduais para elaboração de protocolos
para retomada das aulas presenciais; assim como vem discutindo a Formação Continuada
dos professores de Educação Física junto as Secretarias de Educação do Estado e outras
entidades para promover Curso de Aperfeiçoamento.
Contrários ao projeto de formação que fragmenta a formação de professores/as de
Educação Física e divide o curso em licenciatura e bacharelado exposto nas DCNs
(Resolução n° 06/2018), que facilita e amplia a materialização dos interesses e do poder
exercido pelo Conselho sobre os trabalhadores/as da Educação Física, o MNCR defende
que o que caracteriza a intervenção do professor/a de Educação Física, independente do
campo de trabalho, é a docência, que se materializa no trabalho pedagógico, e defende
como alternativa a elaboração de uma Licenciatura Ampliada, que contemple:
Esta destruição tem dois pontos centrais, segundo a autora: 1) A ruptura com a
concepção de formação da infância de 0 a 10 anos que tem orientado os pesquisadores e
professores que atuam na Educação Infantil nas últimas décadas; 2) A criação de trilhas
diferenciadas para professores/as especialistas, separadas da formação do diretor, que
criam e aprofundam a desigualdade profissional no interior da escola e rompem o
princípio da gestão democrática.
A ANFOPE reagiu à proposta e protocolou no dia 11/02/2021 no CNE
documento contestatório assinado por várias entidades como Associação Brasileira de
Alfabetização (ABALF), Associação Brasileira de Currículo (ABdC), Associação
Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE), Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), Centro de Estudos Educação e
Sociedade (CEDES) e Fórum Nacional de Diretores de Faculdades, Centros de Educação
ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras (FORUMDIR), reafirmando
posições.
CONCLUSÃO
Podemos concluir a partir dos dados aqui apresentados que ocorrerão alterações
nos cursos de licenciatura, conforme está previsto na pauta do CNE, o que trará
implicações para as decisões sobre os Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos de
Licenciatura em geral e, em especial, na Pedagogia e na Educação Física.
Além disso, é evidente o controle baseado nas competências que passará a ser
exercido pela gestão, pelas direções, que estão sendo preparadas para esta função, tanto
na formação quanto na atuação dos professores. Soma-se a isto o controle policialesco,
autoritário, articulado com toda a estrutura do Estado Burguês exercida pelos Conselhos
Profissionais.
Com a formação dividida, vigiada e submetida à lógica da BNCC, desestrutura-
se o que estava em germinação que é o Sistema Nacional de Educação. Teremos a
formação submetida à lógica irracional do capital, que coloca os lucros acima da vida e
submete a classe trabalhadora, desde a sua formação na Educação Infantil e na escola
básica, à perversidade da destruição da subjetividade humana e sua subsunção a
sociometabolismo do capital.
A isto reagimos defendendo as proposições acumuladas pela ANFOPE, pelo
FORLIA e pelo MNCR e, a necessidade histórica da articulação dos setores da ciência e
educação, com os demais organismos de luta da classe trabalhadora, a necessidade
histórica da formação única, para atuação em campos de trabalho que se alteram
completamente frente a determinações ambientais, culturais, sociais, políticas e
econômicas.
Haveremos de superar, pela luta articulada e unificada da classe trabalhadora,
tanto diretrizes nacionais desagregadoras e destrutivas, quando governos
antidemocráticos na perspectiva da emancipação da classe trabalhadora.
REFERÊNCIAS
Márcia Morschbacher
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia; Professora Adjunta do Centro
de Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Pesquisadora do Grupo
de Estudo e Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer (LEPEL/FACED/UFBA);
Correio eletrônico: mm.edufisica@yahoo.com.br; Telefone: (55) 984675612; ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-2193-0998
Cássia Hack
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia; Professora na Universidade
Federal do Amapá (UNIFAP); Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação
Física, Esporte e Lazer (LEPEL/FACED/UFBA) e Núcleo de Estudo e Pesquisa em
Educação Física, Esporte e Lazer (NEPEFEL/UNIFAP); Correio eletrônico:
cassia.hack@gmail.com; Telefone: (96) 981291972; ORCID: https://orcid.org/0000-
0001-9238-3819
Volume 4
SÉRIE
Marta Genú Soares
Pedro Athayde
Larissa Lara 40 ANOS
Organizadores
Ciências do Esporte, Educação Física
e Produção do Conhecimento
em 40 Anos de CBCE
Reitor
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda
Diretoria Administrativa da EDUFRN
Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Diretor)
Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto)
Bruno Francisco Xavier (Secretário)
Conselho Editorial
Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Presidente)
Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária)
Adriana Rosa Carvalho
Anna Cecília Queiroz de Medeiros
Cândida de Souza
Fabrício Germano Alves
Francisco Dutra de Macedo Filho
Gilberto Corso
Grinaura Medeiros de Morais
José Flávio Vidal Coutinho
Josenildo Soares Bezerra
Kamyla Álvares Pinto
Leandro Ibiapina Bevilaqua
Lucélio Dantas de Aquino
Luciene da Silva Santos
Marcelo da Silva Amorim
Marcelo de Sousa da Silva
Márcia Maria de Cruz Castro
Marta Maria de Araújo
Roberval Edson Pinheiro de Lima
Sibele Berenice Castella Pergher
Tercia Maria Souza de Moura Marques
Tiago de Quadros Maia Carvalho
Editoração
Helton Rubiano de Macedo
Revisão
Caule de Papiro
(Ricardo Alexandre de Andrade Macedo -
Joyce Urbano Rodrigues)
Diagramação
Caule de Papiro
(Rejane Andréa Matias Alvares Bay)
Capa
Unijuí (Alexandre Sadi Dallepiane) e
Caule de Papiro
Marta Genú Soares
Pedro Athayde
Larissa Lara
Organizadores
Volume 4
Formação profissional
e mundo do trabalho
Natal, 2020
Projeto da Direção Nacional do CBCE
Editores da Coleção
Larissa Lara
Pedro Fernando Avalone Athayde
CDD 796.0981
RN/UF/BCZM 2020/11 CDU 796(81)
Capítulo 1
Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e prota-
gonismos das DCN atuais.....................................................................13
Paulo Roberto Veloso Ventura
Rodrigo Roncato Marques Anes
Capítulo 2
Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e pers-
pectivas..................................................................................................31
Zenólia Christina Campos Figueiredo
Cláudia Aleixo Alves
Capítulo 3
Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lu-
tas...........................................................................................................51
Cláudio de Lira Santos Júnior
Raquel Cruz Freire Rodrigues
Tiago Nicola Lavoura
Capítulo 4
A proletarização da educação física brasileira no pós-fordismo...............65
Alvaro de Azeredo Quelhas
Capítulo 5
O GTT Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro
de Ciências do Esporte: de sua criação à Carta de Vitória.......................79
Hajime Takeuchi Nozaki
Capítulo 6
Formação docente em educação física no Brasil: do pensamento curricular
à produção do conhecimento.................................................................97
Raffaelle Andressa dos Santos Araujo
Capítulo 7
Novas Diretrizes e antigos debates: uma análise das novas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a graduação em Educação Física - Resolução
CNE/CES 06/2018............................................................................115
Roberto Pereira Furtado
Capítulo 8
Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teó-
ricos....................................................................................................137
Ângela Celeste Barreto de Azevedo
Leon Ramyssés Vieira Dias
Capítulo 9
Três décadas de embates pela formação profissional em educação física no
Brasil: síntese e apontamentos.............................................................151
Anibal Correia Brito Neto
Eliane do Socorro de Sousa Aguiar Brito
Emerson Duarte Monte
Sobre os Autores.......................................................................................171
Sobre os Organizadores.............................................................................177
Apresentação
Ao apresentarmos o Volume 4 da produção acadêmica comemorativa
aos 40 anos do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), reuni-
mos 16 autores que pesquisam sobre Formação Profissional e Mundo do
Trabalho, título deste volume que, somado ao conjunto da obra, expressa
na linha do tempo do CBCE e do Grupo Temático de Trabalho (GTT)
a evolução do pensamento científico, sempre resguardado em uma inten-
cionalidade política imanente ao fazer científico, no sentido de intervir na
produção do campo da Educação Física e das Ciências do Esporte, com
capacidade teleológica para promover a necessária transformação social a
partir das demandas da comunidade acadêmico-científica e da sociedade.
Os 16 autores assinam em nove capítulos do volume as construções
epistêmicas abrigadas na história e evocadas na memória das atividades dinâ-
micas do GTT Formação Profissional e Mundo do Trabalho que, desde sua
organização (com a criação em 1997), mobiliza pesquisadores, professores e
estudantes, aqui representados pelos 16 autores. De forma ativa e articulada,
este GTT reúne pesquisadores, professores e acadêmicos em torno da pro-
dução e de eventos científicos e, não bastante, ainda mobiliza a comunidade
acadêmico-científica, mesmo de forma passiva, quando é referência teórica
adotada em trabalhos acadêmicos, em produção de material didático, de
projetos e de todo o repertório teórico-prático sobre o tema da formação e
do trabalho no campo profissional.
O conjunto de autores, reunidos nesse volume, constitui-se de ex-
-coordenadores deste GTT, de pesquisadores que contribuem com o GTT
desde sua criação e de novos pesquisadores com produção relevante sobre o
tema. Nesse sentido, esse livro tem a representatividade acadêmico-científica
em diferentes momentos históricos e de elaboração para o enfrentamento de
situações advindas do contexto político educacional e profissional. O maior
embate do GTT é quanto à formação e ao exercício da profissão.
Há, ao longo de 20 anos de GTT, vigília para o ordenamento legal
e para a habilitação profissional permanente e aguçada de argumentações
científico-legais, as quais munem toda a comunidade nesse campo da for-
mação profissional e mundo do trabalho, a exemplo, da publicação da Carta
de Vitória, material produzido pelo GTT e marco documental orientador
da produção no campo da formação do professor e profissional. O acúmulo
de produção também revela a preocupação com as competências para o
7
Marta Genú Soares
8
Apresentação
9
Marta Genú Soares
10
Apresentação
11
CAPÍTULO
1
Formação profissional em educação física:
dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
Introdução
A exigência temporal que determina o atual modo de produção nos
impele, muitas vezes, problemas que amarram nosso movimento na produ-
ção do conhecimento e no debate político, movimento este que tem como
intuito provocar rupturas ao sistema vigente. É o caso da temporalidade que
antecedeu esta obra, cuja sustentação surge dos fatos que projetaram o mo-
mento histórico de elaboração das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) da Educação Física,1 e que traz na esteira as alterações curriculares
que cada Instituição de Ensino Superior (IES) terá que fazer, em maior ou
menor proporção, na forma e no conteúdo da formação produzida nesta
área. No entanto, o movimento político no entorno do contexto que gerou
tais diretrizes, ainda se mostra muito sombrio, a partir das diversas inter-
locuções, que os autores deste texto tiveram, desde agosto de 2015, com o
Conselho Nacional de Educação (CNE).
Dentre os pontos sombrios que se percebe no documento final que
apresenta as novas DCN, destacamos a mudança radical da proposta de
Minuta que era consenso no CNE em dezembro de 2015, e que propôs,
naquele momento, formação única pela licenciatura. Ademais, é possível
chamar a atenção ainda para o/s objeto/s de estudo, apresentados nessas
diretrizes, e o nítido diferencial que vai desaguar na intervenção profissional
de licenciados e bacharéis, incluindo-se, a não clareza de vários determi-
nantes postos no texto.
1
Diretrizes Curriculares do Curso de Graduação em Educação Física, Parecer CNE/CES 584/2018
de 03/10/2018, Resolução CNE/CES 06/2018 de 18/12/2018.
13
Paulo Roberto Veloso Ventura - Rodrigo Roncato Marques Anes
2
O segundo mandato de Dilma Rousseff foi interrompido no seu segundo ano, em decorrência de
uma articulação política e econômica que levou ao seu Impeachment. Movimento que se revelou
como golpe de Estado, de caráter jurídico-parlamentar-midiático, tendo como finalidade atender
aos projetos de aprofundamento das reformas neoliberais, levando a assumir o cargo o então vice-
-presidente Michel Temer, vinculado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),
apoiador e defensor das políticas neoliberais e conservadoras (ALVES, 2016).
3
O lugar de onde falamos tem, especialmente, aporte na luta desencadeada em Goiás por um grupo
de professores/pesquisadores que fazem o enfrentamento às ingerências do sistema profissional desde
sempre: citamos os companheiros Isaias Moreira (PUC-Goiás), Roberto Furtado e Felipe Wachs
(UFG), Reigler Pedrosa e Wilmont Martins (ESEFFEGO/UEG), para além dos autores deste texto.
4
FURTADO, R. P. et al. Instabilidade Jurídica e Outras Determinações: o CNE e as novas DCN
para a Educação Física. Revista Pensar a Prática, v. 19, n.4, Goiânia, UFG, 2016.
14
Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
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Paulo Roberto Veloso Ventura - Rodrigo Roncato Marques Anes
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Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
com eixo tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências da Saúde; têm alto
índice de aprovação em concursos para atuarem no ensino superior e básico,
nas áreas da saúde, do esporte, do lazer, etc.5
O curso de Educação Física da UFG é o pioneiro na implantação
desta proposta, que posteriormente se amplia e ganha subsídios advindos
de estudos e pesquisas sobre formação profissional: UFU; UEG6; UEPA;
UFRRJ; UNEMAT; UNEB; com destaque para a UFBA, através do Grupo
de Pesquisa LEPEL – Linha de Estudo e Pesquisa em Educação Física,
Esporte e Lazer, dentre outros.7
Para além das IES citadas, podemos incluir o GTT Formação
Profissional do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), a
Secretaria Estadual do CBCE de Goiás, como também grupos de pesquisa
como o LEPEL/UFBA/FACED; o Ressignificar/UEPA; o Grupo de Estudos
Qualitativos em Formação Profissional/UFRGS; o ECOS/UFG; e o Corpo
e Mente (ESEFFEGO/UEG). Especialmente porque configuram-se como
espaços públicos e coletivos de pesquisadores e estudiosos do campo do
conhecimento, em que a divergência se apresenta como elemento inerente à
dialética do processo, contexto em que se criou um Fórum das Licenciaturas
com Formação Ampliada.
A este coletivo supracitado se imputou a responsabilidade da Minuta
apresentada pelo CNE ao final de 2015, que indicava formação única, com
extinção do bacharelado. No entanto, os autores deste texto defendem a
formação ampliada, como uma possibilidade capaz de estruturar uma for-
mação com a consistência teórica necessária para se enfrentar os desafios
determinados pela fragmentação do objeto, por se constituir como proposta
com sustentação teórico/metodológica no seu sentido lato, dando aos gra-
duados em Educação Física as condições de intervir nos diversos espaços de
5
O Grupo Corpo e Mente – Grupo de Pesquisa sobre Formação e Intervenção Profissional em
Educação Física (UEG/CNPq) tem pesquisas que corroboram com a afirmação. Ver em: MARTINS,
W. de M. et al. A inserção dos egressos de Educação Física formados na UEG – Campus ESEFFEGO
no mundo do trabalho. Anais da II Jornada de Educação Física do Estado de Goiás. Revista
Movimenta. v. 11. n. 3. 2018. Disponível em: http://www.revista.ueg.br/index.php/movimenta/
view/8154. Acesso em: 29 de março de 2019.
6
O Campus ESEFFEGO da UEG em Goiânia (onde trabalham os autores deste texto) materializou
a formação ampliada em 2007, o que qualificou a formação na licenciatura em Educação Física,
proposta derrubada em 2015 por uma conjunção de forças reacionárias, na onda nacional de romper
com o avanço socialista no país.
7
UFG (Universidade Federal de Goiás); UFU (Universidade Federal de Uberlândia); UEG
(Universidade Estadual de Goiás-Campus ESEFFEGO/Goiânia); UEPA (Universidade Estadual
do Pará); UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); UNEMAT (Universidade do
Estado do Mato Grosso-Campus Cáceres); UNEB (Universidade Estadual da Bahia-Campus de
Feira de Santana e Alagoinhas); UFBA (Universidade Federal da Bahia).
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Período entre a audiência pública no CNE que apresentou a Minuta que dispunha formação única
pela licenciatura (dezembro de 2015) e a publicação da Resolução CNE/CES 06/2018 (dezembro
de 2018).
9
Muito se tentou trocar este termo, porque materializa a ideia de etapismo, já criticada pelo Coletivo
de Autores em 1992 e por diversos outros estudos sobre o currículo de formação profissional.
22
Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
do que seja a atuação profissional na área, já que eles farão esta opção no
segundo ano de curso, após 4 semestres de disciplinas comuns, portanto
com alguma apropriação.
Isso tem envolvimento com o estágio supervisionado não obrigatório,
já que o sistema profissional vem usurpando o direito de licenciados estagia-
rem em espaços não escolares. Pois agora, enquanto os alunos não chegarem
à etapa específica, têm assegurado o “acesso” ao estágio não obrigatório, sem
restrições, porque serão apenas graduandos de Educação Física.10
Evidente que a opção só será necessária se a IES ofertar mais que
uma saída, pois a Resolução CNE/CES 06/2018 define entrada única,
mas a quantidade de saídas é de autonomia das IES. Elas poderão oferecer
apenas licenciatura, ou unicamente o bacharelado ou, ainda, somente a
formação integrada, assim como poderá conjugar duas dessas modalidades
de formação ou mesmo oferecer todas elas. Torna-se importante o cuidado
das IES em deixar claro no edital do processo seletivo e no PPC do curso o
que estará sendo oferecido, para evitar problemas futuros.
Isso é preocupante para quem defende a licenciatura, pois, o mo-
mento coloca o bacharelado como uma opção preferencial, fetichizada, já
que a escola está desenhada pelo cenário da barbárie e, na contrapartida,
em especial as academias de ginástica, transpiram serem espaços imunes aos
problemas sociais. Isso, somado à falta de políticas públicas para o campo
da educação, cujo discurso falece logo após o período eleitoral, a falta de
concurso, substituído pela contratação de professores temporários induzirá
uma demanda maior pela escolha do bacharelado, o que tornará imprati-
cável manter a licenciatura.
Essa divisão na formação ocorre num contexto em que o bacharela-
do corresponderia aos interesses dos novos espaços de trabalho que se
abriram em decorrência do desenvolvimento da indústria das práticas
corporais que, progressivamente, passaram a transformar o corpo e o
movimento humano em objetos de consumo, uma mercadoria com
boas expectativas mercantis. Entendia-se que o modo como a Educação
Física vinha se organizando anteriormente, estruturada apenas pela li-
cenciatura, não mais atendia às exigências do mercado. Diante disso,
o bacharelado passa a ser pautado pelas Ciências da Saúde, carro chefe
para as intervenções nos espaços não escolares (ANES; OLIVEIRA;
VENTURA, 2016, p. 77).
10
Usamos o termo acesso, porque o direito já estava assegurado a partir de que a lei que rege o estágio
não obrigatório não tem qualquer restrição entre o curso e o espaço de trabalho.
23
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11
Atenção com o § 1º do Art. 5º, que dá mais de uma opção sobre a transição da “etapa” comum
para a específica; a IES pode, inclusive, criar um critério próprio para este processo.
24
Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
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Humano como marco teórico, mas a Resolução 06/2018 (Art. 3º) amplia o
leque: motricidade humana ou movimento humano; cultura do movimento
corporal. Este último, desconhecido, foi o que nos trouxe a desconfiança de
erro na digitação, achávamos que seria cultura corporal de movimento, mas
não. Espera-se, agora, que o autor (ainda não identificado) possa escrever
a respeito e, quem sabe, teremos finalmente um objeto de estudo para o
bacharelado.
Uma leitura atenta nos mostra que o Parecer 584/2018 flexibiliza
o marco teórico da formação (Objeto e Objetivo Geral, Item 3, p. 4) ao
definir que o objeto das DCN encaminha a construção de currículos
[...] dentro de perspectivas e abordagens contemporâneas de formação,
pertinentes e compatíveis com referências nacionais e internacionais,
capazes de atuar com qualidade, eficiência e resolubilidade nos espaços
de atuação do graduado em Educação Física, considerando os avanços
científicos e tecnológicos do Século XXI.
Ora, para quem, como nós, defende a Cultura Corporal como objeto
da formação ampliada, não haverá nenhum receio de que este objeto se
garanta como uma abordagem contemporânea, com respaldo referencial
no Brasil e no exterior. O conceito de Escobar nos subsidia:
A “cultura corporal” é uma parte da cultura do homem. É configurada
por um acervo de conhecimento, socialmente construído e historica-
mente determinado, a partir de atividades que materializam as relações
múltiplas entre experiências ideológicas, políticas, filosóficas e sociais e
os sentidos lúdicos, estéticos, artísticos, agonistas, competitivos e outros,
relacionados à realidade, às necessidades e as motivações do homem
(ESCOBAR, 2012, p. 127).
26
Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
27
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Nesta direção, o receio é maior ao pensar que muitas IES com tais
interesses, possam fazer a opção pela formação integrada, usando da magia
do “encurtamento pelo encurtamento” na integralização, ou seja, por in-
teresses que não se alinhem com uma formação de qualidade, que não se
preocupe com os acadêmicos e menos ainda com o papel social que cabe
à Educação Física.
Ainda assim, dentre tantos problemas e contradições identifica-
dos, ressaltamos a importância das DCN para a Formação de Professores
(Resolução CNE/CP 02/2015), que influiu a elaboração das atuais diretrizes
da Educação Física. Dentre outras questões, foi relevante a manutenção da
carga horária com 3.200 horas de aula para as licenciaturas, fazendo com
que a Resolução atual não fizesse distinção de carga horária para a formação
de licenciados e bacharéis.
Por fim, ressaltamos o entendimento de que o de melhor dessas dire-
trizes fica por conta da possibilidade de voltarmos a fazer formação amplia-
da, agora não apenas como opção metodológica do curso, mas como uma
das possibilidades de saída, opção única se for desejo da IES, que ao final
dará ao aluno a dupla certificação, de bacharel e licenciado.
Referências
ALVES, G. O golpe de 2016 no contexto da crise do capitalismo neoliberal. 2016.
Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2016/06/08/o-golpe-de-2016-no-
contexto-dacrise-do capitalismo-neoliberal/. Acesso em: 07 abr. 2019.
ANES, R. R. M; OLIVEIRA, M. F de; VENTURA, P. R. V. Currículo, formação
docente e ginástica para todos. In: OLIVEIRA, M. F de; TOLEDO, E. de. Ginástica
para todos. Anápolis: UEG, 2016.
AVILA, A. B; MULLER, H. V de O; ORTIGARA, V. Formação de professores e
qualidade da educação: “direita volver”! In: Coletânea de textos CBCE/GTT Formação
Profissional. Formação profissional em educação física e mundo do trabalho. Vitória:
Salesiana, 2005.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os
cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena. Resolução
CNE nº 07, de 31 de março de 2004. Brasília: Diário Oficial da União, 5 de abril de
2004, Seção 1, p. 18.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a for-
mação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógi-
ca para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.
Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015. Brasília: Diário Oficial da União, 2 jul. 2015
– Seção 1 – p. 8-12.
28
Capítulo 1 – Formação profissional em educação física: dilemas, divergências e protagonismos das DCN atuais
29
CAPÍTULO
2
Formação de professores de educação física
no Brasil:
implicações e perspectivas
Introdução
Tomamos como ponto de partida a edição da Revista Motrivivência:
“10 anos de Diretrizes Curriculares para a formação de professores,” publi-
cada em 2014, para introduzir as reflexões desenvolvidas exclusivamente
para este capítulo do livro comemorativo dos 40 anos do Colégio Brasileiro
de Ciências do Esporte (CBCE).1
Entendemos a Motrivivência como marco importante, por veicular
artigos de análise e avaliação de uma década de novos ordenamentos legais
para a Educação Física brasileira. Em síntese, os textos trazem uma espécie
de “balanço” que indicou, por um lado, o avanço relativo no que se refere
à formação de professores; por outro, críticas contundentes às diretrizes
e aos cursos ofertados País afora. Assim, utilizamos aqui essa publicação
como demarcação simbólica, provocadora de inquietações e motivadora de
questões emblemáticas que persistem na formação profissional – agora, não
mais passados 10, mas 15 anos de Diretrizes Curriculares para a formação
de professores de Educação Física.
1
Aproveitando para reafirmar o nosso reconhecimento ao trabalho que o CBCE vem desempenhando
para a qualificação da área ao longo dos seus 40 anos de existência.
31
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
2
“O que mudou? No que avançamos? Que limites persistem? É possível ir além? O que ainda é
preciso fazer? Que embates permanecem?”
3
Maurício Roberto da Silva e Giovani de Lorenzi Pires (editores); Gelcemar Oliveira Farias (editora
associada dessa edição)
4
Resolução CNE nº 1, de 18 de fevereiro de 2002.
5
Resolução CNE n° 7, de 31 de março de 2004.
6
Resolução CNE n° 6, de 18 de dezembro de 2018.
32
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
7
Lei N. 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior.
8
Fonte: BRASIL, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Censo da
Educação Superior no Brasil – Notas Estatísticas, Brasília, 2017, p. 5.
9
São categorias administrativas das IES: Pública, Privada, Filantrópica e Comunitária.
10
Referimo-nos aqui aos grupos acadêmicos da Educação Física que não concordavam com a “separa-
ção” das habilitações em licenciatura e bacharelado. Essa luta política, ocasionando a pressão sobre
o Conselho Nacional de Educação (CNE), que em nada parece ter a ver com a desqualificação da
docência e da necessidade de uma sólida formação de professores de Educação Física para atuar
na educação básica, favoreceu as IES, sobretudo as privadas mercantis, quando da permissão legal
de ofertar em um mesmo curso as duas habilitações. Mais adiante, apresentamos uma análise dos
problemas identificados na Resolução CNE nº 6, de 18 de dezembro de 2018, adiantando que, do
ponto de vista da formação de professores, perdemos todos.
33
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
do ensino; e o trabalho docente, cada vez menos complexo e cada vez mais
simplificado/instrumentalizado, torna-se acessível a qualquer um interessado
em exercê-lo (SILVA, 2012).
Para compreender esse cenário de mudanças no ensino superior
brasileiro, e também para analisar a conjuntura no atual (des)governo de
extrema direita que se instalou no Brasil, mostra-se pertinente a discussão
do financiamento (lê-se privatização) da educação superior, que remonta
ao final da década de 1980, na qual Sguissardi (2006) indica a necessidade
do conhecimento das teses dos organismos multilaterais.
Em síntese, essas teses transitam pela defesa do autofinaciamento da
educação superior: do menor retorno social e individual dos investimentos
em educação superior (1986) à sua privatização (1994); do ensino supe-
rior como bem antes privado do que público; e por fim, do Estado como
supervisor do ensino (2000).
Nenhuma semelhança com as atuais defesas feitas por esse governo,
pelo Congresso Nacional, por parte da sociedade brasileira e pelas mídias é
mera coincidência. Mesmo no período do governo democrático de esquer-
da, entre 2003 e 2013, guardadas as infindáveis diferenças,11 presenciamos
o conflito e a tensão entre quem oferece e quem financia o ensino superior
no Brasil.
Segundo Gentili (1998), a tendência de mercantilização do ensino
superior cresceu ao longo dos anos, oscilando entre a privatização parcial
e a total, articulando três modalidades institucionais: fornecimento públi-
co com financiamento privado, fornecimento privado com financiamento
público e fornecimento privado com financiamento privado.
Nessas modalidades, assentou-se a impressionante expansão das IES
privadas com fins lucrativos, ofertando vagas privadas com financiamento
público em diferentes cursos de graduação. Assistimos a um período de
11
Reconhecidamente, avanços nas áreas de políticas sociais, estabilidade econômica e afirmação de
um Brasil como soberano e independente. Na educação, sobretudo no ensino superior, nota-se
um avanço surpreendente das Instituições Federais quanto à ampliação do quantitativo de ofertas
de vagas; sistema de cotas como democratização do acesso; criação de possibilidades de assistência
estudantil, tentando garantir a permanência do estudante; e melhorias nas estruturas básicas para
o ensino, a pesquisa e a extensão.
34
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
12
De acordo com o Relatório do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), o Fundo
de Financiamento Estudantil (Fies), o programa do Ministério da Educação destinado a financiar a
graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas passou a
funcionar em um novo formato a partir de 2010. No período de 2010 a junho de 2015 o acumu-
lado chegou a 2,1 milhões de contratos. Já no primeiro semestre de 2015 o número de contratos
firmados foi de aproximadamente 252,5 mil. Juntos, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia
e Rio de Janeiro respondem por mais da metade dos contratos firmados no Brasil (1,08 milhão) no
cumulativo do período de janeiro/2010 a junho/2015.
35
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
13
Ementa: trata da análise do ensino superior brasileiro no tocante à sua política de desenvolvimentos
contemporâneos, bem como das exigências de qualificação da docência nesse âmbito do ensino, em
especial na formação inicial em Educação Física.
14
Primeira pessoa do singular, porque se trata de experiência docente de apenas uma das autoras do
capítulo, Zenólia Figueiredo.
15
Podem-se encontrar situações semelhantes às relatadas abaixo, na tese de doutorado “A Nova Classe
Trabalhadora Vai ao Ensino Superior: um estudo das práticas didático-pedagógicas em licenciaturas
de Educação Física do setor privado no Espírito Santo”, recém-defendida no PPGEF/UFES, de
autoria de Alessandra Gerez.
36
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
16
“A pedagogia universitária é um campo polissêmico de produção e aplicação de conhecimentos
pedagógicos na educação superior. Reconhece distintos campos científicos dos quais toma referentes
epistemológicos e culturais para definir suas bases e características [...]. É, também, um espaço de
conexão de conhecimentos, subjetividades e culturas, que exige um conteúdo científico, tecnológico
ou artístico altamente especializado e orientado para a formação de uma profissão” (LUCARELLI,
2000 apud CUNHA, 2010, p. 81).
17
Referimo-nos à crise política que levou à deposição da presidenta Dilma Rousseff, por meio de um
golpe parlamentar transformado em impeachment constitucional.
37
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
18
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da educação básica, em
nível superior, dos cursos de licenciatura de graduação plena.
19
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da educação básica, em
nível superior, nos cursos de licenciatura de graduação plena.
20
Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena e de formação de
professores da Educação Básica em nível superior.
38
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
39
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
21
Mesmo considerando as críticas a essa política, dirigidas por SCHEIBE e BAZZO, 2013; e
FREITAS, 2002; 2007).
22
Art. 7º Os cursos de Bacharelado em Educação Física atuais entram em regime de extinção, a partir
do ano letivo seguinte à publicação dessa Resolução.
Art. 8º As instituições de educação superior que mantêm cursos de Bacharelado em Educação Física
poderão transformá-los em cursos de Licenciatura, elaborando novo projeto pedagógico, obedecendo
ao contido nesta Resolução (BRASIL, 2015).
40
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
41
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
42
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
Ponto de questionamento 1:
Diz respeito ao conflito legal entre as Diretrizes Curriculares da
Educação Física e as Diretrizes Curriculares de Formação de Professores.
Definitivamente, a Resolução CNE/CP no 6/2018 aponta para um lado e
a Resolução CNE no 2/2015, para outro, no caso da formação de profes-
sores de cursos de licenciatura. Enquanto esta última amplia a formação e
está pautada e organizada em oito capítulos, articulando formação inicial e
continuada, desenvolvida no ensino superior com a escola básica, a primeira,
exclusiva da Educação Física, reduz a formação em duas etapas, pautadas
no que é específico em cada habilitação: da formação específica em licen-
ciatura em Educação Física e da formação específica em bacharelado em
Educação Física.
Para se ter uma ideia da dimensão ampla e da dimensão restrita de
formação de professores, podem-se contrapor os princípios fundamentais
determinados pela Resolução CNE no 2/2015 e a listagem de aspectos
considerados pela Resolução CNE/CP no 6/2018.
Tais princípios, de acordo com o 6º parágrafo da primeira resolu-
ção, devem contemplar: I – a sólida formação teórica e interdisciplinar dos
profissionais; II – a inserção dos estudantes de licenciatura nas instituições
de educação básica da rede pública de ensino, espaço privilegiado da práxis
docente; III – o contexto educacional da região onde será desenvolvido o
trabalho; IV – as atividades de socialização e a avaliação de seu impacto
nesses contextos; V – a ampliação e o aperfeiçoamento do uso da Língua
Portuguesa e da capacidade comunicativa, oral e escrita, como elementos
fundamentais da formação dos professores, e da aprendizagem da Língua
23
Ou seja, “[...] permite a apropriação de um quanto de trabalho docente não pago. [...] Se no atual
contexto a educação é uma esfera de produção rentável, interessa ao capitalista, como qualquer outra
fonte que possibilite o lucro” (SILVA, 2012, p. 110).
43
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
Ponto de questionamento 2:
Refere-se à integralidade própria para a formação de professores para
atuar na educação básica, em nível de licenciatura, defendida nas Diretrizes
de Formação de Professores, em contrapartida à “opção” pela licenciatura
somente na metade do curso, indicada nas Diretrizes da Educação Física.
Para além da “dobradura” da formação ao mercado privado mercantil,
que resulta nessa possibilidade de “escolha”, podemos inferir que as políticas
de valorização da docência foram frontalmente ignoradas.
O curso de formação de professores de Educação Física não se desen-
volverá desde o primeiro semestre, com conhecimentos, discussões e imer-
sões na educação básica, mas tão somente no 4º (quarto) semestre, quando
a Instituição de Educação Superior deverá promover uma consulta oficial,
por escrito, a todos os graduandos a respeito da escolha da formação que
pretendem seguir na Etapa Específica – bacharelado ou licenciatura – com
vistas à obtenção do respectivo diploma.
Como garantir os pressupostos básicos e os conhecimentos necessá-
rios à atuação docente nessa metade de curso? Se considerarmos os estudos
do campo da formação docente, bem como o que dizem as Diretrizes, o cur-
so de formação de professores deverá garantir, ao longo do processo, efetiva
e concomitante relação entre teoria e prática, ambas fornecendo elementos
básicos para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessá-
rios à docência, conteúdos específicos da respectiva área de conhecimento,
fundamentos e metodologias, conteúdos relacionados aos fundamentos da
educação, formação na área de políticas públicas e gestão da educação,
44
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
Ponto de questionamento 3:
Associada à questão anterior, identificamos a árdua tarefa de trabalhar
pressupostos e conhecimentos da licenciatura em metade de um curso, ou
1.600 horas. Missão impossível, se considerarmos que os demais cursos
de formação de professores contam com, no mínimo, 3.200 (três mil e
duzentas) horas de efetivo trabalho acadêmico, em cursos com duração de,
no mínimo, 8 (oito) semestres ou 4 (quatro) anos, compreendendo: I – 400
(quatrocentas) horas de prática como componente curricular, distribuídas
ao longo do processo formativo; II – 400 (quatrocentas) horas dedicadas ao
estágio supervisionado, na área de formação e atuação na educação básica,
contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o
projeto de curso da instituição; III – pelo menos 2.200 (duas mil e duzen-
tas) horas dedicadas às atividades formativas estruturadas pelos núcleos
definidos conforme o projeto de curso da instituição; IV – 200 (duzentas)
horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas
de interesse dos estudantes, por meio da iniciação científica, da iniciação à
docência, da extensão e da monitoria, entre outras, consoante o projeto de
curso da instituição.
Essa carga horária foi assustadoramente reduzida nas diretrizes da
nossa área em: I – Etapa Comum: núcleo de estudos da formação geral,
identificador da área de Educação Física, a ser desenvolvido em 1.600 (mil
e seiscentas) horas referenciais, comuns a ambas as formações; II – Etapa
Específica: formação específica a ser desenvolvida em 1.600 (mil e seis-
centas) horas referenciais, durante as quais os graduandos terão acesso a
conhecimentos específicos das opções em bacharelado e licenciatura.
A Etapa Comum, de acordo com o Capítulo II da Resolução CNE/
CP no 6/2018, contempla: “I – Conhecimentos biológicos, psicológicos
e socioculturais do ser humano (a exemplo do fisiológico, biomecânico,
anatômico-funcional, bioquímico, genético, psicológico, antropológico,
histórico, social, cultural e outros), enfatizando a aplicação à Educação
45
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
Ponto de questionamento 4:
Esse último ponto de questionamento talvez seja o mais nevrálgico
porque trata de uma unidade curricular de peso em qualquer currículo de
formação docente: o Estágio Supervisionado.
Diferentemente do espaço-tempo que as demais licenciaturas desti-
nam ao estágio supervisionado, as Diretrizes Curriculares da Educação Física
minimizam a sua importância formativa, determinando que correspondam
a 20% das horas adotadas pelo conjunto do Curso de Educação Física no
aprendizado em ambiente de prática real.
Além disso, essas diretrizes situam o estágio no âmbito das atividades
práticas da etapa específica da licenciatura e de outras vinculadas aos diver-
sos ambientes de aprendizado escolares e não escolares, e como expressão
e integração de um conjunto de atividades práticas cumpridas ao longo do
curso e ser oferecido, conjuntamente com as políticas e as atividades de
extensão da instituição com curso (Diretrizes Curriculares Nacionais dos
Cursos de Graduação em Educação Física, 2018).
46
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
Considerações finais
Discutimos o cenário atual de formação de professores de Educação
Física, considerando as forças externas que agem sobre as políticas curricu-
lares da área, no intuito de indicar as implicações e perspectivas para essa
formação.
Com base em nossa leitura crítica, afirmamos que, ao contrário do
que se pensa, a atual legislação recém-aprovada mais uma vez na história não
parece fruto das reivindicações da área, tampouco do lobby exercido por um
coletivo sobre o Conselho Nacional de Educação, mas de um mercado com
poder financeiro para conseguir o que lhe interessa, inclusive a intervenção
em determinado campo de formação profissional.
Referências
ALVES, C. A.; FIGUEIREDO, Z. C. C. Diretrizes curriculares para a formação em
Educação Física: camisa de força para os currículos de formação? Motrivivência, v. 26,
n. 43, p. 44-54, dez. /2014.
ALVES, M. S. As falsas interpretações das diretrizes curriculares nacionais para a
Educação Física e suas expressões em reformulações curriculares. Motrivivência, ano
XXIV, n. 38, p. 217-230, jun./2012.
BRASIL, Relatório Síntese de Área Educação Física (Licenciatura). Sinaes. Enade 2017.
MEC.2017. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
relatorio_sintese/2017/Educacao_Fisica_Licenciatura.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
47
Zenólia Christina Campos Figueiredo - Cláudia Aleixo Alves
BRASIL, Relatório Síntese de Área Educação Física (Bacharelado) Sinaes. Enade 2016.
MEC. 2016. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
relatorio_sintese/2016/educacao_fisica_bacharelado.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL, Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
Censo da Educação Superior no Brasil – Notas Estatísticas, Brasília, 2017, p. 5. Disponível
em: https://www.abmes.org.br/documentos/detalhe/648/censo-da-educacao-superi-
or-2017-notas-estatisticas. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: MEC, 1996. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Resolução nº 3, de 16 de junho de 1987. Fixa os mínimos de conteúdo e du-
ração a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física (Bacharelado e/
ou Licenciatura Plena). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 set. 1987. Disponível
em: http://crefrs.org.br/legislacao/pdf/resol_cfe_3_1987.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP nº 9, de
8 de maio de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores
da Educação Básica, em nível superior do curso de licenciatura de graduação plena.
Portal MEC. Brasília, DF: MEC/CNE/CP, 2001. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro
de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da
Educação Básica, em nível superior do curso de licenciatura de graduação plena. Portal
MEC. Brasília, DF: MEC/CNE/CP, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/res1_2.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Minuta de Projeto de Resolução para audiência pública de 11/12/2015:
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Educação
Física, Licenciatura. Brasília, 2015. Disponível em: http://www.cbce.org.br/up-
load/biblioteca/Proposta%20de%20Resolu%C3%A7%C3%A3o_DCN%20
Educa%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%ADsica%20licenciatura.pdf. Acesso em:
28 fev. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 7, de 31 de março
de 2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em
Educação Física. Brasília, DF: MEC/CNE/CP, 2018. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ces0704edfisica.pdf. Acesso em: 28 fev. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer nº 2/2015.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada dos
Profissionais do Magistério da Educação Básica. Brasília, DF: CNE, 2015. Disponível
em: http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/res_cne_cp_02_03072015.pdf. Acesso
em: 28 fev. 2019.
48
3
Capítulo 2 – Formação de professores de educação física no Brasil: implicações e perspectivas
49
CAPÍTULO
3
Formação de professores de educação física:
velhos problemas, novas lutas
51
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
52
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
1
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=71951.
53
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
2
Maiores informações ver nos sites das entidades citadas.
54
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
55
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
3
Grifo nosso.
56
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
57
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
58
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
59
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
60
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
4
Em Saviani (2018), é possível evidenciar certo balanço do acúmulo teórico produzido pelo coletivo
de pesquisadores comprometidos com o desenvolvimento desta teoria pedagógica, notadamente
quanto aos fundamentos históricos, filosóficos, psicológicos e pedagógicos, situados neste último
os esforços feitos no campo da didática e da prática de ensino, além das pesquisas sobre currículos,
conteúdos escolares e as iniciativas de implementação da pedagogia histórico-crítica em determinadas
redes oficiais da educação brasileira.
61
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
62
Capítulo 3 – Formação de professores de educação física: velhos problemas, novas lutas
4
nismos de luta da classe trabalhadora (SANTOS JUNIOR; LAVOURA,
2017) teremos condições de lutar contra os ataques e avanços das políticas
conservadoras, entreguistas e espoliadoras do povo brasileiro.
E, neste processo de luta política, convocamos todos os pesquisado-
res, estudantes, professores e entidades científicas da área da Educação Física
a somar esforços pela luta da formação unificada, de concepção generalista
e ampliada, plena de conteúdos científicos, artísticos e filosóficos com vistas
ao desenvolvimento de futuros profissionais capazes de realizarem uma re-
flexão crítica, ampliada, sistemática e de conjunto da realidade educacional
brasileira e das possibilidades de intervenção nesta, com a tão importan-
te e necessária Educação Física, considerando-se seus diversos campos de
atuação.
Referências
ANTUNES, R.; PINTO, G. A. A fábrica da educação: da especialização taylorista à
flexibilização toyotista. São Paulo: Cortez, 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Resolução CNE/CES nº 6/2018. Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais dos Cursos de Graduação em Educação Física e dá outras providências.
Brasília: MEC/CNE/CES, 2018a.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Parecer CNE/CES nº 584/2018. Diretrizes Curriculares Nacionais
do curso de graduação em Educação Física. Brasília: MEC/CNE/CES, 2018b.
BRZEZINSKI, I. Recuperando a História: 32 anos do movimento dos educadores
e vinte anos de ANFOPE. In: BRZEZINSKI, I. (coord.). ANFOPE em Movimento
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CAMPOS, R. F. A reforma da formação inicial dos professores da educação básica nos
anos de 1990: desvelando as tessituras da proposta governamental. Tese (Doutorado) –
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DUARTE, N. O currículo em tempos de obscurantismo beligerante. Revista Espaço
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L. M.; DUARTE, N. Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas
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DUAYER, M. Anti-realismo e absolutas crenças relativas. Margem Esquerda, v. 8, p.
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DUAYER, M.; MORAES, M. C. M. História, estórias: morte do real ou derrota do
pensamento. Perspectivas, v. 16, n. 29, p. 63-74, jan. /jul.1998.
63
Cláudio de Lira Santos Júnior - Raquel Cruz Freire Rodrigues - Tiago Nicola Lavoura
64
CAPÍTULO
4
A proletarização da educação física brasileira
no pós-fordismo
Alvaro de Azeredo Quelhas
Introdução
A celebração de quatro décadas de existência do Colégio Brasileiro de
Ciências do Esporte, em 2018, acontece em um momento extremamente
delicado para a vida nacional. Após uma campanha eleitoral fortemente
polarizada, elegeu-se um candidato de extrema direita, impulsionado por
um discurso violento, disseminador da cultura do ódio e de ataque as mi-
norias. Mergulhado numa profunda crise econômica, agravada nos anos
anteriores pela crise política que resultou no impedimento da presidenta
Dilma Rousseff, o país viu o desemprego disparar, alcançando mais de 13
milhões de trabalhadores, uma taxa percentual de 12,4%, conforme reve-
lou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC),
divulgada pelo IBGE (DESEMPREGO..., 2019).
Além do forte desemprego e da redução da atividade econômica, os
trabalhadores se viram diante da ameaça de uma reforma da previdência
pública que aumenta em muito a idade mínima para aposentadoria e o
tempo de contribuição para usufruir desse direito. Antes disso, assistiram
uma contrarreforma trabalhista que permite ainda mais a ampliação da
precarização do trabalho no Brasil.
O intuito do texto é indicar os determinantes estruturais dessa preca-
rização, pois a partir dessa base é possível compreender melhor a condição
laboral de hoje no Brasil, para em seguida reconhecer sua manifestação na
área da Educação Física.
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da riqueza no sistema capitalista, mas também “[...] se torna, por sua vez,
a alavanca da acumulação capitalista e, mesmo, condição de existência do
modo de produção capitalista.” (p. 735). Ela forma um exército industrial
de reserva, disponível ao capital a qualquer tempo.
Os entrevistados que participaram de nossa pesquisa, revelaram uma
absoluta falta de uniformização das remunerações nas empresas do fitness,
inclusive entre trabalhadores que exercem as mesmas funções num determi-
nado setor, exceto no de musculação. No setor das chamadas “aulas coleti-
vas” é possível perceber uma diferenciação das remunerações que, no entan-
to, não apresentam parâmetros claros definidos pelas empresas para todos
os empregados. Os relatos indicaram a ocorrência de uma individualização
das remunerações, que é alcançada através de “negociações” pessoais entre
trabalhadores e os representantes dos patrões, o que traz uma concorrência
velada entre os próprios trabalhadores (QUELHAS, 2012).
Outro aspecto importante descortinado com a pesquisa, foi a situação
do personal trainer. A questão da regularização jurídica do personal trainer
é um tema importante para os empresários do fitness. Para Abreu (2010),
a figura do personal trainer é caracterizada pela total ausência de relação de
emprego com a academia, através da inexistência de remuneração deste
“colaborador” pela academia, e da falta de subordinação quanto a horário e
demais ordens naturais de uma relação de emprego. Não havendo os requi-
sitos da relação de trabalho, a regularização jurídica da relação da academia
com o personal pode-se dar de duas maneiras: contrato de locação de espaço
ou uma simples autorização.
Os depoimentos também nos revelaram uma nova forma de explo-
ração quando da prestação do serviço de personal trainer. Apesar do serviço
ser prestado para os clientes das academias, as empresas cobram destes tra-
balhadores uma taxa por hora utilizada, denominada por eles de “repasse”.
O mais comum é a cobrança de um valor por hora utilizada, mas existe tam-
bém o “repasse” de valor fixo, independente do número de horas utilizadas.
Algumas empresas foram mencionadas por cobrar um mínimo mensal de
oito horas, que se não forem utilizadas durante o mês, se perdem. Chamou
muita atenção nos depoimentos, o fato do serviço de personal trainer ocupar
uma grande parte das jornadas de trabalho. Na maioria das vezes, o tempo
nesta atividade é superior ao estabelecido no contrato de trabalho que o
trabalhador tem junto à academia. Essa importância pode ser constatada
no depoimento abaixo:
Vou te dar uma conta que eu faço de cabeça, que eu brinco. Que eles
nunca me pagavam na verdade. Porque como eu deixo uma taxa de per-
sonal, como eu tenho muito cliente lá, eu sempre paguei um repasse alto,
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Conclusão
Ao finalizarmos esse texto, gostaria de ressaltar a importância e a
necessidade de estudos que analisem a situação laboral dos trabalhadores
da área da Educação Física, não só pela quantidade restrita de estudos neste
campo, como também para conhecermos mais amplamente o universo de
inserção desses trabalhadores no mundo do trabalho.
Entendemos ser fundamental que essas análises considerem o so-
ciometabolismo do capital, como o principal determinante estrutural da
condição laboral dos trabalhadores da área.
Por último, consideramos que a proletarização dos trabalhadores da
Educação Física é uma realidade que precisa ser reconhecida e enfrentada,
pois ela traz repercussões extermamente sérias não só para o trabalho da-
queles profissionais, bem como para suas vidas.
Referências
ABREU, R. Personal trainer: contrato de locação ou autorização; qual o melhor ins-
trumento jurídico? Revista ACAD, n. 50, p. 8, abr. 2010.
ABREU, R. Direito empresarial do fitness. Revista Fitness Business, n. 21, p. 46, set-
out. 2005.
ALVES, G. A. P. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo
manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.
ALVES, G. A. P. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise
do sindicalismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2000, 364p.
ALVES, G. A. P. Trabalho, crise e dessubjetivação da classe. In: CORSI, F. L. et al.
(org.). Dilemas da globalização: o Brasil e a mundialização do capital. Londrina: Práxis;
Bauru: Canal 6, 2007, p. 25-45.
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Alvaro de Azeredo Quelhas
78
CAPÍTULO
5
O GTT de Formação Profissional
e Mundo do Trabalho do Colégio
Brasileiro de Ciências do Esporte:
de sua criação à Carta de Vitória
Introdução
Os anos 1990, no Brasil, foram marcados pela implementação do
neoliberalismo e a retomada de projetos conservadores em vários campos,
inclusive o da educação física. No plano internacional, a falência dos Estados
operários burocráticos do leste europeu e o avanço das políticas econômicas
ortodoxas capitalistas sustentaram uma mudança da conjuntura superes-
trutural marcada por um pensamento único e conformista. Na educação
física brasileira, tal contexto possibilitou a reinvestida dos setores conserva-
dores e corporativistas que investiram em dois projetos significativos, o da
regulamentação da profissão e o da fragmentação da formação profissional,
por meio da divisão entre licenciatura e bacharelado (NOZAKI, 2004).
Tais projetos, historicamente gestados desde os anos 1980, ganhariam um
terreno propício para se concretizar no final dos anos 1990 e início dos
anos 2000. A regulamentação da profissão efetivou-se no ano de 1998; as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), em 2004.
Já os anos 2000 não reverteram tais processos, ainda que, em 2002,
fosse eleita pela primeira vez, desde a redemocratização política dos anos
1980, um governo de frente popular, que se manteve por 14 anos no país.
Ao contrário, o que deveria ser a reinvestida dos setores progressistas e revo-
lucionários dos anos 1980, traduziu-se em uma fragmentação da esquerda
brasileira como resposta à política conservadora e ortodoxa dos anos 1990.
O Brasil acompanhou a tendência mundial e viu surgir, nos anos 2000, um
setor reformista que, muito embora proveniente da tradição progressista,
adequou-se à gerência da crise do capital a partir de um novo tipo de neoli-
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Hajime Takeuchi Nozaki
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
Esporte: de sua criação à Carta de Vitória
A criação do GTT
Na 48ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), em 1996, na cidade de São Paulo, reuniu-se o Colégio Brasileiro
de Ciências do Esporte (CBCE), como de costume, com uma programa-
ção específica que discutiu, entre ouros pontos, a criação dos Grupos de
Trabalhos Temáticos (GTT). Buscava-se um modelo similar ao de outras
entidades científicas tais como a Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação (Anped) ou a Associação Nacional de Pós-Graduação
e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), nas quais os grupos de trabalhos
orientavam a vida orgânica da entidade.
A criação dos GTT do CBCE tratou-se de uma discussão mediada
pelo enfrentamento à denominada crise de identidade ou do estatuto epis-
temológico da educação física situada na década de 1990. A dificuldade
estaria na própria definição do objeto de estudo, visto que as diferentes
subáreas que comporiam a educação física detinham-se a objetos de forma
diferenciada, a partir de diferentes perspectivas epistemológicas e paradig-
máticas. Tal aspecto ocasionaria a fragmentação em torno do objeto de
estudo, posto que cada subárea abordaria o objeto em seu aspecto próprio
– biológico, psicológico, sociológico e assim por diante – bem como cada
uma delas tendia a se abrigar em sua ciência mãe, contribuindo então para
a produção de conhecimento fragmentado e especializado em tais ciências
(BRACHT, 1993)1.
Portanto, criar os GTT tratava-se de não replicar as ciências mães,
ou subáreas em que se concentravam os estudos da educação física/ciências
do esporte. Na discussão feita na reunião da SBPC, argumentava-se que se
deveria evitar a criação de GTT tais como Psicologia do Esporte, Fisiologia
do Esporte, História da Educação Física/Ciências do Esporte, entre outros.
A ideia do ‘temático’ nos grupos de trabalho concernia à tentativa de agru-
par a discussão presente em várias ciências mães, buscando a produção de
1
Para uma descrição mais aprofundada do debate sobre o estatuto epistemológico da área e para a
crítica do seu caráter internalista, o qual norteou o próprio CBCE dos anos 1990, consultar Nozaki
(2014).
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Hajime Takeuchi Nozaki
2
A busca da produção de conhecimento interdisciplinar era o foco das discussões do CBCE dos
anos 1990. Por exemplo, o IX CONBRACE, em 1995, na cidade de Vitória, teve como tema
‘Interdisciplinaridade, ciência e pedagogia’. As conferências buscavam tematizar a interdiscipli-
naridade: ‘Interdisciplinaridade na Ciência’ (Conferência 1); ‘Interdisciplinaridade na Pedagogia
(Conferência 2); Interdisciplinaridade: uma análise epistemológica (Conferência 3). Houve painéis
e mesa redonda em que se colocavam palestrantes de áreas diversas para que se buscasse um diálogo,
por exemplo: ‘As contribuições da Aprendizagem Motora e da Filosofia’ (Painel 1); ‘As contribui-
ções da Biomecânica e da Sociologia’ (Painel 2); ‘As contribuições da Epidemiologia e da História’
(Painel 3); ‘As relações entre Filosofia, Ciência e Arte’ (Mesa redonda) (REVISTA BRASILEIRA
DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 1995). O resultado dos painéis e da mesa redonda foi, em sua
extensa parte, uma apresentação de cada área realizada por seu especialista, no qual restou pouco
ou quase nenhum diálogo e seguramente não se alcançou o empenho de vislumbrar caminhos para
a interdisciplinaridade.
3
A ordem dos GTT foi proveniente de como foram surgindo os temas ao longo da discussão.
Assim, é possível afirmar que os temas que haviam mais representatividade ou tradição no interior
da entidade foram sendo apontados, sem uma preocupação de ordena-los por qualquer critério. É
interessante, contudo, perceber que o tema da Epistemologia aparece como um dos últimos (GTT
11), porém, isso não corresponde a uma menor representatividade, já que se tratava do próprio tema
que conduzia a criação dos GTT. Ao contrário, por ser esta a discussão chave, a Direção Nacional da
entidade parecia constrangida em propor este tema, quando outros sócios o fizeram, argumentando
a importância dele para o momento em que as discussões se procediam.
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
Esporte: de sua criação à Carta de Vitória
4
Esta é a composição dos GTT que foi utilizada no X CONBRACE, em 1997. No XI CONBRACE
surgiu o GTT 12 – Educação Física/Esporte e Memória, Cultura e Corpo. A partir do XII
CONBRACE, outras modificações nos GTT foram ocorrendo, entre elas a extinção do GTT
Educação Física/Esporte e Processo de Ensino e Aprendizagem (XII CONBRACE), a criação e
extinção do GTT Pós-Graduação (XII e XV CONBRACE) e inclusões do GTT Corpo e Cultura
(XIV CONBRACE) e do GTT Gênero (XIX CONBRACE). Além das inclusões e extinções, houve
modificações na ordem e nos nomes dos GTT. O GTT 5 – Educação Física/Esporte e Formação
Profissional/Campo de Trabalho modificou-se para GTT 6 – Formação Profissional e Mundo do
Trabalho. As discussões e motivações que levaram à modificação do nome deste GTT serão apre-
sentadas no próximo item.
5
Note-se que antes dos GTT já havia a organização de apresentação de temas livres e comunicações
coordenadas em grupos, porém, tais grupos não se caracterizavam como uma estrutura no interior do
CBCE, mas apenas uma divisão para a organização de apresentações no interior do CONBRACE.
A divisão dos grupos de apresentação de temas livres e comunicações coordenadas normalmente
era feita pelo critério disciplinar e, também a isto, veio a estrutura dos GTT se opor.
6
Inicialmente criado como um GTT, o tema dos processos de ensino e aprendizagem tenderam a se
inserir no GTT de Formação Profissional e Campo de Trabalho.
83
Hajime Takeuchi Nozaki
7
Antes da realização do XII CONBRACE, a ementa que constava para o GTT é a mesma de hoje:
‘Estudos acerca dos distintos aspectos do processo de formação profissional concernente à área de
conhecimento Educação Física. Estudos sobre a relação da formação e a inserção do profissional
desta área de conhecimento no mundo do trabalho’. Apesar de discussões de mudanças de ementa
no período que compreende os anos 2001 a 2003, o GTT não chegou a modificá-la. No XII
CONBRACE, a proposta em discussão, que não obteve aprovação devido ao pouco tempo que
restou para o debate era: ‘Estudos das relações Trabalho/Educação e Educação Física, considerando
políticas públicas, produção de conhecimento, currículo e prática pedagógica, formação do professor
e profissionalização docente’ (GTT 05 – CBCE, 2001). Já o relatório técnico-científico do período
de 2001 a 2003 do GTT aponta que no XIII CONBRACE ficou acertado que a ementa ficaria:
‘Estudos das relações entre formação profissional na educação física e o mundo do trabalho” e que
deveria ser aprofundada até sua definição no XIV CONBRACE (TAFFAREL, 2003a). Também na
ata de reunião do Comitê Científico após o XIII CONBRACE, em dezembro de 2003, em Vitória,
consta a reformulação da ementa para ‘Os estudos das relações, nexos, contradições, possibilidades
e determinações da formação humana e profissional – trabalho pedagógico, currículo, formação
inicial e formação continuada – frente ao mundo do trabalho e sua caracterização, regulação e
normatização em diferentes modos de produção’ (COMITÊ CIENTÍFICO GTT FORMAÇÃO
PROFSSIONAL E MUNDO DO TRABALHO, 2003a, p. 2), indicando a discussão via internet
até a SBPC de 2004. Houve várias discussões no grupo de e-mails do GTT, porém, sem uma con-
clusão que pudesse aprofundar a definição por outra ementa no XIV CONBRACE.
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
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Diferentemente do que ocorreu com a decisão acerca da modificação da ementa tomada no XII
CONBRACE, a modificação do nome do GTT foi incorporada imediatamente por ele e, mesmo
sendo adotado apenas em 2007 no XIV CONBRACE, já em dezembro de 2003, é possível identi-
ficar documentos internos do GTT que o tratam como o ‘GTT de Formação Profissional e Mundo
do Trabalho’. Pode-se concluir que a modificação do nome tinha uma relevância naquele momento
não só epistemológica, mas política, do ponto de vista estratégico.
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Hajime Takeuchi Nozaki
9
A reforma estatutária ocorrida no ano de 2002 é crucial para compreender esta reforma interna do
CBCE, porém, se torna aquém do escopo deste texto. Desta reforma era abordada apenas a questão
que tange diretamente à organização estrutural dos GTT.
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Hajime Takeuchi Nozaki
10
Pelo comitê científico participaram os professores Astrid Ávila, Celi Taffarel, Erineusa Silva, Hajime
Nozaki e Paulo Ventura, além da coordenadora do GTT, a professora Zenólia Figueiredo.
11
Após a mudança do governo federal para o de frente popular, em 2003, houve a interrupção do
trâmite do Parecer 138/02 que, como ressaltado, sofria de forte influência do sistema CONFEF/
CREFs. Foi montada uma segunda COESP, incluindo representantes do CONFEF, CBCE e da
primeira COESP. A professora Zenólia Figueiredo participou da Comissão, segundo Helder Resende
que a convidou, inicialmente pelo mérito acadêmico, porém, passou a representar o CBCE a partir
de agosto de 2003 (TAFFAREL, 2003b). Tal participação causaria conflito por ocupar à mesma
época a coordenação do GTT.
12
“O voto contrário foi da professora Zenólia C. Campos Figueiredo, que em declaração de voto
deixou registrado que apesar dos limites identificados na proposta da COESP acredita que a mesma
representa um acordo e um avanço possível nesse momento da Educação Física brasileira; além disso,
registrou sua posição de apoio a DN no que diz respeito a condução política que estava dando a
questão das diretrizes curriculares” (COMITÊ CIENTÍFICO GTT FORMAÇÃO PROFSSIONAL
E MUNDO DO TRABALHO, 2003a, p. 2). Já a Carta de Vitória (2003, p.1) que contém a po-
sição do comitê científico retirada na reunião ressalta que: “Faz-se importante também, ratificar a
posição assumida nesta mensagem em referência no item anterior, de que o CBCE esteve presente
de forma concreta nos trabalhos de construção do documento intitulado de ‘substitutivo’ do Parecer
CNE 0138/02, através da Professora Zenólia Figueiredo, a qual, inicialmente, “parece”não ter sido
convidada nesta condição, mas assim se efetivou durante o processo. O GTT, por maioria de seus
membros entende ser esta uma posição elementar, para que a sócia/pesquisadora não se consolide
historicamente, como a‘responsável’ pelas consequências advindas do substitutivo, se aprovado [...]”.
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
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2004a, p. 1). Assim, foi redigida a ‘Carta de Vitória’, remetida para a DN,
juntamente com um parecer sobre a proposta substitutiva, criticando a
divisão da formação em licenciatura e bacharelado:
Ao [instituírem-se] caminhos distintos para pensar a formação do licen-
ciado e bacharel precisamos refletir sobre os argumentos que justificam
tal formulação. Vale lembrar, que diferente das outras áreas do conhe-
cimento, a EF divide licenciado e bacharel somente na diferenciação do
espaço de intervenção em que esse realizará a prática docente. Assim, o
licenciado ficaria circunscrito ao espaço escolar e o bacharel aos outros
espaços não escolares (recreação, lazer, treinamento desportivo, atividade
física e saúde,...). Essa diferenciação dos espaços onde ocorrerá a inter-
venção profissional, não se traduz em uma necessidade [de] estabelecer a
formação dicotomizada, pois o que caracteriza nossa área é a prática pe-
dagógica, que deve orientar um processo de formação que leve em conta
essa prática docente e uma formação teórica, sólida e de qualidade. Essa
formação generalista poderá ocorrer num mesmo curso que congregue
os conhecimentos necessários na graduação referenciados num padrão
unitário de qualidade nacional. Apontamos que é um equívoco histórico
fragmentar a formação e por conseqüência os espaços de intervenção da
EF, expressos nos artigos 1º e 2º da proposta de Resolução da COESP
(COMITÊ CIENTÍFICO GTT FORMAÇÃO PROFISSIONAL E
MUNDO DO TRABLAHO, 2003b).
91
Hajime Takeuchi Nozaki
Conclusão
Este texto tematizou a criação dos GTT no âmbito do CBCE e a
estruturação do GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho.
Conforme apresentado, na medida em que o GTT foi se estruturando,
buscou cumprir com a caracterização dada pela DN de qual seria o papel
dos GTT, ou seja, tornar-se ‘polo dos parâmetros norteadores das instâncias
políticas do CBCE’. Não obstante, tendo em vista o processo de formulação
das DCNs e a participação do CBCE neste contexto, foi possível constatar
um claro choque entre o GTT e a DN, o que significa concluir que não
necessariamente um GTT se torna balizador das políticas da entidade, ainda
que tenha produção especializada e qualificada em determinado tema e que
se empenhe politicamente para construir uma posição a ser tomada.
A disputa entre posições aqui analisada não se refere, por outro lado,
ao confronto entre instâncias no interior do CBCE, mas de setores em
busca da condução política da entidade. Trata-se da disputa de projetos
políticos, de projetos de sociedade. Neste sentido, GTT tais como o de
Formação Profissional e Mundo do Trabalho – objeto desta análise – e o
de Movimentos Sociais se tornaram, em certa monta, uma ameaça para
o setor que conduz majoritariamente o CBCE. Junte-se a eles o mais tra-
dicional movimento social de esquerda da educação física, o Movimento
Estudantil de Educação Física (MEEF) e um mais recente movimento cria-
do, o Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissional de
Educação Física (MNCR).
Considerando o louvável esforço do CBCE de produzir um registro
dos seus 40 anos de existência, é possível ainda salientar que a história desta
entidade e a condução política do chamado grupo ligado à visão médica
da ciência que depois sofreu embate e perdeu a hegemonia para o grupo
afeito à visão social e pedagógica já foram muito bem analisadas desde a
sua criação, em 1978. Esta história se passa essencialmente nos anos 1980,
tendo como pano de fundo, cenário – ou contexto histórico, como prefe-
rimos – a redemocratização da política brasileira. Não obstante, para fazer
jus aos demais anos de existência do CBCE, dos anos 1990 em diante, é
importante sob o ponto de vista da produção do conhecimento novos es-
tudos para revelar quem são os ‘autores e atores’ da disputa, nos termos em
que estudou Daolio (1998), ou por onde se trava a ‘disputa de campo’ nos
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
Esporte: de sua criação à Carta de Vitória
Referências
BRACHT, Valter. Educação Física/Ciências do Esporte: que ciência é essa? Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, v. 14, n. 3, p. 111-118, maio, 1993.
BRASIL. Conselho Federal de Educação. Resolução. Resolução nº 03, de 16 de junho
de 1987. Fixa os mínimos de conteúdo e duração a serem observados nos cursos de
graduação em educação Física (Bacharelado e/ou Licenciatura Plena). Diário Oficial
da União, Brasília, DF. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 set. 1987.
BRASIL. Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998. Dispõe sobre a regulamentação
da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos
Regionais de Educação Física. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 set. 1998.
BRASIL. Parecer CNE/CP nº 009, de 8 de abril de 2001. Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso
de licenciatura, de graduação plena. Conselho Nacional de Educação, Brasília, 2001.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 0138, de 3 de abril de 2002.
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Educação Física. Câmara
de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação, Brasília, 2002a.
93
Hajime Takeuchi Nozaki
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Capítulo 5 – O GTT de Formação Profissional e Mundo do Trabalho do Colégio Brasileiro de Ciências do
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CAPÍTULO
6
Formação docente em
educação física no Brasil:
do pensamento curricular à produção do
conhecimento
Introdução
Os desenhos curriculares de formação docente em Educação Física
surgiram de diferentes momentos históricos que trouxeram marcas e ca-
racterísticas político-econômico-social em nosso país. É possível observar
traços significativos do pensamento curricular à produção do conhecimento
demarcada por alguns avanços, mas, também, retrocessos em algumas destas
estruturas curriculares.
Inicialmente, para melhor compreensão do teor desses escritos, re-
porta-se ao aspecto conceitual do currículo o que tem sido desconforto em
alguns atores sociais das instituições de ensino por não saberem expressar o
real conhecimento que este envolve no processo formativo. Em geral, estes
sabem sobre sua importância, entretanto, possuem dificuldades para expres-
sar as relações em que o currículo está imbricado. Dificuldade implicada por
ser uma “tradição inventada” (GOODSON, 2010), portanto, um artefato
socio educacional de natureza plurívoca.
Nesse viés, o currículo não é uma área completamente autônoma,
visto que é marcado pela diversidade de designações enraizadas pelas dife-
rentes áreas do conhecimento, ou seja, são vários os estudos que abordam
a amplitude de significados que as escolas de pensamento curricular lhe
atribuem; não é algo estável e limitado, o que resulta em seu hibridismo
epistemológico desde a sua gênese. Logo, configura-se como um campo
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conhecimento
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Formação geral:
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conhecimento
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Capítulo 6 – Formação docente em educação física no Brasil: do pensamento curricular à produção do
conhecimento
Conclusão
Nesse caminhar, ainda de incertezas para o cenário hodierno, tem-se
a trajetória dos diferentes atos curriculares na formação em Educação Física
no Brasil e as recentes mudanças no cenário educacional. Estas levam ao
entendimento de que o atual pensamento de se fazer currículo nessa área
advém das influências e construções produzidas em contextos adversos no
decorrer de sua história.
De igual maneira, anunciam-se os elementos a serem suplantados
que, muitas vezes, se materializam no currículo como realidade interativa
nos cursos de Educação Física: prevalência da natureza técnico-instrumental
de formação; ênfase na perspectiva técnica-biológica; ausência de articulação
adequada entre os conhecimentos adquiridos na graduação e o exercício
profissional; falta de articulação entre as dimensões teóricas e práticas no
processo formativo; e, o distanciamento entre as realidades acadêmica e
escolar, com a consequente desvalorização do trabalho pedagógico na escola.
E, assim, como ponto de partida sugere-se compreender o pensamen-
to curricular e o processo da produção do conhecimento na Educação Física.
Nesta constituição, reitera-se que o currículo parte de uma compreensão que
envolve a apropriação e assimilação individual e particular, social e global do
conhecimento historicamente acumulado na sociedade, sendo necessário a
superação de currículos prescritivos de viés normativo e racionalista para dar
lugar à construção coletiva de um currículo emancipatório, que reconheça
e estabeleça o potencial crítico dos sujeitos educacionais.
Referências
ALVES, C. A; FIGUEIREDO, Z. C. C. Diretrizes Curriculares para a formação em
educação física: camisa de força para os currículos de formação? Motrivivência, v. 26,
n. 43, p. 44-54, 2014.
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Raffaelle Andressa dos Santos Araujo
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Capítulo 6 – Formação docente em educação física no Brasil: do pensamento curricular à produção do
conhecimento
CASTELLANI FILHO, L. Educação física no Brasil: a história que não se conta. 19.
ed. Campinas, SP: Papirus, 2013.
CASTELLANI FILHO, L. A formação sitiada. Diretrizes Curriculares de Educação
Física em disputa: jogo jogado? Pensar a Prática, v. 19, n. 4, p. 758-773, 2016.
GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
KUNZ, E. et al. Novas diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação
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113
CAPÍTULO
7
Novas diretrizes e antigos debates:
uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Graduação em Educação Física − Resolução CNE/
CES 06/2018
115
Roberto Pereira Furtado
1
Foi analisado em Furtado (2007; 2007-b; 2009) a expansão do fitness e os nexos apresentados com
as transformações no modo de produção e a necessidade de um trabalhador de novo tipo a partir
dos processos de reestruturação produtiva. Tais transformações no modo de produção, ocorreram,
principalmente, após os anos 1970 nos Estados Unidos, Japão e Europa e após o final dos anos 1980
no Brasil. Foram o pano de fundo mais geral dos percursos das forças produtivas mais diretamente
vinculadas com a Educação Física brasileira nos anos 1980 e 1990, como já explicitaram David
(2002) e Nozaki (2004).
2
Conselho Federal de Educação, sucedido em 1995 pelo Conselho Nacional de Educação.
116
Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
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Roberto Pereira Furtado
3
Não é objeto deste artigo desenvolver com maior profundidade a crítica à epistemologia da prática,
mas apenas identificar sua presença no interior do debate sobre a formação na Educação Física
brasileira. Para maiores aprofundamentos sobre esta crítica no âmbito da educação e da educação
física ver: Duarte (2003); Rodrigues e Kuenzer (2007); Bandeira (2017).
118
Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
4
Tais comissões foram designadas para propor novas Diretrizes Curriculares que substituiriam a
Resolução CFE 03/87, ainda em vigor na ocasião.
119
Roberto Pereira Furtado
5
Nozaki (2004); Frizo (2010), Lemos et al (2012); Veronez (2013), descrevem resumidamente a
trajetória dessas 4 comissões.
6
Alguns destes posicionamentos distintos estão expressos em (DAVID, 2002, 2003; BENITES E
SOUZA NETO, 2003; TOJAL, 2003; KUNZ, 2003).
120
Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
7
Para uma melhor compreensão da participação neste debate do Movimento Estudantil de Educação
Física - MEEF, conferir Titton et al (2015).
8
Na ocasião, denominado de “Formação Profissional/Campo de Trabalho”, atualmente é denominado
como “Formação Profissional e Mundo do Trabalho”.
9
Me refiro aqui à divisão no âmbito do trabalho que indicaria que o licenciado poderia trabalhar
apenas na educação básica.
10
Refiro-me aqui à divisão na formação, entre licenciatura e bacharelado.
11
O rascunho produzido pela quarta comissão encontra-se disponível no site do MEC. Nele pode ser
percebido, logo na capa, a orientação para a retirada da expressão bacharelado, substituindo-a por
Graduação (disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/fisica.pdf ).
121
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Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
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Nos debates que sucederam aqueles do movimento renovador, ficaram delineadas duas grandes
matrizes nas discussões epistemológicas da Educação Física, uma que a entende como ciência e ou-
tra como prática pedagógica (BETTI, 1996). Essa segunda matriz continuou seu desenvolvimento
teórico em busca da fundamentação da Educação Física a partir do reconhecimento da existência
de certo distanciamento entre as produções acadêmicas e a intervenção profissional. Uma procura
pela Educação Física nela mesma, de um retorno à própria Educação Física, ou de um retorno à
prática.
13
Ver Rodrigues e Kuenzer (2007).
123
Roberto Pereira Furtado
14
Não foi por acaso que na audiência pública de 2015, em Brasília, por ocasião da Minuta que
propunha extinguir o bacharelado, um dos argumentos bastante enfatizados era de que a Pós-
Graduação sofreria bastante com tal extinção.
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Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
Não será possível e também não é propósito deste texto realizar uma
análise das diferentes composições e das influências e disputas ocorridas
no CNE neste período. Mas sobre a principal demanda apresentada pela
Educação Física brasileira entre 2004 e 2015 ao CNE, que tratava do caráter
e abrangência da Resolução 07/2004, o CNE manteve-se sempre com o
mesmo posicionamento. Em todos os documentos em que tratou a questão,
está explícita a tentativa de reverter o entendimento que foi ganhando corpo
no campo de que a referida Resolução seria específica para o Bacharelado em
Educação Física. O CNE sempre foi incisivo ao reafirmar que a Resolução
dizia respeito aos cursos de Graduação em Educação Física, ou seja, obvia-
mente, incluía-se a Licenciatura. Mas diversas instituições, pesquisadores
e intelectuais do campo insistiram em afirmar o contrário. A explicação de
todo esse embate está melhor desenvolvida em Furtado et al (2016).
Mas é importante destacar ainda que, movidos por um entendimento
semelhante ao do CNE e diferente do majoritariamente produzido pelo
campo, uma ação política foi desenvolvida no Estado de Goiás, ainda em
2009. Na ocasião, o Sistema CREF/CONFEF começou a impedir que os
Licenciados em Educação Física trabalhassem fora do ambiente escolar.
Um dos componentes desta ação política foi judicial, quando com apoio
do Ministério Público Federal foi produzida uma Ação Civil Pública em
defesa do direito ao trabalho do Licenciado em Educação Física. Esta ação
judicial foi inicialmente vitoriosa, mas derrotada em segunda instância,
após outro processo ter sido julgado, no âmbito do Superior Tribunal de
Justiça – STJ, em que um egresso de um curso de Licenciatura solicitava
ter o diploma de Bacharel em Educação Física. O STJ, obviamente, decidiu
que o egresso não teria este direito, pois o curso realizado por ele, foi de
Licenciatura. Mas ao negar a solicitação, julgou sob o regime de recursos
repetitivos, impactando os demais processos de natureza semelhante. A
partir de então, os processos com argumentação totalmente diferente, que
tratavam da reivindicação do direito Constitucional ao trabalho por parte
dos Licenciados, foram derrotados na segunda instância por efeito do regime
de recursos repetitivos (FURTADO et al, 2016).
125
Roberto Pereira Furtado
15
E, posteriormente, a decisão foi ratificada pelo Superior Tribunal Federal – STF, entretanto sem
análise do mérito, por essa análise, supostamente, já ter sido realizada no STJ. “A regra geral da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é impedir, de longa data e já com entendimento su-
mulado, o reexame de prova ou a discussão sobre matéria de fato […]. Tal fenômeno se materializa
da seguinte maneira: quando da aferição da admissibilidade dos recursos excepcionais, ao menor
sinal de que é possível ser necessário reexaminar prova ou reabrir questões de fato, a decisão já se
inclina – e, ao final, assim se fundamenta – na aplicação desses entendimentos sumulados, quase
como se o enunciado fosse uma verdade sabida (sumulado está, decidido está, para todo o sempre...)”
(HIRSCH, 2007, p. 179).
16
Para maior aprofundamento, ver Furtado et al (2016).
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Esse processo que é muito evidente e já bastante debatido no âmbito da Pós-Graduação tende, cada
vez mais, a alcançar a Graduação de modo semelhante.
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Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
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A presença dos estudos sobre a aptidão física é fundamental nos currículos de formação, pois trata-se
de um importante componente da Educação Física. O alerta aqui se refere à tendência a estes estudos
direcionarem toda a formação.
129
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Acompanhando aos encantamentos do mundo do fitness e do esporte de alto rendimento.
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Considerações finais
Uma análise mais rigorosa e ampliada da Resolução 06/2018 ainda
se faz necessária. É importante aprofundar na análise da pouca articulação
desta Resolução com a 02/2015, da fragilidade teórica e epistemológica da
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Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
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133
Roberto Pereira Furtado
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Capítulo 7 – Novas diretrizes e antigos debates: uma análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Graduação em Educação Física − Resolução CNE/CES 06/2018
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CAPÍTULO
8
Currículo e formação
profissional em educação física:
apontamentos teóricos
Introdução
Em 40 anos de existência do Colégio Brasileiro de Ciência do Esporte
(CBCE) o currículo da formação em Educação Física (EF) vem passando
por reformas obrigatórias, estabelecidas por Diretrizes Nacionais definidas
pela legislação que, por sua vez, vêm produzindo desafios e apontamentos
teórico-práticos a serem destacados e refletidos. Assim, a formação profis-
sional em EF tem sido uma das questões debatidas no ambiente acadêmico.
Diante da dinâmica de demandas sociais, mas também da própria legislação
que determina, em parte, como será tal formação, emergem questões com
significância para estudo. É o caso, por exemplo, da questão do currículo e
de respectivos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP).
Nos dias atuais, as formações em licenciatura e a conhecida como ba-
charelado em EF são oferecidas com projetos de currículo distintos. As dire-
trizes curriculares para elaboração ou reformulação do Curso de Graduação
em EF estão pautadas na Resolução 07/04 e, no caso da formação em licen-
ciatura, é necessário apreciar as diretrizes instituídas na Resolução 01/02.
Em 2015, no entanto, as Diretrizes Curriculares instituídas na
Resolução 01/02 passaram por modificações definidas na Resolução 02/15
e no final de 2018 foram homologadas novas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de Graduação em EF, definidas na Resolução 06/18.
Estas novas Diretrizes Curriculares instituem em seu artigo 5º “que a forma-
ção do graduado em EF terá ingresso único, destinado tanto ao bacharelado
quanto à licenciatura” (BRASIL, 2018, s/p), o que possibilita pensar um
currículo em EF a partir de uma formação única.
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Ângela Celeste Barreto de Azevedo - Leon Ramyssés Vieira Dias
Procedimentos metodológicos
Com base na perspectiva histórico-crítica de estudo do currículo
foram pautados procedimentos metodológicos para delinear a proposta do
presente estudo. É de acordo com tal perspectiva de currículo que autores
como Popkewitz (2010), Moreira (2003) e Silva (2002) baseiam suas refle-
xões e propostas. Na realização do nosso estudo tomamos como referencial
teórico fundamentos de Silva (2002) e também de Saviani (1999), especifi-
camente no debate e crítica à exacerbação da técnica, ou seja, o tecnicismo.
Os passos metodológicos utilizados foram a pesquisa bibliográfica e
a pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica é a que produz referências
acadêmico-científicas sobre o tema e pressupõe a consulta em fontes como
livros e periódicos. Com esse levantamento é possível verificar o debate
presente na produção acadêmica sobre currículo e obter maior compreen-
são para captar significados que emergem e estão presentes na dinâmica
curricular. Já a pesquisa documental é a que torna possível o levantamento,
a comparação e a confrontação de dados. A análise documental para Gil
(2008, p.45) “vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com o objetivo
da pesquisa”. Nos tópicos seguintes apresentamos o desenvolvimento do
nosso estudo.
138
Capítulo 8 – Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teóricos
139
Ângela Celeste Barreto de Azevedo - Leon Ramyssés Vieira Dias
140
Capítulo 8 – Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teóricos
As teorias de currículo
A palavra currículo − emergindo como conceito − passou a ser retra-
tada no contexto educacional com o processo de escolarização de massas,
no final do século XIX, desencadeado nos Estados Unidos (GOODSON,
2008). O surgimento das teorias sobre currículo pode estar associado a tal
contexto, pois o processo de industrialização e os consequentes movimentos
de imigração e urbanização levaram um significativo número de educado-
res dedicarem-se a esse tema. Segundo Moreira e Silva (2009), as teorias
de currículo eram produzidas nessa época de modo a controlar e planejar
cientificamente as atividades pedagógicas.
141
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Capítulo 8 – Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teóricos
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Capítulo 8 – Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teóricos
Conclusão
Diante do exposto, no contexto das mudanças estabelecidas pela
legislação atual somada ao permanente e dinâmico processo de discussão
sobre currículo, cabe destacar o seguinte:
1- É válido considerar que o Projeto de Currículo de um curso deve
ser uma construção de um coletivo constituído dos sujeitos que
compõem a comunidade acadêmica/institucional deste curso. Isso
equivale dizer que representantes dos segmentos docente, discente
147
Ângela Celeste Barreto de Azevedo - Leon Ramyssés Vieira Dias
148
Capítulo 8 – Currículo e formação profissional em educação física: apontamentos teóricos
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150
CAPÍTULO
9
Três décadas de embates pela formação
profissional em educação física no Brasil:
síntese e apontamentos
Introdução
No ano de 2019, completam-se oito décadas da promulgação da pri-
meira legislação, de caráter nacional, que fixou um padrão para a Formação
Profissional daqueles que atuariam com a Educação Física e Desportos no
país. Trata-se do Decreto-Lei n. 1.212, de 17 de abril de 1939, que, além
de criar, na então Universidade do Brasil, a Escola Nacional de Educação
Física e Desportos, estabeleceu critérios para a organização dos cursos, re-
gulamentou o regime escolar e o perfil dos candidatos, bem como definiu
as prerrogativas conferidas à diplomação (BRASIL, 1939).
Se até a transição para os anos 80 persistia, no âmbito dos dispositi-
vos normativos, a primazia do diploma de Licenciado em Educação Física
como exigência para o exercício da função de Professor de Educação Física
nos estabelecimentos de ensino e também, como requisito à matrícula e
obtenção do título de Técnico Desportivo, a chegada desta nova década
materializou a intensificação dos questionamentos acerca desta perspectiva
de formação profissional.
De acordo com o Parecer n. 215, de 11 de março de 1987, aprova-
do pelo então Conselho Federal de Educação (CFE), entendia-se, naquele
contexto, que as recomendações e conclusões expressas nas normatizações
vigentes não estavam mais em consonância com as demandas profissionais.
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Anibal Correia Brito Neto - Eliane do Socorro de Sousa Aguiar Brito
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Capítulo 9 – Três décadas de embates pela formação profissional em educação física no Brasil: síntese e
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1
Realizado no dia 18 de março de 2016, nas dependências da EEFE/USP, o Encontro contou com
as seguintes exposições: Conselheiro Luiz Roberto Liza Curi (CNE), Profa. Margareth Anderáos e
Prof. Alexandre Janotta Drigo (CREF4/SP), Prof. Miguel de Arruda (Unicamp), Prof. Mauro Betti
(Unesp) e Prof. Go Tani (USP). Disponível em: http://www.eefe.usp.br/?destaque/mostrar/id/1021.
Acesso em: 16 fev. 2019.
2
Indica-se como matéria a ser aprofundada a produção de Santos Júnior (2005), Taffarel (2012) e
Ribeiro et al. (2015).
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Capítulo 9 – Três décadas de embates pela formação profissional em educação física no Brasil: síntese e
apontamentos
3
Sobre esse aspecto, vale advertir, com base no princípio da coerência interna da norma, a flagrante
imprecisão exposta no Art. 20, da Resolução CNE/CES n. 6/2018, quando expõe a atuação do
bacharel em Educação Física nos campos de intervenção previstos no caput do Art. 10, o qual se
refere ao magistério/docência do componente curricular Educação Física. Pelo exposto, julgamos
que, ao invés da referência ao Art. 10, a indicação apropriada seria em relação ao Art. 18 da mesma
norma.
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Considerações finais
Transcorridas oito décadas da primeira lei com o propósito de impri-
mir unidade à formação profissional em Educação Física em todo o país, das
quais três delas expressaram, com veemência, a luta entre campos políticos
antagônicos pela primazia de seus projetos político-pedagógicos. Exprime-
se crescentemente a necessidade de coligir algumas lições desse processo.
A primeira lição diz respeito às mudanças na correlação de forças
a partir da regulamentação da profissão e estabelecimento do Sistema
CONFEF/CREF. Dotado de estrutura capilarizada, arrecadação multimi-
lionária e forte lobby político, esta instituição tem conseguido impor seus
arbítrios não apenas nos litígios da formação profissional, mas em várias
outras pautas na área. Trata-se, contudo, de uma dinâmica contraditória, a
qual tem acirrado ao mesmo tempo o seu polo reverso, isto é, ao passo que
o conselho profissional dita os seus desígnios despoticamente e afeta a vida
de muitos estudantes e trabalhadores, o nível de insatisfação em relação a
esta corporação também tende a evoluir progressivamente.
A segunda, concerne ao descaso de muitos estudantes, profissionais
e intelectuais da área acerca da ascensão considerável do conservadorismo
nas múltiplas frentes de intervenção da Educação Física. A indiferença,
a acomodação e o oportunismo têm possibilitado que posturas abusivas
tenham galgado o rito habitual na definição das políticas, regulamentos e
práticas institucionais.
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apontamentos
Referências
ANTUNES, A. C. Perfil profissional de instrutores de academias de ginástica e mus-
culação. EFDeportes, Buenos Aires, n. 60, maio 2003. Disponível em: /https://www.
efdeportes.com/efd60/perfil.htm. Acesso em: 5 mar. 2019.
BOTH, J.; NASCIMENTO, J. V. do. Condições de vida do trabalhador docente
em Educação Física do Magistério Público Municipal de Florianópolis. Caderno de
Educação Física e Esporte, Marechal Cândido Rondon, v. 9, n. 16, p. 11-28, 2010.
BORGES, A. F. Organização do trabalho pedagógico em academias de ginástica: reali-
dade dos professores de Educação Física de Ananindeua-Pa. 2005. 20 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Universidade do Estado do
Pará, Belém, PA, 2015.
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.212, de 17 de abril de 1939. Cria, na Universidade do
Brasil, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Diário Oficial da União:
seção 1, Rio de Janeiro, DF, ano 78, n. 91, p. 9.073-9.075, 20 abr. 1939.
BRASIL. Conselho Federal de Educação. Parecer n. 215, de 11 de março de 1987.
Reestruturação dos cursos de graduação em Educação Física, sua nova caracterização,
mínimos de duração e conteúdo. Brasília, DF: Conselho Federal de Educação, 1987a.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cd007078.pdf.
Acesso em: 12 jan. 2019.
BRASIL. Conselho Federal de Educação. Resolução nº 03, de 16 de junho de 1987.
Fixa os mínimos, de conteúdo e duração a serem observados nos Cursos de graduação
em Educação Física. (Bacharelado e/ou Licenciatura Plena). Diário Oficial da União:
seção 1, 125, n. 172, p. 14.682, 10 set. 1987b.
BRASIL. Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995. Altera dispositivos da Lei nº 4.024,
de 20 de dezembro de 1961, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 1995. Disponível em: https://goo.gl/Da3PnJ. Acesso em: 12 jan. 2019.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 58, de 18 de fevereiro de 2004.
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física.
Brasília, DF: Conselho Nacional de Educação, 2004a. Disponível em: https://goo.gl/
ha1zga. Acesso em: 12 jan. 2019.
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Anibal Correia Brito Neto - Eliane do Socorro de Sousa Aguiar Brito
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Sobre os Autores
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Anibal Correia Brito Neto
Doutor em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), com período sanduíche na University of Edinburgh. Professor
efetivo da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Membro do grupo de
pesquisa Ressignificar/UEPA – Experiência Inovadoras na Formação de
Professores e Prática Pedagógica em Educação Física. Atua nos seguintes
temas: política educacional, formação de professores e prática pedagógica.
172
Sobre os Autores
173
Raffaelle Andressa dos Santos Araujo
Doutora em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)
e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Professora de Educação Física no Instituto Federal do Maranhão (IFMA −
Campus Buriticupu) e no Programa de Formação de Professores da Educação
Básica do Plano Nacional de Ações Articuladas do MEC (PARFOR/
UFMA). Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em
Educação Física (GEPPEF/DEF/UFMA). Pesquisadora do Centro de
Desenvolvimento de Pesquisa em Políticas de Esporte e de Lazer da Rede
CEDES-MA. Tem experiência nos seguintes temas: currículo, formação de
professores de educação física, prática pedagógica, esporte e lazer, cultura
e corpo.
174
Sobre os Autores
175
Sobre os Organizadores
177
Este livro foi produzido com a supervisão
técnica da EDUFRN, em maio de 2020.
Ciências do Esporte, Educação Física
e Produção do Conhecimento
em 40 Anos de CBCE
Volume 4
ISBN 978-65-5569-027-9
RESUMO
Este artigo analisa a intencionalidade de instrumentalização do currículo de formação de
professores de Educação Física no Brasil, por via das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais dos
cursos de graduação, evidenciando que elas têm intenção de orientar uma única organização
curricular para todo o território nacional, na qual as perspectivas acadêmica e instrumental de
currículo predominam, precarizam as formações por meio da redução do tempo e espaço
necessários à qualificação da formação profissional (licenciatura e bacharelado) e propõem um
trato simplificado do estágio supervisionado como sinônimo de prática ou de atividades de
extensão. Conclui-se que essa política curricular desconhece os pilares da formação na área,
contradiz as próprias políticas de formação de professores, limita a experiência formativa de
professores e bacharéis, e traz implicações que marcam o retrocesso dos cursos de formação
profissional em Educação Física.
Palavras-chave: Educação Física; Currículo de Formação; Diretrizes Curriculares Nacionais.
ABSTRACT
This article analyzes the intentionality of instrumental the curriculum for the formation of
Physical Education teachers in Brazil, through the current National Curriculum Guidelines for
undergraduate courses, showing that they are intended to conduct a single curricular organization
for the entire national territory, in which the academic and instrumental perspectives of the
curriculum predominate, precarious formation by reducing the time and space necessary for the
qualification of professional training (teacher of formation and baccalaureate) and propose a
simplified treatment of the supervised internship as a synonym for practice or extension activities.
It is concluded that this curricular policy ignores the pillars of formation in the area, contradicts
the teacher formation policies itself, limits the formative experience of teachers and bachelors,
brings implications that mark the setback of professional formation courses in Physical Education.
Keywords: Physical Education; Formation Curriculum; National Curricular Guidelines.
RESÚMEN
Este artículo analiza la intencionalidad de instrumentalizar el currículo de formación docente de
Educación Física en Brasil, a través de los Lineamientos Curriculares Nacionales vigentes para
los cursos de graduado universitario, demostrando que pretenden orientar una organización
curricular única para todo el territorio nacional, en la que predominan las perspectivas académicas
e instrumentales del currículo, precarización de la formación al reducir el tiempo y espacio
necesario para la calificación de la formación profesional (graduación y bachillerato) y proponer
un tratamiento simplificado de la prácticas supervisadas como sinónimo de práctica o actividades
de extensión. Se concluye que esta política curricular desconoce los pilares de la formación en el
área, contradice las propias políticas de formación docente, limita la experiencia formativa de
docentes y licenciados, trae implicaciones que marcan el retroceso de los cursos de formación
profesional en Educación Física.
Palabras clave: Educación Física; Currículum de Formación; Directrices Curriculares
Nacionales.
Introdução
Neste artigo analisamos as DCNs dos cursos de Educação Física,1 evidenciando que elas
têm intenção de orientar uma única organização curricular para todo o território nacional,
na qual as perspectivas acadêmica e instrumental de currículo predominam e indicam a
área e a organização de um modelo curricular fechado em conteúdos de ensino,
científicos, técnico-instrumentais e pedagógicos, propostos de forma acrítica, o que, por
consequência, deixa marcas de regressão na formação de professores para atuação na
educação básica. Tais marcas remontam ao currículo mínimo preconizado pela Resolução
CFE no 69/1969).2
1 A área tem por tradição adotar os referenciais legais do Conselho Nacional de Educação – CNE, sem os
questionamentos necessários a um processo de reforma curricular, com vistas ao avanço e à qualificação
dos cursos de formação de professores.
2 A Resolução no 69/69 do antigo CFE tratava da formação de professores de Educação Física em cursos
de graduação e conferia o título de Licenciado em Educação Física e Técnico em Desportos, além de
determinar o currículo mínimo nacional. Nela a instrumentalização era bem caracterizada.
O artigo está dividido em três partes. A primeira discute as perspectivas teóricas em torno
do conhecimento curricular, com foco no conhecimento instrumental e acadêmico; a
segunda apresenta uma síntese das atuais diretrizes curriculares da Educação Física,
destacando os conhecimentos nelas selecionados; e a terceira, destinada à análise,
demonstra e interpreta as intencionalidades de instrumentalização do currículo e a
possível consequente mutilação da formação de professores.
Não é nosso objetivo neste tópico discutir os sentidos que o termo currículo vem
assumindo ao longo dos tempos, mas tratar a questão do conhecimento a partir de quatro
perspectivas do campo do currículo – acadêmica, instrumental, progressivista e crítica –
abordadas pelas autoras Lopes e Macedo (2011), com destaque para as duas primeiras. A
discussão do conhecimento curricular não se limita a essas perspectivas e cada uma
envolve diversos estudiosos e tendências. Entre as perspectivas abordadas pelas autoras,
evidenciamos os princípios e pressupostos da acadêmica e da instrumental para melhor
compreensão e proposição de rupturas com as atuais diretrizes curriculares da Educação
Física.
A perspectiva acadêmica tem estreita relação com outra, a vertente instrumental do campo
do currículo. Nesse caso, a referência do conhecimento, além do atendimento às regras e
métodos acadêmicos, é a razão instrumental, que busca a materialização da eficiência,
centrada nos meios e objetivos.
Nesse caso, “[...] o conhecimento a ser selecionado para o currículo deve estar vinculado
à formação de habilidades e de conceitos necessários à produtividade social e econômica
[...]” (LOPES; MACEDO, 2011, p. 74). O conhecimento ensinado deve poder ser
3 Nas quais “[...] os conceitos e os princípios a serem ensinados aos alunos são extraídos do saber
especializado acumulado pela humanidade” (LOPES; MACEDO, 2011, p. 111)
representado por competências, habilidades, conceitos e desempenhos suscetíveis à
transferência e aplicação em contextos sociais e econômicos.
Essas duas últimas perspectivas não integram o escopo analítico deste artigo, pois, mesmo
sabendo que uma perspectiva não substitui a outra e não há linearidade entre elas,
partimos do entendimento de que há predomínio das duas primeiras perspectivas nas
DCNs analisadas. Em momento oportuno, retomaremos à citada Resolução CFE no 3/87,
com fins de compreender suas intencionalidades na formação profissional em Educação
Física, em finais da década de 1980. Por certo, mobilizaremos as concepções
progressivista e crítica4 na sua análise interpretativa.
4 O que nos mobiliza, também, a retomar análises das versões curriculares (1991 e 2006) do Curso de
Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos – Cefd da Universidade Federal do Espírito
Santo – Ufes, onde atuamos, para evidenciar aos docentes do curso a necessidade de romper com as atuais
DCNs e continuar o trabalho de reformas curriculares na construção de currículos reflexivos e críticos. Isso,
claro, se pretendermos formar professores de Educação Física que conectem o conhecimento da área com
os interesses humanos e a formação humana e cidadã das crianças, adolescentes, jovens e adultos com os
quais interagem.
Em artigo5 anterior também analisamos essas DCNs. Entretanto, para elucidar como os
interesses das instituições privadas com fins lucrativos tencionaram sua aprovação,
abordamos o que vem implicando na efetivação de uma política curricular de
desvalorização da docência na formação dos professores da área. Neste artigo, embora o
foco seja a intencionalidade de instrumentalização dessas diretrizes no currículo de
formação, veremos que pode implicar também a simplificação do trabalho docente.
Numa breve retomada histórica, para fins de compreensão do atual cenário da legislação
da Educação Física, identificamos que a partir das Resoluções CNE/CP nº 1/20026 e nº
2/20027, as Instituições de Ensino Superior – IES de todo o País tiveram que reorganizar
os currículos, o que envolveu também a reformulação organizacional dos cursos. A
orientação naquele momento era de que os currículos dos cursos de licenciatura e
bacharelado não se confundissem, e para tanto, era necessário criar percursos formativos
com integralidade e terminalidade próprias.
Pela ausência de clareza no texto das atuais DCNs, há diferentes entendimentos de como
se dará a oferta do curso na prática. Um exemplo é a possibilidade de escolha do estudante
por licenciatura ou bacharelado para as IES que não oferecem as duas modalidades de
curso. Sobre essa opção com dúbia interpretação, a Pró-Reitoria de Graduação da Ufes
questionou o CNE, que em documento oficial – Ofício no
361/2019/CES/SAO/CNE/CNE-MEC, de 18 de junho de 2019 –, esclareceu:
Partimos da compreensão de que as atuais DCNs da área, “aprovadas no apagar das luzes
de 2018, e não por acaso, com a transição de governo pós-golpe12” (FIGUEIREDO;
ALVES, 2020, p. 7), trazem intencionalidades subjacentes à organização curricular no
campo da formação profissional em Educação Física. Elas estão ancoradas mais nas
percepções acadêmica e instrumental de currículo, podendo favorecer uma simplificação
do trabalho desastrosa para a formação do professor (Licenciatura) de Educação Física
atuante na Educação Básica.
O Artigo V da Resolução no 6/2018 é central em nossa análise por carregar consigo duas
intencionalidades para a organização curricular dos cursos de graduação em Educação
Física: uma voltada à tentativa de padronização do currículo nacional definido pelo
ingresso único, destinado tanto ao bacharelado quanto à licenciatura; outra, associada à
primeira, voltada ao desdobramento dos conhecimentos selecionados em duas etapas –
11
Discutida mais adiante no artigo.
12 Referimo-nos à crise política que levou à deposição da presidenta Dilma Rousseff, por meio de um
golpe jurídico, midiático e parlamentar, transformado em impeachment constitucional.
comum e específica. Ambas demonstram instrumentalização simplificada para a
formação do docente e a formação do bacharel em Educação Física, mantendo-se
reduzidas à razão instrumental e à perspectiva acrítica.
Na prática, o relator, Sr. Luiz Roberto Liza Curi13, não assumiu nenhuma das propostas
acima mencionadas, conforme acenou em algumas palestras proferidas na área. Ao
contrário, num desconhecimento total dos estudos da formação profissional em Educação
Física, bem como do acúmulo de conhecimento produzido no campo da formação de
professores – que vem desde finais da década de 1990, defendendo uma formação ampla
e sólida para o magistério, compreendida num tempo e espaço curricular no qual o futuro
docente compreenda o seu papel social, institucional e educacional na sociedade brasileira
–, tentou articular todas elas em uma única proposta “alternativa” de ingresso único no
curso, induzindo a opção do estudante por uma habilitação na metade do curso.
Com essa “solução”, tentando contemplar pressões dos diferentes grupos da área, o CNE
produziu e aprovou uma Resolução que aparta a Educação Física dos demais cursos de
Licenciatura, já que a Licenciatura da área passa a ser a única em que a formação docente
ocorre somente a partir do meio do curso e não no início. Por conseguinte, também não
satisfaz as exigências da formação do bacharel crítico reflexivo. Tudo em acordo com o
sistema Confef/Cref e em prol do mercado e do campo ampliado de atuação dos
profissionais da área.
13 Relator da proposta de Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em
Educação Física, Parecer 584/2018, aprovado em reunião ordinária do CNE, em 3 de outubro de 2018. O
Luiz Roberto Liza Curi é graduado em Ciências Sociais e Doutor em Ciência Econômica
(http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca)
tecnológico e conhecimentos procedimentais e éticos da intervenção profissional em
Educação Física; mas, na etapa específica, não menciona os conhecimentos por área
acadêmica, embora indique as disciplinas afins à Licenciatura e os eixos afins ao
bacharelado, induzindo a escolha do estudante.
Dos artigos que tratam da formação específica da Licenciatura em Educação Física (ver
Capítulo III das DCNs) – para além dos princípios, dos aspectos a serem considerados,
do conceito de docência e de formação inicial e continuada, todos praticamente copiados
da extinta Resolução no 2/2015 – merecem a nossa atenção os artigos 10 e 15.
14 Essa Resolução foi revogada pela Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que define as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores para a Educação Básica e institui
a Base Nacional Comum para a formação inicial de professores da Educação Básica (BNC-Formação).
15 O Capítulo IV da Resolução no 6/2018, relacionado com a etapa específica de formação do
bacharelado, praticamente reitera/transfere todos os conceitos, princípios e conhecimentos previstos pela
Resolução CNE/CES no 7/2004.
relacionada com a área de Educação Física, além de outros campos relacionados às
práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas. Para tanto, de acordo com o art. 20
do mesmo Capítulo IV, a formação deverá contemplar os eixos articuladores saúde,
esporte, cultura e lazer.
Nessa etapa específica de formação do bacharelado, as DCNs não listaram disciplinas, tal
como fizeram na etapa específica de formação em Licenciatura. Mesmo assim, a razão
instrumental, “[...] que busca sua legitimação pelo atendimento eficiente a determinados
fins, sem problematizar os processos que levam a esses fins” (LOPES; MACEDO, 2011,
p. 73), ou que, na percepção similar de Libâneo (2014), visa resultados imediatos e, por
isso, se apresenta como “[...] um conjunto de conteúdos mínimos necessários ao trabalho
e emprego, na verdade um ‘kit’ de habilidades de sobrevivência para redução da pobreza
e adequar os indivíduos às exigências do desenvolvimento econômico” (p. 4), predomina
nas duas etapas do modelo curricular proposto, até mesmo se levarmos em consideração
a própria organização curricular prevista por etapas, sob a forma linear de tratar o
conhecimento na lógica racional, do geral para o específico, no sentido da teoria para a
aplicação.
Os conhecimentos selecionados nas DCNs para cada uma das etapas do Curso de
Graduação em Educação Física são organizados em tempo e espaço determinados,
conforme os artigos abaixo:
16 Essa carga horária dos cursos de licenciatura e bacharelado previstos pela Resolução CNE/CES no
7/2004 foi definida em normativas externas à área. A carga horária de 3.200 horas para os cursos de
bacharelado em Educação Física foi definida pela Resolução CNE/CES n° 4/2009, que instituiu a carga
horária mínima e os procedimentos relativos à integralização e duração de alguns cursos de graduação,
bacharelados, na modalidade presencial, e a mesma carga horária de 3.200 horas para os cursos de
licenciatura, naquela ocasião, foi definida pela Resolução CNE/CES n° 2/2002.
No cenário atual, a mesma carga horária referencial de 3.200 horas foi distribuída em
duas etapas, com 1.600 horas para a etapa comum aos dois cursos (licenciatura e
bacharelado) e 1.600 horas para a etapa específica de cada curso. Essa intencionalidade,
inter-relacionada ao modelo único de formação tratado anteriormente, fragiliza e
desqualifica tanto a licenciatura quanto o bacharelado.
(Resolução nº 2/2019):
Art. 11. A referida carga horária dos cursos de licenciatura deve ter a
seguinte distribuição:
I – Grupo I: 800 (oitocentas) horas, para a base comum que compreende
os conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos e
fundamentam a educação e suas articulações com os sistemas, as
escolas e as práticas educacionais.
II – Grupo II: 1.600 (mil e seiscentas) horas, para a aprendizagem dos
conteúdos específicos das áreas, componentes, unidades temáticas e
objetos de conhecimento da BNCC, e para o domínio pedagógico
desses conteúdos.
III – Grupo III: 800 (oitocentas) horas, prática pedagógica, assim
distribuídas:
a) 400 (quatrocentas) horas para o estágio supervisionado, em situação
real de trabalho em escola, segundo o Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) da instituição formadora; e
b) 400 (quatrocentas) horas para a prática dos componentes curriculares
dos Grupos I e II, distribuídas ao longo do curso, desde o seu início,
segundo o PPC da instituição formadora.
(Resolução no 6/2018)
Art. 6º A Etapa Comum (1.600 horas), cuja conclusão possibilitará a
autonomia do discente para escolha futura de formação específica [...].
Art. 7º Tendo concluído a Etapa Comum, o(a) graduando(a) prosseguirá
para as formações específicas (1.600 horas) em bacharelado ou
licenciatura.
Parágrafo único. O egresso do curso deverá articular os conhecimentos
da Educação Física com os eixos/setores da saúde, do esporte, da
cultura e do lazer e os da formação de professores.
17 Sabemos que essa Resolução também é considerada como retrocesso no campo da formação de
professores e acompanhamos de perto todas as questões e críticas levantadas a ela pelos estudiosos e
entidades acadêmico-científicas da Educação; no entanto, decidimos não abrir essa discussão neste artigo,
por entender que precisamos tratar mais do objeto central proposto.
segunda conta com a metade (1.600 horas) e reduz a formação em duas etapas quase
independentes, com conhecimentos e cargas horárias insuficientes.
Percebemos que essa redução do tempo na formação docente em Educação Física pode
indicar que as IES priorizem, na seleção dos conhecimentos curriculares específicos, o
conhecimento de natureza instrumental, disciplinas tradicionais aplicáveis, diretamente
relacionadas com a prática profissional, em função do limite da carga horária de 1.600
horas.
Por outro lado, também para demonstrar essa possível fragilização relacionada com a
redução do tempo e espaço de organização curricular nos cursos de bacharelado,
retomamos a Resolução no 7/2004 e a Resolução CNE/CES n° 4/2009, que definem as
3.200 horas para o curso de bacharelado, em contraposição às já mencionadas 1.600 horas
de formação específica do bacharelado nas atuais DCNs da área. Vejamos:
(Resolução no 7/2004):
Art. 7º Caberá à Instituição de Ensino Superior, na organização
curricular do curso de graduação em Educação Física, articular as
unidades de conhecimento de formação específica e ampliada,
definindo as respectivas denominações, ementas e cargas horárias em
coerência com o marco conceitual e as competências e habilidades
almejadas para o profissional que pretende formar.
§ 1º A Formação Ampliada deve abranger as seguintes dimensões do
conhecimento [...].
§ 2º A Formação Específica, que abrange os conhecimentos
identificadores da Educação Física, deve contemplar as seguintes
dimensões [...].
§ 3º A critério da Instituição de Ensino Superior, o projeto pedagógico
do curso de graduação em Educação Física poderá propor um ou mais
núcleos temáticos de aprofundamento, utilizando até 20% da carga
horária total, articulando as unidades de conhecimento e de
experiências que o caracterizarão.
De modo algum ignoramos a outra parcela de tempo de 1.600 horas para a Etapa Comum,
mas afirmamos que toda formação profissional pretensamente dotada de qualidade
acadêmica e profissional consistente necessita de um currículo de formação pensado para
além dos níveis formais e de disciplinas acadêmicas e instrumentais cabíveis na grade e
abordadas em etapas. Trata-se de dispor de tempo e espaço para construir identidades
profissionais no e para o curso, tanto quanto pontes entre os conhecimentos, bem como
questionar por que se ensinam aqueles conhecimentos e não outros.
Iniciamos este tópico com a citação dos principais artigos das atuais DCNs dos cursos de
graduação em Educação Física, no que diz respeito ao Estágio Supervisionado – ES, na
expectativa de evidenciar o retrocesso histórico conceitual dessa unidade curricular na
licenciatura.18
Em que pese o nosso total estranhamento, as DCNs, com exceção dos artigos acima –
mencionando o artigo 11 o estágio nas licenciaturas e o artigo 22 o estágio nos
bacharelados –, propõem a mesma concepção de ES para ambos os cursos,
18 Ainda não podemos afirmar o mesmo retrocesso para o Estágio Supervisionado no bacharelado, porque
não houve acúmulo suficiente de produção no campo. Ao contrário do Estágio Supervisionado nas
licenciaturas, que vem sendo estudado ao longo de décadas.
desconsiderando até mesmo a diferença entre os contextos institucionais e educacionais
de intervenção dos futuros profissionais da área.
Não entendemos que essa definição conceitual advinda das diretrizes curriculares da área
impeça que as IES pensem em outras perspectivas de organização do ES nos currículos,
antes indicando que essa política curricular pode ser vista como
[...] um primeiro condicionante direto do currículo, enquanto o regula,
e indiretamente através de sua ação em outros agentes moldadores. A
política curricular estabelece ou condiciona a incidência de cada um dos
subsistemas que intervém num determinado momento histórico”
(SACRISTÁN, 2000, p. 109).
A produção de conhecimento do ES no bacharelado é um campo em construção,
principalmente porque os cursos de bacharelado do País, na maioria, datam de 2004 para
cá e se organizam a partir dos eixos de aprofundamento de cada projeto curricular,
geralmente reunidos em: esporte, saúde, gestão esportiva, recreação e lazer.
Não vimos explicação com base teórica para considerar o ES como atividades de
extensão. A inserção da dimensão extensionista nos cursos de graduação nada tem a ver
com a carga horária do ES. Enquanto este se constitui em disciplinas e/ou unidades
curriculares semelhantes, voltadas ao momento supervisionado de efetivação de uma
carga horária de intervenção acadêmico-profissional, a extensão nos currículos de
formação, conforme legislação19 própria, deve ser definida como intervenções
envolvendo diretamente as comunidades externas, contemplando programas, projetos,
cursos e oficinas, eventos e prestação de serviços.
Por fim, não nos detivemos na análise das cargas horárias do ES nas duas formações
específicas, mas vale mencionar, são propostos 20% das horas referenciais. Ou seja, são
previstas 640 horas se o curso perfizer 3.200 horas, que só poderão ser ofertadas a partir
da metade do curso, quando o estudante optar entre licenciatura e bacharelado.
Considerações Finais:
Sendo assim, a área precisa urgentemente entender o que essas políticas curriculares têm
tentado induzir nos nossos cursos, organizando-se por meio de suas instituições e
entidades científicas e sindicais, para que exerçamos pressão política efetiva para
revogação e abertura urgente de uma ampla discussão das DCNs dos cursos de graduação
em Educação Física.
Referências
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de currículo. São Paulo, Cortez;
2011.
Mesa IV: Para que nós formamos hoje? — A que(m) serve a nossa fragmentação?
Palestrantes: Celi Taffarel (UFBA); Roberto Furtado (UFG); Reinaldo Magalhães (EXNEEF)
Link: (1604) Mesa IV: Para que nos formamos hoje? — A que(m) serve a nossa fragmentação? -
YouTube
Reunião realizada entre as Universidades Estaduais Paulistas para debater as DCN, ocorrida
em 11 de março de 2016.
Link: (1604) reunião diretrizes exposições - YouTube e reunião diretrizes plenária - YouTube