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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

FÁBIO ADRIANO KOLLER

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRANSMISSÃO E REDUÇÃO PARA


ADAPTAÇÃO EM UMA MOTOCICLETA PARA USO AGRÍCOLA

CAXIAS DO SUL
2013
FÁBIO ADRIANO KOLLER

DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRANSMISSÃO E REDUÇÃO PARA


ADAPTAÇÃO EM UMA MOTOCICLETA PARA USO AGRÍCOLA

Relatório de Estágio Supervisionado


apresentado como requisito à conclusão do
curso de Engenharia Mecânica, na
Universidade de Caxias do Sul.

Orientador: Prof. M. Sc. Deives Roberto Bareta

CAXIAS DO SUL
2013
RESUMO
O presente trabalho apresenta o projeto de transmissão e redução para adaptação numa
motocicleta de 125 cilindradas de eixo traseiro estendido com duas rodas para uso agrícola.
Denominado Mototrator, o projeto em andamento é realizado na empresa Koller
Desenvolvimento e Gestão de Projetos. Para o projeto, foi executada uma pesquisa das
necessidades do cliente, definindo a capacidade de 500 kg de tração e custo final de
R$15.000,00 para aquisição entre outras. Assim foi definida a moto CG 125 da Honda como
base do projeto e a redução por corrente de elos. As etapas seguintes foram o
dimensionamento dos elementos, projeto em 3D e 2D e fabricação do protótipo. As
necessidades do cliente foram alcançadas, o custo ficou abaixo de R$15000,00 para 8
unidades mês, a adaptação da moto é viável. Suas etapas e resultados serão expostos neste
estágio.

Palavras-chave: Mototrator, agricultura de subsistência, transmissão mecânica.


Área do conhecimento: Engenharia Mecânica.
ABSTRACT
These papers present the design and reduce transmission to adapt a motorcycle 125
cc extended rear axle with two wheels for agricultural use. Mototrator termed the ongoing
project is carried out in the company Koller Development and Project Management. For the
project, a survey was performed of customer requirements, defining the capacity of 500 kg of
traction and final cost of R $ 15,000.00 for the purchase among others. Thus was set the bike
Honda CG 125 as the basis of design and reduction by chain links. The following steps were
the design elements, 2D and 3D design and prototype manufacturing. Customer needs were
met, the cost was below R $ 15,000.00 month for 8 units, and adaptation of the bike is
feasible. Their steps and results will be presented at this stage.

Keywords: Mototrator, subsistence agriculture, mechanical transmission.


Field of knowledge: Engineering Mechanics.
LISTA DE SIGLAS

P1 - Carga no rolamento equivalente N


C- Capacidade de carga básica dinâmica no rolamento N
- Carga radial N
- Carga axial N
- Coeficiente de carga radial estática, conforme modelo de rolamento N
- Coeficiente de carga radial estática, conforme modelo de rolamento N
fh - Fator de serviço
p- Passo de corrente mm
γ- Ângulo formado na roda dentada º
N1- Número se dentes na roda dentada menor
N2 - Número se dentes na roda dentada maior
D- Diâmetro primitivo da roda dentada
n- Velocidade da roda dentada rpm
H1 - Potência limite para fadiga da placa da corrente
H2 - Potência limite para fadiga do rolo da corrente
Kr - Fator de correção para roda dentada
L- Comprimento mm
C- Centro entre rodadas dentadas mm
Fator de correção para outro número de dentes roda dentada
- Fator de correção de número de fileiras
- Potência máxima para corrente ANSI
Np - Potência
Mt - Torque N.m
ω- Velocidade angular
f- Frequência de rotação rpm
TCC - Trabalho de conclusão do curso
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Desenho inicial do produto Mototrator ..................................................... 9


Figura 2 - Casa da qualidade geral do produto Mototrator......................................... 14
Figura 3 - Composição de um perfil de correia V....................................................... 16
Figura 4 - Dimensões de uma corrente ....................................................................... 17
Figura 5 - Acoplamento de uma corrente e uma roda dentada ................................... 17
Figura 6 - Engrenagem de dentes retos e helicoidais ................................................. 20
Figura 7 - Engrenagem cônica e sem fim ................................................................... 20
Figura 8 - Esquema de um sistema hidrostático ......................................................... 21
Figura 9 - 1ª geração da moto CG125 à esquerda, e à direita, atual geração............. 29
Figura 10 - Sistema de transmissão de uma moto CG 125 em manutenção................. 31
Figura 11 - Roda dentada motora (a), movida (b)........................................................... 31
Figura 12 - Concepção da transmissão............................................................................ 33
Figura 13 Torque e força sobre os dois eixos................................................................ 36
Figura 14 Analise de elementos finitos do eixo da roda............................................... 38
Figura 15 Analise de elementos finitos do eixo superior.............................................. 38
Figura 16 Modelo em 3D.............................................................................................. 39
Figura 17 Kit Mototrator desmontado ......................................................................... 41
Figura 18 Kit Mototrator montado ............................................................................... 41
Figura 19 Produto final ................................................................................................. 42
Figura A1 - Moto cultivador de rabiça modelo TR-430 da Husqvarna ........................... 50
Figura A2 - Trator de rabiça da marca YANMAR modelo TC14 com enxada rotativa.. 50
Figura A3 - Trator de rabiça da marca TRAMONTINA modelo GM 18 com enxada 51
rotativa ........................................................................................................
Figura B1 - À esquerda (a) trator marca AGRALE modelo 4100, e à direita (b),
modelo 4230-4 ............................................................................................ 52
Figura C1 - Escolha de correntes de rolos segundo a velocidade da roda dentada e a 53
potência ....................................................................................................... 54
Figura D1 - Matriz de seleção de rolamentos .................................................................. 55
Figura E1 - Coeficiente de vida fh e exemplos de aplicações.......................................... 56
Figura F1 - 1º geração e 2º geração da moto CG 125 .................................................... 59
Figura F2 - 3ª geração e 4ª geração da moto CG125..................................................... 59
Figura F3 - 5ª geração e Geração atual da moto CG125............................................... 59
-
LISTA DE QUADROS

Quadro1 - Elementos flexíveis ........................................................................................ 15


Quadro2 - Fator K1 para roda dentada de 17 dentes...................................................... 19
Quadro 3 - Fator K2 para múltiplas carreiras................................................................. 19
Quadro 4 - Identificação de problemas........................................................................... 24
Quadro 5 - Casa da qualidade da redução da Mototrator............................................... 27
Quadro 6 - Matriz de decisão ........................................................................................ 28
Quadro 7 - Dados técnicos da moto CG 125................................................................. 30
Quadro 8 - Velocidade da moto CG 125 original.......................................................... 33
Quadro 9 - Redução por estagio de redução.................................................................... 34
Quadro 10 - Velocidades do Mototrator............................................................................. 34
Quadro 11 - Fator de fadiga do elo e rolo....................................................................... 35
Quadro 12 - Fator de fadiga escolhido e corrente............................................................ 35
Quadro 13 - Custo do protótipo ....................................................................................... 43
Quadro 14 - Custo fixos mensais estimados ..................................................................... 43
Quadro 15 - Preço final do produto .................................................................................. 44
Quadro H1 - Velocidade para relação 17,06.................................................................... 60
Quadro H2 - Capacidade de tração para relação 17,06................................................... 61
Quadro H3 - Roda dentada motora de 13 dentes, relação 15,79.................................... 61
Quadro H4 - Velocidade para relação 17,06.................................................................... 62
Quadro H5 - Capacidade de tração para relação 15,79................................................... 62
Quadro I1 - Tabela tributação sistema Simples ............................................................... 65
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO........................................................................................ 8
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO......................................................................... 8
1.2 A EMPRESA.............................................................................................. 8
1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 9
1.4 OBJETIVO................................................................................................. 10
1.4.1 Objetivo geral ........................................................................................... 10
1.4.2 Objetivos específicos................................................................................. 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................ 11
2.1 PROJETO DE MÁQUÍNAS AGRÍCOLAS............................................. 11
2.2 MANEJOS AGRICOLAS ADAPTADO AO SETOR............................. 11
2.2.1 Processo manual....................................................................................... 12
2.2.2 Processo com auxílio da tração animal.................................................. 12
2.2.3 Processo com auxílio da mecanização.................................................... 12
2.3 DEDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE QFD..................... 13
2.4 MATRIZ MORFOLOGICA....................................................................... 14
2.5 ELEMENTOS FLEXÍVEIS DE TRANSMISSÃO................................... 15
2.6 ELEMENTOS RÍGIDOS........................................................................... 19
2.7 ELEMENTOS HIDROSTÁTICOS............................................................ 21
2.8 ROLAMENTOS........................................................................................ 22
2.8.1 Vida estimada dos rolamentos................................................................... 22
3 DESENVOLVIMENTO.......................................................................... 24
3.1 QUADRO DE IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS DA MOTOTRATOR.... 24
3.1.2 QFD do produto Mototrator ................................................................... 25
3.2.1 Outros dados levantados para o produto............................................... 26
3.2 NECESSIDADES DOS CLIENTES E REQUISISTOS DO PROJETO 26
REFERNTE AO SISTEMA DE REDUÇÃO..........................................
3.3 MATRIZ DE DECISÃO ......................................................................... 28
3.4 MOTO......................................................................................................... 29
3.4.1 Transmissão atual da moto..................................................................... 30
3.5 ROLAMENTOS PARA O PROJETO MOTOTRATOR......................... 31
3.6 CONCEPÇÕES DA TRANSMISSÃO.................................................... 32
3.7 DIMENSIONAMENTO............................................................................ 33
3.7.1 Velocidades, dimensionamento das correntes de transmissão ............ 33
3.7.2 Dimensionamento de eixo e rolamentos ................................................ 36
3.7.2.1 Rolamentos................................................................................................. 36
3.7.2.2 Eixo............................................................................................................. 37
3.8 DESENHOS EM 3D E 2D........................................................................ 39
4 RESULTADOS ........................................................................................ 41
4.1 CUSTOS DO PROTÓTIPO ...................................................................... 43
4.2 AVALIAÇÃO DO PROTÓTIPO ............................................................. 45
5 CONCLUSÃO........................................................................................... 47
5.1 TRABALHOS FUTUROS......................................................................... 48
REFERÊNCIAS........................................................................................ 49
ANEXO A.................................................................................................. 51
ANEXO B................................................................................................. 53
ANEXO C................................................................................................. 54
ANEXO D................................................................................................. 55
ANEXO E................................................................................................. 56
ANEXO F................................................................................................. 57
ANEXO G.................................................................................................. 59
ANEXO H ................................................................................................. 60
ANEXO I ................................................................................................. 64
ANEXO J ................................................................................................. 70
8

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Atualmente, o mercado de implementos agrícolas brasileiro está muito voltado ao


médio e grande produtor. Pequenos produtores correspondem a 77% dos produtores rurais e
geram mais de 12 milhões de empregos. Contudo, possuem apenas 20% das terras e são
responsáveis por 30% da produção nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010).
Esse é um mercado pouco explorado, pois a maioria das indústrias estão focadas em
médios e grandes produtores, que tem maior poder aquisitivo. Com isto a empresa Koller
decidiu investir neste seguimento como uma oportunidade de mercado, com a consciência de
ofertar um produto de baixo custo e com características voltadas a pequenos produtores.
O produto consiste em adaptar mais um eixo e rodado traseiro numa motocicleta
popular nova ou usada (125 cilindradas), formando um triciclo denominado Mototrator para
tarefas leves, como: transporte de mercadoria, pulverização, plantio de hortaliças, entre outras
funções, anexando implementos ao mesmo.

1.2 A EMPRESA

O estágio será desenvolvido na empresa Koller Desenvolvimento e Gestão de


Projetos Ltda., a qual foi fundada em setembro de 2011. A empresa possui a filosofia de
desenvolver novos produtos, com foco na capacidade e características produtivas do cliente e
necessidades do mercado, atuando nos seguimentos agrícolas, transportes e industrial,
destacando trabalhos realizados em:
a) Transporte e armazenagem de cereais e madeira;
b) Ônibus, atuando em estrutura metálica, posto de motorista, cofre de motor
(dianteiro e traseiro), painéis, escadas, mecanismos de porta, dimensionamento de
altura, balanço dianteiro e traseiro, projeto de poltrona rodoviária e projetos
especiais, como motor home e ônibus 4x4 militar (polícia de choque);
c) Dispositivos de montagem e solda;
d) Automação pneumática, destacando elevador pneumático automático para
deficiente físico para ônibus urbano; e
e) Implementos agrícolas.
9

A empresa conta com um projetista sênior e dois projetistas detalhistas para atender a
necessidade do cliente, com desenvolvimento de projeto, processo ou produção de produto.
Com uma rede de fornecedores, também executa protótipos podendo entregar soluções
completas.
O produto Mototrator tornara-se o primeiro produto próprio da empresa Koller. A
Figura 1 mostra um desenho preliminar do produto, com o eixo traseiro estendido para
montagem da terceira roda.

Figura 1 - Desenho inicial do produto Mototrator

Fonte: Koller desenvolvimento e gestão de projetos.

Este estágio limita-se ao sistema de redução do kit, ficando excluída a questão estrutural,
a necessidade ou não de transmissão de força a terceira roda e sistema de reversão de sentido
da mototrator (marcha ré).

1.3 JUSTIFICATIVA

A empresa Koller tem como objetivo entrar no mercado com um produto próprio.
Hoje presta serviços de projetos de transportadores e automação de processos industriais e
busca atender o mercado da agricultura de subsistência.
Segundo pesquisa da empresa Koller, no segmento de pequenos agricultores, a
compra de um trator é uma grande dificuldade para este consumidor. A principal dificuldade é
o valor de investimento, pois um trator pequeno e novo, hoje, tem o valor a partir de
R$36500,00. A empresa definiu que um valor ideal de investimento de um pequeno produtor
é de no máximo R$15000,00.
10

A finalidade do Mototrator em questão é auxiliar o pequeno produtor em suas tarefas


básicas e diárias de pequenos serviços como transporte de produtos, água, ração, entre outros.
Deve-se deixar claro que este equipamento não será dimensionado para serviços de preparo
do solo, ou serviço pesado, como a utilização de arado. O serviço pesado pode ser terceirizado
pela contratação ou aluguel de tratores maiores, pois em lavouras normais o mesmo é
realizado uma ou duas vezes por ano. Para este fim, foi pensado no projeto do Mototrator com
um dimensionamento para as tarefas diárias, com baixo custo de investimento e baixo
consumo.
Para o projeto Mototrator vai ser aplicado o conhecimento de diversas áreas do curso
de Engenharia Mecânica, destacando os conteúdos das matérias específicas de projeto de
sistemas mecânico e projeto integrado do produto.

1.4 OBJETIVO

1.4.1 Objetivo geral

Desenvolver um mecanismo para transmissão e redução de força do motor para a


roda traseira da motocicleta comercial transformando-a em um implemento de carga.

1.4.2 Objetivos específicos

a) Desenvolver um implemento agrícola para uso na horticultura e pequenas


propriedades rurais;
b) Determinar o tipo de motocicleta a ser adaptada e os parâmetros necessários para
a transmissão da Mototrator;
c) Determinar o melhor sistema de redução e seu dimensionamento para este tipo de
aplicação;
d) Detalhamento do conjunto de transmissão.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo traz a fundamentação teórica referente ao assunto desenvolvido neste


trabalho de estágio.

2.1 ELEMENTOS FLEXÍVEIS DE TRANSMISSÃO

Os tipos mais comuns para transmitir potência de um motor a uma máquina,


(powetrain) podem são classificados em flexíveis, rígidos (Mezzari, 2011) ou hidrostáticas
(Bianchi, 2009).
São exemplos de elementos flexíveis as correias em V, correias sincronizadas e
correntes de rolos (Bianchi, 2009), muito utilizada na indústria e veículos de pequeno porte
como motocicletas, conforme quadro 1. Quando utilizado um par de elementos não há
inversão de sentido de giro entre os eixos.
Como o objetivo desse trabalho é um redutor de baixo custo que irá trabalhar em
ambientes poeirentos e úmidos, serão abordados somente os elementos flexíveis do tipo V e
rolos.
Quadro1 – Elementos flexíveis
Tipos Aplicação Eficiência
Transmissões industriais, geralmente em motores
Correias em V elétrico de máquinas e transportadores 95 a 98%

Transmissões industriais, veículos de baixa potência


Corrente de rolos com motocicletas, implementos agrícolas 96 a 98%

Transmissões sincronizadas entre polias, principal


Correias aplicação é sincronização do eixo virabrequim e eixo 97 a 99%
sincronizadas de comando de válvulas de motores a combustão
Fonte: Shigley, 2005.
As correias em V são elementos de transmissão eficientes, destinados a transmitir
potência entre eixos de máquinas através de duas polias com perfil V, unidas por uma correia
em borracha e manta de nylon, segundo Shigley (2005) (figura 2). Suas dimensões são
padronizadas do perfil e comprimentos. As principais características da transmissão de
correias em V, segundo o programa de dimensionamento CORREIAS UNIVERSAL são:
a) Alta capacidade de transmissão de potência, formando conjuntos leves e compactos,
de baixo custo de construção e manutenção;
b) Opera em altas rotações;
c) Eficiência de 95 a 98%;
12

d) Alta resistência à fadiga distribui uniformemente as cargas, absorvendo pequenos


choque na transmissão. Toleram pequenos deslizamentos entre as duas polias durante
choques, evitando danificação da máquina. Em alguns projetos, é utilizado como
elemento de segurança de sobre carga.
e) Tem tolerâncias moderadas a ambientes úmidos ou poeirentos.
Figura 2- Composição de um perfil de correia V

Fonte: Correias Universal 2000.


Outro tipo de transmissão flexível é a corrente de rolos. Na visão de Shigley (2005), as
características básicas das transmissões de corrente incluem a confiabilidade no deslocamento
sem deslizamentos e a capacidade de transmissão de potência mais elevada que de correias em
geral.
As correntes de rolos foram padronizadas, quanto ao tamanho, pela ANSI. A figura 3
mostra esta respectiva nomenclatura. As correntes podem ser manufaturadas em fileira única,
dupla, tripla e até quádrupla.
Figura 3 - Dimensões de uma corrente

Fonte: Shigley, 2005.

Denomina-se o passo de corrente por p, o ângulo por γ e o diâmetro de passo primitivo


da roda dentada por D, como demonstra a figura 4.
13

Figura 4 - Acoplamento de uma corrente e uma roda dentada

Fonte: Shigley, 2005.

Para uma operação suave com velocidades moderadas e altas, usualmente emprega-se
rodas de 17, 19 e 21 dentes, com uma boa vida útil e baixo ruído (Shigley 2005). Em
velocidades mais baixas podem ser usadas rodas com menos dentes.
Rodas movidas são geralmente padronizadas com até 120 dentes. As transmissões
mais usuais têm a relação de 6:1. Em relações maiores, afeta a vida útil da corrente.
As correntes são dimensionadas pela resistências dos seus dois principais
componentes: os elos e os rolos. Sendo os elos as placas laterais que ligam os rolos. Os
fabricantes de correntes elaboram tabelas comparando a potência e uma expectativa de vida de
15000 horas, baseada em uma roda motora de 17 dentes, conforme tabela do anexo C.
Para a elaboração de uma tabela devem ser considerando os seguintes parâmetros:
a) 15000 horas a potência nominal;
b) Fileira única;
c) Proporções ANSI;
d) Fator de serviço igual a um;
e) 100 passos no comprimento;
f) Lubrificação recomendada;
g) Máximo alongamento de 3%;
h) Eixos horizontais; e
i) Duas rodas dentadas de 17 dentes.

Com base na equação 2.1 determina-se a potência limite para fadiga da placa ou elo da
corrente, (Shigley, 2005).
14

( )
( ) ( )
Para a determinação do limite de fadiga para o rolo, usa-se a equação2. 2 (Shigley,
2005).

( ) (2.2)

Onde:
N1 = Número de dentes na roda dentada menor;
n1 = Velocidade da roda dentada menor, em rpm;
p = Passo da corrente, em polegadas;
Kr = 29 para corrente do modelo ANSI 25-35 e 17 para correntes ANSI 40 a
240.
Calculados os H1 e H2, é selecionado o menor fator encontrado entre os dois e a rotação
da rodada dentada motora, para se chegar ao modelo de corrente ANSI, segundo tabela do
anexo C.
A potência máxima admissível Hb para uma corrente é calculada através da equação 2.3
(Shigley 2005).
( )
Onde:
= Fator de correção para outro número de dentes roda dentada, ver quadro 2,
= Fator de correção de número de fileiras, ver quadro 3,
= Potência máxima para corrente ANSI (anexo C) selecionar o menor valor
entre em H1 ou H2.
Quadro2 - Fator K1 para roda dentada de 17 dentes
Número de K1 elo da K1 rolo da
dentes em corrente se corrente se
roda dentada H1<H2 H1>H2
11 0,62 0,52
12 0,69 0,59
13 0,75 0,67
14 0,81 0,75
15 0,87 0,83
16 0,94 0,91
17 1 1
18 1,06 1,09
19 1,13 1,18
20 1,19 1,28
Fonte: Shigley, 2005.

Para correntes com mais de uma fileira utiliza-se o fator K2 para correção.
15

Quadro 3 - Fator K2 para múltiplas carreiras


NÚMEROS DE FILEIRAS K2
1 1
2 1,7
3 2,5
4 3,3
5 3,9
Fonte: Shigley, 2005.

2.6 ELEMENTOS RÍGIDOS

Sistemas rígidos são dotados de duas ou mais engrenagens e se diferenciam pela


forma de seus dentes (Mezzari, 2011). Podem ser classificados em:
 Engrenagens de dente reto possuem dentes paralelos ao eixo de rotação
conforme figura 5 a, são de fácil usinagem, trabalham em torques elevados
com velocidade máxima na linha circunferência primitiva de 20 m/s. Tem
como desvantagem o ruído nas velocidades mais altas. Quando utilizadas
para a inversão do sentido de giro. Seu nível de eficiência fica entre 97 e 99
% (Mezzari, 2011). Transmite de movimento entre eixos paralelos;
 Engrenagem de dentes helicoidais, seu dentes são inclinados em relação ao
eixo, formando um helicoide, seu ângulo usual varia de 10º a 45º conforme
figura 5 b. Pode transmitir mais torque que as engrenagens de dentes retos,
com velocidades de 25 m/s. Seu funcionamento produz menos ruído devido
ao seu engrenamento gradual entre as engrenagens. Seus funcionamentos
geram cargas axiais e radias nos mancais variando conforme o grau de
inclinação do dente. Tem o custo de fabricação mais elevado, pois necessita
de deslocamento em dois eixo simultâneos durante sua fabricação. Seu nível
de eficiência fica entre de 97 e 99 % Transmite de movimento entre eixos
paralelos (Mezzari, 2011).
Figura 5 – Engrenagem de dentes retos (a) e helicoidais (b).

(a) (b)
Fonte: Shigley, 2005
16

 Engrenagens cônicas retas e helicoidais, tem características semelhantes às


engrenagens anteriores, porém a transmissão de força entre os eixos é de
forma angular, variando de 30º a 150º. Mais usuais são ângulos de 90º,
conforme figura 6 a. Exemplo clássico é relação coroa/pinhão dos
diferenciais automobilísticos. Sua fabricação é de custo elevado devido à
variação da forma do perfil do dente.
 Conjunto de engrenagens rosca sem fim consiste em um fuso em contato com
uma engrenagem na circunferência, seu funcionamento é perpendicular entre
os eixos (figura 6 b). Pode ter altas taxas de redução em um único estágio e é
fácil de fabricar. Sua desvantagem é sua eficiência, que na media fica em
torno de 75%, devido ao grande atrito entre os elementos, dissipando energia
em forma de calor. Necessita materiais especiais nas engrenagens e
lubrificação diferenciada devido à temperatura de funcionamento.
Figura 6 – Engrenagem cônica (a) e sem fim (b).

(a) (b)
Fonte: Shigley, 2005

2.7 ELEMENTOS HIDROSTÁTICOS

São circuitos fechados entre motores hidráulicos alimentados por uma bomba de
vazão variável conforme figura 7. São mais comuns em aplicações de alta carga, como em
veículos para transporte de minério, retro escavadeiras de grande porte e implementos
agrícolas (Bianchi, 2009). Apesar da baixa eficiência, os sistemas hidráulicos proporcionam
valores elevados de torque força, flexibilidade do sistema entre bomba e motores, pois a
transmissão do fluido é através de tubos e mangueira. Fácil controle de velocidades através da
bomba variável ou de válvulas.
17

Figura7 – Esquema de um sistema hidrostático.

Fonte: Parker 1999.

2.8 ROLAMENTOS

Na visão de Shigley (2005), rolamentos são elementos mecânicos utilizados para


diminuir o atrito entre elementos, principalmente em deslocamentos radiais ou lineares, com
cargas radiais e/ou axiais. Seus principais tipos, cargas e utilização serão descritos abaixo.
Conforme dados apresentados em site da SKF (2012), a seleção de um rolamento deve
considerar as seguintes informações:
18

a) Espaço disponível;
b) Cargas;
c) Desalinhamento;
d) Precisão;
e) Velocidade
f) Rigidez;
g) Montagem e desmontagem; e
h) Vedantes integrados.
O anexo D mostra as características qualitativas utilizadas na seleção de diversos tipos
de mancais de rolamento.

2.8.1 Vida estimada dos rolamentos

Na opinião de Massotti (2012), a vida estimada dos rolamentos refere em estimar o


número de revoluções em que o rolamento pode aguentar em seu funcionamento.
Determinando as cargas na qual o rolamento deve suportar o dimensionamento de sua vida,
também se relaciona o seu tamanho que é proporcional à vida útil, podendo tornar-se
antieconômico, tendo que trocar o tipo de rolamento.
Para o cálculo da vida útil do rolamento, devem-se seguir os fatores de serviço (fh), de
acordo com o fabricante NKS (2012), tendo em vista a sua aplicação, conforme tabela do anexo
E. O fator C de carga básica dinâmica deve ser consultado nas tabelas, conforme catálogos de
fabricantes de rolamentos, diâmetro e tipo de rolamento.
A equação (2.4) se refere ao rolamento de esfera:


( ) (( ) ( )) (2.4)

Onde:
P1: Carga no rolamento equivalente (N);
C: Capacidade de carga básica dinâmica (N);
Para calcular P1, usam-se as equações 2.5 e 2.6, as quais calculam a carga equivalente.
Usa-se o maior valor encontrado entre as equações 2.5 ou 2.6, NKS (2012).
(2.5)

(2.6)
19

Onde:
: Carga radial (N);
: Carga axial (N);
Coeficiente de carga radial estática, conforme fabricante e modelo de rolamento;
Coeficiente de carga radial estática, conforme fabricante e modelo de rolamento;
A equação (2.7) se refere a rolamento de rolos:


( ) (( ) ( )) (2.7)

2.2 PROJETO DE MÁQUÍNAS AGRÍCOLAS

Na análise de Marini (2007), o projeto de implementos agrícolas em geral, tem suas


etapas específicas do produto, as quais são divididas em seis grandes grupos:
a) Plano de projeto;
b) Exame do escopo do projeto;
c) Características do ambiente de trabalho;
d) Critério do ambiente operacional e de homologação;
e) Análise comparativa das máquinas; e
f) Estrutura de função.
Os fatores importantes no projeto de implementos agrícolas, no entendimento de
Marini (2007), são apresentados a seguir:
a) Clima e ambiente (intempéries) - temperatura, unidade, altitude, características
pluviais, média de chuvas;
b) Solo e suas características físicas, como composição química, granulométrica do
grão;
c) Tipos de cultura, características das plantas (tamanho de semente), ciclo de
produção, necessidades de intervenções, insumos, tipo de colheita, entre outros;
d) Insumos, adubos, defensivos; e
e) Implementos necessários para a cultura.
20

2.3 MANEJOS AGRÍCOLAS ADAPTADOS AO SETOR

Nesta etapa da revisão bibliográfica, será exposto um pouco do segmento agrícola


em que o produto esta inserido. Com o conhecimento das caracteriscas do mercado, principais
produtos existentes entre outras, pode-se definir e justificar as soluções encontradas no
desenvolvimento deste estágio, bastante focado no poder aquisitivo e técnico da agricultura
familiar.
Nesta atividade existe o processo manual, o auxiliado por tração animal e a
mecanização adaptada ao setor.

2.3.1 Processo manual

Na análise de Amaro (2007), o processo manual é o trabalho utilizando a força


humana com o auxílio de enxadas e picaretas para formação de canteiros, remoção, plantio,
controle de pragas e colheita. É um trabalho desgastante, devido ao grande esforço físico,
sendo assim tem pouco rendimento econômico e desmotivação do agricultor para níveis
comercias. Este sistema, praticamente, só é utilizado em produção para consumo próprio,
devido ao baixo custo.

2.3.2 Processo com o auxílio da tração animal

A tração animal é utilizada para o auxílio na tarefa de preparo do solo, formação de


canteiro, pulverizações e transportes. Nesse sistema percebe-se uma melhora no rendimento
econômico, porém longe ainda de maiores níveis comerciais

2.3.3 Processo com o auxílio da mecanização

Neste processo, pode-se dizer que existem três áreas para fornecer a força para o
trabalho na horticultura. É esta a área em que o produto Mototrator estará inserido e as
informações abaixo foram retirada da pesquisa de mercado realizado pela empresa Koller:
 Mecanização por trator de duas rodas ou trator de rabiça, como exemplo
desse equipamento, o mais conhecido é da marca Tobatta, existindo também
outras marcas. Estes são equipamentos mais indicados para o setor, porém
têm alto custo de aquisição. Com este sistema é possível formar canteiros,
21

roças e rebocar carreta para transporte, porém não tem implementos


complementares às atividades da agricultura. Os modelos de trator de rabiça
estão no anexo A.
 Mecanização por micro trator pode-se dizer que este trator é uma miniatura
dos tratores normais, porém seu custo não tem a mesma escala de redução.
Geralmente pode ter acoplado implementos com sistemas hidráulicos, o que
deixa seu custo próximo aos modelos maiores. Como exemplo deste
equipamento, tem-se o trator da marca AGRALE, que é fábrica de
implementos da marca LAVRALE (do mesmo grupo), sendo o que tem a
linha mais completa para o setor, contando com arados, enxadas rotativas,
encanteiradores, semeadores, grades e carretas de transporte. Alguns modelos
de micro trator podem ser visualizado no anexo B.
 Mecanização por trator normal, com potência muito maior que a necessária e
dimensões acima dos padrões utilizados nos canteiros, além da pouca gama
de produtos para a atividade, a alternativa de mecanização com trator normal
torna-se pouco utilizada. Estes tratores são classificados acima de 30 cv de
potência, e envolve a maior gama de fabricantes, como Valtra, New Holland,
John Deere, AGCO, Agrale, entre outros, com modelos mundiais destinados
para a agricultura de médias e grandes áreas.

2.4 DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE - QFD

As empresas japonesas que investiram em Quality Function Deployment (QFD)


aumentaram os custos de pré-produção, diminuíram significativamente os custos com pré-
projeto e modificações durante a produção. Observa-se que 90% das mudanças e
modificações dos projetos japoneses ocorrem na fase inicial, com a aplicação da Casa da
Qualidade (VALDIERO, 1997).
A Casa da Qualidade é uma metodologia estruturada para organização de
informações do consumidor (VALDIERO, 1997). Ajuda os projetistas a identificar
explicitamente os requisitos do consumidor e relacionar com a capacidade técnica da empresa.
Segundo Pahl et al (2005), para a construção da versão simplificada do QFD, deve-se
seguir os seguintes passos:
a. Identificação das necessidades dos clientes (NC’s);
b. Atribuir valores para as NC’s, a fim de identificar as mais criticas;
22

c. Transformar as NC’s em linguagem de engenharia, ou seja, em requisitos de


qualidade;
d. Preencher o corpo do QFD;
e. Por fim é feita a soma do valor de importância de cada um dos requisitos de
qualidade, a fim de classificá-los para que desta forma as adequações necessárias
sejam priorizadas.
A figura 8 ilustra como um exemplo de QFD. Já há uma casa da qualidade utilizada
para o projeto geral do Mototrator, neste estágio será desenvolvido um novo QFD para a
redução específico do Mototrator.

Figura 8 - Casa da qualidade.

Fonte: Valdiero, 1997

2.5 MATRIZ MORFOLOGICA

Esta etapa é a passagem do abstrato ao concreto, consiste em buscar o maior número


de alternativas possíveis para chegar ao objetivo final (Rozanfeld ET AL. 2006). Também
correlação entre as soluções. Nesta etapa também conhecida como “brainstorming” onde
esboça as várias alternativas para o mesmo problema, após agrupando em um quadro,
denominado matriz morfológica.
23

Os passos para a criação da matriz morfológica são:


a. Listar as funções do produto;
b. Listar os possíveis meios de soluções para cada função;
c. Representar as funções e os princípios de soluções;
d. Explorar diferentes combinações de soluções;

Após montada a matriz morfológica, elabora-se a matriz de decisão, que consiste em


pontuar cada solução e princípio de solução. Criando pesos para cada solução devido à
necessidade do cliente e soluções técnicas. Somando e filtrando as maiores pontuações.
Normalmente se trabalham em duas ou três soluções em um projeto preliminar, o qual se
coloca “no papel”. Atualmente utilizam-se desenhos em 3D para melhor interpretação das
soluções técnicas do projeto.
24

3 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo é apresentado todo o desenvolvimento da redução e transmissão da


Mototrator. As etapas desenvolvidas para a elaboração do produto em questão, nesse estágio
foram divididos em três:
1. Levantamento de informações;
2. Elaboração da concepção do projeto; e
3. Dimensionamento de elementos de máquina.

Esta etapa foi à busca de dados relevantes para estruturar o projeto. Pode-se citar a
pesquisa de mercado sobre a agricultura familiar e suas soluções, como também dados
técnicos da motocicleta CG125 utilizada para adaptar o kit mototrator e a situação atual de sua
transmissão.
Na sequência será exposto o quadro de identificação de problemas e atualização da
pesquisa e QFD.

3.1 QUADRO DE IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS DA MOTOTRATOR.

Com o objetivo de analisar todo o ciclo de vida do produto a ser projetado, montou-
se um quadro de identificação dos problemas que auxiliaram nos pontos principais para o
desenvolvimento do projeto (Quadro 4).

Quadro 4- Identificação de problemas

Fonte: o autor.
25

Com a montagem do quadro ficam claros os itens globais do projeto, principalmente


na fase de produção e uso e operação, com foco nas saídas desejadas.

3.1.2 QFD do produto Mototrator

O projeto Mototrator já está em andamento desde 2005. Para tanto, foi feito um
questionário em 2005, sendo que o mesmo foi atualizado em 2012 (anexo F). Em 2005, o
questionário foi aplicado a horticultores da região de Panambi-RS (6 pessoas), a pequenos
agricultores de Erechim–RS (8 pessoas) e a dois comerciantes de tratores também de
Erechim. Em outubro de 2012 foi aplicado o mesmo questionário a 4 agricultores da região do
Vale do Caí, nos municípios de Nova Petrópolis e Caxias do Sul. Dos últimos quatro
entrevistados, três mostraram interesse em adquirir o kit Mototrator, inclusive pondo sua
propriedade à disposição para teste do protótipo.
Para a elaboração da casa da qualidade foi aplicado um questionário ao público-alvo
e potenciais clientes da Mototrator. Esta pesquisa buscava levantar as necessidades gerais do
produto, os quais foram quantificados abaixo:
Pela configuração da casa da qualidade, pode-se correlacionar os itens mais
importantes para o projeto e clientes, classificados em grau de importância:
a) 15,5% - Custo de aquisição abaixo de R$15000,00;
b) 15,35% - Potência adequada em 12cv;
c) 13,6% - Projeto modular;
d) 13% - Pesar menos de 210 kg;
e) 8,5% - Vida útil maior que 10 anos;
f) 6,5% - Velocidade máxima de 16 km/h;
g) 6% - Velocidade mínima de 2 km/h;
h) 5,4% - Consumo médio abaixo de 4 litros por hora;
i) 5% - Torque maior que 280 kgf.m;
j) 4,6% - Largura entre rodas de 1200 mm;
k) 3,5% - Altura da viga mais alta 600 mm;
l) 1,7% - Estabilidade; e
m) 1,5% - Raio de giro menor de 6 metros.
Esta fase mostrou-se a mais importante do projeto, pois o contato com potenciais
compradores e usuários abre novos horizontes sobre o projeto, atividade essa que geralmente
não é vivenciada em boa parte das engenharias nas empresas locais.
26

Estes dados gerais servem como informação para delimitar a solução da redução
específica da Mototrator, pois a mesma tem interferência sobre todo o conjunto.
É muito importante ressaltar que o número de pessoas envolvidas na entrevista foi
muito pequeno, podendo haver um desvio de opinião, que não representa a totalidade dos
clientes da Mototrator. Não foram entrevistadas mais pessoas devido ao tempo reduzido e
custos financeiros. Os dados levantados e as opiniões foram muito importantes para a
sequência do projeto.

3.1.3 Outros dados levantados para o projeto

Com a pesquisa também foram levantadas características necessárias para o projeto


como um todo da Mototrator, as quais estão apresentadas a seguir:
a) Dimensões físicas – definição das dimensões básicas da moto e da largura do
canteiro de horticultura de 1,10 metros livre, com a altura livre sobre o canteiro de
0,500 metros mínimos;
b) Acoplamentos – A Mototrator está focada no transporte de insumos, águas, ração
e mercadoria de colheita, pulverização, capina mecânica;
c) Manutenção diária ou durante a operação;
d) Manutenção preventiva ou programada;
e) Adequação à segurança – itens de segurança ativa e passiva, principalmente na
questão de segurança do operador;
f) Capacidade de processo – adequação do projeto a planta fabril; e
g) Capacidade de suprimentos – características de materiais utilizados, matéria-
prima, itens comprados, destacando principalmente a facilidade de reposição em
manutenções em campo. Este item se torna muito importante na hora de uma
manutenção, pois se este item é de “prateleira” é mais fácil encontrar. Buscar
utilizar itens padronizados e seriados.
Os dados necessários para o projeto de máquinas foram obtidos através de pesquisa
de mercado, seguindo os parâmetros citados acima, conforme Marini (2007).

3.2 NECESSIDADES DOS CLIENTES E REQUISITOS DO PROJETO REFERENTE AO


SISTEMA DE REDUÇÃO
27

Para levantá-la os dados novamente foi retomado os dados da pesquisa e a casa da


qualidade do produto Mototrator, reformulando os itens com foco no sistema de redução do
mesmo, o quadro 5, apresenta a casa da qualidade para o sistema de redução.
Quadro 5 – Casa da qualidade da redução da Mototrator.

Fonte: O autor
Com os dados da casa de qualidade classificamos os itens pelo grau de importância:
1. 14,7% Torque maior que 1500 N.m;
2. 11,9% - Custo de aquisição abaixo de R$15000,00;
3. 10,4% - Manutenção diária inferior menor que R$ 1,50 por dia;
4. 10,0% - Pesar menos de 210 kg;
5. 9,4% - Projeto modular;
6. 9,2% - Velocidade máxima com mais de 16 km/h;
7. 9,0% - Velocidade mínima com menor de 2 km/h;
8. 8,7% - Potência adequada em 12cv;
9. 8,3% - Vida útil maior que 10 anos e consumo médio;
Tendo como o custo muito representativo a transmissão e sua estrutura representa
70% do produto final.
28

A potência é fator principal para todo o dimensionamento, neste capitulo irá ser
definida a utilização da moto Honda CG 125 que tem a potência de 11,6cv.
Projeto modular consiste em prever a instalação de opcionais para atender a
necessidades funcionais da Mototrator.
A delimitação do peso fica um pouco difícil chegar ao peso final, pois o projeto do
TCC se restringe apenas a transmissão e elementos estruturais deste item.
A vida útil maior de 10 anos se restringem a estrutura, porém tem itens que tem sua
vida útil afetada pelo seu uso, manutenção e lubrificação, como exemplos os rolamentos.
Os demais itens são pontos de partidas para o dimensionamento da transmissão,
como velocidade e torque.

3.3 MATRIZ DE DECISÃO

Na transmissão trata-se de um item único, assim, a matriz de decisão foi construída


em uma única coluna no quadro possibilidade. Foram pontuadas as concepções pelos itens
mais relevantes pelas necessidades dos clientes e técnica. Foi criada mais uma coluna para
pontuar a questão da manufatura. No quadro 6 é apresentada a matriz de decisão. Grau de
atendimento onde 0 não atende, 0,5 moderado e 1 atende plenamente.
Quadro 6 Matriz de decisão

Fonte: O autor.

Comentário sobre cada item de cada solução:


 Correia em V- É fácil produção, pois com um torno pode ser fabricado na
totalidade. Baixo custo. Necessita bastante manutenção porém é muito fácil.
Na utilização apresenta os principais pontos fracos, pois não tolera ambientes
úmidos e não tem muita tolerância a pó;
29

 Corrente de rolos- Facilmente encontrado no mercado, apenas usinado para


ajuste de alojamento de rolamento, baixo custo de implantação, pois são itens
produzidos em grande escala. Manutenção fácil, porém necessita lubrificação
constante. Muito utilizado no meio agrícola;
 Redutor de engrenagens paralelas – Requer maquinário específico para
executar, também não disponibiliza flexibilidade de montagem ou variação
de velocidade. Alto custo de fabricação. Ponto forte é manutenção, é difícil
de fazer por requerer mão de obra especializada, porém sua vida longa,
dificilmente necessita manutenção. Em campo é muito fácil de utilizar;
 Sistema hidrostático- Itens com grande possibilidade de montagens, porém
necessita mão de obra especializada e máquinas específicas. Custo muito alto
para montar o sistema de transmissão. Manutenção necessita de mão de obra
especializada, difícil no dia a dia do pequeno produtor. Não tolera impurezas
do meio agrícola com pó. Na utilização é de fácil utilização.

Com a avalição acima foi optado pela transmissão por corrente por atender melhor as
características para fabricação e no trabalho em campo.

3.4 MOTO

A fonte de potência, que será utilizada é uma moto modelo popular da marca Honda,
CG125. Por ser uma moto de grande produção e baixo custo de manutenção, está entre os
primeiros modelos produzidos no Brasil e será o modelo utilizado neste estágio. Para
curiosidade, seu quadro é o mesmo de 1972 até 2003, conforme figura 9, e sua motorização
teve poucas mudanças durante sua vida. Em 2003, passou a oferecer também motor 150
cilindradas, sofrendo algumas mudanças estéticas no decorrer de sua produção, conforme
pode ser visto no anexo G.
Segue abaixo informações técnicas da moto HONDA, modelo CG 125 (Quadro 7),
retirado do manual de proprietário da mesma. Estas informações serão as principais fontes de
dados para dimensionamento da Mototrator, para ajuste de velocidades, dimensionamento de
transmissão entre outras informações inerentes ao projeto.
30

Figura 9 -1ª geração da moto CG125 à esquerda, e à direita, atual geração.

(1972) (2012)
Fonte: www.motoesporte.com.br.
Devido a pouca alteração mecânica e estrutural, torna-se um item importante para o
projeto Mototrator, bem como seu baixo custo de aquisição e manutenção. Conforme figura 9
é possível perceber pouca variação da fixação da bandeja da suspensão e amortecedor
traseiro, pontos onde será fixado o kit Mototrator.
Quadro 7 – Dado técnicos da moto CG 125
Item Valores Unidades
DIMENSÕES
Comprimento total 1.978 mm
Largura total 731 mm
Altura total 1053 mm
Distância entre eixos 1307 mm
Distância mínima do solo 170 mm
CAPACIDADE
Carga máxima 166 kg
MOTOR, Tipo 4 tempos, arrefecido a ar, OHC, monocilíndrico
Cilindrada 124,7 cm³
Potência máxima 11,6 a (8.250 rpm) cv
Torque máximo 1,06 a 6.000 rpm kgf.m
CHASSI / SUSPENSÃO
Suspensão dianteira (curso) 115 mm
Suspensão traseira (curso) 82 mm
Pneu dianteiro (medida) 80/100 – 18 M/C 47P
Pneu traseiro (medida) 90/90 – 18 M/C 57P
Freios dianteiro e traseiro (tipo) A tambor
TRANSMISSÃO (relacão)
Redução primária 1/3,350
1º marcha 1/2,785
2º marcha 1/1,789
3º marcha 1/1350
4º marcha 1/1,120
5º marcha 1/0,958
Redução final 1/3,067
Fonte: manual proprietário motocicleta Honda CG125 [HONDA, 2005].
31

3.4.1 Transmissão atual da moto

Para descrever o sistema de transmissão de potência da moto até a roda, foram


levantados resultados in loco em uma mecânica.
A primeira redução é feita por engrenagens helicoidais com relação de 1 : 3,35, até o
eixo “árvore” da caixa de câmbio. A caixa de câmbio é composta com cinco marchas,
variando de redução de 1 : 2,785 até a ampliação em 5º marcha de 1 : 0,958, onde todas são
executadas por engrenagens helicoidais. A relação final é a ligação de eixo movido da caixa e
a roda (figura 10), sendo executada por transmissão de roda dentada e corrente de rolos, com
relação 1 : 3,067.
Figura 10 – Sistema de transmissão de uma moto CG 125 em manutenção

Fonte: O autor
Esta última redução será alterada para aplicação no projeto mototrator. Para isso,
colheu-se mais detalhes:
1. A corrente tem passo de 12,7 mm, correspondente a uma corrente ANSI 40;
2. A roda dentada motora tem 14 dentes conforme foto 11(a); e
3. Roda dentada movida tem 46 dentes conforme foto 11(b).
Figura 11 – Roda dentada motora (a), movida(b).

(a) (b)
Fonte: O autor
32

3.5 ROLAMENTOS PARA O PROJETO MOTOTRATOR

As características da bibliografia sobre rolamento, juntamente com o conhecimento


do mercado agrícola e a pesquisa de mercado mostra que:
a) O rolamento mais indicado para o seguimento da agricultura familiar é o
rolamento de esfera rígida com blindagem (vedação), devido ao seu menor custo,
a sua grande capacidade de cargas radiais e moderada na axial, conforme anexo D
(SKF, 2012). Facilidade de reposição e sua utilização em grande escala pelo setor
agrícola. Em consideração negativa, esse rolamento tem dimensões maiores,
podendo gerar limitação em sua aplicação;
b) Os rolamentos auto ajustáveis são os mais indicados quando se trata de
desalinhamento entre eixos. Esse rolamento também tem vedação própria, é
amplamente utilizado no setor de implementos e possui vários tipos de caixas de
mancais, dependendo do sentido de carga e espaço para montagem; e
c) Rolamento de rolos, agulha e auto compensador de rolos, têm dimensões
reduzidas para cargas elevadas. O ponto negativo é seu custo elevado, com
necessidade de vedação externa para lubrificação do rolamento, sendo pouco
utilizado pelo setor e difícil de encontrar no mercado agrícola.
No projeto será utilizado rolamentos de esfera rígidos sempre que possível por sua
facilidade de mercado e custo.

3.6 CONCEPÇÕES DA TRANSMISSÃO

A transmissão tem a principal função de transformar a velocidade da moto em força


(potência em trabalho). Para isso, em estudos preliminares a velocidade máxima passará para
15 km/h, e a capacidade de carga passa de 120 kg para 500 kg.
O projeto consiste em modificar a redução final (após o câmbio) que na moto tem
uma relação de redução de 3,069, para redução de 19 vezes. Por ser uma redução muito
grande, ela será feita em três estágios, conforme figura 12.
O primeiro estágio é composto pelas engrenagens em azul, sendo que a primeira é
original da moto na saída da caixa de mudança de marcha, também visto na figura 13(a). A
roda dentada movida azul e a roda dentada vermelha (unidas entre si), unidas e giram sobre o
eixo da roda.
33

O segundo estágio é composto pelas engrenagens vermelhas. Nesta transmissão será


deslocado o acionamento para parte superior do kit Mototrator e a engrenagem vermelha
superior é soldada com a engrenagem menor verde em um eixo. Este eixo atravessa a viga do
kit, responsável para transmissão de força para a outra roda adaptada para a Mototrator.
Figura 12 – Concepção da transmissão

Fonte: O autor.
O terceiro estágio é executado pelas engrenagens verdes. A engrenagem movida é
parafusada na roda; a roda, por sua vez, também está sobre o rolamento e sobre o eixo da
roda.

3.7. DIMENSIONAMENTO

3.7.1 Velocidades, dimensionamento das correntes de transmissão.

Partindo dos dados técnicos do manual da moto CG125, foram calculadas as


velocidades em cada marcha, com resultados mostrados no quadro 8.
34

Quadro 8 – Velocidade da moto CG 125 original.


rpm rpm na Velocidade
Rotação motor 7000,00 roda final km/h
Redução inicial 3,35 2089,55
1º marcha 2,79 750,29 244,31 29,02
2º 1,79 1168,00 380,33 45,18
3º 1,35 1547,82 504,01 59,88
4º 1,12 1865,67 607,51 72,17
5º 0,96 2181,16 710,24 84,38
Redução final 3,07
Fonte: o autor.
Com os dados das rotações acima, foram calculadas as reduções com rodas dentadas
comerciais. Após executar várias simulações, chegou-se a redução final de 1:17,061, para isto
foram comparado os modelos de corrente e diâmetros primitivos semelhantes na roda da moto
e sistema do segundo estágio. O quadro 9 demonstra o número de dentes e relações de
redução de cada estágio e a rotação da roda movida em 1º marcha e em 5ºmarcha.
Quadro 9 – Redução por estagio de redução.
Nº de dentes R M
7000 rpm motor Movida Motora Relação rpm Marcha
138,21 1º
1º estagio 76,00 14,00 5,43
401,79 5º
87,95 1º
2º estagio 22,00 14,00 1,57
255,69 5º
43,98 1º
3º estagio 30,00 15,00 2,00
127,84 5º
Redução final 17,06122449
Fonte: o autor.
Retrabalhando o quadro 8 para a redução de 1: 17,061 obtém-se os valores de rotação
da roda e velocidade no quadro 10.
Quadro 10– Velocidades do Mototrator.
rpm rpm na Velocidade
Rotação motor 7000,00 roda final km/h
Redução inicial 3,35 2089,55
1º marcha 2,79 750,29 43,98 5,22
2º 1,79 1168,00 68,46 8,13
3º 1,35 1547,82 90,72 10,78
4º 1,12 1865,67 109,35 12,99
5º 0,96 2181,16 127,84 15,19
Redução final 17,06
Fonte: o autor.
35

Para os quadros acima foram considerados os diâmetros da roda tracionada de


630mm, assim a cada volta seu perímetro desenvolve 1980mm.
O cálculo de rendimento de potência da moto após cada estágio são:
 Motor a 7000 rpm igual a 11,6 cv;
 Do motor até a saída da caixa 11,36 cv (11,6 x 0,98 de rendimento
engrenagens);
 1º estágio 11,14 cv (11,36 x 0,97 de rendimento de transmissão por corrente);
 2º estágio 10,80 cv (11,14 x 0,97);
 3º estágio 10,48 cv (10,80 x 0,97).

Com a redução de 17,06 a 7000 rpm e a potência de 10,48 cv na roda chega-se ao


torque de 1673,75 N.m, equação 3.1.
(3.1)

Com o dado de torque podemos chegar a capacidade de tração na equação 3.2, onde
0,315 é o raio do pneu da moto.

( ) ⁄ (3.2)

No anexo H tem uma comparação dos dados como a roda dentada de:
 14 dentes da saída da caixa e redução de 1 : 17,06;:
 13 dentes na saída da caixa e redução de 1 : 15,75;
A utilização da roda dentada de 13 dentes na saída da caixa se torna praticamente
inviável, pois teria que mudar as furações dos parafusos de fixação no eixo da moto, isto fica
bem visível na figura 11(a). Sendo que o produto visa menor interferência possível com a
moto, sendo que retirando o kit Mototrator, o agricultor possa montar sua moto novamente.
A simulação da roda dentada com 15 dentes na saída da caixa resultaria em aumento
dimensional de todas as engrenagens, assim ficado mais pesada que a original de 14 dentes.
Com o sistema de redução calculada chega-se a capacidade de 540 Kg conforme o
esperado, assim o próximo passo será o dimensionamento dos modelos de correntes ANSI
utilizando a equação 2.1 para fator de fadiga do elo da corrente e a equação 2.2 para fator de
fadiga do rolo. O quadro 11 demonstra o valor de coeficiente de fadiga.
36

Quadro 11 – Fator de fadiga do elo e rolo.


Fator de fadiga do elo
Passo da corrente em fração de polegadas
0,50 0,63 0,75 0,83 1,00 1,25
1º estagio 3,43 6,67
2º estagio 3,28 5,84 11,18
3º estagio 4,19 8,18

Fator de fadiga do rolo


Passa da corrente em fração de polegadas
0,50 0,63 0,75 0,83 1,00 1,25
1º estagio 24,89 29,75
2º estagio 4,70 5,48 12,91
3º estagio 11,97 14,31
Fonte: o autor.
Conforme literatura se escolhe o menor valor de fator e rotação da roda motora, em
consulta a tabela em anexo C, chega-se ao modelo de corrente dimensionado. O quadro 12
mostra os valores utilizado, fatores e o modelo de corrente selecionado.
Quadro 12 – Fator de fadiga escolhido e corrente.
Potência
Fator Fator
Fator H Rotação admissível Modelo
H(cv) serviço
escolhido (cv)
1º estagio Elos 3,43 750,29 4,23 ANSI 40 1,23
2º estagio Rolos 5,48 138,21 7,42 ANSI 80 1,35
3º estagio Elos 4,19 87,95 4,48 ANSI 80 1,07
3º estagio Elos 8,18 87,95 9,63 ANSI 100 1,18
Fonte: o autor.
Com estes dados foi selecionado para o primeiro estágio a corrente ANSI 40, para o
segundo estágio a corrente ANSI 80 e para o terceiro estágio a corrente ANSI 100.

3.7.2 Dimensionamento de eixo e rolamentos

Com o sistema de transmissão dimensionado, foi calculado o torque em cada roda


dentada e as forças sobre os dois eixos. Os resultados são mostrados na figura 13 a. Um
diagrama de corpo livre dessas forças pode ser visto na figura 13 b.
Com os dados foram calculados os rolamentos, Por conceito de cálculo foi
considerado o torque das engrenagens em força no centro do eixo, pois a mesma está sobre
rolamentos, Esta força está sendo considerada em um momento extremo onde estaria em
potência máxima com o sistema travado (sabendo que esta situação não tem como acontecer,
37

pois o torque máximo do motor acontece em 7000 rpm). Os valores do torque foi obtido pela
rotação e diâmetro primitivo de cada roda dentada.
Figura 13 – Torque e força sobre os dois eixos

(a) (b)
Fonte: o autor.
3.7.2.1 Rolamentos

Na roda dentada ASA 40B 76 tem a carga de 3784 N. Nesta foi usado um rolamento
modelo de esfera rígido 6006 diâmetro 30mm, que tem a capacidade dinâmica de 13200 N.
Poderia ser usado um rolamento menor, porém o rolamento montado em conjunto tem que ter
este diâmetro. Utilizando a equação 2.4 para calcular a vida útil do rolamento chega-se a
20458 horas.
Para os cálculos da vida útil dos rolamentos foram utilizados o fator fh = 4 conforme
anexo C.
Na roda dentada ASA 80 15 no eixo da roda, tem a carga 7729N e foi usado o
rolamento 6206 com diâmetro interno de 30 porém com capacidade dinâmica de 19500 N. A
vida estimada desse rolamento é de 7758 horas.
No eixo superior nas rodas dentadas tem as cargas de 7836 N e 9590 N, é usado um
par de rolamentos 6206, com vida estimada de 6442 horas.
Já na roda da moto, do lado da roda dentada tem 9611 N + 1200 N = 10811 N sobre
o rolamento, neste ponto foi selecionado o rolamento 6207 que tem capacidade dinâmica de
25700 N em cada rolamento, com vida estimada de 20353 horas. Já na roda no lado do freio
foram usados dois rolamentos 6004 devido o alojamento do sistema de freio original da moto.
A carga utilizada neste ponto é de 6005 N, este rolamento tem capacidade dinâmica de 9400
N em cada rolamento. A vida estimada de 46470 horas.
38

O rolamento com menor vida útil é o da roda dentada que transmite força para o eixo
superior, seu valor é de 6442 horas, na potência máxima e constante. Este tipo de veículo, ao
longo de sua utilização apresenta alguns picos de potência máxima, em seu funcionamento
normal a potência fica na média de 60% da total estimado. O valor de 6442 horas e o
equipamento ser utilizado 5 horas por dia, teria uma vida útil de 1288 dias ou 3,53 anos.

3.7.2.2 Eixo

Com os dados das cargas e os diâmetros internos dos rolamentos foram modelados os
eixo em 3D e após foram realizadas análises com o auxílio do software SOLIDWORKS
SIMULATION. O anexo H mostra desenho do eixo da roda e o eixo superior da transmissão
detalhados.
Na análise do eixo da roda (figura 14) o valor máximo é de 124 MPa para o material
SAE 4140 que tem limite de escoamento de 710 MPa após os tratamentos térmicos. Isto
representa um coeficiente de segurança de 5,72 .
Figura 14 – Análise de elementos finitos do eixo da roda.

Fonte: o autor
A figura 15 mostra a simulação do eixo superior da transmissão, o mesmo passou na
análise com ponto de concentração de tensão na região do raio do diâmetro menor, porém este
valor ficou e, 211 MPa para o material SAE 1045 que tem o limite de 530 MPa representa um
coeficiente de segurança de 2,511.
39

Figura 15 – Análise de elementos finitos do eixo da roda.

Fonte: o autor
A mesma consideração dos rolamentos pode ser aplicada nos eixos, pois os cálculos
foram em carga máxima, porém a Mototrator não trabalha constantemente em potência
máxima, sendo assim os rolamentos e eixos estão com um fator de serviço acima dos valores
encontrados. Com segurança estes itens estarão atendendo o serviço extremo deste
implemento agrícola.

3.8. DESENHOS EM 3D E 2D

O projeto em 3D já tinha sido começado inicialmente com detalhamento dos pontos


de fixação da moto, após os cálculos foram inseridos os componentes patronizados como
engrenagens e rolamentos, com a montagem foi definidos as peças usinadas como eixo, a
usinagem de alojamento e fixação das rodas dentadas. Etapa final foi desenhada as chapas de
função estrutural da Mototrator, a simulação dos pontos de fixação e saída da fonte de
potência da moto. Nesta etapa, foi realizada a desmontagem de uma moto, na qual foram
retiradas as medidas para a modelagem dos pontos de fixação da moto. A figura 16 mostra o
modelo em 3D do conjunto montado da Mototrator que será apresentado neste trabalho
(sistema de transmissão).
40

Figura 16 – Modelo em 3D.

Fonte: o autor
Após todos os ajustes necessários no modelo 3D foi executado o detalhamento em
2D, no qual gerou:
 3 desenhos de montagem;
 3 desenhos de montagem de conjuntos soldados;
 24 desenhos de peças cortadas e dobrados em chapa, mais 24 desenhos em
formato DXF para corte a laser;
 17 desenhos de peças usinadas.
No anexo I são apresentados alguns desenhos de detalhamentos da Mototrator.
41

4 RESULTADOS

Esta fase agregou uma grande experiência, pois a empresa é dedicada muito ao
projeto, não tem nenhuma estrutura para processos mecânicos internamente, sendo assim
foram terceirizados todos os componentes.
Para as peças em chapas foram orçadas em duas empresas, na forma de compra de
itens, na fase de orçamento levou 25 dias para ter retorno, depois de selecionado o fornecedor
(nesta situação foi levado em conta quem poderia entregar antes as peças). As peças foram
entregues em 15 dias. Foi notada uma dificuldade de conseguir encaixar peças de um
protótipo no seguimento de corte e dobra, pois não são peças seriadas, gerando uma
dificuldade para sua produção. Este longo período para execução destas peças ocasionou
atraso da montagem do protótipo em 30 dias.
Para as peças usinadas o fornecedor somente prestou serviço, assim foi realizada uma
lista de material para usinagem. Neste momento foi encontrado um problema na compra do
material do cubo da roda, assim mudou-se o projeto para um material maciço, alterando
também a chapa do aro da roda, para não ter muitas horas de usinagem não foi retirado todo o
material conforme o projeto original.
A montagem do conjunto foi realizada no laboratório da UCS. Esta fase constituiu
em pontear as chapas, montar os eixos, rolamentos e rodas dentadas, após a montagem final
do conjunto. O conjunto teve que ser desmontado para transporte.
Na compra das correntes o conjunto foi remontado, para conferência e ajustes
necessários. Na mesma data foi montado o pneu no aro da Mototrator e executado a solda
final em uma empresa especializada em solda.
Foi realizada uma montagem para verificação de montagem e ajuste após a solda. A
figura 17 mostra todas as peças e conjuntos antes da montagem e a figura 18 mostra o
conjunto montado antes da pintura. Com a montagem finalizada o conjunto foi novamente
desmontado para a pintura.
Após a pintura foi executada a montagem final e executado um suporte para teste e
apresentação, figura 19 mostra o produto final.
42

Figura 17 – Kit Mototrator desmontado.

Fonte: O autor

Figura 18 – Kit Mototrator montado.

Fonte:O autor
43

Figura 19 – Kit Mototrator pintado sobre bancada de transporte.

Fonte: O autor

4.1. CUSTO DO PROTÓTIPO

Para execução do protótipo foram contabilizadas as tarefas executas por terceiros e


matérias de consumos adquiridos para a montagem do protótipo do estágio, conforme quadro
13. Na terceira coluna está o custo estimado já com a estrutura e a terceira roda, estes dados
serão abordados na formação do custo final do produto no capítulo 5.
O custo do conjunto ficou dentro da faixa projetada, atingindo R$4.956,75. No início
do projeto o redutor tinha o custo de R$7500,00 sem o sistema de reversão de sentido (marcha
ré) .
44

Quadro 13 – Custo do protótipo.


CUSTO
Corte e dobra R$ 380,00 R$ 425,00
Usinagem R$ 250,00 R$ 280,00
Solda R$ 180,00 R$ 240,00
Rodas dentadas R$ 549,45 R$ 549,45
Correntes R$ 166,50 R$ 166,50
Rolamentos R$ 144,30 R$ 189,30
Material usinagem R$ 138,75 R$ 163,50
Pintura R$ 90,00 R$ 120,00
Montagem R$ 450,00 R$ 450,00
Parafusos R$ 250,00 R$ 240,00
Aro e freio R$ 212,50 R$ 425,00
Diversos R$ 100,00 R$ 100,00
Transporte R$ 250,00 R$ 250,00
Sistema de reversão R$ 1.358,00

TOTAL PROTOTIPO R$ 3.161,50


TOTAL PROTOTIPO FINAL (3º RODA) R$ 4.956,75
Fonte: O autor.
Para elaboração do preço final forma estimados o custo fixo da empresa (Quadro 14),
sendo em que um município já disponibilizou um pavilhão para instalação da fábrica, com
isenção de aluguel por 3 anos e isenção de impostos municipais por 5 anos. Porém para o
custo foi estimado o aluguel de um pavilhão comercial de 50m².
Quadro 14 – Custo fixos mensais estimado.
Salários R$ 6.250,00
Telefone/Internet R$ 300,00
Luz R$ 1.200,00
Propaganda e feiras R$ 1.200,00
Água R$ 80,00
Amortização 80000,00/ 4 anos R$ 1.333,33
Despesas gerais R$ 2.000,00
Aluguel R$ 500,00

R$
TOTAL 12.863,33
Fonte: O autor
Com os dados do custo de um Mototrator mais os custos fixos, chega-se ao custo por
unidade (Quadro 15, linha em cinza), nota-se a diluição dos custos fixos quando se aumenta
as unidades produzidas.
45

Para elaboração do preço final foi considerado a comissão para venda externa por
lojas e representantes de 7% , lucro da empresa de 10% e imposto de tributação do sistema
Simples. O percentual da alíquota de imposto varia conforme o faturamento dos últimos dozes
meses, conforme anexo J, os valores das alíquotas foram aplicadas conforme as cores. Com
isto chega-se o valor unitário de cada kit Mototrator, o preço de venda é representado no
quadro 15 na linha amarela.
Quadro 15 – Custo fixos mensais estimado.

Fonte: O autor
Para atingir o valor alvo de abaixo de R$15.000,00, soma-se o valor R$ 5.390,00 de
da moto CG 125 FAN (segundo o site http://www.honda.com.br/motos/Paginas/cg-125-
fan.aspx em 06/2013). O ideal seria uma produção de oito kit mensais que resultaria em um
produto no valor de R$ 14.550,00 com a moto nova e de R$ 11.500,00 com uma moto usada
com dez anos de uso estimado.
Estes valores são estimados para produção inicial, porém com o aumento da
produção estes valores tendem abaixar, por:
a) Abaixar os custos de produção;
b) Compra de itens em escala maior;
c) Processos internos (inicialmente solda e pintura);
d) Negociação com fornecedores;
e) Aumentando a produção representa diluição dos custos fixos.

4.1. AVALIAÇÃO DO PROTÓTIPO

Para avaliação do protótipo foram levantados os dados obtidos no item 3.2,


necessidades dos clientes e requisitos do projeto referente ao sistema de redução assim:
46

a) O torque por dimensionado foi alcançado, com valor teórico de 1673,75 N.m ficou
acima de 1500 N.m;
b) O custo de aquisição abaixo de R$15.000,00 somente poderá ser alcançado com a
produção de 8 ou mais kits por mês;
c) Custo de manutenção há abaixo de R$ 1,50 diário, este valor não foi levantado nesta
fase, porém os materiais de manutenção, como rolamentos, correntes e lubrificantes
são de baixo custo, assim estima-se que este valor seja atingido;
d) Pesar menos de 210kg. Este poderá não ser atingido pois o prototipo ficou com 76 kg
e a moto pesa 120 kg, totalizando 196 kg sem a estrutura da terceira roda. Este item é
sugestão para trabalhos futuros;
e) Projeto modular, o projeto utiliza peças normalizadas, de fácil troca ou até mesmo
alteração de redução conforme necessidade do cliente;
f) Velocidade máxima acima de 16 km/h, por cálculos a velocidade a 7000 rpm é de
15,19 km/h, porém a moto atinge 8200 rpm, assim este valor será atingido;
g) Velocidade mínima de 2 km/h, este valor será alcançado quando a moto estiver com
2600 rpm;
h) Potência adequada de 12 cv, com a mecânica da moto CG125 a potência 11,6 cv bem
próxima dos 12 cv;
i) Vida útil de 10 anos apesar de Alguns rolamentos terão vida restrita há 3,5 anos
trabalhando a potência máxima, porém são itens de baixo custo e de fácil troca;
j) O consumo de 4 litros de combustível por hora somente poderá ser medido no teste do
protótipo final.
Sendo assim a grande maiorias das metas foram atingidas.
47

5 CONCLUSÃO

Com visão em um mercado com poucas e caras soluções para pequenos produtores o
produto Mototrator tem uma grande possibilidade de entrar no mercado. Mercado que tem
baixo poder de investimento, porém representa 77% dos produtores rurais e responsáveis por
30% da produção nacional, Na produção de leite, feijão, horticultura, aves, suínos entre outros
produtos, os pequenos produtores são responsáveis por mais 80% do mercado, destacando os
produtos que necessitam mais mão de obra.
Com um mercado amplo, principalmente no seguimento de horticultura o produto
Mototrator apresenta como uma solução de baixo custo e fácil manutenção, por usar como
fonte de potência a moto Honda CG 125, moto de grande produção no mercado, inclusive
muito comum no meio rural.
O desenvolvimento da redução se mostrou a solução bem ajustada, com uma boa
relação custo e técnica. Tecnicamente podem existir soluções melhores para a Mototrator,
porém o custo seria muito alto, saindo da realidade do seguimento, além da dificuldade de
manutenção própria em campo pelo usuário.
Outro item muito importante para o desenvolvimento do produto foi a pesquisa de
mercado. Apesar de um número muito pequeno de entrevistados, mostrou itens que estavam
despercebidos no projeto geral do produto. É muito importante entender as necessidades do
cliente. Muitas empresas não utilizam esta ferramenta ou mascaram a pesquisa para
desenvolvimento de seus produtos. Muitas vezes são executadas por pessoas sem
conhecimento técnico (principalmente por setores de marketing ou pessoas sem formação
técnica), pode sim ter pessoas de outras áreas, porém tem que ter engenheiros envolvidos para
transformar os dados em soluções técnicas.
A experiência agrícola do autor desse trabalho auxiliou no desenvolvimento do
produto.
O protótipo da transmissão se mostrou a solução ideal. A avalição final somente
poderá ter seu resultado com a montagem final do kit (a terceira roda), na moto, para teste de
campo.
48

5.1 TRABALHOS FUTUROS.


Na montagem no conjunto da transmissão. A Mototrator se mostrou muito pesada. O
produto final, se faz necessário à redução de peso nas rodas dentadas, e no cubo de roda.
Avaliação se a caixa original suporta eventuais esforços resultantes do trabalho. Se
necessário um sistema de absorção destes impactos na transmissão.
No dimensionamento da transmissão foi usado à potência máxima, porém esta
situação somente se atinge em alguns e curtos espaços de tempo no trabalho em campo. Este
levantamento da potência máxima e a utilizada leva a um resultado de uma potência
ponderada. Estes valores poderiam ser usados no dimensionamento das correntes, reduzindo
seu custo e peso.
Um trabalho futuro é a execução do protótipo montado na moto e sua terceira roda,
assim avaliar todo conjunto, testar em campo e ajuste necessários para as necessidades dos
agricultores e seu processo de fabricação.
49

REFERÊNCIAS

AMARO, Geovani Bernardo e SILVA, Dione Melo da Silva. Recomendações técnicas para
o cultivo de hortaliças em agricultura familiar. Circular técnica n. 47. Rio de Janeiro:
Embrapa, 2007. Disponível em <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/781607
/1 /ct47.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2012.

BEER, F.P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros. 5.ed. São Paulo:
Pearson, 1994.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: < http://www.


cnph.embrapa.br/>. Acesso em: 13 out. 2012.

CATALOGO DE PRODUTOS SKF. Catalogo técnico SKF. Disponível em: <http://www.


skf.com/portal/skf/home>. Acesso em: 07 set. 2012.

CATÁLOGO DE PRODUTOS NSK. NSK Rolamentos. Disponível em: http://www.nsk.


com.br/7_catalogo.asp acesso em 07/09/2012.

CATÁLOGO HUSQVARNA. Moto cultivador TR 430. Disponível em: <http://www.


husqvarna.com/br/products/cultivators/tr-430/>. Acesso em: 20 out. 2012.

CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. v. 3 – Materiais de Construção Mecânica. 2.


ed. São Paulo: Pearson, 1986.

GHIGONETTO, Ricardo. História da Honda CG125 / 150. Disponível em: <http://www.


motoesporte.com.br/historia%20moto/historia%20honda%20cg.htm>. Acesso em: 09 out.
2012.

MANUAL PROPRIETARIO DA MOTOCICLETA HONDA CG 125 FAN. Honda


Amazônia Ldta. 2005.

MANTOVANI, E. C. LEPLATOIS, M. Automação do processo de avaliação de


desempenho de tratores e implementos em campo. Artigo da EMBRAPA Empresa de
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 7, p. 1241-1246, jul. 1999.

MANTOVANI, Evandro Chartuni. Máquinas e implementos agrícolas. Artigo Agropecuário.


Belo Horizonte, v. 13, n. 147, p. 56-63, mar. 1987.

MARINI, Vinicius Kaster. Fatores de influência e funções técnicas no projeto de


maquinas agrícolas: uma contribuição teórica. 2007. Tese (Mestrado) Santa Maria:
PPGEA/UFSM, 2007.

MASSOTI, João Guilherme Brigoni. Metodologia para análise de defeito em rolamentos e


cálculo na vida remanescente às fadigas. Disponível em: <http://www.pnv.poli.usp.br
/fAulas/> Acessado em: 10 set. 2012.

MERIAM, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica Dinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2004.


50

PORTAL TRIBUTARIO, Tabela de Alíquotas de Impostos Sistema Simples Para


Indústrias. Disponível em: < http://www.normaslegais.com.br/legislacao/simples-nacional-
anexoII .html>. Acesso em: 13 out. 2012

NORTON, R. L. Projeto de Máquinas, Uma Abordagem Integrada. 2. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2004.

ROCHA, Francisco Eduardo de Castro. Semeadora de ervilha com mecanismo tipo rotor
vertical. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 9, n.27, p. 258-264, jul. 2003.

SHIGLEY, J. E; MISCHKE, C. R. Mechanical Engineering Design. 6.ed. Singapura:


McGraw-Hill Higher Education, 2001.

SHIGLEY, J. E; MISCHKE, C. R.; BUDYNAS, R. Projeto de Engenharia Mecânica. 7. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2005.

TRATORES AGRALE. Tratores. Disponível em: <http://www.agrale.com.br/pt/tratores-


4000>. Acesso em: 20 out. 2012.

TRATORES TRAMONTINI. Micro tratores. Disponível em: <http://www.tramontini.com.


br/produtos/ microtratores>./ Acesso em: 20 out. 2012.

TRATORES YANMAR. Produtos. Disponível em: <http://www.agritech.ind.br/site/pt


/produtos/ TC14.asp?seg=3>. Acesso em: 20 out. 2012.

VALDIERO, Antonio. Carlos. Inovação e desenvolvimento do projeto de produtos


industriais. Ijuí: UNIJUÍ, 1997. Programa de incentivo à produção docente: Coleção
Cadernos Unijuí - Série Tecnologia Mecânica n. 2.
51

ANEXO A

Abaixo segue pesquisa de mercado sobre tratores de rabiça no mercado brasileiro


Os modelos de baixa potência (7 a 10 hp) têm 4 velocidades à frente e 2 a ré, pelo
observado na figura D1. As unidades mais altas têm 12 velocidades de operação; 9 à frente e
3 a ré; variando na faixa de 1 a 16 km/h, sendo que todos os modelos têm dois eixos de saída
de potência.

Figura D1 - Moto cultivador de rabiça modelo TR-430 da Husqvarna

Fonte: catálogo TR/430 Husqvarna.

Os modelos da Yanmar possuem o peso na faixa dos 400 kg, motor a diesel 4
tempos, com consumo específico de 195 gr / cv / h (TC14 figura D2) e 175gr / cv / h
(modelos de 16 cv), 8 velocidades avante e 2 a ré. A menor rotação da enxada rotativa é 213
rpm. A faixa de velocidades vai de 1,31 km/h até 15 km/h.

Figura D2 - Trator de rabiça da marca YANMAR modelo TC14 com enxada rotativa

Fonte: site YANMAR.


52

O modelo GM 18 da Tramontina, conforme figura D3, possuem o peso na faixa dos


692 kg, motor a diesel 4 tempos, com motor de 18 cv, 6 velocidades avante e 2 a ré. A menor
rotação da enxada rotativa é 190 rpm e tomada de força variando de 780 a 4.000 rpm. A faixa
de velocidades vai de 1,4 km/h até 15 km/h.

Figura D3 - Trator de rabiça da marca TRAMONTINA


modelo GM 18 com enxada rotativa

Fonte: site Tramontina.


53

ANEXO B
Modelos de tratores Agrale:
a) 4100 – Possui motor a diesel com um cilindro de 668cm³, 15 cv a 2700 rpm, com
torque de 4,0 kgf.m a 2.350 rpm, com velocidade de 1,4 a 15,9 km/h. Com
câmbio de 6 marchas para frente e duas de ré, e possui sistema hidráulico para
levantamento de implementos. Somente no modelo 4x2 (figura E1 (a)).
b) 4230-4 - Com motor de dois cilindros de 1270 cm³, 30 cv a 3000 rpm, torque
máximo de 7,0 kgf.m a 2500 rpm. Com velocidades de 2,6 a 22,6 km/h. Também
tem sistema hidráulico para auxílio de tarefas. Possui modelo com tração 4x2 e
4x4 (figura E1(b)).

Figura E1 - À esquerda (a) trator marca AGRALE modelo 4100, e à direita (b), modelo
4230-4.

(a) (b)
Fonte: catálogo Agrale.
54

ANEXO C
Figura C1 – Escolha de correntes de rolos segundo a velocidade da roda dentada e a potência.

Fonte: SHIGLEY, (2005)


55

ANEXO D
Figura A1 – Matriz de seleção de rolamentos.

Fonte SKF 2012


56

ANEXO E
Figura B1 – Coeficiente de vida fh e exemplos de aplicações

Fonte NKS 2012


57

ANEXO F

PESQUISA PARA DESENSENVOLVIMENTO DE UM NOVO PRODUTO. PEQUENOS PRODUTORES.


NOME:_________________________________________CIDADE __________________________
LOCALIDADE ______________________________QUANTIDADE DE TERRA______ DATA__/__/__
1) O que você produz:
Hortigranjeiros? ( )sim ( )não. Quais_______________________________________________
Planta culturas anuais? ( )sim ( )não. Quais___________ _____________________________
Cultiva frutas para vender? ( )sim ( )não. Quais______________________________________
Cria animais? ( )sim ( )não. Para comércio ( ) ou consumo próprio( ). Quais_______________
Vende leite? ( )sim ( )não. Quantos litros por
dia?______________________________________

2 ) Aqui onde o senhor produz como é o clima no:


INVERNO: média de temperatura _____ chuva ______, é úmido ____, e solo fica ___________-.
PRIMAVERA: média de temperatura _____ chuva ______, é úmido ____, e solo fica _________-
VERÃO: média de temperatura _____ chuva ______, é úmido ____, e solo fica ____________-.
OUTONO: média de temperatura _____ chuva ______, é úmido ____, e solo fica ___________-.
3 ) O senhor possui algum equipamento mecânico para ajudar na agricultura?
( )trator, marca e modelo ____________________________________________potência_____
( )TOBATTA, marca e modelo _________________________________________potência_____
( )”Gerico”, marca e modelo __________________________________________potência_____
( ) tração animal________________________________________________________________

3 ) Quais implementos o senhor possui?


(...)arado ( )grade ( )plantadeira ( ) linhas ( ) pulverizador ( ) enxada rotativa(...)
encanteirador ( ) pé de pato ( ) reboque(transporte) outros _______________________
________________________________________________________________________
B ) Quais usa diariamente? Tem força suficiente para estas tarefas? S sobra, B bom, F fraco.
Preencher com letras, não usar X.(...)arado ( )grade ( )plantadeira ( ) pulverizador ( ), enxada
rotativa(...) encanteirador ( ) pé de pato ( ) ( ) reboque(transporte) outros _________
______________________________________________________________________
C ) Quais usa semanalmente? S sobra, B bom, F fraco(...)arado ( )grade ( )plantadeira
( )pulverizador ( ) enxada rotativa(...) encanteirador ( )pé de pato ( ) reboque(transporte)
outros ________________________________________________________________
D ) Quais usa mensalmente ? S sobra, B bom, F fraco
(...) arado quant.( ), ( )grade arado quant.( ), ( )plantadeira arado quant.( ), pulverizador
( ) arado quant.( ), enxada rotativa(...)arado quant.( ) encanteirador ( ) arado quant.( ), pé
de pato ( ) arado quant.( ), ( ) reboque(transporte) arado quant.( )outros __________
______________________________________________________________________________
D ) Quais usa anualmente? S sobra, B bom, F fraco
(...)arado quant.( ), ( )grade arado quant.( ), ( )plantadeira arado quant.( ), pulverizador
( ) arado quant.( ), enxada rotativa(...)arado quant.( ) encanteirador ( ) arado quant.( ), pé
de pato ( ) arado quant.( ), ( ) reboque(transporte) arado quant.( )outros _____________
________________________________________________________________________

4 ) Quais os valores com(não preencher em vermelho):


1. Combustível _______________________________ Média:____l/dia, R$ _______/ dia
2. Está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim
3. Manutenção ______________________________________ Média: R$ _______/ dia
4. Está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim
58

5. Insumos ________________________________________ Média: R$ _______/ dia


6. está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim.
7. Preço de venda dos produtos, HORTIGRANGEIROS ________________________
_____________________________________________________Média: R$ _______/ dia.
8. Está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim.
9. Culturas anuais _________________________________________ Média: R$ _______/
dia
10. está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim,
11. LEITE ______________________________________________Média: R$ _______/ dia
12. esta ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim.
13. OUTROS _______________________________________________Média: R$ _______/
dia
14. está ( )muito bom, ( )bom, ( )aceitável, ( )ruim

5 )Sobre sua cultura: Tipo de solo ______________________, necessita de canteiros


_____________, qual a largura mínima e máxima do canteiro _________ , o que produz
__________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6)Qual o valor que o senhor pagaria para um equipamento para auxiliar nas tarefas semanais.
(...)menos R$12000,00, ( )entre R$12000,00 e R$18000,00 ( )mais de R$18000,00 JUSTO
___________________________________________________________________________

7 )A manutenção do trator e implementos que faz _____________________________________


Sobra à troca de implementos é fácil troca?_____ o que é bom neste quesito?
______________________________________ o que poderia melhorar ________________________
____________________________________________________________________________.

8 ) Sobre velocidade:
1. na estrada máxima de 15 km/h ( )boa ( )mais, ( )menos. Quanto?________
2. mínima 2 km/h ( )bom ( )mais, ( )menos. Quanto?________
3. media para trabalho na lavora 7 km/h ( )bom ( )mais, ( )menos. Quanto?________

9 ) Sobre o trator de hoje destaque:


Pontos positivos:_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Pontos negativos: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
OBRIGADO PELA ATENÇÃO
59

ANEXO G

As figuras mostram todas as variações das gerações da moto CG 125 da Honda, do


modelo de 1972 ao modelo atual.

Figura F1 - 1ª geração e 2ª geração da moto CG125

Fonte: www.motoesporte.com.br

Figura F2 - 3ª geração e 4ª geração da moto CG125

Fonte: www.motoesporte.com.br

Figura F3 – 5ª geração e Geração atual da moto CG125

Fonte: www.motoesporte.com.br

Conforme imagens acima é possível perceber pouca variação da fixação da bandeja da


suspensão e amortecedor traseiros, pontos onde será fixado o kit MOTOTRATOR.
60

ANEXO H

O primeiro quadro H1 demostra a variação de velocidade (km/h) conforme a


variação de rotação (rpm) e marcha. Para esta configuração utiliza a configuração apresentada
no corpo do estagio com redução de 1 : 17,06 Assim no gráfico H1 apresenta os mesmos
dados porém nesta configuração fica mais visível a mesma velocidade pode ser atingida em
varias marchas.

Quadro H1 – Velocidade para relação 17,06


velocidade para relação 17,06(76/14-22/14-30/15)
rpm/ 4000 5000 6000 7000 8000
marcha
1º 3 3,73 4,48 5,22 5,97
2º 4,65 5,81 6,97 8,13 9,29
3º 6,16 7,7 9,24 10,78 12,32
4º 7,42 9,28 11,14 12,99 14,85
5º 8,68 10,85 13,02 15,19 17,36
Fonte: O autor

Grafico H1 – . Velocidade para relação 17,06

Velocidades
20
18
16
14 1º marcha
12 2º marcha
km/h

10
3º marcha
8
4º marcha
6
4 5º marcha
2
0
4000 5000 6000 7000 8000

Fonte: O autor

O quadro H2 demostra a variação de capacidade de tração da Mototrator para a


redução de 1 : 17,06, bem como o gráfico H2, apresenta os mesmo dados na forma de gráfico.
61

Quadro H2 – Capacidade de tração para relação 17,06


Capacidade de tração para relação 7,06(76/14-22/14-30/15)
rpm/ 4000 5000 6000 7000 8000
marcha
1º 562 599 588 551 416
2º 344 385 378 354 267
3º 282 290 285 267 202
4º 231 241 236 222 167
5º 194 206 202 189 143
Fonte: O autor
Grafico H2 – . Capacidade de tração para relação 17,06

Capacidade de tração
700
600
500 1º marcha
Quilogramas

400 2º marcha
300
3º marcha
200
100 4º marcha

0 5º marcha
4000 5000 6000 7000 8000

Fonte: O autor

Na simulação abaixo apresenta a nova configuração da redução da Mototrator,


alterando a roda dentada da saída de 13 dentes, no lugar da roda de 14 dentes original, em
consequência também foram alteradas as relações subsequentes conforme quadro H3.
Quadro H3 – . Roda dentada motora de 13 dentes, relação 1 : 15,79
7000 rpm motor movida motora relação rpm marcha
79,62 1º
1º estagio 70,00 13,00 5,38
231,47 5º
50,67 1º
2º estagio 22,00 14,00 1,57
147,30 5º
27,14 1º
3º estagio 28,00 15,00 1,87
78,91 5º
redução final 15,79487179
Fonte: O autor
62

No quadro H4 demostra a variação de velocidade (km/h) conforme a variação de


rotação (rpm) e marcha. Assim no gráfico H3 apresenta os mesmos dados porém nesta
configuração fica mais visível a mesma velocidade pode ser atingida em varias marchas.
Também são apresentados as capacidades de tração para esta redução no quadro H5 e
graficoH4
Quadro H4 – Velocidade para relação 15,79
velocidade para relação 15,79(70/13-22/14-28/15)
rpm 4000 5000 6000 7000 8000
marcha
1º 3,22 4,03 4,84 5,64 6,45
2º 5,02 6,28 7,53 8,79 10,04
3º 6,65 8,32 9,98 11,64 13,3
4º 8,02 10,02 12,03 14,03 16,04
5º 9,37 11,72 14,06 16,41 18,75
Fonte: O autor
Gráfico H3 – . Velocidade para relação 15,79

Velocidades
20
18
16
14 1º marcha
12 2º marcha
km/h

10
3º marcha
8
4º marcha
6
4 5º marcha
2
0
4000 5000 6000 7000 8000

Fonte: O autor
Quadro H5 – Capacidade de tração para relação 15,79
Capacidade de tração para relação 15,79(70/13-22/14-28/15)
rpm
4000 5000 6000 7000 8000
marcha
1º 478 545 544 510 385
2º 301 356 349 328 247
3º 240 268 264 247 187
4º 202 223 219 205 156
5º 178 191 187 175 135
Fonte: O autor
63

Gráfico H3 – . Velocidade para relação 15,79

Capacidade de tração
600

500

400 1º marcha
Quilogramas

2º marcha
300
3º marcha
200 4º marcha
5º marcha
100

0
4000 5000 6000 7000 8000

Fonte: O autor

Observou-se que pode se trabalhar em mais de uma relação de marcha com a mesma
velocidade, diminuindo a capacidade de tração. O trabalho em rotação alta, aliado a baixa
velocidade pode ocasionar um aquecimento maior do sistema. Assim as marchas mais
reduzidas será recomentado para utilização em curto período ou necessário um sistema de
troca de calor para o motor.
Devido usar a relação de marcha na caixa de marcha original da moto, nota-se que a
primeira marcha se difere muito em relação as demais.
64

ANEXO I

1- Desenho de montagem geral do conjunto Mototrator;


2- Desenho do eixo da roda;
3- Desenho do eixo superior;
4- Desenho do cubo de roda;
5- Desenho de usinagem de uma roda dentada;
6- Desenho da chapa lateral da estrutura da Mototrator.
65
66
67
68
69
70

ANEXO J

Tabela de alíquotas de impostos (Quadro I. 1) para indústria para o sistema de


tributação SIMPLES (vigência a partir de 01/01/2012), na qual a empresa Koller esta
enquadrada.
Quadro I.1 Tabela tributação sistema simples.

Fonte: www.normasleguais.com.br

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