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CAXIAS DO SUL
2013
FÁBIO ADRIANO KOLLER
CAXIAS DO SUL
2013
RESUMO
O presente trabalho apresenta o projeto de transmissão e redução para adaptação numa
motocicleta de 125 cilindradas de eixo traseiro estendido com duas rodas para uso agrícola.
Denominado Mototrator, o projeto em andamento é realizado na empresa Koller
Desenvolvimento e Gestão de Projetos. Para o projeto, foi executada uma pesquisa das
necessidades do cliente, definindo a capacidade de 500 kg de tração e custo final de
R$15.000,00 para aquisição entre outras. Assim foi definida a moto CG 125 da Honda como
base do projeto e a redução por corrente de elos. As etapas seguintes foram o
dimensionamento dos elementos, projeto em 3D e 2D e fabricação do protótipo. As
necessidades do cliente foram alcançadas, o custo ficou abaixo de R$15000,00 para 8
unidades mês, a adaptação da moto é viável. Suas etapas e resultados serão expostos neste
estágio.
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
1.2 A EMPRESA
A empresa conta com um projetista sênior e dois projetistas detalhistas para atender a
necessidade do cliente, com desenvolvimento de projeto, processo ou produção de produto.
Com uma rede de fornecedores, também executa protótipos podendo entregar soluções
completas.
O produto Mototrator tornara-se o primeiro produto próprio da empresa Koller. A
Figura 1 mostra um desenho preliminar do produto, com o eixo traseiro estendido para
montagem da terceira roda.
Este estágio limita-se ao sistema de redução do kit, ficando excluída a questão estrutural,
a necessidade ou não de transmissão de força a terceira roda e sistema de reversão de sentido
da mototrator (marcha ré).
1.3 JUSTIFICATIVA
A empresa Koller tem como objetivo entrar no mercado com um produto próprio.
Hoje presta serviços de projetos de transportadores e automação de processos industriais e
busca atender o mercado da agricultura de subsistência.
Segundo pesquisa da empresa Koller, no segmento de pequenos agricultores, a
compra de um trator é uma grande dificuldade para este consumidor. A principal dificuldade é
o valor de investimento, pois um trator pequeno e novo, hoje, tem o valor a partir de
R$36500,00. A empresa definiu que um valor ideal de investimento de um pequeno produtor
é de no máximo R$15000,00.
10
1.4 OBJETIVO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para uma operação suave com velocidades moderadas e altas, usualmente emprega-se
rodas de 17, 19 e 21 dentes, com uma boa vida útil e baixo ruído (Shigley 2005). Em
velocidades mais baixas podem ser usadas rodas com menos dentes.
Rodas movidas são geralmente padronizadas com até 120 dentes. As transmissões
mais usuais têm a relação de 6:1. Em relações maiores, afeta a vida útil da corrente.
As correntes são dimensionadas pela resistências dos seus dois principais
componentes: os elos e os rolos. Sendo os elos as placas laterais que ligam os rolos. Os
fabricantes de correntes elaboram tabelas comparando a potência e uma expectativa de vida de
15000 horas, baseada em uma roda motora de 17 dentes, conforme tabela do anexo C.
Para a elaboração de uma tabela devem ser considerando os seguintes parâmetros:
a) 15000 horas a potência nominal;
b) Fileira única;
c) Proporções ANSI;
d) Fator de serviço igual a um;
e) 100 passos no comprimento;
f) Lubrificação recomendada;
g) Máximo alongamento de 3%;
h) Eixos horizontais; e
i) Duas rodas dentadas de 17 dentes.
Com base na equação 2.1 determina-se a potência limite para fadiga da placa ou elo da
corrente, (Shigley, 2005).
14
( )
( ) ( )
Para a determinação do limite de fadiga para o rolo, usa-se a equação2. 2 (Shigley,
2005).
( ) (2.2)
Onde:
N1 = Número de dentes na roda dentada menor;
n1 = Velocidade da roda dentada menor, em rpm;
p = Passo da corrente, em polegadas;
Kr = 29 para corrente do modelo ANSI 25-35 e 17 para correntes ANSI 40 a
240.
Calculados os H1 e H2, é selecionado o menor fator encontrado entre os dois e a rotação
da rodada dentada motora, para se chegar ao modelo de corrente ANSI, segundo tabela do
anexo C.
A potência máxima admissível Hb para uma corrente é calculada através da equação 2.3
(Shigley 2005).
( )
Onde:
= Fator de correção para outro número de dentes roda dentada, ver quadro 2,
= Fator de correção de número de fileiras, ver quadro 3,
= Potência máxima para corrente ANSI (anexo C) selecionar o menor valor
entre em H1 ou H2.
Quadro2 - Fator K1 para roda dentada de 17 dentes
Número de K1 elo da K1 rolo da
dentes em corrente se corrente se
roda dentada H1<H2 H1>H2
11 0,62 0,52
12 0,69 0,59
13 0,75 0,67
14 0,81 0,75
15 0,87 0,83
16 0,94 0,91
17 1 1
18 1,06 1,09
19 1,13 1,18
20 1,19 1,28
Fonte: Shigley, 2005.
Para correntes com mais de uma fileira utiliza-se o fator K2 para correção.
15
(a) (b)
Fonte: Shigley, 2005
16
(a) (b)
Fonte: Shigley, 2005
São circuitos fechados entre motores hidráulicos alimentados por uma bomba de
vazão variável conforme figura 7. São mais comuns em aplicações de alta carga, como em
veículos para transporte de minério, retro escavadeiras de grande porte e implementos
agrícolas (Bianchi, 2009). Apesar da baixa eficiência, os sistemas hidráulicos proporcionam
valores elevados de torque força, flexibilidade do sistema entre bomba e motores, pois a
transmissão do fluido é através de tubos e mangueira. Fácil controle de velocidades através da
bomba variável ou de válvulas.
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2.8 ROLAMENTOS
a) Espaço disponível;
b) Cargas;
c) Desalinhamento;
d) Precisão;
e) Velocidade
f) Rigidez;
g) Montagem e desmontagem; e
h) Vedantes integrados.
O anexo D mostra as características qualitativas utilizadas na seleção de diversos tipos
de mancais de rolamento.
⁄
( ) (( ) ( )) (2.4)
Onde:
P1: Carga no rolamento equivalente (N);
C: Capacidade de carga básica dinâmica (N);
Para calcular P1, usam-se as equações 2.5 e 2.6, as quais calculam a carga equivalente.
Usa-se o maior valor encontrado entre as equações 2.5 ou 2.6, NKS (2012).
(2.5)
(2.6)
19
Onde:
: Carga radial (N);
: Carga axial (N);
Coeficiente de carga radial estática, conforme fabricante e modelo de rolamento;
Coeficiente de carga radial estática, conforme fabricante e modelo de rolamento;
A equação (2.7) se refere a rolamento de rolos:
⁄
⁄
( ) (( ) ( )) (2.7)
Neste processo, pode-se dizer que existem três áreas para fornecer a força para o
trabalho na horticultura. É esta a área em que o produto Mototrator estará inserido e as
informações abaixo foram retirada da pesquisa de mercado realizado pela empresa Koller:
Mecanização por trator de duas rodas ou trator de rabiça, como exemplo
desse equipamento, o mais conhecido é da marca Tobatta, existindo também
outras marcas. Estes são equipamentos mais indicados para o setor, porém
têm alto custo de aquisição. Com este sistema é possível formar canteiros,
21
3 DESENVOLVIMENTO
Esta etapa foi à busca de dados relevantes para estruturar o projeto. Pode-se citar a
pesquisa de mercado sobre a agricultura familiar e suas soluções, como também dados
técnicos da motocicleta CG125 utilizada para adaptar o kit mototrator e a situação atual de sua
transmissão.
Na sequência será exposto o quadro de identificação de problemas e atualização da
pesquisa e QFD.
Com o objetivo de analisar todo o ciclo de vida do produto a ser projetado, montou-
se um quadro de identificação dos problemas que auxiliaram nos pontos principais para o
desenvolvimento do projeto (Quadro 4).
Fonte: o autor.
25
O projeto Mototrator já está em andamento desde 2005. Para tanto, foi feito um
questionário em 2005, sendo que o mesmo foi atualizado em 2012 (anexo F). Em 2005, o
questionário foi aplicado a horticultores da região de Panambi-RS (6 pessoas), a pequenos
agricultores de Erechim–RS (8 pessoas) e a dois comerciantes de tratores também de
Erechim. Em outubro de 2012 foi aplicado o mesmo questionário a 4 agricultores da região do
Vale do Caí, nos municípios de Nova Petrópolis e Caxias do Sul. Dos últimos quatro
entrevistados, três mostraram interesse em adquirir o kit Mototrator, inclusive pondo sua
propriedade à disposição para teste do protótipo.
Para a elaboração da casa da qualidade foi aplicado um questionário ao público-alvo
e potenciais clientes da Mototrator. Esta pesquisa buscava levantar as necessidades gerais do
produto, os quais foram quantificados abaixo:
Pela configuração da casa da qualidade, pode-se correlacionar os itens mais
importantes para o projeto e clientes, classificados em grau de importância:
a) 15,5% - Custo de aquisição abaixo de R$15000,00;
b) 15,35% - Potência adequada em 12cv;
c) 13,6% - Projeto modular;
d) 13% - Pesar menos de 210 kg;
e) 8,5% - Vida útil maior que 10 anos;
f) 6,5% - Velocidade máxima de 16 km/h;
g) 6% - Velocidade mínima de 2 km/h;
h) 5,4% - Consumo médio abaixo de 4 litros por hora;
i) 5% - Torque maior que 280 kgf.m;
j) 4,6% - Largura entre rodas de 1200 mm;
k) 3,5% - Altura da viga mais alta 600 mm;
l) 1,7% - Estabilidade; e
m) 1,5% - Raio de giro menor de 6 metros.
Esta fase mostrou-se a mais importante do projeto, pois o contato com potenciais
compradores e usuários abre novos horizontes sobre o projeto, atividade essa que geralmente
não é vivenciada em boa parte das engenharias nas empresas locais.
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Estes dados gerais servem como informação para delimitar a solução da redução
específica da Mototrator, pois a mesma tem interferência sobre todo o conjunto.
É muito importante ressaltar que o número de pessoas envolvidas na entrevista foi
muito pequeno, podendo haver um desvio de opinião, que não representa a totalidade dos
clientes da Mototrator. Não foram entrevistadas mais pessoas devido ao tempo reduzido e
custos financeiros. Os dados levantados e as opiniões foram muito importantes para a
sequência do projeto.
Fonte: O autor
Com os dados da casa de qualidade classificamos os itens pelo grau de importância:
1. 14,7% Torque maior que 1500 N.m;
2. 11,9% - Custo de aquisição abaixo de R$15000,00;
3. 10,4% - Manutenção diária inferior menor que R$ 1,50 por dia;
4. 10,0% - Pesar menos de 210 kg;
5. 9,4% - Projeto modular;
6. 9,2% - Velocidade máxima com mais de 16 km/h;
7. 9,0% - Velocidade mínima com menor de 2 km/h;
8. 8,7% - Potência adequada em 12cv;
9. 8,3% - Vida útil maior que 10 anos e consumo médio;
Tendo como o custo muito representativo a transmissão e sua estrutura representa
70% do produto final.
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A potência é fator principal para todo o dimensionamento, neste capitulo irá ser
definida a utilização da moto Honda CG 125 que tem a potência de 11,6cv.
Projeto modular consiste em prever a instalação de opcionais para atender a
necessidades funcionais da Mototrator.
A delimitação do peso fica um pouco difícil chegar ao peso final, pois o projeto do
TCC se restringe apenas a transmissão e elementos estruturais deste item.
A vida útil maior de 10 anos se restringem a estrutura, porém tem itens que tem sua
vida útil afetada pelo seu uso, manutenção e lubrificação, como exemplos os rolamentos.
Os demais itens são pontos de partidas para o dimensionamento da transmissão,
como velocidade e torque.
Fonte: O autor.
Com a avalição acima foi optado pela transmissão por corrente por atender melhor as
características para fabricação e no trabalho em campo.
3.4 MOTO
A fonte de potência, que será utilizada é uma moto modelo popular da marca Honda,
CG125. Por ser uma moto de grande produção e baixo custo de manutenção, está entre os
primeiros modelos produzidos no Brasil e será o modelo utilizado neste estágio. Para
curiosidade, seu quadro é o mesmo de 1972 até 2003, conforme figura 9, e sua motorização
teve poucas mudanças durante sua vida. Em 2003, passou a oferecer também motor 150
cilindradas, sofrendo algumas mudanças estéticas no decorrer de sua produção, conforme
pode ser visto no anexo G.
Segue abaixo informações técnicas da moto HONDA, modelo CG 125 (Quadro 7),
retirado do manual de proprietário da mesma. Estas informações serão as principais fontes de
dados para dimensionamento da Mototrator, para ajuste de velocidades, dimensionamento de
transmissão entre outras informações inerentes ao projeto.
30
(1972) (2012)
Fonte: www.motoesporte.com.br.
Devido a pouca alteração mecânica e estrutural, torna-se um item importante para o
projeto Mototrator, bem como seu baixo custo de aquisição e manutenção. Conforme figura 9
é possível perceber pouca variação da fixação da bandeja da suspensão e amortecedor
traseiro, pontos onde será fixado o kit Mototrator.
Quadro 7 – Dado técnicos da moto CG 125
Item Valores Unidades
DIMENSÕES
Comprimento total 1.978 mm
Largura total 731 mm
Altura total 1053 mm
Distância entre eixos 1307 mm
Distância mínima do solo 170 mm
CAPACIDADE
Carga máxima 166 kg
MOTOR, Tipo 4 tempos, arrefecido a ar, OHC, monocilíndrico
Cilindrada 124,7 cm³
Potência máxima 11,6 a (8.250 rpm) cv
Torque máximo 1,06 a 6.000 rpm kgf.m
CHASSI / SUSPENSÃO
Suspensão dianteira (curso) 115 mm
Suspensão traseira (curso) 82 mm
Pneu dianteiro (medida) 80/100 – 18 M/C 47P
Pneu traseiro (medida) 90/90 – 18 M/C 57P
Freios dianteiro e traseiro (tipo) A tambor
TRANSMISSÃO (relacão)
Redução primária 1/3,350
1º marcha 1/2,785
2º marcha 1/1,789
3º marcha 1/1350
4º marcha 1/1,120
5º marcha 1/0,958
Redução final 1/3,067
Fonte: manual proprietário motocicleta Honda CG125 [HONDA, 2005].
31
Fonte: O autor
Esta última redução será alterada para aplicação no projeto mototrator. Para isso,
colheu-se mais detalhes:
1. A corrente tem passo de 12,7 mm, correspondente a uma corrente ANSI 40;
2. A roda dentada motora tem 14 dentes conforme foto 11(a); e
3. Roda dentada movida tem 46 dentes conforme foto 11(b).
Figura 11 – Roda dentada motora (a), movida(b).
(a) (b)
Fonte: O autor
32
Fonte: O autor.
O terceiro estágio é executado pelas engrenagens verdes. A engrenagem movida é
parafusada na roda; a roda, por sua vez, também está sobre o rolamento e sobre o eixo da
roda.
3.7. DIMENSIONAMENTO
Com o dado de torque podemos chegar a capacidade de tração na equação 3.2, onde
0,315 é o raio do pneu da moto.
( ) ⁄ (3.2)
No anexo H tem uma comparação dos dados como a roda dentada de:
14 dentes da saída da caixa e redução de 1 : 17,06;:
13 dentes na saída da caixa e redução de 1 : 15,75;
A utilização da roda dentada de 13 dentes na saída da caixa se torna praticamente
inviável, pois teria que mudar as furações dos parafusos de fixação no eixo da moto, isto fica
bem visível na figura 11(a). Sendo que o produto visa menor interferência possível com a
moto, sendo que retirando o kit Mototrator, o agricultor possa montar sua moto novamente.
A simulação da roda dentada com 15 dentes na saída da caixa resultaria em aumento
dimensional de todas as engrenagens, assim ficado mais pesada que a original de 14 dentes.
Com o sistema de redução calculada chega-se a capacidade de 540 Kg conforme o
esperado, assim o próximo passo será o dimensionamento dos modelos de correntes ANSI
utilizando a equação 2.1 para fator de fadiga do elo da corrente e a equação 2.2 para fator de
fadiga do rolo. O quadro 11 demonstra o valor de coeficiente de fadiga.
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pois o torque máximo do motor acontece em 7000 rpm). Os valores do torque foi obtido pela
rotação e diâmetro primitivo de cada roda dentada.
Figura 13 – Torque e força sobre os dois eixos
(a) (b)
Fonte: o autor.
3.7.2.1 Rolamentos
Na roda dentada ASA 40B 76 tem a carga de 3784 N. Nesta foi usado um rolamento
modelo de esfera rígido 6006 diâmetro 30mm, que tem a capacidade dinâmica de 13200 N.
Poderia ser usado um rolamento menor, porém o rolamento montado em conjunto tem que ter
este diâmetro. Utilizando a equação 2.4 para calcular a vida útil do rolamento chega-se a
20458 horas.
Para os cálculos da vida útil dos rolamentos foram utilizados o fator fh = 4 conforme
anexo C.
Na roda dentada ASA 80 15 no eixo da roda, tem a carga 7729N e foi usado o
rolamento 6206 com diâmetro interno de 30 porém com capacidade dinâmica de 19500 N. A
vida estimada desse rolamento é de 7758 horas.
No eixo superior nas rodas dentadas tem as cargas de 7836 N e 9590 N, é usado um
par de rolamentos 6206, com vida estimada de 6442 horas.
Já na roda da moto, do lado da roda dentada tem 9611 N + 1200 N = 10811 N sobre
o rolamento, neste ponto foi selecionado o rolamento 6207 que tem capacidade dinâmica de
25700 N em cada rolamento, com vida estimada de 20353 horas. Já na roda no lado do freio
foram usados dois rolamentos 6004 devido o alojamento do sistema de freio original da moto.
A carga utilizada neste ponto é de 6005 N, este rolamento tem capacidade dinâmica de 9400
N em cada rolamento. A vida estimada de 46470 horas.
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O rolamento com menor vida útil é o da roda dentada que transmite força para o eixo
superior, seu valor é de 6442 horas, na potência máxima e constante. Este tipo de veículo, ao
longo de sua utilização apresenta alguns picos de potência máxima, em seu funcionamento
normal a potência fica na média de 60% da total estimado. O valor de 6442 horas e o
equipamento ser utilizado 5 horas por dia, teria uma vida útil de 1288 dias ou 3,53 anos.
3.7.2.2 Eixo
Com os dados das cargas e os diâmetros internos dos rolamentos foram modelados os
eixo em 3D e após foram realizadas análises com o auxílio do software SOLIDWORKS
SIMULATION. O anexo H mostra desenho do eixo da roda e o eixo superior da transmissão
detalhados.
Na análise do eixo da roda (figura 14) o valor máximo é de 124 MPa para o material
SAE 4140 que tem limite de escoamento de 710 MPa após os tratamentos térmicos. Isto
representa um coeficiente de segurança de 5,72 .
Figura 14 – Análise de elementos finitos do eixo da roda.
Fonte: o autor
A figura 15 mostra a simulação do eixo superior da transmissão, o mesmo passou na
análise com ponto de concentração de tensão na região do raio do diâmetro menor, porém este
valor ficou e, 211 MPa para o material SAE 1045 que tem o limite de 530 MPa representa um
coeficiente de segurança de 2,511.
39
Fonte: o autor
A mesma consideração dos rolamentos pode ser aplicada nos eixos, pois os cálculos
foram em carga máxima, porém a Mototrator não trabalha constantemente em potência
máxima, sendo assim os rolamentos e eixos estão com um fator de serviço acima dos valores
encontrados. Com segurança estes itens estarão atendendo o serviço extremo deste
implemento agrícola.
3.8. DESENHOS EM 3D E 2D
Fonte: o autor
Após todos os ajustes necessários no modelo 3D foi executado o detalhamento em
2D, no qual gerou:
3 desenhos de montagem;
3 desenhos de montagem de conjuntos soldados;
24 desenhos de peças cortadas e dobrados em chapa, mais 24 desenhos em
formato DXF para corte a laser;
17 desenhos de peças usinadas.
No anexo I são apresentados alguns desenhos de detalhamentos da Mototrator.
41
4 RESULTADOS
Esta fase agregou uma grande experiência, pois a empresa é dedicada muito ao
projeto, não tem nenhuma estrutura para processos mecânicos internamente, sendo assim
foram terceirizados todos os componentes.
Para as peças em chapas foram orçadas em duas empresas, na forma de compra de
itens, na fase de orçamento levou 25 dias para ter retorno, depois de selecionado o fornecedor
(nesta situação foi levado em conta quem poderia entregar antes as peças). As peças foram
entregues em 15 dias. Foi notada uma dificuldade de conseguir encaixar peças de um
protótipo no seguimento de corte e dobra, pois não são peças seriadas, gerando uma
dificuldade para sua produção. Este longo período para execução destas peças ocasionou
atraso da montagem do protótipo em 30 dias.
Para as peças usinadas o fornecedor somente prestou serviço, assim foi realizada uma
lista de material para usinagem. Neste momento foi encontrado um problema na compra do
material do cubo da roda, assim mudou-se o projeto para um material maciço, alterando
também a chapa do aro da roda, para não ter muitas horas de usinagem não foi retirado todo o
material conforme o projeto original.
A montagem do conjunto foi realizada no laboratório da UCS. Esta fase constituiu
em pontear as chapas, montar os eixos, rolamentos e rodas dentadas, após a montagem final
do conjunto. O conjunto teve que ser desmontado para transporte.
Na compra das correntes o conjunto foi remontado, para conferência e ajustes
necessários. Na mesma data foi montado o pneu no aro da Mototrator e executado a solda
final em uma empresa especializada em solda.
Foi realizada uma montagem para verificação de montagem e ajuste após a solda. A
figura 17 mostra todas as peças e conjuntos antes da montagem e a figura 18 mostra o
conjunto montado antes da pintura. Com a montagem finalizada o conjunto foi novamente
desmontado para a pintura.
Após a pintura foi executada a montagem final e executado um suporte para teste e
apresentação, figura 19 mostra o produto final.
42
Fonte: O autor
Fonte:O autor
43
Fonte: O autor
R$
TOTAL 12.863,33
Fonte: O autor
Com os dados do custo de um Mototrator mais os custos fixos, chega-se ao custo por
unidade (Quadro 15, linha em cinza), nota-se a diluição dos custos fixos quando se aumenta
as unidades produzidas.
45
Para elaboração do preço final foi considerado a comissão para venda externa por
lojas e representantes de 7% , lucro da empresa de 10% e imposto de tributação do sistema
Simples. O percentual da alíquota de imposto varia conforme o faturamento dos últimos dozes
meses, conforme anexo J, os valores das alíquotas foram aplicadas conforme as cores. Com
isto chega-se o valor unitário de cada kit Mototrator, o preço de venda é representado no
quadro 15 na linha amarela.
Quadro 15 – Custo fixos mensais estimado.
Fonte: O autor
Para atingir o valor alvo de abaixo de R$15.000,00, soma-se o valor R$ 5.390,00 de
da moto CG 125 FAN (segundo o site http://www.honda.com.br/motos/Paginas/cg-125-
fan.aspx em 06/2013). O ideal seria uma produção de oito kit mensais que resultaria em um
produto no valor de R$ 14.550,00 com a moto nova e de R$ 11.500,00 com uma moto usada
com dez anos de uso estimado.
Estes valores são estimados para produção inicial, porém com o aumento da
produção estes valores tendem abaixar, por:
a) Abaixar os custos de produção;
b) Compra de itens em escala maior;
c) Processos internos (inicialmente solda e pintura);
d) Negociação com fornecedores;
e) Aumentando a produção representa diluição dos custos fixos.
a) O torque por dimensionado foi alcançado, com valor teórico de 1673,75 N.m ficou
acima de 1500 N.m;
b) O custo de aquisição abaixo de R$15.000,00 somente poderá ser alcançado com a
produção de 8 ou mais kits por mês;
c) Custo de manutenção há abaixo de R$ 1,50 diário, este valor não foi levantado nesta
fase, porém os materiais de manutenção, como rolamentos, correntes e lubrificantes
são de baixo custo, assim estima-se que este valor seja atingido;
d) Pesar menos de 210kg. Este poderá não ser atingido pois o prototipo ficou com 76 kg
e a moto pesa 120 kg, totalizando 196 kg sem a estrutura da terceira roda. Este item é
sugestão para trabalhos futuros;
e) Projeto modular, o projeto utiliza peças normalizadas, de fácil troca ou até mesmo
alteração de redução conforme necessidade do cliente;
f) Velocidade máxima acima de 16 km/h, por cálculos a velocidade a 7000 rpm é de
15,19 km/h, porém a moto atinge 8200 rpm, assim este valor será atingido;
g) Velocidade mínima de 2 km/h, este valor será alcançado quando a moto estiver com
2600 rpm;
h) Potência adequada de 12 cv, com a mecânica da moto CG125 a potência 11,6 cv bem
próxima dos 12 cv;
i) Vida útil de 10 anos apesar de Alguns rolamentos terão vida restrita há 3,5 anos
trabalhando a potência máxima, porém são itens de baixo custo e de fácil troca;
j) O consumo de 4 litros de combustível por hora somente poderá ser medido no teste do
protótipo final.
Sendo assim a grande maiorias das metas foram atingidas.
47
5 CONCLUSÃO
Com visão em um mercado com poucas e caras soluções para pequenos produtores o
produto Mototrator tem uma grande possibilidade de entrar no mercado. Mercado que tem
baixo poder de investimento, porém representa 77% dos produtores rurais e responsáveis por
30% da produção nacional, Na produção de leite, feijão, horticultura, aves, suínos entre outros
produtos, os pequenos produtores são responsáveis por mais 80% do mercado, destacando os
produtos que necessitam mais mão de obra.
Com um mercado amplo, principalmente no seguimento de horticultura o produto
Mototrator apresenta como uma solução de baixo custo e fácil manutenção, por usar como
fonte de potência a moto Honda CG 125, moto de grande produção no mercado, inclusive
muito comum no meio rural.
O desenvolvimento da redução se mostrou a solução bem ajustada, com uma boa
relação custo e técnica. Tecnicamente podem existir soluções melhores para a Mototrator,
porém o custo seria muito alto, saindo da realidade do seguimento, além da dificuldade de
manutenção própria em campo pelo usuário.
Outro item muito importante para o desenvolvimento do produto foi a pesquisa de
mercado. Apesar de um número muito pequeno de entrevistados, mostrou itens que estavam
despercebidos no projeto geral do produto. É muito importante entender as necessidades do
cliente. Muitas empresas não utilizam esta ferramenta ou mascaram a pesquisa para
desenvolvimento de seus produtos. Muitas vezes são executadas por pessoas sem
conhecimento técnico (principalmente por setores de marketing ou pessoas sem formação
técnica), pode sim ter pessoas de outras áreas, porém tem que ter engenheiros envolvidos para
transformar os dados em soluções técnicas.
A experiência agrícola do autor desse trabalho auxiliou no desenvolvimento do
produto.
O protótipo da transmissão se mostrou a solução ideal. A avalição final somente
poderá ter seu resultado com a montagem final do kit (a terceira roda), na moto, para teste de
campo.
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REFERÊNCIAS
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o cultivo de hortaliças em agricultura familiar. Circular técnica n. 47. Rio de Janeiro:
Embrapa, 2007. Disponível em <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/781607
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BEER, F.P.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros. 5.ed. São Paulo:
Pearson, 1994.
ROCHA, Francisco Eduardo de Castro. Semeadora de ervilha com mecanismo tipo rotor
vertical. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 9, n.27, p. 258-264, jul. 2003.
ANEXO A
Os modelos da Yanmar possuem o peso na faixa dos 400 kg, motor a diesel 4
tempos, com consumo específico de 195 gr / cv / h (TC14 figura D2) e 175gr / cv / h
(modelos de 16 cv), 8 velocidades avante e 2 a ré. A menor rotação da enxada rotativa é 213
rpm. A faixa de velocidades vai de 1,31 km/h até 15 km/h.
Figura D2 - Trator de rabiça da marca YANMAR modelo TC14 com enxada rotativa
ANEXO B
Modelos de tratores Agrale:
a) 4100 – Possui motor a diesel com um cilindro de 668cm³, 15 cv a 2700 rpm, com
torque de 4,0 kgf.m a 2.350 rpm, com velocidade de 1,4 a 15,9 km/h. Com
câmbio de 6 marchas para frente e duas de ré, e possui sistema hidráulico para
levantamento de implementos. Somente no modelo 4x2 (figura E1 (a)).
b) 4230-4 - Com motor de dois cilindros de 1270 cm³, 30 cv a 3000 rpm, torque
máximo de 7,0 kgf.m a 2500 rpm. Com velocidades de 2,6 a 22,6 km/h. Também
tem sistema hidráulico para auxílio de tarefas. Possui modelo com tração 4x2 e
4x4 (figura E1(b)).
Figura E1 - À esquerda (a) trator marca AGRALE modelo 4100, e à direita (b), modelo
4230-4.
(a) (b)
Fonte: catálogo Agrale.
54
ANEXO C
Figura C1 – Escolha de correntes de rolos segundo a velocidade da roda dentada e a potência.
ANEXO D
Figura A1 – Matriz de seleção de rolamentos.
ANEXO E
Figura B1 – Coeficiente de vida fh e exemplos de aplicações
ANEXO F
6)Qual o valor que o senhor pagaria para um equipamento para auxiliar nas tarefas semanais.
(...)menos R$12000,00, ( )entre R$12000,00 e R$18000,00 ( )mais de R$18000,00 JUSTO
___________________________________________________________________________
8 ) Sobre velocidade:
1. na estrada máxima de 15 km/h ( )boa ( )mais, ( )menos. Quanto?________
2. mínima 2 km/h ( )bom ( )mais, ( )menos. Quanto?________
3. media para trabalho na lavora 7 km/h ( )bom ( )mais, ( )menos. Quanto?________
ANEXO G
Fonte: www.motoesporte.com.br
Fonte: www.motoesporte.com.br
Fonte: www.motoesporte.com.br
ANEXO H
Velocidades
20
18
16
14 1º marcha
12 2º marcha
km/h
10
3º marcha
8
4º marcha
6
4 5º marcha
2
0
4000 5000 6000 7000 8000
Fonte: O autor
Capacidade de tração
700
600
500 1º marcha
Quilogramas
400 2º marcha
300
3º marcha
200
100 4º marcha
0 5º marcha
4000 5000 6000 7000 8000
Fonte: O autor
Velocidades
20
18
16
14 1º marcha
12 2º marcha
km/h
10
3º marcha
8
4º marcha
6
4 5º marcha
2
0
4000 5000 6000 7000 8000
Fonte: O autor
Quadro H5 – Capacidade de tração para relação 15,79
Capacidade de tração para relação 15,79(70/13-22/14-28/15)
rpm
4000 5000 6000 7000 8000
marcha
1º 478 545 544 510 385
2º 301 356 349 328 247
3º 240 268 264 247 187
4º 202 223 219 205 156
5º 178 191 187 175 135
Fonte: O autor
63
Capacidade de tração
600
500
400 1º marcha
Quilogramas
2º marcha
300
3º marcha
200 4º marcha
5º marcha
100
0
4000 5000 6000 7000 8000
Fonte: O autor
Observou-se que pode se trabalhar em mais de uma relação de marcha com a mesma
velocidade, diminuindo a capacidade de tração. O trabalho em rotação alta, aliado a baixa
velocidade pode ocasionar um aquecimento maior do sistema. Assim as marchas mais
reduzidas será recomentado para utilização em curto período ou necessário um sistema de
troca de calor para o motor.
Devido usar a relação de marcha na caixa de marcha original da moto, nota-se que a
primeira marcha se difere muito em relação as demais.
64
ANEXO I
ANEXO J
Fonte: www.normasleguais.com.br