Você está na página 1de 4

Agrupamento de Escolas

Dr. Mário Fonseca

Marca a página 10 Testes de avaliação


2021-2022

Teste de avaliação de Português – 10.º ano

Nome:________________________________________________________________ N.º _______

Avaliação: _________________Professora: ___________________

Grupo I

Lê os textos (A e B) apresentados e responde, de forma completa, coesa e coerente, às


questões apresentadas.

Texto A

Fui eu, fremosa, fazer oraçon,


non por mia alma, mais1que viss’eui2
o meu amigo, e, poi-lo non vi,
vedes, amigas, se Deus mi perdon,
gran dereit’ é de lazerar3 por en4,
pois el non vẽo, nen aver5 meu ben.

Ca6 fui eu chorar (destes) olhos meus,


1.mas;
Mias amigas, e candeas7queimar, 2.aí;
non por mia alma, mais polo achar, 3.lamentar, chorar;
e, pois non vẽo, nen odusse8 Deus, 4.gran dereit’é de lazerar por en: é muito justo
gran dereit’ é de lazerar por en, que sofra por isso;
5.haver;
pois el non vẽo, nen aver meu ben. 6.Porque;
7.velas;
Fui eu rogar muit’ a Nostro Senhor, 8.trouxe.
non por mia alma candeas queimar,
mais por veer o que eu muit’ amei
sempr’, e non vẽo, o meu traedor;
gran dereit’ é de lazerar por en,
pois el non vẽo, nen aver meu ben.
Afonso Lopes de Baião (CBN 738, CV 339), in TORRES, Alexandre Pinheiro, 1987. Antologia da Poesia
Trovadoresca. Porto: Lello & Irmãos (p. 64).

1. Resume a situação que motivou o estado emocional da donzela, fundamentando


atua resposta com citações do texto.

2. Transcreve os elementos linguísticos que identificam o destinatário das palavras do “eu” e


analisa o papel desempenhado por essa entidade.

3. Identifica os traços caracterizadores do “amigo” (v. 3) e relaciona-os com os sentimentos


expressos no refrão.
MPAG10DP © Porto Editora
Marca a página 10 Testes de avaliação

Texto B

Senhor, eu vivo coitada


vida des quando vos nom vi;
mais pois vós queredes assi,
por Deus, senhor bem talhada,
5 querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m’ir morrer.
Notas
ar (versos 6, 12 e 18) – então.
Vós sodes tam poderosa Ca (verso 19) – porque.
de mim que meu mal e meu bem de bem comprida (verso 16) – com muitas virtudes.
em vós é todo; [e] por em, des (verso 2) – desde.
10 por Deus, mia senhor fremosa, doer (versos 5, 11 e 17) – ter dó; condoer.
mais (verso 3) – mas.
querede-vos de mim doer por em (verso 9) – por isso.
ou ar leixade-m’ir morrer. sodes tam poderosa / de mim (versos 7-8) – tendes
tanto poder sobre mim.
Eu vivo por vós tal vida
que nunca estes olhos meus
15 dormem, mia senhor; e por Deus,
que vos fez de bem comprida,
querede-vos de mim doer
ou ar leixade-m’ir morrer.

Ca, senhor, todo m’é prazer


20 quant’i vós quiserdes fazer.

D. Dinis – Cancioneiro, edição de Nuno Júdice, Lisboa, Teorema, 1998

4. Identifica, neste poema, três características do género das cantigas de amor.

5. Transcreve as expressões que se referem aos atributos da dama, indicando as qualidades


que o trovador realça em cada uma delas.

Texto C

Escreve uma exposição, de 80 a 100 palavras, sobre os diferentes papéis que a Natureza
pode desempenhar nas cantigas de amigo.
A sua exposição deve respeitar as orientações seguintes:
− uma introdução ao tema;
− um desenvolvimento no qual indique dois dos diferentes papéis que a Natureza pode
desempenhar nas cantigas de amigo, fundamentando cada um deles com referência a poemas
lidos;
− uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
MPAG10DP © Porto Editora
Marca a página 10 Testes de avaliação

GRUPO II
Se te dizem que faças o que quiseres, a primeira coisa que parece aconselhável é que penses
com tempo e a fundo o que é aquilo que queres. Apetecem-te com certeza muitas coisas, amiúde
contraditórias, como acontece com toda a gente: queres ter uma moto, mas não queres partir a
cabeça no asfalto, queres ter amigos, mas sem perderes a tua independência, queres ter dinheiro,
mas não queres sujeitar-te ao próximo para o conseguires, queres saber coisas e por isso 5
compreendes que é preciso estudar, mas também queres divertir-te, queres que eu não te chateie e
te deixe viver à tua maneira, mas também que esteja presente para te ajudar quando necessitas
disso, etc. Numa palavra, se tivesses que resumir tudo isto e pôr sinceramente em palavras o teu
desejo global e mais profundo, dir-me-ias: «Olha, pai, o que eu quero é ter uma vida boa.» Bravo! O
prémio para este senhor! Era isso mesmo o meu conselho: quando te disse «faz o que quiseres», o 10
que, no fundo, pretendia recomendar-te é que tivesses o atrevimento de teres uma vida boa. (…)
Queres ter uma vida boa: magnífico. Mas também queres que essa vida boa não seja a vida
boa de uma couve-flor ou de um escaravelho, com todo o respeito que tenho por ambas as espécies,
mas uma vida humana boa. É o que te interessa, creio eu. E tenho a certeza de que não renunciarias
a isso por nada deste mundo. Ser-se humano, já o vimos antes, consiste principalmente em ter 15
relações com outros seres humanos. Se pudesses ter muito, muito dinheiro, uma casa mais
sumptuosa do que um palácio das mil e uma noites, as melhores roupas, os alimentos mais
requintados (…), as aparelhagens mais perfeitas, etc., mas tudo isso à custa de não voltares a ver
nem a ser visto – nunca – por um outro ser humano, ficarias satisfeito? Quanto tempo poderias viver
assim sem te tornares louco? Não será a maior das loucuras querermos as coisas à custa da relação 20
com as pessoas? Mas se justamente a graça de todas as coisas de que falámos assenta no facto de
te permitirem – ou parecerem permitir – relacionares-te mais favoravelmente com os outros! (…)
Muito poucas coisas conservam a sua graça na solidão; e se a solidão for completa e definitiva, todas
as coisas se volvem irremediavelmente amargas. A vida humana boa é vida boa entre seres humanos
ou, caso contrário, pode ser que seja ainda vida, mas não será nem boa nem humana. 25
Fernando Savater, Ética para um Jovem, 7.ª ed., trad. Miguel Serras Pereira, Lisboa, Presença, 2000

1. A característica essencial da vida humana é, segundo o autor, a


(A) ambição.
(B) neutralidade.
(C) imparcialidade.
(D) comunicação.

2. O conceito de educação implícito nas palavras do autor poderá traduzir-se pelo princípio da
(A) máxima liberdade para a mínima responsabilidade.
(B) mínima liberdade para a maior responsabilidade.
MPAG10DP © Porto Editora

(C) máxima liberdade para a máxima responsabilidade.


(D) mínima liberdade para a menor responsabilidade.
Marca a página 10 Testes de avaliação

3. O significado de «amiúde» (linha 3) é


(A) casualmente.
(B) frequentemente.
(C) invariavelmente.
(D) esporadicamente.

4. Na evolução das palavras “vida” (vita > vida) e “creio” (creo>creio) do latim para o português,
podemos identificar
(A) uma epêntese e uma vocalização, respetivamente.
(B) uma metátese e uma prótese.
(C) uma sonorização e uma epêntese.
(D) Uma vocalização, nos doisa casos.

5. As interrogações presentes no segundo parágrafo


(A) pretendem levar o recetor a refletir sobre a importância da comunicação humana.
(B) mostram que os bens materiais são importantes para a realização pessoal.
(C) reiteram a oideia de que é preciso refletir acerca da qualidade das relações humanas.
(D) Interpelam diretamente o recetor na ânsia de conseguir uma resposta.

6. O uso de dois pontos (linha 11) justifica-se por


(A) anunciar uma enumeração.
(B) introduzir uma explicação.
(C) preceder uma citação.
(D) anteceder um discurso directo.

7. A palavra “que” que ocorre na frase “Mas também queres que essa vida boa não seja a vida
boa de uma couve-flor ou de um escaravelho, com todo o respeito que tenho por ambas as
espécies, mas uma vida humana boa.” é

(A) um pronome nos doisas casos.


(B) uma conjunção nos dois casos.
(C) um pronome e uma conjunção, respetivamente.
(D) uma conjunção e um pronome, repetivamente.

8. Indica a função sintática pelo segmento sublinhado na frase “Mas também queres que essa
vida boa não seja a vida boa de uma couve-flor ou de um escaravelho […].

9. Relativamente ao excerto “[…] com todo o respeito que tenho por ambas as espécies, mas
MPAG10DP © Porto Editora

uma vida humana boa.”


9.1. indica a função sintática do segmento sublinhado.
9.2. a função sintática do elemento destacado a negrito.

Você também pode gostar