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Leia o seguinte texto de Dom Dinis. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado,
por ordem alfabética, nas Notas.
A Lírica Galego-Portuguesa (ed. Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos), 2.ª ed., Lisboa, Comunicação, 1985
Notas
Do que pôs comigo (v. 8): sobre aquilo que combinou comigo.
Pino (v. 1): pinheiro.
Sano (v. 14): saudável.
Seera vosc’ant’o prazo saído (v. 20): estará convosco antes de terminar o prazo.
4. Indique três características temáticas do poema que contribuem para a sua inserção no
género das cantigas de amigo.
Correção:
2. O «amigo» é referido pela donzela como tendo mentido, faltando a um juramento (v.
11), ou a um compromisso (v. 8). A essa infidelidade, que é imaginada pela própria
ânsia e saudade da donzela, é contraposta, pela voz atribuída às «flores do verde pino»,
uma atitude de fidelidade, pois, segundo essa voz afirma, ele voltará até mesmo antes
do prazo combinado.
3. A donzela sente temor pela sorte do «amigo», de quem não tem notícias, e cria um
interlocutor fictício para desabafar. A esse confidente imaginado – símbolo do seu
próprio amor – confessa a sua saudade e inquietação, e dele ouve a seguir o que tanto
deseja ouvir: que o amigo está bem e que voltará em breve. Essa personificação
benfazeja das «flores do verde pino» estabelece a comunhão da donzela com a
Natureza.
4. Na resposta, podem ser indicadas, entre outras, três das seguintes características:
– Representação de um sujeito poético feminino, como falante e como ouvinte;
– Lugar central dado à referência ao namorado ( «amigo», «amado» );
– Expressão, por parte da donzela, do desejo de um encontro amoroso;
– Interpelação da Natureza como confidente.
GLOSSÁRIO e notas
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
3. Explicite duas das razões que motivam a súplica do «eu», contida no refrão.
4. Analise o dístico final (versos 19-20), referindo-se a dois dos sentidos nele
presentes.
Correção
3. A súplica, contida no refrão, dirigida à «senhor» pelo sujeito poético assenta nas razões
seguintes:
− A infelicidade ( «coitada / vida» – vv. 1-2) que sente, desde que, por decisão da dama,
deixou de a ver;
− A dificuldade de viver sem a amada, dado o amor absoluto que sente por ela ( «meu
mal e meu bem / em vós é todo» – vv. 8-9);
− A vivência de um intenso sofrimento amoroso que provoca um estado de vigília
constante ( «Eu vivo por vós tal vida / que nunca estes olhos meus / dormem» – vv. 13-
15).
4. No dístico final (vv. 19-20), o sujeito revela a causa da sua infelicidade e da reiterada
súplica à dama, nomeadamente:
− A total submissão à vontade da dama ( «quant’i vós quiserdes fazer» – v. 20);
− A devoção amorosa, presente no comprazimento sentido perante a decisão da
«senhor», qualquer que ela seja («Ca, senhor, todo m’é prazer / quant’i vós quiserdes
fazer» – vv. 19-20);
− A afirmação de que a expressão do amor está totalmente dependente da sua dama;
− A esperança de que a súplica seja ouvida.
Exercício Exame- Cantigas de Escárnio e Maldizer
A Lírica Galego-Portuguesa, ed. de Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, 2.ª ed.,
Lisboa, Comunicação, 1985, p. 230.
NOTAS
Á sabor / de morrer i e des i d’ar viver (versos 11-12) – tem gosto em morrer neles e
depois voltar a viver.
Ém (verso 9) – isso (o assunto).
Faz i maestria (verso 10) – nisso mostra grande talento.
Nono (verso 14) – não o.
Per rem (verso 14) – por coisa nenhuma.
Por se meter por mais trobador (verso 4) – para se mostrar melhor trovador.
Qual oj’el á, pois morrer, de viver (verso 23) – que ele hoje tem, que é o de viver depois
de ter morrido.
Queno (verso 21) – quem o.
1. Com base na primeira estrofe do poema, explicite dois dos motivos pelos quais Roi
Queimado é alvo da sátira de Pero Garcia Burgalês.
Correção
1. Com base na primeira estrofe, Roi Queimado é o alvo da sátira de Pêro Garcia
Burgalês pelos seguintes motivos:
− Ter proclamado, nos seus cantares, a sua morte «por u~a dona que gram bem
queria» (v. 3), dado ela não corresponder ao seu sentimento amoroso (v. 5);
− Revelar o artificialismo da coita de amor subjacente às convenções do código de
amor cortês (vv. 6-7).
4. Na finda desta cantiga, o trovador reafirma as razões que motivaram a sátira a Roi
Queimado, apresentadas nas estrofes anteriores. Assim, conclui, em tom jocoso,
que também gostaria de receber de Deus esse poder de ressuscitar, embora saiba
muito bem, como Roi Queimado sabe, que não chega nunca a haver senão uma
morte fingida.