ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
A maioria das pesquisas realizadas sobre o assunto esta focada nas grandes
empresas que, normalmente, possuem melhor estrutura para a gestão de um processo de
mudança. Porém a realidade da maioria das pequenas empresas é bem diferente
(TOLEDO et al. 2008).
1.1. Objetivos
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estão presentes nos mais diferentes segmentos, optou-se por uma seleção aleatória de
empresas (que atendessem os critérios de enquadramento quanto ao número de
funcionários), buscando relacionar seu desempenho e resultados nos últimos anos com a
utilização ou não dos princípios da gestão de projetos.
1.2. Metodologia
A seguir foi feita pesquisa exploratória entre pequenas empresas com o objetivo
de identificar como a gestão de projetos era vista pelas mesmas e se era utilizada mesmo
que, de forma empírica pelos gestores. O estudo não foi feito com um segmento
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2. EMBASAMENTO TEÓRICO
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No Brasil existem cerca de 5,1 milhões de empresas. Desse total 98% é micro,
pequenas e médias empresas, representando 67% das ocupações e 20% do PIB do país. O
cenário projetado para as pequenas e médias empresas entre 2009 e 2015 indica uma
maior participação das mesmas nos diferentes setores. No setor Industrial micro,
pequenas e médias empresas serão 11% do total de empresas do setor. No setor de
Serviços representarão 34% e no Comércio 55% (SEBRAE/SP 2009).
O estudo identifica que entre as principais causas que levam ao fechamento das
empresas estão o comportamento empreendedor pouco desenvolvido, gestão deficiente
do negócio, falta de planejamento prévio, insuficiência de políticas de apoio, flutuações na
conjuntura econômica e problemas pessoais dos proprietários.
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São várias as definições de projetos. Maximiano (1997, p.20), por exemplo, define
projetos como “empreendimentos finitos, que têm objetivos claramente definidos em
função de um problema, oportunidade ou interesse de uma pessoa ou de uma
organização”. Para o PMI – Project Managment Institute (PMI-PMBOK, 2004, p.1) , assim
como para Keeling (2008, p.3), “projeto é um esforço temporário para criar um produto,
serviço ou resultado único”. Já segundo Duffy (2006, p.8)
Nas empresas, em geral, projeto se refere a um conjunto de atividades relacionadas
umas as outras, envolvendo habitualmente um grupo de pessoas que trabalham em
conjunto em alguma coisa que será realizada uma única vez, durante um período que
vai de um a dezoito meses.
Segundo o conceito das fases de um projeto Keelling (2008, p.13) diz que, “cada
fase tem suas próprias características e necessidades. À medida que o projeto vai
passando por essas fases, o montante cumulativo de recursos e tempo despendidos
aumentará e o prazo e recursos restantes diminuirão”.
Todo projeto deve ter início a partir de um conceito bem definido, ainda segundo
Keelling (2008, p.25) “um projeto é uma maquina de mudança”, assim o desenvolvimento
de seu conceito deve partir de uma necessidade identificada, discutida e avaliada. Um
conceito bem definido é o início do caminho para um projeto de sucesso.
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Um bom projeto deve ter um escopo claro e coerente. Isso acontece quando o
escopo esclarece sobre sua inserção no contexto em que terá lugar, isto é, sobre as relações
entre o projeto e a economia, a sociedade, as organizações; define o foco, as finalidades, o
objetivo e o produto ou serviço a ser gerado; estabelece a seqüência de atividades a serem
desenvolvidas; estima a provisão e o uso dos recursos e os custos a eles associados e
finalmente tem uma apresentação clara para que seja bem compreendido e aceito (THIRY-
CHERQUES, 2004, p.22).
Existem diversas justificativas para o sucesso ou fracasso de uma empresa, Penrose citado
por Vian, Pelegrino e Paiva (2008, p. 232) enfatiza que “existem firmas que não crescem
em decorrência da ineficiência administrativa, direção não empreendedora, inabilidade
para alterar circunstâncias sobre o seu controle e falta de recursos para investimento”.
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Estabelecendo objetivos
Quanto mais explicitamente os objetivos forem definidos, desde o início, menos
divergências existirão durante a execução. Segundo Duffy (2006, p. 20) “o sucesso ou
fracasso do projeto será determinado pela extensão em que os objetivos são realizados”.
Ao definir um objetivo, é importante considerar que ele seja: específico, mensurável,
expresso por ações, realista e com prazos de execução.
Orçamento
Todo projeto necessita de um orçamento bem estruturado, pois é ele quem traduz o que
foi planejado em valores mensuráveis que indicam o custo dos recursos necessários e o
retorno previsto ao longo de determinado período (DUFFY, 2006 p.52). Um orçamento
consistente e realista é uma ferramenta indispensável para o gestor, sendo que, é
importante ressaltar que os custos de um projeto se referem às mudanças implantadas e
não somente a gestão do mesmo.
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2.5. O risco
Por se tratar de algo novo, voltado para o futuro um projeto é cheio de incertezas. Se
perguntarmos o que pode dar errado em um novo projeto, certamente a resposta é tudo.
Porém, vale observar a definição de risco segundo o Guia PMBOK (PMI, 2004)
que traz uma quebra de paradigma muito útil quando aborda o risco como efeitos
positivos e negativos. A definição trata risco como “um evento ou condição incerta que, se
ocorrer provocará um efeito positivo ou negativo nos objetivos do projeto”.
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a sua necessidade, e quando implanta um projeto mais acessível acaba vendo seu
investimento se perder, pois não alcança os objetivos esperados e necessários.
Por se tratar de uma atividade criativa, para Thiry Cherques (2004, p. 23) “a
configuração de projetos não pode ser bem realizada apenas seguindo as instruções de
um texto” Ela depende tanto da inventividade e da experiência de quem executa como do
domínio técnico. Também não é um trabalho que se faça sem esforço e demora. Essas
características geram insegurança e desconfiança por parte do gestor que apresenta
grande resistência em investir seus recursos muitas vezes escassos em uma atividade
nova.
O empresário brasileiro, ainda tem que conviver com altas taxas de tributação a
que todos os cidadãos e empresas são submetidos, o que insere uma dificuldade adicional
no mercado competitivo – especialmente quando o nível de sonegação é elevado e a
concorrência torna-se um tanto desleal. Associe-se a isso uma má distribuição de renda,
que exige que as empresas tenham que se preocupar e investir seus recursos em inúmeras
políticas sociais e benefícios (transporte, saúde, alimentação, moradia) não cobertos pelos
órgãos governamentais. Isso exige dos pequenos empresários, habilidades no trabalho
com metas e resultados bem definidos (MENEZES, 2007 p. 22).
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O perfil da liderança é outro ponto que merece atenção especial. O papel do líder
ou gerente de projetos é fundamental para o sucesso e na pequena empresa muitas vezes
a liderança é exercida pelo próprio proprietário ou por uma hierarquia familiar, que se
não for bem administrada certamente levará ao fracasso e à criação de um ambiente
impróprio para a criação e desenvolvimento de projetos de sucesso. O líder precisa
encontrar um equilíbrio entre a preservação do patrimônio, reduzindo riscos, e o
envolvimento dos colaboradores, pois um projeto não se faz apenas com uma ou duas
pessoas.
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Foram pesquisadas nove empresas de atuação regional, de diferentes setores, sendo todas
classificadas como Pequena Empresa estando no mercado entre 1 e 10 anos. A formação
dos proprietários/administradores apresentou uma variação significativa indo desde
ensino médio completo à pós graduação.
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projetos, nas pequenas empresas esse tipo de conhecimento é restrito apenas à gerência
não sendo considerado no processo de seleção e contratação de funcionários, assim, nas
empresas pesquisadas o apoio e participação da equipe na criação e desenvolvimento de
novos projetos e mudanças varia entre o interesse, pouco envolvimento e resistência.
Implantação da Gestão de
Projetos
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e que muitas mudanças foram feitas sem a devida atenção aos fatores envolvidos. Todas
essas variáveis reunidas justificam os diversos fracassos e prejuízos decorrentes de
projetos mal administrados. Isso ratifica a importância da ferramenta em questão, já que,
para uma pequena empresa, muitas vezes um erro pode ser fatal e um projeto bem
administrado pode significar uma vantagem competitiva inigualável.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda organização que pretende prosperar deverá lançar mão de projetos, porém,
seria ilusão dizer que um projeto bem planejado e bem administrado é garantia de
sucesso, afinal vivemos cercados de fatores sobre os quais não temos controle algum,
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assim, o estudo tem a intenção de oferecer mais uma ferramenta que contribua para o
crescimento e desenvolvimento das pequenas empresas que tem um significativo papel
no cenário social e econômico do país.
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