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A autoavaliação como instrumento de regulação da aprendizagem

Isabel Antunes Vieira


Universidade Aberta
isavieira@netcabo.pt

Por ser uma componente indissociável do processo de ensino e aprendizagem,


a avaliação das aprendizagens dos alunos, e a forma como é implementada,
tem uma relação direta com o desenvolvimento do próprio processo.
Várias investigações têm apontado para a discrepância entre a legislação e a
sua implementação, mas também para algum distanciamento entre as
conceções e as práticas dos professores, na avaliação das aprendizagens dos
seus alunos, principalmente no que respeita à avaliação formativa ou avaliação
para a aprendizagem.
Delineando como problema de partida perceber se é possível ultrapassar as
dificuldades e conseguir promover aprendizagens nos alunos, a partir do
desenvolvimento, sustentado na autoavaliação, da sua capacidade de regular
as próprias aprendizagens, avançámos para uma investigação “estudo de
caso” centrada nos alunos.
Estabelecemos como objetivo da investigação obter informação sobre a
importância da autoavaliação, quer nas aprendizagens concretizadas quer na
adoção de uma postura de autorregulação.
Com o estudo de caso realizado na disciplina de inglês de uma turma de 10º
ano pretendemos verificar se e como isso acontece, dentro e fora da sala de
aula, de que forma é levado a cabo por esta professora e que efeitos produz
nestes alunos. Através da observação, do registo e da análise das interações
reais entre os alunos e entre os alunos e a professora, foi possível obter um
conjunto de dados qualitativos usando como instrumentos de recolha:
Um diário de campo – realizado a partir da observação participante;
Quatro Entrevistas com grupos focais - com as questões chave a serem
introduzidas a partir de situações fictícias.
Uma entrevista não estruturada com a professora - desenvolvida de acordo
com os objetivos definidos, decorrentes não só das questões de investigação
mas também das entrevistas com grupos focais.
Procedemos à análise dos dados com a ajuda do programa informático
Nvivo10 e recorremos à triangulação com o objetivo de confrontarmos a
informação obtida a partir das diversas fontes.
Sustentámos a nossa investigação num referencial teórico com os seguintes
pilares:
▪ O erro que ajuda a aprender quando não visa a punição;
▪ Feedback, oral e/ou escrito, com funções reguladoras;
▪ Explicitação/negociação dos critérios de avaliação;
▪ Recurso a instrumentos alternativos e diversificados de avaliação.
Depois de analisada a evolução da avaliação defendemos o seu uso como um
processo de assistência à aprendizagem, graças ao seu papel regulador.
Seria muito desejável que o aluno tradicional, outrora visto como um passivo
recetor de informação, desse lugar ao aluno da sociedade da informação e
comunicação capaz de fazer a regulação e gestão da sua própria
aprendizagem. Aprender a aprender será pois a capacidade a adquirir por cada
aluno, na formação básica, para dessa forma adquirir uma aprendizagem
estruturada e organizada e que permita uma gestão eficaz do tempo e da
informação tratada. A partir da conjugação das suas destrezas e das suas
vontades o aluno autorregulado é aquele que sabe como aprende, que está
motivado para o fazer, que conhece as suas capacidades bem como as suas
limitações e, a partir desse autoconhecimento, é capaz de controlar e regular
os seus processos de aprendizagem, de forma a que estejam adequados aos
objetivos a alcançar em cada tarefa, em sintonia com o contexto em que esta
decorre. Através da autorregulação será possível ao aluno desenvolver uma
aprendizagem autónoma e proativa onde, a partir da mobilização das suas
características pessoais, as suas emoções, motivações e cognições, será
capaz de desenvolver estratégias assertivas que, por sua vez, maximizarão a
sua aprendizagem.
A investigação realizada veio confirmar o que já tinha sido analisado pelo
referencial teórico com a particularidade de veicular a opinião de alunos sem
experiências anteriores no que à autoavaliação das aprendizagens diz respeito.
A principal razão que impõe uma alteração na forma como se trabalha na
escola é, sem dúvida, a necessidade de promover o sucesso. Em nosso
entender promover o sucesso significa que todos e cada um dos professores
da escola terá que trabalhar de forma a que todos e cada um dos seus alunos
aprenda a aprender, sendo que esta aprendizagem deverá estar sustentada
pelos quatro pilares da educação que a UNESCO elegeu para o século XXI:
Aprender a conhecer; Aprender a fazer; Aprender a conviver; Aprender a ser.
As estratégias de mudança das práticas de avaliação, por si só, não serão
eficazes se não fizerem parte de uma mudança das práticas na sala de aula e
das expectativas e crenças que os professores possuem relativamente ao
ensino e à forma de ensinar, bem como às crenças que possuem sobre as
capacidades de aprendizagem dos alunos. A eficácia e a eficiência da
avaliação, enquanto tarefa coletiva, só ocorrerão se esta for feita de forma
interativa entre o aluno e o professor.

Perguntas
Qual o papel a desempenhar pelo professor num processo de ensino e
aprendizagem que considera a autoavaliação indispensável ?
Ele orienta o aluno no desenvolvimento das suas aprendizagens porque o
ajuda a selecionar, a pesquisar, mas também lhe dá os critérios de avaliação e
os feedbacks.

Qual a grande mais-valia para o aluno que se autoavalia?


A autoavaliação possibilita ao aluno o exercício do protagonismo no processo
de ensino e aprendizagem e, a partir daí, uma maior responsabilização na
construção da sua aprendizagem. Este envolvimento responsável do aluno vai
proporcionar-lhe uma maior autonomia face ao professor e estimula os
comportamentos autorregulatórios.

Porque se deve desenvolver a autorregulação do aluno?


Através da autorregulação será possível ao aluno desenvolver uma
aprendizagem autónoma e proativa onde, a partir da mobilização das suas
características pessoais, as suas emoções, motivações e cognições, será
capaz de desenvolver estratégias assertivas que, por sua vez, maximizarão a
sua aprendizagem.

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