O documento descreve a história comercial e monetária da Ásia Central durante a pré-história e antiguidade, incluindo o desenvolvimento do nomadismo, especialização econômica entre nômades e sedentários, e o estabelecimento de rotas comerciais que conectavam a região ao Império Aquemênida, Império Macedônico e Império Selêucida.
O documento descreve a história comercial e monetária da Ásia Central durante a pré-história e antiguidade, incluindo o desenvolvimento do nomadismo, especialização econômica entre nômades e sedentários, e o estabelecimento de rotas comerciais que conectavam a região ao Império Aquemênida, Império Macedônico e Império Selêucida.
O documento descreve a história comercial e monetária da Ásia Central durante a pré-história e antiguidade, incluindo o desenvolvimento do nomadismo, especialização econômica entre nômades e sedentários, e o estabelecimento de rotas comerciais que conectavam a região ao Império Aquemênida, Império Macedônico e Império Selêucida.
BARISITZ, Stephan. Central Asia and the Silk Road; economic rise and decline over several millennia, 2017. FRYE, Richard N. Sassanian-Central Asian trade relations, 1993. HALL, Thomas D. The Role of Nomads in Core-Periphery Relations. In: CHASE-DUNN, Christopher; HALL, Thomas D. Core-Periphery Relations in Precapitalist Worlds, 1991. KURBANOV, Aydogdy, The Hephthalite numismatics, 2013. ZEIMAL, E. V. The circulation of coins in Central Asia during the Early Medieval Period (fifth – eigth centuries A.D.), 1994. Conceitos BARFIELD: Estratégias nômades: - Externa: aterrorizar as cortes dos impérios sedentários, alternar períodos de guerra e de paz para aumentar os tributos sucessivamente enquanto evitam tomar terras ou lidar com políticas imperiais chinesas. - Interna: sutis e desenvolvem-se a partir da dissolução de confederações nômades. Uma facção mais fraca da confederação alia-se aos oficiais sedentários contra o líder da confederação. Os sedentários concordam, auxiliando a facção nômade contra seus rivais a partir de apoio militar ou do corte de tributos aos outros grupos. A facção vitoriosa (geralmente a que buscou apoio sedentário) pode unificar as estepes e continuar a estratégia externa (descrita no ponto anterior) ou manter os grupos nômades separados, dominar uma região específica e monopolizar o fluxo de tributos. - Esses modelos representam sincronia e causalidade entre impérios sedentários fortes gerando confederações nômades como resposta e vice-versa (exemplo chinês). OLSON, 2000: Nomadismo estacionário (monopólio de parte de rota comercial) ou itinerante (pilhagem). KHAZANOV: Nomadismo como economia de subsistência; rebanhos são propriedade privada e meio de troca; pastos e água são propriedade pública regulada pelos líderes. ROSSABI: Organização social nômade (clã; tribo; confederação) parte das necessidades de arbitrar conflitos, migrações, territórios, acesso a pastos e água. Conceitos LEBEDYNSKY define os nomadismos: - Migratório: não-sazonal, move todo o povo e é realizado em contextos específicos (grandes movimentações populacionais). Deriva de fatores climáticos, demográficos ou políticos. - Territorial: regiões específicas, sazonalidades, acordos entre os grupos com fronteiras naturais e assentamentos ou fortificações semi-permanentes durante invernos. Esses assentamentos abrigariam enfermos, idosos, crianças, escravos, artesãos e comerciantes e poderiam tornar-se capitais de proto-Estados ou Estados nômades. É a forma mais comum de nomadismo. - Imperial: deriva do territorial e corresponde à situação de confederação. Geralmente ocorre em períodos guerra contra ameaças externas significativas que requerem coesão das tribos. Ocupação/anexação dispensável. Adaptação à vida semi-nômade para manutenção do império. Gerava variedade econômica. Ásia Central durante a pré-história e a antiguidade clássica 6.000 – 4.000 a.C.: - Domesticação gradual de bovinos e presença de agricultura. - Ocupação das porções sul (Turcomenistão, Afeganistão e Paquistão) e norte (Cazaquistão), com desertos entre as regiões. - Norte conectava as estepes mongólicas e pônticas (Hiperbórea / Cítia / Sarmácia Européia = sul da Ucrânia). - Sul conectava-se ao planalto iraniano e ao subcontinente indiano. 3.000 – 2500 a.C.: Domesticação de equinos e impactos sociais: - Avanço do nomadismo no norte - Estratificação social Ásia Central durante a pré-história e a antiguidade clássica Era do Bronze: - Sul: 2.500 – 1.250 a.C.: - Irrigação artificial e aragem geram oásis proto-urbanos e divisão urbana do trabalho. - 2.000 a. C.: Cultura Oxos. - Estabelecimento de relações com Mesopotâmia e China. - Contato com nômades do norte (cultura do Andronovo). - Norte: 1.800 – 1.000 a.C.: - Montarias (cavalos e camelos) permitem transportes de longas distâncias e uso bélico. - Planalto cazaque rico em cobre e estanho, permitindo avanço da metalurgia. - Pecuária dominante (equinos, caprinos, suínos e bovinos). - Andronovo chega às estepes pônticas. - Estratificação social gerando elite marcial masculina. - Cadeias de vilarejos e fortes conectando as estepes. - Cultura regional com nomadismo parcial. Ásia Central durante a pré-história e a antiguidade clássica Resultados gerais e início da Era do Ferro: - Mudanças climáticas, superpopulação, avanços tecnológicos e busca por recursos incentivam migrações.
- 1.000 a.C.: Citas,
Massagetas, Scas, Tocarianos, Cimérios e cidades-Estado de Merv, Samarcanda, Bactra e Khodzhent. Ásia Central durante a pré-história e a antiguidade clássica Era do Ferro: - Sul: 1.250 a.C.: - Expansão da coesão social a partir da construção e manutenção de infraestrutura (irrigação e defesa) gerando cidades-Estado que tornavam-se capitais e dominavam a região de oásis civilizacional ao redor. - Não houve cidade-Estado hegemônica. - Excedente agrícola permite expansão comercial e gera superpopulação. - Manufatura artesanal e comércio com o planalto iraniano. - Norte: 1.000 a.C.: - Nomadismo montado em larga-escala. - Tecnologias adequadas à equitação (calças, selas). - Migrações sazonais para norte/planaltos no verão e para sul/planícies no inverno. - Especialização econômica extrema gera dependência de fontes externas para a produção de bens inviáveis no estilo de vida nômade (vegetais, minérios, manufaturas específicas, tecelagem). Ásia Central durante a pré-história e a antiguidade clássica Resultados da Era do Ferro: - Especialização produtiva dos nômades: gado, montarias, carne, laticínios, couro. - (...) dos povos sedentários: grãos, têxteis, minérios. - Citas chegam às estepes pônticas, estabelecem um estilo nômade parcial (sedentário entre o Danúbio e o Dneipr, nômade a leste do Dneipr) e contato com colônias helênicas. - Período de coexistência (1.000 – 800 a.C.) seguido de agressividade nômade (estratégia externa citada por HALL) com extração de tributos e saques. Ásia Central durante a antiguidade clássica Precursores da Rota da Seda: - 1.500 a.C.: Rotas comerciais conectando Cidades-Estado com o planalto iraniano e China, porém sem comércio intercontinental de fato. - Contato significativo com povos exteriores: persas, helenos e chineses. Gera especialização produtiva e divisão do trabalho. Império Aquemênida (559 – 330 a.C.): - Ciro II conquista sudoeste da Ásia Central (Bactria, Sogdiana) e estabelece satrápias. - Relativa autonomia política e altos tributos. - Tributação em prata, grãos, gado, lazurita, ouro ou serviço compulsório. - Bimetalismo aquemênida (tributos pagos em prata, gastos públicos específicos pagos em ouro). - Rios de propriedade do imperador, com vilas/tribos pagando ao administrador local pela liberação de água dos diques, que era fiscalizada. - Grandes centros comerciais (Merv, Samarcanda) passam a cunhar suas próprias moedas em complementação à aquemênida. Ásia Central durante a antiguidade clássica Império Aquemênida (559 – 330 a.C.): - Falta de clareza na distinção entre tesouro real e estatal. - Acúmulo de metais nas reservas reais. - Investimento em infraestrutura (estradas, sistema postal e irrigação subterrânea). - Políticas monetária e fiscal excessivamente restritivas: altos tributos, acúmulo de metais não-cunhados. - Nômades não-incorporados do norte (sacas, citas, massagetas) como ameaças constantes. - Revoltas por insatisfação culminam em independência de fato na Bactria, restringindo o comércio. Ásia Central durante a antiguidade clássica Império Macedônico (330 – 323 a.C.): - Domínio territorial inferior ao Aquemênida com a manutenção das satrápias. - Destruição de Samarcanda - Fundação de Alexandrias (Bactriana e Mergiana) e colonização helênica. - Expansão monetária a partir de cunhagem em massa dos metais de reservas reais aquemênidas. - Moeda única conectando Europa e Ásia. - Relação simbiótica com nômades (sacas). Império Selêucida (323 – 250 a.C.): - Expansão territorial e manutenção das satrápias. - Monetização em massa na Ásia Central austral. - Tributos em forma de moeda, espécie ou serviço compulsório. - Colonização helênica gera crescimento populacional e produtivo (ergarteries). - Impulso econômico resultante da estabilidade política, da expansão monetária iniciada por Alexandre e do crescimento produtivo e populacional fruto da colonização helênica. Ásia Central durante a antiguidade clássica Império Selêucida (323 – 250 a.C.): - Expansão comercial: têxteis, fragrâncias, metalurgia, cerâmica. - Rotas comerciais principais: - Norte: Punjab – Hindu-Kush – Bactria – Amu Dária – Mar de Aral – Mar Cáspio – Mar Negro – Europa. - Central: (...) Bactria – Pérsia – Selêucia – Levante – Anatólia – Europa. - Sul: Índia Ocidental – Golfo Pérsico – Rio Tigre – Selêucia – (...). - Inflação resultante da expansão excessiva e afrouxamento da política monetária. Ásia Central durante a antiguidade clássica Império Parta (247 a.C. – 224 d.C.): - Independência total atingida após o enfraquecimento selêucida com a batalha de Magnésia (190 a.C.) e decadência do império. - Dinastia Arsácida (parta) mantém organização administrativa ainda mais descentralizada. - Tributações em forma de serviço compulsório, sobre terras e comércio. Reino Greco-Báctrio (250 – 150 a.C.): - Cultura urbana muito desenvolvida e helenizada, cunhagem em larga-escala. - Império Xiongnu força migrações que destroem o Reino. Império Parta conquista as ruínas. Ásia Central durante a antiguidade clássica Império Xiongnu (200 a.C.): - Fundado por Mao-dun pouco após 200 a.C. na Mongólia. - Surge de confederação em resposta à unificação chinesa (estratégia externa de HALL). - Nomadismo imperial de Lebedynsky. - Rapidamente conquista o Turquistão Oriental (Xinjiang) - Manchúria, Sibéria e Turquistão Oriental. - Economia baseada em pastoralismo, caça e agricultura (de forma secundária). - Utilização de agentes imperiais sedentários para extração de tributos (HALL). - Sistema heqin (paz e amizade) estabelecido com vitória sobre a dinastia Han. - Pagamento de tributos anuais em forma de seda (moeda chinesa), grãos, vinho e outros alimentos. - Reconhecimento dos império Xiongnu e Chinês/Han igualmente como Estados. - Continuação de pilhagens/incursões Xiongnu. - Muralha definida como fronteira. - Início da Rota da Seda: comércio através de Tarim conectando Oriente e Mediterrâneo. Ásia Central durante a Antiguidade clássica - Incentivo ao comércio de longa distância através do patrocínio / proteção de mercadores por parte dos nômades Xiongnu. Império Han: - Discurso invertido no qual os pagamentos de tributos aos Xiongnu eram “presentes” aos “bárbaros que vinham prestar homenagem ao Imperador”. - Estratégias nômade interna e chinesa de “bárbaros contra bárbaros”: Han forma alianças com os Yuezhi, que foram expulsos do território anterior pelos Xiongnu. - Missão diplomática Han à Ásia Central liderada por Zhang Qian. - Imperador Han Wudi (141 – 87 a.C.) abandona a política heqin e vence os Xiongnu após a incorporação de cavalarias (locais) ao exército chinês. - 105 a.C.: Reino de Fergana (semi-nômades Sogdianos e nômades Sacas) é vassalizado e devia pagar tributos anuais em forma de cavalos. - Início direto da Rota da Seda: em 105 a.C., impérios Parta (Arsácida) e Chinês (Han) trocam missões diplomáticas e estabelecem comércio bilateral através do Império Kushan. Ásia Central durante a Antiguidade tardia Situação do comércio e dos meios de troca na Ásia Central durante a Antiguidade tardia: - ZEIMAL (1994) afirma que, até o quinto século d.C., as “moedas” na Ásia Central eram produções locais ou “imitações bárbaras” cunhadas em cobre ou prata, “símbolos de valor” e não “moedas correntes” no sentido político-econômico. Seu valor era definido e reconhecido localmente. - Comércio entre sassânidas, chineses e indianos. - Moedas de cobre chinesas presentes a partir de, aproximadamente, 200 a.C., sem valor metálico fora do império Han (FRYE, 1993). - Moedas partas/sassânidas cunhadas em prata e com valor intrínseco fora do império, amplamente aceitas como meio de troca na Ásia Central. - Merv era cidade de cunhagem sassânida durante o início do século V, eventualmente tendo uma longa pausa com conflitos entre sassânidas e heftálitas sobre a região até 488. A cunhagem de prata foi substituída pela de cobre. - Cunhagem heftálita em prata e relativa à cultura local (KURBANOV, 2013): - Moeda da Bactria com inscrições em báctrio; no Paquistão com inscrições em brahmi; na região de Cabul com inscrição em pahlavi (parta/persa). Ásia Central durante a Antiguidade tardia Situação do comércio e dos meios de troca na Ásia Central durante a Antiguidade tardia: - Prata heftálita era inferior à sassânida. - Ouro era mais valioso na Índia e prata na Ásia Central. - “Era dourada” da Ásia Central durante o período Sassânida tardio e islâmico inicial. - Nômades centro-asiáticos passam a utilizar ouro em comércio em vez de arte devido ao alto valor na Índia. - Mercadores sassânidas passaram a dominar o comércio na região e os mercadores do califado, herdando essa posição, facilitaram a propagação do Islã. Período Islâmico: - Até o século XVIII d.C. havia moedas locais e imitações que complementavam o uso de meios de troca islâmicos persas ou árabes. - Por volta de 760 d.C. as moedas locais (próprias ou imitações de dracmas sassânidas) foram gradualmente extintas e substituídas por moedas islâmicas.
BERG, Isabela - O Ambiente Dos Monumentos, A Paisagem Dos Ambientes Uma Leitura Do Pensamento e Da Prática de Gustavo Giovannoni Na Tutela de Sítios de Valor Patrimonial