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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE

Resenha do Texto: Terras Indígenas


João Pacheco de Oliveira

Aluno: Lucas dos Anjos Silva


Disciplina: Antropologia Jurídica
Docente: Leonardo Leal Esteves

Recife – PE
2021.1
No texto, João Pacheco de Oliveira, nos faz refletir sobre o entendimento do que
seria uma Terra Indigena e que não seria necessariamente a vinculação natural de
determinada população a um determinado lugar ou apenas a concepção nativa de
territorialidade inscrita nas práticas e na cosmologia de determinada população.
Terra Indigena poderia ainda ser conceituada como uma unidade territorial definida
juridicamente e criada por meio de procedimentos administrativos, com vistas a
garantir a determinado grupo um espaço geográfico para uso e reprodução social.

Em vez de concepções divergentes e sociologicamente ingênuas para definir a


natureza dos territórios indígenas, Pacheco de Oliveira buscou investigar como o
Estado brasileiro regulava e criava territórios estatais destinados às populações
indígenas. Observou que existe uma expectativa de que as terras indígenas
correspondam às concepções dos nativos desse espaço, mas os processos de
criação de territórios levados a cabo pelo Estado são resultado de propostas,
legislações, interesses e estratégias territoriais que raramente expressam a
representação fidedigna do que os grupos indígenas entendem como sendo seu
próprio território.

Analisou o conjunto de mecanismos contidos dentro da ação estatal na criação de


territórios indígenas, bem como as estratégias e compulsões que são utilizadas e
intervém sobre os indígenas e suas coletividades nas definições dos direitos
territoriais, procurou refletir sobre a enorme distância entre direitos potenciais -
amplas extensões de terra utilizadas no passado - e direitos efetivamente adquiridos
- áreas indígenas reconhecidas e regularizadas.

As noções de habitat e territorialidade, encontradas em Diretivas Administrativas,


Relatórios Antropológicos e Interpretações Legais, acabam naturalizando e
simplificando as relações de territorialidade, como se fossem constituídas apenas
por costumes de instituições que passam por processos adaptativos que geram
mudanças históricas significativas com incorporação e perda de cultura, mas sem
analisar as ações estatais - processos administrativos - responsáveis por essas
adaptações nos costumes ao longo do tempo.

A criação de uma terra indigena ocorre através de circunstâncias contemporâneas e


concretas, sempre relacionada a forças e pressões adversas, contrabalançadas por
reconhecimento de direitos e suporte político, não correspondendo de forma alguma
à expressão da vontade dos membros dessa coletividade. A definição territorial
jamais terá um caráter estático final, modificando-se segundo os contextos históricos
e as conjunturas políticas locais, variando inclusive em suas afirmações internas e
de acordo com os diferentes projetos étnicos ali desenvolvidos.

Os processos históricos pelos quais os indígenas passam ao assegurar um território


para uso e reprodução social, se definem como um conjunto de ações sociais, por
meio das quais um objeto político-administrativo - comunidade indígena - é
conduzido a transformar-se numa coletividade organizada, formulando uma
identidade própria, instituindo mecanismos de tomada de decisões e de
representação, bem como reestruturando as suas formas culturais.

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