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PEC Educativo
Comum
Projeto
PEC Educativo
Comum
EDIÇÃO ATUALIZADA
2021- 2025
Rede Jesuíta
de Educação
Pe. Mieczyslaw Smyda, S.J.
PROVINCIAL DOS JESUÍTAS DO BRASIL
ISBN: 978-65-5504-107-1
21-72701 CDD-370.11
Rede Jesuíta
de Educação
E SC O L A
A P
P
DR
E
E AR RU
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1. PRESSUPOSTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 - ENCAMINHAMENTOS E CRONOGRAMA
DE IMPLEMENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
ABREVIATURAS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
GLOSSÁRIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
ANEXOS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
i. Acordos de Boston – ICJSE, 2012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
ii. Declaração Final do SIPEI, 2014.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
iii. Acordos Finais do Congresso JESEDU – Rio, 2017. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
iv. Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI, 2019.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
v. Cronologia do Apostolado Educativo da Companhia de Jesus. . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
vi. Colégios Jesuítas a Serviço de Nossa Missão Universal:
Uma Perspectiva Integral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
vii. Documentos Pedagógicos da Igreja Católica e da
Companhia de Jesus.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
viii. Dados Organizacionais da Edição do PEC de 2016.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
ix. Aprovação do PEC 2016.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
x. Apresentação do PEC 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
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nhia de Jesus, Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI e Preferên-
cias Apostólicas Universais 2019-2029, além de traduzir os demais docu-
mentos institucionais que já estavam presentes no primeiro documento.
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Missão
Princípios e Valores
1 - Amor e serviço
A experiência radical de sermos criados por Deus, no seguimento a
Jesus Cristo, impele-nos a uma resposta encarnada por meio da atuação
no mundo, em que colocamos nossos dons a serviço dos demais.
2 - Justiça socioambiental
Deus nos chama ao movimento contínuo de reconciliação com Ele,
com a humanidade e com a criação, colaborando para a construção
de uma sociedade em que a justiça se faça presente nas relações, na
mudança das estruturas sociais e no cuidado com a casa comum.
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3 - Discernimento
Fundamento que orienta a missão educativa e a elaboração de
projetos de vida, ambas comprometidas com um mundo mais justo,
reconciliado, fraterno e solidário.
5 - Formação integral
Desenvolvimento das potencialidades da pessoa nas dimensões
cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa, por meio de um
currículo integrado e integrador.
6 - Colaboração e sustentabilidade
Visão compartilhada, trabalho em rede e solidariedade no uso dos
recursos, garantindo a viabilidade da missão.
7 - Criatividade e inovação
A tradição jesuítica inspira abertura e ousadia para construir projetos e
processos que respondam aos desafios da sociedade contemporânea.
15
Introdução
1
O Documento de Aparecida (DA) e o texto sobre educação Vão e Ensinem
(VE), publicados em 2007 e 2011, respectivamente, pelo Conselho Epis-
copal Latino-Americano (CELAM), explicitam a necessidade de “revisar
e atualizar o Projeto de Educação Institucional da Escola Católica à luz dos
desafios da mudança de época” (VE 23,2). Também foram levados em con-
sideração nesta atualização as Cartas Encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti e o
Pacto Educativo Global.
2
Nesses documentos, a Igreja descreve um cenário em que a educação
corre o risco de se tornar produto de mercado em vez de direito do
cidadão. O contexto socioambiental em que estamos inseridos nos
apresenta apelos aos quais não podemos estar indiferentes e insensíveis.
Releituras de antigos princípios e busca de novos caminhos são possibilida-
des que não devem trazer temor, mas, antes, vigor e esperança. Nossa fé nos
ensina a estarmos atentos aos sinais dos tempos e a não nos conformarmos
com o mundo, mas transformá-lo (Rm 12,2).
3
Assumindo que nosso trabalho é parte da missão da Igreja e um serviço
à sociedade (GE 8; DA 338), acreditamos que a eficácia desse serviço
ocorre na proporção do fortalecimento da identidade de nossas obras
apostólicas (VE 37, 8; DA 328). A formação integral, apresentada como fina-
lidade última do trabalho, é sempre definida pela Igreja como um dos ele-
mentos mais fortes da identidade da educação católica (VE, 3-5, 27, 32; DA,
336-337). Ainda no bojo da reflexão eclesial sobre o apostolado educativo,
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PEC – Projeto Educativo Comum
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A Companhia de Jesus em
sintonia com a Igreja Universal
4
A Companhia de Jesus, em sintonia com as orientações da Igreja Uni-
versal e Latino-americana, tem trilhado um rico caminho de revitaliza-
ção da tradição educativa que construiu ao longo dos últimos quatro
séculos. O Colóquio Internacional sobre Educação Básica Jesuíta (ICJSE),
realizado em Boston (EUA), em 2012, marcou o início de um ciclo de troca
de experiências, reflexões e decisões sobre os caminhos de renovação do
trabalho realizado na educação básica em nível mundial (ver Anexo i). O
Seminário sobre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas (SIPEI), encontro de
especialistas realizado em Manresa, Espanha, em novembro de 2014, marcou
o segundo momento desse ciclo no qual se estabeleceram compromissos
de renovação mundialmente importantes (ver Anexo ii). Aos dois primei-
ros movimentos citados (ICJSE e SIPEI), segue-se o 1º Encontro Mundial de
Delegados desse segmento que, recolhendo dados das diferentes realidades,
define um mínimo comum que caracteriza o trabalho apostólico dos jesu-
ítas na área de educação básica. Também foram levados em consideração
os acordos e documentos do Congresso JESEDU-Rio 2017 (ver Anexo iii), as
Preferências Apostólicas Universais da Companhia de Jesus (2019-2029), o
documento Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI – Um exercício
contínuo de discernimento (Tradição Viva), além dos atuais norteadores do
II Colóquio JESEDU – Global 2021. Ao final deste documento, está disponibili-
zado um quadro indicativo com documentos sobre educação da Igreja Cató-
lica e da Companhia de Jesus, do Concílio Vaticano II à atualidade (Anexo vii).
19
Rede Jesuíta de Educação Básica
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Em nível latino-americano, o processo de estímulo à renovação mais
recente remonta ao ano de 2005, quando a Conferência dos Provinciais
Jesuítas da América Latina (CPALSJ) aprovou um documento, também
intitulado Projeto Educativo Comum (PEC CPALSJ), com o propósito de indi-
car caminhos de resposta às muitas mudanças de contexto que nos desafia-
vam naquele momento.
A reorganização da
Companhia de Jesus no Brasil
6
No Brasil, constituídos como Província única no país em novembro de
2014, os jesuítas publicaram o Plano Apostólico da Província Jesuíta do
Brasil (PA BRA, 2014), indicando os apelos percebidos ao contemplar a
realidade brasileira e as respostas a tais apelos, como corpo apostólico. No
documento que registra o movimento de discernimento feito pelos jesuítas
de todas as regiões do país, estão indicadas as fronteiras para a nova missão,
os elementos que caracterizam o modo de proceder da Companhia de Je-
sus e as preferências apostólicas que foram assumidas. No número 12 desse
documento, aparecem, como preferência apostólica, “as juventudes”. As Uni-
dades Educativas estão consideradas entre as mediações institucionais de
trabalho nessa opção.
7
Na especificação do modo de proceder nessa e nas demais opções
apostólicas, destacam-se seis elementos: (1) a garantia de que todas
as mediações serão avaliadas em vista, não apenas da qualidade do
que fazem, mas também do grau de alcance de sua finalidade apostólica;
(2) a necessidade de aprofundar as bases que norteiam o trabalho realiza-
do nessas instituições de maneira rigorosa e qualificada; (3) o cuidado para
que as instituições que trabalham com jovens sejam espaços de formação de
lideranças capazes de irradiação nas diferentes instâncias sociais; (4) a garantia
de que a colaboração com pessoas e grupos não jesuítas seja parte do que
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PEC – Projeto Educativo Comum
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8
Para garantir fidelidade às indicações do PA BRA 2014 e dar organici-
dade aos processos realizados nas diferentes Unidades educativas, a
Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE), constituída em dezembro de
2014, tem a missão de promover educação de excelência, inspirada nos va-
lores cristãos e inacianos, contribuindo para a formação de cidadãos com-
petentes, conscientes, compassivos, criativos e comprometidos.
9
Ao constituir-se como presença apostólica que atua em rede, arti-
culando as Unidades Educativas entre si e também com as demais
presenças apostólicas dos respectivos Núcleos Apostólicos, a Com-
panhia de Jesus pretende que o trabalho realizado nas Unidades Educa-
tivas seja cada vez mais aberto e orientado pelo espírito de corpo e pelo
discernimento.
10
O trabalho das Unidades Educativas da RJE se organiza a partir
das orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal (LDBEN, 1996), das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
Educação Básica (2013), do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014-2024), da
Base Nacional Curricular Comum (BNCC,2017) e das orientações específicas
dos órgãos legisladores de cada região do país, tudo de acordo com o modo
específico da Companhia de Jesus de fazer educação, expresso em docu-
mentos e alocuções dos Padres Gerais. Como destaca o Tradição Viva “cada
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Rede Jesuíta de Educação Básica
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um dos nossos colégios deve ser visto, e ver-se a si mesmo, como extensão
da nossa missão internacional” (n. 243).
A elaboração do
Projeto Educativo Comum (PEC)
11
O Projeto Educativo Comum da RJE pretende delinear ações para
melhor colaborar na seara do apostolado educativo em comunhão
com a Igreja e a serviço do nosso país. Nossas Unidades estão inse-
ridas nas Igrejas locais e também filiadas à Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil (ANEC), legítima representação da educação católica na
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nessa comunhão, alegra-
mo-nos com a construção do PEC coincidir com a celebração dos 50 anos da
Declaração Pontifícia Gravissimum Educationis (GE, 1965).
12
Contemplando a diversidade e a riqueza de trabalhos realizados
nas diferentes Unidades da RJE e, ao mesmo tempo, considerando
a necessidade de definir um horizonte comum para as Unidades
Educativas jesuítas do Brasil, na reunião dos Diretores Gerais realizada em
Fortaleza, Ceará, em abril de 2013, decidiu-se pela elaboração de um docu-
mento que revisse e reposicionasse o trabalho apostólico da Companhia de
Jesus na área de educação básica e, simultaneamente, orientasse sobre as
necessidades de renovação, ajuste e/ou qualificação do que então existia.
13
Desde então, outros elementos foram incorporados à reflexão
sobre a necessidade de elaborar um documento que norteasse
o apostolado educativo da Companhia de Jesus no segmento da
Educação Básica. O mais relevante deles, seguramente, foi o Seminário so-
bre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas (SIPEI), organizado pelo Secreta-
riado Mundial para Educação Básica, em Manresa, Espanha, em novembro
de 2014. A partir da expansão feita pelo Pe. Kolvenbach (1993), comentan-
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PEC – Projeto Educativo Comum
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Cabe aqui uma breve explicitação do que se compreende pelas
quatro expressões que constituem a formulação mencionada no
parágrafo anterior. (i) Competentes: profissionalmente falando,
têm uma formação acadêmica que lhes permite conhecer, com rigor, os
avanços da tecnologia e da ciência. (ii) Conscientes: além de se conhecerem
a si mesmos, graças ao desenvolvimento da capacidade de interiorização e
ao cultivo da vida espiritual, têm um consistente conhecimento e experiên-
cia da sociedade e de seus desequilíbrios. (iii) Compassivos: são capazes de
abrir o coração para serem solidários e assumirem o sofrimento dos outros.
(iv) Comprometidos: sendo compassivos, empenham-se honestamente e
desde a fé, e com meios pacíficos, na transformação social e política de seus
países e das estruturas sociais para alcançar a justiça (Nicolás, Medellín, 2013).
15
O Sistema de Gestão da Qualidade Escolar (SGQE) da Federação
Latino-americana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI)
também contribui para o processo de elaboração do PEC/RJE. Ini-
cialmente implantado em algumas Unidades da RJE em 2014, o Sistema de
Qualidade da FLACSI apresenta indicadores em quatro dimensões do pro-
cesso educativo que são tomadas como referência na estruturação do ca-
pítulo terceiro deste documento. O foco central do Sistema baseia-se nas
aprendizagens que os estudantes têm em coerência com a proposta para a
formação integral, que é própria da tradição educativa da Igreja e, por supos-
to, da Companhia de Jesus. Daí deriva o conceito de aprendizagem integral,
uma e outra vez utilizada na “gramática” própria do SGQE.
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Rede Jesuíta de Educação Básica
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Durante o ano de 2015, dois Grupos de Trabalho (GT) lideraram
o processo de elaboração do documento. No primeiro semestre,
realizaram dois seminários com a participação de mais de 200
educadores de todas as Unidades da RJE. Nessas ocasiões, impelidos pelas
orientações do SIPEI e do SGQE da FLACSI, os participantes foram provo-
cados à reflexão e a discussões que geraram elementos a partir dos quais
os componentes do GT 1 produziram um mapa conceitual que subsidia a
redação deste documento.
17
Na sequência, houve um movimento intenso de disseminação das
reflexões feitas nos seminários em cada Unidade. Os que participa-
ram presencialmente nos seminários organizaram, com as Equipes
Diretivas, momentos de socialização e conversa sobre conteúdos, inquieta-
ções e proposições que surgiram nos dois seminários.
18
No início do segundo semestre de 2015, a partir do mapa concei-
tual e das reflexões, o convite à participação foi ampliado por meio
de um exercício de hierarquização de prioridades para o proces-
so de renovação das Unidades Educativas proposto a todos os profissionais
(docentes e não docentes) que trabalham nas Unidades da Rede. Com a
participação de mais de 2 mil profissionais respondendo a esse exercício,
completamos o ciclo de consulta e escuta e iniciamos, com o segundo GT, o
trabalho de redação do documento.
19
O período de vigência do primeiro documento foi de 2016-2020.
Esta edição atualizada terá o período de vigência de 2021-2025.
Nesse período, os diretores gerais assumem como prioridade defi-
nir, com as lideranças das Unidades, quando e como implementar as orien-
tações que aqui se apresentam e quais os ajustes necessários em cada Uni-
dade Educativa. O novo período de vigência se inaugura atravessado pelo
contexto pandêmico que tem afetado e transformado o modo de ser e de
existir de toda a humanidade, pessoas e instituições. Na escola, esse contexto
tem impactado todos os seus âmbitos: na gestão, no currículo, no processo
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PEC – Projeto Educativo Comum
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O presente texto está organizado em três capítulos. O primeiro
apresenta os pressupostos que sustentam as opções feitas. O se-
gundo especifica as dimensões, sua identidade conceitual, me-
diações e aplicações na vida escolar. O terceiro capítulo está dedicado aos
encaminhamentos e ao cronograma de implementação do PEC.
21
A utilização de frases afirmativas na redação deste documento
apoia-se na convicção de que as ações mudam as instituições e
as pessoas. Ao transformarmos proposições em afirmações, temos
tão somente a intenção de produzir menos um manual e mais um trata-
do, balizado por fé, esperança e trabalho. Afinal, a resposta que buscamos
transcende a vida que desejamos começar, mas fortalece e impulsiona a que
agora começamos.
25
Pressupostos
22
O desafio de articular fé, justiça e reconciliação nos leva a conside-
rar, no espaço escolar, os temas referentes a gênero, diversidade
sexual e religiosa, novos modelos de família, questões étnico-ra-
ciais, elementos referentes às culturas indígena, africana e afro-brasileira e
outros similares relacionados a categorias ou grupos sociais que sofrem dis-
criminação, violência e injustiça. São realidades que, iluminadas pela fé e em
comunhão com a Igreja, precisam fazer parte, de forma transversal, de um
“currículo evangelizador” (VE 30), voltado para uma aprendizagem integral.
23
É também uma questão de articulação entre fé, justiça e reconcilia-
ção e de opção pelos pobres a inclusão de questões que envolvem
a justiça socioambiental no nosso planeta, em que as populações
que menos contribuem para a degradação ambiental são e serão as que
mais sofrem as consequências, como comunidades de pescadores, ribeiri-
nhos do Amazonas, regiões tribais e tantas outras populações. Ainda sob a
perspectiva da opção pelos pobres, incluem-se, entre as populações men-
cionadas acima, aquelas que, por motivo de orientação sociorreligiosa ou
identidade étnica, ficam excluídas da plena cidadania.
24
O atual contexto educacional mostra-se muito diverso e competiti-
vo. Observa-se uma “emergência educativa” (DA 328) como conse-
quência de um mercado constituído em torno da educação. A alta
competitividade, impulsionada pelo mau uso das avaliações padronizadas
de âmbito nacional e internacional, traz o risco de reduzir o processo forma-
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PEC – Projeto Educativo Comum
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Os indicadores de qualidade da educação elaborados por agên-
cias internacionais ajudam a mapear as fragilidades e fortalezas dos
sistemas educativos. Também parece pertinente a relação entre a
qualidade da educação e a equidade social. Não há mérito de excelência
acadêmica sem que isso seja seguido pela mobilidade social e diminuição da
pobreza. Como afirma a Companhia de Jesus no documento Tradição Viva, “a
iniquidade na educação tem aumentado, sendo os mais pobres e desfavo-
recidos os mais prejudicados” (n. 91). Nosso modo de oferecer educação de
qualidade, entretanto, não se restringe a atingir os índices de ranqueamento
em avaliações padronizadas. Nossa finalidade considera mais as demandas
pela sustentabilidade ambiental do planeta do que as metas de desenvolvi-
mento econômico viciadas na exploração dos recursos naturais. A proposta
pedagógica das Unidades Educativas jesuítas está centrada na formação da
pessoa toda e para toda a vida; trabalhamos para realizar uma aprendizagem
integral que leve o estudante a participar e intervir autonomamente na so-
ciedade: uma educação capaz de formar homens e mulheres conscientes,
competentes, compassivos e comprometidos.
26
As tecnologias digitais vêm alterando a vida nas sociedades con-
temporâneas. Novas tecnologias da informação e da comunicação
têm estreitado as distâncias, possibilitado a cocriação, apropriação
e disseminação de conhecimentos. Junto com as demais organizações, a
educação está imersa num entorno tecnocomunicativo. Há uma conexão
em tempo real entre os seres humanos e os coletivos, independentemente
de onde estejam, na qual virtual e real se misturam e afetam, principalmente,
os nativos da cultura digital. De acordo com o Padre Geral Arturo Sosa, “isso
implicará que exploremos o que os outros fazem e o que podemos aprender
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Rede Jesuíta de Educação Básica
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Para além da reestruturação das formas de comunicação e de aces-
so à informação, essa revolução digital está modificando o proces-
so de aprendizagem e exige um referencial de competências em
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Nesse sentido, há uma ne-
cessidade premente de reformular o ambiente escolar e de repensar muitas
das atuais práticas pedagógicas, a fim de rever espaços, recursos e metodo-
logias, para que utilizem as tecnologias digitais para inovação, considerando,
conforme o critério que norteia os trabalhos apostólicos da Companhia, a re-
lação entre meios e fins. A meta é que os currículos contemplem ainda mais
discussões e o uso fluente dos múltiplos meios tecnológicos na possibilida-
de de transpor os limites físicos e temporais da sala de aula. Reconhecemos
que a pandemia da Covid-19 potencializou o uso das tecnologias, espaços e
recursos não apenas como apoio aos processos de ensino e aprendizagem,
mas também como uma nova gramática pedagógica a ser aprendida ao
mesmo tempo que ensina.
28
A incorporação das mídias sociais nos processos educativos, à luz
do discernimento e da cura personalis, permite a promoção de uma
revolução metodológica nos processos de ensino e de aprendiza-
gem, contribuindo, assim, para que a Unidade Educativa seja um espaço
mais eficaz na construção significativa do conhecimento e ambiente de
qualificação dos estudantes no uso das mídias sociais. Também à luz das
aprendizagens e vivências advindas da pandemia a categoria cura personalis
transcendeu a presencialidade do acompanhamento e do cuidado e se
mostrou possível e necessária nos ambientes virtuais de aprendizagem.
30
Dimensões do
Processo Educativo
2
Neste capítulo, apresentam-se as especificações
conceituais e as mediações para orientar as necessidades PEC – Projeto Educativo Comum
de renovação e qualificação nas diferentes dimensões do
processo educativo da educação básica nas Unidades
Educativas da Companhia de Jesus no Brasil.
29
Nas instituições educativas da Companhia de Jesus, a aprendiza-
gem se dá na perspectiva do desenvolvimento pleno do sujeito.
Seguindo sua tradição de ecletismo, na abertura e no diálogo
com as diferentes teorias da educação, a Rede Jesuíta de Educação esta-
belece, como diretrizes para aperfeiçoar seus processos educativos, que
as Unidades Educativas: (1) Avaliem a efetividade de suas propostas edu-
cativas na perspectiva da cidadania global; (2) promovam a atualização
ou a transformação de seus currículos, para que eles expressem a identi-
dade inaciana, sejam significativos e flexíveis e contemplem as diferentes
dimensões da formação da pessoa; (3) revejam a organização e o plane-
jamento dos diferentes componentes curriculares, para que contemplem
a transversalidade e a interdisciplinaridade como inerentes à realidade e
as utilizem nas propostas de aprendizagem; (4) redimensionem espaços
e tempos escolares, para gerar mais espaço de mobilidade e criatividade
no processo educativo; (5) atualizem os recursos didáticos e tecnológicos,
para responder de maneira mais eficaz aos desafios dos tempos atuais; e
(6) enriqueçam a matriz curricular, para que, além da base comum nacio-
nal, obrigatória, incorporem os componentes necessários para a garantia
do ideal de educação integral da Companhia de Jesus.
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PEC – Projeto Educativo Comum
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Sobre o currículo
30
Nas Unidades da RJE, entende-se que o currículo é o “ethos”,
no qual realizamos a finalidade que declaramos: excelência na
educação de pessoas conscientes, competentes, compassivas e
comprometidas. Portanto, o currículo revela-se na realidade do cotidiano
da escola, na sala de aula e fora dela, nas relações de poder que se estabe-
lecem entre os diferentes atores, nos valores e no modo como as decisões
são tomadas e na maior ou menor coerência que existe entre o que decla-
ramos e o que fazemos.
31
Nas Unidades Educativas da Rede Jesuíta de Educação, os currí-
culos são concebidos, considerando a legislação educacional em
vigor e os documentos da educação da Companhia de Jesus. A
construção do currículo considera a concepção de mundo, de sociedade
e de pessoa que se deseja formar, assim como contempla aspectos da for-
mação integral que tenham fundamentação de natureza epistemológica,
indagando sobre os limites e possibilidades do conhecimento e as rela-
ções que se estabelecem entre conhecimento, sujeitos e meio; pedagógi-
ca, buscando os melhores caminhos e percursos para que a aprendizagem
integral aconteça; e psicológica, considerando os diferentes estágios de
desenvolvimento do estudante e sua capacidade de pôr-se em atividade,
em consonância com os desafios inerentes a cada etapa.
32
Superando a discussão sobre protagonismo escolar, importante
em seu tempo, acreditamos que os professores, os estudantes,
as famílias, os profissionais não docentes e a comunidade local
são todos protagonistas do processo educativo, participando de diferentes
formas e lugares da vida escolar. Sem sombra de dúvidas, o principal foco
de todo o trabalho desenvolvido é o estudante, sujeito das aprendizagens
propostas, mediadas pelo professor e por tantas outras possibilidades de
acesso à apropriação e reelaboração do conhecimento. Nas Unidades da
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Rede Jesuíta de Educação Básica
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A noção de valor fundamenta a vida escolar e está explícita no
currículo da instituição. As normas, os regulamentos, as decisões,
as ações e a relação estabelecida entre os membros da comuni-
dade educativa evidenciam os valores que pregamos. Educamos na justiça,
no respeito, na solidariedade, na contemplação e na compaixão. A educa-
ção jesuíta é instrumento efetivo de formação, fundamentado na fé, na
prática da justiça, no cuidado e responsabilidade com a casa comum e
no diálogo inter-religioso que prepara nossos estudantes para entender,
interagir e abraçar a diversidade religiosa de nosso mundo (Tradição Viva,
nn. 171 e 190).
O conhecimento
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Vislumbramos um processo educativo cujo paradigma supere
a visão racionalista vigente e nos impulsione na renovação dos
currículos e dos modos de ensinar, assumindo de forma mais ex-
plícita que, na perspectiva da educação integral, aprende a pessoa toda, e
não apenas sua dimensão intelectual.
35
Importante na definição dos currículos é considerar as diversas
áreas do conhecimento, as particularidades do perfil dos estu-
dantes, as características das faixas etárias e do que dispõe a
instituição como mediação para os processos educativos. A educação bá-
sica, constituída de três etapas específicas (Educação Infantil, Ensino Fun-
damental e Ensino Médio), configura-se de forma sequencial, orgânica e
36
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
Uma didática
36
Pressupondo o estudante como centro do processo de apren-
dizagem, o currículo oferece oportunidades para que o conhe-
cimento seja constituído de diversas formas, individual e cole-
tivamente, garantindo acompanhamento sistemático do estudante, do
processo de ensino e de aprendizagem e dos modos de avaliação daqui-
lo que se espera como resultado. A meta é garantir um caminho no qual
ensino e aprendizagem sejam constantemente avaliados, evitando que
a não aprendizagem seja entendida como responsabilidade exclusiva
dos estudantes.
37
Nas Unidades da RJE, as melhores formas de acompanhar a
aprendizagem dos estudantes são definidas em diálogo com
os profissionais docentes, considerando as orientações da RJE,
a validação da direção acadêmica de cada Unidade, instância competen-
te para validar decisões que afetem ensino e aprendizagem. São critérios
de referência para essa definição os objetivos estabelecidos na proposta
pedagógica da escola e o conhecimento das diversas teorias à disposição.
38
A consideração da diversidade de estilos e ritmos de aprendiza-
gem guia os professores na preparação dos planos das aulas e na
seleção e organização dos materiais utilizados para propor e ava-
liar as aprendizagens. Baseado nas opções expressas no currículo, o profes-
sor propõe situações diferenciadas de mediação para atender aos sujeitos
37
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
Matriz curricular
39
A matriz curricular espelha a organização das diversas áreas do
conhecimento, os componentes curriculares e a carga horária
dedicada a cada um deles. Como parte do projeto político-pe-
dagógico das Unidades, ela sinaliza o percurso da aprendizagem e do de-
senvolvimento dos estudantes e orienta os professores na busca de novas
abordagens e metodologias. De acordo com a LDBEN, a matriz curricular
está organizada em duas partes: base comum e parte diversificada. Na
base comum, parte obrigatória com especificações claras nos documentos
oficiais que norteiam a educação escolar formal, as orientações apontam
para a necessidade de integrar, cada vez mais, os conteúdos dos diferentes
campos disciplinares de forma interdisciplinar e transversal. Nas Unidades
da RJE, assumimos como meta essa tarefa, entendendo que a fragmenta-
ção existente hoje nas matrizes das escolas ajuda pouco na aprendizagem
significativa. Além da base comum, está a parte diversificada, que revela
a identidade da instituição e considera o contexto em que se insere cada
Unidade Educativa. A construção da matriz curricular garantirá a integração
das duas partes (base comum e parte diversificada), refletindo a realidade
da escola em atenção à cultura local e à identidade da proposta pedagógi-
ca jesuítica, pois a “Educação Jesuíta deve responder positiva e ativamente
à diversidade de seus estudantes, professores, pais, comunidades e à rede
global de seus colégios” (Tradição Viva, n. 235).
38
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
Ensino e aprendizagem
40
Nas Unidades Educativas da Companhia de Jesus, toda ação
educativa converge para a formação da pessoa, enfatizando a
necessidade de reconhecer as potencialidades do indivíduo e
garantindo o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, socioemocional e
espiritual-religioso.
41
Nesse sentido, é importante promover a aprendizagem de modo
que capacite o estudante a perceber o valor do aprendizado ao
longo da vida e possibilite o desenvolvimento dos talentos indi-
viduais e coletivos. Garantir a aprendizagem integral exige da escola, hoje,
a compreensão de que o contexto mudou, os estudantes aprendem de
formas e em tempos distintos, em espaços que não se limitam ao escolar,
exigem respostas individualizadas, diversos modos de fazer e de mediar a
construção do saber, oportunizando vivências que atendam a diferentes
necessidades.
42
O professor organiza sua ação docente de tal forma que favo-
rece aos estudantes o contato, a apropriação, a formulação e
a reformulação em relação ao conhecimento, atuando sempre
para tornar efetiva a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades e
competências necessárias ao exercício da autonomia.
Avaliação
43
Quando se trata de avaliação, consideramos essencial que se
avalie tanto o ensino quanto a aprendizagem, uma vez que a
nalidade do primeiro é o alcance da excelência na segunda.
A avaliação da aprendizagem é sempre uma avaliação do ensino; trata-se
39
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
44
Importante também é considerar as práticas renovadas de ava-
liação nas quais se leva em conta a contextualização, a relação
teoria e prática, a reflexão e a análise crítica, a importância do
raciocínio e da apreciação das diferentes dimensões da pessoa nos proces-
sos avaliativos.
45
Os sistemas de avaliação nas Unidades Educativas da RJE con-
templam tanto o aspecto cognitivo (intelectual) quanto o socio-
emocional e o espiritual-religioso. Há que se ter clareza sobre as
competências e habilidades a atingir em cada uma dessas dimensões, assim
como de meios, instrumentos e possibilidades para avaliar o desenvolvi-
mento dos estudantes em cada etapa da vida escolar.
46
Em relação à organização do sistema avaliativo, mais que a frag-
mentação do ano letivo em etapas curtas e assoberbadas de
conteúdos trabalhados de maneira superficial e desarticulada,
o que se pretende é um sistema de avaliação que permita a apropriação
com profundidade e de maneira integrada das aprendizagens propostas,
preferencialmente organizado em blocos trimestrais, em cada ano letivo.
47
Os dados de registro e de desempenho acadêmico são usados
para gerar informação sobre o desempenho de professor e estu-
dante, retroalimentando a ambos no desafio da qualificação dos
processos de ensino-aprendizagem-avaliação e na comunicação com estu-
dantes e famílias.
40
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
Educação inclusiva
48
A educação inclusiva é uma preocupação mundial que impul-
siona uma busca constante para torná-la uma realidade cada vez
mais frequente, ancorada na garantia de direitos, a partir de uma
vasta legislação específica, que evidencia, entre outros aspectos, a diversi-
dade como um fator essencial para a transformação da escola.
49
A proposta de educação inclusiva consiste em pôr em prática um
novo conceito, que tem como base tornar a educação acessível
às pessoas e, com isso, atender às exigências de uma sociedade
que vem combatendo preconceitos, discriminações, barreiras entre indi-
víduos, povos e culturas. Uma escola inclusiva oferece não apenas recur-
sos especializados, mas também um espaço que valoriza a diversidade, no
qual se experimentam as vantagens de um ensino e de uma aprendiza-
gem cooperativos, em que todos ajudam e são ajudados.
50
A proposta de educação da Companhia de Jesus comunga com
a perspectiva da educação inclusiva, visto que sua finalidade é
proporcionar educação integral para todos os estudantes. As-
sim, as Unidades da RJE entendem a educação inclusiva como garantia
das condições de aprendizagem para todos os estudantes, independen-
temente de suas condições. Em cumprimento à legislação vigente e con-
templando um dos compromissos do SIPEI e reforçado pelo documento
Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI, a prática de educação
inclusiva constitui um desafio assumido por todas as Unidades como dever
de justiça e desafio à nossa competência técnica.
51
A Rede Jesuíta de Educação Básica estabelece como diretrizes
para uma educação inclusiva as ações a seguir elencadas, para
que as Unidades Educativas as adotem como propulsoras do
aperfeiçoamento de seus projetos pedagógicos, com vistas à oferta de
41
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
uma educação cada vez mais de qualidade: (1) Definir, nos programas de
capacitação continuada, temas relacionados à educação inclusiva e às ne-
cessidades educacionais especiais; (2) considerar que aprender a viver juntos
é um dos pilares da educação contemporânea, já que supõe participar e
cooperar com os demais; (3) garantir acessibilidade física; (4) desenvolver
campanhas de sensibilização para a promoção de acessibilidade pedagó-
gica e atitudinal; (5) implantar atendimento educacional especializado, em
espaços e tempos distintos, como meio de suporte ao processo de ensino e
de aprendizagem; (6) definir, a partir das orientações legais, os procedimen-
tos internos para o atendimento de estudantes com necessidades educa-
cionais especiais.
Formação na liderança
52
Uma obra educativa da Companhia de Jesus tem como um dos
seus objetivos a formação de líderes que tenham, na justiça e
no serviço, seus principais compromissos. Nas Unidades da RJE,
líderes entendem a própria autoridade como serviço que transforma a si
mesmo, as pessoas e, por meio das pessoas, a sociedade; uma liderança
que ajuda a comunidade a crescer em Cristo, segundo o Pe. Adolfo Nicolás,
S.J., na Conferência sobre a Liderança Inaciana, em Valladolid, 2013.
53
Embora a formação de lideranças à luz dos valores cristãos se dê
no trabalho educativo como um todo, nas Unidades Educativas
da RJE, entendemos que aqueles que lidam cotidianamente com
os estudantes são os agentes mais importantes dessa formação. Para isso,
é necessário construir projetos de maneira integrada entre os diferentes
setores ou áreas das Unidades Educativas que considerem todas as etapas
da vida escolar. Tais projetos garantem o protagonismo do estudante e sua
representação nas diferentes instâncias da vida e da organização escolar
(representações de turma, grêmios estudantis e colegiados).
42
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
Pressuposto
54
A forma como os processos são geridos faz as Unidades Educa-
tivas manifestarem, de maneira explícita, o conteúdo do modo
de proceder da instituição. Assim, não nos é indiferente este ou
aquele estilo de gestão; pelo contrário, afirmamos um modelo de gestão
em que o poder é serviço, e a liderança é espaço de compartilhamento de
poder e de responsabilidade, tendo como foco o cumprimento da missão.
A participação é mais que uma oportunidade de compartilhamento de
poder; é um compromisso de corresponsabilização pelo trabalho e pelos
resultados alcançados.
55
A complexidade das relações, o modo como estas se travam no
ambiente escolar e os processos desenvolvidos nas diferentes
áreas da organização constituem o conteúdo mesmo dos pro-
cessos de gestão. Trata-se, portanto, de um movimento contínuo no qual
a escola é plasmada, aprendendo de si mesma, gerando oportunidades de
reordenamento das relações e, consequentemente, de reorganização da
unidade escolar, com vistas ao cumprimento de sua missão.
56
Esse movimento contínuo, se bem apropriado pela Equipe Dire-
tiva, possibilita que se busquem as melhores práticas para a efeti-
vação do processo educativo, sendo a primeira delas referente à
própria definição das equipes de trabalho e do melhor modo de composi-
ção e integração entre elas, com a demarcação da função a ser exercida e
a percepção de que todas, a partir do lugar que ocupam, colaboram para
o fim proposto. O gerenciamento dos processos internos do centro educa-
tivo, das equipes administrativa e docente e dos recursos disponíveis está
plenamente coerente com os objetivos e as metas estabelecidas pela insti-
43
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
57
Por tudo isso, a gestão institucional possibilita a garantia de pro-
fissionalização dos processos, alinhada à identidade inaciana e à
busca do Magis. Trata-se de superar tudo o que soa como domés-
tico e personalista, tendo em vista os desafios contemporâneos e as respos-
tas que queremos dar como Unidades Educativas da Companhia de Jesus.
Conforme o documento Tradição Viva, “os colégios jesuítas devem trabalhar
em rede” (n. 241) e “os educadores jesuítas precisam encontrar maneiras no-
vas e inovadoras para garantir unidade, respeitando o princípio da subsidia-
riedade, que ensina que as decisões são mais bem tomadas quanto mais
próximo se está da ação e à luz do contexto específico” (n. 245).
Direcionamento estratégico
58
Os processos decisórios que norteiam o trabalho de direção, em
se tratando de instituições jesuítas, fundamentam-se em um
aspecto radical e caro à Companhia de Jesus: o discernimento
espiritual e a busca daquilo que se apresenta como vontade de Deus para
a instituição. No entanto, o trabalho das Equipes Diretivas, assim como os
processos decisórios serão mais assertivos se orientados por métodos e
instrumentos de direcionamento estratégico. Essa abordagem evita que as
instituições operem sem um norte de médio e longo prazo e, em conse-
quência, tenham suas ações de curto prazo comprometidas pela falta de
perspectiva de futuro. Dito de outra forma, o direcionamento estratégico,
como método de trabalho e instrumento norteador para a gestão, garante
maior eficácia no cumprimento da missão.
44
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
59
No contexto deste documento, e a partir dos Identificadores Glo-
bais dos Colégios Jesuítas, entendemos como estratégico que as
pessoas sejam capazes de definir rumos, caminhos e metas para
garantir o alcance dos objetivos propostos e posicionem cada Unidade
Educativa da RJE no lugar onde ela deseja estar, dentro de um planeja-
mento que leva em conta um determinado escopo de tempo, de fases
de implementação e indicadores internos e externos. Em todo o mundo,
os colégios da Companhia de Jesus desejam estar no lugar onde possam
prestar o melhor serviço à Igreja e à sociedade.
60
O direcionamento estratégico e seu respectivo plano de ação se
alinham plenamente à missão e à visão institucionais e, em seu
tempo e medida, às diretrizes que emanam deste Projeto Educa-
tivo Comum, além de indicar com clareza quem são os responsáveis por
sua execução. Importa, também, que a escola utilize métodos e recursos
adequados e que o direcionamento estratégico se desdobre em planos de
trabalho claros, conhecidos pela maior parte dos profissionais e mensurá-
veis em curto, médio e longo prazo.
61
Uma vez postas em marcha a dinâmica de direcionamento
estratégico e suas derivações, todas as decisões tomadas pela
Equipe Diretiva derivam do discernimento feito previamente,
das ações definidas como prioritárias durante o ciclo de planejamento
e da avaliação anual feita pelas equipes de trabalho, que podem indicar
necessidades de reorientação e adequação. Isso assegurará processos de
sucessão mais seguros, especialmente nos cargos de Direção Geral, sem
maiores impactos causados pela falta de um horizonte claro e de planos
de ação bem definidos e apropriados pelos profissionais das diferentes
áreas da Unidade Educativa.
45
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
Estrutura organizacional
62
Ao longo dos anos, as Unidades Educativas da Companhia de Jesus
no Brasil adaptaram suas estruturas sem necessariamente discernir
se as mudanças qualificariam a proposta educativa da Companhia,
o que, em muitos casos, levou a estruturas demasiadamente pesadas, em
certa medida desnecessárias e que não têm gerado evidências de alcance
de melhores resultados na aprendizagem integral dos estudantes.
63
A proposta de formação integral não pode se consolidar como
um somatório de partes, cada qual sob a responsabilidade de
uma equipe ou setor, pois é da integração que conseguiremos
avançar em direção aos frutos esperados do nosso processo educativo. Em
virtude desse fato, a organização interna e o organograma institucional
refletem essa intencionalidade. O modelo matricial de estruturas organi-
zacionais é o que mais se aproxima da integração desejada nas Unidades
da RJE, já que favorece o funcionamento harmônico das diversas instâncias
da instituição, com vistas ao atendimento satisfatório do que emana da
proposta pedagógica.
64
Caberá às Equipes Diretivas das Unidades Educativas, portanto,
avaliar sistematicamente o modo de organização interna e o or-
ganograma institucional, a fim de adequá-los para garantir uma
gestão cada vez mais integrada e o êxito na execução dos projetos peda-
gógicos. Por sua vez, da revisão e adequação do organograma institucio-
nal, derivará o descritivo de funções, acrescido de uma matriz que apresen-
te as competências necessárias para o bom desempenho de cada função.
Todas as Unidades contarão com um desenho organizacional claro e com
as consequentes definições necessárias ao seu funcionamento.
46
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
65
Meios para os fins: essa é a máxima que nos norteia, quando se
trata de gerenciamento de recursos. Nossa natureza institucional e
sua raiz na experiência de Inácio de Loyola demandam constante
preocupação com o uso consciente de recursos e com a justiça social, sem
nos eximir da qualificação técnica e do profissionalismo necessários à execu-
ção da tarefa educativa e dos processos de gestão a ela inerentes. À compe-
tência técnica e à qualidade necessária, junta-se a necessidade de uma pos-
tura de austeridade diferenciada, que se assenta na experiência mesma de
Santo Inácio e nos critérios evangélicos.
66
Nesse sentido, somos chamados ao uso responsável e racional
de meios e recursos, tendo como foco nosso fim proposto, assim
como, em certos momentos e segundo discernimento criterioso,
a partilha do ser e do ter, colaborando, desse modo, na execução da missão
universal da Companhia de Jesus e na construção de uma sociedade mais
justa, fraterna e igualitária. Além disso, como afirma o Tradição Viva, “nossos
colégios devem fazer todo o esforço para serem ambientalmente susten-
táveis” (n. 197).
67
O ideal é que os processos de administração financeira da Unida-
de Educativa estejam plenamente aderentes aos documentos da
Companhia de Jesus sobre administração de bens, em especial
à Instrução sobre a Administração dos Bens (IAB), bem como às diretrizes
e às orientações da Administração Provincial e da Mantenedora à qual a
Unidade Educativa pertence. Além disso, é primordial que a gestão finan-
ceira se ancore em normas e técnicas de um processo administrativo de
qualidade, segundo as melhores práticas disponíveis.
47
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
68
Por outro lado, é de crucial importância que nossas instituições edu-
cativas caminhem para uma maior corresponsabilização de todos
os seus profissionais pelo uso e gerenciamento sustentável dos
recursos disponíveis, o que tem início em seu envolvimento na própria cons-
trução orçamentária. Para isso, a construção coletiva do orçamento anual,
considerando sempre as premissas indicadas pela Administração Provincial, o
conteúdo do Plano Estratégico Institucional e os dados da realidade dos con-
textos nacional e regional, é uma ferramenta fundamental de gestão. Cada
vez que assume como responsabilidade exclusiva a elaboração das peças or-
çamentárias, a área administrativa autoriza os demais gestores a se eximirem
dessa responsabilidade na gestão de sua área específica. Além da elaboração
dos orçamentos, compartilham-se o acompanhamento e o controle da exe-
cução do planejado entre os gestores de diferentes áreas e níveis da estrutura.
69
Toda a administração financeira pressupõe efetivação de contro-
les e registros, segundo critérios técnicos estabelecidos, e a so-
cialização dessas informações com as instâncias superiores, me-
diante solicitação prévia e/ou necessidades provenientes dos mecanismos
legislativos de controle.
70
O processo qualificado de gestão de pessoas dentro de uma
Unidade Educativa impacta diretamente a qualidade do serviço
prestado e o fim pretendido. A gestão de pessoas é, portanto,
uma dimensão estratégica e pressupõe a valorização do capital humano,
com vistas ao desenvolvimento da pessoa, de modo que ela cresça huma-
na e profissionalmente para o melhor cumprimento da missão. Concomi-
tantemente, garante maior eficácia na entrega de um serviço de qualida-
de e viabiliza processos sucessórios mais assertivos.
48
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
71
A Equipe Diretiva é a primeira responsável pela gestão de pessoas, e
o setor de Recursos Humanos atua como seu parceiro, por meio do
gerenciamento de políticas e procedimentos que serão adotados
pela instituição. O ideal é que a Unidade Educativa conte com clara definição
dos procedimentos para recrutamento, seleção, retenção de talentos, avalia-
ção de desempenho, programas de desenvolvimento pessoal e profissional
e definição do plano de cargos e salários, nesse caso conforme característi-
cas locais do mercado educativo em que a Unidade Educativa está inserida
e apoiado e em consonância com a mantenedora e suas equipes técnicas.
72
Quanto maior for a clareza dos gestores no que diz respeito à função
a ser desempenhada e aos pré-requisitos e competências necessá-
rias para tal, maior será a possibilidade de êxito na contratação e no
posterior acompanhamento do desempenho dos profissionais da instituição.
73
Sobre a avaliação de desempenho, é desejável que ocorra anu-
almente, segundo critérios estabelecidos pelo setor de Recursos
Humanos local, alinhando as melhores metodologias disponíveis
com qualidades e competências desejáveis para uma liderança inaciana,
conforme documentos institucionais. A avaliação poderá subsidiar as Equi-
pes Diretivas com informações que viabilizem a gestão de pessoas, bem
como a indicação das eventuais fragilidades existentes nas equipes de tra-
balho, das quais poderão derivar planos de formação e capacitação.
74
Dadas as especificidades de cada contexto, demarcadas sobretudo
pelas Convenções Coletivas do Trabalho, caberá, aos departamen-
tos de Recursos Humanos, sob orientação das Direções Administra-
tivas, a realização de estudos que subsidiem a Equipe Diretiva na tomada de
decisões em torno da implementação ou não de Plano de Cargos e Salários e
de outros benefícios trabalhistas passíveis de concessão, levando-se sempre
em conta as características do mercado educativo em que a Unidade Educa-
tiva está inserida e a sustentabilidade financeira institucional.
49
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
75
O clima institucional de uma Unidade Educativa jesuíta constrói-se
a partir do que chamamos “modo de proceder” da Companhia de
Jesus e observa-se cotidianamente na convivência e na interação
entre os diversos membros da comunidade, assim como na realização das
tarefas e no uso do poder. Implica considerar a comunicação e a relação
entre todos os atores educativos; a participação nos diversos espaços de
ação e decisão; a motivação, o compromisso e a identificação com as fina-
lidades da Unidade Educativa; os mecanismos de resolução de conflitos;
os eventuais episódios de desrespeito entre ou para com os estudantes.
Conforme o Tradição Viva, nossas Unidades Educativas devem promover e
garantir ambientes livres de qualquer forma de abuso (n. 172). Tem especial
relevância o cuidado pessoal de cada um dos membros da comunidade
(cura personalis), sempre orientado à melhor realização dos objetivos de-
finidos para cada segmento da Unidade Educativa. Trata-se de cuidar da
pessoa, porque ela é sempre o centro do processo, e, ao mesmo tempo,
garantir o alcance dos resultados nos processos que são nosso compromis-
so institucional com estudantes e famílias.
76
A promoção de uma cultura interna que valoriza o desenvolvimen-
to de um sentido de pertença, embasado na missão e na mística
institucionais, nas relações interpessoais, fundadas no respeito e na
avaliação daquilo que cada um é e com que contribui para a instituição, é
tarefa de todos os gestores da Unidade Educativa. Conforme o documento
Tradição Viva, a Unidade Educativa deve “incluir nos novos programas de for-
mação dos docentes e do pessoal de apoio de cada colégio, a compreensão
de que eles estão se unindo a uma rede global e que têm um papel a desem-
penhar na sua animação” (n. 60).
50
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
77
A gestão do clima institucional envolve, de acordo com as especi-
ficidades das funções e responsabilidades, a interação e a comu-
nicação entre os diversos membros da comunidade educativa e o
acompanhamento dos profissionais, no nível que corresponda a cada um,
nos processos de ensino e aprendizagem. O que constrói um bom clima
institucional é a adesão, o sentimento de pertença e a corresponsabilidade
dos profissionais em relação à missão da Unidade Educativa. A qualidade
do clima institucional está diretamente associada à qualidade da gestão re-
alizada nos diversos espaços da organização escolar. Cabe à Equipe Diretiva
garantir unidade ao “modo de proceder” dos gestores, de tal forma que os
critérios utilizados e os procedimentos de gestão adotados sejam coerentes
e consistentes nos diferentes setores da Unidade Educativa.
78
O processo de formação dos profissionais (docentes e não docen-
tes) naquilo que é específico do modo de ser institucional é de
responsabilidade da instituição. Os programas de formação e os
que deles decorram como aprofundamento constituem-se em processos
formativos baseados na identidade inaciana e jesuíta e explicitam os prin-
cipais aspectos da identidade institucional, suas raízes fundacionais, aquilo
que se espera da missão apostólica da Companhia e, em especial, da mis-
são educativa, com vistas ao crescimento e amadurecimento pessoal e ao
fortalecimento daquelas qualidades que impactam positivamente o desem-
penho profissional. Favorecem, ainda, o desenvolvimento da capacidade de
ler a realidade de maneira crítica, à luz da visão cristã e inaciana de mundo,
contemplando a valorização e a formação para a sustentabilidade e a justiça
social, pois, de acordo com o Tradição Viva, ela não é marginal à missão, está
no seu âmago (n. 201).
51
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
79
Cabe à Equipe Diretiva a responsabilidade de garantir que tais pro-
gramas integrem a programação ordinária da Unidade Educativa e
se realizem de acordo com as necessidades identificadas, com os
recursos disponíveis e com as leis trabalhistas e acordos sindicais vigentes em
cada região. Compete, igualmente, aos diretores oferecer aos novos profissio-
nais contratados os documentos institucionais básicos, sejam da própria Uni-
dade Educativa, sejam da Companhia de Jesus, que comuniquem a identida-
de da instituição e contribuam na formação para a aproximação e assimilação
de seu conteúdo, a fim de que inspirem a conduta e o procedimento deles.
80
O convite à experiência dos Exercícios Espirituais (EE) é parte dos
programas de desenvolvimento das Unidades Educativas, consi-
derando necessidades e circunstâncias locais. Embora reconhe-
cendo a riqueza da experiência e as possibilidades de que um profissional
que nela se encontre construa um nível diferenciado de adesão à missão
da Unidade Educativa, o convite aos EE não está associado ao processo de
avaliação dos profissionais.
81
A Formação Institucional contempla, ainda, a identificação e o fo-
mento de lideranças. Nos processos sucessórios de gestores dos
níveis intermediários, considerem-se, nos potenciais candidatos,
a liderança, a compreensão e a assimilação da identidade institucional, a
forma de agir e proceder dos profissionais, seu compromisso com a quali-
dade e com a excelência, bem como o comprometimento com os valores
que orientam a missão e a visão da Unidade Educativa.
82
O formato e a operacionalização dos processos de formação insti-
tucional são de incumbência de cada Unidade Educativa, poden-
do ser desenvolvidos em cooperação com outras obras do Núcleo
Apostólico ao qual a Unidade Educativa pertence. Quando oportuno, desen-
volvem-se ações formativas com vistas à integração, à apropriação e à corres-
ponsabilização pelo Plano Apostólico da BRA.
52
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
Capacitação de profissionais
83
A capacitação profissional consiste na busca por atualização e apri-
moramento teórico e prático de conhecimentos, competências e
habilidades exigidas para o exercício das funções, associada à com-
preensão e à assimilação da identidade e da missão da Unidade Educativa.
Todo investimento feito pelas Unidades nessa direção visa à qualificação
dos profissionais para que eles sejam capazes de atuar da melhor forma, de
acordo com orientações e projetos da instituição com vistas ao alcance da
aprendizagem integral. Para isso, são consideradas as necessidades internas
da instituição e as demandas do seu corpo funcional.
84
Dos profissionais que atuam nas Unidades, espera-se que se esfor-
cem continuamente para aperfeiçoar seu desenvolvimento pesso-
al e sua formação técnica, a fim de desempenhar com excelência
suas atividades, considerando as características do “modo de proceder” em
uma Unidade Educativa da Companhia de Jesus.
85
Com vistas ao aperfeiçoamento profissional, os colaboradores (do-
centes e não docentes) poderão pleitear, com a direção das Unidades
Educativas, colaboração financeira e/ou adequação de carga horária
e/ou liberação do trabalho, observando regras específicas contidas na Política
de Gestão de Pessoas das Unidades Educativas ou orientações análogas.
86
Quanto aos profissionais que ocupam cargos formais de lideran-
ça, para dar respostas e um novo significado à função diante das
demandas e dos desafios da sociedade contemporânea, conside-
ram-se: (1) A competência requerida para trabalhar em equipe e de forma
colaborativa; (2) a visão sistêmica da organização e seus efeitos nos dife-
rentes processos desenvolvidos em uma Unidade Educativa; (3) a ousadia
necessária para enfrentar, de forma resiliente, as contradições próprias dos
grupos humanos e das instituições.
53
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
87
Uma das principais tarefas das lideranças formais, especialmente as
que medeiam a direção e a operação nas diferentes áreas, é tornar
claros a visão, os fins e os objetivos. Nesse sentido, é importante
saber escutar, estar aberto à opinião de outros, à construção conjunta, visan-
do sempre ao alcance dos fins pretendidos e ao uso adequado dos meios.
88
Para além do cumprimento da legislação, as Unidades Educativas
incorporam, por sua identidade e missão, Pessoas com Deficiência
(PcD), a quem acolhem, formam, capacitam e destinam a executar
funções correspondentes às suas possibilidades.
Comunicação
89
A comunicação é dimensão e meio de integração e partilha de
informações que viabilizam a missão da Unidade Educativa. É in-
sumo do trabalho de gestão, desde a Direção Geral até a sala de
aula. Uma gestão eficaz dos processos comunicacionais garante o conhe-
cimento de tudo o que afeta o exercício das funções de cada profissional,
do trabalho demandado dos estudantes e do papel das famílias na edu-
cação escolar.
90
As estratégias de comunicação organizacional e marketing nas
Unidades da RJE também estão a serviço da missão e, como tal,
contribuem para comunicar e reforçar os valores que integram a
identidade institucional e a proposta curricular. Os objetivos mercadológi-
cos estão submetidos à visão e à missão das Unidades Educativas da RJE.
91
No uso dos meios, adotam-se a identificação, a escolha e a orien-
tação de prestadores de serviços de comunicação, garantindo
que os materiais explicitem a proposta educativa das Unidades
Educativas da Rede Jesuíta de Educação. É importante considerar, entre-
54
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
92
As peças gráficas de divulgação, os vídeos institucionais, os canais
de comunicação, assim como as tecnologias educacionais, consti-
tuem-se como ferramentas de informação e de comunicação para
a mediação da aprendizagem e interação, e não como fim em si mesmas.
93
A área responsável pela comunicação procura criar, identificar e
potencializar o uso de várias ferramentas e canais, gerar fluxos de
informação e processos interacionais que promovam processos
comunicacionais com múltiplas finalidades, especialmente aquelas que in-
cidam diretamente na gestão dos diferentes processos escolares.
94
É necessário atenção especial ao tratamento das informações
que envolvem pessoas e relações, pois elas implicam sigilo e con-
fidencialidade. Na comunicação com estudantes, famílias e co-
munidade local, são estabelecidos fluxos e canais de interação, de modo
que favoreçam a transparência, a cordialidade e o acesso pleno e seguro às
informações, de acordo com o disposto na Lei Geral de Proteção de Dados
(Lei 13709/2018). Paralelamente, requer-se a observância dos marcos legais
e éticos vigentes.
95
Com relação à captação, disseminação e armazenamento de ima-
gens, vídeos de estudantes, famílias, colaboradores docentes e
não docentes, bem como de instituições parceiras, faz-se neces-
sário o trato ético, com uso de instrumentos jurídicos legais. Os Ambientes
Virtuais de Aprendizagem e de sistemas de informação são adotados como
ferramentas e ambientes comuns para o trato e a geração de informações
que serão usadas para a comunicação.
55
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
Motivação e compromisso
96
A clareza e a objetividade esperadas de cada profissional e equi-
pe de trabalho, bem como as expectativas em relação ao de-
sempenho e importância no conjunto da missão, muito ajudam
a motivação em assumir, com entusiasmo, a responsabilidade na obra
apostólica. Não importa o nível de responsabilidade, serviço ou autorida-
de, todos precisam estar cientes das próprias atribuições e bem motivados
a realizar o trabalho sob o signo do Magis.
97
Dos profissionais contratados para trabalhar nas Unidades da
RJE, espera-se compromisso em nível institucional, independen-
temente das pessoas que lideram ou ocupam cargos formais em
cada momento histórico.
98
Os Processos de Formação Institucional, Capacitação Profissional
e Comunicação são mais efetivos quando permeados pelo fo-
mento do compromisso e da adesão em vista da aprendizagem,
do desenvolvimento do trabalho e do comprometimento com a missão e
visão das Unidades.
99
A interação Unidade Educativa, família e comunidade local abre
espaços para o fomento do diálogo sobre a participação das fa-
mílias e da comunidade local no espaço escolar. Ademais, acaba
por incidir na criação de vínculos que promovam e construam a justiça
social na sociedade e reverberem na inserção e no reconhecimento das
Unidades Educativas como parte constitutiva do contexto social em que
se encontram.
56
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
100
A relação entre Unidade Educativa e família envolve duas di-
mensões: (1) As famílias contratam a prestação de serviços
educativos; (2) elas são corresponsáveis pelo desenvolvimento
e acompanhamento da aprendizagem integral. A constituição da comuni-
dade educativa requer a integração saudável entre essas duas dimensões.
101
A participação e o envolvimento das famílias seguem os flu-
xos e os canais oficiais de comunicação e acesso às Unidades
Educativas, que são informados e divulgados à comunidade
educativa. As famílias têm acesso à Unidade Educativa sob a orientação das
normas previstas nos Regimentos Escolares. Na interação entre estudantes
no interior das Unidades Educativas, é vedada a intervenção direta dos pais,
sobretudo quando se trata de divergências relacionais. Quanto ao contato
das famílias com os profissionais para o trato de processos educativos, o en-
volvimento e a interação serão mediados pelas normas expressas nos Regi-
mentos Escolares e pelas normatizações contratuais.
102
Especial atenção e cuidado pastoral são dados à oferta da Es-
piritualidade Inaciana às famílias e ao acompanhamento espi-
ritual, considerando a variedade de modalidades que integram
a tradição da Companhia de Jesus e o perfil dos integrantes da comunidade
educativa. Incentivam-se a criação e a promoção de canais oficiais de escuta
das famílias, em modo de ouvidorias, visando favorecer a interação e a co-
municação entre escolas e famílias. Para maior aproximação das famílias e da
missão educativa e suas finalidades, bem como do ambiente e da identidade
inaciana das Unidades Educativas, é necessário promover e desenvolver um
Programa de Liderança Inaciana para os pais.
57
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
Associações de pais
103
As Associações de Pais são entidades sem fins lucrativos que
promovem a participação e a integração permanente das fa-
mílias no espaço escolar, visando mediar o contato e a relação
com a administração das Unidades Educativas e colaborar de modo corres-
ponsável para que a instituição realize a missão educativa. Entende-se que
as Associações de Pais não são canais paralelos de interação e comunicação
da família com a Unidade Educativa, e sim uma forma de integração com a
Unidade Educativa. Sua existência não é uma exigência institucional, mas
uma alternativa possível, entre outras, para o estabelecimento da parceria
entre escola e família. A Unidade Educativa tem autonomia para criar, manter
ou encerrar suas atividades.
104
Na relação com a Unidade Educativa, as Associações de Pais
colaboram na especificidade da promoção da participação,
convivência e interação. Sua colaboração não implica poder de
decisão sobre ações, processos e opções da Unidade Educativa, que são de
responsabilidade da Equipe Diretiva, a partir de orientações e normatizações
do Diretor Presidente da Rede Jesuíta de Educação Básica da Província Je-
suíta do Brasil. Por isso, faz-se necessário que todas as Associações de Pais
tenham estatuto próprio, aprovado pela Unidade Educativa, com as espe-
cificações sobre seu escopo de atuação e sua incidência no espaço escolar.
105
Quanto à necessidade da educação para a justiça socioam-
biental, as Associações de Pais, acompanhadas por colabora-
dor indicado pela Equipe Diretiva, são aliadas da Comunidade
Educativa na promoção e na comunicação da sustentabilidade às famílias,
visando garantir sua representatividade, orientada pela identidade inaciana
e jesuíta das Unidades Educativas.
58
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
As Unidades Educativas
e o Núcleo Apostólico
106
A missão apostólica da Companhia de Jesus é realizada de
forma qualitativa e articulada nos Núcleos Apostólicos. Em
cada núcleo, há diversas obras: paróquias, centros de espiritu-
alidade, casas de retiro, centros e casas de juventudes, Fé e Alegria, univer-
sidades, faculdades, Unidades Educativas, centros de estudos pedagógicos
e centros sociais.
107
A Unidade Educativa integra um Núcleo Apostólico específico,
com características próprias. A interação entre as obras apostó-
licas presentes nos núcleos é uma necessidade no contexto do
trabalho em rede. Compartilhar recursos humanos, infraestrutura, recursos e
ações, promovendo vínculos afetivos e institucionais, colabora na realização
da missão da Companhia de Jesus e, por conseguinte, da obra apostólica.
A Unidade Educativa
e os antigos estudantes
108
De acordo com o Tradição Viva, “o verdadeiro êxito de nosso
esforço educacional não pode ser medido por quem é o in-
divíduo no momento da formatura. Em vez disso, o sucesso
da Educação Jesuíta é mais bem medido pela maneira como os formandos
comprometem suas vidas nas décadas seguintes” (n. 285). Na forma como os
antigos estudantes se unem “às demandas por Justiça social” (n. 211). Portan-
to, ao concluir os estudos em uma Unidade Educativa da Companhia de Je-
sus, os antigos estudantes ainda são entendidos como membros da comu-
nidade educativa, portanto podem estabelecer vínculos, manter a interação
e a convivência com o ambiente das Unidades Educativas.
59
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
109
Havendo associações de antigos estudantes, responsáveis pelo
desenvolvimento de atividades de convivência, celebração e
solidariedade entre os egressos de cada Unidade, é necessária
a presença de um estatuto que regulamente as atividades e a administração.
Essas associações são formadas, necessariamente, por antigos Estudantes, e,
ainda que incorporem voluntários para a realização das atividades, estes não
poderão ser considerados membros, em virtude da ausência da vinculação à
Unidade Educativa quando de seus estudos na educação básica.
110
Na medida da disponibilidade dos recursos, financeiros, hu-
manos e de infraestrutura, a Unidade Educativa apoia essas
associações, visando facilitar os programas e as atividades que
congreguem os egressos e os aglutinem em torno de programas de volun-
tariado e de outros que a Companhia já tenha no Brasil ou em outras partes
do mundo.
111
A Unidade Educativa é uma obra apostólica da Companhia de
Jesus, Ordem Religiosa que integra a Igreja Católica e sua mis-
são na circunscrição eclesiástica da Arquidiocese ou Diocese
em que está localizada. Por isso, desenvolve suas atividades curriculares em
comunhão e consonância com a Igreja local, cooperando e sendo solidária
com as iniciativas nos âmbitos universal, local e da Igreja Católica.
112
A Unidade Educativa assume a condição de ser, ela também,
um espaço favorecedor de experiência eclesial. Essa é uma
demanda que chegou às escolas católicas em tempos de
fragmentação de referência comunitária, no cotidiano das interações entre
pessoas e grupos, no atual contexto da vida urbana e em suas múltiplas e
complexas manifestações.
60
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
113
Nas Unidades Educativas, há igrejas paroquiais e capelas, por
isso o serviço da fé, na Unidade Educativa, indica a oferta de
celebrações eucarísticas que visem à formação de comuni-
dade cristã, comprometida com o projeto de Jesus, que é o anúncio do
Reino de Deus.
114
Considerando as necessidades pastorais do Povo de Deus e as
orientações da Igreja Local em que a Unidade Educativa está
localizada, é recomendável a oferta de processos de Iniciação
Cristã – Eucarística e Crisma. Na catequese, atua-se para incentivar a partici-
pação dos estudantes e suas famílias em um espaço de iniciação à fé cristã e
constituição comunitária. Trata-se de um espaço em que se oportuniza uma
experiência explícita da confessionalidade cristã de identidade católica e de
inspiração na Espiritualidade Inaciana.
61
Encaminhamentos
e cronograma de
implementação
3
PEC – Projeto Educativo Comum
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
115
A implementação deste projeto será feita em duas etapas. A
primeira será dedicada ao confronto entre a realidade de cada
Unidade da RJE e as orientações do documento, devendo de-
rivar, deste exercício, um Plano de Implementação do PEC na Unidade. Esse
trabalho deverá ser realizado ao longo do ano de 2016, sob a liderança da
Equipe Diretiva e com o apoio dos eventos organizados para apropriação do
documento, em nível nacional. Ao final de 2016, todas as Unidades deverão
contar com uma rota de trabalho, indicando os ajustes a serem feitos em
cada área, o tempo e os recursos necessários para tal e os limites que even-
tualmente existam para avançar na direção indicada pelo PEC.
116
A segunda etapa será pôr em prática as definições do Plano
de Ação de cada Unidade. O tempo para o movimento inicial de
renovação será de três anos: janeiro de 2017 a dezembro de 2019.
O ano letivo de 2020, último no horizonte definido pelo PEC, será de avalia-
ção e redirecionamento dos processos de renovação em curso.
117
A responsabilidade pelo acompanhamento dos Planos de Ação
nas Unidades da RJE será do Delegado para Educação Básica e
suas instâncias de apoio nas três áreas: acadêmica, formação
cristã e administrativa.
64
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
118
Com a conclusão do primeiro ciclo de implementação do
Projeto Educativo Comum, a Rede Jesuíta de Educação defla-
grou, em suas Unidades, o processo de avaliação e abertura do
segundo ciclo de implementação, compreendendo o período de 2021 a 2025.
119
Para o segundo ciclo de implementação, orienta-se que as Uni-
dades Educativas:
120
Prazo para as etapas a e b do número 119: janeiro de 2022.
65
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
121
Direcionadores para o exercício de discernimento, definição,
elaboração e acompanhamento dos projetos:
122
O Escritório Central da RJE será a instância articuladora que
motivará e acompanhará o processo de revisão e atualização
das Rotas de Implementação do PEC e Planos Estratégicos
das Unidades.
123
O ano letivo de 2025, último no horizonte definido por esta
edição atualizada do PEC, será de avaliação e redireciona-
mento dos processos de renovação em curso.
66
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
ABREVIATURAS
67
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
GLOSSÁRIO
1
| Aprendizagem integral
É a formação da pessoa toda, em todas as dimensões de seu ser: cogni-
tiva, espiritual, afetivo-emocional, corporal, comunicativa, ética, sociopolítica e
estética. Processo permanente e sistêmico pelo qual ela adquire informações,
conhecimentos, habilidades e valores, por meio de múltiplas experiências de
contato com a realidade, com vistas à ação com os outros para a construção de
um mundo melhor para todos. Finalmente, entende-se por “integral” a apren-
dizagem mais ampla e o melhor aproveitamento que cada um pode alcançar.
Nas Unidades Educativas da Rede Jesuíta de Educação, a aprendizagem
integral é potencializada por um conjunto de experiências oferecidas aos estu-
dantes, que exploram e enfatizam as dimensões cognitiva, socioemocional e
espiritual-religiosa, integrando e articulando todas as demais.
2
| Acessibilidade pedagógica e atitudinal
Acessibilidade pedagógica – é a ausência de barreiras nas metodolo-
gias e técnicas de estudo. Está relacionada diretamente à concepção subjacen-
te à atuação docente: a forma como os professores concebem conhecimento,
aprendizagem, avaliação e inclusão educacional irá determinar, ou não, a remo-
ção das barreiras pedagógicas.
Acessibilidade atitudinal – refere-se à percepção do outro sem precon-
ceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. Todos os demais tipos de aces-
sibilidade estão relacionados a este, pois é a atitude da pessoa que impulsiona
a remoção de barreiras.
3
| Casa Comum
Casa Comum é uma referência direta ao planeta Terra como a casa em
que habitamos e em que habitam todas as pessoas e que, portanto, deve ser
cuidada e preservada por todos. O termo é utilizado em clara alusão à Carta
Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum, publi-
cada em 2015.
68
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
4
| Cidadania Global
A ideia de Cidadania Global reúne a noção de que a cidadania, para além
de uma consciência do cidadão quanto ao lugar, ao papel, aos direitos e respon-
sabilidades que possui na sociedade em que vive, implica o reconhecimento
de que sua esfera de consciência e atuação não se limita ao local, mas se am-
plia para o mundo, pois tudo está conectado, e a forma como agimos e nos
importamos com o que acontece em todo o mundo potencializa ou limita a
capacidade humana de transformá-lo num lugar melhor. Para a Companhia de
Jesus, “Cidadãos Globais são aqueles que constantemente buscam aprofundar
sua consciência de seu lugar e responsabilidade, local e global, em um mun-
do cada vez mais interconectado; aqueles que se solidarizam com os outros na
busca de um planeta sustentável e um mundo mais humano, como verdadei-
ros companheiros na missão de reconciliação e justiça” (Cidadania Global: Uma
Perspectiva Inaciana, 2019).
5
| Corpo Apostólico
Expressão usada pela Companhia de Jesus para designar o conjunto das
pessoas que colaboram para a realização da Missão. O termo “corpo” aponta
para a maneira orgânica e sistêmica de realizar a Missão. O adjetivo apostólico
traduz a experiência do chamado-envio, à maneira dos apóstolos de Jesus.
6
| Núcleo Apostólico
É uma estrutura apostólica por meio da qual a BRA estabelece, fortalece e
incrementa a colaboração entre comunidades, obras, instituições e redes apos-
tólicas sob a responsabilidade da Companhia de Jesus em uma determinada
região geográfica.
7
| Cura Personalis
Trata-se do cuidado personalizado que tem raiz nos Exercícios Espirituais
e no modo como se dá, nessa experiência, o acompanhamento das pessoas,
segundo suas características, seu contexto e suas experiências prévias. Embora
originalmente associada à natureza da relação orientador/orientando na reali-
zação dos Exercícios Espirituais (Personalis Alumnorum Cura), indicando o neces-
69
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
sário cuidado com a pessoa do estudante, a Cura Personalis tem sido assumida
nas Unidades educativas da Companhia de Jesus como princípio fundamental
do “cuidado com a pessoa”, que deve orientar o modo de proceder de todos
na instituição para com todas as pessoas. Cada estudante aprende de um jei-
to próprio e é acompanhado em seu processo de desenvolvimento. Utiliza-se
também essa expressão para os relacionamentos entre todos os membros das
comunidades educativas, chamados a cuidarem uns dos outros.
8
| Currículo integrado e integrador
O currículo integrado, como o nome diz, objetiva a integração entre o
que é específico das disciplinas (componentes curriculares) com a leitura per-
manente e crítica da realidade contemporânea, entre o objeto específico de
uma área do conhecimento com o objeto de outras áreas, entre o conhecimen-
to que se apresenta na forma de conteúdos com as experiências e projetos de
vida das pessoas que vivenciam, aprendem e são sujeitos no contexto escolar
e comunitário. O currículo e as aprendizagens integrais buscam a formação da
pessoa toda e de todas as pessoas que, por meio das suas habilidades e com-
petências, ajudam a construir um mundo com mais justiça social e ambiental,
sempre a serviço da paz, da reconciliação e respeito à diversidade humana em
seus contextos e repertórios culturais. Pressupõe o trabalho nas três dimensões:
a cognitiva, a socioemocional e a espiritual-religiosa.
9
| Declaração Pontifícia Gravissimum Educationis
Declaração Gravissimum Educationis (GE) – feita em 28.11.1965 pelo
Papa Paulo VI, trata da educação cristã e sua importância na vida da pessoa,
compreendida como uma educação integral na perspectiva do Evangelho, pro-
motora de humanização e defensora da presença cristã no mundo da educação.
Este documento nos traz orientações para a Escola Católica quanto à transmis-
são de cultura e valores e chama a atenção para a (re)construção de uma socie-
dade melhor. Portanto, podemos estabelecer interfaces com o objetivo central
da Educação Jesuíta, que é a formação integral da pessoa humana, bem como a
busca da formação para e com os demais – homens e mulheres para o serviço.
70
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
10
| Espiritualidade Inaciana
A Espiritualidade Inaciana e a essência dos Exercícios Espirituais consti-
tuem uma pedagogia com objetivos claros e definidos, um modo pedagógico
personalizado. Contudo, a pedagogia, arte e ciência de ensinar, não se reduz a
uma metodologia, pois contempla uma concepção de mundo, de sociedade e
de pessoa que se quer formar.
Nessa perspectiva, a Espiritualidade Inaciana ilumina a Pedagogia Inacia-
na, que se traduz em um enfoque pedagógico próprio, cujos principais elemen-
tos provêm dos EE.
É um modo de vivenciar a fé cristã católica, que tem seu fundamento na
experiência de Deus feita por Santo Inácio de Loyola e nos Exercícios Espirituais.
Algumas características da Espiritualidade Inaciana são: ser contemplativo(a) na
ação; em tudo, amar e servir; buscar e encontrar a Deus em todas as coisas deste
mundo em que vivemos, e ver todas as coisas em Deus; ser pessoa de discerni-
mento que busca e encontra a vontade de Deus; e, finalmente, buscar sempre a
maior glória de Deus, o bem das pessoas e o crescimento pessoal, sabendo que
o amor é a partilha do ser e do ter.
11
| Exercícios Espirituais
Livro escrito por Santo Inácio de Loyola (EE). Roteiro para um retiro de 30
dias, organizado em quatro etapas, chamadas de semanas. O autor selecionou
e organizou o material bíblico e elementos da doutrina católica para que a pes-
soa que orienta os EE ajude o(a) exercitante a fazer essa experiência. Existem
diferentes maneiras de fazer os EE, principalmente no que se refere ao tempo e
à duração do retiro.
Inácio conseguiu colocar por escrito seu próprio itinerário espiritual.
Assim, refletindo sobre o “vivido”, os EE tornaram-se um caminho para se chegar
até Deus. Toda pessoa que se entrega à experiência cresce em autoconheci-
mento e, tendo feito a experiência de ser amada incondicionalmente por Deus,
é convidada a discernir e eleger um projeto de vida de adesão e seguimento
da pessoa e da causa de Jesus Cristo, colaborando com a missão dele para a
VIDA do mundo, em comunhão com a Igreja, e convertendo-se ao modo de
vida cristão!
71
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
12
| Ethos
De origem grega, essa palavra tinha dupla acepção. A primeira indicava
os costumes que normatizam a vida social de uma comunidade; já a segunda
apontava para os costumes individuais, para o hábito adquirido em função do
ethos geral. Como uma segunda natureza, é o que diferencia o ser humano do
mundo natural, permitindo que ele coabite em um espaço de sentidos parti-
lhados. No campo educativo a compreensão do currículo como ethos contribui
para uma visão antropológica aberta de aprendizagem, que trata o estudante
como um ser livre, dotado de vontade, e que, no processo de apreensão da
herança comum da humanidade, também se firma como sujeito construtor de
cultura e história.
13
| Justiça socioambiental
O paradigma da Ecologia Integral, introduzido pelo Papa Francisco em
sua Carta Encíclica Laudato Si (2015), baseando-se no princípio da relacionali-
dade de tudo em nossa “casa comum”, é uma chave para ajudar a pensar a pro-
moção da justiça com um processo de reconciliação, em todas as dimensões.
É o que chamamos de justiça socioambiental, amparada na Ecologia Integral
e na Reconciliação. Trata do trabalho pela justiça, no qual as injustiças sociais e
ambientais aparecem profundamente interligadas. Não temos como fazer justi-
ça social sem justiça socioambiental, e não temos como fazer justiça ambiental
sem justiça social.
14
| Liderança Inaciana
O vocábulo “liderança” remete à habilidade de colocar-se a serviço dos
outros na condição de quem contribui e articula harmonicamente ações em
contextos coletivos. Sendo uma habilidade, esta não é inata, e sim consequên-
cia de trabalho formativo amplo e integral. A Liderança Inaciana, por sua vez,
pressupõe quatro pilares formativos: (a) o Exercício do Autoconhecimento: um
líder inaciano reconhece e distingue suas moções, limitações e potencialidades
(EE); (b) a Inventividade: por meio da indiferença positiva, o líder inaciano não se
detém no caminho e busca, na insatisfação, impulso para o Magis; (c) o Impulso
Heroico: em vista do Magis, o líder inaciano utiliza-se da meta alcançada como
72
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
plataforma para novas conquistas; e (d) o Amor: essência de toda ação, pois é
no reconhecimento e no amor pela humanidade que se deve agir. Tais pilares
contribuem com a formação de pessoas Conscientes das necessidades dos demais;
Competentes no serviço aos outros; Compassivas com os outros e Comprome-
tidas com Deus, com a Vida e com a Justiça.
15
| Magis
Significa “mais, o maior ou o melhor”, em latim. Na experiência espiritual
de Santo Inácio de Loyola, refere-se à atitude de viver e agir tendo em vista a
“maior glória de Deus”, que é a plena realização da pessoa. Os Exercícios Espirituais
têm como pórtico de entrada o texto do Princípio e Fundamento, no qual o fun-
dador dos jesuítas define que toda pessoa humana é criada para Deus e só en-
contra felicidade completa em Deus. Inácio conclui que, por isso, devemos es-
colher somente o que MAIS nos conduz a alcançar esse fim, deixando de lado os
apegos desordenados a tudo o que nos afasta dele.
Na Pedagogia Inaciana, diz respeito ao máximo que a pessoa pode atingir,
tendo em vista seu contexto, características, habilidades e experiências.
16
| Mantenedoras
Pessoas jurídicas às quais as Unidades Educativas estão vinculadas na
condição de filiais.
17
| Mística Institucional
Etimologicamente, na raiz do termo “místico” (mystikós), encontramos o
significado que qualifica aquilo que está em lugar oculto e secreto, sagrado,
distinto do mundo visível. A raiz grega (my-) do verbo “myô” expressa a ação de
fechar os olhos, para ver o que está oculto e a de fechar os lábios, para calar e
ceder lugar ao ouvir e ao silêncio. A mística é uma experiência interior e pessoal
da pessoa que descobre uma forma de viver o sentido da vida. O sentido da vida
dentro da experiência mística se projeta para as outras pessoas, evitando a cria-
ção de um mundo intimista. Por ser interior, ela é muitas vezes inefável e real-
mente livre. Para uma pessoa de fé, a grande referência é Deus. As instituições
têm uma mística na medida em que pessoas livres, abertas ao outro, numa di-
73
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
18
| Modelo matricial de estruturas
Trata-se de um modelo organizacional que, sem desconsiderar a estru-
tura de liderança e comando característica das instituições da Companhia de
Jesus, oferece às Unidades da RJE a oportunidade de ampliar e potencializar a
integração horizontal de seus setores, na medida em que possibilita o estabe-
lecimento de uma dupla linha de vinculação e comando, vertical e horizontal,
para o pleno alcance das particularidades dos diferentes projetos pedagógicos
institucionais.
19
| Núcleos Apostólicos
Unidades territoriais onde se realiza a missão apostólica da Companhia de
Jesus no Brasil. Cada qual tem um Superior local e um conjunto de residências
jesuítas e obras apostólicas a elas vinculadas.
20
| Plano Apostólico da BRA
Conjunto de princípios, preferências apostólicas, objetivos e metas que os
jesuítas e colaboradores leigos da Província dos Jesuítas do Brasil elaboraram. É
aprovado pelo Padre Geral da Companhia de Jesus.
21
| Preferências Apostólicas Universais
Novo horizonte do corpo apostólico e ponto de orientação à Companhia
de Jesus em sua missão pelos próximos dez anos (2019-2029).
74
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
22
| Reconciliação
Na 36ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, aprofundou-se o
binômio fé-justiça referindo-se a uma “missão de reconciliação e justiça”. Num
mundo marcado pela violência, pela desigualdade e pela degradação do meio
ambiente, os jesuítas e todos os colaboradores na missão não podem encarar
a luta pela justiça senão através da lente da reconciliação, centro e inspiração
da missão.
23
| Sistema de Qualidade na Gestão Escolar (SQGE)
O Sistema de Qualidade na Gestão Escolar (SQGE) é uma ferramenta de
autoavaliação e melhoria aplicável às instituições educativas, em implementa-
ção desde o ano de 2013, desenvolvida pela Federação Latino-Americana de
Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI), em parceria com a Universidade Al-
berto Hurtado, do Chile, e a Universidade Católica, do Uruguai, com foco na
identidade educativa da Companhia de Jesus e no alcance e potencialização
da Aprendizagem Integral. Assume como fundamentos teóricos para sua sis-
tematização os estudos sobre fatores associados à eficácia escolar, e por isso se
estrutura com base em quatro âmbitos centrais: (a) pedagógico-curricular, (b)
organização, estrutura e recursos, (c) clima escolar e (d) família e comunidade.
O SQGE busca impulsionar nos centros educativos o desenvolvimento de uma
cultura de qualidade, por meio da prática permanente de sistematização de
processos, reflexão, avaliação e melhoria, que permaneça nas Unidades Educati-
vas para além do período de sua aplicação.
24
| Tecnologias da Informação e Comunicação
TICs – conjunto de conhecimentos, pesquisas, equipamentos, técnicas,
recursos e procedimentos relativos à aplicação da informática em todos os
setores da vida social. Na atualidade, a facilidade de produzir, emitir e distribuir
informação, sem passar pelos mediadores clássicos, cria condições propícias
para a reconfiguração de um conjunto de práticas ancoradas nas redes e
suas conexões. Em contextos de aprendizagem, as TICs se configuram como
mediadoras de projetos pedagógicos, articulando currículo, planejamentos,
didática, relações interpessoais, avaliação, cuja finalidade é a formação de
75
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL
25
| Secretariado de Educação da Companhia de Jesus
O Secretariado, criado em 1967 pelo Padre-Geral Pedro Arrupe, anima a
rede global de Unidades Educativas jesuítas em todo o mundo, inspirada pela
tradição viva de excelência humana a serviço da missão jesuíta de reconciliação
e justiça em nosso mundo.
26
| –Colóquio Internacional de Educação Jesuíta (ICJSE)
| Boston, 2012
O ICJSE ocorreu em Boston, Estados Unidos, em 2012, reunindo pela
primeira vez na história lideranças das Unidades Educativas jesuítas de todo o
mundo. O colóquio reconheceu que “nossa rede internacional de escolas está
numa posição única para educar cidadãos globais capazes de participar num
processo de globalização da solidariedade, da cooperação e da reconciliação
que respeita completamente a vida humana, a dignidade, e toda a criação de
Deus”. Para mais detalhes, ver Anexo i.
27
| Pedagogia
Seminário Internacional de Espiritualidade e
28
| Educate Magis
A missão da Plataforma Educate Magis é cultivar uma comunidade
on-line vibrante que conecta educadores de Unidades Educativas jesuítas e
inacianos de todo o mundo. Esta comunidade está comprometida em res-
ponder ao chamado da Companhia de Jesus para tornar-se um “corpo uni-
versal com uma missão universal”, possibilitando que os educadores de nossa
76
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL
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| Congresso JESEDU – Rio 2017
O Congresso Internacional de Delegados de Educação da Companhia
de Jesus foi realizado no Rio de Janeiro, em 2017. Seu objetivo foi desenvolver
uma agenda global comum que conecta Unidades Educativas jesuítas em todo
o mundo. O Congress JESEDU fecha um primeiro ciclo de encontros mundiais
(Colóquio – Seminário – Congresso) e adota uma série de acordos em resposta
à desafiadora missão de reinventar a Educação Jesuíta. Para mais detalhes, ver
Anexo iii.
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Anexos
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truir uma rede como corpo universal e nosso chamado às fronteiras provêm da
nossa consciência do mundo e do nosso desejo de ajudar efetivamente nossos
estudantes a enfrentar os desafios globais.
Comprometemo-nos a:
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ção, do abismo cada vez mais amplo entre os ricos e os pobres, das inovações
tecnológicas, das mudanças nas famílias e das novas buscas por paz e igualdade.
Durante os cinco dias de profunda conversa em torno do que significa for-
mar uma pessoa consciente, competente, compassiva e comprometida como
marco geral para nossa educação, sentimos o poder dos nossos desafios e a
necessidade de seguir o caminho da renovação, que nos aproxima do nosso
sonho de ser pessoas para os demais e com os demais. Somos conscientes da
imensidão da nossa tarefa e das muitas tensões que isso implica para nossas
escolas e para nós como educadores. Sentimo-nos humildes diante de uma
obra que parece maior do que nossas capacidades e repleta de obstáculos in-
transponíveis devido a suas complexidades e nossas limitações. No entanto,
inspirados pela nossa experiência espiritual, aprofundada durante estes dias
num lugar que nos fala sobre a própria luta de Inácio em confiar em Deus
como sua última força e inspiração, ouvimos novamente as palavras do Evan-
gelho: “NÃO TEMAM”.
Ao confiar em Deus, renovamos nosso compromisso de oferecer uma ex-
periência educacional que possa transformar nossos estudantes, a nós mesmos
e nossa comunidade escolar como lugares onde possamos ver e experimentar
o sonho do Evangelho.
Portanto, estamos convencidos de que é necessária uma mudança pro-
funda em nossas escolas. Um genuíno discernimento desde o centro da nossa
espiritualidade nos guiará nela. Também experimentamos as imensas possibi-
lidades que se abrem a todos nós de pensar, trabalhar e sonhar juntos como
uma rede global. Queremos levar muito a sério o chamado da CG 35, D.2 N.20:
“Servir a missão de Cristo hoje implica prestar atenção especial ao seu contex-
to global. Este contexto exige que atuemos como uma instituição universal
com missão universal, constando, ao mesmo tempo, a diversidade radical das
nossas situações. Procuramos servir aos demais em todo o mundo, como uma
comunidade de dimensões globais e, simultaneamente, como uma rede de
comunidades de dimensões e, simultaneamente, como uma rede de comu-
nidades locais”.
Em 1993, o Padre-Geral Peter-Hans Kolvenbach resumiu nosso objetivo
como educadores como a formação de “homens e mulheres competentes,
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VII | Tomar medidas decididas para colaborar com a Rede Global das
Escolas Jesuítas, de acordo com os compromissos do ICJSE de Boston.
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A | A experiência de Deus
B | Tradição e inovação
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cientes de que nossa tradição nos chama a participar de uma conversação con-
tínua sobre os melhores meios para servirmos à nossa missão hoje, que deve se
refletir na renovação e na inovação em nossos colégios e modelos pedagógicos.
Tudo isso precisa levar nossos colégios a usar a imaginação inaciana para propor
e implementar melhores práticas educativas que realmente possam encarnar a
excelência humana de nossa educação e transformar nossos estudantes, nossas
sociedades e a nós mesmos.
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que nossos colégios experimentam uma tensão ou encontram uma lacuna en-
tre servir a missão e continuar sendo relevantes para os estudantes, os pais de
família e a sociedade em geral.
Essa tensão sempre tem estado presente em nossa história e desafiado nos-
sa criatividade. O contexto atual requer um sério discernimento para garantir
que nossa missão de reconciliação e justiça se reflita em nossos colégios. Dado
o advento da Inteligência Artificial, a quarta revolução industrial, e suas implica-
ções para a experiência humana e as mudanças que trará para as condições de
trabalho, cabe aos nossos colégios enraizarem-se na educação humanista pela
qual sempre foram reconhecidos.
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escolares possam ver a si mesmas como parte de um corpo universal com uma
missão universal (35ª C.G., Decreto 2, n. 20).
De fato, trata-se de uma nova mentalidade e modo de proceder que requer
nossa criatividade e compromisso para encontrar formas de trabalhar juntos e
conseguir um novo nível de gestão para nossos colégios. Esse processo fortale-
cerá nossos colégios em nível local e global e os tornará mais relevantes para as
sociedades a que servimos.
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DISCURSO S
CONGREGACIONES PADRES
PREFERENCIAS DE PADRES
GENERALES GENERALES
GENERALES
CICLOS
SECRETARÍA DOCUMENTOS
GLOBALES Y SUS
Y REDES FUNDACIONALES
DOCUMENTOS
Ciudadanía Global:
Una Perspectiva Ignaciana(2019)
https://www.educatemagis.org/es/interactive-timeline/
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ORÁNEO DE PROCE
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em R PROFUN e I
ede – Pro f u ndidad
https://www.educatemagis.org/es/infographic-integrated-perspective/
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DOCUMENTOS DA IGREJA
ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO
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1965-
Congregação Geral 31, Decreto 28 (apostolado da educação) CLIQUE AQUI
1966
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2019 Colégios Jesuítas: uma tradição viva no século XXI CLIQUE AQUI
2011-
Corresponsáveis na Missão Projeto Educativo Comum CLIQUE AQUI
2020
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III Congresso Inaciano de Educação, Itaici. Educação e São Paulo: Edições Loyola,
2002
mudança: por uma pedagogia da esperança 2002
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Fernando Guidini
DIRETOR ACADÊMICO – COLÉGIO MEDIANEIRA
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Pedro Risaffi
SECRETÁRIO EXECUTIVO DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO
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BRA 2016/17
Pe. Mário Sündermann, S.J.
DELEGADO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA, RIO DE JANEIRO – RJ
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O PEC não quer ser mais do mesmo. Faz-se necessário superar os mode-
los lineares pautados somente no ensino. Nesta perspectiva se busca organizar
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Fica o belo e grande desafio de qualificar as mediações, fazendo com que a arte
de aprender seja prazerosa e plena de sentido.
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nos perguntar se a entrega formativa faz jus aos meios e recursos que temos à
disposição em nossos colégios e escolas.
Sabemos, contudo, que toda mudança implica correr riscos, mas entende-
mos que o risco maior reside em não ousar mudar. A Companhia de Jesus se
manteve com relevância no apostolado educativo desde sua fundação, por sua
capacidade de reinvenção contínua, ousadia em inovar e renovar, e também
coragem para construir e trilhar caminhos e processos novos.
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impressão acabamento
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