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Projeto

PEC Educativo
Comum
Projeto
PEC Educativo
Comum

PROJETO EDUCATIVO COMUM DA


REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

EDIÇÃO ATUALIZADA

2021- 2025

Rede Jesuíta
de Educação
Pe. Mieczyslaw Smyda, S.J.
PROVINCIAL DOS JESUÍTAS DO BRASIL

Pe. Sérgio Mariucci, S.J.


SECRETÁRIO PARA EDUCAÇÃO DA BRA

Ir. Raimundo Barros, S.J.


DIRETOR PRESIDENTE DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Grupo de Trabalho responsável pelo processo de atualização do PEC:

Ana Maria Bastos Loureiro – DIRETORA ACADÊMICA / COLÉGIO SANTO INÁCIO / RJ


Fernando Guidini – DIRETOR ACADÊMICO / COLÉGIO MEDIANEIRA
Juliano Tadeu dos Anjos Oliveira – ASSESSOR DE PROJETOS / REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Ir. Marcos Epifanio B. Lima, S.J. – DIRETOR GERAL / COLÉGIO DIOCESANO
Maria Margareth R. dos Santos – DIRETORA ACADÊMICA / COLÉGIO DIOCESANO
Pe. Mário Sündermann, S.J. – DIRETOR GERAL / COLÉGIO LOYOLA
Pedro Risaffi – SECRETÁRIO EXECUTIVO / REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Tiago Agostinho – COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL / COLÉGIO SÃO FRANCISCO XAVIER

Projeto Gráfico e Diagramação: Luciana Mello

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Projeto educativo comum da rede jesuíta de educação básica : 2021-2025. -- 1. ed. --


São Paulo : Rede Jesuíta de Educação, 2021.

ISBN: 978-65-5504-107-1

1. Cidadania 2. Educação básica 3. Pedagogia.

21-72701 CDD-370.11

Índices para catálogo sistemático:


1. Educação básica 370.11
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Impressão: Edições Loyola, 2021


Escritório Central para Educação Básica
Rua Bambina, 115 | Botafogo
22251-050 | Rio de Janeiro-RJ | Brasil
Rede Jesuíta de Educação 5

Rede Jesuíta
de Educação

E SC O L A

A P
P

DR
E

E AR RU
SUMÁRIO

APROVAÇÃO DO PROJETO EDUCATIVO COMUM (2021-2025).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8


APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO ATUALIZADA (2021-2025). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
MISSÃO, VISÃO E VALORES DA RJE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

1. PRESSUPOSTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2. DIMENSÕES DO PROCESSO EDUCATIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33


2.1 - Dimensão curricular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 - Dimensão organização, estrutura e recursos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3 - Dimensão clima institucional escolar.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.4 - Dimensão família e comunidade local.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3 - ENCAMINHAMENTOS E CRONOGRAMA
DE IMPLEMENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

ABREVIATURAS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
GLOSSÁRIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

ANEXOS... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
i. Acordos de Boston – ICJSE, 2012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
ii. Declaração Final do SIPEI, 2014.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
iii. Acordos Finais do Congresso JESEDU – Rio, 2017. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
iv. Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI, 2019.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
v. Cronologia do Apostolado Educativo da Companhia de Jesus. . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
vi. Colégios Jesuítas a Serviço de Nossa Missão Universal:
Uma Perspectiva Integral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
vii. Documentos Pedagógicos da Igreja Católica e da
Companhia de Jesus.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
viii. Dados Organizacionais da Edição do PEC de 2016.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
ix. Aprovação do PEC 2016.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
x. Apresentação do PEC 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Aprovação do Projeto Educativo Comum


(2021-2025)

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2021

Estimados colaboradores/as da Rede Jesuíta de Educação Básica,

No ano em que celebramos o Jubileu Inaciano fazendo memória


aos 500 anos da conversão de Santo Inácio é uma oportunidade ímpar
de voltarmos às raízes mesmas da Companhia de Jesus, renovando o
compromisso assumido por ele e pelos primeiros companheiros de
serem servidores da missão de Cristo.

Hoje, passados quase sete anos da criação da Província dos Jesuítas


do Brasil e da constituição da Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE), com
muita gratidão a Deus que aprovo a edição atualizada do Projeto Educa-
tivo Comum (PEC) da RJE. Lancemos um olhar agradecido para tantas
experiências vivenciadas e por tantos dons colocados a serviço para que
pudéssemos qualificar nossa vida-missão, sendo presença apostólica sig-
nificativa nas mais diversas áreas e redes. Bem sabemos que cada frente
de ação tem seus desafios específicos, mas, do mesmo modo, reconhe-
cemos que todos estão voltados para a busca de soluções para principais
questões que, hoje, se apresentam para a humanidade.

Nesse tempo, presenciamos, também, significativas mudanças no


contexto mundial no que diz respeito às questões políticas, sociais e
culturais e, além disso, fomos perpassados pela experiência de uma
pandemia que, se por um lado nos iguala em nossa frágil condição
humana, por outro ressalta ainda mais as diferenças socioculturais e
nos desafia a buscarmos solução no diálogo e na cooperação entre
os povos.

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

O discernimento apostólico vivenciado por nós, na Companhia de


Jesus, nos trouxe às Preferências Apostólicas Universais, confirmadas
pelo nosso Papa e assumidas no horizonte de renovação de nossa mis-
são com a Igreja, missão que é do próprio Cristo.

Ao aprovar este documento, norteador para o trabalho de nossos


colégios e escolas de Educação Básica, eu o faço na esperança de que a
formação que ofertamos está não só alinhada às opções feitas hoje pela
Companhia de Jesus, mas ela mesma é instrumento para formarmos
homens e mulheres de boa vontade que, cientes dos desafios contem-
porâneos, se disporão a uma inserção cidadã, com vistas ao bem co-
mum e, nas palavras de Papa Francisco, a construir pontes.

Coragem, não tenham medo, olhemos tantos jesuítas e leigos que


com ousadia e confiança trabalharam deixando-nos a marca da educa-
ção jesuítica. Sejam criativos e encontrem neste documento o horizonte
para o qual todos devem caminhar. O PEC é um meio que nos anima a
todos nessa missão educativa e, como tal, deve ser mobilizador de todas
as forças para o trabalho em rede.

Que por intercessão de Santo Inácio de Loyola esse esforço coletivo


agradável a Deus produza bons frutos para o bem de todos!

Pe. Mieczyslaw Smyda, S.J.


PROVINCIAL DOS JESUÍTAS DO BRASIL

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Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Apresentação da Edição Atualizada


(2021-2025)

Aonde a Companhia quer chegar, em termos de apostolado educa-


tivo, ao decidir por esses rumos? Perguntava a apresentação da edição
do PEC de 2016. “Navegar é preciso, viver não é preciso”, já dizia o poeta
português Fernando Pessoa. Há cinco anos, lançamos a bússola do PEC
em alto-mar, para nos guiar no caminho de renovação. Dizíamos, então,
“o mundo é nossa casa, que vida nova é essa que agora começamos,
trilhamos juntos um caminho de renovação...”.

A cartografia que desenhamos juntos nesse percurso de cinco anos


é que nos leva a esta edição atualizada! Seguimos pautados por um
forte movimento coletivo que foi se desenhando e redesenhando mui-
tas vezes, constituindo-se em uma arquitetura inovadora, em forma de
comitês, GT’s, comissões, planejamentos. Quantas aprendizagens se
deram a partir do PEC! Novas e potentes reflexões, ações e experiên-
cias, o redesenho de novos horizontes pedagógicos, pastorais, admi-
nistrativos. Quanta coisa bela nasceu da diversidade, da alteridade, da
interculturalidade! Nós nos damos conta, ao olhar o caminho feito, que
aprendemos muito, sobretudo aprendemos a aprender, o que nos pos-
sibilitou continuar aprendendo. É essa competência, informada por Pe.
Arrupe, S.J., há quarenta anos, que percebemos hoje presente na RJE,
a partir do caminho mobilizador, e disruptivo tantas vezes, provocado
pelo PEC.

Caminhar, escutar, discernir, ousar! Assumir o itinerário de renovação


era a proposta inicial. Assumimos? Corremos risco? Buscamos os me-
lhores meios para dar vida ao PEC? Encantamos alunos e educadores?
“Sabemos, contudo, que o maior risco reside em não ousar mudar. A

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Companhia de Jesus se manteve com relevância no apostolado educa-


tivo desde a sua fundação, por sua capacidade de reinvenção contínua,
ousadia em inovar e renovar, e também coragem para construir e trilhar
caminhos novos e processos novos” (PEC).

Este novo ciclo do PEC desponta em um contexto altamente desa-


fiador para a humanidade, afetada pela pandemia da Covid-19. Mais do
que nunca, esse impacto tem mobilizado a reflexão sobre a dimensão
ética, social e política da educação, e jogado luz sobre a importância da
escola como espaço público fundamental para as sociedades democrá-
ticas. Conscientes das mudanças antropológicas e culturais em curso,
nesse contexto o PEC se consolidou, convocando e engajando a todos
na construção e implementação de novas perspectivas, abordado pela
incerteza e pela complexidade do tempo presente, mas com o olhar
esperançoso, voltado para o futuro.

“Temos grandes visões e desejos? Estamos nos arriscando? Estamos


voando alto?” Perguntou o Papa Francisco à Companhia de Jesus. Para
os próximos cinco anos, esta é a proposta: arriscar-se! Voar alto!

Como organização textual, nesta edição atualizada do PEC 2021-


2025, procedeu-se com a revisão dos parágrafos que estavam datados
e já não condiziam com o momento e contexto atuais. A fim de formar
integralmente, e na perspectiva da cidadania global, temas candentes
foram considerados, como o bilinguismo e as novas formas de aprender
em ambientes virtuais. Para as partes relacionadas a um segundo ciclo
de implementação do PEC, foi colocado o novo horizonte de tempo
para execução desse trabalho de 2021 a 2025.

Realizou-se também nesta edição atualizada a inclusão dos novos


documentos da Companhia de Jesus sobre educação, que foram lança-
dos após a edição de 2016, como os acordos do Congresso JESEDU-Rio
2017 – Congresso Internacional dos Delegados de Educação da Compa-

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Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

nhia de Jesus, Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI e Preferên-
cias Apostólicas Universais 2019-2029, além de traduzir os demais docu-
mentos institucionais que já estavam presentes no primeiro documento.

Considerando o ciclo de planejamento estratégico da Província


dos Jesuítas do Brasil (BRA), do qual participou e ao qual se incorporou
gradativamente a RJE por meio de suas Unidades Educativas, verifi-
cou-se oportuno inserir as declarações institucionais de missão, visão
e valores vigentes na BRA. Esse horizonte de um planejamento co-
mum fomenta o sentido de corpo e de colaboração na missão, que é a
missão da Companhia de Jesus e, por conseguinte, a missão da Igreja
e do próprio Cristo.

Por fim, criamos a seção “Abreviaturas”, para facilitar a localização e


a compreensão dos inúmeros movimentos realizados, e atualizamos o
“Glossário”, para que o leitor possa situar-se com relação à semântica dos
termos identitários inacianos dentro do nosso contexto institucional, es-
perando que, assim, haja uma leitura mais assertiva do documento e
uma efetivação mais segura dele.

É uma grande alegria e uma feliz coincidência a Rede Jesuíta de Edu-


cação Básica lançar a edição atualizada do Projeto Educativo Comum no
ano em que a Companhia de Jesus celebra os 500 anos da conversão
de Inácio de Loyola. Isso reafirma o compromisso com uma educação
de qualidade e comprometida na construção de um mundo mais justo,
solidário, fraterno e reconciliado.

Agradecidos pelo caminho percorrido, convidamos a todos os ho-


mens e mulheres envolvidos na missão educativa a contribuírem com
o revigoramento constante do apostolado educativo da Companhia de
Jesus no Brasil.

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Albanisa Gomes de Moura


DIRETORA GERAL DO COLÉGIO SANTO INÁCIO, FORTALEZA – CE

Alexandre Loures Barbosa


DIRETOR GERAL DA ESCOLA TÉCNICA DE ELETRÔNICA, SANTA RITA DO SAPUCAÍ – MG

Edelves Rosa Luna


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO DOS JESUÍTAS, JUIZ DE FORA – MG

Ir. Marcos Epifanio Barbosa Lima, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO SÃO FRANCISCO DE SALES – DIOCESANO, TERESINA – PI

Leila Xavier Amorim


DIRETORA GERAL DA ESCOLA NHÁ CHICA, MONTES CLAROS – MG

Maria Dalva Soares Rocha


DIRETORA GERAL DA ESCOLA PEDRO ARRUPE, TERESINA – PI

Mariângela Risério D’Almeida


DIRETORA GERAL DO COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA, SALVADOR – BA

Pe. Adilson Aparecido da Silva, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO SANTO INÁCIO E DO CENTRO EDUCACIONAL
AGOSTINHO CASTEJÓN (CEPAC), RIO DE JANEIRO – RJ

Pe. Edison de Lima, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO SÃO LUÍS, SÃO PAULO – SP

Pe. João Cláudio Rhoden, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO CATARINENSE, FLORIANÓPOLIS – SC

Pe. Jorge Álvaro Knapp, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO ANCHIETA, PORTO ALEGRE – RS

Pe. Luiz Antônio de Araújo Monnerat, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO ANCHIETA, NOVA FRIBURGO – RJ

Pe. Mário Sündermann, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO LOYOLA, BELO HORIZONTE – MG

Pe. Nereu Fank, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO MEDIANEIRA, CURITIBA – PR

Pe. Ponciano Petri, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO SÃO FRANCISCO XAVIER, SÃO PAULO – SP

Rosemere Imperes Lira


DIRETORA GERAL DA ESCOLA SANTO AFONSO RODRIGUEZ, TERESINA – PI

Ir. Raimundo Nonato Oliveira Barros, S.J.


DIRETOR-PRESIDENTE DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

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Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Missão, Visão e Valores da rje


A Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE) acredita que os processos
educativos podem ser transformadores de vidas e realidades. Por meio
de uma educação para a cidadania global e para a renovação da fé cris-
tã, as instituições da RJE são espaços de formação de lideranças capazes
de irradiação nas diferentes instâncias sociais.

Missão

Promover educação de excelência, inspirada nos valores cristãos e


inacianos, contribuindo para a formação de cidadãos competentes,
conscientes, compassivos, criativos e comprometidos.

Visão para 2025

Ser uma rede de centros inovadores de aprendizagem integral


que educam para a cidadania global, com uma gestão colaborativa
e sustentável.

Princípios e Valores

1 - Amor e serviço
A experiência radical de sermos criados por Deus, no seguimento a
Jesus Cristo, impele-nos a uma resposta encarnada por meio da atuação
no mundo, em que colocamos nossos dons a serviço dos demais.

2 - Justiça socioambiental
Deus nos chama ao movimento contínuo de reconciliação com Ele,
com a humanidade e com a criação, colaborando para a construção
de uma sociedade em que a justiça se faça presente nas relações, na
mudança das estruturas sociais e no cuidado com a casa comum.

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

3 - Discernimento
Fundamento que orienta a missão educativa e a elaboração de
projetos de vida, ambas comprometidas com um mundo mais justo,
reconciliado, fraterno e solidário.

4 - Cuidado com a pessoa


Postura acolhedora expressa por meio do diálogo e da abertura ao
outro, respeitando a dignidade de cada um, de modo que todos se
responsabilizem mutuamente e aprendam uns com os outros.

5 - Formação integral
Desenvolvimento das potencialidades da pessoa nas dimensões
cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa, por meio de um
currículo integrado e integrador.

6 - Colaboração e sustentabilidade
Visão compartilhada, trabalho em rede e solidariedade no uso dos
recursos, garantindo a viabilidade da missão.

7 - Criatividade e inovação
A tradição jesuítica inspira abertura e ousadia para construir projetos e
processos que respondam aos desafios da sociedade contemporânea.

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Introdução

PEC – Projeto Educativo Comum


Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Caminhando com a Igreja rumo à renovação


do apostolado educativo

1
O Documento de Aparecida (DA) e o texto sobre educação Vão e Ensinem
(VE), publicados em 2007 e 2011, respectivamente, pelo Conselho Epis-
copal Latino-Americano (CELAM), explicitam a necessidade de “revisar
e atualizar o Projeto de Educação Institucional da Escola Católica à luz dos
desafios da mudança de época” (VE 23,2). Também foram levados em con-
sideração nesta atualização as Cartas Encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti e o
Pacto Educativo Global.

2
Nesses documentos, a Igreja descreve um cenário em que a educação
corre o risco de se tornar produto de mercado em vez de direito do
cidadão. O contexto socioambiental em que estamos inseridos nos
apresenta apelos aos quais não podemos estar indiferentes e insensíveis.
Releituras de antigos princípios e busca de novos caminhos são possibilida-
des que não devem trazer temor, mas, antes, vigor e esperança. Nossa fé nos
ensina a estarmos atentos aos sinais dos tempos e a não nos conformarmos
com o mundo, mas transformá-lo (Rm 12,2).

3
Assumindo que nosso trabalho é parte da missão da Igreja e um serviço
à sociedade (GE 8; DA 338), acreditamos que a eficácia desse serviço
ocorre na proporção do fortalecimento da identidade de nossas obras
apostólicas (VE 37, 8; DA 328). A formação integral, apresentada como fina-
lidade última do trabalho, é sempre definida pela Igreja como um dos ele-
mentos mais fortes da identidade da educação católica (VE, 3-5, 27, 32; DA,
336-337). Ainda no bojo da reflexão eclesial sobre o apostolado educativo,

18
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

aparecem como características fundamentais da nossa proposta a compre-


ensão de que a educação vai além de parâmetros e pressões do mercado
(DA 328; VE 22), está centrada em Jesus Cristo como modelo de vida (DA 3,
336; VE 27, 32) e comprometida em transformar o mundo segundo os valo-
res do Evangelho (DA 330; VE 29).

A Companhia de Jesus em
sintonia com a Igreja Universal

4
A Companhia de Jesus, em sintonia com as orientações da Igreja Uni-
versal e Latino-americana, tem trilhado um rico caminho de revitaliza-
ção da tradição educativa que construiu ao longo dos últimos quatro
séculos. O Colóquio Internacional sobre Educação Básica Jesuíta (ICJSE),
realizado em Boston (EUA), em 2012, marcou o início de um ciclo de troca
de experiências, reflexões e decisões sobre os caminhos de renovação do
trabalho realizado na educação básica em nível mundial (ver Anexo i). O
Seminário sobre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas (SIPEI), encontro de
especialistas realizado em Manresa, Espanha, em novembro de 2014, marcou
o segundo momento desse ciclo no qual se estabeleceram compromissos
de renovação mundialmente importantes (ver Anexo ii). Aos dois primei-
ros movimentos citados (ICJSE e SIPEI), segue-se o 1º Encontro Mundial de
Delegados desse segmento que, recolhendo dados das diferentes realidades,
define um mínimo comum que caracteriza o trabalho apostólico dos jesu-
ítas na área de educação básica. Também foram levados em consideração
os acordos e documentos do Congresso JESEDU-Rio 2017 (ver Anexo iii), as
Preferências Apostólicas Universais da Companhia de Jesus (2019-2029), o
documento Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI – Um exercício
contínuo de discernimento (Tradição Viva), além dos atuais norteadores do
II Colóquio JESEDU – Global 2021. Ao final deste documento, está disponibili-
zado um quadro indicativo com documentos sobre educação da Igreja Cató-
lica e da Companhia de Jesus, do Concílio Vaticano II à atualidade (Anexo vii).

19
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

5
Em nível latino-americano, o processo de estímulo à renovação mais
recente remonta ao ano de 2005, quando a Conferência dos Provinciais
Jesuítas da América Latina (CPALSJ) aprovou um documento, também
intitulado Projeto Educativo Comum (PEC CPALSJ), com o propósito de indi-
car caminhos de resposta às muitas mudanças de contexto que nos desafia-
vam naquele momento.

A reorganização da
Companhia de Jesus no Brasil

6
No Brasil, constituídos como Província única no país em novembro de
2014, os jesuítas publicaram o Plano Apostólico da Província Jesuíta do
Brasil (PA BRA, 2014), indicando os apelos percebidos ao contemplar a
realidade brasileira e as respostas a tais apelos, como corpo apostólico. No
documento que registra o movimento de discernimento feito pelos jesuítas
de todas as regiões do país, estão indicadas as fronteiras para a nova missão,
os elementos que caracterizam o modo de proceder da Companhia de Je-
sus e as preferências apostólicas que foram assumidas. No número 12 desse
documento, aparecem, como preferência apostólica, “as juventudes”. As Uni-
dades Educativas estão consideradas entre as mediações institucionais de
trabalho nessa opção.

7
Na especificação do modo de proceder nessa e nas demais opções
apostólicas, destacam-se seis elementos: (1) a garantia de que todas
as mediações serão avaliadas em vista, não apenas da qualidade do
que fazem, mas também do grau de alcance de sua finalidade apostólica;
(2) a necessidade de aprofundar as bases que norteiam o trabalho realiza-
do nessas instituições de maneira rigorosa e qualificada; (3) o cuidado para
que as instituições que trabalham com jovens sejam espaços de formação de
lideranças capazes de irradiação nas diferentes instâncias sociais; (4) a garantia
de que a colaboração com pessoas e grupos não jesuítas seja parte do que

20
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

define e identifica o modo de atuar da Companhia de Jesus, e não apenas


uma complementação contingencial; (5) a abertura de espaço e possi-
bilidades de aprendizagem com e dos jovens com quem trabalhamos; e
(6) a participação em fóruns de debate e de definição de políticas públicas
que afetem as juventudes e suas famílias.

A constituição da Rede Jesuíta de


Educação Básica (RJE)

8
Para garantir fidelidade às indicações do PA BRA 2014 e dar organici-
dade aos processos realizados nas diferentes Unidades educativas, a
Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE), constituída em dezembro de
2014, tem a missão de promover educação de excelência, inspirada nos va-
lores cristãos e inacianos, contribuindo para a formação de cidadãos com-
petentes, conscientes, compassivos, criativos e comprometidos.

9
Ao constituir-se como presença apostólica que atua em rede, arti-
culando as Unidades Educativas entre si e também com as demais
presenças apostólicas dos respectivos Núcleos Apostólicos, a Com-
panhia de Jesus pretende que o trabalho realizado nas Unidades Educa-
tivas seja cada vez mais aberto e orientado pelo espírito de corpo e pelo
discernimento.

10
O trabalho das Unidades Educativas da RJE se organiza a partir
das orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal (LDBEN, 1996), das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
Educação Básica (2013), do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014-2024), da
Base Nacional Curricular Comum (BNCC,2017) e das orientações específicas
dos órgãos legisladores de cada região do país, tudo de acordo com o modo
específico da Companhia de Jesus de fazer educação, expresso em docu-
mentos e alocuções dos Padres Gerais. Como destaca o Tradição Viva “cada

21
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

um dos nossos colégios deve ser visto, e ver-se a si mesmo, como extensão
da nossa missão internacional” (n. 243).

A elaboração do
Projeto Educativo Comum (PEC)

11
O Projeto Educativo Comum da RJE pretende delinear ações para
melhor colaborar na seara do apostolado educativo em comunhão
com a Igreja e a serviço do nosso país. Nossas Unidades estão inse-
ridas nas Igrejas locais e também filiadas à Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil (ANEC), legítima representação da educação católica na
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nessa comunhão, alegra-
mo-nos com a construção do PEC coincidir com a celebração dos 50 anos da
Declaração Pontifícia Gravissimum Educationis (GE, 1965).

12
Contemplando a diversidade e a riqueza de trabalhos realizados
nas diferentes Unidades da RJE e, ao mesmo tempo, considerando
a necessidade de definir um horizonte comum para as Unidades
Educativas jesuítas do Brasil, na reunião dos Diretores Gerais realizada em
Fortaleza, Ceará, em abril de 2013, decidiu-se pela elaboração de um docu-
mento que revisse e reposicionasse o trabalho apostólico da Companhia de
Jesus na área de educação básica e, simultaneamente, orientasse sobre as
necessidades de renovação, ajuste e/ou qualificação do que então existia.

13
Desde então, outros elementos foram incorporados à reflexão
sobre a necessidade de elaborar um documento que norteasse
o apostolado educativo da Companhia de Jesus no segmento da
Educação Básica. O mais relevante deles, seguramente, foi o Seminário so-
bre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas (SIPEI), organizado pelo Secreta-
riado Mundial para Educação Básica, em Manresa, Espanha, em novembro
de 2014. A partir da expansão feita pelo Pe. Kolvenbach (1993), comentan-

22
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

do o documento Pedagogia Inaciana, uma Proposta Prática, em que indica


que “nosso objetivo como educadores é a formação de homens e mulheres
competentes, conscientes e comprometidos na compaixão” (Carta do Padre
Kolvenbach sobre o Paradigma Pedagógico Inaciano, Roma, 1993), abre-se uma
nova chave de leitura que nos desafia a reorientar nossas práticas e buscar
novos caminhos. Uma vez que os desafios do contexto atual são grandes,
maiores ainda deverão ser nossa coragem e esperança.

14
Cabe aqui uma breve explicitação do que se compreende pelas
quatro expressões que constituem a formulação mencionada no
parágrafo anterior. (i) Competentes: profissionalmente falando,
têm uma formação acadêmica que lhes permite conhecer, com rigor, os
avanços da tecnologia e da ciência. (ii) Conscientes: além de se conhecerem
a si mesmos, graças ao desenvolvimento da capacidade de interiorização e
ao cultivo da vida espiritual, têm um consistente conhecimento e experiên-
cia da sociedade e de seus desequilíbrios. (iii) Compassivos: são capazes de
abrir o coração para serem solidários e assumirem o sofrimento dos outros.
(iv) Comprometidos: sendo compassivos, empenham-se honestamente e
desde a fé, e com meios pacíficos, na transformação social e política de seus
países e das estruturas sociais para alcançar a justiça (Nicolás, Medellín, 2013).

15
O Sistema de Gestão da Qualidade Escolar (SGQE) da Federação
Latino-americana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI)
também contribui para o processo de elaboração do PEC/RJE. Ini-
cialmente implantado em algumas Unidades da RJE em 2014, o Sistema de
Qualidade da FLACSI apresenta indicadores em quatro dimensões do pro-
cesso educativo que são tomadas como referência na estruturação do ca-
pítulo terceiro deste documento. O foco central do Sistema baseia-se nas
aprendizagens que os estudantes têm em coerência com a proposta para a
formação integral, que é própria da tradição educativa da Igreja e, por supos-
to, da Companhia de Jesus. Daí deriva o conceito de aprendizagem integral,
uma e outra vez utilizada na “gramática” própria do SGQE.

23
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

16
Durante o ano de 2015, dois Grupos de Trabalho (GT) lideraram
o processo de elaboração do documento. No primeiro semestre,
realizaram dois seminários com a participação de mais de 200
educadores de todas as Unidades da RJE. Nessas ocasiões, impelidos pelas
orientações do SIPEI e do SGQE da FLACSI, os participantes foram provo-
cados à reflexão e a discussões que geraram elementos a partir dos quais
os componentes do GT 1 produziram um mapa conceitual que subsidia a
redação deste documento.

17
Na sequência, houve um movimento intenso de disseminação das
reflexões feitas nos seminários em cada Unidade. Os que participa-
ram presencialmente nos seminários organizaram, com as Equipes
Diretivas, momentos de socialização e conversa sobre conteúdos, inquieta-
ções e proposições que surgiram nos dois seminários.

18
No início do segundo semestre de 2015, a partir do mapa concei-
tual e das reflexões, o convite à participação foi ampliado por meio
de um exercício de hierarquização de prioridades para o proces-
so de renovação das Unidades Educativas proposto a todos os profissionais
(docentes e não docentes) que trabalham nas Unidades da Rede. Com a
participação de mais de 2 mil profissionais respondendo a esse exercício,
completamos o ciclo de consulta e escuta e iniciamos, com o segundo GT, o
trabalho de redação do documento.

19
O período de vigência do primeiro documento foi de 2016-2020.
Esta edição atualizada terá o período de vigência de 2021-2025.
Nesse período, os diretores gerais assumem como prioridade defi-
nir, com as lideranças das Unidades, quando e como implementar as orien-
tações que aqui se apresentam e quais os ajustes necessários em cada Uni-
dade Educativa. O novo período de vigência se inaugura atravessado pelo
contexto pandêmico que tem afetado e transformado o modo de ser e de
existir de toda a humanidade, pessoas e instituições. Na escola, esse contexto
tem impactado todos os seus âmbitos: na gestão, no currículo, no processo

24
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

de ensino e aprendizagem (remoto/híbrido) nos ambientes de aprendiza-


gem, nas novas metodologias e tecnologias, fazendo com que todos os ato-
res assumam seus papéis de uma nova maneira, pela aprendizagem integral
com vistas à cidadania global.

20
O presente texto está organizado em três capítulos. O primeiro
apresenta os pressupostos que sustentam as opções feitas. O se-
gundo especifica as dimensões, sua identidade conceitual, me-
diações e aplicações na vida escolar. O terceiro capítulo está dedicado aos
encaminhamentos e ao cronograma de implementação do PEC.

21
A utilização de frases afirmativas na redação deste documento
apoia-se na convicção de que as ações mudam as instituições e
as pessoas. Ao transformarmos proposições em afirmações, temos
tão somente a intenção de produzir menos um manual e mais um trata-
do, balizado por fé, esperança e trabalho. Afinal, a resposta que buscamos
transcende a vida que desejamos começar, mas fortalece e impulsiona a que
agora começamos.

25
Pressupostos

PEC – Projeto Educativo Comum


1

Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Lendo os sinais dos tempos, reconhecendo e assumindo


seus desafios como campo de missão

22
O desafio de articular fé, justiça e reconciliação nos leva a conside-
rar, no espaço escolar, os temas referentes a gênero, diversidade
sexual e religiosa, novos modelos de família, questões étnico-ra-
ciais, elementos referentes às culturas indígena, africana e afro-brasileira e
outros similares relacionados a categorias ou grupos sociais que sofrem dis-
criminação, violência e injustiça. São realidades que, iluminadas pela fé e em
comunhão com a Igreja, precisam fazer parte, de forma transversal, de um
“currículo evangelizador” (VE 30), voltado para uma aprendizagem integral.

23
É também uma questão de articulação entre fé, justiça e reconcilia-
ção e de opção pelos pobres a inclusão de questões que envolvem
a justiça socioambiental no nosso planeta, em que as populações
que menos contribuem para a degradação ambiental são e serão as que
mais sofrem as consequências, como comunidades de pescadores, ribeiri-
nhos do Amazonas, regiões tribais e tantas outras populações. Ainda sob a
perspectiva da opção pelos pobres, incluem-se, entre as populações men-
cionadas acima, aquelas que, por motivo de orientação sociorreligiosa ou
identidade étnica, ficam excluídas da plena cidadania.

24
O atual contexto educacional mostra-se muito diverso e competiti-
vo. Observa-se uma “emergência educativa” (DA 328) como conse-
quência de um mercado constituído em torno da educação. A alta
competitividade, impulsionada pelo mau uso das avaliações padronizadas
de âmbito nacional e internacional, traz o risco de reduzir o processo forma-

28
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

tivo ao alcance de resultados de avaliações externas. Conforme menção no


Tradição Viva, “muitos colégios têm experimentado o impacto das reformas
orientadas pelo e para o mercado. As avaliações padronizadas podem redu-
zir a riqueza e a dignidade do empenho educativo à mera quantificação de
pontos nos rankings” (n. 103).

25
Os indicadores de qualidade da educação elaborados por agên-
cias internacionais ajudam a mapear as fragilidades e fortalezas dos
sistemas educativos. Também parece pertinente a relação entre a
qualidade da educação e a equidade social. Não há mérito de excelência
acadêmica sem que isso seja seguido pela mobilidade social e diminuição da
pobreza. Como afirma a Companhia de Jesus no documento Tradição Viva, “a
iniquidade na educação tem aumentado, sendo os mais pobres e desfavo-
recidos os mais prejudicados” (n. 91). Nosso modo de oferecer educação de
qualidade, entretanto, não se restringe a atingir os índices de ranqueamento
em avaliações padronizadas. Nossa finalidade considera mais as demandas
pela sustentabilidade ambiental do planeta do que as metas de desenvolvi-
mento econômico viciadas na exploração dos recursos naturais. A proposta
pedagógica das Unidades Educativas jesuítas está centrada na formação da
pessoa toda e para toda a vida; trabalhamos para realizar uma aprendizagem
integral que leve o estudante a participar e intervir autonomamente na so-
ciedade: uma educação capaz de formar homens e mulheres conscientes,
competentes, compassivos e comprometidos.

26
As tecnologias digitais vêm alterando a vida nas sociedades con-
temporâneas. Novas tecnologias da informação e da comunicação
têm estreitado as distâncias, possibilitado a cocriação, apropriação
e disseminação de conhecimentos. Junto com as demais organizações, a
educação está imersa num entorno tecnocomunicativo. Há uma conexão
em tempo real entre os seres humanos e os coletivos, independentemente
de onde estejam, na qual virtual e real se misturam e afetam, principalmente,
os nativos da cultura digital. De acordo com o Padre Geral Arturo Sosa, “isso
implicará que exploremos o que os outros fazem e o que podemos aprender

29
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

deles, como também o que a ciência pedagógica apresenta para um mundo


cada vez mais tecnológico caracterizado pela cultura digital na qual nossos
alunos nasceram e cresceram” (Tradição Viva, n. 256).

27
Para além da reestruturação das formas de comunicação e de aces-
so à informação, essa revolução digital está modificando o proces-
so de aprendizagem e exige um referencial de competências em
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Nesse sentido, há uma ne-
cessidade premente de reformular o ambiente escolar e de repensar muitas
das atuais práticas pedagógicas, a fim de rever espaços, recursos e metodo-
logias, para que utilizem as tecnologias digitais para inovação, considerando,
conforme o critério que norteia os trabalhos apostólicos da Companhia, a re-
lação entre meios e fins. A meta é que os currículos contemplem ainda mais
discussões e o uso fluente dos múltiplos meios tecnológicos na possibilida-
de de transpor os limites físicos e temporais da sala de aula. Reconhecemos
que a pandemia da Covid-19 potencializou o uso das tecnologias, espaços e
recursos não apenas como apoio aos processos de ensino e aprendizagem,
mas também como uma nova gramática pedagógica a ser aprendida ao
mesmo tempo que ensina.

28
A incorporação das mídias sociais nos processos educativos, à luz
do discernimento e da cura personalis, permite a promoção de uma
revolução metodológica nos processos de ensino e de aprendiza-
gem, contribuindo, assim, para que a Unidade Educativa seja um espaço
mais eficaz na construção significativa do conhecimento e ambiente de
qualificação dos estudantes no uso das mídias sociais. Também à luz das
aprendizagens e vivências advindas da pandemia a categoria cura personalis
transcendeu a presencialidade do acompanhamento e do cuidado e se
mostrou possível e necessária nos ambientes virtuais de aprendizagem.

30
Dimensões do
Processo Educativo
2
Neste capítulo, apresentam-se as especificações
conceituais e as mediações para orientar as necessidades PEC – Projeto Educativo Comum
de renovação e qualificação nas diferentes dimensões do
processo educativo da educação básica nas Unidades
Educativas da Companhia de Jesus no Brasil.

Seguindo a lógica do Sistema de Qualidade da FLACSI,


que se origina nas pesquisas sobre eficácia escolar,
consideramos quatro dimensões
1. Curricular;
2. Organização, estrutura e recursos;
3. Clima institucional escolar; e
4. Relação com a família
e com a comunidade.
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

2.1 DIMENSÃO CURRICULAR

29
Nas instituições educativas da Companhia de Jesus, a aprendiza-
gem se dá na perspectiva do desenvolvimento pleno do sujeito.
Seguindo sua tradição de ecletismo, na abertura e no diálogo
com as diferentes teorias da educação, a Rede Jesuíta de Educação esta-
belece, como diretrizes para aperfeiçoar seus processos educativos, que
as Unidades Educativas: (1) Avaliem a efetividade de suas propostas edu-
cativas na perspectiva da cidadania global; (2) promovam a atualização
ou a transformação de seus currículos, para que eles expressem a identi-
dade inaciana, sejam significativos e flexíveis e contemplem as diferentes
dimensões da formação da pessoa; (3) revejam a organização e o plane-
jamento dos diferentes componentes curriculares, para que contemplem
a transversalidade e a interdisciplinaridade como inerentes à realidade e
as utilizem nas propostas de aprendizagem; (4) redimensionem espaços
e tempos escolares, para gerar mais espaço de mobilidade e criatividade
no processo educativo; (5) atualizem os recursos didáticos e tecnológicos,
para responder de maneira mais eficaz aos desafios dos tempos atuais; e
(6) enriqueçam a matriz curricular, para que, além da base comum nacio-
nal, obrigatória, incorporem os componentes necessários para a garantia
do ideal de educação integral da Companhia de Jesus.

34
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Sobre o currículo

30
Nas Unidades da RJE, entende-se que o currículo é o “ethos”,
no qual realizamos a finalidade que declaramos: excelência na
educação de pessoas conscientes, competentes, compassivas e
comprometidas. Portanto, o currículo revela-se na realidade do cotidiano
da escola, na sala de aula e fora dela, nas relações de poder que se estabe-
lecem entre os diferentes atores, nos valores e no modo como as decisões
são tomadas e na maior ou menor coerência que existe entre o que decla-
ramos e o que fazemos.

31
Nas Unidades Educativas da Rede Jesuíta de Educação, os currí-
culos são concebidos, considerando a legislação educacional em
vigor e os documentos da educação da Companhia de Jesus. A
construção do currículo considera a concepção de mundo, de sociedade
e de pessoa que se deseja formar, assim como contempla aspectos da for-
mação integral que tenham fundamentação de natureza epistemológica,
indagando sobre os limites e possibilidades do conhecimento e as rela-
ções que se estabelecem entre conhecimento, sujeitos e meio; pedagógi-
ca, buscando os melhores caminhos e percursos para que a aprendizagem
integral aconteça; e psicológica, considerando os diferentes estágios de
desenvolvimento do estudante e sua capacidade de pôr-se em atividade,
em consonância com os desafios inerentes a cada etapa.

32
Superando a discussão sobre protagonismo escolar, importante
em seu tempo, acreditamos que os professores, os estudantes,
as famílias, os profissionais não docentes e a comunidade local
são todos protagonistas do processo educativo, participando de diferentes
formas e lugares da vida escolar. Sem sombra de dúvidas, o principal foco
de todo o trabalho desenvolvido é o estudante, sujeito das aprendizagens
propostas, mediadas pelo professor e por tantas outras possibilidades de
acesso à apropriação e reelaboração do conhecimento. Nas Unidades da

35
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

RJE, o papel do professor é mais do que o de mediador das aprendiza-


gens, especialmente em tempos de tamanha diversidade de “mediações”.
O professor é o profissional que propõe o caminho, apresenta o mapa e
acompanha os estudantes, indicando critérios para que a apropriação do
conhecimento seja feita de maneira significativa e com valor.

33
A noção de valor fundamenta a vida escolar e está explícita no
currículo da instituição. As normas, os regulamentos, as decisões,
as ações e a relação estabelecida entre os membros da comuni-
dade educativa evidenciam os valores que pregamos. Educamos na justiça,
no respeito, na solidariedade, na contemplação e na compaixão. A educa-
ção jesuíta é instrumento efetivo de formação, fundamentado na fé, na
prática da justiça, no cuidado e responsabilidade com a casa comum e
no diálogo inter-religioso que prepara nossos estudantes para entender,
interagir e abraçar a diversidade religiosa de nosso mundo (Tradição Viva,
nn. 171 e 190).

O conhecimento

34
Vislumbramos um processo educativo cujo paradigma supere
a visão racionalista vigente e nos impulsione na renovação dos
currículos e dos modos de ensinar, assumindo de forma mais ex-
plícita que, na perspectiva da educação integral, aprende a pessoa toda, e
não apenas sua dimensão intelectual.

35
Importante na definição dos currículos é considerar as diversas
áreas do conhecimento, as particularidades do perfil dos estu-
dantes, as características das faixas etárias e do que dispõe a
instituição como mediação para os processos educativos. A educação bá-
sica, constituída de três etapas específicas (Educação Infantil, Ensino Fun-
damental e Ensino Médio), configura-se de forma sequencial, orgânica e

36
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

articulada (BRASIL, 1993). Esse itinerário necessita de sentido e de comple-


mentaridade, especialmente considerando o sujeito, que é a razão de ser
de todo esse ciclo educacional. Os mesmos critérios aplicam-se a cursos
oferecidos pelas Unidades da RJE em nível técnico e aos que oferecem
programas de Educação de Jovens e Adultos.

Uma didática

36
Pressupondo o estudante como centro do processo de apren-
dizagem, o currículo oferece oportunidades para que o conhe-
cimento seja constituído de diversas formas, individual e cole-
tivamente, garantindo acompanhamento sistemático do estudante, do
processo de ensino e de aprendizagem e dos modos de avaliação daqui-
lo que se espera como resultado. A meta é garantir um caminho no qual
ensino e aprendizagem sejam constantemente avaliados, evitando que
a não aprendizagem seja entendida como responsabilidade exclusiva
dos estudantes.

37
Nas Unidades da RJE, as melhores formas de acompanhar a
aprendizagem dos estudantes são definidas em diálogo com
os profissionais docentes, considerando as orientações da RJE,
a validação da direção acadêmica de cada Unidade, instância competen-
te para validar decisões que afetem ensino e aprendizagem. São critérios
de referência para essa definição os objetivos estabelecidos na proposta
pedagógica da escola e o conhecimento das diversas teorias à disposição.

38
A consideração da diversidade de estilos e ritmos de aprendiza-
gem guia os professores na preparação dos planos das aulas e na
seleção e organização dos materiais utilizados para propor e ava-
liar as aprendizagens. Baseado nas opções expressas no currículo, o profes-
sor propõe situações diferenciadas de mediação para atender aos sujeitos

37
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

de aprendizagem que se encontrem em momentos distintos. Entendemos


que a separação entre ensino, aprendizagem e estudo em momentos es-
tanques está superada e que o trabalho docente precisa ser organizado a
partir da aprendizagem e das metas definidas para as múltiplas dimensões
envolvidas no processo.

Matriz curricular

39
A matriz curricular espelha a organização das diversas áreas do
conhecimento, os componentes curriculares e a carga horária
dedicada a cada um deles. Como parte do projeto político-pe-
dagógico das Unidades, ela sinaliza o percurso da aprendizagem e do de-
senvolvimento dos estudantes e orienta os professores na busca de novas
abordagens e metodologias. De acordo com a LDBEN, a matriz curricular
está organizada em duas partes: base comum e parte diversificada. Na
base comum, parte obrigatória com especificações claras nos documentos
oficiais que norteiam a educação escolar formal, as orientações apontam
para a necessidade de integrar, cada vez mais, os conteúdos dos diferentes
campos disciplinares de forma interdisciplinar e transversal. Nas Unidades
da RJE, assumimos como meta essa tarefa, entendendo que a fragmenta-
ção existente hoje nas matrizes das escolas ajuda pouco na aprendizagem
significativa. Além da base comum, está a parte diversificada, que revela
a identidade da instituição e considera o contexto em que se insere cada
Unidade Educativa. A construção da matriz curricular garantirá a integração
das duas partes (base comum e parte diversificada), refletindo a realidade
da escola em atenção à cultura local e à identidade da proposta pedagógi-
ca jesuítica, pois a “Educação Jesuíta deve responder positiva e ativamente
à diversidade de seus estudantes, professores, pais, comunidades e à rede
global de seus colégios” (Tradição Viva, n. 235).

38
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Ensino e aprendizagem

40
Nas Unidades Educativas da Companhia de Jesus, toda ação
educativa converge para a formação da pessoa, enfatizando a
necessidade de reconhecer as potencialidades do indivíduo e
garantindo o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, socioemocional e
espiritual-religioso.

41
Nesse sentido, é importante promover a aprendizagem de modo
que capacite o estudante a perceber o valor do aprendizado ao
longo da vida e possibilite o desenvolvimento dos talentos indi-
viduais e coletivos. Garantir a aprendizagem integral exige da escola, hoje,
a compreensão de que o contexto mudou, os estudantes aprendem de
formas e em tempos distintos, em espaços que não se limitam ao escolar,
exigem respostas individualizadas, diversos modos de fazer e de mediar a
construção do saber, oportunizando vivências que atendam a diferentes
necessidades.

42
O professor organiza sua ação docente de tal forma que favo-
rece aos estudantes o contato, a apropriação, a formulação e
a reformulação em relação ao conhecimento, atuando sempre
para tornar efetiva a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades e
competências necessárias ao exercício da autonomia.

Avaliação

43
Quando se trata de avaliação, consideramos essencial que se
avalie tanto o ensino quanto a aprendizagem, uma vez que a
nalidade do primeiro é o alcance da excelência na segunda.
A avaliação da aprendizagem é sempre uma avaliação do ensino; trata-se

39
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

do lugar pedagógico de acompanhamento da caminhada de estudantes


e professores. A avaliação como momento isolado de verificação do que
foi retido do conteúdo ensinado faz parte de um paradigma superado que
precisa ser revisto onde ainda for vigente. Cabe aos profissionais encarre-
gados de acompanhar o trabalho acadêmico garantir que os processos de
avaliação do ensino ocorram de maneira sistemática e em diálogo com a
avaliação das aprendizagens.

44
Importante também é considerar as práticas renovadas de ava-
liação nas quais se leva em conta a contextualização, a relação
teoria e prática, a reflexão e a análise crítica, a importância do
raciocínio e da apreciação das diferentes dimensões da pessoa nos proces-
sos avaliativos.

45
Os sistemas de avaliação nas Unidades Educativas da RJE con-
templam tanto o aspecto cognitivo (intelectual) quanto o socio-
emocional e o espiritual-religioso. Há que se ter clareza sobre as
competências e habilidades a atingir em cada uma dessas dimensões, assim
como de meios, instrumentos e possibilidades para avaliar o desenvolvi-
mento dos estudantes em cada etapa da vida escolar.

46
Em relação à organização do sistema avaliativo, mais que a frag-
mentação do ano letivo em etapas curtas e assoberbadas de
conteúdos trabalhados de maneira superficial e desarticulada,
o que se pretende é um sistema de avaliação que permita a apropriação
com profundidade e de maneira integrada das aprendizagens propostas,
preferencialmente organizado em blocos trimestrais, em cada ano letivo.

47
Os dados de registro e de desempenho acadêmico são usados
para gerar informação sobre o desempenho de professor e estu-
dante, retroalimentando a ambos no desafio da qualificação dos
processos de ensino-aprendizagem-avaliação e na comunicação com estu-
dantes e famílias.

40
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Educação inclusiva

48
A educação inclusiva é uma preocupação mundial que impul-
siona uma busca constante para torná-la uma realidade cada vez
mais frequente, ancorada na garantia de direitos, a partir de uma
vasta legislação específica, que evidencia, entre outros aspectos, a diversi-
dade como um fator essencial para a transformação da escola.

49
A proposta de educação inclusiva consiste em pôr em prática um
novo conceito, que tem como base tornar a educação acessível
às pessoas e, com isso, atender às exigências de uma sociedade
que vem combatendo preconceitos, discriminações, barreiras entre indi-
víduos, povos e culturas. Uma escola inclusiva oferece não apenas recur-
sos especializados, mas também um espaço que valoriza a diversidade, no
qual se experimentam as vantagens de um ensino e de uma aprendiza-
gem cooperativos, em que todos ajudam e são ajudados.

50
A proposta de educação da Companhia de Jesus comunga com
a perspectiva da educação inclusiva, visto que sua finalidade é
proporcionar educação integral para todos os estudantes. As-
sim, as Unidades da RJE entendem a educação inclusiva como garantia
das condições de aprendizagem para todos os estudantes, independen-
temente de suas condições. Em cumprimento à legislação vigente e con-
templando um dos compromissos do SIPEI e reforçado pelo documento
Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI, a prática de educação
inclusiva constitui um desafio assumido por todas as Unidades como dever
de justiça e desafio à nossa competência técnica.

51
A Rede Jesuíta de Educação Básica estabelece como diretrizes
para uma educação inclusiva as ações a seguir elencadas, para
que as Unidades Educativas as adotem como propulsoras do
aperfeiçoamento de seus projetos pedagógicos, com vistas à oferta de

41
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

uma educação cada vez mais de qualidade: (1) Definir, nos programas de
capacitação continuada, temas relacionados à educação inclusiva e às ne-
cessidades educacionais especiais; (2) considerar que aprender a viver juntos
é um dos pilares da educação contemporânea, já que supõe participar e
cooperar com os demais; (3) garantir acessibilidade física; (4) desenvolver
campanhas de sensibilização para a promoção de acessibilidade pedagó-
gica e atitudinal; (5) implantar atendimento educacional especializado, em
espaços e tempos distintos, como meio de suporte ao processo de ensino e
de aprendizagem; (6) definir, a partir das orientações legais, os procedimen-
tos internos para o atendimento de estudantes com necessidades educa-
cionais especiais.

Formação na liderança

52
Uma obra educativa da Companhia de Jesus tem como um dos
seus objetivos a formação de líderes que tenham, na justiça e
no serviço, seus principais compromissos. Nas Unidades da RJE,
líderes entendem a própria autoridade como serviço que transforma a si
mesmo, as pessoas e, por meio das pessoas, a sociedade; uma liderança
que ajuda a comunidade a crescer em Cristo, segundo o Pe. Adolfo Nicolás,
S.J., na Conferência sobre a Liderança Inaciana, em Valladolid, 2013.

53
Embora a formação de lideranças à luz dos valores cristãos se dê
no trabalho educativo como um todo, nas Unidades Educativas
da RJE, entendemos que aqueles que lidam cotidianamente com
os estudantes são os agentes mais importantes dessa formação. Para isso,
é necessário construir projetos de maneira integrada entre os diferentes
setores ou áreas das Unidades Educativas que considerem todas as etapas
da vida escolar. Tais projetos garantem o protagonismo do estudante e sua
representação nas diferentes instâncias da vida e da organização escolar
(representações de turma, grêmios estudantis e colegiados).

42
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

DIMENSÃO ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E RECURSOS 2.2

Pressuposto

54
A forma como os processos são geridos faz as Unidades Educa-
tivas manifestarem, de maneira explícita, o conteúdo do modo
de proceder da instituição. Assim, não nos é indiferente este ou
aquele estilo de gestão; pelo contrário, afirmamos um modelo de gestão
em que o poder é serviço, e a liderança é espaço de compartilhamento de
poder e de responsabilidade, tendo como foco o cumprimento da missão.
A participação é mais que uma oportunidade de compartilhamento de
poder; é um compromisso de corresponsabilização pelo trabalho e pelos
resultados alcançados.

55
A complexidade das relações, o modo como estas se travam no
ambiente escolar e os processos desenvolvidos nas diferentes
áreas da organização constituem o conteúdo mesmo dos pro-
cessos de gestão. Trata-se, portanto, de um movimento contínuo no qual
a escola é plasmada, aprendendo de si mesma, gerando oportunidades de
reordenamento das relações e, consequentemente, de reorganização da
unidade escolar, com vistas ao cumprimento de sua missão.

56
Esse movimento contínuo, se bem apropriado pela Equipe Dire-
tiva, possibilita que se busquem as melhores práticas para a efeti-
vação do processo educativo, sendo a primeira delas referente à
própria definição das equipes de trabalho e do melhor modo de composi-
ção e integração entre elas, com a demarcação da função a ser exercida e
a percepção de que todas, a partir do lugar que ocupam, colaboram para
o fim proposto. O gerenciamento dos processos internos do centro educa-
tivo, das equipes administrativa e docente e dos recursos disponíveis está
plenamente coerente com os objetivos e as metas estabelecidas pela insti-

43
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

tuição, que se enraízam na missão educativa da Companhia de Jesus e têm


como fim último a aprendizagem integral dos estudantes. Desse modo, ao
se inserirem nesse horizonte, a Equipe Diretiva e as equipes de trabalho
da Unidade Educativa colocam-se na condição de corresponsáveis pelo
processo educativo e pela missão institucional.

57
Por tudo isso, a gestão institucional possibilita a garantia de pro-
fissionalização dos processos, alinhada à identidade inaciana e à
busca do Magis. Trata-se de superar tudo o que soa como domés-
tico e personalista, tendo em vista os desafios contemporâneos e as respos-
tas que queremos dar como Unidades Educativas da Companhia de Jesus.
Conforme o documento Tradição Viva, “os colégios jesuítas devem trabalhar
em rede” (n. 241) e “os educadores jesuítas precisam encontrar maneiras no-
vas e inovadoras para garantir unidade, respeitando o princípio da subsidia-
riedade, que ensina que as decisões são mais bem tomadas quanto mais
próximo se está da ação e à luz do contexto específico” (n. 245).

Direcionamento estratégico

58
Os processos decisórios que norteiam o trabalho de direção, em
se tratando de instituições jesuítas, fundamentam-se em um
aspecto radical e caro à Companhia de Jesus: o discernimento
espiritual e a busca daquilo que se apresenta como vontade de Deus para
a instituição. No entanto, o trabalho das Equipes Diretivas, assim como os
processos decisórios serão mais assertivos se orientados por métodos e
instrumentos de direcionamento estratégico. Essa abordagem evita que as
instituições operem sem um norte de médio e longo prazo e, em conse-
quência, tenham suas ações de curto prazo comprometidas pela falta de
perspectiva de futuro. Dito de outra forma, o direcionamento estratégico,
como método de trabalho e instrumento norteador para a gestão, garante
maior eficácia no cumprimento da missão.

44
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

59
No contexto deste documento, e a partir dos Identificadores Glo-
bais dos Colégios Jesuítas, entendemos como estratégico que as
pessoas sejam capazes de definir rumos, caminhos e metas para
garantir o alcance dos objetivos propostos e posicionem cada Unidade
Educativa da RJE no lugar onde ela deseja estar, dentro de um planeja-
mento que leva em conta um determinado escopo de tempo, de fases
de implementação e indicadores internos e externos. Em todo o mundo,
os colégios da Companhia de Jesus desejam estar no lugar onde possam
prestar o melhor serviço à Igreja e à sociedade.

60
O direcionamento estratégico e seu respectivo plano de ação se
alinham plenamente à missão e à visão institucionais e, em seu
tempo e medida, às diretrizes que emanam deste Projeto Educa-
tivo Comum, além de indicar com clareza quem são os responsáveis por
sua execução. Importa, também, que a escola utilize métodos e recursos
adequados e que o direcionamento estratégico se desdobre em planos de
trabalho claros, conhecidos pela maior parte dos profissionais e mensurá-
veis em curto, médio e longo prazo.

61
Uma vez postas em marcha a dinâmica de direcionamento
estratégico e suas derivações, todas as decisões tomadas pela
Equipe Diretiva derivam do discernimento feito previamente,
das ações definidas como prioritárias durante o ciclo de planejamento
e da avaliação anual feita pelas equipes de trabalho, que podem indicar
necessidades de reorientação e adequação. Isso assegurará processos de
sucessão mais seguros, especialmente nos cargos de Direção Geral, sem
maiores impactos causados pela falta de um horizonte claro e de planos
de ação bem definidos e apropriados pelos profissionais das diferentes
áreas da Unidade Educativa.

45
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Estrutura organizacional

62
Ao longo dos anos, as Unidades Educativas da Companhia de Jesus
no Brasil adaptaram suas estruturas sem necessariamente discernir
se as mudanças qualificariam a proposta educativa da Companhia,
o que, em muitos casos, levou a estruturas demasiadamente pesadas, em
certa medida desnecessárias e que não têm gerado evidências de alcance
de melhores resultados na aprendizagem integral dos estudantes.

63
A proposta de formação integral não pode se consolidar como
um somatório de partes, cada qual sob a responsabilidade de
uma equipe ou setor, pois é da integração que conseguiremos
avançar em direção aos frutos esperados do nosso processo educativo. Em
virtude desse fato, a organização interna e o organograma institucional
refletem essa intencionalidade. O modelo matricial de estruturas organi-
zacionais é o que mais se aproxima da integração desejada nas Unidades
da RJE, já que favorece o funcionamento harmônico das diversas instâncias
da instituição, com vistas ao atendimento satisfatório do que emana da
proposta pedagógica.

64
Caberá às Equipes Diretivas das Unidades Educativas, portanto,
avaliar sistematicamente o modo de organização interna e o or-
ganograma institucional, a fim de adequá-los para garantir uma
gestão cada vez mais integrada e o êxito na execução dos projetos peda-
gógicos. Por sua vez, da revisão e adequação do organograma institucio-
nal, derivará o descritivo de funções, acrescido de uma matriz que apresen-
te as competências necessárias para o bom desempenho de cada função.
Todas as Unidades contarão com um desenho organizacional claro e com
as consequentes definições necessárias ao seu funcionamento.

46
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Uso dos recursos a serviço


da missão: gestão financeira

65
Meios para os fins: essa é a máxima que nos norteia, quando se
trata de gerenciamento de recursos. Nossa natureza institucional e
sua raiz na experiência de Inácio de Loyola demandam constante
preocupação com o uso consciente de recursos e com a justiça social, sem
nos eximir da qualificação técnica e do profissionalismo necessários à execu-
ção da tarefa educativa e dos processos de gestão a ela inerentes. À compe-
tência técnica e à qualidade necessária, junta-se a necessidade de uma pos-
tura de austeridade diferenciada, que se assenta na experiência mesma de
Santo Inácio e nos critérios evangélicos.

66
Nesse sentido, somos chamados ao uso responsável e racional
de meios e recursos, tendo como foco nosso fim proposto, assim
como, em certos momentos e segundo discernimento criterioso,
a partilha do ser e do ter, colaborando, desse modo, na execução da missão
universal da Companhia de Jesus e na construção de uma sociedade mais
justa, fraterna e igualitária. Além disso, como afirma o Tradição Viva, “nossos
colégios devem fazer todo o esforço para serem ambientalmente susten-
táveis” (n. 197).

67
O ideal é que os processos de administração financeira da Unida-
de Educativa estejam plenamente aderentes aos documentos da
Companhia de Jesus sobre administração de bens, em especial
à Instrução sobre a Administração dos Bens (IAB), bem como às diretrizes
e às orientações da Administração Provincial e da Mantenedora à qual a
Unidade Educativa pertence. Além disso, é primordial que a gestão finan-
ceira se ancore em normas e técnicas de um processo administrativo de
qualidade, segundo as melhores práticas disponíveis.

47
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

68
Por outro lado, é de crucial importância que nossas instituições edu-
cativas caminhem para uma maior corresponsabilização de todos
os seus profissionais pelo uso e gerenciamento sustentável dos
recursos disponíveis, o que tem início em seu envolvimento na própria cons-
trução orçamentária. Para isso, a construção coletiva do orçamento anual,
considerando sempre as premissas indicadas pela Administração Provincial, o
conteúdo do Plano Estratégico Institucional e os dados da realidade dos con-
textos nacional e regional, é uma ferramenta fundamental de gestão. Cada
vez que assume como responsabilidade exclusiva a elaboração das peças or-
çamentárias, a área administrativa autoriza os demais gestores a se eximirem
dessa responsabilidade na gestão de sua área específica. Além da elaboração
dos orçamentos, compartilham-se o acompanhamento e o controle da exe-
cução do planejado entre os gestores de diferentes áreas e níveis da estrutura.

69
Toda a administração financeira pressupõe efetivação de contro-
les e registros, segundo critérios técnicos estabelecidos, e a so-
cialização dessas informações com as instâncias superiores, me-
diante solicitação prévia e/ou necessidades provenientes dos mecanismos
legislativos de controle.

Potencializando o desenvolvimento humano


a serviço da missão: gestão de pessoas

70
O processo qualificado de gestão de pessoas dentro de uma
Unidade Educativa impacta diretamente a qualidade do serviço
prestado e o fim pretendido. A gestão de pessoas é, portanto,
uma dimensão estratégica e pressupõe a valorização do capital humano,
com vistas ao desenvolvimento da pessoa, de modo que ela cresça huma-
na e profissionalmente para o melhor cumprimento da missão. Concomi-
tantemente, garante maior eficácia na entrega de um serviço de qualida-
de e viabiliza processos sucessórios mais assertivos.

48
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

71
A Equipe Diretiva é a primeira responsável pela gestão de pessoas, e
o setor de Recursos Humanos atua como seu parceiro, por meio do
gerenciamento de políticas e procedimentos que serão adotados
pela instituição. O ideal é que a Unidade Educativa conte com clara definição
dos procedimentos para recrutamento, seleção, retenção de talentos, avalia-
ção de desempenho, programas de desenvolvimento pessoal e profissional
e definição do plano de cargos e salários, nesse caso conforme característi-
cas locais do mercado educativo em que a Unidade Educativa está inserida
e apoiado e em consonância com a mantenedora e suas equipes técnicas.

72
Quanto maior for a clareza dos gestores no que diz respeito à função
a ser desempenhada e aos pré-requisitos e competências necessá-
rias para tal, maior será a possibilidade de êxito na contratação e no
posterior acompanhamento do desempenho dos profissionais da instituição.

73
Sobre a avaliação de desempenho, é desejável que ocorra anu-
almente, segundo critérios estabelecidos pelo setor de Recursos
Humanos local, alinhando as melhores metodologias disponíveis
com qualidades e competências desejáveis para uma liderança inaciana,
conforme documentos institucionais. A avaliação poderá subsidiar as Equi-
pes Diretivas com informações que viabilizem a gestão de pessoas, bem
como a indicação das eventuais fragilidades existentes nas equipes de tra-
balho, das quais poderão derivar planos de formação e capacitação.

74
Dadas as especificidades de cada contexto, demarcadas sobretudo
pelas Convenções Coletivas do Trabalho, caberá, aos departamen-
tos de Recursos Humanos, sob orientação das Direções Administra-
tivas, a realização de estudos que subsidiem a Equipe Diretiva na tomada de
decisões em torno da implementação ou não de Plano de Cargos e Salários e
de outros benefícios trabalhistas passíveis de concessão, levando-se sempre
em conta as características do mercado educativo em que a Unidade Educa-
tiva está inserida e a sustentabilidade financeira institucional.

49
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

2.1 DIMENSÃO CLIMA INSTITUCIONAL ESCOLAR

75
O clima institucional de uma Unidade Educativa jesuíta constrói-se
a partir do que chamamos “modo de proceder” da Companhia de
Jesus e observa-se cotidianamente na convivência e na interação
entre os diversos membros da comunidade, assim como na realização das
tarefas e no uso do poder. Implica considerar a comunicação e a relação
entre todos os atores educativos; a participação nos diversos espaços de
ação e decisão; a motivação, o compromisso e a identificação com as fina-
lidades da Unidade Educativa; os mecanismos de resolução de conflitos;
os eventuais episódios de desrespeito entre ou para com os estudantes.
Conforme o Tradição Viva, nossas Unidades Educativas devem promover e
garantir ambientes livres de qualquer forma de abuso (n. 172). Tem especial
relevância o cuidado pessoal de cada um dos membros da comunidade
(cura personalis), sempre orientado à melhor realização dos objetivos de-
finidos para cada segmento da Unidade Educativa. Trata-se de cuidar da
pessoa, porque ela é sempre o centro do processo, e, ao mesmo tempo,
garantir o alcance dos resultados nos processos que são nosso compromis-
so institucional com estudantes e famílias.

76
A promoção de uma cultura interna que valoriza o desenvolvimen-
to de um sentido de pertença, embasado na missão e na mística
institucionais, nas relações interpessoais, fundadas no respeito e na
avaliação daquilo que cada um é e com que contribui para a instituição, é
tarefa de todos os gestores da Unidade Educativa. Conforme o documento
Tradição Viva, a Unidade Educativa deve “incluir nos novos programas de for-
mação dos docentes e do pessoal de apoio de cada colégio, a compreensão
de que eles estão se unindo a uma rede global e que têm um papel a desem-
penhar na sua animação” (n. 60).

50
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

77
A gestão do clima institucional envolve, de acordo com as especi-
ficidades das funções e responsabilidades, a interação e a comu-
nicação entre os diversos membros da comunidade educativa e o
acompanhamento dos profissionais, no nível que corresponda a cada um,
nos processos de ensino e aprendizagem. O que constrói um bom clima
institucional é a adesão, o sentimento de pertença e a corresponsabilidade
dos profissionais em relação à missão da Unidade Educativa. A qualidade
do clima institucional está diretamente associada à qualidade da gestão re-
alizada nos diversos espaços da organização escolar. Cabe à Equipe Diretiva
garantir unidade ao “modo de proceder” dos gestores, de tal forma que os
critérios utilizados e os procedimentos de gestão adotados sejam coerentes
e consistentes nos diferentes setores da Unidade Educativa.

Formação para a missão

78
O processo de formação dos profissionais (docentes e não docen-
tes) naquilo que é específico do modo de ser institucional é de
responsabilidade da instituição. Os programas de formação e os
que deles decorram como aprofundamento constituem-se em processos
formativos baseados na identidade inaciana e jesuíta e explicitam os prin-
cipais aspectos da identidade institucional, suas raízes fundacionais, aquilo
que se espera da missão apostólica da Companhia e, em especial, da mis-
são educativa, com vistas ao crescimento e amadurecimento pessoal e ao
fortalecimento daquelas qualidades que impactam positivamente o desem-
penho profissional. Favorecem, ainda, o desenvolvimento da capacidade de
ler a realidade de maneira crítica, à luz da visão cristã e inaciana de mundo,
contemplando a valorização e a formação para a sustentabilidade e a justiça
social, pois, de acordo com o Tradição Viva, ela não é marginal à missão, está
no seu âmago (n. 201).

51
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

79
Cabe à Equipe Diretiva a responsabilidade de garantir que tais pro-
gramas integrem a programação ordinária da Unidade Educativa e
se realizem de acordo com as necessidades identificadas, com os
recursos disponíveis e com as leis trabalhistas e acordos sindicais vigentes em
cada região. Compete, igualmente, aos diretores oferecer aos novos profissio-
nais contratados os documentos institucionais básicos, sejam da própria Uni-
dade Educativa, sejam da Companhia de Jesus, que comuniquem a identida-
de da instituição e contribuam na formação para a aproximação e assimilação
de seu conteúdo, a fim de que inspirem a conduta e o procedimento deles.

80
O convite à experiência dos Exercícios Espirituais (EE) é parte dos
programas de desenvolvimento das Unidades Educativas, consi-
derando necessidades e circunstâncias locais. Embora reconhe-
cendo a riqueza da experiência e as possibilidades de que um profissional
que nela se encontre construa um nível diferenciado de adesão à missão
da Unidade Educativa, o convite aos EE não está associado ao processo de
avaliação dos profissionais.

81
A Formação Institucional contempla, ainda, a identificação e o fo-
mento de lideranças. Nos processos sucessórios de gestores dos
níveis intermediários, considerem-se, nos potenciais candidatos,
a liderança, a compreensão e a assimilação da identidade institucional, a
forma de agir e proceder dos profissionais, seu compromisso com a quali-
dade e com a excelência, bem como o comprometimento com os valores
que orientam a missão e a visão da Unidade Educativa.

82
O formato e a operacionalização dos processos de formação insti-
tucional são de incumbência de cada Unidade Educativa, poden-
do ser desenvolvidos em cooperação com outras obras do Núcleo
Apostólico ao qual a Unidade Educativa pertence. Quando oportuno, desen-
volvem-se ações formativas com vistas à integração, à apropriação e à corres-
ponsabilização pelo Plano Apostólico da BRA.

52
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Capacitação de profissionais

83
A capacitação profissional consiste na busca por atualização e apri-
moramento teórico e prático de conhecimentos, competências e
habilidades exigidas para o exercício das funções, associada à com-
preensão e à assimilação da identidade e da missão da Unidade Educativa.
Todo investimento feito pelas Unidades nessa direção visa à qualificação
dos profissionais para que eles sejam capazes de atuar da melhor forma, de
acordo com orientações e projetos da instituição com vistas ao alcance da
aprendizagem integral. Para isso, são consideradas as necessidades internas
da instituição e as demandas do seu corpo funcional.

84
Dos profissionais que atuam nas Unidades, espera-se que se esfor-
cem continuamente para aperfeiçoar seu desenvolvimento pesso-
al e sua formação técnica, a fim de desempenhar com excelência
suas atividades, considerando as características do “modo de proceder” em
uma Unidade Educativa da Companhia de Jesus.

85
Com vistas ao aperfeiçoamento profissional, os colaboradores (do-
centes e não docentes) poderão pleitear, com a direção das Unidades
Educativas, colaboração financeira e/ou adequação de carga horária
e/ou liberação do trabalho, observando regras específicas contidas na Política
de Gestão de Pessoas das Unidades Educativas ou orientações análogas.

86
Quanto aos profissionais que ocupam cargos formais de lideran-
ça, para dar respostas e um novo significado à função diante das
demandas e dos desafios da sociedade contemporânea, conside-
ram-se: (1) A competência requerida para trabalhar em equipe e de forma
colaborativa; (2) a visão sistêmica da organização e seus efeitos nos dife-
rentes processos desenvolvidos em uma Unidade Educativa; (3) a ousadia
necessária para enfrentar, de forma resiliente, as contradições próprias dos
grupos humanos e das instituições.

53
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

87
Uma das principais tarefas das lideranças formais, especialmente as
que medeiam a direção e a operação nas diferentes áreas, é tornar
claros a visão, os fins e os objetivos. Nesse sentido, é importante
saber escutar, estar aberto à opinião de outros, à construção conjunta, visan-
do sempre ao alcance dos fins pretendidos e ao uso adequado dos meios.

88
Para além do cumprimento da legislação, as Unidades Educativas
incorporam, por sua identidade e missão, Pessoas com Deficiência
(PcD), a quem acolhem, formam, capacitam e destinam a executar
funções correspondentes às suas possibilidades.

Comunicação

89
A comunicação é dimensão e meio de integração e partilha de
informações que viabilizam a missão da Unidade Educativa. É in-
sumo do trabalho de gestão, desde a Direção Geral até a sala de
aula. Uma gestão eficaz dos processos comunicacionais garante o conhe-
cimento de tudo o que afeta o exercício das funções de cada profissional,
do trabalho demandado dos estudantes e do papel das famílias na edu-
cação escolar.

90
As estratégias de comunicação organizacional e marketing nas
Unidades da RJE também estão a serviço da missão e, como tal,
contribuem para comunicar e reforçar os valores que integram a
identidade institucional e a proposta curricular. Os objetivos mercadológi-
cos estão submetidos à visão e à missão das Unidades Educativas da RJE.

91
No uso dos meios, adotam-se a identificação, a escolha e a orien-
tação de prestadores de serviços de comunicação, garantindo
que os materiais explicitem a proposta educativa das Unidades
Educativas da Rede Jesuíta de Educação. É importante considerar, entre-

54
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

tanto, o apoio de profissionais da área ou agências especializadas para a


realização desse serviço.

92
As peças gráficas de divulgação, os vídeos institucionais, os canais
de comunicação, assim como as tecnologias educacionais, consti-
tuem-se como ferramentas de informação e de comunicação para
a mediação da aprendizagem e interação, e não como fim em si mesmas.

93
A área responsável pela comunicação procura criar, identificar e
potencializar o uso de várias ferramentas e canais, gerar fluxos de
informação e processos interacionais que promovam processos
comunicacionais com múltiplas finalidades, especialmente aquelas que in-
cidam diretamente na gestão dos diferentes processos escolares.

94
É necessário atenção especial ao tratamento das informações
que envolvem pessoas e relações, pois elas implicam sigilo e con-
fidencialidade. Na comunicação com estudantes, famílias e co-
munidade local, são estabelecidos fluxos e canais de interação, de modo
que favoreçam a transparência, a cordialidade e o acesso pleno e seguro às
informações, de acordo com o disposto na Lei Geral de Proteção de Dados
(Lei 13709/2018). Paralelamente, requer-se a observância dos marcos legais
e éticos vigentes.

95
Com relação à captação, disseminação e armazenamento de ima-
gens, vídeos de estudantes, famílias, colaboradores docentes e
não docentes, bem como de instituições parceiras, faz-se neces-
sário o trato ético, com uso de instrumentos jurídicos legais. Os Ambientes
Virtuais de Aprendizagem e de sistemas de informação são adotados como
ferramentas e ambientes comuns para o trato e a geração de informações
que serão usadas para a comunicação.

55
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Motivação e compromisso

96
A clareza e a objetividade esperadas de cada profissional e equi-
pe de trabalho, bem como as expectativas em relação ao de-
sempenho e importância no conjunto da missão, muito ajudam
a motivação em assumir, com entusiasmo, a responsabilidade na obra
apostólica. Não importa o nível de responsabilidade, serviço ou autorida-
de, todos precisam estar cientes das próprias atribuições e bem motivados
a realizar o trabalho sob o signo do Magis.

97
Dos profissionais contratados para trabalhar nas Unidades da
RJE, espera-se compromisso em nível institucional, independen-
temente das pessoas que lideram ou ocupam cargos formais em
cada momento histórico.

98
Os Processos de Formação Institucional, Capacitação Profissional
e Comunicação são mais efetivos quando permeados pelo fo-
mento do compromisso e da adesão em vista da aprendizagem,
do desenvolvimento do trabalho e do comprometimento com a missão e
visão das Unidades.

2.4 DIMENSÃO: FAMÍLIA E COMUNIDADE LOCAL

99
A interação Unidade Educativa, família e comunidade local abre
espaços para o fomento do diálogo sobre a participação das fa-
mílias e da comunidade local no espaço escolar. Ademais, acaba
por incidir na criação de vínculos que promovam e construam a justiça
social na sociedade e reverberem na inserção e no reconhecimento das
Unidades Educativas como parte constitutiva do contexto social em que
se encontram.

56
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

100
A relação entre Unidade Educativa e família envolve duas di-
mensões: (1) As famílias contratam a prestação de serviços
educativos; (2) elas são corresponsáveis pelo desenvolvimento
e acompanhamento da aprendizagem integral. A constituição da comuni-
dade educativa requer a integração saudável entre essas duas dimensões.

101
A participação e o envolvimento das famílias seguem os flu-
xos e os canais oficiais de comunicação e acesso às Unidades
Educativas, que são informados e divulgados à comunidade
educativa. As famílias têm acesso à Unidade Educativa sob a orientação das
normas previstas nos Regimentos Escolares. Na interação entre estudantes
no interior das Unidades Educativas, é vedada a intervenção direta dos pais,
sobretudo quando se trata de divergências relacionais. Quanto ao contato
das famílias com os profissionais para o trato de processos educativos, o en-
volvimento e a interação serão mediados pelas normas expressas nos Regi-
mentos Escolares e pelas normatizações contratuais.

102
Especial atenção e cuidado pastoral são dados à oferta da Es-
piritualidade Inaciana às famílias e ao acompanhamento espi-
ritual, considerando a variedade de modalidades que integram
a tradição da Companhia de Jesus e o perfil dos integrantes da comunidade
educativa. Incentivam-se a criação e a promoção de canais oficiais de escuta
das famílias, em modo de ouvidorias, visando favorecer a interação e a co-
municação entre escolas e famílias. Para maior aproximação das famílias e da
missão educativa e suas finalidades, bem como do ambiente e da identidade
inaciana das Unidades Educativas, é necessário promover e desenvolver um
Programa de Liderança Inaciana para os pais.

57
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Associações de pais

103
As Associações de Pais são entidades sem fins lucrativos que
promovem a participação e a integração permanente das fa-
mílias no espaço escolar, visando mediar o contato e a relação
com a administração das Unidades Educativas e colaborar de modo corres-
ponsável para que a instituição realize a missão educativa. Entende-se que
as Associações de Pais não são canais paralelos de interação e comunicação
da família com a Unidade Educativa, e sim uma forma de integração com a
Unidade Educativa. Sua existência não é uma exigência institucional, mas
uma alternativa possível, entre outras, para o estabelecimento da parceria
entre escola e família. A Unidade Educativa tem autonomia para criar, manter
ou encerrar suas atividades.

104
Na relação com a Unidade Educativa, as Associações de Pais
colaboram na especificidade da promoção da participação,
convivência e interação. Sua colaboração não implica poder de
decisão sobre ações, processos e opções da Unidade Educativa, que são de
responsabilidade da Equipe Diretiva, a partir de orientações e normatizações
do Diretor Presidente da Rede Jesuíta de Educação Básica da Província Je-
suíta do Brasil. Por isso, faz-se necessário que todas as Associações de Pais
tenham estatuto próprio, aprovado pela Unidade Educativa, com as espe-
cificações sobre seu escopo de atuação e sua incidência no espaço escolar.

105
Quanto à necessidade da educação para a justiça socioam-
biental, as Associações de Pais, acompanhadas por colabora-
dor indicado pela Equipe Diretiva, são aliadas da Comunidade
Educativa na promoção e na comunicação da sustentabilidade às famílias,
visando garantir sua representatividade, orientada pela identidade inaciana
e jesuíta das Unidades Educativas.

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

As Unidades Educativas
e o Núcleo Apostólico

106
A missão apostólica da Companhia de Jesus é realizada de
forma qualitativa e articulada nos Núcleos Apostólicos. Em
cada núcleo, há diversas obras: paróquias, centros de espiritu-
alidade, casas de retiro, centros e casas de juventudes, Fé e Alegria, univer-
sidades, faculdades, Unidades Educativas, centros de estudos pedagógicos
e centros sociais.

107
A Unidade Educativa integra um Núcleo Apostólico específico,
com características próprias. A interação entre as obras apostó-
licas presentes nos núcleos é uma necessidade no contexto do
trabalho em rede. Compartilhar recursos humanos, infraestrutura, recursos e
ações, promovendo vínculos afetivos e institucionais, colabora na realização
da missão da Companhia de Jesus e, por conseguinte, da obra apostólica.

A Unidade Educativa
e os antigos estudantes

108
De acordo com o Tradição Viva, “o verdadeiro êxito de nosso
esforço educacional não pode ser medido por quem é o in-
divíduo no momento da formatura. Em vez disso, o sucesso
da Educação Jesuíta é mais bem medido pela maneira como os formandos
comprometem suas vidas nas décadas seguintes” (n. 285). Na forma como os
antigos estudantes se unem “às demandas por Justiça social” (n. 211). Portan-
to, ao concluir os estudos em uma Unidade Educativa da Companhia de Je-
sus, os antigos estudantes ainda são entendidos como membros da comu-
nidade educativa, portanto podem estabelecer vínculos, manter a interação
e a convivência com o ambiente das Unidades Educativas.

59
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

109
Havendo associações de antigos estudantes, responsáveis pelo
desenvolvimento de atividades de convivência, celebração e
solidariedade entre os egressos de cada Unidade, é necessária
a presença de um estatuto que regulamente as atividades e a administração.
Essas associações são formadas, necessariamente, por antigos Estudantes, e,
ainda que incorporem voluntários para a realização das atividades, estes não
poderão ser considerados membros, em virtude da ausência da vinculação à
Unidade Educativa quando de seus estudos na educação básica.

110
Na medida da disponibilidade dos recursos, financeiros, hu-
manos e de infraestrutura, a Unidade Educativa apoia essas
associações, visando facilitar os programas e as atividades que
congreguem os egressos e os aglutinem em torno de programas de volun-
tariado e de outros que a Companhia já tenha no Brasil ou em outras partes
do mundo.

Relação com a Igreja local

111
A Unidade Educativa é uma obra apostólica da Companhia de
Jesus, Ordem Religiosa que integra a Igreja Católica e sua mis-
são na circunscrição eclesiástica da Arquidiocese ou Diocese
em que está localizada. Por isso, desenvolve suas atividades curriculares em
comunhão e consonância com a Igreja local, cooperando e sendo solidária
com as iniciativas nos âmbitos universal, local e da Igreja Católica.

112
A Unidade Educativa assume a condição de ser, ela também,
um espaço favorecedor de experiência eclesial. Essa é uma
demanda que chegou às escolas católicas em tempos de
fragmentação de referência comunitária, no cotidiano das interações entre
pessoas e grupos, no atual contexto da vida urbana e em suas múltiplas e
complexas manifestações.

60
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

113
Nas Unidades Educativas, há igrejas paroquiais e capelas, por
isso o serviço da fé, na Unidade Educativa, indica a oferta de
celebrações eucarísticas que visem à formação de comuni-
dade cristã, comprometida com o projeto de Jesus, que é o anúncio do
Reino de Deus.

114
Considerando as necessidades pastorais do Povo de Deus e as
orientações da Igreja Local em que a Unidade Educativa está
localizada, é recomendável a oferta de processos de Iniciação
Cristã – Eucarística e Crisma. Na catequese, atua-se para incentivar a partici-
pação dos estudantes e suas famílias em um espaço de iniciação à fé cristã e
constituição comunitária. Trata-se de um espaço em que se oportuniza uma
experiência explícita da confessionalidade cristã de identidade católica e de
inspiração na Espiritualidade Inaciana.

61

Encaminhamentos
e cronograma de
implementação
3
PEC – Projeto Educativo Comum
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

3.1 1ª ETAPA – 2016-2020

115
A implementação deste projeto será feita em duas etapas. A
primeira será dedicada ao confronto entre a realidade de cada
Unidade da RJE e as orientações do documento, devendo de-
rivar, deste exercício, um Plano de Implementação do PEC na Unidade. Esse
trabalho deverá ser realizado ao longo do ano de 2016, sob a liderança da
Equipe Diretiva e com o apoio dos eventos organizados para apropriação do
documento, em nível nacional. Ao final de 2016, todas as Unidades deverão
contar com uma rota de trabalho, indicando os ajustes a serem feitos em
cada área, o tempo e os recursos necessários para tal e os limites que even-
tualmente existam para avançar na direção indicada pelo PEC.

116
A segunda etapa será pôr em prática as definições do Plano
de Ação de cada Unidade. O tempo para o movimento inicial de
renovação será de três anos: janeiro de 2017 a dezembro de 2019.
O ano letivo de 2020, último no horizonte definido pelo PEC, será de avalia-
ção e redirecionamento dos processos de renovação em curso.

117
A responsabilidade pelo acompanhamento dos Planos de Ação
nas Unidades da RJE será do Delegado para Educação Básica e
suas instâncias de apoio nas três áreas: acadêmica, formação
cristã e administrativa.

64
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

2ª ETAPA – 2021-2025 3.2

118
Com a conclusão do primeiro ciclo de implementação do
Projeto Educativo Comum, a Rede Jesuíta de Educação defla-
grou, em suas Unidades, o processo de avaliação e abertura do
segundo ciclo de implementação, compreendendo o período de 2021 a 2025.

119
Para o segundo ciclo de implementação, orienta-se que as Uni-
dades Educativas:

a | Retomem as rotas do 1º ciclo e avaliem sua implementa-


ção remetida ao Escritório Central da Rede Jesuíta de Educa-
ção Básica, apropriando-se do que não foi possível implementar.
Analisem e avaliem que projetos continuam respondendo ao
contexto atual e sua pertinência no que tange ao alcance de
aprendizagens integrais e significativas;

b | A partir do discernimento realizado, verifiquem os passos


dados para transformar a Unidade Educativa em um Centro de
Aprendizagem, que eduque para a Cidadania Global, prepa-
rando nossos estudantes e suas famílias “para se identificarem
primeiro e fundamentalmente como membros da família hu-
mana, com uma comum responsabilidade por todo o mundo,
mais que simplesmente membros de uma nação ou grupo
específico” (Tradição Viva, n. 179). Definam um ou mais proje-
tos que contemplem todas as dimensões do PEC, os quais, nos
próximos quatro anos, favoreçam a transformação da Unidade
Educativa em um Espaço que eduque para a Cidadania Global.

120
Prazo para as etapas a e b do número 119: janeiro de 2022.

65
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

121
Direcionadores para o exercício de discernimento, definição,
elaboração e acompanhamento dos projetos:

a | Aprofundem a análise da realidade local sempre à luz do


PEC e do PPP da Unidade;

b | confrontem os projetos não implementados com o Plane-


jamento Estratégico da Unidade e/ou com os projetos escolhi-
dos para o ciclo de melhoria do SQGE;

c | analisem os projetos escolhidos à luz das Preferências Apos-


tólicas Universais da Companhia de Jesus e das Preferências
Apostólicas da Província dos Jesuítas do Brasil (BRA), indicando
onde estão alinhados e promovem as preferências;

d | considerem os dez identificadores do documento “Colé-


gios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI” – um exercício
contínuo de discernimento;

e | uma vez ao ano será realizada a apresentação dos projetos


no Fórum de Diretores Gerais (ou Equipes Diretivas), a fim de
que todas as Unidades socializem os status e indicadores dos
projetos em curso.

122
O Escritório Central da RJE será a instância articuladora que
motivará e acompanhará o processo de revisão e atualização
das Rotas de Implementação do PEC e Planos Estratégicos
das Unidades.

123
O ano letivo de 2025, último no horizonte definido por esta
edição atualizada do PEC, será de avaliação e redireciona-
mento dos processos de renovação em curso.

66
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

ABREVIATURAS

ANEC__________ Associação Nacional de Educação Católica do Brasil


BNCC__________ Base Nacional Curricular Comum
CELAM ________ Conselho Episcopal Latino-Americano
CPALSJ_________ Conferência dos Provinciais Jesuítas da América Latina
CNBB__________ Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Tradição Viva____ “Colégios Jesuítas: Uma Tradição Viva no Século XXI”
DA____________ “Documento de Aparecida”
DCNGEB _______ Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
______________ Educação Básica (2013)
ED____________ Equipe Diretiva
EE ____________ Exercícios Espirituais
FLACSI_________ Federação Latino-Americana de Colégios da
______________ Companhia de Jesus
GE____________ Declaração Pontifícia Gravissimum Educationis
GT____________ Grupo de Trabalho
IAB____________ Instrução sobre a Administração de Bens
ICAJE__________ Comissão Internacional do Apostolado da
______________ Educação Jesuíta (sigla em inglês)
ICJSE__________ Colóquio Internacional sobre Educação Básica Jesuíta
JESEDU ________ Congresso Internacional para Delegados de Educação
______________ Jesuíta, realizado no Rio de Janeiro, em 2017.
LDBEN _________ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)
PA BRA_________ Plano Apostólico da Província Jesuíta do Brasil
PcD___________ Pessoas com Deficiência
PEC___________ Projeto Educativo Comum
PNE___________ Plano Nacional de Educação (2014-2024)
PPI ____________ Paradigma Pedagógico Inaciano
RJE ___________ Rede Jesuíta de Educação
SIPEI __________ Seminário sobre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas
SINERGIA ______ Sistema Integrado de Gestão
SQGE__________ Sistema de Qualidade na Gestão Escolar
TIC____________ Tecnologia da Informação e Comunicação
VE____________ Vão e Ensinem – Texto sobre Educação

67
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

GLOSSÁRIO

1
| Aprendizagem integral
É a formação da pessoa toda, em todas as dimensões de seu ser: cogni-
tiva, espiritual, afetivo-emocional, corporal, comunicativa, ética, sociopolítica e
estética. Processo permanente e sistêmico pelo qual ela adquire informações,
conhecimentos, habilidades e valores, por meio de múltiplas experiências de
contato com a realidade, com vistas à ação com os outros para a construção de
um mundo melhor para todos. Finalmente, entende-se por “integral” a apren-
dizagem mais ampla e o melhor aproveitamento que cada um pode alcançar.
Nas Unidades Educativas da Rede Jesuíta de Educação, a aprendizagem
integral é potencializada por um conjunto de experiências oferecidas aos estu-
dantes, que exploram e enfatizam as dimensões cognitiva, socioemocional e
espiritual-religiosa, integrando e articulando todas as demais.

2
| Acessibilidade pedagógica e atitudinal
Acessibilidade pedagógica – é a ausência de barreiras nas metodolo-
gias e técnicas de estudo. Está relacionada diretamente à concepção subjacen-
te à atuação docente: a forma como os professores concebem conhecimento,
aprendizagem, avaliação e inclusão educacional irá determinar, ou não, a remo-
ção das barreiras pedagógicas.
Acessibilidade atitudinal – refere-se à percepção do outro sem precon-
ceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. Todos os demais tipos de aces-
sibilidade estão relacionados a este, pois é a atitude da pessoa que impulsiona
a remoção de barreiras.

3
| Casa Comum
Casa Comum é uma referência direta ao planeta Terra como a casa em
que habitamos e em que habitam todas as pessoas e que, portanto, deve ser
cuidada e preservada por todos. O termo é utilizado em clara alusão à Carta
Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum, publi-
cada em 2015.

68
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

4
| Cidadania Global
A ideia de Cidadania Global reúne a noção de que a cidadania, para além
de uma consciência do cidadão quanto ao lugar, ao papel, aos direitos e respon-
sabilidades que possui na sociedade em que vive, implica o reconhecimento
de que sua esfera de consciência e atuação não se limita ao local, mas se am-
plia para o mundo, pois tudo está conectado, e a forma como agimos e nos
importamos com o que acontece em todo o mundo potencializa ou limita a
capacidade humana de transformá-lo num lugar melhor. Para a Companhia de
Jesus, “Cidadãos Globais são aqueles que constantemente buscam aprofundar
sua consciência de seu lugar e responsabilidade, local e global, em um mun-
do cada vez mais interconectado; aqueles que se solidarizam com os outros na
busca de um planeta sustentável e um mundo mais humano, como verdadei-
ros companheiros na missão de reconciliação e justiça” (Cidadania Global: Uma
Perspectiva Inaciana, 2019).

5
| Corpo Apostólico
Expressão usada pela Companhia de Jesus para designar o conjunto das
pessoas que colaboram para a realização da Missão. O termo “corpo” aponta
para a maneira orgânica e sistêmica de realizar a Missão. O adjetivo apostólico
traduz a experiência do chamado-envio, à maneira dos apóstolos de Jesus.

6
| Núcleo Apostólico
É uma estrutura apostólica por meio da qual a BRA estabelece, fortalece e
incrementa a colaboração entre comunidades, obras, instituições e redes apos-
tólicas sob a responsabilidade da Companhia de Jesus em uma determinada
região geográfica.

7
| Cura Personalis
Trata-se do cuidado personalizado que tem raiz nos Exercícios Espirituais
e no modo como se dá, nessa experiência, o acompanhamento das pessoas,
segundo suas características, seu contexto e suas experiências prévias. Embora
originalmente associada à natureza da relação orientador/orientando na reali-
zação dos Exercícios Espirituais (Personalis Alumnorum Cura), indicando o neces-

69
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

sário cuidado com a pessoa do estudante, a Cura Personalis tem sido assumida
nas Unidades educativas da Companhia de Jesus como princípio fundamental
do “cuidado com a pessoa”, que deve orientar o modo de proceder de todos
na instituição para com todas as pessoas. Cada estudante aprende de um jei-
to próprio e é acompanhado em seu processo de desenvolvimento. Utiliza-se
também essa expressão para os relacionamentos entre todos os membros das
comunidades educativas, chamados a cuidarem uns dos outros.

8
| Currículo integrado e integrador
O currículo integrado, como o nome diz, objetiva a integração entre o
que é específico das disciplinas (componentes curriculares) com a leitura per-
manente e crítica da realidade contemporânea, entre o objeto específico de
uma área do conhecimento com o objeto de outras áreas, entre o conhecimen-
to que se apresenta na forma de conteúdos com as experiências e projetos de
vida das pessoas que vivenciam, aprendem e são sujeitos no contexto escolar
e comunitário. O currículo e as aprendizagens integrais buscam a formação da
pessoa toda e de todas as pessoas que, por meio das suas habilidades e com-
petências, ajudam a construir um mundo com mais justiça social e ambiental,
sempre a serviço da paz, da reconciliação e respeito à diversidade humana em
seus contextos e repertórios culturais. Pressupõe o trabalho nas três dimensões:
a cognitiva, a socioemocional e a espiritual-religiosa.

9
| Declaração Pontifícia Gravissimum Educationis
Declaração Gravissimum Educationis (GE) – feita em 28.11.1965 pelo
Papa Paulo VI, trata da educação cristã e sua importância na vida da pessoa,
compreendida como uma educação integral na perspectiva do Evangelho, pro-
motora de humanização e defensora da presença cristã no mundo da educação.
Este documento nos traz orientações para a Escola Católica quanto à transmis-
são de cultura e valores e chama a atenção para a (re)construção de uma socie-
dade melhor. Portanto, podemos estabelecer interfaces com o objetivo central
da Educação Jesuíta, que é a formação integral da pessoa humana, bem como a
busca da formação para e com os demais – homens e mulheres para o serviço.

70
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

10
| Espiritualidade Inaciana
A Espiritualidade Inaciana e a essência dos Exercícios Espirituais consti-
tuem uma pedagogia com objetivos claros e definidos, um modo pedagógico
personalizado. Contudo, a pedagogia, arte e ciência de ensinar, não se reduz a
uma metodologia, pois contempla uma concepção de mundo, de sociedade e
de pessoa que se quer formar.
Nessa perspectiva, a Espiritualidade Inaciana ilumina a Pedagogia Inacia-
na, que se traduz em um enfoque pedagógico próprio, cujos principais elemen-
tos provêm dos EE.
É um modo de vivenciar a fé cristã católica, que tem seu fundamento na
experiência de Deus feita por Santo Inácio de Loyola e nos Exercícios Espirituais.
Algumas características da Espiritualidade Inaciana são: ser contemplativo(a) na
ação; em tudo, amar e servir; buscar e encontrar a Deus em todas as coisas deste
mundo em que vivemos, e ver todas as coisas em Deus; ser pessoa de discerni-
mento que busca e encontra a vontade de Deus; e, finalmente, buscar sempre a
maior glória de Deus, o bem das pessoas e o crescimento pessoal, sabendo que
o amor é a partilha do ser e do ter.

11
| Exercícios Espirituais
Livro escrito por Santo Inácio de Loyola (EE). Roteiro para um retiro de 30
dias, organizado em quatro etapas, chamadas de semanas. O autor selecionou
e organizou o material bíblico e elementos da doutrina católica para que a pes-
soa que orienta os EE ajude o(a) exercitante a fazer essa experiência. Existem
diferentes maneiras de fazer os EE, principalmente no que se refere ao tempo e
à duração do retiro.
Inácio conseguiu colocar por escrito seu próprio itinerário espiritual.
Assim, refletindo sobre o “vivido”, os EE tornaram-se um caminho para se chegar
até Deus. Toda pessoa que se entrega à experiência cresce em autoconheci-
mento e, tendo feito a experiência de ser amada incondicionalmente por Deus,
é convidada a discernir e eleger um projeto de vida de adesão e seguimento
da pessoa e da causa de Jesus Cristo, colaborando com a missão dele para a
VIDA do mundo, em comunhão com a Igreja, e convertendo-se ao modo de
vida cristão!

71
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

12
| Ethos
De origem grega, essa palavra tinha dupla acepção. A primeira indicava
os costumes que normatizam a vida social de uma comunidade; já a segunda
apontava para os costumes individuais, para o hábito adquirido em função do
ethos geral. Como uma segunda natureza, é o que diferencia o ser humano do
mundo natural, permitindo que ele coabite em um espaço de sentidos parti-
lhados. No campo educativo a compreensão do currículo como ethos contribui
para uma visão antropológica aberta de aprendizagem, que trata o estudante
como um ser livre, dotado de vontade, e que, no processo de apreensão da
herança comum da humanidade, também se firma como sujeito construtor de
cultura e história.

13
| Justiça socioambiental
O paradigma da Ecologia Integral, introduzido pelo Papa Francisco em
sua Carta Encíclica Laudato Si (2015), baseando-se no princípio da relacionali-
dade de tudo em nossa “casa comum”, é uma chave para ajudar a pensar a pro-
moção da justiça com um processo de reconciliação, em todas as dimensões.
É o que chamamos de justiça socioambiental, amparada na Ecologia Integral
e na Reconciliação. Trata do trabalho pela justiça, no qual as injustiças sociais e
ambientais aparecem profundamente interligadas. Não temos como fazer justi-
ça social sem justiça socioambiental, e não temos como fazer justiça ambiental
sem justiça social.

14
| Liderança Inaciana
O vocábulo “liderança” remete à habilidade de colocar-se a serviço dos
outros na condição de quem contribui e articula harmonicamente ações em
contextos coletivos. Sendo uma habilidade, esta não é inata, e sim consequên-
cia de trabalho formativo amplo e integral. A Liderança Inaciana, por sua vez,
pressupõe quatro pilares formativos: (a) o Exercício do Autoconhecimento: um
líder inaciano reconhece e distingue suas moções, limitações e potencialidades
(EE); (b) a Inventividade: por meio da indiferença positiva, o líder inaciano não se
detém no caminho e busca, na insatisfação, impulso para o Magis; (c) o Impulso
Heroico: em vista do Magis, o líder inaciano utiliza-se da meta alcançada como

72
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

plataforma para novas conquistas; e (d) o Amor: essência de toda ação, pois é
no reconhecimento e no amor pela humanidade que se deve agir. Tais pilares
contribuem com a formação de pessoas Conscientes das necessidades dos demais;
Competentes no serviço aos outros; Compassivas com os outros e Comprome-
tidas com Deus, com a Vida e com a Justiça.

15
| Magis
Significa “mais, o maior ou o melhor”, em latim. Na experiência espiritual
de Santo Inácio de Loyola, refere-se à atitude de viver e agir tendo em vista a
“maior glória de Deus”, que é a plena realização da pessoa. Os Exercícios Espirituais
têm como pórtico de entrada o texto do Princípio e Fundamento, no qual o fun-
dador dos jesuítas define que toda pessoa humana é criada para Deus e só en-
contra felicidade completa em Deus. Inácio conclui que, por isso, devemos es-
colher somente o que MAIS nos conduz a alcançar esse fim, deixando de lado os
apegos desordenados a tudo o que nos afasta dele.
Na Pedagogia Inaciana, diz respeito ao máximo que a pessoa pode atingir,
tendo em vista seu contexto, características, habilidades e experiências.

16
| Mantenedoras
Pessoas jurídicas às quais as Unidades Educativas estão vinculadas na
condição de filiais.

17
| Mística Institucional
Etimologicamente, na raiz do termo “místico” (mystikós), encontramos o
significado que qualifica aquilo que está em lugar oculto e secreto, sagrado,
distinto do mundo visível. A raiz grega (my-) do verbo “myô” expressa a ação de
fechar os olhos, para ver o que está oculto e a de fechar os lábios, para calar e
ceder lugar ao ouvir e ao silêncio. A mística é uma experiência interior e pessoal
da pessoa que descobre uma forma de viver o sentido da vida. O sentido da vida
dentro da experiência mística se projeta para as outras pessoas, evitando a cria-
ção de um mundo intimista. Por ser interior, ela é muitas vezes inefável e real-
mente livre. Para uma pessoa de fé, a grande referência é Deus. As instituições
têm uma mística na medida em que pessoas livres, abertas ao outro, numa di-

73
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

mensão social e ao totalmente Outro (Deus) imprimem um caráter comum pre-


sente numa instituição. Os valores da instituição influem e formam as pessoas
que, por sua vez, mantêm viva e atual a instituição. As Unidades Educativas, com
inspiração inaciana, são formadas por pessoas preocupadas com uma excelên-
cia humana e acadêmica, para que, numa vivência de valores pessoais, se sintam
pessoas para os outros e com os outros.

18
| Modelo matricial de estruturas
Trata-se de um modelo organizacional que, sem desconsiderar a estru-
tura de liderança e comando característica das instituições da Companhia de
Jesus, oferece às Unidades da RJE a oportunidade de ampliar e potencializar a
integração horizontal de seus setores, na medida em que possibilita o estabe-
lecimento de uma dupla linha de vinculação e comando, vertical e horizontal,
para o pleno alcance das particularidades dos diferentes projetos pedagógicos
institucionais.

19
| Núcleos Apostólicos
Unidades territoriais onde se realiza a missão apostólica da Companhia de
Jesus no Brasil. Cada qual tem um Superior local e um conjunto de residências
jesuítas e obras apostólicas a elas vinculadas.

20
| Plano Apostólico da BRA
Conjunto de princípios, preferências apostólicas, objetivos e metas que os
jesuítas e colaboradores leigos da Província dos Jesuítas do Brasil elaboraram. É
aprovado pelo Padre Geral da Companhia de Jesus.

21
| Preferências Apostólicas Universais
Novo horizonte do corpo apostólico e ponto de orientação à Companhia
de Jesus em sua missão pelos próximos dez anos (2019-2029).

Disponível em: https://www.jesuitasbrasil.org.br/2019/02/19/companhia-


-de-jesus-conhece-as-quatro-preferencias-apostolicas-universais/.
Acesso em: 18.5.2021.

74
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

22
| Reconciliação
Na 36ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, aprofundou-se o
binômio fé-justiça referindo-se a uma “missão de reconciliação e justiça”. Num
mundo marcado pela violência, pela desigualdade e pela degradação do meio
ambiente, os jesuítas e todos os colaboradores na missão não podem encarar
a luta pela justiça senão através da lente da reconciliação, centro e inspiração
da missão.

23
| Sistema de Qualidade na Gestão Escolar (SQGE)
O Sistema de Qualidade na Gestão Escolar (SQGE) é uma ferramenta de
autoavaliação e melhoria aplicável às instituições educativas, em implementa-
ção desde o ano de 2013, desenvolvida pela Federação Latino-Americana de
Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI), em parceria com a Universidade Al-
berto Hurtado, do Chile, e a Universidade Católica, do Uruguai, com foco na
identidade educativa da Companhia de Jesus e no alcance e potencialização
da Aprendizagem Integral. Assume como fundamentos teóricos para sua sis-
tematização os estudos sobre fatores associados à eficácia escolar, e por isso se
estrutura com base em quatro âmbitos centrais: (a) pedagógico-curricular, (b)
organização, estrutura e recursos, (c) clima escolar e (d) família e comunidade.
O SQGE busca impulsionar nos centros educativos o desenvolvimento de uma
cultura de qualidade, por meio da prática permanente de sistematização de
processos, reflexão, avaliação e melhoria, que permaneça nas Unidades Educati-
vas para além do período de sua aplicação.

24
| Tecnologias da Informação e Comunicação
TICs – conjunto de conhecimentos, pesquisas, equipamentos, técnicas,
recursos e procedimentos relativos à aplicação da informática em todos os
setores da vida social. Na atualidade, a facilidade de produzir, emitir e distribuir
informação, sem passar pelos mediadores clássicos, cria condições propícias
para a reconfiguração de um conjunto de práticas ancoradas nas redes e
suas conexões. Em contextos de aprendizagem, as TICs se configuram como
mediadoras de projetos pedagógicos, articulando currículo, planejamentos,
didática, relações interpessoais, avaliação, cuja finalidade é a formação de

75
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

seres humanos integrais, cidadãos conscientes sobre as possibilidades do


momento presente.

25
| Secretariado de Educação da Companhia de Jesus
O Secretariado, criado em 1967 pelo Padre-Geral Pedro Arrupe, anima a
rede global de Unidades Educativas jesuítas em todo o mundo, inspirada pela
tradição viva de excelência humana a serviço da missão jesuíta de reconciliação
e justiça em nosso mundo.

26
| –Colóquio Internacional de Educação Jesuíta (ICJSE)

| Boston, 2012
O ICJSE ocorreu em Boston, Estados Unidos, em 2012, reunindo pela
primeira vez na história lideranças das Unidades Educativas jesuítas de todo o
mundo. O colóquio reconheceu que “nossa rede internacional de escolas está
numa posição única para educar cidadãos globais capazes de participar num
processo de globalização da solidariedade, da cooperação e da reconciliação
que respeita completamente a vida humana, a dignidade, e toda a criação de
Deus”. Para mais detalhes, ver Anexo i.

27
| Pedagogia
Seminário Internacional de Espiritualidade e

| Inaciana – SIPEI, 2014


O SIPEI, realizado em Manresa, Espanha, focou na relação entre Pedago-
gia e Espiritualidade Inacianas e na necessidade de renovação pedagógica no
marco da construção de uma rede global de Unidades Educativas jesuítas para
melhor responder às mudanças no contexto de nossos tempos. Para mais de-
talhes, ver Anexo ii.

28
| Educate Magis
A missão da Plataforma Educate Magis é cultivar uma comunidade
on-line vibrante que conecta educadores de Unidades Educativas jesuítas e
inacianos de todo o mundo. Esta comunidade está comprometida em res-
ponder ao chamado da Companhia de Jesus para tornar-se um “corpo uni-
versal com uma missão universal”, possibilitando que os educadores de nossa

76
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

rede global de Unidades Educativas colaborem em solidariedade como uma


comunidade global.

29
| Congresso JESEDU – Rio 2017
O Congresso Internacional de Delegados de Educação da Companhia
de Jesus foi realizado no Rio de Janeiro, em 2017. Seu objetivo foi desenvolver
uma agenda global comum que conecta Unidades Educativas jesuítas em todo
o mundo. O Congress JESEDU fecha um primeiro ciclo de encontros mundiais
(Colóquio – Seminário – Congresso) e adota uma série de acordos em resposta
à desafiadora missão de reinventar a Educação Jesuíta. Para mais detalhes, ver
Anexo iii.

77
Anexos

PEC – Projeto Educativo Comum


Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

i. Acordos de Boston – ICJSE, 2012

A educação jesuíta – nosso compromisso de trabalho


em uma rede global

De 29 de julho a 2 de agosto de 2012, pela primeira vez na história da


Companhia de Jesus, com o apoio do Padre-Geral e sob os auspícios da Comis-
são Internacional para o Apostolado da Educação Jesuíta, os líderes das nossas
escolas secundárias de todo o mundo se reuniram em Boston, Massachusetts
(EUA). O objetivo traçado consistia em fortalecer nossa rede global proporcio-
nando um espaço para compartilhar ideias e recursos, para discutir nossas for-
talezas e os desafios que enfrentamos no marco da nossa missão e identidade
jesuíta, tal e como se expressa nos documentos da Congregação Geral 35 da
Companhia de Jesus.
Ao final da reunião, todos nós participantes, convencemo-nos de que os
novos “sinais dos tempos” justificam uma mudança em nosso modo de proce-
der. Esse modo de proceder inclui comunicação e colaboração permanentes
por meio de um desenvolvimento contínuo da nossa rede internacional de
escolas. O propósito dessa colaboração é prestar um melhor serviço à fé, à jus-
tiça e ao cuidado do meio ambiente, construir pontes com os jovens e suas
comunidades de fé, desenvolver comunidades jesuítas-inacianas apostólicas
mais fortes, e prover nossos estudantes com oportunidades para uma educação
verdadeiramente global.
Nossa rede internacional de escolas está numa posição única para educar
cidadãos globais capazes de participar num processo de globalização da solida-
riedade, da cooperação e da reconciliação que respeita completamente a vida
humana, a dignidade, e toda a criação de Deus. Nosso compromisso de cons-

80
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

truir uma rede como corpo universal e nosso chamado às fronteiras provêm da
nossa consciência do mundo e do nosso desejo de ajudar efetivamente nossos
estudantes a enfrentar os desafios globais.

Comprometemo-nos a:

1 | Desenvolver nossa própria rede e comunidade global. Nossa experiên-


cia de respeitar e participar do nosso próprio ambiente, e ainda assim ser cons-
cientes de nossa identidade e missão universal como escolas jesuítas, é um dos
nossos mais valiosos recursos, e não tem comparação no mundo.

2 | Trabalhar com nossas redes locais e regionais já estabelecidas. Ainda


que permaneçamos comprometidos com nossas prioridades regionais, quere-
mos, ao mesmo tempo, focar na importância de nutrir as relações globais na
nossa rede jesuíta e em outras redes de escolas secundárias.

3 | Usar a tecnologia como forma de criar, desenvolver e fomentar nossas


relações globais. Reconhecemos que a distância física que historicamente difi-
cultou nossa comunicação ainda existe, mas isso não deveria impedir uma co-
municação e colaboração global. Faremos com que nossos estudantes e edu-
cadores tenham oportunidade de experimentar o mundo desde uma posição
estratégica graças ao amplo alcance de nossas redes.

4 | Desenvolver acordos de geminação, programas de serviço comunitário,


experiências de aulas virtuais e muito mais, para facilitar aos estudantes experi-
ências que realmente os preparem para se tornarem líderes na transformação
do mundo.

5 | Proporcionar um ambiente educacional seguro, embasado no respeito


e na dignidade. Esse ambiente, propício ao aprendizado, crescimento e desen-
volvimento, estará livre de qualquer forma de abuso.

81
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

A partir dos nossos compromissos, deixamos esta reunião


com as seguintes ações sugeridas:

1 | O ímpeto alcançado durante o Colóquio Internacional sobre Educação


Secundária Jesuíta nos obriga a desenvolver novos e criativos esforços de cola-
boração entre a rede global de escolas secundárias jesuítas. Esses novos esfor-
ços serão liderados pelo Secretariado da Educação Secundária e Pré-Secundária
e a Comissão Internacional para o Apostolado da Educação Jesuíta (ICJSE).

2 | As escolas secundárias jesuítas representadas no ICJSE reconhecem a


importância de escolher um membro de sua equipe de diretiva (ou equipe de
gestores) como responsável por facilitar a colaboração global e a divulgação da
rede global. Esses representantes trabalharão com as redes e estruturas já exis-
tentes para garantir que os esforços iniciados no ICJSE continuem.

3 | Recomendamos que o boletim de notícias do ICJSE e a página da web


continuem servindo como um fórum para a comunicação, a colaboração e a
elaboração de uma rede global. Nosso boletim de notícias garantirá que nossa
rede global conte com um espaço específico para uma comunicação continu-
ada, o compartilhamento de iniciativas da rede, a expressão de desejos de cola-
boração, assim como a iniciação de conversas e compartilhamento de recursos.

4 | Recomendamos que a experiência deste colóquio continue no futuro


e, portanto, planeje-se um segundo colóquio, a ser realizado em 2016 ou 2017,
em local e data a serem determinados no futuro.

Acordos da FLACSI em Boston 2012

Acordos dos Reitores e Diretores da FLACSI

Na cidade de Boston (MA), Estados Unidos, em 2 e 3 de agosto, com a parti-


cipação de 72 escolas de nossa Federação, foi realizado o IV Encontro de Reitores
/ Diretores das escolas membros da FLACSI, no marco do I Colóquio Internacio-

82
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

nal de Educação Secundária Jesuíta ICJSE. Num clima de compromisso fraterno,


encorajados pelo espírito do Colóquio que confirma nosso trabalho como ins-
trumentos de evangelização, estabelecemos os seguintes acordos:

1 | Sistema de Qualidade em Gestão Escolar. Reconhecemos a impor-


tância de termos um sistema que nos exija qualidade e nos conduza a ciclos
de melhoria contínua. Dessa maneira, os reitores reunidos, corroboramos que o
Sistema da Qualidade na Gestão Escolar é o programa que representa melhor o
que construímos com a vontade expressa desde os acordos da Bahia em 2008.
Gerar uma ferramenta concreta para estabelecer um sistema que determine o
“piso” do modelo educacional “Inaciano” e pavimente uma metodologia para a
melhoria das nossas práticas institucionais eficientes e de qualidade demonstra-
da, que beneficiará nossos estudantes e nossa sociedade.

2 | “Campanha Inacianos pelo Haiti”. Apoiaremos fortemente essa cam-


panha, promovendo em nossas escolas a realização de várias ações. Não apenas
as que favorecem a arrecadação de recursos, mas também e com a mesma for-
ça as que favorecem nossas comunidades educacionais para a experiência de
um corpo apostólico que trabalha em rede para o cumprimento dos objetivos
regionais do Projeto Apostólico Comum (PAC). A experiência da campanha ofe-
rece um caminho efetivo para modelar um sistema de suporte contínuo a locais
onde é mais necessário, além de uma oferta a ser acolhida pelos governos pro-
vinciais. É, além disso, uma excelente forma de revelar e potencializar o sentido
e a formação social dos nossos estudantes.

3 | Continuidade FLACSI. Será exigida ao novo Presidente da Federação


e aos que sejam candidatos ao cargo, como tarefa de discernimento, a garan-
tia da continuidade do desenvolvimento institucional, fortalecendo a tarefa
atual e delineando os novos desafios propostos à nossa rede à luz do Colóquio
Internacional.

4 | Ratificamos os compromissos do ICJSE. A vontade de toda a Rede,


expressa por meio dos representantes das escolas que a compõem, ratifica

83
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

por unanimidade os acordos expressos no encerramento do 1º Colóquio In-


ternacional sobre Educação Secundária Jesuíta (ICJSE) e compromete-se a
criar condições para avançar no enfrentamento dos desafios que propõe.

ii. Declaração Final do SIPEI, 2014

“Que vida nova é essa que agora começamos?”

De 2 a 8 de novembro de 2014, 80 participantes das seis regiões jesuítas do


mundo se reuniram em Manresa, convidados pelo Secretário de Educação da
Companhia de Jesus. Mais de 4 mil participantes se juntaram a eles pelas mídias
sociais e via streaming, representando todos os cantos da nossa ampla rede de
escolas jesuítas.
Reuniram-se para abordar os seguintes objetivos:

I | Facilitar o diálogo entre os que se dedicam ao apostolado educacional e


os que se dedicam à Espiritualidade Inaciana dentro da tradição da Companhia
de Jesus.

II | Fomentar o diálogo entre algumas das tendências educacionais con-


temporâneas mais significativas, a Pedagogia e a Espiritualidade Inacianas.

III | Contribuir para a renovação pedagógica da educação jesuíta no


marco da construção de uma rede global de centros jesuítas secundários e
pré-secundários.

Em todo o mundo, a educação se encontra em uma encruzilhada como


resultado das extraordinárias mudanças na sociedade que nascem da globaliza-

84
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

ção, do abismo cada vez mais amplo entre os ricos e os pobres, das inovações
tecnológicas, das mudanças nas famílias e das novas buscas por paz e igualdade.
Durante os cinco dias de profunda conversa em torno do que significa for-
mar uma pessoa consciente, competente, compassiva e comprometida como
marco geral para nossa educação, sentimos o poder dos nossos desafios e a
necessidade de seguir o caminho da renovação, que nos aproxima do nosso
sonho de ser pessoas para os demais e com os demais. Somos conscientes da
imensidão da nossa tarefa e das muitas tensões que isso implica para nossas
escolas e para nós como educadores. Sentimo-nos humildes diante de uma
obra que parece maior do que nossas capacidades e repleta de obstáculos in-
transponíveis devido a suas complexidades e nossas limitações. No entanto,
inspirados pela nossa experiência espiritual, aprofundada durante estes dias
num lugar que nos fala sobre a própria luta de Inácio em confiar em Deus
como sua última força e inspiração, ouvimos novamente as palavras do Evan-
gelho: “NÃO TEMAM”.
Ao confiar em Deus, renovamos nosso compromisso de oferecer uma ex-
periência educacional que possa transformar nossos estudantes, a nós mesmos
e nossa comunidade escolar como lugares onde possamos ver e experimentar
o sonho do Evangelho.
Portanto, estamos convencidos de que é necessária uma mudança pro-
funda em nossas escolas. Um genuíno discernimento desde o centro da nossa
espiritualidade nos guiará nela. Também experimentamos as imensas possibi-
lidades que se abrem a todos nós de pensar, trabalhar e sonhar juntos como
uma rede global. Queremos levar muito a sério o chamado da CG 35, D.2 N.20:
“Servir a missão de Cristo hoje implica prestar atenção especial ao seu contex-
to global. Este contexto exige que atuemos como uma instituição universal
com missão universal, constando, ao mesmo tempo, a diversidade radical das
nossas situações. Procuramos servir aos demais em todo o mundo, como uma
comunidade de dimensões globais e, simultaneamente, como uma rede de
comunidades de dimensões e, simultaneamente, como uma rede de comu-
nidades locais”.
Em 1993, o Padre-Geral Peter-Hans Kolvenbach resumiu nosso objetivo
como educadores como a formação de “homens e mulheres competentes,

85
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

conscientes, comprometidos e compassivos”. Acreditamos que precisaremos


entender essa formação dentro do marco da criatividade, flexibilidade e do tra-
balho em rede, os quais definem nosso tempo. Estamos convencidos de que o
crescimento humano e espiritual está inseparavelmente associado. O seguinte
resumo é fruto do SIPEI:

I | A pessoa consciente – A formação de uma consciência para poder dis-


tinguir e discernir entre o bem e o mal, o justo e o injusto é necessária para o
bem-estar do indivíduo e da sociedade. Essa formação da consciência é in-
fluenciada pela totalidade do ambiente da pessoa. A educação jesuíta tenta
formar pessoas livres e conscientes que utilizam sua consciência pessoal para
mudar o mundo.

II | A pessoa competente – a pessoa competente é capaz de criar, enten-


der e utilizar o conhecimento e as habilidades para viver no seu próprio contex-
to e transformá-lo. É capaz de fazer parte de um mundo diverso e em mudança,
criando um projeto de vida para e com os demais. É capaz de desenvolver as
habilidades intelectuais, acadêmicas, emocionais e sociais necessárias para a
realização humana e profissional. Estamos comprometidos em renovar nossas
práticas pedagógicas, curriculares e ambientes escolares de acordo com os no-
vos desenvolvimentos pedagógicos que permitem que nossas escolas estejam
mais perto de nossa visão inaciana e nossa tradição eclética de combinar as
melhores práticas para servir nossa missão.

III | A pessoa compassiva – a compaixão não implica, simplesmente, sen-


tir pena de um indivíduo ou de um grupo de pessoas. Qualquer um pode sentir
pena e não fazer nada. A compaixão é um pré-requisito para a ação positiva;
reconhece a dignidade humana, o valor de uma pessoa que nasce simples e é
profundamente amada por Deus. A compaixão que leva à solidariedade deveria
nos mover para abordar as estruturas de qualquer instituição de modo que nós
e nossos alunos possamos nos tornar agentes transformadores, para continuar-
mos sonhando o sonho de Deus.

86
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

IV | A pessoa comprometida – a pessoa comprometida é alguém de ação


valorosa. Por meio da nossa abertura para a ação do Espírito e da Companhia
de Jesus, ela poderá discernir as necessidades mais urgentes dos nossos tempos,
para que nossas formas de servir sejam tão ricas e tão profundas como nossas
formas de amar. Constatamos que um compromisso ecológico de reconciliação
e de cura da Terra, juntamente com o compromisso com a justiça social, são ne-
cessidades urgentes na medida em que afetam a todas as pessoas do planeta.

Os membros do SIPEI estão plenamente conscientes de que os maiores


desafios da transformação educacional em nosso século exigem uma aborda-
gem sistêmica; também requerem que atuemos em todos os âmbitos do nosso
ambiente escolar: na nossa metodologia, na organização de nossos centros e
salas de aula e no currículo acadêmico.
As deliberações dos membros do SIPEI concluíram que nossos centros de-
veriam se comprometer a:

I | Uma profunda transformação e uma mudança profunda para responder


aos desafios do século XXI no espírito de “procurar sempre o magis” (CG34).

II | Conectar os objetivos da formação do Indivíduo Inaciano (a pessoa


consciente, competente, compassiva e comprometida) com o horizonte das ca-
racterísticas, da autonomia pessoal e do trabalho em rede.

III | Continuar examinando, expandindo e tentando compreender de


novas e vibrantes maneiras a relação entre a Espiritualidade Inaciana e a nova
pedagogia que consideramos necessária para nossos centros.

IV | Não permitir que o medo detenha ou coloque obstáculos a uma


mudança significativa e necessária.

V | Promover e incentivar experiências e atividades de crescimento em


espiritualidade para estudantes, educadores e famílias, como parte dos funda-
mentos de nossas escolas.

87
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

VI | Reforçar nosso compromisso com a justiça, por meio de gestos e ações


específicas para entrar em solidariedade com os desafortunados das nossas
comunidades locais, regionais e globais.

VII | Tomar medidas decididas para colaborar com a Rede Global das
Escolas Jesuítas, de acordo com os compromissos do ICJSE de Boston.

Com esses compromissos em mente, recomendamos as seguintes


ações, as quais nos ajudarão a impulsionar a renovação pedagógica como
rede global:

I | Comprometemo-nos, como escolas em rede global e local, a incentivar


um processo de diagnóstico e reflexão que impulsionará mudanças profundas
e globais nos processos de ensino e aprendizagem.

II | Incorporar em nossos programas pedagógicos e nos fundamentos


de nossas escolas um programa de ação social voltado à solidariedade com
os demais.

III | Apoiar, aceitar e aderir à comunidade Educate Magis como plata-


forma global para conectar, colaborar e transformar nossa rede global de
escolas.

IV | Continuar as iniciativas do SIPEI por meio da criação contínua de


novos eventos globais seguindo o modelo do ICJSE (Colóquio Internacional
sobre Educação Secundária Jesuíta), assumindo os compromissos dos dois
eventos.

“O amor se mostra mais em obras do que em palavras.”

88
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Acordos Finais do Congresso JESEDU-Rio, 2017 iii.

Atuar como um corpo universal com uma missão universal


(35ª C.G., Decreto 2, n. 20)

De 15 a 20 de outubro de 2017, os Delegados de Educação das seis regiões


jesuítas do mundo, junto com outros dos apostolados educativos jesuítas, reu-
niram-se no Rio de Janeiro, convocados pelo Secretário de Educação da Com-
panhia de Jesus.
Agradecidos pelo cuidado do nosso Pai Celeste, a inspiração do Espírito,
a Companhia de Jesus e a direção de Santo Inácio, os Delegados continuaram
as conversações iniciadas no congresso virtual celebrado seis meses antes (em
continuidade com o SIPEI, em Manresa, em 2014, e com o Colóquio Interna-
cional sobre Educação Secundária dos Jesuítas, em Boston, em 2012). Estamos
também agradecidos pelo discurso do Padre-Geral Arturo Sosa, S.J. ao congres-
so. Apresentamos estes Acordos Finais como resposta ao seu convite desafiador
para a reinvenção da Educação Jesuíta. Discurso do Padre Geral: Disponível
em: http://pedagogiaignaciana.com/GetFile.ashx?IdDocumento=3873.
Acesso em: 18.5.2021.
Depois de um profundo discernimento, a ICAJE, respondendo à solicitação
de alguns Delegados, propõe uma priorização das ações para ajudá-los, assim
como aos colégios, no processo da sua implementação. A ICAJE crê na impor-
tância das treze ações propostas e encoraja os Delegados e as redes regionais
a desenhar planos para incluí-las num prazo de tempo razoável. Contudo, as
oito ações em negrito devem ser consideradas prioridades que requerem uma
pronta resposta. No entanto, se considerarmos que são muitas as ações a serem
iniciadas, deveremos estimular os Delegados a discernir com seus colégios e
redes regionais por onde começar e como incorporar as demais ações progres-
sivamente. A ICAJE convida cada Delegado e cada rede regional a elaborar um
plano apostólico de cinco anos (2018-2022) com as ações propostas, “incluindo
implementação, acompanhamento e avaliação” (36ª C.G., Decreto 2, n. 5) como
urgiu a Congregação Geral.

89
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

A | A experiência de Deus

A experiência espiritual de Santo Inácio de Loyola, centrada em Cristo, é a


pedra angular da Educação Jesuíta e nosso desafio continua sendo convidar nos-
sos estudantes e as comunidades educativas a descobrirem sua riqueza inesgo-
tável no encontro pessoal e comunitário com o Evangelho. Reconhecemos a di-
versidade dos contextos religiosos e seculares nos quais atuam nossos colégios;
no entanto, a Educação Jesuíta não pode se realizar a menos que seja possível
oferecer uma sólida formação religiosa e espiritual em nossos colégios. No nos-
so contexto histórico, essa formação exige que apresentemos aos alunos nossa
herança espiritual, a diversidade religiosa de nossos contextos e do mundo, para
promovermos o respeito e o apreço por outras religiões e expressões seculares.

1 | Os Delegados comprometem-se a promover o exame de consciência


em cada um dos colégios para ajudar os estudantes a escutarem sua voz interior
e aprenderem o caminho da interioridade.

2 | Os Delegados comprometem-se a trabalhar com os colégios para as-


segurar que se implemente um módulo (ou alguma unidade similar no Plano
de Estudos) de Educação Inter-religiosa. Esse módulo deve permitir que os es-
tudantes aprendam sobre as religiões do mundo e respeitem as diversas formas
nas quais as religiões expressam e celebram o divino.

3 | Os Delegados comprometem-se a encontrar maneiras de como a Es-


piritualidade Inaciana (ref. Exercícios Espirituais) pode ser ativamente adaptada
ao contexto escolar, para que os estudantes aprendam o hábito do silêncio e a
prática do discernimento.

B | Tradição e inovação

Estamos chamados a um discernimento genuíno em continuidade com


nossa herança espiritual, para respondermos criativamente aos desafios do nos-
so mundo e das novas gerações que frequentam nossos colégios. Somos cons-

90
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

cientes de que nossa tradição nos chama a participar de uma conversação con-
tínua sobre os melhores meios para servirmos à nossa missão hoje, que deve se
refletir na renovação e na inovação em nossos colégios e modelos pedagógicos.
Tudo isso precisa levar nossos colégios a usar a imaginação inaciana para propor
e implementar melhores práticas educativas que realmente possam encarnar a
excelência humana de nossa educação e transformar nossos estudantes, nossas
sociedades e a nós mesmos.

4 | Os Delegados comprometem-se a participar de um processo de discer-


nimento inaciano que conduza a um plano de inovação para cada escola e a
uma revisão periódica que corresponda ao contexto local e à nossa tradição.

5 | Os Delegados comprometem-se a revisar com os colégios as estruturas


e funções organizativas tradicionais, com especial atenção aos estereótipos e às
desigualdades de gênero.

6 | Os Delegados comprometem-se a trabalhar com os colégios para me-


lhorar a forma como os pais e as famílias são convidados a participar da nossa
educação e formação.

7 | Os Delegados comprometem-se a urgir que os colégios reflitam sobre


a natureza holística da excelência humana (os 4 Cs), para que o êxito acadêmico
possa ser entendido no contexto adequado. Os Delegados também se compro-
metem a urgir que os colégios reflitam sobre as noções tradicionais de êxito e
fracasso na vida de nossos estudantes.

C | Cuidar da nossa casa comum: reconciliação com Deus,


com a humanidade e com a criação.

A razão de ser de nossos colégios é o serviço da missão. Hoje essa missão


implica um serviço de fé, justiça e cuidado do meio ambiente. Devemos nos as-
segurar de que nossos colégios continuem focados em nossa missão e possam
educar a atual geração e as próximas na nossa tradição holística. Reconhecemos

91
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

que nossos colégios experimentam uma tensão ou encontram uma lacuna en-
tre servir a missão e continuar sendo relevantes para os estudantes, os pais de
família e a sociedade em geral.
Essa tensão sempre tem estado presente em nossa história e desafiado nos-
sa criatividade. O contexto atual requer um sério discernimento para garantir
que nossa missão de reconciliação e justiça se reflita em nossos colégios. Dado
o advento da Inteligência Artificial, a quarta revolução industrial, e suas implica-
ções para a experiência humana e as mudanças que trará para as condições de
trabalho, cabe aos nossos colégios enraizarem-se na educação humanista pela
qual sempre foram reconhecidos.

8 | Os Delegados comprometem-se a promover uma política ambiental e


social para cada um de nossos colégios, e propor as formas como as redes re-
gionais podem integrar claramente a justiça, a fé e o cuidado do meio ambiente
dentro dos Planos de Estudo dos colégios (ex., o texto do programa Sanando
la Tierra: disponível em: https://healingearth.ijep.net/es; acesso em: 18.5.2021–)
destacando o pensamento crítico, a consciência política e o compromisso social,
tudo para que se reflita nas práticas da classe e da escola.

9 | Os Delegados comprometem-se a garantir que os colégios tenham um


programa que permita que os estudantes de setores marginalizados e empo-
brecidos da sociedade participem de uma educação de qualidade e vão além
de suas experiências para construir pontes com outras pessoas e comunidades.

D | Enviados a uma Rede Global

A 36ª Congregação Geral nos recorda que “a colaboração leva naturalmen-


te à cooperação em rede. As novas tecnologias da comunicação criam formas
de organização que facilitam a cooperação. Tornam possível que se mobilizem
os recursos humanos e materiais em sustento da missão e ultrapassem as fron-
teiras nacionais e os limites de Províncias e Regiões” (Decreto 2, n. 8). Para res-
ponder a esse chamado, nossos colégios e as redes locais e regionais devem
comprometer-se a estar numa irmandade global para que nossas comunidades

92
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

escolares possam ver a si mesmas como parte de um corpo universal com uma
missão universal (35ª C.G., Decreto 2, n. 20).
De fato, trata-se de uma nova mentalidade e modo de proceder que requer
nossa criatividade e compromisso para encontrar formas de trabalhar juntos e
conseguir um novo nível de gestão para nossos colégios. Esse processo fortale-
cerá nossos colégios em nível local e global e os tornará mais relevantes para as
sociedades a que servimos.

10 | Os Delegados comprometem-se, em suas visitas e avaliações dos colé-


gios, a avaliar e animar o nível de desenvolvimento da cooperação com as redes
regionais e globais existentes.

11 | Os Delegados comprometem-se a incluir, nos novos programas de


formação dos docentes e do pessoal de apoio de cada colégio, a compreensão
de que eles estão se unindo a uma rede global e têm um papel a desempenhar
na sua animação.

12 | Os Delegados comprometem-se, também, a trabalhar com a equipe


gestora dos colégios para que todos, equipe docente e pessoal de apoio, rece-
bam formação em cidadania global, de modo que possam ajudar os estudantes
a compreenderem seu futuro como cidadãos do mundo.

13 | Os Delegados comprometem-se a fazer da Educate Magis uma fer-


ramenta integral e um recurso nos colégios para ajudar na animação da sua
dimensão global.

E | Solicitação dos Delegados

Os Delegados solicitam ao Secretário de Educação e à ICAJE que os ajudem


a definir o papel do Delegado de Educação com relação às expectativas para
promover a Rede Global.
Os Delegados comprometem-se a cumprir esses compromissos e estão
abertos a um processo de revisão contínua.

93
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

iv. Colégios Jesuítas:


Uma Tradição Viva no Século XXI, 2019

Identificadores Globais dos Colégios Jesuítas

1 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos em ser católicos e em ofe-


recer uma profunda formação na fé em diálogo com outras religiões e visões de
mundo (PEC 33).

2 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos em ser católicos e em ofe-


recer uma profunda formação na fé em diálogo com outras religiões e visões de
mundo (PEC 33).

3 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com a Cidadania Global


(PEC ROTA).

4 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com o cuidado de toda a


Criação (PEC 66).

5 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com a justiça (PEC 78).

6 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos em ser acessíveis a todos


(PEC 50).

7 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com a Interculturalidade.


(PEC 39).

8 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos em ser uma Rede Global a


serviço da Missão (PEC 10).

9 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com a Excelência Humana.


(PEC 26).

10 | Os Colégios Jesuítas estão comprometidos com a aprendizagem para


toda a vida (PEC 108).

94
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Cronologia do Apostolado Educativo da v.


Companhia de Jesus

DISCURSO S
CONGREGACIONES PADRES
PREFERENCIAS DE PADRES
GENERALES GENERALES
GENERALES

CICLOS
SECRETARÍA DOCUMENTOS
GLOBALES Y SUS
Y REDES FUNDACIONALES
DOCUMENTOS

Educación Jesuita Un Mapa Contemporáneo La Misión de la Compañía de Jesús


"Compañeros en una misión de Reconciliación y de Justicia
Escuelas Jesuitas (a partir de 2019)
827 Escuelas, Fe y Alegría (1,674), JRS-Education (61)
con Dios, con la humanidad y con la creación" - CG36 Decreto 1

1960 1970 1980 1990 2000 2010

CG31 (1965/1966) CG32 (1975) CG 33 (1985) CG34 (1995) CG 35 (2008) CG 36 (2016)


La Misión de la Compañía Una Fe comprometida Compañeros de Jesús Unidos con Cristo en misión Un fuego que Compañeros en una Misión de
de Jesús Hoy on la Justicia enviados al mundo de hoy enciende otros fuegos Reconciliación y Justicia

Preferencias Globales Preferencias Apostólicas Universales


(2008 - 2019) (2019 - 2029)
5 Preferencias 4 Preferencias

PADRES P. Arrupe, S.J. P. Kolvenbach, S.J. P. Nicolás, S.J. P. Sosa, S.J.


GENERALES (1965 - 1983) (1983 - 2008) (2008 - 20 16) (2016 - Actualidad)

Características actuales de la educación en la Compañía de Jesús (1998) Profundidad, Universalidad y


Alocución en el Congreso JESEDU-Rio2017 (2017)
DISCURSOS Hombres y Mujeres para los demás (1973) El servicio de la fe y la promoción de la justicia en la educación Ministerio Intelectual(2010)
DE PADRES universitaria de la Compañía de Jesús de Estados Unidos (2000) Los Antiguos Alumnos de la La universidad fuente de vida reconciliada(2018)
GENERALES Nuestros Colegios: Hoy y mañana (1980) Compañía de Jesús y su
La Universidad De La Compañía De Jesus A La Luz Del Carisma Ignaciano (2001) Responsabilidad Social (2013) Discurso en el 47 Congreso Intl. de Fe y Alegría (2018)

JEASA (1961) JASBEAM (1971)


JCAP (1967)
ICAJE (1980) JECSE (1986) FLACSI (2001) Educate Magis (2015)
Secretariado de Educación(1967)
JSN (1970)
Las Características de la Educación Jesuita (1986)
28 Características
Una Tradición Viva (2019)
10 Identificadores
Paradigma Pedagógico Ignaciano(1993)
5 Dimensiones
El primer ciclo, “descubriendo El segundo ciclo,
nuestro potencial apostólico global “caminando como red global
(2012 - 2020) al servicio de la misión”
(2020 - 2029)
CICLOS ICJSE (2012) Declaración final
JESEDU-JogJa (2020)
SIPEI (2014) Excelencia Humana
Declaración Final
JESEDU-Rio (2017) Acuerdos Finales

Ciudadanía Global:
Una Perspectiva Ignaciana(2019)

https://www.educatemagis.org/es/interactive-timeline/

95
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

vi. Colégios Jesuítas a Serviço de


Nossa Missão Universal: Uma Perspectiva Integral

© Copyright Companhia de Jesus


Secretaria de Educação
Cúria Geral, Roma
Elaborado por Educate Magis

ORÁNEO DE PROCE
EMP DER
ONT EN
C L
DO A
ED
O
M U
O C
TR

A
CI
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ICO IGNACIANO
VERSI
ÓN - DISCERNI–MDisce
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GÓG (PPI)
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o – TR
Tra ABA EaLEl
bal JO E INcTtu
ho N RED - D IDA n
Dt e le
em R PROFUN e I
ede – Pro f u ndidad

https://www.educatemagis.org/es/infographic-integrated-perspective/

96
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Documentos Pedagógicos da Igreja Católica vii.


e da Companhia de Jesus

Quadro elaborado para a Edição Atualizada do


Projeto Educativo Comum da RJE do Concílio Vaticano II à atualidade

DOCUMENTOS DA IGREJA
ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

Gravissimum Educationis: declaração do Concílio Vaticano II


1965 CLIQUE AQUI
sobre a educação da juventude

Ad Gentes: decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade


1965 CLIQUE AQUI
missionária da Igreja

Congregação para a Educação Católica. Educar Hoje e


2014 CLIQUE AQUI
Amanhã: Uma Paixão Que Se Renova. Instrumentum Laboris

2020 Papa Francisco. Pacto Educativo Global CLIQUE AQUI

DOCUMENTOS DO CELAM (CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO)


ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano.


1968 CLIQUE AQUI
Conclusões da Conferência de Medellin
III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. A
1977 evangelização no presente e no futuro da América Latina. CLIQUE AQUI
Puebla

V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do


2007 CLIQUE AQUI
Caribe. Aparecida

DOCUMENTOS DA CNBB (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL)


ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

Vão e Ensinem. Identidade e missão da escola católica na


2011 CLIQUE AQUI
mudança de época, à luz de Aparecida

97
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

DOCUMENTOS DA COMPANHIA DE JESUS1


ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

1965-
Congregação Geral 31, Decreto 28 (apostolado da educação) CLIQUE AQUI
1966

1973 Pedro Arrupe. Homens e mulheres para os demais CLIQUE AQUI

1980 Pedro Arrupe. Nossos Colégios Hoje e Amanhã CLIQUE AQUI

1986 Características da Educação da Companhia de Jesus CLIQUE AQUI

1993 Pedagogia Inaciana: uma proposta prática CLIQUE AQUI

Constituições da Companhia de Jesus. Normas


1995 Complementares, parte VII, números 5 (sobre o apostolado CLIQUE AQUI
educativo) e 6 (sobre o apostolado intelectual)

Congregação Geral 34, Decreto 18 (A Companhia e a vida


1995 CLIQUE AQUI
universitária, educação secundária, primária e popular)

Peter-Hans Kolvenbach. Características atuais da educação da


1998 CLIQUE AQUI
Companhia de Jesus

2012 GIAN. Direito à educação para todas as pessoas CLIQUE AQUI

Boston. Declaração final do Colóquio Internacional de


2012 CLIQUE AQUI
Educação Secundária

SIPEI. Declaração final do Colóquio Internacional de


2014 CLIQUE AQUI
Pedagogia e Espiritualidade Inacianas

2015 Documento sobre Excelência Humana CLIQUE AQUI

JESEDU. Acordos finais do Congresso Internacional de


2017 CLIQUE AQUI
Delegados de Educação da Companhia de Jesus

Arturo Sosa. A educação da Companhia de Jesus – uma


2017 pedagogia a serviço da formação de um ser humano CLIQUE AQUI
reconciliado com seus semelhantes, com a criação e com Deus
1. Para aprofundamento, ver MESA, José Alberto, SJ. La Pedagogía Ignaciana. Textos clásicos y contemporáneos sobre la
educación de la Compañía de Jesús desde san Ignacio de Loyola hasta nuestros días. Mensajero, Bilbao, 2019.

98
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Arturo Sosa. Alocução do Pe. Geral Arturo Sosa no 47º


2018 CLIQUE AQUI
Congresso Internacional de Fé e Alegria

2019 Cidadãos Globais: uma perspectiva inaciana CLIQUE AQUI

2019 Colégios Jesuítas: uma tradição viva no século XXI CLIQUE AQUI

2021 JESEDU. Discernindo para um futuro de esperança CLIQUE AQUI

CPAL (CONFERÊNCIA DE PROVINCIAIS DA COMPANHIA DE JESUS


DA AMÉRICA LATINA)
ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

Projeto Educativo Comum da Companhia de Jesus na


2005 CLIQUE AQUI
América Latina

2011-
Corresponsáveis na Missão Projeto Educativo Comum CLIQUE AQUI
2020

A Companhia de Jesus e o Direito Universal a Uma Educação


2019 CLIQUE AQUI
de Qualidade

99
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

BRA (PROVÍNCIA DOS JESUÍTAS DO BRASIL)


ANO NOME DO DOCUMENTO DADOS PARA ACESSO

São Paulo: Edições Loyola,


1990 I Congresso Inaciano de Educação, Itaici. Ano Inaciano
1991.

São Paulo: Edições Loyola,


1997 Subsídios para Pedagogia Inaciana
1997

II Congresso Inaciano de Educação, Itaici. A Pedagogia São Paulo: Edições Loyola,


1997
Inaciana rumo ao século XXI 1998

III Congresso Inaciano de Educação, Itaici. Educação e São Paulo: Edições Loyola,
2002
mudança: por uma pedagogia da esperança 2002

IV Congresso Inaciano de Educação, Florianópolis. Florianópolis: Edições


2005 Catarinense, 2006
Pedagogia Inaciana e os novos sujeitos da história

São Paulo: Edições Loyola,


V Congresso Inaciano de Educação, Salvador. Educação 2011
2010
Inaciana, ética e diálogo com as culturas

2016 Projeto Educativo Comum CLIQUE AQUI

VI Congresso Inaciano de Educação e I Congresso RJE.


2019 CLIQUE AQUI
Colégio São Luis (SP) (2019). Cidadania Global

100
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Dados Organizacionais da Edição do PEC de 2016 viii.

Pe. João Renato Eidt, S.J.


PROVINCIAL DOS JESUÍTAS DO BRASIL

Pe. Mário Sündermann, S.J.


DELEGADO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

Conselho Superior em 2016:

Afonso Luiz Silva


DIRETOR GERAL – COLÉGIO CATARINENSE

Ana Maria Bastos Loureiro


DIRETORA ACADÊMICA – COLÉGIO SANTO INÁCIO – RJ

Fernando Guidini
DIRETOR ACADÊMICO – COLÉGIO MEDIANEIRA

Pe. Mário Sündermann, S.J.


DELEGADO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

Ir. Raimundo Nonato Oliveira Barros, S.J.


DIRETOR CORPORATIVO – UNIDADES DE TERESINA

Mariângela Risério D’Almeida


DIRETORA GERAL – COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA

Pe. Vicente Palotti Zorzo, S.J.


SUPERIOR DA PLATAFORMA APOSTÓLICA SUL 1

101
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Coordenadores de Qualidade e Processos da RJE:

Gilberto Vizini Vieira


COORDENADOR DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

Juliano Tadeu dos Anjos Oliveira


COORDENADOR DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO CRISTÃ

Sônia Maria Vasconcellos de Magalhães


COORDENADORA DOS PROCESSOS ACADÊMICOS

Grupo de Trabalho responsável pelo processo


de construção e redação do PEC:

Alexandra Gazzinelli H. Antonio


ASSESSORA PEDAGÓGICA – COLÉGIO LOYOLA

Alexandre Loures Barbosa


DIRETOR GERAL – ESCOLA TÉCNICA DE ELETRÔNICA

Alexandre Valente Henriques


GESTOR DE PROJETOS DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO

Ana Maria Bastos Loureiro


DIRETORA ACADÊMICA – COLÉGIO SANTO INÁCIO –RJ

João Carlos Ramiro Oliveira


COORDENADOR DE FORMAÇÃO CRISTÃ – COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA

Juliano Tadeu dos Anjos Oliveira


DIRETOR GERAL – COLÉGIO LOYOLA

Louisa Carla Farina Schröter


COORDENADORA ACADÊMICA – COLÉGIO CATARINENSE

Maria Margareth R. dos Santos


DIRETORA ACADÊMICA – COLÉGIO DIOCESANO

Paulo Henrique Cavalcante


ASSESSOR REFERÊNCIA DE ENSINO RELIGIOSO – COLÉGIO LOYOLA

102
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

Pe. Carlos Alberto Jahn, S.J.


DIRETOR GERAL – COLÉGIO MEDIANEIRA

Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, S.J.


DIRETOR GERAL – COLÉGIO DOS JESUÍTAS

Pedro Risaffi
SECRETÁRIO EXECUTIVO DA REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO

Sérgio Silveira Santana


DIRETOR DE GESTÃO DE PESSOAS – COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA

Sônia Maria Vasconcellos de Magalhães


DIRETORA GERAL – COLÉGIO SÃO LUÍS

Projeto Gráfico e Diagramação: Liliane Grein


Impressão: Edições Loyola

103
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

ix. Aprovação do PEC 2016

Rio de Janeiro, 28 de março de 2016

BRA 2016/17
Pe. Mário Sündermann, S.J.
DELEGADO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA, RIO DE JANEIRO – RJ

Estimado Companheiro e Amigo no Senhor!


Com muita alegria e esperança no futuro, aprovo e apresento o Projeto
Educativo Comum (PEC) elaborado pelas Unidades Educativas que compõem a
Rede Jesuíta de Educação (RJE). Ele tem por principal objetivo rever, reposicionar
e revitalizar o trabalho apostólico da Companhia de Jesus na área de Educação
Básica no Brasil e, ao mesmo tempo, inspirar, orientar e direcionar os necessários
ajustes e/ou qualificação do que já fazemos hoje. É, portanto, uma oportunidade
única de juntos edificarmos uma educação de excelência, capaz de contribuir
eficazmente na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.
Os trabalhos foram iniciados em 2013, quando todas as Unidades Educativas
da Rede passaram à jurisdição do Provincial do Brasil. No ano seguinte, foram cons-
truídas as condições para um trabalho participativo e colaborativo em Rede. Em
seguida, já em 2015, foi constituído um Grupo de Trabalho (GT), composto por pro-
fissionais de diferentes Unidades da Rede. Esse grupo promoveu a realização de se-
minários virtuais e presenciais, articulou a disseminação das problematizações nas
respectivas Unidades, gerou espaços de diálogo e proporcionou estudos que trou-
xeram muitas contribuições ao processo de elaboração do PEC. Um segundo GT foi
constituído com a responsabilidade da redação do documento. Todas as questões e
contribuições que surgiram ao longo do processo foram sendo trabalhadas e integra-
das em um documento inicial, e o grupo formalizou um material comum que, após
passar por diferentes leitores críticos, constituiu-se como uma referência de diálogo
diante daquilo que a Rede compreendia como Aprendizagem Integral em nossas
Escolas e Colégios.
A metodologia desenvolvida para a elaboração do PEC objetivou envolver
o maior número de colaboradores da Rede, a fim de consolidar e intensificar,

104
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

nos próximos anos, a identidade da RJE, além de implementar e atualizar sem-


pre mais a Pedagogia Inaciana. Para tanto, registro ser necessário que todos, Je-
suítas e profissionais, assumam com grande ânimo e generosidade este Projeto
Educativo Comum. O mesmo se diga dos estudantes e seus familiares que com-
põem conosco as comunidades educativas. É importante que todos conheçam
o projeto e ajudem a realizar o que nele é sonhado. Todos juntos transformare-
mos Escolas e Colégios da Rede em verdadeiros centros de aprendizagem, com-
promissados com uma educação de qualidade, formando e educando pessoas
conscientes, competentes, compassivas e comprometidas.
O PEC ora apresentado é resultado, portanto, de um percurso pedagógico
que teve por base a discussão, a reflexão, a consulta e o discernimento coletivo.
A escrita contempla e detalha, após a introdução e os pressupostos, as quatro
dimensões do processo educativo, em consonância com o sistema de Qualida-
de da FLACSI: currículo; organização, estrutura e recursos; clima institucional;
família e comunidade local. Tudo, enfim, está orientado para a formação inte-
gral da pessoa humana. A sua leitura nos estimula a melhor compreender os
princípios pedagógicos ali expressos, com o desafio e o propósito de torná-los
realidade a partir das Unidades Educativas da Rede.
Por fim, reforço que o PEC foi elaborado tendo em vista a renovação educa-
tiva sonhada pela Companhia de Jesus, mais especificamente a Província Jesuíta
do Brasil, colocando-se em sintonia com os responsáveis pela Igreja na América
Latina e pensando a formação integral do ser humano como pessoa, criatura
amada por Deus. Agradeço a todos os que participaram da elaboração deste
projeto e, especialmente, ao Pe. Mário Sündermann, S.J. por coordenar este tra-
balho. Desejo que o mesmo gere esperança de que outra educação é possível e
traga frutos para a missão educativa que assumimos.
Santo Inácio, fundador da Companhia de Jesus, e São José de Anchieta,
padroeiro da Província dos Jesuítas do Brasil, intercedam junto ao Pai por todos.

Feliz Páscoa a todos!

Pe. João Renato Eidt, S.J.


PROVINCIAL DOS JESUÍTAS DO BRASIL

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Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

x. Apresentação do PEC 2016

Um caminho de renovação, capaz de responder com responsabilidade,


inovação e fidelidade aos desafios educativos hodiernos, faz-se necessário
diante do cenário complexo em que vivemos. Por isso, em sintonia com os
movimentos da Igreja Católica e da Companhia de Jesus no Brasil e no mun-
do, a Rede Jesuíta de Educação (RJE) decidiu empreender novos rumos na
Educação Básica.

O rumo de mudança que ora iniciamos orienta-se pelo Projeto Educati-


vo Comum (PEC), fruto de consulta ampla e de construção coletiva entre os
Colégios e Escolas Jesuítas do Brasil. Para tal fim, recolhemos anseios, sonhos,
desejos e disposição por ressignificar a nossa proposta educativa, que resultou
num documento construído a partir do envolvimento e compromisso de mui-
tos profissionais da educação.

Aonde a Companhia de Jesus quer chegar, em termos de apostolado edu-


cativo, ao decidir por esses rumos? Respondemos apontando para muitos de-
safios constatados por estudantes, educadores, famílias, Igreja e sociedade nos
últimos anos.

É próprio da Companhia de Jesus responder aos desafios de cada tempo


de forma crítica, consciente e efetiva, empreendendo caminhos com coragem
para inovar e renovar. Contamos com amplas condições para enveredar por um
caminho de mudanças, pois somos um corpo de profissionais qualificados, te-
mos uma sólida tradição educativa, dispomos de vasta experiência educativa e
construímos uma proposta coletivamente, atentos às propostas pedagógicas
atuais e às possibilidades advindas do contexto atual.

O PEC não quer ser mais do mesmo. Faz-se necessário superar os mode-
los lineares pautados somente no ensino. Nesta perspectiva se busca organizar

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PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

os espaços e tempos escolares com novas e criativas perspectivas de aprendi-


zagem. É meta, para os próximos anos, colocarmos o estudante no centro do
processo educativo, buscando um currículo que faça sentido e dê sabor a suas
vidas. Buscamos, em 2020, ser uma rede de “Centros de Aprendizagem Integral”,
onde a excelência acadêmica seja fruto da construção coletiva do conhecimen-
to, com um currículo integrado e integrador que resulte em vidas transformadas
para o bem de uma nova sociedade.

Dessa forma, o documento buscará nosso reposicionamento no contex-


to educativo nacional nos próximos quatro anos. A educação que oferece-
mos será inclusiva, pautada em valores éticos e cristãos, uma vez que acre-
ditamos ser possível educar crianças, adolescentes e jovens para que sejam
conscientes, competentes, compassivos e comprometidos na construção
de um mundo mais justo, fraterno, solidário, inclusivo e cristão. Outrossim,
reposicionamo-nos como obras apostólicas da Companhia de Jesus, volta-
das para uma educação com incidência política e social, uma educação para
a cidadania.

Com o PEC, a Companhia de Jesus no Brasil busca maior unidade entre os


centros educativos jesuítas, superando tudo o que gera uniformidade, estagna-
ção e personalismos. Sabemos que juntos somos mais, podemos mais e vamos
mais longe. A formação integral proposta pela RJE, presente do Nordeste ao Sul
do País, torna-se mais rica, na medida em que se dispõe a colocar em comum
diferentes conhecimentos e práticas de aprendizagem.

Ao aprofundar a análise sobre o microcontexto de nossas escolas e colé-


gios, reconhecemos que o atual modelo de ensino não mais responde ao que
nos propomos como Rede. Percebemos professores cansados e desanimados,
embora empenhados na busca de estratégias de interação e construção que
sejam mais atraentes à aprendizagem; verificamos estudantes desmotivados e
chateados, muitas vezes dormindo em sala de aula: crianças, adolescentes e jo-
vens que amam seus colégios, mas se encontram desencantados com o lugar
sagrado da aprendizagem, ainda muito restrito às quatro paredes da sala de aula.

107
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Fica o belo e grande desafio de qualificar as mediações, fazendo com que a arte
de aprender seja prazerosa e plena de sentido.

Além disso, estamos vivendo um enriquecedor período de qualificação dos


processos educativos, pois as Unidades da RJE estão passando ou passarão pela
rica experiência do Sistema de Qualidade na Gestão Escolar (SQGE), promovida
pela Federação Latino-Americana de Colégios Jesuítas (FLACSI). Desde as man-
tenedoras, caminhamos para um Sistema Integrado de Gestão (SINERGIA) que
visa qualificar e profissionalizar os processos administrativos das mantenedoras
como dos colégios, das escolas e das demais presenças apostólicas da Provín-
cia. Ele fomenta processos e práticas de uma gestão transparente e integrada.
Desde a RJE, temos a Plataforma Moodle RJE como espaço privilegiado de in-
tegração entre as Unidades e de qualificação das mediações pedagógicas nas
propostas curriculares locais.

Os desafios e oportunidades que decorrem do PEC demandarão dispo-


sição e liberdade interior de todos, para que assumam o itinerário da renova-
ção. Cada unidade educativa da Rede se compromete na busca pelos melhores
meios para dar vida ao PEC, encantando estudantes e educadores, na certeza de
que isso beneficiará as famílias e constituirá um instrumento apostólico capaz
de transformar a sociedade. Evidentemente, os desafios que emanam do PEC
serão assumidos numa perspectiva de Rede. Ao mesmo tempo, exigirão um
compromisso local, através da formação continuada, transformação de estru-
turas, inovação e criatividade pedagógica, revisão das bases curriculares, pla-
nejamento estratégico, plano de cargos e salários ou de carreira, entre outras
adequações constantes.

O reto uso dos recursos também é uma premissa apostólica. O campo da


gestão, tanto de recursos materiais como de equipes e pessoas, é um espaço
privilegiado onde a missão educativa que propomos se revela e realiza. Por-
tanto, a incidência política e social não se restringe à educação de excelência
oferecida aos estudantes, mas se estende a uma gestão eficaz e comprometida
com o uso responsável dos recursos disponíveis. Neste sentido é imprescindível

108
PEC – Projeto Educativo Comum
JESUÍTAS BRASIL

nos perguntar se a entrega formativa faz jus aos meios e recursos que temos à
disposição em nossos colégios e escolas.

Sabemos, contudo, que toda mudança implica correr riscos, mas entende-
mos que o risco maior reside em não ousar mudar. A Companhia de Jesus se
manteve com relevância no apostolado educativo desde sua fundação, por sua
capacidade de reinvenção contínua, ousadia em inovar e renovar, e também
coragem para construir e trilhar caminhos e processos novos.

Que Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e São José


de Anchieta, padroeiro da Província Jesuíta do Brasil, intercedam junto a Deus
por nossas comunidades educativas, para que, por meio de uma educação de
excelência, formemos cidadãos globais, líderes no serviço, academicamente
competentes e eticamente responsáveis, comprometidos com a construção de
uma sociedade mais justa, fraterna, solidária e inclusiva.

Que Deus nos ilumine e abençoe no caminho que ora iniciamos!

Afonso Luiz Silva


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO CATARINENSE, FLORIANÓPOLIS-SC

Albanisa Gomes de Moura


DIRETORA GERAL DO COLÉGIO SANTO INÁCIO, FORTALEZA-CE

Alexandre Loures Barbosa


DIRETOR GERAL DA ESCOLA TÉCNICA DE ELETRÔNICA, SANTA RITA DO SAPUCAÍ-MG

Juliano Tadeu dos Anjos Oliveira


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO LOYOLA E CRECHE CAIÇARAS, BELO HORIZONTE-MG

Mariângela Risério D’Almeida


DIRETORA GERAL DO COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA, SALVADOR-BA

Ir. Raimundo Nonato Oliveira Barros, S.J.


DIRETOR CORPORATIVO COLÉGIO DIOCESANO, ESCOLA SANTO AFONSO RODRIGUEZ E
DA ESCOLA PEDRO ARRUPE, TERESINA-PI

109
Rede Jesuíta de Educação Básica
JESUÍTAS BRASIL

Ir. Marcos Epifanio Barbosa Lima, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO SÃO FRANCISCO, SÃO PAULO-SP

Sônia Maria Vasconcellos de Magalhães


DIRETORA GERAL DO COLÉGIO SÃO LUÍS, SÃO PAULO-SP

Pe. Carlos Alberto Jahn, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO MEDIANEIRA, CURITIBA-PR

Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO DOS JESUÍTAS, JUIZ DE FORA-MG

Pe. João Cláudio Rhoden, S.J.


DIRETOR GERAL DO COLÉGIO ANCHIETA, PORTO ALEGRE-RS

Pe. Luiz Antônio de Araújo Monnerat, S.J.


DIRETOR CORPORATIVO COLÉGIOS ANCHIETA - NOVA FRIBURGO-RJ, SANTO INÁCIO
E CENTRO EDUCACIONAL AGOSTINHO CASTEJÓN (CEPAC), RIO DE JANEIRO-RJ

Pe. Mário Sündermann, S.J.


DELEGADO PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

110
impressão acabamento
Rua 1822 nº 341 – Ipiranga
04216-000 São Paulo, SP
T 55 11 3385 8500/8501, 2063 4275
www.loyola.com.br

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