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Agostinho António Ricardo

Aldina Victor Arripe

Bovane Manuel Pene Massango

Processos exógenos e seus efeitos no Relevo

(Licenciatura em Geologia)

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Agostinho António Ricardo

Aldina Victor Arripe

Bovane Manuel Pene Massango

Processos exógenos e seus efeitos no Relevo

(Licenciatura em Geologia)

Departamento de Ciências de Terra e


Ambiente, turno diurno, trabalho de
carácter avaliativo, como parte integrante
da cadeira de Geomorfologia, 2o semestre
do curso de Geologia, 2º ano, turma única,
1o grupo.

Docente: MSc. Alexandre Albino.

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Índice

Resumo:...........................................................................................................................................3

1. Objectivo..................................................................................................................................4

1.1. Objectivo Geral.....................................................................................................................4

1.2. Objectivo Especifico.............................................................................................................4

2. Metodologia..............................................................................................................................5

Introdução........................................................................................................................................5

1. PROCESSOS EXÓGENOS E SEUS EFEITOS NO RELEVO..............................................6

1.1. EROSÃO E DENUDAÇÃO.................................................................................................7

1.2. TIPOS E FORMAS DE EROSÃO.......................................................................................8

1.2.1. O trabalho erosivo das águas............................................................................................9

1.2.1.1. Erosão pluvial................................................................................................................9

1.2.1.2. Erosão fluvial..............................................................................................................11

1.2.1.3. Erosão marinha............................................................................................................13

1.2.2. Erosão glacial..................................................................................................................14

1.2.3. A erosão eólica................................................................................................................16

1.2.3.1. Registos erosivos.........................................................................................................16

1.2.3.2. Registos deposicionais................................................................................................18

Conclusão......................................................................................................................................19

Referências bibliográficas.............................................................................................................20
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Resumo:

Os processos endógenos correspondem aos processos geológicos que actuam no interior da


Terra. O fluxo da matéria do interior para o exterior ou vice-versa é contínuo e constitui o ciclo
das rochas, no qual as massas rochosas são impulsionadas para a superfície, acentuando o relevo
e impedindo o aplainamento generalizado oriundo dos processos exógenos.

Estão relacionados à geodinâmica interna da Terra os fenômenos magmáticos vulcânicos e


plutônicos, os dobramentos e falhamentos, a epirogênese e a orogênese, os terremotos e a
tectônica de placas.

A conjunção dos processos endógenos, presentes durante toda a evolução da história geológica
da Terra, ocasiona a dinâmica da litosfera e, consequentemente, a formação das cadeias de
montanhas, das fossas oceânicas, do deslocamento de porções continentais e das actividades
magmáticas em grandes extensões da crosta terrestre.

Os processos exógenos correspondem aos processos que actuam no exterior da Terra. Nas mais
diversas paisagens do mundo é possível reconhecer a presença dos agentes exógenos no relevo.
O trabalho destes agentes é denominado de erosão. Os principais agentes erosivos do relevo são:
a água (que pode agir no desgaste do relevo de diferentes formas, através das chuvas, glaciações,
rios, mares); o vento e a própria acção do ser humano.

A acção das águas pode gerar o desgaste no relevo de diferentes formas, através das chuvas,
gelo, rios, mares. Os processos de erosão glacial ocorrem sob as massas de gelo. Este tipo de
erosão pode ser definido como envolvendo a incorporação e remoção, pelas geleiras, de
partículas ou detritos do assoalho sobre o qual elas se movem. De modo geral, ocorrem três
processos principais de erosão glacial: abrasão; remoção e acção da água no degelo.

A acção do vento fica registrada tanto nas formas de relevo como nos fragmentos trabalhados
pela acção eólica, seja de forma destrutiva (erosão) ou de forma construtiva e/ou acumulativa
(sedimentação).
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1. Objectivo.
1.1. Objectivo Geral.
 Conhecer os processos exógenos e seus efeitos na formação do relevo.
1.2. Objectivo Especifico.
 Conhecer os principais processos exógenos da formação do relevo;
 Conhecer os seus efeitos no relevo;
 Conhecer os tipos de relevo e como actuam;
2. Metodologia.

A metodologia usada neste trabalho, método de revisão de literatura, consulta de livros, a


internet, onde baixou-se artigos relevantes ao tema, em seguida o uso do computador para a sua
execução.
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Introdução

Neste presente trabalho, que tem como tema, Processos exógenos e seus efeitos no relevo,
iremos abordar alguns fundamentos conceituais, que tem a ver com a erosão e denudação. E
dentro disso, citamos como referenciais importantes de alguns actores que culminaram na defesa
do tema acima citado. Por último, vamos falar dos tipos e formas de relevo que actuam nos
processos exógenos.
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1. PROCESSOS EXÓGENOS E SEUS EFEITOS NO RELEVO

Os processos exógenos correspondem aos processos que actuam no exterior da Terra. Sem
dúvida, nas mais diversas paisagens do mundo é possível reconhecer a presença dos agentes
exógenos no relevo. O trabalho destes agentes é denominado de erosão.

 Mas, o que é propriamente a erosão?

1.1. EROSÃO E DENUDAÇÃO

Antes de verificarmos os tipos e formas de erosão é preciso deixar claro o conceito de erosão e
denudação. Vejamos:

O conceito de erosão (do latim = erodere) está vinculado aos

“Processos de desgaste da superfície do terreno com a retirada e o transporte


dos grãos minerais. Implica na relação de fragmentação mecânica das rochas
ou na decomposição química das mesmas, bem como na remoção superficial ou
subsuperficial dos produtos do intemperismo. Actua através de vários
processos intempéricos (mecânicos [corrasão], químicos [corrosão],
dissolução) e pela acção das águas correntes, das ondas, dos movimentos das
geleiras e dos ventos. (BIGARELLA, 2003, p. 884).

Em um sentido mais amplo, a erosão consiste no desgaste, no “afrouxamento” do material


rochoso, bem como na remoção dos detritos através dos processos actuantes na superfície
da Terra. De acordo com Bigarella (2003), muitas vezes a erosão é confundida com a
denudação.

O termo denudação (do latim = denudare = descobrir) por muito tempo tem sido empregado na
Geomorfologia como sendo a remoção do material solto resultante do processo de
intemperismo das rochas, oriundo da acção dos diferentes processos erosivos.
(BIGARELLA, 2003). A denudação, consiste no desgaste das formas de relevo mais salientes
devido à acção dos agentes erosivos, ou seja, ocasionará acentuadamente a exposição das
estruturas rochosas.
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Para conseguir entender a diferença entre a erosão e a denudação, é necessário nos lembrar que, a
erosão refere-se aos processos de desgastes da superfície e a denudação consiste nas
consequências deste desgaste.

É importante destacar que a determinação das taxas de erosão ou de denudação, segundo


Bigarella (2003), é bastante complexa, dependendo de uma série de factores envolvidos no
intemperismo e na remoção de detritos. Dentre eles, podem ser destacados as condições
geográficas e climáticas; o tipo de relevo (sua forma e altimétrica) e a natureza das rochas.

No que se refere à cronologia dos eventos denudacionais, segundo Bigarella (2003), diz respeito
tanto aos geomorfólogos como aos geógrafos, geólogos, estratígrafos e pedólogos, uma vez que
se torna necessário correlacionar as diversas superfícies ou níveis de erosão com seus depósitos
correlativos. “A cronologia da denudação depende da obtenção de muitos dados relativos aos
depósitos correlativos associados, bem como da aplicação de metodologia apropriada”.
(BIGARELLA, 2003, p. 908).

1.2. TIPOS E FORMAS DE EROSÃO

A erosão pode ser considerada normal ou natural e acelerada. A erosão normal é menos
evidente, sendo percebida apenas com o decorrer do tempo e efectua-se dentro das
condições naturais do ambiente. Já a erosão acelerada consiste na remoção de grande massa
de material, a curto prazo, ocasionando sulcos mais ou menos profundos na superfície do
terreno, destruindo o solo no meio rural e as propriedades na área urbana, além de afectar
as obras de engenharia de modo geral. (BIGARELLA, 2003). É importante destacar que na
erosão acelerada existe a interferência antrópica, bem como as mudanças climáticas, que fazem
com que ocorra o aumento da intensidade erosiva.

Na verdade, desde o período neolítico (caracterizado pelas sociedades sedentárias) o homem


passou a interferir decisivamente no meio ambiente, ao utilizar práticas agrícolas inadequadas à
conservação do solo, criando assim novas situações para a actuação de fenômenos erosivos
acelerados. Actualmente, o ser humano continua fazendo uso do solo de maneira inadequada,
seja nas áreas rurais ou nas áreas urbanas.
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O processo erosivo pode ser compreendido em três etapas: a desagregação, o transporte e a


sedimentação e/ou acumulação.

A erosão inicia com a desagregação das rochas em virtude do intemperismo (processos que
geram a destruição física e a decomposição química dos minerais em decorrência da acção dos
agentes climáticos e biológicos). Os sedimentos que se formam são posteriormente transportados
para áreas mais baixas pelos próprios mecanismos naturais em movimento (vento, chuvas, rios
etc.). Esses sedimentos são depositados nas partes mais baixas da superfície, nas quais se
acumulam.

Os principais agentes erosivos são: a água (que pode agir no desgaste do relevo de diferentes
formas, através das chuvas, rios, mares); glaciações; vento e a própria acção do ser humano.

1.2.1. O trabalho erosivo das águas

A acção das águas pode gerar o desgaste no relevo de diferentes formas, através da água das
chuvas, dos rios e dos mares. A saber:

1.2.1.1. Erosão pluvial

A erosão pluvial é ocasionada pela retirada de material correspondente à parte superficial do


solo pelas águas das chuvas. Quando o solo está desprovido de vegetação, este processo erosivo
ocorre de maneira acelerada. Num primeiro momento, o contacto das águas das chuvas com o
solo pode provocar a desagregação dos “torrões” e agregados do solo, o que resultará no
lançamento do material mais fino para o alto e para longe, processo conhecido como
salpicamento. À medida que aumenta o impacto do contacto, o material mais fino do solo é
pressionado para baixo da superfície, ocasionando a obstrução da porosidade do solo,
aumentando, consequentemente, o fluxo superficial e a erosão. Assim, conforme o grau de
agressão da força destrutiva das águas, podem ser consideradas as seguintes e principais formas
de erosão pluvial:

 Erosão Laminar: consiste no processo de remoção de uma camada delgada e uniforme


de solo superficial, ocasionada pelo fluxo hídrico não concentrado, no qual o solo não
apresenta incisões significativas, bem como canais perceptíveis.
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 Erosão de Sulcos: são pequenas incisões na superfície terrestre, em formato de filetes


muito rasos, perpendiculares às curvas de nível, representando áreas em que a erosão
laminar é mais intensa. É possível recuperar os sulcos através de operações normais de
preparação do solo.

 Erosão de Ravinamento: são formas erosivas resultantes do aprofundamento dos sulcos


devido ao fluxo concentrado de águas pluviais. É importante destacar que a velocidade do
fluxo pluvial é em decorrência do aumento da intensidade da chuva, da declividade da
encosta e/ou terreno e da ultrapassagem da capacidade de armazenamento do solo.

 Erosão de Voçorocas: podemos dizer que este tipo de erosão é a mais complexa e
destrutiva. Corresponde ao produto da acção combinada das águas do escoamento
superficial e subterrâneo, apresentando grande porte e formas variadas. As voçorocas são
verdadeiras “crateras”, possuindo paredes laterais íngremes e, em geral, fundo chato,
ocorrendo fluxo de água no seu interior durante os eventos chuvosos.

FIGURA 1 – IMAGEM DE UMA VOÇOROCA EM PARANAVAÍ (PR). É O TIPO DE


EROSÃO MAIS AGRESSIVA PROVOCADA PELAS ÁGUAS DAS CHUVAS

FONTE: Almeida e Rigolin (2004)

Acerca da erosão pluvial, é importante destacar também que parte das águas das chuvas que
caem sobre a superfície da Terra infiltra-se no subsolo, formando a água subterrânea. Essa água
subterrânea realiza um trabalho de erosão no subsolo, modelando formas bem características,
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principalmente em terrenos constituídos por rochas de fácil dissolução. O calcário é uma delas, e
as regiões onde ele é trabalhado pelas águas formam um relevo típico denominado karst (nome
emprestado de uma região da Croácia). Sem dúvida, as cavernas são as mais belas formações
desse relevo, que possui vários outros aspectos característicos, como os lapiás (formas
superficiais) e as dolinas (depressões).

1.2.1.2. Erosão fluvial

A erosão fluvial corresponde à erosão ocasionada pela ação das águas dos rios sobre a superfície
terrestre. As águas dos rios, durante o seu percurso, retiram, transportam e depositam
materiais, ocasionando a “construção” e/ou destruição de suas respectivas margens.

É evidente que o trabalho de construção e/ou destruição realizado pela erosão fluvial depende de
alguns factores, como a natureza da rocha, a declividade do terreno, a velocidade do fluxo
das águas e a força da correnteza.

Os vales fluviais são considerados um dos mais significativos testemunhos do trabalho erosivo
fluvial. Não podemos deixar de ressaltar que este processo erosivo de formação dos vales
fluviais levou bilhões e/ou milhões de anos para ocorrer.

Os exemplos mais comuns desse tipo de formação são os vales em V e os cânions, a exemplo do
Grand Canyon, nos Estados Unidos (Figura 2). Para ter uma ideia, o cânion exemplificado foi
escavado pelas forças das águas do rio Colorado, sendo que, entre o ponto mais alto do rio e sua
foz há um desnível de aproximadamente 2.400 metros, cuja extensão é de cerca de 500 km e
varia de 7 a 30 km de borda a borda. Sua idade é de aproximadamente 13 milhões de anos. A
ilustração a seguir explica como se forma um cânion.

FIGURA 2 – FORMAÇÃO DE UM CÂNION. À ESQUERDA OBSERVAMOS UMA


ILUSTRAÇÃO DE COMO OS RIOS ESCAVAM OS CÂNIONS. À DIREITA TEMOS UMA
IMAGEM DO GRAND CANION DO COLORADO (EUA).
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1 1. Ao correr, os rios
carregam partículas das
suas margens. Quanto
maior o desnível do
percurso e dependendo da
composição do solo, mais
sedimentos a água levará
embora.
2 2. Se o terreno, desde a
nascente até um
determinado ponto do
curso, é subitamente
elevado por um
movimento da crosta, o
rio ganha velocidade.
3 3. A força e a turbulência
da corrente escavam o
leito no sentido vertical,
carregando todo tipo de
material que estiver no
caminho, Formam-se.

FONTE: FARNDON, J. Dictionary of the Earth. London: Dorling Kindersley, 2000.

É importante destacar que não são todos os vales que apresentam a forma de “garganta”, como
os cânions. Os vales também podem ser encontrados em forma de vale em calha, vale normal e
vale assimétrico. Ao observar a figura a seguir você perceberá a diferença entre eles.

FIGURA 3 – ETAPAS DA EROSÃO FLUVIAL


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FONTE: Disponível em: <www.agriturismo.net>.

1.2.1.3. Erosão marinha

Podemos dizer que o mar também forma e/ou transforma as paisagens litorâneas. A erosão
marinha pode ser construtiva e também destrutiva. Assim, o trabalho de construção do relevo,
bem como de destruição, realizado pelo mar nas áreas litorâneas, chama-se de erosão marinha.

No que concerne ao processo construtivo de erosão marinha, podemos exemplificar a formação


das praias, tômbolos e restingas, resultados a partir da deposição de sedimentos. O poder erosivo
(destrutivo) das ondas é conhecido como abrasão marinha.

Quando as ondas quebram nas partes em que o continente avança sobre o mar, arrancam
fragmentos das rochas, fazendo com que as paredes rochosas desmoronem, num processo
erosivo de destruição (abrasão).

Um exemplo típico de formas resultantes da abrasão marinha, são as falésias (costas altas e
abruptas). O esquema a seguir ilustra a formação de uma falésia. Observe-o.

FIGURA 4 – ESQUEMA DE FORMAÇÃO DE UMA FALÉSIA


14

FONTE: Almeida e Rigolin (2004)

1.2.2. Erosão glacial

Os processos de erosão glacial ocorrem sob as massas de gelo. Este tipo de erosão pode ser
definido como envolvendo a incorporação e remoção, pelas geleiras, de partículas ou detritos do
assoalho sobre o qual elas se movem. De modo geral, ocorrem três processos principais de
erosão glacial: abrasão; remoção e acção da água no degelo. Vejamos cada um deles, segundo de
Campos e Santos (2001, p. 223):

Processo de abrasão – corresponde ao desgaste do assoalho sobre o qual as geleiras se


deslocam, pela acção de partículas rochosas transportadas na base de gelo. É importante frisar
que a maior parte da abrasão é produzida não pela acção directa do gelo, mas pelos fragmentos
rochosos que ele transporta, pelo fato de o gelo ter dureza relativamente baixa. A maior ou
menor eficiência da abrasão depende da pressão exercida pela partícula rochosa sobre o assoalho,
da velocidade do movimento das geleiras e da disponibilidade de partículas protuberantes na
base.

Processo de remoção – consiste na remoção de fragmentos rochosos maiores pelas geleiras. O


fenômeno está associado à presença de fracturas ou descontinuidades nas rochas do substrato que
podem corresponder a estruturas previamente existentes ou a descontinuidades formadas
subglacialmente pelo alívio da pressão causada pela erosão glacial. Variações na pressão basal
do gelo, normalmente associadas à presença de irregularidades no embasamento, podem gerar
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campos de esforços ou alterar os existentes, facilitando o aparecimento ou ampliação das zonas


de fraqueza, promovendo a remoção de fragmentos de rocha. O mesmo pode resultar de
mudanças térmicas na base do gelo. Finalmente, variações na pressão da água de degelo
subglacial, nas adjacências de cavidades nas rochas do embasamento, podem também tornar o
processo de remoção mais eficiente.

Água de degelo – duas são as maneiras pelas quais a água do degelo glacial produz erosão:

a) Mecanicamente – resulta do impacto de partículas transportadas sobre a superfície das


rochas do assoalho das geleiras, pela agitação de clastos transportados e acção de
redemoinho destes, dentro de cavidades subglaciais, e pelo processo de cavitação
(consiste na formação de ondas de choques pelo colapso de bolhas de ar dentro da
corrente aquosa, que se faz sentir mais intensamente em geleiras de base quente, drenadas
por fortes correntes aquosas subglaciais).
b) Por acção química – os estados insaturados das soluções aquosas, a disponibilidade de
partículas finas, com grande superfície relativa de reacção e a maior solubilidade do
dióxido de carbono em razão da baixa temperatura da água, acidificando-a, são os
factores aventados para explicar a erosão química glacial.

Os vales e os circos glaciais são as estruturas mais impressionantes esculpidas pelo gelo. Vales
glaciais formaram-se devido à canalização das geleiras ao longo de depressões topográficas,
modificando-as. A acção abrasiva do gelo resulta em modificação do perfil dos vales fluviais de
V para vales glaciais de U.

Os fiordes da Escócia, da Groenlândia e da Noruega são antigos vales glaciais localizados em


litorais de costas altas, que foram reescavados profundamente pela acção das geleiras e invadidos
pelas águas do mar.

FIGURA 5 – IMAGEM DO FIORDE AURLANSFJORD, PATRIMÔNIO MUNDIAL DA


UNESCO
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FONTE: Disponível em: <http://www.almadeviajante.com/fotos/noruega/noruega.php>.

1.2.3. A erosão eólica

A acção do vento fica registrada tanto nas formas de relevo como nos fragmentos trabalhados
pela acção eólica, seja de forma destrutiva (erosão) ou de forma construtiva e/ou acumulativa
(sedimentação ou deposição).

1.2.3.1. Registos erosivos

Os dois processos erosivos que correspondem à actividade eólica são: a deflação e abrasão.
Segundo Sígolo (2001, p. 252), “na deflação a remoção de areia e poeira da superfície pode
produzir depressões no deserto, chamadas bacias de deflação, podendo chegar a níveis mais
baixos do que o nível do mar”. De acordo com o mesmo autor, deflação também pode produzir
os chamados pavimentos desérticos (figura a seguir (esquerda)), caracterizados por extensas
superfícies exibindo cascalho ou o substrato rochoso, expostas pela remoção dos sedimentos
finos. Se o nível topográfico no deserto sofrer um rebaixamento por esse mecanismo até atingir a
zona subsaturada ou saturada em água, podem originar-se os chamados oásis (figura a seguir).

FIGURA 6 – REGISTROS EROSIVOS. À ESQUERDA VOCÊ OBSERVA O PAVIMENTO


DESÉRTICO NO DESERTO DO ATACAMA, CORDILHEIRA DOS ANDES. A FOTO À
DIREITA CORRESPONDE AO OÁSIS, TAMBÉM NO DESERTO DO ATACAMA
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FONTE: Sígolo (2001)

Por causa dos constantes impactos de diferentes partículas em movimento (areia fina, média ou
mesmo grossa) entre si e com materiais estacionados, geralmente maiores (seixos, blocos etc.),
ocorre um intenso processo de desgaste e polimento de todos esses materiais. (SÍGOLO, 2001).
Este processo denomina-se abrasão eólica. É importante ressaltar que o vento, isoladamente, não
produz qualquer efeito abrasivo sobre materiais rochosos. Apenas quando transporta areia e
poeira é que exerce papel erosivo. A abrasão produzida pelo vento assemelha-se ao processo de
jateamento e polimento com areia, utilizado na indústria para limpar, polir ou decorar diversos
objectos.

Segundo Sígolo (2001), a acção erosiva do vento produz outras formas de registo, como os
yardangs, que se assemelham a cascos de barcos virados, formados pela acção abrasiva eólica
sobre materiais relativamente frágeis, como sedimentos e rochas sedimentares pouco
consolidadas. Representam formas de abrasão importantes em diferentes áreas desérticas, tais
como a Bacia do Lut, no sudoeste do Irã, e Atacama, no Chile.

Embora os ventifactos (seixos que apresentam duas ou mais faces planas desenvolvidas pela
acção da abrasão eólica) sejam raros, outras formas erosivas são encontradas, muitas delas
conjugadas à actividade pluvial. Quando assim ocorrem, as acções erosivas eólica e pluvial
podem produzir formas específicas no relevo, como, por exemplo, nos arenitos do Subgrupo
Itararé em Vila Velha, Paraná. Observe a imagem a seguir.

FIGURA 7 – ARENITOS DO SUBGRUPO ITARARÉ ERODIDOS PELA CONJUGAÇÃO


DA AÇÃO EÓLICA E PLUVIAL, EM VILA VELHA, PARANÁ
18

FONTE: Sígolo (2001)

1.2.3.2. Registos deposicionais

O transporte e a posterior deposição de partículas pelo vento formam registros geológicos


peculiares que são testemunhos desse tipo de actividade no passado. Os principais registros
eólicos deste tipo são as dunas, os mares de areia e os depósitos de loess.

 Dunas – são formadas por uma deposição contínua, apresentam-se como grandes
elevações de areia, podendo ser estacionárias (fixas) ou migratórias (móveis). As formas
de dunas mais comuns são as dunas transversais, barcanas, parabólicas, estrela e
longitudinais.
 Mares de areia – é empregado em desertos para grandes áreas cobertas de areia, a
exemplo da Arábia Saudita, com cerca de 1.000.000 km² da superfície actualmente
cobertos por areia. Gigantescas áreas com dunas também ocorrem na Austrália e Ásia. As
extensas coberturas de areia no Norte da África são conhecidas como ergs. (SÍGOLO,
2001).
 Loess – sedimentos muito finos, quase sempre amarelados, e muito férteis, constituídos
por quartzo, argila e calcário. Sua área de ocorrência mais conhecida é a da China
meridional.
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Conclusão

Para terminar a presente abordagem cuja temática fora processos exógenos e seus efeitos no
relevo, importa realçar que a temática que parece simples, mas que ao debruça-la, seu
entendimento consagra-se complexo, na perspectiva de responder aos objectivos previamente
traçados, o trabalho conclui que, os processos exógenos que acontecem na superfície da crosta
terrestre e modelam a diversidade de formas, ou seja, que são os responsáveis pela esculturação
do relevo, desencadeiam-se pelos agentes morfogenéticos exógenos e referem-se à interacção de
forças da natureza, envolvendo a atmosfera, hidrosfera e a superfície terrestre com forte actuação
da energia emitida pelo sol e pela força da gravidade.
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Referências bibliográficas

SOUZA, Arildo João & MÜLLER, Rosimar Bizello • Geomorfologia: Centro Universitário
Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e Origem das Paisagens Tropicais e Subtropicais. Florianópilis:


Editora da UFSC, 2003.

SÍGOLO, B. J. Processos Eólicos - a acção dos ventos. In: TEIXEIRA, W. et al. (Orgs).
Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Texto, 2001.

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