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(QUASE) TUDO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER

SOBRE SEXO, NAMORO E CASAMENTO


MAS NINGUÉM TEVE CORAGEM DE CONTAR!
© 2011 Editora Luz às Nações Copyright © 2011 por Philip
Murdoch, todos os direitos reservados
Publicado por Editora Luz às Nações, Rua Rancharia, 62, parte —
Itanhangá — Rio de Janeiro, Brasil CEP: 22753-070. Tel. (21)
2490-2551 1ª edição: agosto de 2011. Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sob qualquer
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transmitida por qualquer forma ou meio — seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, gravação ou outro — sem a autorização prévia
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Salvo indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Nova Versão Internacional, 2001, Editora Vida.

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SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

M949a
Murdoch, Philip, 1968-
Quase tudo que você sempre quis saber sobre sexo,
namoro e casamento
mas ninguém teve coragem de contar! : saiba como fazer a
escolha certa e
como manter a escolha certa [livro eletrônico] / Philip
Murdoch. - 1.ed. -
Rio de Janeiro: Luz às Nações, 2014.
1Mb ; ePUB
ISBN 978-85-99858-58-5
1. Sexo - Aspectos religiosos - Cristianismo. 2. Namoro -
Aspectos
religiosos - Cristianismo. 3. Casamento - Aspectos
religiosos - Cristianismo.
I. Título.
CDD: 261.835
11-5251.
CDU: 27-43

Todos os direitos reservados por Editora Luz às Nações Ltda.


Rua Rancharia, 62/ parte - Itanhangá 22753-070 - Rio de Janeiro,
RJ - Brasil Tel. (21) 2490-2551
Sumário

Prefácio

1. Caso ou não caso? Meu Deus, o que faço?

2. Então, o que é o casamento?

3. Será que é ela? Será que é ele? — Os requisitos para o


casamento

4. Namorando para casar — O que faço exatamente em


um namoro?

5. Sexo: Quero muito e quero agora!

Conclusão
Dedicatória

Dedico este livro ao meu amor, Renée,


linda amante e esposa,
mãe dos meus filhos
Julia, Micah, Caroline e Ethan.
Agradecimentos

Escrever este livro foi um esforço para mim e


um sacrifício para muitos. Foram muitos os
que colaboraram para que esta obra fosse
completada, mas, acima de tudo, agradeço ao
Senhor, que me protegeu, instruiu, guiou e
aconselhou durante minha jornada de
aprendizado.

Agradeço também à Igreja Luz às Nações, no


Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, que
tem sido tão paciente e encorajadora neste
projeto, especialmente a Heston Delgado,
Scott Dalton, Mike Courville, Hugh e Joanne
Murdoch, Eduardo de Paula e Elton Tavares,
que me ajudaram profundamente.
Prefácio

Minha História

E ste livro é uma compilação de minhas


experiências e de meu aprendizado sobre
namoro, casamento e relacionamento sexual. Certa
vez alguém disse que podemos ver mais longe que os
gigantes se pudermos ficar de pé em seus ombros.
Realmente, foi isso que fiz neste livro. Nos últimos
quinze anos, tenho vivido um longo e rico
aprendizado na área dos relacionamentos românticos,
seja por meio de minha experiência, dos
aconselhamentos que tive a oportunidade de fazer em
meu ministério pastoral e, principalmente, por meio
dos conselhos ouvidos e lidos ao longo da vida.
Não tive a intenção de escrever um “manual” sobre
sexo, namoro e casamento. Acredito que ninguém
pode saber “tudo” sobre esses assuntos — afinal,
estamos sempre apreendendo, não é mesmo? Mas
gostaria de aproveitar esse espaço para ter uma
conversa franca com os jovens, aqueles que amam a
Deus e desejam fazer a Sua vontade, mas estão cheios
de dúvidas sobre como fazer isso, principalmente em
uma área que gera tantos conflitos, angústias e
confusões.
Conheci minha esposa Renée em um culto do
movimento evangélico estudantil nos Estados
Unidos. No primeiro momento em que a vi, soube
que Deus tinha algo preparado para mim por
intermédio de sua vida. Você pode chamar isso de
visão, paixão, emoção — do que quiser! —, mas uma
coisa é verdade: era forte, e tomou conta de todo o
meu coração. Naquela época eu morava com um
amigo em um apartamento modesto, para não dizer
“bem baratinho”, e ao voltar para casa naquela noite
após o culto, eu disse a ele: “Sabe aquela menina que
estava na reunião hoje? Acho que vou me casar com
ela!”.
Depois daquela noite incomum, decidi me tornar
um “perito em Renée”; meu foco era aprender tudo
sobre ela. Quais eram seus gostos, suas manias, suas
preferências; onde morava, o que fazia... Aproximei-
me como amigo, ajudando-a a se envolver com a
mocidade da igreja, e fui além: iniciei reuniões de
oração para poder orar com ela. Fiz de tudo para me
aproximar, e deu certo, uma vez que nos tornamos
verdadeiros amigos. A paixão ardia em meu coração
— e a amizade crescia no dela... No fim das contas, o
plano não saiu exatamente como eu imaginava! Nosso
relacionamento avançou por mais dois anos nesse
nível de amizade, até que um dia ela anunciou ao
grupo estudantil que estava namorando um rapaz de
outra igreja, em uma cidade distante, e que ele viajava
(de avião!), todo fim de semana, apenas para vê-la.
Essa informação totalmente inesperada me deixou
em uma posição crítica. O que deveria fazer? Lutar ou
me render? Eu poderia ter me rendido, como tantas
outras vezes; poderia ter virado a outra face e sofrido
silenciosamente; poderia ter caminhado mais uma
milha ou dado o meu casaco quando me foi pedido
apenas a camisa — afinal de contas, foi isso o que
Jesus nos ensinou, não foi? Mas não dessa vez. Aquilo
era importante demais e, no fundo, quem sabe se não
teria sido para isso que eu a tinha conhecido? Ora,
quem poderia dizer se o boboca do namorado dela era
o cara certo? De minha parte, tinha convicção de que
ela era a pessoa certa para mim, de que estava diante
da oportunidade da minha vida, de um momento de
decisão. Dar o braço a torcer coisa nenhuma! Decidi
guerrear e liguei para ela.
Finalmente, fiz o que não tivera coragem de fazer
naqueles dois anos por medo de perdê-la. Se eu não
falasse nada naquele momento, poderia perdê-la para
sempre! Quando Renée atendeu o telefone, disselhe
que estava apaixonado e que achava que ela deveria
esquecer o outro cara e namorar comigo! Sei que foi
loucura, e imagino que muitos de vocês estejam me
criticando, porém o ponto aqui é que há certas coisas
pelas quais vale a pena entrar em guerra, e a pessoa
com quem você vai se casar e viver o resto da vida
certamente vale uma guerra. Afinal, se você não está
disposto a guerrear por sua esposa, você não a merece!
Voltando à história, não sei se Deus a cegou, mas me
alegro em dizer que ela aceitou. Eu era um estudante
desempregado, estrangeiro, pobre e desajeitado. O
meu competidor (boboca) era bonito, alto, rico, de
boa família; tinha um carro vermelho esportivo
conversível (aqueles que têm apenas dois assentos!), e,
como já disse, viajava de avião (isso mesmo, de avião!)
todo fim de semana para vê-la. Desse dia em diante,
aprendi que há certas coisas na vida pelas quais vale a
pena lutar, e a pessoa com quem você irá se casar é
uma delas.
Esse foi o início do meu aprendizado sobre
relacionamentos, e também da minha trajetória como
namorado, noivo e, finalmente, marido. Desde então,
tenho buscado aprender de todas as formas a
desenvolver meus talentos como amigo/amante em
meu casamento com Renée, fazendo dele um eterno
romance. É importante dizer que não aprendi tudo
sozinho. Esse permanente exercício tem me
conduzido à leitura de diferentes livros como As Cinco
Linguagens do Amor, de Gary Chapman; Love Busters,
de Willard Harley Jr.; Window on Love, do Dr. Lasse
Hassel; O Ato Conjugal, de Tim e Beverly LaHaye;
Comunicação, a Chave para os Relacionamentos, de H.
Norman Wright; Becoming One, de Don Meredith;
entre muitos outros. Esses autores são os gigantes
sobre os quais tenho me apoiado para ver mais longe.
Além da leitura, também tenho frequentado
seminários e falado com conselheiros, psicólogos e
terapeutas familiares. Na busca de ser o melhor
marido possível e também de poder ajudar outros,
entrevistei sexólogos e ginecologistas e conversei com
casais cujos casamentos são exemplares, tais como
Dave e Joyce Meyer; Larry e Melanie Stockstill; e
Hugh e Joanne Murdoch. Também tenho recebido
palavras claras e orientações do Senhor, as quais
ministro em inúmeras palestras sobre esse assunto em
diversas igrejas. Ao longo dos anos de minha vida
conjugal, reuni pequenos e graves erros; pequenas e
grandes vitórias; por isso meu relacionamento serve
de ferramenta para o exercício deste ministério tão
importante para jovens solteiros e novos casais.
Minha oração é que este livro seja uma janela que se
abre para compartilhar — com todos aqueles que
desejam se casar — a experiência que tem tornado a
vida amorosa com minha esposa a mais frutífera,
agradável e motivadora possível.
Este livro é para você que sentiu o chamado de um
dia se casar (sim, porque existem pessoas que não
foram chamadas para casar! Vamos falar disso mais à
frente), que deseja ter uma família e compartilhar sua
vida com alguém — apesar de todos os relatos
negativos que possa já ter ouvido. É para você que
acredita nas promessas de Deus e prefere dar ouvidos
aos casais que testemunham a bênção de estarem
juntos. Neste livro você vai descobrir o que fazer (e
também o que não fazer) para que seu namoro possa
construir o alicerce de uma união que concretize o
destino que Deus traçou para sua vida.
Se você realmente confia em Deus de todo o seu
coração, no íntimo do seu ser sabe que tudo aquilo
que Deus criou é bom — e o casamento é uma ideia
original de Deus! Infelizmente, muitas pessoas
iniciam a vida a dois com motivações erradas: não
querem ficar sozinhas de jeito nenhum; todas as
amigas já se casaram; querem ter filhos; gostariam de
ter uma vida melhor e veem no outro a ponte para
uma situação mais confortável; simplesmente querem
ser felizes; entre tantas outras. Todas essas escolhas
erradas trazem como consequência casamentos
fracassados, lares destruídos e falta de esperança. Mas
lembre: tudo o que Deus faz é bom, e quando uma
união é construída sobre decisões corretas e a
motivação certa, ela será um verdadeiro pedaço do
céu.
Hoje, por intermédio deste livro, convido você a
iniciar seu aprendizado em cima dos meus ombros,
como eu também fiz no passado, a caminho da sua
própria jornada de amor.
Capítulo 1

Caso ou não Caso?


Meu Deus, o que faço?

V ivemos em um mundo de conflitos em todas as


áreas, e os assuntos do coração não fogem a essa
regra. Infelizmente, os mesmos desequilíbrios que
caracterizam a vida sentimental no mundo secular são
vistos dentro de nossas igrejas. Pior ainda, às vezes a
“cultura evangélica” pressiona os jovens a viverem e
agirem de determinada maneira, mas essa cultura
nada tem a ver com a Bíblia ou com Jesus. Como
pastor de uma igreja muito jovem, tenho tido
oportunidades maravilhosas de assistir a lindos
namoros se tornarem casamentos com propósitos
divinos. Entretanto, também vi, com tristeza, casais
de namorados destruírem a própria vida por falta de
orientação ou por não seguirem as recomendações
recebidas. Foi por isso que decidi escrever este livro.
Depois de ver tantos jovens frustrados por terem
feito a escolha errada em relação a seus casamentos,
comecei a anotar minhas reflexões e experiências.
Minha intenção é de ajudar os jovens que desejam se
casar a terem um casamento feliz e desfrutarem as
bênçãos de estarem unidos pelo matrimônio, pois
tudo isso é possível para Deus. Tenho uma palavra
também para aqueles que não querem ou não
pretendem se casar e, por vezes, sentem-se “estranhos
no ninho”, já que fazem parte de uma sociedade que
impõe que os jovens se casem ou tenham uma vida
sexualmente ativa, sem dar-lhes outra opção (mas será
que existe outra opção?). Convido você a refletir
comigo sobre as orientações que Deus nos deixou a
respeito de cada um desses aspectos, a fim de que
sejamos completos naquilo que é propósito Dele para
cada um de nós.
Casar ou não casar? Será que fui chamado
para ser solteiro?

Chamado para ser solteiro? Sim! Talvez você conheça


alguém assim. A Bíblia se refere a pessoas assim de
várias formas: “virgens”, “eunucos”, ou pessoas que
optaram por viver o celibato. Agora, por favor, não
fique escandalizado com a linguagem que estou
utilizando aqui! Não quero escandalizar você, mas
quero falar francamente sobre esses assuntos. Afinal,
suas dúvidas estão aí, pedindo para serem
respondidas. Vou tentar fazer isso sem rodeios! J
Para o propósito desta nossa conversa, eunuco é uma
pessoa que não deseja ansiosamente se casar, como a
maioria de nós. É alguém que não está “roendo os
cantos das paredes”, “subindo pelas paredes” nem
“matando cachorro a grito”. Puxa, existe alguém que
não está assim? Sim, existe. E não significa que o
garoto “não gosta da fruta” ou foi “castrado”, ou que a
menina “calça tamanho 44 bico largo” — nada disso.
Aqui, eunuco é simplesmente alguém que recebeu
um presente especial. Não tem nada a ver com ser
homossexual, combinado?
De acordo com o dicionário, celibato é “estado de
quem não se casou por opção, estado de pessoa
solteira, sexualmente abstinente”. Para eunuco, a
definição é “homem castrado que servia de guarda
das mulheres do seu dono”. De acordo com a Bíblia,
um homem poderia ser eunuco por meio de castração
ou por mera opção, caso não desejasse se casar. Estas
são algumas das palavras de Jesus em Mateus 19:
“Nem todos têm condições de aceitar esta palavra;
somente aqueles a quem isso é dado. Alguns são
eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos
assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos
por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso,
aceite” (vv. 11,12, grifo meu). Jesus falava sobre
divórcio e novo casamento, orientando que se
mantivessem abstinentes os que se divorciassem. Por
outro lado, reconhecia que ser eunuco (que nós
estamos considerando aqui como o mesmo que optar
por não se casar) é um chamado apenas para aqueles
que podem aceitar essa condição de vida. Como assim?
Quer dizer que nem todos vamos nos casar?
A princípio, parece inconcebível que alguém possa
viver dessa forma, já que para a maioria o sexo é algo
que não sai da cabeça, principalmente se você é
homem! Vamos analisar esse quadro por um instante.
Existem dois tipos de homem. O primeiro tipo (em
que eu me enquadro!) pensa constantemente, ou pelo
menos muito, em sexo. Por quê? Bem, certamente a
sociedade exerce uma influência por sexualizar todas
as coisas por meio da televisão, dos filmes, das
novelas, dos outdoors. Porém, não acredito que essa
seja a principal razão. Eu acho que Deus fez a maioria
dos homens já predispostos a estarem altamente
interessados em sexo. É importante ressaltar que
embora Deus tenha criado os homens dessa maneira,
não os criou para desperdiçarem toda essa paixão com
várias mulheres ou fora de um relacionamento de
aliança, que é o casamento. Também é importante
dizer que você, homem, não foi criado para utilizar
essa paixão em fantasias ou na internet. Essa paixão
foi dada para que você pudesse derramar tudo isso em
um relacionamento de aliança com a maravilhosa
esposa que estará ao seu lado na vida.
O segundo tipo de homem é aquele que entende o
que é o sexo, pode até dizer que gosta da ideia, porém
não é consumido por pensamentos sexuais como a
maioria. Novamente, não estou falando de homens
com tendências ao homossexualismo — é importante
não fazer essa confusão. Esse homem apenas não é
consumido pela ideia do sexo, mas têm outras
preocupações ou atividades que ocupam mais o seu
pensamento. Aproveite que você está lendo este livro
para analisar honestamente qual tipo de homem você
é, sem medo ou vergonha. Essa análise é importante
para que você se conheça e defina suas prioridades na
vida.
Quando eu morava nos Estados Unidos como
universitário, tinha um grande amigo cujo coração
era completamente voltado para o Senhor. Tudo o que
ele mais desejava era fazer a vontade de Deus, mas
havia uma enorme batalha em seu interior. Meu
amigo era completamente consumido pela
concupiscência, pela lascívia e pela pornografia. Certa
vez ele estava lendo a passagem de Mateus 5:29-30, na
qual Jesus nos orienta a cortar fora tudo aquilo que
nos faz pecar. Já posso imaginar muitos homens tendo
calafrios diante da ideia do “cortar fora”, mas não foi o
que aconteceu com meu amigo. Ele teve uma
interpretação bastante literal do trecho e de imediato
dirigiu-se ao médico que atendia na universidade e
pediu que lhe castrasse, uma vez que estava
completamente convencido de que Deus o chamava
para ser solteiro para o resto da vida. “Pode cortar
doutor”, disse meu amigo ao médico assustado.
Cortar? Você está ficando louco?
Hoje pode parecer engraçado, mas meu amigo
estava decidido a seguir em frente e aplicar em sua
vida aquela interpretação radical da Palavra de Deus.
Graças a Deus por aquele médico ser um homem
equilibrado! Ele não castrou meu amigo, mas
orientou-o a procurar um psicólogo e conseguir ajuda
para suas dúvidas e seus conflitos. Hoje ele é
missionário no Oriente Médio, onde vive com sua
esposa e seus filhos em uma vida matrimonial rica e
feliz. (E com tudo no devido lugar!)
O que aconteceu, afinal? Deus mudou de ideia ou
meu amigo entendeu errado aquele chamado? Em
primeiro lugar, deixe-me ser bastante claro sobre essa
questão. Algumas pessoas realmente têm um
chamado para não se casarem, como o apóstolo Paulo,
por exemplo. Há grande especulação entre teólogos
sobre a situação exata do apóstolo, porém uma coisa é
clara: ele se absteve do casamento e da vida sexual para
servir integralmente aos propósitos do Reino de Deus.
Casos assim são raros em nossos dias, mas não tão
raros. O problema é que a nossa sociedade não aceita a
“solteirice” como opção de vida, exceto nos casos de
vocação católica, como com freiras ou padres. A
cultura da Igreja promove o casamento a qualquer
custo, sem opção. “É melhor se casar logo”, “Essa é a
mulher para você”, “Ih, olha esse varão, é a sua
bênção!”. A igreja coloca pressão para todos se
casarem. Essa pressão exagerada é antibíblica, pois
temos muitos exemplos e passagens bíblicas que
certificam que nem todos os seres humanos têm o
chamado para se casar.
Muitas pessoas que têm esse chamado para não se
casarem têm sido vítimas de grande preconceito na
igreja e fora dela, o que os deixa confusos sobre sua
opção. Muitas vezes isso os leva a crer que, já que não
se interessam por pessoas do sexo oposto, são
homossexuais. A falta de diálogo e esclarecimento em
nosso meio sobre a possibilidade de uma pessoa
realmente “não ter sido feita para se casar”, acaba
levando muitos jovens a acreditarem nessa mentira de
que são homossexuais, sendo que muitos passam a
vivê-la na prática porque foram convencidos pela
sociedade, ou pior, pela própria igreja. Embora
concorde que o homossexualismo é uma perversão
sexual conduzida por um espírito de mentira, posso
observar que ela sempre encontra brechas por onde
entrar e se mantém na vida de uma pessoa, e esse
entendimento incorreto sobre a falta de inclinação
para o casamento é uma delas.
É possível que, por exemplo, o homossexualismo
tenha começado a exercer influência sobre alguém
porque uma pessoa chamada a permanecer solteira
não se enquadrava na sociedade nem na igreja. Estava
tudo bem até que pessoas na igreja começassem a
comentar: Por que você não namora? Por que você não
casa? Você não está interessado em mulheres? Com
esse “ti-ti-ti” todo, o “cara” começa a se questionar:
Realmente sou estranho! Realmente deve ter algo de
errado! Será que sou gay? É nesse momento que as
mentiras do inimigo começam a tomar conta da
mente da pessoa de forma progressiva: as mentiras
dão vazão a fantasias, e as fantasias sempre acabam
encontrando uma oportunidade de se concretizarem,
e quando a oportunidade amadurece, gera uma prisão
emocional e espiritual.
Espero que nossos líderes e pastores possam
despertar para a necessidade de discutir com os jovens
sobre esses temas ainda tão obscuros e que deixam
tantas dúvidas em sua mente. Nossa maior
contribuição é a informação e o esclarecimento com
base na Palavra de Deus, o que os deixará seguros para
tomarem a decisão correta sobre seus sentimentos e
desejos.
Na verdade, o médico que aconselhou meu amigo a
procurar um psicólogo estava absolutamente certo.
Pensamentos como os que ele tinha são o embrião de
uma perversão sexual que poderá eclodir no futuro,
como vemos na vida de muitos padres e freiras, por
isso é fundamental tratar tais pensamentos da forma
correta. Queridos, Deus quer que fujamos do pecado,
mas não do nosso chamado. Creio que pessoas que
sentem fortes desejos sexuais foram chamadas para se
casar, não para ficarem sozinhas! Nesse caso, escolher
o caminho do casamento será uma solução para a
dificuldade de lidar com seus desejos da forma
correta.
Existem dois extremos. Existem aquelas pessoas que
têm o desejo de se casar, mas vivem confusas porque
também desejam servir a Deus em santidade e lutam
contra os desejos da carne, e que acabam escolhendo
não casar para viver para Deus, mesmo que não
tenham sido chamadas para isso. E existem aquelas
que não são tentadas pelos desejos carnais, pois
possuem em si o chamado para serem solteiras, mas
são pressionadas pela sociedade a se cassarem e
acabam cedendo a essa pressão. O que fazer?
Diferentes tipos de chamados

Tenho visto pessoas sofrendo uma grande frustração


por não saberem quem são em Cristo. Por isso, meu
objetivo é ajudar você a desfrutar sua juventude com
alegria, livre de qualquer pressão ou frustração.
Gostaria também que todos nós conhecêssemos essa
realidade para saber lidar com ela, principalmente em
nossas igrejas. Se você é líder, pastor ou conselheiro, e
tem certeza do seu chamado, por favor, ajude os
jovens ao seu redor a serem livres para viver o
chamado que Deus tem para cada um de forma plena
e segura.
Pessoalmente, classifico as pessoas em dois tipos
diferentes de acordo com seus chamados:
1. O primeiro e mais comum é o tipo de pessoa que é
chamada para se casar. Eu me enquadro nesse
tipo de pessoa, juntamente com cerca de 90 a 95%
da população.
Riscos: Muitas vezes esses indivíduos enfrentam
dificuldades no início de sua vida romântica. Falta
garra para se arriscar em um relacionamento
amoroso; há uma devoção tão grande à obra de
Deus que se sentem culpados por desejar namorar;
acham-se feios e sem chances; ter vivenciado uma
grande frustração amorosa. Todos esses são fatores
que podem levar uma pessoa a pensar que é
chamada para ser solteira, e até começar a falar a
respeito com os outros. Quem de nós já não ouviu
um amigo ou amiga dizer: “Nunca vou me casar”;
“Posso ficar toda a minha vida sozinha, não vejo
problema nisso”. Muitas vezes ouvimos frases
como essas de pessoas que foram feridas em seus
sentimentos. Conheço uma jovem que havia
sofrido em sua vida amorosa e, por isso, passou a
dizer que seria missionária e que permaneceria
solteira para “melhor servir ao Senhor”. Quando
conheceu o jovem que seria seu esposo,
compartilhou esse desejo com ele. O rapaz, que
tinha certeza de seu desejo de se casar, disse a ela:
“Missionária solteira? Eu “to” fora! Meu negócio é
casar!”. Alguns meses depois, a jovem “missionária
solteira” descobriu que amava aquele jovem e que
poderia servir ao Senhor juntamente com ele.
Hoje eles são casados e felizes, e servem ao Senhor
como uma linda família.
Eu era assim também. Tinha medo de me arriscar
romanticamente (e devo dizer que isso me ajudou
a manter uma vida relativamente santa na área
sexual). Além disso, sentia um desejo tão grande
de fazer algo tremendo para Deus que até me
sacrificaria a ponto de abraçar a vida de solteiro e
concentrar-me exclusivamente na obra do Senhor.
O problema é que o celibato não é um dom que
você oferece a Deus; ao contrário, é um dom que
Deus dá a alguns.
Jesus respondeu: “Nem todos têm condições de
aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é
dado. Alguns são eunucos porque nasceram assim;
outros foram feitos assim pelos homens; outros
ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos
céus. Quem puder aceitar isso, aceite”.
— Mateus 19:11,12 (ênfase minha)
“Gostaria que todos os homens fossem como eu;
mas cada um tem o seu próprio dom da parte de
Deus; um de um modo, outro de outro”.
— 1 Coríntios 7:7 (ênfase minha)
Observe que em ambas as passagens o dom de
permanecer solteiro vem da parte de Deus para
alguns, não é algo que se dá como oferta. É um
tremendo erro tentar dar a Deus algo que Ele
nunca quis que lhe déssemos. Alguns segmentos
do Cristianismo, como o catolicismo, estabelecem
que todos os ministros devem viver uma vida de
celibato. Infelizmente, a história tem provado que
esse ensino é desastroso — há inúmeros exemplos
de pessoas que talvez tenham um chamado para o
ministério, porém nunca receberam o chamado de
permanecerem solteiros da parte de Deus e, por
não conseguirem suportar esse fardo, mantêm
relacionamentos escondidos. Essas pessoas levam
uma vida sexualmente reprimida e enfrentam um
nível de tentação tão excessivo que ocasionalmente
ouvimos até mesmo sobre casos de abuso sexual,
estupro e pedofilia.
Conselhos: Para alguém que é chamado a se casar,
eu digo: Case-se! Aceite o fato de que se você tem
desejos sexuais ou românticos, então não é
chamado para permanecer solteiro. Reconheça que
isso é um dom que se recebe, e não um dom que
se dá a Deus. Quando chegar o momento certo
(falaremos sobre isso nos próximos capítulos), não
tenha medo, e inicie um relacionamento
romântico que o levará ao casamento —
lembrando que o sexo e as atividades sexuais são
abençoados dentro do casamento, mas
amaldiçoados fora dele. Portanto, case-se, e então
desfrute uma vida abençoada.
2. O segundo tipo de pessoa é aquela que tem um
chamado para permanecer solteira. Essas talvez
representem 5 a 10% da população. São pessoas
que receberam um dom de Deus e não têm aquele
desejo profundo de viver um romance, nem são
invadidas por um impulso sexual que tenta
dominá-las de vez em quando, ou todo o tempo!
Elas não lutam contra desejos sexuais, assim como
os outros 90% da população! Quando estava me
preparando para escrever este livro, conversei com
meu pastor auxiliar na igreja e perguntei a ele se
quando era jovem e enfrentava tentações na área
sexual, ele teve a oportunidade de confessar tais
sentimentos para alguém — um pastor, um
diácono ou até mesmo um amigo cristão — e essa
pessoa não conseguiu entender a luta que ele
enfrentava, ou até mesmo desprezou aquela
dificuldade. Ele me respondeu que sim. Isso
acontece porque as pessoas que são chamadas para
permanecerem solteiras não entendem a
intensidade dos desejos sexuais que tentam
dominar as pessoas, principalmente os homens. Se
você é homem, sabe exatamente do que estou
falando! Certa vez vi uma ilustração sobre a
diferença entre o lugar do coração no homem e na
mulher. Na mulher, o coração aparecia no lado
esquerdo do peito, e no homem... bem, o coração
era mais embaixo! Lembro que, um dia, minha
mãe pediu que meu pai falasse comigo sobre sexo.
Ele, que obviamente não queria muito falar sobre
esse assunto, perguntou-me de uma só vez:
“Philip, você já quis agarrar uma mulher, tirar suas
roupas e levá-la para a cama?”. Minha mãe e eu
ficamos chocados com a pergunta e embaraçados
com a situação! Após um minuto de pesado
silêncio, respondi: “Não”. (Eu menti, é claro!)
Se você foi chamado para o casamento, e é
homem, você me entende perfeitamente! Mas
alguém com o dom de permanecer solteiro não
consegue entender como o outro pode ter esses
sentimentos; ele não entende a luta que
enfrentamos para resistir à tentação.
Riscos: Infelizmente, nossa sociedade não entende
ou aceita esse dom. Aos seus olhos, não se casar é
um voto que apenas padres e freiras fazem. Mas
até o clero católico sabe os problemas que podem
ser gerados quando alguém que não tem esse
chamado é forçado a seguir uma vida que não foi
chamado a viver, e então têm início os escândalos
que vemos.
Precisamos reconhecer a inclinação a permanecer
solteiro como um verdadeiro dom de Deus,
concedido a cerca de 5 a 10%, entre homens e
mulheres. O grande problema é quando nós,
evangélicos, não o reconhecemos, deixando que
aqueles que têm esse chamado fiquem à margem
de toda sorte de preconceitos, confusos e sem
direção. Outro dia ouvi alguém na igreja dizer: “O
fulano de tal nunca namorou e já tem quase 26
anos. Será que ele é gay?”. Essa é a mentalidade da
igreja! E esse modo de pensar tem confundido
muitas pessoas com esse dom. Eles se sentem tão
pressionados que acabam se casando com um
amigo ou uma amiga e vivendo uma união
matrimonial infrutífera e infeliz. O cônjuge que
tem esse tipo de chamado nunca consegue
satisfazer seu companheiro ou companheira, e
acaba se sentindo incapaz ou insuficiente. Por
outro lado, a parte que não tem o dom se vê presa
em um casamento que aparentemente nunca a
satisfará.
Conselhos: Se você é solteiro e nunca sentiu um
forte desejo sexual ou uma intensa emoção
romântica, não se sinta pressionado a casar.
Certifique-se de que você realmente deseja ou não
isso, pois o casamento não pode ser uma
obrigação, e sim uma opção. Espere, pois é
possível que você tenha o dom de permanecer
solteiro. Se você já está casado, mas não sente
desejos sexuais, peça perdão ao Senhor por ter
desprezado o dom que Ele lhe deu e peça a Ele
que o remova de sua vida para que você possa
satisfazer seu cônjuge.

Se você parar para pensar, talvez possa dizer que


conhece alguém com esse chamado. Eles se destacam
principalmente dentro da igreja, onde o casamento é
quase uma obrigação. Existem programas para casais,
cursos de namorados, cursos de noivos, festas do
“desencalhe”. Todo mundo quer desencalhar os
“solteirões”, chegando a lamentar por eles: “Coitado
do fulano. Não arruma ninguém”, “E fulaninha?
Essa, coitada, vai ficar para a titia!”. Mas ninguém
pensa na possibilidade de que essas pessoas talvez
tenham sido chamadas para permanecerem solteiras.
A igreja, mais do que a sociedade, deveria considerar
essa possibilidade e ajudar essas pessoas a
encontrarem seu lugar no plano de Deus!
Não é o caso de muitos, nem da maioria, mas deve
ser considerado a fim de que possamos ajudar as
pessoas a se conhecerem, e não ficarem confusas,
como aconteceu com meu amigo. Ele não tinha esse
chamado. Ele buscava simplesmente um alívio sobre
aquelas tentações e acreditou que a decisão radical de
se castrar iria solucionar a tortura constante que
enfrentava. Infelizmente, muitas pessoas na mesma
situação desse meu amigo tomam decisões radicais ou
desastrosas em razão de lutarem para viver em
santidade e se sentirem sempre derrotadas nessa área.
Elas têm tanta dificuldade em superar seus desejos
carnais que se escondem atrás de soluções fáceis.
“Se eu virar freira, tudo vai ser resolvido.”
“Se eu me castrar, meus problemas vão acabar.”
“Se eu virar padre, não terei mais de lutar contra
esses desejos.”
“Se eu não me casar, vou estar livre para sempre.”
Conheça seu chamado para não ser enganado

Em minha experiência com aconselhamento, já vi


vários jovens convencidos de que haviam sido
chamados para viverem como o apóstolo Paulo.
Entretanto, ao conversar com eles um pouco mais,
não conseguia me certificar de que realmente
tivessem esse chamado para permanecerem solteiros.
Ao observá-los durante os anos seguintes, pude vê-los
se casarem e viverem uma vida feliz e completa em
seu relacionamento conjugal. Precisamos entender
que a capacidade de permanecer solteiro é um
presente que Deus dá, e não um presente que alguém
pode dar a Deus, como um “sacrifício”.
Ao mesmo tempo, vi vários adultos de meia-idade
que demonstravam total desinteresse por seus
casamentos. A falta de paixão por seus cônjuges não
indicava, porém, problemas no relacionamento, mas
sim indiferença diante de qualquer relacionamento
romântico. Ainda que a maioria de nós, que “amamos
amar” nossos cônjuges, não possamos compreender
como isso funciona, essas pessoas parecem ter outros
interesses e não precisar do romance ou do
relacionamento sexual para completar sua vida. Isso
acontece ao nosso redor, dentro de nossas igrejas,
embora ignoremos o assunto. Portanto, precisamos
parar e refletir sobre como devemos lidar com essas
particularidades dentro do contexto cristão,
aprendendo a respeitar o chamado de cada um.
A maioria de nós tem certeza absoluta sobre o desejo
de se unir a alguém, de viver juntinho de uma pessoa
que irá ser sua amiga e companheira para o resto da
vida. Uma pequena parcela, entretanto, tem dúvidas a
esse respeito ou não está absolutamente certa sobre o
chamado de Deus para sua vida: casar ou ficar
solteiro? Precisamos encarar essa possibilidade, até
para lidarmos da forma correta com pessoas que
possam ter esse chamado dentro de seu grupo de
amigos ou em sua igreja.
Minha intenção ao falar sobre um assunto tão
evitado é ajudar aquele que ainda se sente inseguro
sobre o chamado de Deus para a sua vida. Minha
intenção é ajudá-lo, em primeiro lugar, a conhecer a
diversidade de chamados, como identificá-los, como
lidar com seu chamado e, acima de tudo, incentivá-lo
a descobrir a vontade de Deus para a sua vida, pois é
somente a partir dessa revelação que você poderá
usufruir uma vida plena — seja qual for o seu
chamado.
Homossexualismo

Quando ignoramos a existência desses dois chamados


e seguimos a ordem social ou cultural da igreja de que
todo homem e toda mulher deve buscar o casamento,
ignorando a vontade específica de Deus para nossa
vida, muitos problemas podem acontecer. O jovem
inclinado a não se casar que não entende seu
chamado e muito menos encontra apoio para exercê-
lo pode ser confundido com alguém com tendências
homossexuais, simplesmente por não ter interesse no
casamento.
É claro que existem diversos outros fatores que
conduzem uma pessoa ao homossexualismo — não é
meu objetivo discutir sobre isso neste livro —, mas é
fundamental que a igreja, e cada um de nós como
cristãos, conheçamos essa realidade. Talvez muitos de
nós já tenhamos fortalecido o comportamento
homossexual em alguém ao não compreender seu
chamado a ser solteiro. O rapaz que não entende o
fato de não possuir a mesma dificuldade para
controlar impulsos e desejos sexuais como a maioria
dos jovens pode “imaginar-se” homossexual e ter sua
opinião fortalecida pelos comentários das pessoas ao
redor. A confusão e a falta de esclarecimento podem
ser uma grande ciliada do inimigo, levando muitos
jovens a buscarem uma resposta no homossexualismo.
Devemos constantemente nos lembrar das palavras de
Jesus em Mateus 19:11,12.
Para não viver uma vida de frustração, o mais
importante é entender o que Paulo diz em 1 Coríntios
7:7: “Gostaria que todos os homens fossem como eu;
mas cada um tem o seu próprio dom da parte de
Deus; um de um modo, outro de outro”. Cada um de
nós tem seu dom e chamado; a cada um de nós é
dada uma forma de viver. Quando não entendemos
esse princípio, corremos um grande risco. Precisamos
ter a certeza de quem somos em Cristo para não
sermos influenciados pela cultura evangélica, que
exige o casamento para todos; nem pela cultura do
mundo, que diz que se você não gosta de pessoas do
sexo oposto, então deve ser gay. Existem pessoas que
levam uma vida infeliz porque estão fora da vontade
de Deus. Na realidade, um dos maiores problemas no
interior de nossas igrejas são as piadinhas sobre
tendências homossexuais de um lado — que não
confrontam o problema —, e do outro, a
supervalorização do casamento precoce. Alguns dos
que têm o dom de permanecer solteiros têm ficado
desiludidos com a igreja e procurado aceitação fora
dela, chegando até a experimentar o
homossexualismo, ou sofrem uma tremenda pressão
para se casarem.
A razão de existir esse dom é uma só: maior
disponibilidade para Deus e o seu Reino, conforme
vemos em Mateus 19:12. Como já disse, um cristão
pode não querer se casar por motivos de ordem social,
física ou psicológica. Mas aquele que é chamado fará
isso com pleno prazer, não se sentirá oprimido pela
ausência de um cônjuge, mas utilizará sua vida
completamente a serviço de Deus. Então os casados
deveriam se sentir “menos consagrados” por não
serem chamados a permanecerem solteiros? É claro
que não! Como tenho falado desde o início, Deus fez
cada um de nós com um propósito específico, com
um chamado especial. Nós seremos totalmente
consagrados a Ele somente quando vivermos esse
propósito. Se ele nos chamou para o casamento,
iremos glorificar o Seu nome como casal. Se Ele nos
chamou a ficarmos solteiros, é porque há uma razão
específica para isso, que também glorificará o Seu
nome. Deus não está, nem nunca esteve, interessado
em nos ver fazer “sacrifícios” para Ele, como, por
exemplo, viver lutando contra desejos sexuais. Ele
quer que sejamos plenos naquilo para o qual nos criou
— que obedeçamos ao chamado que reservou para a
nossa vida: “A obediência é melhor do que o sacrifício”
(1 Samuel 15:22, ênfase minha). Não é a ausência do
ato sexual que torna a pessoa mais consagrada, mas
uma vida desligada das coisas deste mundo, voltada
somente para Deus e Seu Reino.
Como já disse, creio que apenas 5 a 10% da
população evangélica tem o dom de permanecer
solteira, por isso é provável que você não seja chamado
para viver nessa condição. Porém, se você não se sente
à vontade para se casar, certamente deve resistir às
pressões culturais. O casamento nunca deve ser o
caminho, a não ser que você deseje com paixão o seu
futuro cônjuge. Se entrar no casamento porque foi
convencido de que seria o melhor, então você irá
amargar uma vida infeliz. Em contrapartida, se você
percebe que tem tendências homossexuais por ter sido
exposto a abusos, por acreditar que nasceu dessa
forma ou porque desenvolveu essas tendências no
decorrer de sua vida, saiba que Deus deseja lhe dar
um novo coração. A realidade é que sem Cristo todos
nós temos um coração perverso. A Bíblia nos ensina
que homossexualidade é pecado, e que adultério e
fornicação também o são. Jesus até disse que o
adultério ainda é adultério mesmo que seja somente
no seu coração. Por isso, a resposta para todos nós é:
precisamos de um novo coração. Ore a Deus e
peça a Ele que transforme seus desejos a fim de
moldá-los à Sua vontade, e, acima de tudo, nunca
desista de caminhar com o Senhor em busca da
santidade.
Não ceda à pressão!

Se você se sente inclinado a permanecer solteiro, mas


os desejos sexuais ainda fazem parte de sua natureza,
não tome nenhuma decisão radical nesse sentido.
Não mutile seu corpo, não busque soluções
alternativas, e também não se case ou namore — não
ceda à pressão de “ter de” namorar porque todos os
seus amigos estão namorando. É uma pena que não
tenhamos muitos exemplos atuais no mundo
evangélico, talvez justamente pela ausência de debates
sobre o tema, mas isso não significa que eles não
existam.
Espere em Deus, busque conselhos com líderes
idôneos a quem você respeita e procure, acima de
tudo, esclarecer todas as suas dúvidas. Não tenha
pressa de tomar uma decisão, e esteja certo de que
Deus se encarregará de conduzi-lo ao propósito ao
qual Ele mesmo o destinou.
E para você que luta com fortes desejos sexuais,
como a maioria de nós, quero ajudá-lo a se casar
corretamente, no tempo oportuno e com seus apetites
sob controle.

l
Capítulo 2

Então, o que é
o casamento?

S erá que o casamento é a resposta para os seus


desejos sexuais? Não, não e não! O casamento
não foi feito com esse propósito. É verdade que no
casamento nossos desejos sexuais podem e devem ser
satisfeitos, mas ele é muito mais que isso. Na
realidade, o casamento foi estabelecido antes que o
sexo surgisse.

Em Gênesis 2:18, Deus diz:


Não é bom que o homem esteja só; farei para ele
alguém que lhe auxilie e lhe corresponda.

Acho que é tão importante explorar o que Deus não


disse quanto aquilo que ele disse. Deus não disse: “Não
é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém
que satisfaça os seus desejos sexuais.” Nem algo como:
“Não é bom que o homem esteja só; farei para ele
alguém que lhe faça sentir-se melhor.”
Deus não deu Eva a Adão porque o homem que
criara não conseguia se controlar. Deus deu-lhe Eva
porque percebeu que, como todo ser humano, Adão
precisaria trabalhar em equipe para cumprir os seus
objetivos. Eva não foi projetada para ser um substituto
da masturbação! Assim como toda esposa, Eva foi
projetada para ser uma auxiliadora idônea, ou seja, o
membro número um na equipe.
Idôneo significa “próprio para alguma coisa;
conveniente, adequado; que tem condições para
desempenhar certos cargos ou realizar certas obras”.
Eva veio fazer parte de uma equipe com Adão, para
auxiliá-lo de forma adequada em coisas que ele nunca
poderia fazer sozinho! Da mesma forma que Deus é
três, mas ao mesmo tempo é um, no casamento os
dois formam um único time.
O casamento foi estabelecido para nos ensinar a
sermos um, mesmo diante de tantas pressões
contrárias. A razão pela qual Satanás luta tanto contra
esse tipo de vínculo é que ele demonstra a
possibilidade real de que dois vivam como “um”,
justamente o que o diabo não conseguiu fazer. Satanás
não conseguiu viver em unidade no céu. Na
realidade, ele foi o autor da maior divisão do
universo, e ainda hoje trabalha para destruir tudo o
que exemplifica unidade, especialmente o casamento.
A aliança que você tem com seu cônjuge é a
demonstração aqui na terra da unidade sobrenatural
que acontece no céu. É o modelo do relacionamento
que Cristo deseja ter conosco, Sua Igreja.
E os dois se tornarão uma só carne.
— Gênesis 2:24
Por que o casamento é tão importante para
Deus?

Pois eu o escolhi, para que ordene aos seus filhos


e aos seus descendentes que se conservem no
caminho do Senhor, fazendo o que é justo e
direito, para que o Senhor faça vir a Abraão o que
lhe prometeu.
— Gênesis 18:19

Como dissemos anteriormente, o casamento é


importante para Deus porque é o modelo da união
entre Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Em outras
palavras, o casamento releva ao mundo a imagem e
semelhança do Senhor, e nos permite experimentar a
comunhão da Trindade, conforme vemos em Gênesis
1:26,27. Mas também há outros fatores. No ideal do
casamento revelam-se a aliança, a fidelidade e os
propósitos de Cristo para com sua noiva, a Igreja. Nós
recebemos o privilégio de ser um espelho desse amor
em nossos lares. Além disso, a vida a dois nos oferece
apoio, consolo e conforto em nível natural, assim
como um relacionamento com Cristo oferece o
mesmo no âmbito espiritual.
Principalmente para aqueles que têm origem em
uma família disfuncional, o casamento ainda dá a
oportunidade de formar uma nova família e criar
filhos em um ambiente saudável. Ao nos casarmos,
cada um de nós tem a oportunidade de seguir o bom
exemplo de nossos pais ou, se não for esse o caso,
educar nossos filhos a partir de padrões diferentes dos
que recebemos. E, é claro, não podemos deixar de
falar da bênção do sexo! Finalmente! Deus o reservou
para o casamento a fim de que esse seja um ato de
intimidade não apenas física, mas emocional e
espiritual. O sexo deve ser vivido como uma expressão
de verdadeiro amor, pureza e aliança. E também é
algo maravilhoso!
Entretanto, apesar de todas as bênçãos de Deus para
o casamento, o número de matrimônios infelizes
cresce a cada dia. Em nossa cultura, temos uma
estatística horrível que, se não consertada, seus
resultados levarão ao colapso da sociedade como nós a
conhecemos. Essa estatística indica que uma
porcentagem extraordinariamente alta dos casamentos
termina em fracasso. Mais alarmante ainda é constatar
que tais dados se repetem dentro da igreja. Nos
Estados Unidos, pesquisadores indicam que a
porcentagem de divórcios entre os que se denominam
evangélicos é igual ao da população geral. Uma
pesquisa do Instituto Gallup indicou que 10% dos
protestantes e 10% dos católicos são divorciados, e
que 26% dos protestantes e 23% dos católicos já
foram divorciados em algum momento. Mais de um
milhão de crianças nos Estados Unidos sofrem com o
divórcio de seus pais a cada ano, e mais de 50% das
que nascerão este ano experimentarão o divórcio de
seus pais antes de completarem dezoito anos.1 No
Brasil, a taxa de rompimentos legais em 2007 chegou
a 1,49 por mil (1,49 divórcios para cada mil
habitantes), um crescimento de 200% em relação a
1984, quando era de 0,46 por mil. Em números
absolutos, os divórcios passaram de 30.847, em 1984,
para 179.342 em 2007. Ainda segundo os técnicos do
IBGE, a elevação dessas taxas revela uma gradual
mudança de comportamento da sociedade brasileira,
que passou a aceitar o divórcio com maior
naturalidade e a acessar os serviços de justiça de modo
a formalizar as dissoluções. Somando separações e
divórcios, houve 231.329 uniões desfeitas em 2007,
uma para cada quatro casamentos (IBGE, 2007).
Talvez como consequência desta triste realidade,
vem crescendo entre nós a filosofia de encorajar
homens e mulheres a viverem juntos sem se casar, já
que, aos olhos da sociedade, a instituição do
casamento obviamente não funciona. Nos últimos
anos, inclusive, alguns levantamentos indicaram uma
aparente redução do número de divorciados, mas
analistas atribuem a queda nessas taxas ao crescimento
do número de casais que simplesmente decidem viver
juntos, desse modo distorcendo a estatística, já que
“ajuntados” não passam pelo divórcio quando se
separam. Em vista disso, seria lógico determinar que a
instituição do casamento não funciona e que talvez a
filosofia do “vamos viver juntos enquanto dá e partir
para outra quando não der mais” é a mais racional.
Esse raciocínio parece lógico e faz sentido, porém não
é o que Jesus diz!
Queridos, Jesus foi incisivo sobre esse assunto. Ele
disse:

Todo aquele que se divorcia de sua mulher, exceto


por imoralidade sexual, faz com que ela se torne
adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada
está cometendo adultério.
— Mateus 5:32
É importante dizer que há lindas pessoas divorciadas
que levam uma vida feliz e produtiva no Reino. Há
inclusive pastores, ministros e ministras que se
divorciaram e hoje exercem um papel importante e
produtivo no Reino de Deus. Também há pastores,
ministros e ministras que se divorciaram e se casaram
novamente e continuam ministrando e exercendo
ministérios poderosos dentro da igreja. É imperativo,
porém, afirmar claramente que “Deus odeia o
divórcio” (Malaquias 2:16). O divórcio e a separação
não agradam a Deus, porém há perdão e restituição
para aqueles que decidem seguir por esse caminho. E,
como sempre, o processo do perdão se inicia com o
arrependimento, não com a justificação do pecado.
Divórcio é pecado. Se você é divorciado, certifique-se
de que está totalmente arrependido e que sua vida
está mudada, senão os mesmos pecados poderão ser
cometidos novamente. Mas que pecados são esses?
Pecados na escolha do futuro marido ou da esposa,
pecado nos relacionamentos pré-casamento, pecados
durante o casamento. Lembre-se de que se você ainda
se sente injustiçado no seu divórcio, então não há
arrependimento. Não se case de novo até que essa
questão esteja resolvida por completo. Infelizmente, as
estatísticas não mentem: a tendência a ter problemas
nos próximos casamentos apenas aumenta.
Arranjando o casamento para não desarranjar
depois!

Na época de Jesus, os casamentos eram pré-arranjados


pelos pais dos noivos. Isso acontece até hoje em várias
culturas, na Índia e no Oriente Médio. Pode soar
estranho para nós, mas entre os indianos o costume é
que os casamentos sejam assim, “arranjados”, até os
dias de hoje. Da mesma forma, também soa estranho
para eles a ideia ocidental de deixar que nossos
“sentidos” escolham os nossos pares! Os indianos
fazem uma analogia entre o casamento e uma chaleira
com água: dizem que nós casamos quando a água está
fervendo e, no dia a dia, ela só faz esfriar! Eles se
unem com a água ainda fria e durante o casamento a
fazem ferver!
O procedimento na Índia para a escolha do cônjuge
acontece da seguinte forma: os pais da noiva e os pais
do noivo procuram um par para seus amados filhos,
privilegiando aqueles que vão cuidar bem deles. Deve
ser alguém de boa família, a fim de que seus filhos
sejam apoiados, e também que mostre ter
personalidade e boa aparência, que estejam de acordo
com os desejos de seu filho ou filha. Existem até
seções especiais nos jornais indianos — Classificados
Matrimoniais — nas quais os pais ou os próprios
pretendentes colocam anúncios com a intenção de
encontrar alguém com as características que
procuram. (Essa é uma prática muito comum na
Índia!) Quando encontram a pessoa, marcam um
jantar ou uma reunião para as duas famílias, a fim de
que os dois jovens possam se encontrar. Na ocasião, as
famílias se conhecem e também é providenciado um
tempo para que os pré-noivos possam conversar em
particular em outro cômodo. Após alguns minutos, os
dois voltam à presença de todos. No fim do jantar,
cada um retorna para sua casa com as próprias
famílias e juntos conversam sobre o futuro cônjuge.
Ao contrário do que podemos pensar, tanto o noivo
como a noiva têm pleno direito de opinar. Eles podem
dizer (e muitas vezes o fazem): “Não, papai, não,
mamãe, essa pessoa não é a que eu quero”. Caso isso
aconteça, por parte de qualquer dos noivos, os pais
comunicam à outra família e uma nova busca se inicia
até que os dois pré-noivos estejam satisfeitos com a
escolha de seus pais.
Finalmente, os pré-noivos só se casam se ambos
concordarem e desejarem o casamento. Se, porém,
um filho constantemente usa o poder do “veto” e diz
sempre “não” aos pais, talvez eles percam a motivação
de procurar um cônjuge que lhes agrade. Ao receber
repetidos “não” do filho depois de quatro ou cinco
tentativas, eles geralmente cansam de procurar.
Casamento Arranjado — Deus me livre ou Deus
me ajude?

Casamentos pré-arranjados da forma como descrevi


aqui têm mais de 90% de chance de permanecer
intactos. Ao mesmo tempo, também há nesses países
casamentos feitos fora desse sistema cultural — cerca
de 10% —, ou seja, que seguem nossos padrões
ocidentais. São os chamados “casamentos de amor”.
Um homem encontra uma mulher, eles se apaixonam
e se casam com ou sem a aprovação dos pais.
Estatisticamente, tais uniões têm uma chance de
fracasso similar às taxas de divórcio que encontramos
no Ocidente.
Afinal, o que eu penso sobre isso? Incrivelmente eu
creio que nossa cultura evangélica sobre o casamento
deveria ser muito mais parecida com a cultura dos
países onde os casamentos são previamente
arranjados. Eu sei, você deve estar pensando que sou
maluco. Alguns de vocês talvez estejam a ponto de
colocar o livro na estante e nunca mais lerem nem
uma palavra. Calma, querido leitor, leia por favor
mais um parágrafo para entender minha visão pessoal
sobre como deveria ser nossa filosofia enquanto
cristãos que vivem dentro de uma cultura como a que
temos hoje. Tenho certeza de que você não se
arrependerá!
Existe uma única pessoa para mim no mundo?

Nós temos um Pai celestial que nos ama


completamente. Ele nos conhece melhor que nós
mesmos. Conhece nossos desejos e nossas
necessidades, nosso corpo e nossas personalidades,
nossas fraquezas e limitações. Ele também conhece
todas as pessoas do planeta e é mais que capaz de
achar alguém compatível para nós. Entretanto, prefere
respeitar nossa escolha. Deus nunca irá nos forçar a
casar com alguém que nós não queremos. Ele coloca
no nosso caminho pessoas que escolhe, permite que
possamos conhecê-las em particular e decidamos se
queremos nos casar ou não com elas. Todos os que
Deus trouxer até nós poderão ser ótimos cônjuges. Se,
porém, constantemente recusamos a escolha (perfeita)
que Ele faz, talvez Deus pare de achar opções para nós
e nos deixe livres para escolher sozinhos. Por isso
vemos tantas pessoas entre 30 e 40 anos que
desesperadamente desejam se casar, mas não o fazem,
porque estão sempre dizendo não às pessoas que Deus
tem apresentado a elas.
Querido, se isso é o que acontece em sua vida e você
está em um círculo de insegurança em que rejeita e é
rejeitado, hoje é o dia de mudança para você. No
decorrer da leitura deste livro, sua mente será
renovada e sua alma transformada, pois o plano que o
inimigo traçou para você não irá se realizar. Se deseja
se casar, seu Pai celestial irá trazer a pessoa que Ele
escolheu e você dirá sim, mesmo que tenha de travar
uma guerra. Entretanto, isso não significa que há
uma única pessoa no mundo que o fará feliz a ponto
de nunca mais poder se casar se essa pessoa morrer!
Indiana Jones e a “Única Cruzada” — será que
existe mais de um par perfeito para mim?

Imagine, um único par perfeito seria trágico demais!


Você sairia como Indiana Jones em busca de sua
“única cruzada”, mas e se alguém tiver chegado
primeiro? E se alguma coisa acontecer e essa pessoa
morrer ainda jovem? Você viveria sozinho a vida toda,
pois sua única chance teria se perdido. Não acredito
que esse seja o plano de Deus para nós. Em outras
palavras, não existe uma pessoa exclusiva, entre os
bilhões de seres humanos, que seja a certa para você.
Existe, sim, uma categoria de pessoas com quem você
pode se casar, ser feliz e cumprir os propósitos de
Deus. A essa categoria chamamos “os escolhidos de
Deus” — todos aqueles que Deus trará à sua vida, e
não os que você buscar contra a vontade Dele.
É interessante constatar que, ao mesmo tempo em
que creio que alguém pode se casar e ser muito feliz
com qualquer uma das pessoas que Deus trouxer,
também creio particularmente que Renée, minha
esposa, é a única e perfeita parceira para mim. Como
posso acreditar em uma coisa para você que ainda não
se casou, e em outra coisa para mim, que já estou
casado? Bem, tenho uma explicação para isso! A
pessoa que você escolher para formar um lar não é o
único fator que fará com que seu casamento seja
perfeito. Outros fatores são a bênção de Deus sobre a
sua decisão de se casar e também as decisões do dia a
dia do seu casamento. Ou seja, no momento em que
você toma a decisão de casar com alguém
especificamente, Deus deixa de trazer outras pessoas e
colocá-las diante de você. (Na verdade, nesse
momento é Satanás quem começa a trazer pessoas
para fazê-lo desviar de uma escolha correta, ou até
mesmo levá-lo a trair seu cônjuge.) A pessoa com
quem você se casou torna-se, milagrosamente e pela
bênção de Deus, perfeita e única, ao lado de quem
você viverá o resto de seus dias.
Alguns indivíduos parecem abusar da liberdade que
Deus nos dá de conhecermos pessoas que Ele próprio
coloca em nosso caminho. Querem conhecer todas
antes de tomar qualquer decisão e, por conta disso,
estão constantemente namorando, aqui e ali,
divertindo-se, a princípio, mas sem construir
qualquer coisa de valor. Tal comportamento é
semelhante ao de homens como Sansão e Esaú, que
não souberam esperar e respeitar a escolha de seus
pais, mas saíram para procurar por conta própria. Essa
postura representa total descaso para com a orientação
dos pais, dos líderes e do próprio Deus.
Sansão encontrou Dalila, uma mulher que ele
achava que queria. Ao conhecê-la, manipulou e
pressionou seus pais até receber uma “permissão” para
ficar com ela, em vez de um apoio total. Todos nós
conhecemos o caso da traição de Dalila para com
Sansão, uma verdadeira tragédia romântica em que o
volúvel rapaz acabou perdendo tudo o que tinha:
coração, unção, visão, o chamado que recebera de
Deus; sua fama, sua glória e sua reputação, e, no fim,
até a própria vida.
Outro caso são os relacionamentos de Esaú, que
escolheu esposas contra a vontade dos pais e de Deus,
atraindo maldição para ele e para nações inteiras. Em
Gênesis 28:1-9, vemos Isaque instruindo Jacó a não se
casar com mulheres cananéias, demonstrando ser
completa e radicalmente contrário a essa ideia.

Esaú viu que Isaque havia abençoado a Jacó e o


havia mandado a Padã-Arã para escolher ali uma
mulher e que, ao abençoá-lo, dera-lhe a ordem de
não se casar com mulher cananéia. Também soube
que Jacó obedecera a seu pai e a sua mãe e fora
para Padã-Arã. Percebendo então Esaú que seu pai
Isaque não aprovava as mulheres cananéias, foi à
casa de Ismael e tomou a Maalate, irmã de
Nebaiote, filha de Ismael, filho de Abraão, além
das outras mulheres que já tinha.
— Gênesis 28:6-9

A recomendação certamente valia para os dois filhos,


Jacó e Esaú, pois havia sido dada por Deus a todo o
povo israelita: “Não se casem com pessoas de lá. Não
deem suas filhas aos filhos delas, nem tomem as filhas
delas para os seus filhos” (Deuteronômio 7:3).
Esaú sabia disso, mas desejou exatamente o que seu
pai não queria e o que contrariava os preceitos dados
pelo Senhor. O casamento de Esaú com duas
mulheres hititas, de outra nação, foi um problema
desde o início, pois a Bíblia diz que as duas noras
“amarguravam a vida de Isaque e de Rebeca” (Gênesis
26:25). Após se casar com essas mulheres, Esaú foi à
casa de Ismael, seu tio paterno, e tomou mais uma
esposa para si. Chamava-se Maalate e, embora fosse
neta de Abraão (Gênesis 28.1-9), sua origem era
egípcia, assim como a de Ismael, filho da serva egípcia
de Abraão, Hagar. Se hoje vivemos guerras e
terrorismo provocados por sentimentos de injustiça
que foram iniciados pela escolha matrimonial de
Esaú, contrária aos desejos de seu pai, imagine como
era a vida dentro desse relacionamento! Imagine os
conflitos e as guerras entre o casal e a família! Nossas
escolhas erradas podem não produzir hoje atos
terroristas ao redor do mundo, mas certamente há
muitos casamentos onde ocorre terrorismo
emocional, psicológico e até físico. Tudo começa com
nossas escolhas. Vamos escolher dentre as pessoas que
Deus apresenta diante de nós, ou não?!
Não vemos nada de tão trágico nos relacionamentos
fracassados de nossos dias, nenhuma implicação que
tenha atravessado gerações, mas se observarmos os
filhos desses casais certamente teremos uma noção de
algumas das terríveis consequências dessas decisões,
que chegam a incluir violência doméstica, abuso
sexual e até mesmo assassinatos. No outro extremo,
temos o casamento do próprio Isaque, pai de Esaú,
que havia lhe dado um exemplo de vida a ser seguido.
A união de Isaque e Rebeca foi precedida de muitos
cuidados e muita oração. Os noivos se juntaram certos
da direção de Deus e de acordo com a orientação de
Jacó, pai de Isaque (Gênesis 28:1). Mas Isaque não se
ligou a Rebeca apenas porque era a mulher indicada:
ele também a amou (Gênesis 24:67).
Queridos, o mecanismo escolhido por Deus para
que vocês encontrem seu cônjuge, sua alma gêmea,
seu parceiro na vida, seu amante e confidente, é
permitir que Ele arranje seu casamento. Deixe que
Deus faça a escolha. Ele é seu Pai celestial; conhece
você e conhece seu parceiro. Você não precisa sentir o
peso de procurar entre os três bilhões de seres
humanos do sexo oposto uma única pessoa idônea, ou
seja, aquela que se encaixará com perfeição no papel
de seu esposo ou esposa. Deus fará isso por você. Deus
será seu agente amoroso, sua agência de encontros e
seu Pai perfeito. Como sempre, tudo o que recebemos
de Deus recebemos pela fé.
Querido ou querida, no decorrer da leitura deste
livro você vai ser transformado e seu futuro será de
brilhantes histórias de paixão e redenção, porque a sua
escolha será a escolha Dele. Seu coração se encherá de
fé e confiança no Pai, que nos ama perfeitamente e
não nos dará uma pedra quando pedirmos pão, e
certamente não nos dará um louco quando pedirmos
um cônjuge.
Minha oração é para que você faça a escolha certa
em seu casamento, a fim de que ele não seja uma
guerra com ameaça constante de terrorismo
emocional e físico. Oro para que você aceite a direção
de Deus na escolha do seu cônjuge, afinal, Ele é o Seu
Pai maravilhoso e é o maior interessado na felicidade
de seu casamento.
Como meu casamento pré-arranjado
aconteceu

Eu nasci e cresci entre as cidades do Rio de Janeiro e


de São Paulo. Desde pequeno, meu pai me dizia que
eu iria ser engenheiro. Como meu sonho era ser
instrutor de mergulho, um dia lhe falei sobre a
possibilidade de pegar um empréstimo para abrir uma
loja de mergulho no Rio de Janeiro. Meu pai, homem
muito sábio na época e ainda nos dias de hoje,
aconselhou-me a fazer um curso de engenharia. Eu,
como filho obediente que era, fiz o vestibular pelo
menos duas vezes e finalmente passei. No primeiro
semestre do curso de engenharia, terminei com uma
média de 2,9 em todas as matérias. É vergonhoso, eu
sei. Tirei 9,0 em biologia, mas menos de 1,0 em
matérias como matemática. Com essa informação,
voltei ao meu pai para pedir aquele empréstimo.
Dessa vez, ele sugeriu que eu me inscrevesse para uma
vaga a uma bolsa de estudos universitária nos Estados
Unidos. Pensei que ele estivesse brincando. Como eu,
incompetente nos estudos, poderia ganhar uma bolsa
para estudar nos Estados Unidos, especialmente
considerando que havia somente dezoito vagas para o
Brasil todo? E lá fui eu de novo, como filho
obediente, fazer minha inscrição. Como em todos os
outros locais de inscrição no Brasil, lá também havia
uma fila; essa, porém, tinha vários quilômetros.
Depois de umas oito horas esperando, candidatei-me
a uma das vagas e, depois de fazer um teste, pensei:
“Finalmente agora meu pai vai me conceder o
empréstimo”. Esperei com ansiedade pelos resultados,
pois eles seriam a prova de que eu não servia para os
estudos. Enfim, recebi pelos correios a confirmação
de que eu havia sido aprovado para a segunda fase.
Novamente foi um teste de obediência. Eu retornei
para a fila, onde agora estavam apenas mil pessoas. Fiz
uma prova de redação e aguardei o resultado.
Milagrosamente, fui aprovado para a fase final, para a
qual havia somente trinta colocados disputando as
dezoito vagas. Chegou o dia da entrevista — a etapa
eliminatória — e eu fui convidado a entrar em uma
sala de conferências com mais ou menos quinze
pessoas sentadas em volta de uma mesa. Minha
impressão era de que a idade média das pessoas ali
presentes beirava os noventa e sete anos. Assim que
entrei, um dos mais velhos disse: “OK, estou
satisfeito, pode sair”. Outra pessoa simplesmente me
fez uma pergunta rápida. Tudo parecia resolvido antes
mesmo de eu entrar na sala. Será que havia sido
aprovado ou não? O resultado de tudo isso é que eu
fiquei em terceiro lugar entre os milhares de inscritos
de todo o Brasil. Além da bolsa completa, também
recebi outra bolsa das Nações Unidas, que me deu
dinheiro suficiente para alugar um apartamento e
comprar um carro. Como isso poderia ser possível?
A comissão organizadora da bolsa de estudos me
chamou novamente e perguntou se havia alguma
universidade norte-americana em especial na qual eu
gostaria de estudar. Com minha confiança lá no alto,
eu respondi Harvard, MIT e Rice. Em poucos dias
eles me ligaram e disseram que nenhuma dessas
instituições havia me aceitado, sugerindo, em
seguida, que eu optasse pela Louisiana State
University (LSU), uma universidade da qual eu
nunca tinha ouvido falar. E, novamente no espírito de
obediência, fui estudar lá. Terminei meu curso de
Engenharia Civil com as melhores notas, acima de
9,0, e o mais importante de tudo: conheci Renée.
Moral da história

A moral da minha história é esta: a obediência ao


meu pai terreno me fez conhecer a mulher da minha
vida! Da mesma forma, obedecer ao nosso Pai celestial
sempre nos levará ao lugar no qual encontraremos o
melhor de Deus para nós. Sempre!
Você certamente conhece histórias parecidas com a
minha, nas quais Deus “arranjou” ou preparou todas
as coisas para que um “bom encontro” acontecesse.
Você se lembra da história de Rebeca e do servo de
Abraão? Podemos dizer que Abraão desejava “arranjar”
o casamento para seu filho, Isaque, pois sabia do
perigo de não seguir a orientação do Senhor em
relação à escolha do cônjuge. Por isso ele envia um
servo para procurar uma esposa para Isaque. Que
beleza! Já pensou se hoje em dia alguém pudesse ir no
seu lugar, procurando a esposa perfeita para você?
Tenho certeza de que você daria uma lista para o servo
seguir: olha, veja se ela tem um cabelo bonito, se tem
bafo de leão... É brincadeira, mas o servo tinha uma
lição mais importante: encontrar uma moça que fosse
daquela mesma família, ou seja, do mesmo corpo, da
mesma fé, do mesmo ambiente... O capítulo 24 do
livro de Gênesis narra essa história e diz que o servo
pediu a Deus um sinal, para ter certeza de que não
erraria (ele pediu uma ajuda a Deus para que Ele
“arranjasse” as coisas!). O sinal era: ele pediria água à
primeira jovem que se aproximasse do poço onde ele
estava, e ela deveria dar água a ele e também se
oferecer para dar água aos seus camelos — essa seria a
escolhida. Você sabe quantos camelos o servo tinha?
Dez! Coitada da Receba! Ela não precisou fazer escova
no cabelo ou depilar as pernas com cera quente, mas
precisou tirar água do poço para dez camelos. Você
sabe quantos litros de água um camelo pode tomar de
uma vez? Duzentos litros! Rebeca e Isaque se amaram
e viveram felizes, mas essa história de amor envolveu
obediência, sacrifício e... muitos baldes d’água!
Para conquistar o melhor de Deus, precisamos
compreender e honrar o princípio da autoridade em
nossa vida. Existe uma relação entre o sacrifício, o
amor e a autoridade. O amor é demonstrado pelo
sacrifício — quanto maior é o sacrifício que alguém
fez por nós, maior é o amor que sente por nós,
consequentemente maior autoridade devemos dar a
essa pessoa. O maior sacrifício que alguém fez por nós
foi o de Jesus, por isso esse é o amor maior em nossa
vida, e a Ele devemos a maior autoridade. O segundo
maior geralmente é feito por nossos pais, e em terceiro
lugar geralmente devemos honrar a autoridade de
nossos pastores ou líderes espirituais.

1. Em resumo, para conquistar o melhor de Deus na


área dos relacionamentos (e em todas as áreas) nós
devemos honrar e obedecer à autoridade que está
sobre nós na terra.
2. Confiar que Deus tem o melhor para nós.
3. Não rejeitar sucessivamente as pessoas que Deus
coloca em nossa vida como possíveis cônjuges,
mas escolher com a confiança de que o Pai sempre
deseja e “arranja” o melhor para Seus filhos.
4. Fazer sacrifícios, se necessário, a fim de obedecer à
direção que o nosso Pai celestial nos dá, e também
à direção que nossos pais terrenos nos dão.
5. Se você deseja se casar, ORE! Afinal de contas, se
nós pedirmos pão, a Bíblia diz que Deus não nos
dará uma pedra. Portanto, se você pedir um
marido ou uma esposa, Deus trabalhará a Seu
favor e arranjará todas as coisas para lhe dar o
melhor. E quando Deus falar com você, obedeça!
Nunca se sabe que caminhos Ele usará para levá-lo
até sua bênção, portanto, ore e obedeça, ore e
obedeça, ore e obedeça!

Deus tem um plano fantástico para a sua vida e Ele


milagrosamente organiza coisas de modo que se
encaixem. Para mim, simplesmente seguir o curso da
vida foi o que me levou até Renée. Para Deus,
entretanto, havia uma orquestra de milagres e de
ajustes circunstanciais sendo executada que me
levaram justo para a cidade de Baton Rouge, e
convergiram para que isso acontecesse.
Outro ponto importante é que precisamos de pais
com confiança suficiente em sua autoridade para nos
direcionarem. Pais como os de Sansão, que
permitiram que o filho os manipulasse e cederam às
pressões dele, não ajudam os filhos. Pais como
Abraão, que orientou a busca de uma esposa para seu
filho, são poderosos instrumentos de Deus. Contudo,
não use como desculpa o fato de não ter pais que o
conduzam corretamente. Se seus pais não exercem
essa autoridade sobre sua vida, você pode recebê-la
diretamente de Deus. Portanto, busque a Ele.
No futuro, quando você se tornar uma autoridade
sobre seus filhos, entenda a importância de sua tarefa
e o fato de que Deus deseja utilizar suas decisões para
dirigi-los.
Neste momento Deus está orquestrando
circunstâncias em sua vida para que você encontre a
pessoa que Ele escolheu. Incrivelmente, Ele ainda
deixa que você tome a decisão e, caso você diga não a
essa pessoa, Deus começa tudo de novo e encontra
outra. Com Deus, você sempre pode ir além do que
imagina! Quando Robert Morrison viajou como
missionário para a China, o capitão do navio o
criticava constantemente e fez com que ele passasse
por um mau pedaço. Quando Morrison deixou o
navio, o capitão lhe disse: “Suponho que você ache
que vai causar uma excelente impressão na China”.
Ao que Morrison respondeu: “Não, mas acredito que
Deus vai!”. É isso aí, quando você está em parceria
com Deus, o seu potencial é ilimitado. Deixe Deus ser
seu parceiro na procura pelo seu cônjuge e veja as
maravilhas que Ele fará!
Antes de seguir em frente, vamos orar juntos para
que Deus possa falar ao seu coração e transformá-lo à
medida que você se submete a Ele.

Querido Pai, pedimos que o Senhor tome agora


nosso coração. Estamos diante de uma das mais
importantes decisões da nossa vida. Estamos diante
de um casamento. Pedimos que a Sua vontade seja
feita. Fale conosco durante a leitura deste livro e
permita que Seu Espírito Santo transforme os nossos
desejos em Seus desejos. Amém.

1. Fonte: George Barna, The Heritage Foundation.


Capítulo 3

Será que é ela? Será que é ele?


— Os requisitos para o
casamento

T alvez uma das perguntas mais frequentes que


escuto de pessoas com expectativas de se casar é:
Eu gosto dele, mas e se eu estiver errada?
Eu a amo, mas como posso ter certeza de que devo me
casar com ela?
Acho que todo casal sério faz essas perguntas. É
normal pensar assim. Tais questionamentos não
significam que você esteja indo na direção errada; ao
contrário, garantem que andará na direção certa, pois
levantar questões sobre a relação é sempre saudável.
Todo passo de fé pode gerar uma dúvida. É comum
que, às vezes, cristãos questionem sobre sua salvação
pessoal, mas quando são orientados a examinar a
Bíblia e a verificar os frutos que produzem, eles
rapidamente entendem a dúvida como uma arma do
inimigo para confundir sua mente e travar-lhes o
avanço espiritual.
A escolha do nosso cônjuge passa por processos
similares. Enquanto a maior escolha da vida é
estabelecer um relacionamento com Jesus, a segunda
maior escolha da vida é estabelecer um
relacionamento conjugal. Enquanto a maior ênfase da
sua vida deve ser desenvolver um relacionamento
cada dia mais íntimo e produtivo com Jesus, a
segunda maior ênfase da sua vida deve ser estabelecer
um relacionamento cada dia mais íntimo e produtivo
com seu cônjuge.
Para ajudar na sua escolha ou esclarecer algumas
dúvidas, eu gostaria de expandir alguns conceitos
básicos.
Para o homem, uma paixão natural vem em
primeiro lugar, depois vem o vínculo espiritual

O primeiro requisito para o casamento, no caso do


homem, é a paixão. Muitas pessoas têm uma visão
radicalmente diferente da minha nesse assunto. Elas
dizem que a primeira coisa que se deve procurar no
outro é a amizade, ou a visão em comum, ou a
conexão espiritual. Sim, essas coisas são de muita
importância: sou amigo de muitos, oro com várias
pessoas, tenho conexão espiritual com alguns, mas sou
e estou APAIXONADO por somente UMA pessoa.
Quando anunciei ao meu pai que iria me casar, ele
só me perguntou uma coisa: “Você a ama com uma
paixão explosiva?”. Eu me surpreendi com aquela
pergunta, mas reconheci exatamente o que ele estava
falando. Sim, eu estava completamente apaixonado,
quase obcecado de amor por minha linda e quase
perfeita esposa. J Hoje em dia vejo pessoas
contraírem núpcias somente com base em análises
racionais, vazias de qualquer paixão. Alegam que ela é
legal, que ele é bonito, que ela é meiga, que ele tem
um trabalho bom, que ela é uma boa amiga...
Queridos, deveria ser óbvio: para se casar, tem de
haver uma paixão explosiva! Você não está fazendo
uma entrevista de emprego, está escolhendo seu
companheiro de toda a vida! Por isso, apenas ter uma
lista de prós e contras em que os prós ganham não é
suficiente. Não é suficiente dizer que “analisando
todas as variáveis, decidi me casar com você”. Isso não
é amor, é uma experiência científica!
Paulo disse em 1 Coríntios 15.46: “Mas não é
primeiro o espiritual, senão o natural; depois o
espiritual”. É importante, então, concluir que o fator
mais importante para o homem — inicialmente, pelo
menos — é que ele tenha uma verdadeira paixão. Isso
é algo natural, e não espiritual. Paixão por uma
mulher não é algo inventado pelo diabo. Foi Deus
quem criou a paixão. Nas entrelinhas de Gênesis 2:23,
vemos a primeira reação de Adão diante de Eva,
dizendo, em outras palavras, “Agora sim!” ou “É ela,
afinal!”. Essa paixão é natural e indispensável no
início de um relacionamento. Já vi muitos cristãos
excessivamente espirituais e maduros se
comprometerem com alguém que tecnicamente
satisfaz todos os requisitos mais espirituais. Certa vez
incentivaram um jovem da igreja a se casar com uma
mulher “de Deus”: ela orava e jejuava todos os dias,
usava saia comprida, não se depilava nem se
maquiava. O jovem, apavorado com as pernas
cabeludas da moça, logo arrumou uma saída: “Não
posso me casar com ela, essa mulher é ‘de Deus’,
preciso me casar com uma que seja minha!”. Pode
parecer engraçado, mas é sempre um enorme erro
ignorar a paixão que Deus colocou em nós. Homem,
se não tiver paixão, não case, não namore, nem se
iluda pensando que algo irá mudar no futuro. Para o
homem, esse é o passo inicial.
Certa vez estava participando de uma conferência
para pastores em outro país. Éramos três pastores
conversando com um jovem pastor que ainda não
havia se casado. O pastor estava compartilhando sobre
seu desejo de se casar e de que havia duas jovens
aparentemente interessadas por ele. A primeira era
linda, atraente e tinha uma personalidade
contagiante. Ele gostava de estar perto dela, porém ela
era recém-convertida e um pouco imatura. A outra
era líder na igreja, ensinava a palavra de Deus e tinha
muita maturidade espiritual — enfim, seria uma
excelente esposa de pastor. Finalmente, o jovem pastor
nos perguntou o que achávamos. Eu gritei com todas
as forças: “Case-se com a bonita!”. Outro pastor
que estava na mesa me interrompeu e disse que isso
era exatamente o oposto do conselho dele, e
exatamente o oposto de tudo que ele ensinava nos
seminários sobre casamento que realizava ao redor do
mundo. Eu já estava pronto para me levantar e
defender meu ponto de vista com todas as forças, mas
achei melhor terminar por ali, pois vi a esposa dele de
longe e logo foi fácil perceber por que a filosofia dele
era aquela.
Queridos, acho minha esposa linda, sexy, inteligente
e estou apaixonado por ela. Qual será a chance de
meu casamento ter sucesso se eu decidir me casar
com uma mulher que não é maravilhosa para mim,
aceitando algo menos em troca de atributos como
maturidade espiritual? O que estou tentando dizer,
afinal, é que quando você está apaixonado, os outros
aspectos não são importantes. Infelizmente o jovem
pastor acabou não se casando com nenhuma delas,
porque, na realidade, não estava apaixonado por
nenhuma, ele simplesmente achava boa a ideia de se
casar.
Homem, não case, não namore, até que você esteja
apaixonado.
Mulheres desejam segurança

No caso da mulher, a questão da paixão é um pouco


diferente. Agora vou admitir algo muito difícil para
mim; tão difícil que até penso que talvez não seja
verdade: minha esposa me disse que quando me
declarei apaixonado, ela não sentia nem um pouco de
paixão por mim. Renée contou que me respeitava,
mas não era um amor romântico o que sentia. Levei
mais de doze anos para aceitar e até entender isso.
Para a mulher, o respeito e a admiração vêm em
primeiro lugar. O que ela procura em um homem é a
sensação de estar protegida, amparada e incentivada.
Por isso é comum ver mulheres se casando com
homens que inicialmente eram apenas seus amigos,
pelos quais não sentiam nenhuma atração especial. Se
elas os admiram, se eles são uma figura forte, que
causa impacto nelas e as fazem se sentir acima de tudo
seguras, podem vir a descobrir o amor que sentem por
eles.
O primeiro requisito para a mulher que deseja se
casar é respeito e admiração. A mulher desfruta a
paixão de modo diferente do homem. No âmbito
espiritual, nós, a noiva de Cristo, não o amamos
primeiro, mais foi Ele quem primeiro nos amou.
Assim também ocorre no mundo natural. A noiva
exibe paixão quando alguém demonstra paixão e amor
romântico em primeiro lugar; a mulher responde à
ação do homem de amá-la. Muitos homens, por falta
de coragem, simplesmente aceitam a situação quando
encontram uma mulher que é mais apaixonada do
que eles, mas isso, em geral, não foi o que Deus
planejou.
Você se lembra da história de amor mais bonita da
Bíblia, a de Jacó e Raquel? Ela está em Gênesis 29:13-
20. É uma história de amor e sacrifício que faz as
meninas suspirarem! Jacó amou Raquel a ponto de
trabalhar quatorze anos por ela! E ainda teve de se
casar com uma feiosa nesse meio tempo! Lia, a irmã
mais velha de Raquel “tinha olhos tenros”, segundo a
Bíblia. Acredito que isso seja um modo diplomático
de dizer que ela era muito feia, e Jacó foi obrigado
pelo pai de Raquel a se casar com ela. Tudo por amor!
Isso é que homem apaixonado, e que segurança ele
certamente inspirava em Raquel ao demonstrar tanta
coragem e disposição.
Quando chegou a Padã-Arã, Jacó encontrou-se com
Raquel e se apaixonou. Ela era filha de seu tio Labão.
O tio, ao saber que seu sobrinho chegara, levou-o para
morar em sua casa. Jacó estava há apenas um mês com
ele e esse tempo foi suficiente para fazer nascer no seu
coração a bela flor do amor!

Depois disse Labão a Jacó: “Acaso por seres meu


parente, irás servir-me de graça? Dize-me qual será
teu salário”. Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a
mais velha, e Raquel, a mais moça. Lia tinha os
olhos baços, porém Raquel era uma mulher bonita
de porte e semblante. Jacó amava a Raquel, e disse:
“Sete anos te servirei por tua filha mais moça,
Raquel”. Respondeu Labão: “Melhor é que eu ta
dê em vez de dá-la a outro homem; fica, pois,
comigo”. Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó
sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias,
pelo muito que a amava. (Grifo meu.)

Já posso ouvir os suspiros! Jacó a amava (o homem


precisa amar a mulher!), e estava tão decidido que se
dispôs a trabalhar por ela durante sete anos! Sabemos
que ele foi enganado pelo tio e teve de trabalhar mais
sete! Isso é que é segurança! Que firmeza, não é
mesmo? E essa disposição não era somente da boca
para fora, era uma disposição que o levaria as últimas
consequências na conquista da sua amada.
Outra coisa importante a lembrar é que Raquel era
bonita! Tirando a tradução polida da Bíblia,
podemos afirmar que Raquel era uma “gata”! Mais
uma vez, a história bíblica reforça a importância do
interesse físico que precisa haver entre o casal. Vale
também uma nota para as mulheres: Não existe
mulher feia, existe mulher mal arrumada! Se você
cuidar do cabelo, se maquiar e se arrumar com
feminilidade será uma linda mulher! Aproveite os
recursos da modernidade (dos quais Raquel não podia
lançar mão) e fique maravilhosa!
O homem deve ser quem toma a iniciativa; a
mulher deve reagir em seguida. Nós amamos a Deus
porque Ele nos amou primeiro (Romanos 5:8).
Minha esposa me ama porque eu a amei primeiro.
Homem, assuma seu papel em todas as áreas
românticas. Isso é uma direção que deve abranger seu
casamento por inteiro. O marido deve iniciar as
palavras amorosas, os encontros românticos e até o
sexo! (É claro, não estou dizendo que a mulher não
pode ou não deve tomar a iniciativa nessas áreas,
somente lembrando que essa não é a tendência
natural da maioria das mulheres.) Em conversas com
jovens solteiras, a maior reclamação que ouço é sobre a
firmeza e a coragem dos homens. A falta de
desprendimento e de coragem para se aproximar e
assumir seu interesse faz com que as jovens tenham
uma imagem fraca dos jovens cristãos. Homem, não
seja frouxo! Demonstre que você é firme e confiante
ao se aproximar de uma jovem e ter a ousadia de
cortejá-la. Tenho certeza de que você derreterá o
coração dela!
Como, então, uma mulher deve decidir quanto a se
casar ou não com seu noivo? Efésios 5:33 faz um
resumo dos relacionamentos entre homens e
mulheres: “Maridos, amem as suas esposas, e
mulheres, respeitem seus maridos”. Respeito deve ser
o sentimento inicial na vida de uma mulher. Ela
poderá até se sentir apaixonada, mas se essa paixão
não for iniciada com respeito, raramente o
relacionamento será mutuamente satisfatório e bem-
sucedido. Mulher, não case se não tiver um grande e
consumidor respeito pelo seu noivo. Não namore e
nem se iluda pensando que algo irá mudar no futuro.
Para a mulher, respeito é o passo inicial. E cuidado
para não confundir “paixão” com “respeito”. Você
pode sentir-se totalmente atraída por um homem
fisicamente e desejar estar com ele, mas, ao analisá-lo,
pode perceber que não é alguém digno de toda a sua
confiança, admiração e respeito. Se não sente tais
coisas por seu noivo ou namorado, apenas atração
física, não se case!
Ainda falando sobre aspectos naturais, é importante
frisar algumas observações. Há vários anos, eu estava
aconselhando um jovem que gostava de uma moça.
Ambos eram do mesmo grupo de jovens e hoje estão
casados há mais de uma década. Ela era obviamente
alguém a quem Deus tinha trazido até o meu amigo,
mas ele estava sem graça de se aproximar. Na
realidade, como muitos de nós, ele estava com medo
de dar um passo em falso. Quando me perguntou
como deveria se comportar para conquistá-la, eu
respondi: “Aja naturalmente e deixe que seus
sentimentos por ela guiem suas ações”. Aconselhei-o a
não analisar demasiadamente a situação para que não
perdesse a oportunidade. Em outras palavras: Seja
homem! Não seja covarde nem tenha medo, as
mulheres procuram e admiram um homem de
verdade, que tem coragem de avançar em direção
àquilo que deseja!

Quem fica observando o vento não plantará, e


quem fica olhando para as nuvens não colherá.
— Eclesiastes 11:4

Até que, finalmente, eles iniciaram um


relacionamento romântico. Após o início do namoro,
fui claro ao dizer-lhe: Agora, não seja natural
demais! Mas por que um casal não pode ser natural
demais durante o namoro? Porque a tendência natural
do relacionamento entre um homem e uma mulher é
avançar da intimidade inicial para a intimidade total!
Nosso corpo foi projetado por Deus para o casamento
— com sexo! —, não para o namoro. Nosso desejo irá
aumentar gradativamente se agirmos naturalmente e
deixarmos a natureza tomar seu curso! O sexo, que
inclui muito mais do que simplesmente penetração
vaginal, é consagrado por Deus para o casamento. Na
realidade, o sexo é o ato que confirma a aliança do
matrimônio. Fazer sexo antes do casamento é baratear
essa aliança e, muitas vezes, contribui para fraquezas e
até quebra dos votos matrimoniais.
Vamos falar sobre isso em detalhes mais tarde, em
um capítulo sobre sexo, mas precisamos dizer que o
sexo foi projetado por Deus para fortalecer a aliança
do casal. É uma invenção incrível, que realmente atrai
e motiva os cônjuges. Porém o plano de Deus foi que
essa invenção fortalecesse a aliança que ele consagrou
para o casamento, e exclusivamente para ele. Não
pense que fazer sexo ou ter intimidade física com
pessoas com as quais você não planeja se casar não
será um problema, afinal eu não vou me casar com essa
pessoa... Você está sendo enganado! Quando
praticamos sexo ou outras atividades sexuais com
outros parceiros estamos fortalecendo nossa aliança
com várias pessoas, assim estamos diluindo a forte
aliança que deveremos ter com uma única pessoa,
nosso cônjuge. Fazer isso pode trazer sérias
consequências para o seu casamento.
Por outro lado, minha afirmação não deve ser usada
por você como argumento para fazer sexo com sua
namorada. Ora, então não há problema, pois vou fazer
sexo com a minha namorada, mas já estamos planejando
nos casar, então só vamos fortalecer nossa aliança ainda
mais, começando agora mesmo!
A verdade é que se você não está pronto para entrar
em uma aliança por meio do casamento, então você
não está pronto para o sexo, pois sexo e aliança são a
mesma coisa. Cada vez que se relaciona sexualmente
com alguém, você está casando com essa pessoa. Por
favor, não erre nisso! Seja radical, pois sua ação radical
nessa área agora irá trazer grandes benefícios no
futuro.
Basicamente, o conselho para a conquista do seu
cônjuge deve ser:

1. Espere que Deus, seu Pai celestial, traga alguém


para a sua aprovação.
2. Aja naturalmente e permita que suas ações sejam
em parte guiadas pela sua paixão.
3. Após o início do relacionamento, não permita que
seu namoro seja natural demais!

Em resumo,

Homens têm de sentir uma paixão explosiva!


Homens têm de tomar a iniciativa de um
relacionamento romântico. Mulheres têm de ser
conquistadas por um noivo totalmente apaixonado
por elas.
O início da paixão na mulher é evidenciado por
um respeito enorme e grande admiração pelo seu
noivo.
Homens devem iniciar o relacionamento seguindo
os sentimentos naturais e não ser demasiadamente
analíticos. SEJA HOMEM!
Homens e mulheres devem limitar as tendências
naturais do corpo e guardar as carícias que
conduzem ao sexo para depois do casamento.
Lembre-se de que você foi feito para se casar com
uma pessoa, não para namorar várias! Por isso,
espere até que esteja certo de que essa é a pessoa
com quem você vai se casar. Após consolidada a
aliança pública do casamento, você terá pleno
acesso a essa bênção chamada sexo.
Amizade com o mundo é inimizade com Deus

O segundo requisito para o casamento é a amizade.


Obviamente, podemos ter muitos amigos, porém o
melhor de todos deve ser nosso cônjuge. Se em seu
casamento tiver outros amigos que são mais fortes e
“melhores” do que seu cônjuge, garanto que você terá
problemas. Inicialmente, aparecerá a inveja. O seu
cônjuge, que não é seu melhor amigo, irá se
perguntar por que não ocupa em sua vida esse espaço
supremo. Além disso, você perceberá um afastamento
de interesses e do coração no decorrer dos anos.
Casais que não são melhores amigos entre si acabam
vivendo uma vida separada. Eu já ouvi até
testemunhos de cônjuges que precisam de “mais
espaço” no relacionamento. Meus irmãos, geralmente
esses testemunhos se transformam em pedidos de
oração pelo casamento e, depois, feridas profundas
provocadas pelo distanciamento e pela mágoa. Seu
cônjuge precisa ser seu melhor amigo. Aliás, conheço
vários casais cuja relação começou a partir de uma
grande amizade e que hoje são felizes no casamento.
Por isso, olhe novamente para esse amigo ou amiga de
quem você gosta tanto. Será que não é alguém que
Deus colocou em seu caminho? Pense nisso! Afinal,
vocês já são grandes amigos!
Tiago 4:4 diz: “Vocês não sabem que a amizade com
o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser
amigo do mundo faz-se inimigo de Deus”. Por isso
devemos ter muito cuidado com a escolha do nosso
melhor amigo, nosso cônjuge. Se nosso melhor amigo
for uma pessoa que não tem a mesma visão espiritual
que nós, vamos ter problemas; se namorarmos alguém
que não tem a mesma visão espiritual que nós,
também estaremos em apuros. Se nos casarmos com
alguém que tenha visão espiritual mais forte ou mais
fraca que a nossa, estaremos desobedecendo à Bíblia e
atraindo grandes problemas.
Não se ponham em jugo desigual com
descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a
maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as
trevas?
— 2 Coríntios 6:14

Deixe-me ser bastante claro com você. Esse versículo


não diz apenas que você deve se casar com um
evangélico. A orientação de Deus em 2 Coríntios diz
respeito a você se casar com alguém que vê e vive as
realidades espirituais como você vê e vive. Na escolha
do seu cônjuge, por favor, não se contente com o
mínimo, pois Deus sempre tem o máximo! Já ouvi
alguém descrever o Reino de Deus como uma fábrica
de sorvetes que fornece vários sabores diferentes. Isso
é uma verdade. Quanto mais eu viajo e vejo a
abrangência do corpo de Cristo, mais vejo como
diferentes pessoas que realmente amam ao Senhor
pensam e creem de modos distintos sobre questões
bíblicas. Eles representam “sabores” diferentes dentro
do Cristianismo. Se por um lado devemos aceitar e
não julgar pessoas que são diferentes de nós no corpo
de Cristo, por outro, não devemos nos casar com
alguém que tenha uma visão espiritual radicalmente
diferente da nossa. Já imaginou um crente “canela de
fogo” casando com uma crente “geladeira”? O que isso
vai dar? Problema na certa!
A visão das coisas espirituais deveria ser a área mais
importante da nossa vida. O triste fato é que muitos
cristãos andam tão fracos, que quando encontram um
parceiro em potencial que é atraente, inteligente, tem
bom emprego e é carismático, pensam que essa deve
ser a pessoa perfeita, mesmo que ela não frequente a
igreja. Afinal de contas, isso é uma parte tão pequena
da vida... Será? A compatibilidade entre a visão
espiritual de duas pessoas que caminham para o
casamento é fundamental. Vocês entendem a igreja da
mesma maneira? Entendem e vivem os dons
espirituais de modo semelhante? Vocês têm um
chamado para o ministério? Essas são apenas algumas
das perguntas que devem ser exploradas antes da
decisão de se casar com alguém. Não basta ele dizer
que crê em Deus. O diabo também crê, mas nunca o
vi de joelhos, orando!
Admito que já vi pessoas cristãs se casarem com não
crentes e Deus realizar um milagre: o não crente
acabou entregando sua vida a Jesus e desenvolvendo
um lindo e proveitoso casamento. Há, entretanto,
muito mais casamentos em que o oposto aconteceu.
Um crente “amava” certa pessoa e tinha esperança de
que Deus faria um milagre após o casamento, mesmo
sabendo que estava desobedecendo ao versículo
anteriormente citado. Meu conselho nessa
circunstância é: “Espere” ou “Não case”! Deus trará
para a sua vida uma pessoa que compartilhará e
apoiará o propósito Dele para você.
Mas, papai, você não entende...
Estou apaixonada!

Deus nos colocou dentro de estruturas de autoridade


espiritual para que elas nos abracem e protejam, não
para nos oprimir e limitar. A Bíblia diz que Ele o
conhecia antes da fundação do mundo e, acredite ou
não, também conhecia seus pais. Deus sabia e
permitiu que você fosse filho deles, e a autoridade que
está sobre seus pais foi Ele quem designou.
Sem dúvida nenhuma, o principal alerta para um
relacionamento errado é a voz de seus pais. Se eles não
abençoarem enfaticamente seu casamento, não se case. Se
você crê que é da vontade de Deus casar-se com
alguém que seus pais não aprovam, então espere até
que sejam conquistados pelo seu pretendente. Caso
isso não aconteça, então não se case. Sei que isso
parece uma visão muito radical, e na verdade é.
Nossos pais não são perfeitos, porém, de uma forma
geral, eles nos amam, e têm se sacrificado ao longo
dos anos pela nossa vida. Creio que amor, sacrifício e
autoridade são temas interligados, ou seja, quanto
mais alguém se sacrifica por nós, mais nos ama e
maior autoridade sobre nossa vida conquista. O
exemplo máximo foi o de Jesus, que sacrificou sua
vida por nós enquanto ainda éramos pecadores,
demonstrando amor incondicional. Por isso devemos
dar a Ele o lugar de autoridade em nossa vida. Seus
pais, ainda que não tenham chegado ao nível do
sacrifício do Senhor, talvez tenham se sacrificado por
você mais do que qualquer outra pessoa no mundo, e
provavelmente eles têm se sacrificado e amado você
mais do que seu namorado ou sua namorada.
É possível que você esteja em uma situação em que
gosta de alguém, mas seus pais, ou os dele, não
permitem que vocês avancem no relacionamento. Há
alguns anos, um amigo começou a gostar de uma
jovem da igreja. Os dois iniciaram uma grande
amizade e, certo dia, eles vieram me contar o óbvio:
estavam apaixonados. Assim, aconselhei-os a falar
com seus pais sobre o assunto. Os pais do moço
apoiaram por completo, mas os dela provocaram
tamanho escândalo que houve até ameaça de morte.
Eu, que já vi muita coisa, fiquei chocado. Os pais da
jovem puseram-se totalmente contra qualquer
relacionamento, e vieram a mim para pedir ajuda e
colocar um fim no relacionamento deles. Meu amigo
e sua pretendida culpavam os pais por serem
preconceituosos; os pais acusavam os filhos de
rebelião. Diante disso, encorajei os jovens a se
submeterem aos pais, mas que, ao mesmo tempo, lhes
contassem que estavam orando para que mudassem
de atitude e permitissem o namoro. O pai da moça
me disse categoricamente que nunca iria permitir tal
coisa. Após entenderem que seus filhos tinham de
fato um coração submisso — o casal deixou até de
conversar entre si —, os pais da jovem finalmente
cederam. Hoje estão muito bem casados e o
relacionamento entre genro e sogros é fantástico. Que
tremendo testemunho de conquista por meio da
submissão!
Queridos, qualquer ação no Reino envolve a fé. Se
seus pais se opõem a um relacionamento que você
deseja, existem duas possibilidades:

1. Seus pais estão errados. Nessa situação, você pode


exercer sua fé para que eles mudem de opinião.
Mas, até que isso de fato aconteça, sugiro que se
submeta a eles. É possível que, inicialmente, seus
pais não aprovem seu namoro porque possuam
modelos preestabelecidos do que sonham para
seus filhos, tais como um marido rico, uma esposa
bonita e inteligente, etc. Entretanto, se esse
alguém foi trazido por Deus até sua vida, ao longo
do tempo eles o aprovarão.
2. Seus pais estão certos. Nesse caso, seria desastroso
andar em rebelião, pois ela traria prejuízos para
você, para seu companheiro e para a relação que
você tem com seus pais.

A Bíblia está cheia de exemplos (como Esaú e


Sansão) que forçaram um casamento contrário ao
desejo dos seus pais. Esses casamentos se tornaram
maldição para o casal, para seus filhos e para a
comunidade toda. Não é somente na Bíblia que
vemos exemplos assim. Eu mesmo conheço uma
moça que se apaixonou por um ministro de louvor.
Esse obreiro trabalhava em tempo integral em uma
boa igreja no sul dos Estados Unidos. Quando ela
apresentou aos pais o ministro de louvor como seu
namorado, eles o trataram cordialmente. Após o
encontro, os pais da moça alertaram-na fortemente
para que não se envolvesse com aquele rapaz. A moça,
que era uma excelente cristã, desprezou o conselho
dos pais porque eles não eram cristãos. Mesmo
implorando para que a filha terminasse o
relacionamento, aqueles pais não foram ouvidos. A
moça achava que eles não tinham um entendimento
correto do assunto porque não conheciam as
Escrituras e, afinal, acabou se casando com o ministro
de louvor. Logo após o casamento ela anunciou que já
estava grávida. A jovem teve uma linda filha e pensou
que tudo estaria bem. Não demorou muito e ela
descobriu que o marido estava tendo um caso fora do
casamento. Ele teve de deixar a igreja, mas a moça o
perdoou. Mais alguns anos se passaram e ela teve mais
filhos. Durante a gravidez do terceiro bebê, o marido,
que ficara desempregado todo esse tempo, disse a ela
que estava se separando porque iria morar com uma
integrante do coro da igreja. A moça ficou devastada,
com três filhos para criar e um ex-marido que não
pagava as contas.
Essa história não é rara. Os pais têm uma visão de
raio X que geralmente detecta um mau-caráter que
está se aproximando dos filhos. Muitas vezes nossos
pais não conseguem explicar por que não gostam de
alguém; eles simplesmente não gostam. Querida ou
querido, nunca se case sem a bênção enfática dos seus
pais. Permissão apenas não é suficiente; uma bênção
enfática é o que você deve desejar. Se seus pais não
gostam do seu namorado ou namorada, procure saber
por que, avalie seu relacionamento, afaste-se para que
você possa ver claramente quem a pessoa é e termine
até que essa pessoa possa conquistar também seus
pais.
A opinião de seus pais é importante porque eles são
a primeira autoridade que Deus colocou sobre a sua
vida. Autoridade não deve ser entendida como um
peso, mas como uma proteção. Na realidade, a
autoridade é como uma cobertura que enquanto nós
voluntariamente permitirmos, protegerá nossa vida.
Os pais não são as únicas autoridades sobre nós que
devem ser cogitadas diante da decisão de nos
relacionarmos romanticamente com alguém. Acho
que outras autoridades podem ser consultadas em
assuntos do coração. Eu gosto de trabalhar seguindo
este modelo: quanto mais sacrificado for o amor por
você, maior a autoridade conquistada. A maior
autoridade sobre você é o Senhor, pois Ele o amou a
ponto de entregar a própria vida. Esse sacrifício total
deu a Ele o direito de receber a sua submissão total.
Em segundo lugar, geralmente são nossos pais que se
sacrificam mais em amor para ver nossa felicidade.
Em seguida, é possível que nosso pastor desfrute essa
prerrogativa e, ocasionalmente, um professor, amigo
ou conselheiro. É importante lembrar que, como na
história da jovem que contrariou a orientação dos pais
e acabou com três filhos e sem marido, não é essencial
que seus pais conheçam a Jesus para darem bons
conselhos, apenas que tenham um amor sacrificial por
você. A autoridade sobre sua vida foi concedida por
Deus aos seus pais, não a “pais cristãos”. Se eles são
contrários ao casamento, Deus é poderoso para mudar
seu coração — caso essa seja a pessoa certa para você.
Submeta-se a eles e não fique pensando que estão
apenas “implicando” com seu pretendente, mesmo
sendo ele cristão. Deus tem colocado tais pessoas em
nossa vida para nos orientar e proteger de graves erros.
Geralmente, não são eles que estão cegos, mas você.
Se você é da cidade, não faça um casamento
da roça

Calma, não estou falando de festa junina! Ao longo


da minha experiência aconselhando jovens, já vi
muitos casos em que os filhos foram pressionados
pelos pais a se casarem. Nos parágrafos anteriores,
falamos como pode ser prejudicial quando os filhos
pressionam os pais para apoiarem um casamento que
os filhos desejam, mas os pais não apoiam. Esse foi o
caso de Sansão, que pressionou os pais ao ponto de
eles cederem e permitirem um casamento equivocado.
Agora, vamos tratar do oposto: pais que pressionam os
filhos a se casarem.
Pode parecer coisa de novela, mas existem mães que
chegam a forçar suas filhas a se envolverem com
certos homens por interesse financeiro ou social. Ouvi
a história de uma jovem modelo que era “oferecida”
pela mãe a homens mais velhos e ricos. A jovem era
uma modelo muito bonita. Ela estudava e estava
interessada em se formar e em conhecer um jovem de
sua idade, para namorar e se casar. Mas sua mãe
tentava sempre fazer sua cabeça e convencê-la a se
casar com um homem rico, esquecendo “essa ideia de
faculdade” e “os pobretões” que lá estudavam
também! Em outros casos, os pais simplesmente
gostam de um rapaz ou de uma moça e acham que
aquele será um excelente cônjuge!
Lembre-se de que é você que escolhe com quem vai
se casar, não seus pais. Na verdade, nem Deus força
você a um casamento. O mecanismo funciona assim:
Deus traz pessoas com quem você poderia se casar e as
coloca em seu caminho; você escolhe e confirma a
pessoa que Deus trouxe e seus pais a aprovam, ou
não.
O perigo é quando os pais têm uma visão um pouco
simplificada. Às vezes eles acham que deu certo com
eles, então certamente vai dar certo com seu filho. A
sociedade hoje em dia é muito diferente da sociedade
de trinta anos atrás, quando nossos pais se casaram.
As tentações são diferentes, as separações e os
divórcios são mais aceitos, e as “oportunidades
amorosas” são muito maiores.
Certa vez percebi algo errado com um casal de
jovens em nossa igreja. Por uma série de motivos
claros, senti fortemente que aquele namoro estava fora
do plano perfeito de Deus. Então, questionei o rapaz
sobre a opinião dos pais. Ele me disse que os pais o
apoiavam. Fiquei preocupado e fui falar com os pais
para averiguar a situação. Eles realmente estavam
apoiando o namoro e o futuro casamento, porém
tinham uma visão bastante simplista sobre o
casamento: “Encontre uma mulher e case-se com
ela”. Chamo essa visão de “Casamento da Roça”. É
assim que acontece na roça. Um rapaz encontra uma
garota e eles se casam. Ela fica em casa, ele trabalha no
campo com um bando de homens, e dá tudo certo. O
problema é que na cidade tudo é diferente. Muitas
vezes tanto a mulher quanto o homem estão cursando
uma faculdade, onde têm acesso a centenas de opções
românticas. Também trabalham em escritórios com
dezenas de pessoas atraentes e dignas de muito
respeito; eles têm perfis no Facebook e no Orkut, em
que pessoas do sexo oposto passam diante de seus
olhos como opções românticas o tempo todo.
Conheço alguns casais que se conheceram pela
internet! Não é uma realidade tão distante de nós
hoje! Para dizer a verdade, o Facebook foi projetado
originalmente para ser um lugar onde homens e
mulheres poderiam se conhecer. Com toda essa
oportunidade e tentação, você não pode se dar o luxo
de se casar com qualquer pessoa, pensando que dará
certo como deu com seus pais. Hoje em dia, a escolha
precisa ser muito mais firme, pois ela será testada,
muito mais do que foi a escolha de nossos pais.

l
Capítulo 4

Namorando para casar — O


que faço exatamente em um
namoro?

I nfelizmente, não posso lhe dar as coordenadas que


vão levá-lo até a concretização de um namoro,
nem apontar as ações que poderiam ser efetuadas
nesse caso. No capítulo anterior, falamos rapidamente
sobre como iniciar um namoro e, entre outras coisas,
dissemos que se deve agir de modo natural,
permitindo que seus sentimentos o guiem. Neste
capítulo, porém, que aborda o namoro em si, o
conselho é radicalmente oposto. Enquanto a
orientação para a fase pré-namoro é agir com
naturalidade, o conselho para você, que já está
namorando, é: Não seja natural demais!
Antes do namoro, nossos sentimentos são de
romance, mas assim que iniciamos o relacionamento,
as emoções do homem são rapidamente somadas a
fortes desejos sexuais. No caso da moça, sua
inclinação é a de agradar ou até estimular o
namorado. Se o casal se entregar a esses desejos,
certamente eles os levarão ao pecado e à culpa e,
muitas vezes, ao rompimento do namoro, pois o
sentimento de culpa não será facilmente superado.
Como deve ser o namoro, então?
As Três Regras do Namoro

1. Não namore até que esteja perto da fase de vida em


que você poderia se casar. Não namore fora da
época apropriada, ou seja, em uma idade em que
você ainda não esteja maduro para o casamento. O
maior erro que os jovens cometem, dentro desse
contexto, é o de começar a namorar cedo demais.
Conheço um casal de jovens que começou a
namorar quando tinham treze anos cada um. Os
pais estimularam o namoro e achavam
“bonitinho” o casal tão jovem. Hoje, quase dez
anos depois, os pais “apressam” o casamento, pois
a intimidade já não pode mais ser controlada,
mesmo sabendo que as mesmas crianças que
começaram um namoro há dez anos cresceram e
têm diferentes sonhos e projetos de vida. Aquele
não era o momento para isso, e esse
relacionamento precoce pode resultar em um
casamento cheio de problemas e frustrações. Pense
bem, e faça tudo no tempo certo!
Mulheres de Jerusalém, eu as faço jurar pelas
gazelas e pelas corças do campo: Não despertem
nem incomodem o amor enquanto ele não o
quiser.
— Cantares 3:5

Em nossa sociedade, namorar tornou-se uma


conquista digna de orgulho. Os pais costumam se
orgulhar quando os filhos arrumam o primeiro
namorado ou namorada, e isso realmente é motivo de
grande satisfação. Muitas vezes, porém, pais
excessivamente controladores podem vir a manipular
circunstâncias para que seu filho seja colocado em
uma situação de namorar cedo demais. Mesmo a
cultura evangélica sofre influência de valores
mundanos. Os pais de um garoto, por exemplo, ficam
orgulhosos quando ele faz uma conquista, e uma
moça, muitas vezes, deixa seus pais felizes ao
despertar para um forte romance. A realidade, quer
queira quer não, é que são poucos os primeiros
namoros que levam ao casamento. Por isso alguns têm
dito que nunca devemos namorar. Essa seria uma
opção boa, mas eu creio que em nossa sociedade é
impraticável. Eu namorei, seus pais namoraram, e não
acredito que o namoro em si seja errado. Se,
entretanto, iniciamos a fase do namoro aos treze,
quatorze ou quinze anos, a pressão romântica e sexual
torna-se grande demais. Por isso digo: não namore
antes da época em que você gostaria realmente de se
casar.
Essa época é diferente para cada um. Conheço
pessoas que se casaram aos dezesseis anos e que vivem
casamentos verdadeiramente abençoados. Essas
uniões, porém, foram realizadas na roça, em situações
onde os jovens não tinham ou não queriam uma
oportunidade de estudo. Nas cidades brasileiras, em
geral, quase todos têm a oportunidade de terminar o
Ensino Médio. Muitos avançam nos estudos e cursam
faculdades e fazem até mesmo mestrado ou
doutorado. Só você sabe o que deseja para o seu
futuro. E seus anseios relativos a casamento fazem
parte desse plano. Se você almeja estudar em uma
faculdade e ter um emprego, seria bom que pensasse
em se casar após os vinte e quatro anos e, portanto,
não iniciar um namoro até próximo dessa fase. Se
acha que a faculdade não é para você e que vai estar
feliz exercendo um ofício mais simples, é viável
terminar o segundo grau aos dezoito anos e planejar o
casamento em seguida. Nesta situação, você poderia
começar a namorar um pouco antes — aos dezessete
ou dezoito anos.
O problema acontece quando adiamos o casamento
porque queremos cursar uma faculdade, mas não
estamos dispostos a tomar as decisões na nossa vida
(inclusive com relação ao namoro) que possam
proteger tanto nossos estudos quanto nossa relação. A
regra básica é: não namore muito tempo, pois os
riscos são grandes. Determine em que idade deseja se
casar e só se permita iniciar um namoro próximo
dessa fase.

Mas, se não conseguem controlar-se, devem


casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar
ardendo de desejo.
— 1 Coríntios 7:9

2. Não namore ninguém com quem você não gostaria


de se casar. Vamos falar sério aqui: “ficar” é errado.
Hebreus 11:25 afirma que o pecado é prazeroso
por um período, mas, no fim, leva à morte. O
prazer da atividade sexual — incluindo beijos e
abraços sensuais e romanticamente motivados —
tem o propósito de fortalecer o relacionamento
entre um homem e uma mulher. Daí o fato de que
essas atividades somente devem ser desfrutadas e
aproveitadas com a pessoa com quem temos um
compromisso. Quanto maior o compromisso,
maior o nível de aproximação sexual e romântica.
A aliança máxima entre um homem e uma
mulher é o casamento, por isso os atos sexuais
mais íntimos só devem ser compartilhados
debaixo da cobertura desse nível de compromisso.
Para falar claro, um beijo simples talvez possa ser
desfrutado dentro do namoro, porém nada além
do beijo e do simples abraço devem ser
experimentados até o casamento.
Imagine a confusão de hormônios que nosso
corpo e nossa mente enfrentam quando as
atividades que Deus projetou para fortalecer o
compromisso de vida (que terá uma duração de
cinquenta anos ou mais) são praticadas dentro de
um relacionamento que vai durar apenas algumas
horas, semanas ou meses. Pense desta forma. O
beijo e aqueles abraços demorados e gostosos
foram projetados por Deus. O objetivo divino era
proporcionar prazer aos cônjuges para que as
dificuldades de um relacionamento previsto para
ser duradouro pudessem ser superadas. Imagine o
que acontece quando usamos esses projetos de
Deus de forma equivocada! Em uma festa, por
exemplo, com um garoto que sabemos que não é
tão legal e com quem jamais teríamos um
relacionamento permanente. Sexo é algo
importante demais e tem consequências sérias
demais para ser desperdiçado e experimentado
fora de um compromisso tão definitivo quanto o
casamento.

Na realidade, quando jovens decidem “ficar”, eles


“calcificam” as emoções românticas em sua vida. Eles
barateiam e cauterizam todo o sentimento que foi
projetado por Deus para proteger a vida conjugal.
Assim sendo, ao assumirem o compromisso do
casamento, o poder desses sentimentos e prazeres será
radicalmente reduzido, o que aumentará as chances
de um divórcio.

Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não


vivam mais como os gentios, que vivem na
inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão
obscurecidos no entendimento e separados da vida
de Deus por causa da ignorância em que estão,
devido ao endurecimento do seu coração. Tendo
perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à
depravação, cometendo com avidez toda espécie
de impureza. Todavia, não foi isso que vocês
aprenderam de Cristo.
— Efésios 4:17-20
3. Nunca fique totalmente a sós com seu namorado ou
sua namorada. Quantos de vocês acham que Deus
está sempre ao nosso lado? Cremos que Deus está
em todo lugar, sempre presente, mas na realidade
dizemos isso somente da boca para fora. Se
realmente acreditássemos nisso, nunca
pecaríamos. Pecamos porque esquecemos que
Deus está até mais próximo do que o nosso
parceiro.
Certa vez, antes do culto em nossa igreja, vi dois
jovens membros em um abraço apaixonante. Eles
estavam se beijando com tanta paixão que estavam
até contribuindo para o aquecimento global!
Decidi fazer uma experiência. Obviamente, eles
estavam concentrados na sua atividade — de
olhos fechados — e por isso não perceberam
quando eu me aproximei e parei ao lado deles a
uma distância de alguns centímetros. Pode parecer
incrível, mas demorou quase vinte segundos até
que eles percebessem que eu estava ali. Assim que
me viram, imediatamente pararam,
envergonhados e ao mesmo tempo chocados de
que o pastor da igreja fizesse algo tão sem classe
quanto ficar observando o beijo deles a uma
distância tão curta. Fiquei feliz de que a reação
deles tenha sido de vergonha, pois deveria ter sido
mesmo!
Costumo dizer a todos os jovens de nossa igreja
que eles não deveriam fazer nada que não fizessem
na minha frente, tendo a mim como observador.
Parece radical? Bom, se você realmente crê que
Deus o está observando a toda hora, então deve
achar que isso é ainda mais inibidor do que ter seu
pastor observando-o. Sexo dentro do casamento é
particular, mas não é vergonhoso. Porém, qualquer
prática sexual fora do casamento o é.

A orientação para os nossos jovens se protegerem é a


de nunca ficarem completamente a sós com
namorados ou namoradas até o casamento. Vocês
podem ir ao cinema, sair para jantar, frequentar o
parque, a praia e tantos lugares diferentes, mas nunca
em um local onde outros não possam vê-los. Ou seja,
nunca vá à casa dela quando mais ninguém estiver lá.
Nunca estejam em um parque no meio da noite, com
ninguém por perto. Nunca se coloque em uma
situação de completa solidão com seu parceiro. Se o
fizer, garanto que, se você não tiver o dom do celibato,
não vai poder resistir ao pecado. Da primeira vez, você
pode até se justificar dizendo que nada demais
aconteceu, mas se continuar com esse padrão de
comportamento, certamente cairá e poderá prejudicar
seu futuro casamento.
Em outras palavras, “não dê sorte para o azar”! A
Bíblia não disse que deveríamos resistir à tentação,
mas que deveríamos fugir dela. Fugir da tentação não
é sinal de fraqueza, mas de sabedoria! Se for preciso,
fuja do seu namorado, fuja da sua namorada! Vocês
vão ficar sozinhos na casa de um dos dois, sem
ninguém presente, agarradinhos no sofá, e depois
dizer que “o diabo tentou vocês”. Não sejam “caras de
pau”. Você já deve ter maturidade suficiente para
saber o que acontece se der esse tipo de oportunidade
à sua carne. Não existe oração nem jejum que resista!
Ouvi uma história certa vez sobre um casal de jovens
portugueses que estavam namorando, a Maria e o
Joaquim. No fim do culto, o jovem levou a moça em
casa, de carro, mas parou alguns metros antes. Eles
ficaram no carro, conversando, e o clima começou a
esquentar.
Beijo pra lá, beijo pra cá, e às tantas Joaquim
perguntou:
— Maria, você não quer ir para o banco de trás? –
disse ele, visivelmente ansioso.
— Para o banco de trás? Não.
O namoro continuou; mais beijo, mais abraços e...
— Não quer mesmo ir para o banco de trás? –
Joaquim perguntou ainda com mais vontade.
— Não, não quero.
O pobre rapaz, já meio desnorteado, continuou a
beijá-la, até que...
— Tem certeza de que não quer ir para o banco de
trás? – suplicou.
— Mas que coisa! Já disse que não! Claro que não!
Desesperado, Joaquim perguntou:
— Mas por quê?
— Porque prefiro ficar aqui, perto de você, ora, pois!
Piadas à parte, isso é um exemplo do que pode
acontecer se vocês ficarem constantemente sozinhos.
A natureza quer seguir seu rumo “natural”, que é o da
relação sexual. Por isso, mais uma vez, fuja da
tentação, “ora, pois!”.
A Bíblia diz que há tempo para todas as coisas! Por
isso, aproveite sua fase de solteiro. Dedique-se a
conhecer a vontade de Deus para a sua vida, estude,
encontre uma profissão, faça amigos, saia com eles e
divirta-se. O casamento é um acontecimento
maravilhoso, mas traz rotinas e responsabilidades que
mudarão sua maneira de viver. Deus preparou o
tempo dos solteiros para ser um período de paz e
alegria, de preparação e amadurecimento. Não sofra
enquanto aguarda o tempo de conhecer a pessoa com
quem você se casará; antes, desfrute a vida de solteiro
que você tem hoje. E quando iniciar um namoro,
lembre: Não seja natural demais!
Que comunhão é a sua?

Se você já está namorando para se casar, será preciso


tomar uma decisão importante em relação ao
casamento. Você precisa definir como será a sua
comunhão.
Há alguns anos, a maioria das pessoas que se casava
adotava a comunhão total de bens. Ao longo do
tempo, e com o aumento do número de divórcios,
começaram também as batalhas legais, nas quais cada
um dos parceiros tenta projetar toda sua ira e
vingança contra o outro, exigindo o pagamento de
quantias absurdas de dinheiro. Assim, passou-se a
estabelecer a opção da separação de bens (ou seja,
tudo que é meu é meu, e tudo que é seu é seu) ou
separação parcial de bens (tudo que era meu ainda é
meu, e tudo que era seu ainda é seu, mas daqui para
frente tudo é nosso). A separação parcial de bens
parece muito lógica e se tornou o padrão utilizado em
muitos casamentos atuais.
Contudo, esse não é o projeto de Deus para o
casamento. Embora seja racional pensar sobre todos os
problemas que essa opção poderia evitar, é errado
entrar em um casamento com um “pé atrás”. Você
afirma que se entregará ao seu cônjuge para sempre,
mas o contrato de casamento diz que se não der certo,
não haverá problemas judiciais! Que tipo de
casamento é esse que aposta no fracasso? Se o marido
realmente está disposto a se entregar por sua esposa,
então tudo que ele tem antes do casamento pertence a
ela também. Imagine se nosso casamento com Jesus
fosse limitado àquilo que conquistássemos juntos!
Não teríamos acesso ao Pai, não teríamos as riquezas
de Cristo e a tantas outras bênçãos.
Recentemente, um dos jovens de nossa igreja, que
estava se preparando para o casamento, me perguntou
sobre esse assunto. Ele havia sido convencido pelo
funcionário do cartório a se casar pelo regime de
comunhão parcial de bens. Após nossa conversa, o
jovem decidiu mudar o regime do casamento, mas
descobriu que casamentos com comunhão total de
bens têm custas mais caras no cartório. É uma grande
pena que as leis do nosso país conduzam as pessoas a
se distanciarem do que é certo, porém, nós temos de
fazer o certo, não importa o custo.
Se você buscou em Deus, esperou e obedeceu, e hoje
está namorando para se casar, comece desde já a
compreender os “preços” a serem pagos para seguir as
instruções do Senhor para o casamento, mas também
creia que você colherá muitos frutos a partir da
obediência.

l
Capítulo 5

Sexo: Quero muito


e quero agora!

Q ual é o objetivo de sexo? Ele foi projetado por


Deus para uma razão: construir laços de
intimidade que nenhuma outra atividade humana
consegue construir. Imagine se você começar a
construir esses laços com pessoas com as quais você
acabará não se casando? Qual será o resultado? No
mínimo uma intimidade dividida, lembranças que
em vez de fortalecerem seu casamento irão apenas
enfraquecê-lo.
Quero lhe dar uma imagem para ajudá-lo a
visualizar o que estou dizendo. Vamos fazer uma
experiência? Pegue um pedaço de cartolina branca e
vários pedaços de papel colorido. A cartolina
representa você, e os papéis coloridos representam os
relacionamentos que você já teve. Cole os papéis na
cartolina com cola e depois tente tirá-los. O que
aconteceu? Eles rasgaram, não é mesmo? Você não
conseguiu retirá-los por completo da cartolina e pode
ver nela os diferentes pedacinhos coloridos dos papéis.
É isso que acontece quando você se relaciona
sexualmente com uma pessoa. O sexo é a maior união
entre duas pessoas. Vocês se “colam”, unem sua alma e
seu corpo como em um casamento, e não há como
evitar guardar parte do outro com você quando esse
relacionamento termina. Não vale a pena correr esse
risco. Guarde-se para chegar totalmente “limpo” ao
seu casamento, sem qualquer marca ou mancha que
possa prejudicar o maravilhoso momento de
compartilhar todas as coisas com quem estará ao seu
lado para sempre: sua vida, seu corpo e seus
sentimentos.
Como você provavelmente já descobriu, o sexo é
altamente atraente. Por isso as pressões naturais estão
sempre nos empurrando para a união com alguém do
sexo oposto. O problema é que muitos jovens cristão
dizem: “Eu sei que o amo”, “Eu sei que vou me casar
com ela”, “Qual é o problema se vamos estar casados
em breve?”. A realidade é que em quase todo namoro
evangélico, os jovens acreditam que irão se casar. Mas
você e eu sabemos que isso muitas vezes não acontece.
Por isso, seja firme e proteja tudo que Deus deseja
fazer por meio da sua vida se abstendo do sexo até o
casamento. Lembre que você é quem governa suas
ações, não seu namorado ou sua namorada. Você é
quem decide o que irá ou não irá fazer. Se seu
namorado ou sua namorada pressioná-lo a fazer algo
que é diretamente contra a vontade de Deus,
certamente não é um bom sinal para o futuro
casamento.
E para você que já teve uma vida sexual ativa e ainda
não se casou, meu conselho é este: Você precisa se
arrepender por ter pecado contra o próprio corpo e se
arrepender por ter roubado algo do seu futuro
cônjuge. Sei que essa frase é dura, mas sem
arrependimento, diminuímos o entendimento que
devemos ter da gravidade das nossas ações.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e


justo para perdoar os nossos pecados e nos
purificar de toda injustiça (...) Meus filhinhos,
escrevo-lhes estas coisas para que vocês não
pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um
intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.
1 João 1:9; 2:1

O sexo talvez seja a área do casamento que reúne o


maior número de falsas expectativas. Isso é verdadeiro
tanto para jovens que já tiveram uma vida sexual ativa
quanto para jovens virgens. Jovens que já tiveram
relações sexuais antes do casamento têm a expectativa
de que, assim como antes, o sexo dentro do
casamento será envolto por uma sensação misteriosa e
excitante, similar ao que se sente quando se faz algo
que você sabe que não é correto — quando encorajam
sua namorada ou namorado a participar de algo que
ambos querem, mas que, ao mesmo tempo, sabem
que não devem fazer. A sensação de pecar pode ser
profundamente agradável, mas ainda assim é pecado.
Obviamente, dentro do casamento, o sexo não é
pecado. O perigo é se você já vinculou o sentimento
prazeroso do pecado ao sexo, pois sua expectativa será
pervertida e nunca será realizada. Sexo após o
casamento é totalmente diferente de sexo antes do
casamento.
Ao mesmo tempo, jovens que nunca tiveram
relações sexuais chegam ao casamento com uma
expectativa romântica. Geralmente essa expectativa
está muito mais fundamentada no mistério e no
medo do que na liberdade que há para o sexo dentro
do casamento. Conheço vários casais que mesmo após
o casamento não conseguiram ter relações sexuais por
dez meses ou mais. Isso é uma grande tristeza, e em
nome de Jesus não irá acontecer no seu casamento.
Deus sempre quis que o sexo fosse a expressão
máxima de comunicação e intimidade entre o casal. A
primeira forma de comunicação criada foi o diálogo
entre Deus e o homem, a partir do qual a intimidade
com Deus pode existir. E a segunda forma de
comunicação foi a que existe entre os humanos, da
qual a forma mais íntima é o sexo.
Meu conselho para os casais virgens é que eles façam
um trato: “Nós vamos fazer sexo por completo na
nossa noite de núpcias. Será maravilhoso e nada vai
nos impedir de desfrutar esse presente. É muito
importante que isso aconteça, a fim de não permitir
um precedente na primeira noite que permita adiar o
que Deus estabeleceu para vocês. Desfrutem o sexo
com liberdade, mas só depois do casamento.
l
Conclusão

T ermino este livro falando sobre aquilo que talvez


mais estimule a mente dos jovens em relação ao
casamento: o sexo. Contudo, espero que após ler estas
páginas você perceba a importância de buscar a
direção de Deus para a escolha da pessoa que estará ao
seu lado por toda a vida, e que cumprirá o propósito
de Deus ao seu lado. O sexo e todas as outras bênçãos
do casamento são um complemento do bem que
sentimos quando temos a certeza de que nosso
casamento serve a um propósito muito maior: refletir
a imagem e a glória de Deus enquanto estamos aqui
na terra. Deus é o maior interessado em que você
tenha um namoro maravilhoso e um casamento de
sucesso. Por isso, ore e obedeça, e creia no melhor de
Deus para você.

É o que deseja seu amigo, Philip Murdoch. J


O Pastor Philip Murdoch e sua esposa
Renée estão casados desde 1994 e têm
quatro filhos, Julia, Micah, Caroline e
Ethan. Pastoreiam a Igreja Luz às Nações,
no Rio de Janeiro e em Niterói, e lideram
um movimento interdenominacional de
implantação de igrejas através do Brasil
com mais de 420 igrejas fundadas desde o
ano de 2000. Philip é Engenheiro Civil e
trabalhou por vários anos como Diretor
Financeiro e 'Chief of Staff ' da Bethany
World Prayer Center com o Pastor Larry
Stockstill, uma das maiores igrejas em
células dos Estados Unidos

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