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Colabor@ - Revista Digital da CVA - Ricesu, ISSN 1519-8529

Volume 7, Número 27, Fevereiro de 2012

O USO DO CELULAR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA CONSTRUÇÃO DE


UM DOCUMENTÁRIO INTITULADO: FALA SÉRIO!

Caroline Deprá Vivian1


Evaldo Luis Pauly2

RESUMO

Este artigo apresenta uma observação descritiva acerca de uma experiência didática baseada
na ação dos alunos da disciplina Ensino Religioso que resultou na construção do
documentário “Fala Sério!”. Este documentário foi produzido através do uso de seus
aparelhos celulares, vistos aqui como uma ferramenta pedagógica.

Palavras-chave: Ensino Religioso; uso didático do celular, produção de vídeo na escola.

THE USE OF THE CELLULAR TELEPHONE AS A TEACHING RESOURCE IN


THE CONSTRUCTION OF A DOCUMENTARY FILM ENTITLED: SPEAK
SERIOUS!

ABSTRACT

This article presents a descriptive observation about a teaching experience based on the action
of the students of a Religious Education class. The observation resulted in the production of
the documentary entitled "Fala Sério!" This documentary was produced using their cell
phones, considered here as learning tools.

Keywords: Religious Education; teaching use of cell phones; production of videos at school.

1. INTRODUÇÃO

O artigo apresenta e analisa um exemplo de prática pedagógica auxiliada por recursos


midiáticos dando ênfase ao aparelho celular, um equipamento que tem evoluído de forma
muitas vezes assustadora, gerando polêmicas, restrições e até proibições para o seu uso nos
espaços escolares. Este trabalho busca desmistificar o alegado prejuízo dos celulares para o
desenvolvimento das aulas. A pesquisa surgiu da ideia de criação de um documentário todo
filmado através do uso destes aparelhos, que teve por objetivo mostrar a visão dos
adolescentes das séries finais (7ª e 8ª séries) do ensino fundamental da Escola Municipal
Professora Odette Yolanda Oliveira Freitas, localizada nos “fundos” do bairro Mathias Velho
em Canoas/RS. O bairro Mathias Velho é considerado como a região mais populosa do

1
Graduada em Educação Física - Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Santa Maria (2003).
Especialista em “Projetos Sociais e Culturais - Políticas Sociais e Escola Aberta”, pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (2008) e em “Ação Educativa no Ensino Fundamental” do Centro Universitário La Salle –
UNILASALLE (2012), do qual este artigo é parte da monografia de conclusão. É professora da rede municipal
de ensino de Canoas/RS. Email: carolvivian@bol.com.br
2
Professor do curso de Pedagogia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Educação do
UNILASALLE - Canoas/RS. É pesquisador do CNPq. Email: evaldo@unilasalle.edu.br
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município de Canoas com 48.806 habitantes3, sendo que grande parte de sua população é
formada por pessoas provenientes de outras cidades, que migraram para a Região
Metropolitana de Porto Alegre em busca de melhores oportunidades de emprego.
Por se tratar de um bairro que oferece fácil acesso à capital do Estado, Mathias Velho
torna-se muito atraente, pois além desta proximidade, oferece toda a infraestrutura necessária
tal como lojas, HPS, centro comunitário, mercados, praças, e principalmente aluguéis bem
mais atraentes que em vários outros pontos do município. Esses fatores produzem a maior
densidade demográfica dos bairros da cidade, atingindo 8.120,80 hab/km². Porém todo esse
“movimento” traz também seus inconvenientes como a violência, sendo considerado um dos
bairros mais violentos do estado. Todas estas características acabam influenciando na cultura
da comunidade local.
O documentário permeia parte das percepções dos alunos sobre a escola e seu entorno
social e foi todo filmado e editado dentro da escola durante o último trimestre do ano letivo de
2011 nas aulas semanais de Ensino Religioso, que tinham 45minutos de duração, no turno
vespertino e consistiu na coleta de material (filmagens dos espaços e depoimentos), seleção
das filmagens, edição das mesmas separando-as por temas. O trabalho foi organizado pelos
estudantes em três atividades principais. Num primeiro momento, os estudantes fizeram uma
apresentação da escola, para, no segundo momento, realizar entrevistas e coletar depoimentos.
Finalmente, no terceiro momento, realizaram uma coletânea de imagens a partir da análise
que fizeram dos dois momentos anteriores. De modo, os alunos produziram o documentário
intitulado “Fala Sério”!.4
O objetivo pedagógico das atividades realizadas visava à construção conjunta de
conhecimentos, trocando experiências, ouvindo uns aos outros, compartilhando ideias,
mostrando as diversas percepções de mundo existentes no grupo de alunos da disciplina
Ensino Religioso, expandindo suas próprias visões. Desse modo pretendia-se buscar o
desenvolvimento de pessoas mais livres, autônomas e enfim, educar com liberdade.
O documentário teve como objetivo expressar a visão dos adolescentes sobre diversos
temas sociais dando ênfase à escola. Além de os alunos utilizarem os seus próprios celulares,
também foram utilizados os computadores do Laboratório de Informática da Escola, um
notebook e uma máquina fotográfica da docente para registrar algumas imagens durante a
elaboração do vídeo. As imagens foram coletadas durante o último semestre de 2011. O
trabalho basicamente consistia na tríade: coletar, analisar e editar os vídeos agrupando-os em
diferentes temas e moldando o documentário. Cada passo na elaboração deste documentário
permitiu a construção de conhecimento, pois aprendemos ao interagirmos com os outros,
revelando e ampliando nossas percepções.
Em meio a todas as mudanças tecnológicas recorrentes na sociedade atual, a
disseminação e o uso cada vez mais disseminado do celular por crianças e adolescentes tem
sido motivo para polêmicas nas escolas que vão desde simples questões que transgridem as
convenções e a etiqueta escolar convencional até problemas mais complexos como a prática
de atos infracionais como é o caso da invasão de privacidade; Na escola parece que a
tecnologia deste simples aparelho assusta a muita gente.

3
Informações do Instituto Canoas XXI autarquia da Prefeitura Municipal de Canoas/RS, com base no Censo do
IBGE 2010. Disponível em:
http://www.canoas.rs.gov.br/uploads/paginadinamica/15857/Canoas_em_Dados2012.pdf
4
Todos os alunos e alunas entrevistados receberam autorização escrita dos responsáveis para o uso da imagem e
som. As autorizações estão arquivadas com a primeira autora do artigo. (?Termo de consentimento livre e
esclarecido ou apenas autorização para uso de imagem? Apenas os alunos das turmas participaram das
filmagens? Rever redação da primeira frase para deixar claro que os alunos entregaram à pesquisadora o termo,
conforme indica a segunda frase)
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Aparelhos que são verdadeiros computadores portáteis ligados e interligados na


internet, que filmam, tiram fotos, produzem montagens, gravam o áudio que o seu usuário
desejar. Os aparelhos constantemente são equipados com uma imensidão de utensílios
criativos que, se mal utilizados, podem, como qualquer outro recurso tecnológico, causar
danos. Essa realidade é tão intensa que motivou o, então, deputado federal Pompeu de Mattos
(PDT-RS), a propor o projeto de lei 2246/20075, ora, tramitando na Câmara dos Deputados. A
sua aprovação poderá vetar o uso do aparelho celular não só pelos alunos, mas por todas as
pessoas que atuam dentro das escolas. Em sua justificativa, o referido deputado alega:

Segundo professores é constante a troca de “torpedos” entre alunos dentro da sala de


aula e também para amigos de outra sala. Muitos deixam o celular no modo
silencioso e às vezes não resistem quando recebe uma ligação atendem sussurrando
em voz baixa. Outros relatos indicam que muitos utilizam o telefone para jogar, já
que praticamente todos os modelos trazem opções de vários “games”. Há relatos de
estudantes que usa o celular para colar nas provas, através de mensagens de texto e
também armazenando a matéria no próprio aparelho.
Outro ponto que tira o foco principal que é o aprendizado dos alunos é o
exibicionismo, cada dia um aluno surge com um modelo novo dotado de novas
tecnologias, o celular é considerado um objeto de status entre eles (2007, p. 2-3).

Vários estados brasileiros já estabeleceram legalmente a proibição do uso de celulares


pelos estudantes nas escolas. O primeiro foi São Paulo.6 Outros estados da federação também
proíbem o uso de celulares nas salas de aula: Rio de Janeiro7, Ceará8, Brasília, Santa
Catarina9, Mato Grosso do Sul10, Rondônia11 entre outros. O acúmulo desse tipo de legislação
proibitiva no país parece indicar que exista um consenso entre os educadores de que o uso do
celular em sala de aula pode causar a distração do aluno, afetar o rendimento escolar das
crianças e atrapalhar a didática dos professores.
Embora muitos estados e municípios já tenham aprovado leis proibindo o uso do
celular na escola, existem várias correntes pedagógicas que defendem o uso do celular como
mais um recurso pedagógico tecnológico, e os alunos continuam utilizá-lo sempre que
encontram uma oportunidade, segundo Tedesco, a incorporação das novas tecnologias à
educação deveria ser considerada como parte de uma estratégia global de política educativa,
portanto, de

uma perspectiva mais pedagógica, a centralidade do conhecimento também inspirou


inicialmente algumas posturas otimistas sobre o futuro da sociedade, já que a idéia
segundo a qual o desenvolvimento cognitivo tem alguma influência nas condutas e
no comportamento das pessoas esteve sempre na base das propostas de mudança
social. Ensinar a pensar bem, a pensar melhor, estava associado geralmente à idéia

5
O teor do projeto e o processo de tramitação legislativo podem ser consultados em
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=372564, acesso em 21/08/2012.
6
Lei nº 12.730, de 11 de outubro de 2007, disponível em
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2007/lei%20n.12.730,%20de%2011.10.2007.htm
7
Lei nº 5453, de 26 de maio de 2009, disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/69d90307244602bb032567e800668618/98c0ae15f7f1a1e6832575c3005
abe88?OpenDocument
8
Lei 14.146 de 30 de junho de 2008, disponível em
http://www2.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2008/14146.htm
9
Lei nº 14.363 de janeiro de 2008 disponível em
http://www.tjsc.jus.br/infjuv/documentos/legislacao/lei_14363_25-01-08%5B1%5D.pdf
10
Lei nº 4.112, de 17 de novembro de 2011, disponível em:
http://ww1.imprensaoficial.ms.gov.br/pdf/DO8070_18_11_2011.pdf
11
Lei nº 1.989 27/11/2008 disponível em http://escolaclodoaldo.blogspot.com.br/2010/03/estado-de-rondonia-
proibe-uso-de.html
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de formar um ser mais “humano”. As últimas versões deste enfoque provêm de


pensadores vinculados ao desenvolvimento de enfoques interdisciplinares que
permitam compreender adequadamente a complexidade dos fenômenos. O suposto
básico deste enfoque é que as pessoas capazes de compreender a complexidade
atuariam de maneira mais responsável e consciente. (TEDESCO, 2004, p. 2)

Apesar dessa polêmica, é inegável que o uso dos aparelhos celulares hoje é um recurso
riquíssimo de informação e mídia que, se bem utilizados no contexto escolar, tornam-se um
grande aliado para desenvolver práticas educativas mais atualizadas. Afinal,

sempre foi muito comum a falta de recursos tecnológicos nas escolas,


principalmente nas escolas públicas. Com o telefone celular passamos a ter muitos
desses recursos disponíveis não apenas pela escola, mas também pelos alunos! Isso
deveria ser comemorado, mesmo que não concordemos que os alunos prefiram
ganhar celulares dos seus pais do que enciclopédias, pois com os celulares eles
também ganham diversas possibilidades de aprendizagem que antes não tinham
porque a própria escola não dispunha desses recursos. Isso é fascinante, não é?
(ANTONIO, 2010, s.p.)

2. O USO DAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

Recentemente a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura - UNESCO, no início de 2013, publicou um guia com 10 recomendações para
incentivar os governos nacionais a implementarem políticas públicas educacionais que
valorizem a utilização de celulares como um recurso nas salas de aula. O guia foi apresentado
na Segunda Semana UNESCO “Mobile Learning” (MLW) realizada entre 18 e 22 de
fevereiro de 2013 na sede da organização em Paris12. Um site de notícias da Educação13
traduziu os 13 bons motivos para o uso do celular em sala de aula do seguinte modo:
10 recomendações aos governos:
- Criar ou atualizar políticas ligadas ao aprendizado móvel
- Conscientizar sobre sua importância
- Expandir e melhorar opções de conexão
- Ter acesso igualitário
- Garantir equidade de gênero
- Criar e otimizar conteúdo educacional
- Treinar professores
- Capacitar educadores usando tecnologias móveis
- Promover o uso seguro, saudável e responsável de tecnologias móveis
- Usar tecnologia para melhorar a comunicação e a gestão educacional

13 motivos para tornar o celular ferramenta pedagógica:


- Amplia o alcance e a equidade em educação
- Melhora a educação em áreas de conflito ou que sofreram desastres naturais
- Assiste alunos com deficiência
- Otimiza o tempo na sala de aula
- Permite que se aprenda em qualquer hora e lugar
- Constrói novas comunidades de aprendizado
- Dá suporte a aprendizagem in loco
- Aproxima o aprendizado formal do informal
- Provê avaliação e feedback imediatos

12
Veja o site do evento em http://www.unesco.org/new/en/unesco/themes/icts/m4ed/unesco-mobile-learning-
week/
13
Veja essa notícia em http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-03-03/unesco-recomenda-o-uso-de-
celulares-como-ferramenta-de-aprendizado.html.
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- Facilita o aprendizado personalizado


- Melhora a aprendizagem contínua
- Melhora a comunicação
- Maximiza a relação custo-benefício da educação

A notícia traduziu parte do índice do livro editado por KRAUT (2013) para a
UNESCO. O Guia desenvolve cada das 10 recomendações e cada um dos 13 motivos acima
apontados. Este posicionamento pedagógico da UNESCO é uma contribuição para que a
escola e a política educacional superem os problemas que vem encontrando para acompanhar
o desafio de ensinar através do uso das tecnologias. Tecnologias estas que requerem um
“novo profissional”, um professor que domine estes recursos disponibilizados da nova
comunicação, pois segundo Silva:

de mero transmissor de saberes, o professor deverá converter-se em formulador de


problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho,
sistematizador de experiências, tornar-se memória viva de uma educação que, em
lugar de aferrar-se ao passado (transmissor), valoriza e possibilita o diálogo entre
culturas e gerações. (2002, p. 70)

Para Pretto (1999), vivemos em uma sociedade chamada de comunicação generalizada


ou rede. E esta sociedade dá origem a alunos sedentos pela inclusão destas mídias na escola.
Nossos alunos são os chamados nativos digitais porque nasceram e cresceram com uso de
inúmeras tecnologias, como videogames, Internet, telefone celular, MP3, iPod, etc. Estes
aprendizes de um novo milênio exigem professores cada vez mais articulados e atualizados,
para Rörig e Backes

O professor também necessita de atualização permanente, buscar sempre


informações, saber o que está acontecendo, estar consciente da relação entre os
diferentes saberes. Saber somente sobre a sua área de atuação não é mais suficiente
para atender as necessidades dos alunos. Isto não quer dizer que o professor precise
saber tudo, mas sim, saber o que o aluno quer conhecer. O processo educativo
precisa estar vinculado ao contexto social, em que o sujeito - aluno - está inserido.
Isso irá implicar em conhecer e usar instrumentação eletrônica, bem como outros
recursos pedagógicos. (s.d., p. 3)

Desta forma, o uso das tecnologias constrói conhecimento através da troca de


experiências, dos aprendizados e do acesso mais amplo às informações disponibilizadas.
Propiciando ao docente a oportunidade de realizar seu trabalho pedagógico de uma forma
mais atualizada, no entanto, parece que essa oportunidade tem se tornado mais um tema que
gera muitas discussões entre professores. São diversas as justificativas para não se trabalhar
com os recursos digitais, entre eles a falta de tempo para uma atualização, o espaço precário
nas instituições de ensino destinadas a estas práticas, ferramentas ultrapassadas ou que não
funcionam como deveriam, medo de estragar os equipamentos, entre outras desculpas. Estes
empecilhos muitas vezes, então, dão origem a profissionais que embora tenham acesso aos
novos recursos, terminam por executar as atividades da mesma forma como sempre as
realizaram.
Em contraposição a esta situação, estes profissionais tem no seu dia a dia escolar os
novos nativos digitais, educandos que desde a mais tenra idade já estão habituados a todos os
meios tecnológicos possíveis, a figura acima demonstra bem este paradoxo. Para Brito,
Moreira e Schneider

Para atender a essa nova demanda social, as transformações acontecem dentro do


cenário educacional e dependendo da forma como elas aparecem, podem ser
impostas ou naturalmente aceitas. Acredita-se que, quando impostas é mais difícil
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fazer parte da prática do docente de forma clara e consciente, porém, quando essas
mudanças são estudadas e efetivamente compreendidas como algo necessário para
uma nova realidade, professores, alunos e escola podem interagir de forma bem
estruturada no processo de ensino e aprendizagem. (2007, p. 3)

3. A EXPERIÊNCIA DE USO PEDAGÓGICO DO APARELHO CELULAR

A proposta surgiu quando um aluno filmava a aula da disciplina Ensino Religioso com
seu aparelho celular de forma “escondida”. A percepção pela docente do que estava
acontecendo, despertou a ideia de utilizar o aparelho celular como um aliado, a docente
lançou ao grupo a ideia de fazerem um documentário utilizando filmagens do cotidiano da
sala de aula, gravando depoimentos dos adolescentes com suas opiniões. A turma da oitava
série ficou muito empolgada, e resolveu debater como realizaria a ideia convidando as outras
duas turmas da mesma disciplina, uma sétima e outra oitava, para participarem.
Os alunos dividiram-se em grupos de 6 alunos. Assim estes poderiam assumir funções
diversas, aqueles alunos que não gostariam que sua imagem aparecesse no filme poderiam
desempenhar outros papéis tais como elaborar as questões ou filmar. Do mesmo modo
também puderam optar pelo uso dos celulares equipados com uma boa filmadora.
O trabalho evoluiu da seguinte forma, os grupos formulavam questões referentes aos
conteúdos debatidos nos dois trimestres anteriores na disciplina e as repassavam para um
componente de outro grupo filmando a entrevista, desta forma todos participavam e davam
suas opiniões.
Esta parte do processo foi relativamente lenta, pois os alunos demonstraram muita
dificuldade para se organizarem e tomarem decisões sem interferência direta da professora, o
que de certa forma mostra o quanto estão acostumados a receber tudo pronto ou pré-moldado.
Apesar de os jovens clamarem por liberdade durante as aulas, quando se deparam com a
oportunidade de usufruí-la, muitas vezes, não sabiam como agir.
No segundo momento passavam estas gravações para um notebook, onde eram
realizadas as edições através do programa Moviemaker. Esta fase do trabalho já foi bem mais
tranquila porque a grande maioria dos alunos domina com tranquilidade o acesso às
tecnologias. Após algumas aulas nesta rotina de trabalho foram surgindo novas ideias sobre
como pretendiam ou poderiam filmar os espaços escolares, o seu próprio cotidiano na escola,
os problemas que eles viam na instituição de ensino, suas concepções e críticas. Desta forma o
trabalho foi amadurecendo e evoluindo.
O vídeo começa com a narrativa do grupo A que apresenta o espaço escolar
percorrendo vários ambientes da escola, mostrando o espaço físico da mesma e tecendo
opiniões acerca destes, como podemos constatar nas falas iniciais:

Essa daqui é a nossa escola, ela até que está bem conservada, um pouco, não muito -
Aluna grupo A
Aqui é o banheiro das gurias, até que é bem conservado, não tem rabiscos - Aluna
grupo A
Aqui é o banheiro das gurias, até que é bem conservado, não tem rabiscos - Aluna
grupo A

Na construção desta etapa do vídeo, foi decidido que se poderia inserir nos espaços
descritos pelo grupo A, as imagens realizadas por outros grupos, como por exemplo: ao citar o
problema da saída dos alunos ao descerem as escadas, intercalou-se um vídeo produzido pelo
grupo F, mostrando essa ação.
O trabalho foi ganhando corpo, com a ideia de trabalhar de forma mais espontânea, os
grupos vão se organizando melhor e trazendo suas ideias, se expondo mais, participando e, ao
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mesmo tempo, criando um sentimento de criação coletiva, visualizando esta primeira parte do
trabalho os alunos foram percebendo a importância das suas opiniões, críticas e atitudes
perante o projeto do grupo.
O grupo A realizou, no refeitório, diversas observações sobre o estado dos bancos
destacando os remendos realizados nos mesmos com fita adesiva e, ao mesmo tempo de
forma positiva, relatou que a merenda, em sua opinião, seria muito boa e feita com muito
carinho. Neste ponto do vídeo os alunos do grupo D reuniram depoimentos falando sobre a
qualidade da merenda escolar. Estas intercalações de vídeos ficaram muito interessantes.
Seguindo esses depoimentos os alunos do grupo G, produziram um depoimento contando
sobre seu próprio comportamento no refeitório.
Em outro vídeo os alunos do grupo H, mostram o recreio, criticam a fila da merenda, o
fato de o recreio ser misto entre alunos pequenos com alunos grandes entre outros aspectos
que eles consideram relevantes.
O grupo A mostra as salas de aula, apresentando a sua sala e falando da sua
conservação, de como eles auxiliam na limpeza e organização da sala através de uma escala
de ajudantes do dia, descrevem a manutenção, as cortinas novas, porém, ao mesmo tempo, em
que a elogiam, criticam a superlotação e a falta de espaço na sala.

Aqui na 7ª série tem muitos alunos, daí, às vezes, no começo do ano, a gente teve
que ficar bem apertadinho, agora já não está tanto, mas era melhor a gente ter uma
sala maior. - Aluna Grupo A

Este mesmo grupo mostra todo o espaço dos corredores e, ao mesmo tempo, denuncia
um problema social do Bairro: eles filmam o lixo que a população deposita nas calçadas ao
lado do muro da escola. Este é um problema praticamente cultural, existem vários depósitos
de lixos irregulares no bairro, as meninas salientam que não conseguem caminhar pela
calçada, pois o acúmulo de lixo as obriga a andarem pelo meio da rua para chegar à escola.
Também enfatizam o mau cheiro que penetra nas salas de aula prejudicando a aprendizagem e
a saúde dos alunos. Finalmente, o grupo insere no vídeo um apelo à comunidade para que
cada um cuide de seu lixo.
Esse paradoxo reflete o trabalho que a escola desenvolve com a busca pela
conscientização da educação ambiental, dando ênfase à coleta seletiva, pois os alunos também
mostram as lixeiras seletivas espalhadas por toda a escola e estão sempre destacando a
limpeza da escola. Uma luta diária com o intuito de formar essa consciência, tão ausente na
cultura da comunidade em que esses jovens estão inseridos.
O grupo D mostra o espaço da biblioteca e onde também se guardavam parte dos
materiais do programa Mais Educação. Por sua vez, o grupo A também filma o espaço,
acrescentando que os alunos gostam de ler bastante. Logo em seguida o grupo D apresenta o
laboratório de ciências, filmando todo o espaço. Neste mesmo espaço um aluno do grupo C,
afirma que o laboratório vem sendo utilizado como sala de aula, denunciando as condições
nas quais estes estudantes frequentam diariamente esta sala tendo que se expor ao cheiro forte
de formol. O vídeo destaca também as mesas inadequadas. Em seguida as alunas do grupo B
falam sobre a construção das salas para contemplar as oficinas do projeto “Mais Educação”,
mais uma vez os adolescentes criticam os transtornos e os atrasos na construção das salas,
porém o grupo E também tece alguns elogios ao resultado das salas e salientam a construção
de rampas nas mesmas.
Logo após a apresentação dos espaços da escola e o vídeo segue com a segunda etapa:
os depoimentos. Esta etapa do documentário foi dividida por temas, previamente debatidos no
decorrer do primeiro e do segundo trimestres nas aulas de Ensino Religioso e trata da visão
subjetiva de alguns alunos sobre determinados assuntos que seguem a sequência. O tema
“Família e Religião” apresenta-se de forma bem interessante, pois os depoimentos se mesclam
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entre opiniões de como são suas famílias e de como são, em geral, as famílias ou sobre como
deveriam ser na visão subjetiva do adolescente que presta o depoimento.
Pode-se observar a maturidade do grupo quando os alunos se esforçam para
compreender a ausência dos pais em função da necessidade do trabalho para o sustento e, ao
mesmo tempo, em que percebem uma carência afetiva e um desejo de passar mais tempo com
os mesmos. Muitos nem quiseram dar depoimentos que falassem sobre suas famílias o que foi
respeitado por todos, outros relataram em seus depoimentos quantas pessoas moram em sua
casa, as dificuldades que enfrentam como nos casos de doença na família entre outros.
Já no tema religião cada aluno procurou falar da sua opção, alguns justificaram sua
crença e outros sobre sua falta de crença religiosa. Alguns também procuraram teorizar sobre
como deveriam ser as religiões. Na escola há um número considerável de seguidores de
diversas igrejas evangélicas. Em função dessa particularidade religiosa, a gestão da escola,
considerando que algumas destas igrejas freqüentadas por estas crianças proíbem o uso de
calças pelas meninas, autorizou a transformação da calça do uniforme em saia como relata
uma aluna:

Aqui na escola nós tivemos essa oportunidade, todas as meninas religiosas não
tiveram que abrir mão do seu costume para transformar o uniforme em um jeito de
não ser indecente, a saia do uniforme ficou bem bonita! - Aluna grupo B

Em outro relato a mesma aluna explica sua opção religiosa. Outro aluno inicia seu
depoimento falando “Para mim religião é um modo de vida” e faz críticas sobre as pessoas
que entregam para suas igrejas coisas materiais como carro, salário, como prova de fé e
acreditando em recompensas por isso e termina seu relato falando que cada um tem a religião
que quiser. Há também aqueles que se dizem ateus e aqueles que estão indecisos entre as
crenças dos seus pais. Em um de seus depoimentos, uma das meninas diz “eu sou um pouco
católica, um pouco da umbanda, não decidi bem ainda”.
O tema seguinte foi o aborto, tema que gerou muito conflito e discussão quando
debatido em sala de aula, porém, apesar de algumas controvérsias, em relação ao aborto, nos
depoimentos todos parecem concordar que são contra, porém a favor em caso de estupros,
como prevê a legislação brasileira que, provavelmente, desconheçam. Em todo o caso, esse
posicionamento evidencia o repúdio do grupo em relação à violência sexual.
Na sequência vieram os depoimentos sobre violência, nos quais descreveram onde
eles falaram sobre vários tipos de violência, tais como contra crianças, mulheres, violência
escolar, entre outras. Embora os alunos falem em seus depoimentos que são contra a
violência, suas atitudes muitas vezes são violentas, até nas próprias “brincadeiras” que
praticam entre eles.
Em um depoimento o aluno relata que não pratica muito, o mais interessante é que
enquanto este realizava seu depoimento outro aluno se aproxima e sem perceber que estava
sendo filmado aplica um golpe de luta, a “voadora”, no colega que estava dando o
depoimento. Após esse fato, indaguei-lhe exigindo uma explicação sobre as razões para
aquela sua atitude e ele respondeu que estava apenas de “frescura” com o colega e que eles
costumam brincar assim. Outro aluno fala:

As pessoas são muito irritadas, qualquer coisa, já partem para violência. Outra coisa
que eu não gosto é de homem que bate em mulher, homem que bate em mulher não
é homem. - Aluno grupo H

A violência parece estar intimamente ligada com a cultura atual da nossa sociedade.
Fazendo com que alguns atos violentos pareçam naturais e aceitáveis. Um aluno do grupo G,
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fala da segurança da escola colocando que, às vezes, aparece alguém armado, mas que nunca
deu morte na escola.
O uso do uniforme14, sem dúvida, é um assunto que tem a preferência dos
adolescentes, pois parece unânime o desejo de afirmarem do seu desagrado quanto ao uso
obrigatório do mesmo. Como podemos constatar nos depoimentos a seguir:

Eu acho bom pra comunidade, mas, na minha opinião, eu não gosto. - Aluna do
grupo E
Foi uma coisa que o prefeito inventou pra querer comprar os pais junto com o
material escolar. - Aluna grupo F
O uniforme é praticamente a pior coisa que esse colégio já deu. O colégio era ótimo
daí veio esses uniformes e só está dando dor de cabeça pra todos. -Aluna grupo F
Ninguém quer usar uniforme, mas pros favelado é o mais sereno que tem, mas pra
gente que tem os pano da hora, nós não podemos usar os panos da hora, na moral eu
só venho pra me exibir na escola, fora isso o uniforme é sereno também. - Aluno
grupo G

Alguns são menos críticos e mais positivos:


Eu acho que ajuda a economizar roupas e não tem aquela coisa: Olha o fulano com
aquela calça. - Aluno do grupo D
Eu acho regular tem coisas ruins e boas, no verão é muito quente, mas não tem
discriminação. - Aluna grupo B

A grande maioria dos alunos parece perceber que a comunidade carente necessita dos
uniformes, mas nenhum dos que participaram da produção do vídeo e manifestaram essa
opinião vê a si mesmo como parte desta comunidade. As poucas falas aqui registradas podem
indicar que uma parcela dos alunos que critica o uso obrigatório do uniforme se fundamenta
no fato de que não se vêem a si mesmos como pessoas carentes. Provavelmente, com exceção
do argumento que se refere aos outros como sendo carentes, os adolescentes que estudam em
escolas privadas da cidade que adotam a obrigatoriedade dos uniformes, talvez revelassem
opiniões semelhantes àquelas que aqui foram registradas.
A adoção obrigatória dos uniformes e a sua distribuição pela Secretaria de Educação
foi uma das iniciativas de maior repercussão no campo das políticas educacionais do
município, tendo mobilizado toda a comunidade escolar. Conforme a Prefeitura Municipal de
Canoas:

Em 2009, mais de 29 mil pessoas da comunidade escolar participaram de um


processo inédito no município de Canoas. De forma democrática, pais e alunos
escolheram os uniformes através do voto eletrônico. Em 2010 e 2011, foram mais de
107 mil unidades entregues aos estudantes das escolas municipais. No próximo ano,
além de calças, corsários, bermudas, short-saias, camisetas e jaquetas, passam a
receber mais uma peça no kit de inverno: a japona para enfrentar o frio.
Gratuitamente, os alunos do município vão a escola vestidos da mesma forma, o que
significa igualdade e segurança no cotidiano escolar. Além da vestimenta, a
Prefeitura Municipal garante, desde o início desse ano, os materiais escolares para os
alunos. Fazem parte do kit, itens como lápis, caneta, borracha, tesoura, mochila,
fichário, entre outros. (2011, p. 2)

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Na Rede Municipal de Canoas/RS os chamados “kits” de uniforme escolar adaptam-se à idade, ao gênero e ao
clima. Para as alunas do 1º ao 5º ano, no verão, são fornecidas duas camisetas de manga curta e um short saia,
para as adolescentes a partir da 5ª série, duas camisetas de manga curta e um corsário. Os meninos recebem duas
camisetas de manga curta e uma bermuda no verão. Os “kits” de inverno são “unissex” incluindo duas calças e
uma jaqueta de moletom. A Lei Municipal Nº 5513 de 22 de junho de 2010 obriga o uso do uniforme nas escolas
municipais.
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Volume 7, Número 27, Fevereiro de 2012

O tema escola é retratado no documentário com certo tom de saudosismo porque


muitos destes alunos e alunas terminarão o ensino fundamental neste ano e sabem que serão
matriculados em outras escolas que ofereçam o Ensino Médio. A maior parte dos alunos nessa
situação de vida apresentou seus depoimentos sobre as coisas que costumam fazer, sobre as
disciplinas que gostam ou não, sobre fatos ou lembranças que vão deixá-los com saudades
desta escola, como podemos ver no depoimento a seguir:

Eu estudo aqui desde a primeira série. Vou sentir muita falta dos professores e
colegas e, principalmente, da organização da escola. - Aluna grupo B

Na sequência do documentário os alunos deram depoimentos que relatam a


importância da música em suas vidas, interessante como todos os jovens adoram música
independentemente de sua preferência musical e como ela está ligada intimamente com sua
vida. Vários alunos de grupos distintos, além de relatarem esta importância fizeram uma
pequena demonstração tocando e cantando um hino de uma igreja batista, apesar de apenas
uma aluna ser evangélica os outros resolveram acompanhar a colega na música, mostrando
que a música transcende qualquer barreira religiosa. Outras alunas falam sobre suas bandas
preferidas, do gênero musical que lhes agrada mais, etc.
A seguir o tema escolhido foi futuro e sonhos, essa parte do documentário inicia com
um aluno que é questionado sobre qual a profissão que deseja seguir. Em meio às brincadeiras
tão comuns entre eles, relata que não dá para seguir a profissão do pai porque não teve pai e a
da mãe ele também não quer porque sua mãe vende tomadas. Nesse momento, ele diz algo
muito importante que todo educador se enche de orgulho quando ouve:

Tem que estudar para ter meu próprio negócio para trabalhar pra mim e não eu para
eles. - Aluno grupo C

Ao menos este aluno e os colegas que concordaram com ele sabem da importância dos
estudos para vencer na vida de uma forma honesta. Acho que parte do bom funcionamento
desta escola é fruto desta esperança que, de modo geral, os pais e os alunos têm pelos estudos,
em uma comunidade carente a maioria percebe a escola como um espaço para superar a vida
do emprego desqualificado, para ter a oportunidade de uma vida melhor. Outros alunos ainda
têm aqueles sonhos adolescentes de serem jogadores famosos ou músicos que toquem em
bandas famosas, sonhos mais difíceis, mas que nem por isso são inatingíveis.
A segunda parte do documentário encerra com um depoimento sobre as drogas onde
um aluno do grupo coloca que é contra a legalização da maconha, argumentando que as
drogas destroem as famílias. Interessante que durante as aulas os alunos escreveram muito
sobre as drogas, porém recebi poucos depoimentos sobre a questão. O documentário traz na
sua terceira parte uma montagem que começa com a apresentação dos alunos homenageando
os professores pelo seu dia cantando e tocando a música “Quase sem querer” da banda Legião
Urbana, na sequência do documentário colocamos a música sendo executada pela banda e
com imagens e vídeos mostrando os bastidores das gravações e de algumas aulas. O vídeo
termina com uma foto e uma homenagem para uma aluna que faleceu durante o último mês
das gravações.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação realizada com os alunos sobre a experiência do uso do celular. Eles


consideraram que, no início o trabalho, era difícil até conseguir uma opinião a respeito de
algum assunto, parecia que os alunos ficavam esperando que a professora apresentasse sua
visão. Às vezes foi preciso fazer exatamente isso, até que eles se sentissem à vontade e com
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liberdade de falar e mostrar suas opiniões, depois de algumas aulas, eles esperavam ansiosos
pela aula; “O que a professora vai fazer com a gente hoje?”. Alguns alunos, durante a semana,
chegavam a parar a docente no corredor para saber sobre a próxima aula, sobre o que, é claro,
sempre fazia algum mistério. Porém, alguns também teceram críticas a respeito do processo,
principalmente da elaboração do documentário. Uma aluna declarou que achou cansativo e
difícil.
Contudo, essa experiência trouxe um resultado surpreendente não só pela construção e
elaboração do documentário, mas também pela análise avaliativa realizada por todos os
alunos participantes, indo além do que se esperava quando da apresentação da proposta.
Ensinar através do uso de novas mídias parece ser um desafio que cria novos paradigmas em
relação à educação e transcende nossas expectativas, motivando o docente a ir sempre mais
além.

REFERÊNCIAS

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SBO, 13 jan. 2010. Disponível em: http://professordigital.wordpress.com/2010/01/13/uso-
pedagogico-do-telefone-movel-celular/. Acesso em: 22/10/2012.

BRITO, Carla Eugênia Nunes; MOREIRA, Ucineide R. Rocha; SCHNEIDER, Henrique


Nou. A imagem digital como forma de trabalho interdisciplinar: prática docente inovadora
num relato de experiência de uma instituição de ensino particular de Aracaju. In: Simpósio
Internacional sobre Novas Competências em Tecnologias Digitais Interativas na Educação,
VirtualEduca, 1., 2007, São José dos Campos/SP. Anais... São José dos Campos: Laboratório
de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação da Faculdade de Educação – UNICAMP, 2007.
p. 1-9. Disponível em: http://lantec.fae.unicamp.br/lantec/pt/tvdi_portugues/carla.pdf, acesso
29/05/2012

KRAUT, Rebecca (Ed.). UNESCO Policy guidelines for mobile learning. Paris: United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 2013. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002196/219641E.pdf, acesso em
12/3/2013.UNESCO,http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-03-03/unesco-
recomenda-o-uso-de-celulares-como-ferramenta-de-aprendizado.html

PREFEITURA MUNICIPAL DE CANOAS. Jornal de Canoas, Informativo da Prefeitura


Municipal, primeira quinzena de novembro de 2011, edição 34, ano 3, disponível em:
http://www.canoas.rs.gov.br/uploads/midia/7331/Jornal_novembro_1_edio.pdf, acesso em
19/11/2012.

PRETTO, Nelson de Luca. Políticas Públicas Educacionais: dos materiais didáticos aos
multimídias. Trabalho apresentado na Reunião Anual da ANPEd, 22ª. Caxambu, Minas
Gerais, 1999. Anais ... São Paulo/SP: ANPEd, 1999.

RÖRIG, Cristina, BACKES Luciana. O professor e a tecnologia digital na sua prática


educativa. Disponível em:
www.pgie.ufrgs.br/alunos_espie/espie/luciana/public_html/mara.doc, acesso 10/12/2011.

SILVA, Marco. Sala de aula Interativa, 3. ed, Rio de Janeiro: Quartet, 2002.
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TEDESCO, Juan Carlos. Os fenômenos de segregação e exclusão social na sociedade do


conhecimento e da informação. Brasília: Ministério da Educação, 2004. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/JuanCarlosT.pdf Acesso em: 20/07/2012.

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