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Historia Ad Ijui
Historia Ad Ijui
CURSO DE HISTÓRIA
TIAGO DE CORDOVA
Ijuí – RS
2012
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TIAGO DE CORDOVA
Ijuí – RS
2012
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de formação da Igreja Evangélica
Assembléia de Deus de Ijuí. Assim é necessário conhecer um pouco da história do
cristianismo, os principais acontecimentos do cristianismo ao longo dos séculos. Procurei dar
uma ênfase na Reforma Protestante ocorrida nos séculos XVI, porque dali se originaria uma
série de correntes de pensamento, e uma série de igrejas surgiriam a partir da reforma. O
Protestantismo Pentecostal é o objetivo que quere expor, para isso é necessário saber como ele
se desenvolve e quem foram os precursores desse movimento, buscar onde acontece e quem
são seus principais mentores. A história do Pentecostalismo Moderno é muito recente data
pouco mais de um século, por isso concluímos que é um dos acontecimentos mais importantes
da história do cristianismo e que carece de investigação, dado o crescimento gigantesco que o
Pentecostalismo possui na atualidade. O foco na história do Movimento Pentecostal, e sua
chegada ao Brasil e ao Rio Grande do Sul é tema de estudo e como esse movimento chega à
cidade de Ijuí.
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SIGLAS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8
1 O CRISTIANISMO ............................................................................................................. 10
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 46
ANEXO .................................................................................................................................... 48
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INTRODUÇÃO
documental e científica junto a seus arquivos e a literatura histórica produzida pela própria
Igreja Assembleia de Deus no Brasil; consulta a fontes bibliográficas e eletrônicas, sobretudo,
para os arquivos relacionados com a história da igreja nos EUA, Brasil e Rio Grande do Sul.
A pesquisa ficou constituída de cinco capítulos. No primeiro capítulo procuro
sublinhar alguns aspectos da história do cristianismo, relembrando seu surgimento, expansão
nos primeiros séculos até sua oficialização como única religião do império romano e da
Europa Medieval. O cristianismo nunca definiu com clareza o modo como ocorreu, por obra
de Jesus, a salvação da humanidade de seus pecados. Ficava, em suspenso, para a maioria da
população, sob que condições se realizaria sua “justificação”. Salvar-se pela fé ou pelas obras
ou por ambas as vias? É este dilema que dá origem às indulgências, ou ao perdão dos pecados
mediante a distribuição dos méritos da vida e da morte de Jesus. Com o passar dos séculos,
esta prática ensejou a mercantilização das indulgências, propiciada, sobretudo pela ignorância
e degradação moral do clero. As reformas religiosas, que iniciaram já no século XII visavam
periodicamente conter tais abusos, afastar a igreja das intrigas políticas e dos interesses
materiais e da riqueza.
No segundo e terceiro capítulo tratamos de apresentar os homens que foram os
responsáveis pela disseminação da doutrina Pentecostal Moderna. Consideramos que
mereciam uma abordagem particular, frisando aspectos particulares e de suas origens.
No quarto capítulo procuro apresentar uma história um pouco mais detalhada do
Movimento Pentecostal Moderno, usando os diversos personagens que fazem parte desta
história e dando uma ênfase em fatos e acontecimentos que foram cruciais para a
compreensão desse movimento religioso. A introdução do Movimento Pentecostal Moderno
em solo brasileiro é tratada nesse mesmo capítulo, e também a sua chegada até o Estado do
Rio Grande do Sul.
No quinto e último capítulo procuro deixá-lo exclusivo para a abordagem e discrição
da História da Assembleia de Deus de Ijuí, seus principais personagens e seu crescimento e
desenvolvimento até nossos dias.
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1 O CRISTIANISMO
se então a religião única do Estado. As outras religiões são condenadas e os desvios heréticos
são perseguidos.
Surge a partir daí a Igreja Católica Romana (Católica significa em Grego: Universal de
Todos; Única) e passa a exercer depois da queda do Império Romano, um amplo domínio
sobre a Europa Ocidental. Como instituição hegemônica de uma sociedade fragmentada pelas
sociedades bárbaras, ditava e/ou legitimava normas de comportamento moral, político e
religioso, influindo decisivamente em toda a esfera da vida social e individual. Constituiu-se,
desta forma, na civilização cristã, fundada nos ensinamentos do Novo e do Antigo
Testamento.
Nos séculos XI e XII, a igreja formula a doutrina segunda a qual são os méritos de
Jesus e as obras do crente que salvam. Esta é a origem das indulgências, que significam
perdão de dívidas, pecados ou crime, assim como, religiosamente, dispor dos méritos de
Jesus para a justificação pessoal.
No século XV, as profundas transformações da sociedade provocadas pelo movimento
renascentista e humanista, as disputas políticas próprias da formação dos Estados modernos, a
corrupção do clero e dos cristãos em geral transformaram a prática das indulgências num
comércio lucrativo ensejando todo o tipo de abusos. Não é de se estranhar, então, que fossem
práticas comuns no século XV e início do século XVI, a comercialização de indulgências, e
relíquias de santos, pelas quais se podia comprar antecipadamente o perdão dos pecados no
dia do juízo e, portanto, a justificação perante Deus e a salvação. O dinheiro das indulgências
era revertido para a Igreja, seja para manter os Estados papais, seja para a construção de
templos, ou manutenção da cidade de Roma, da qual o papa era o governante.
No séc. XVI prosseguem as reformas religiosas que vinham sendo realizadas desde o
século XIII, através dos movimentos anabatistas, pelo pentecostalismo do monge Joaquim de
Fiore, pelo sacerdote John Wicleff, John Huss e muitos outros. É nesta tradição que as bem-
sucedidas Reformas, lideradas inicialmente pelo monge agostiniano Martinho Lutero, que
contrariando ensinamentos tradicionais da igreja, divide boa parte dos Teólogos e abre o
caminho para a multiplicação de doutrinas cristãs. Martinho Lutero, em razão disso, ao fundar
a Igreja Luterana, dá inicio a uma nova fase da história da igreja, com o surgimento de
sucessivas igrejas, que receberam o nome genérico de Protestantes, por oposição à Igreja
Católica.
Os Protestantes, tal como os católicos, espalharam-se pelo mundo no embalo das
navegações e grandes descobertas das rotas oceânicas que propiciaram a dominação da
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Muitas referências indicam Charles Fox Pahram e Wiliam Seymour, como fundadores
do Pentecostalismo Moderno, apesar da doutrina do pentecostalismo já existir durante muitos
anos em muitas e diferentes congregações nos Estados Unidos e Reino Unido. Para
compreendermos como se deu o surgimento do Movimento Pentecostal Moderno, precisamos
conhecer um pouco da história desses dois homens que ficaram na memória como seus
precursores.
No dia 04 de Junho de 1873, nascia um dos homens mais amado e ao mesmo tempo
mais odiado dos Estados Unidos, Charles Fox Pahram. Pregador estadunidense considerado
um instrumento fundamental na formação do pentecostalismo moderno. Pahram criou um
movimento chamado de Apostolic Faith (Fé Apostólica) constituído por igrejas independentes
inicialmente chamadas de “Missões” que cresceram no sul e oeste dos Estados Unidos, onde
ele realizava suas reuniões.
Embora a imprensa inicialmente fora favorável em algumas das localidades onde
Parham ministrava algumas das maiores igrejas de linha principal, e a hierarquia eclesiástica
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da cidade de Sião, não foram favoráveis ao seu ministério e fizeram de tudo para que seus
ensinamentos não prosseguissem. Como resultado, alguns relatórios da imprensa tornaram-se
mais negativos na medida em que seu ministério aproximava-se do ápice entre 1906 e 1907.
Pahram foi uma figura controversa em todo seu ministério. Como um jornal comentou
em 1916: “Ele é um dos homens mais amados e ao mesmo tempo um dos mais odiados em
todos os Estados unidos”. Caluniadores de Pahram ainda estavam bem ativos em 1929, ano de
sua morte, que de acordo com uma fonte seu eventual enterro foi adiado.
A hostilidade direcionada a Pahram era evidenciada por impressões de notícias
caluniadoras, baseadas em parte sobre rumores de um casal de jornalistas religiosos. Esse
jornal parece ter aumentado uma reportagem imparcial impressa em 19 de Julho de 1907,
edição de “Sam Antonio Light” Sam Antonio Texas, que dizia que Pahram foi detido por
causa de imoralidades. A hostilidade religiosa dos jornais nunca mencionou que o tema foi
imediatamente espalhado no local original dos jornais. As acusações nunca alcançaram o
estágio de indiciamento, pois não havia nenhuma evidência que merecesse reconhecimento
legal. Pahram foi acusado de sodomia, sem comprovação da acusação e também apontado
com alegações de envolvimento com a maçonaria e a Ku klux Klan o que minou seu
ministério.
Pahram havia atuado como pastor de uma Igreja Metodista, sua decisão em abandonar
esta igreja estava na sua crença pessoal na cura divina.
Pahram na cidade de Topeka no Kansas fundou a Bethel Bible College, uma
instituição que ficou conhecida pela prática da cura divina, assistência material e espiritual a
pessoas de origem humilde e que estavam dispostos a atuar como missionários.
O canal utilizado por Pahram para a disseminação dos conceitos era o jornal The
Apostolic Faith, os metodistas americanos ensinavam a seus fiéis sobre duas bênçãos
fundamentais aos cristãos, eram elas a conversão e santificação, a Teologia de Pahram
ensinava sobre a necessidade da terceira benção: o batismo no Espírito Santo.
No ano de 1905 Pahram se muda para Houston no Texas, onde fundou uma nova
escola bíblica onde teve como um de seus alunos Wiliam Seymour, que assistia às aulas em
uma cadeira posta no corredor por ser negro, quando os EUA viviam um período
extremamente racista. Wiliam Seymour mais tarde se tornaria o líder do avivamento de Los
Angeles.
O Centro Charles Fox Pahram de estudo pentecostal carismático é um “mecanismo de
investigação independente” no campus da South Texas Bible Institute, em Houston, Texas. É
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uma das várias instituições que consideram Pahram o líder fundador do movimento
pentecostal.
A principal contribuição de Pahram foi sua interpretação doutrinária do Batismo do
Espírito Santo e o seu requerimento como prova do falar em línguas.
Daniel Hogberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu no ano de 1884 na
cidade de Vargon na Suécia, as margens do lago de Vernern. Quando o evangelho começou a
entrar nos lares de Vargon, seus pais Gustav Vernern Hogberg e Fredrika Hogberg, o
receberam e ingressaram na igreja Batista. Logo procuraram educar o filho nos princípios
cristãos. No ano de 1899, Daniel converteu-se e foi “batizado nas águas”.
Em 1902, aos 18 anos pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país.
Embarcou a 05 de Março, no porto de Gothemburgo, no navio MS Romeu, com destino aos
Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de min.” Frisava. O motivo a grande
depressão que a Suécia vivia naquele ano.
Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava
como tantos outros de sua época em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano
diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos
suecos, que lhes conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos
por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade
natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado, Só seu melhor amigo,
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companheiro de infância, não morava mais ali. "vive em uma cidade próxima, onde prega o
evangelho", explicou sua mãe.
Logo chegou ao seu conhecimento que seu amigo recebera o “batismo no Espírito”
Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse.
Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a "nova
doutrina". Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na
mensagem. Após o culto conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou
ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu sua intenção não era permanente na Suécia,
mas retornar à América, do Norte.
Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos,
Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava
preocupado como da primeira vez, posto que já conhecesse os EUA, canalizou toda sua
atenção à sua busca da benção. Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi
respondida.
A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a
contar testemunho a todos.
Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se
com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois
conversaram haras sobre as convicções que tinham uma “chamada missionária”. Quanto mais
dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.
Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando numa
quitanda em Chicago, quando o “Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend”,
Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a Igreja
Batista dali. "Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para
juntos louvarmos o seu Nome", disse Berg. "Esta bem!", respondeu Vingren com singeleza.
Passaram, então, a encontrar-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando
uma orientação de Deus.
Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam
ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o
emprego. Eles argumentaram: "Aqui você pode pregar o evangelho também, Daniel; não
precisa sair de Chicago". Mas ele estava convicto da chamada não voltou atrás.
Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma
tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento
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para pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida
partiu com Vingren para Nova York, e de lá para o Brasil em um navio.
No Pará, Daniel, que logo se empregou como caldeireiro e fundidor na companhia
Port of Pará, recebendo salário de doze mil reis, passou a custear as aulas de português
ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que
aprendera a Daniel. Justamente por isso Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O
dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias.
Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas
cidades e vilas ao longo da estrada de ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do
trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era desconhecido no interior do Pará,
Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes
na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior.
Após a evangelização de Bragança, tornou também o pioneiro na evangelização na
Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, abordo de pequenas ou grandes canoas.
Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que
iam se formando por onde passavam.
No início de 1920, Daniel visitou a Suécia onde se enamorou de jovem Sara, com
quem se casou, em julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil acompanhado
com sua esposa.
Em 1927, o casal Berg mudou-se para São Paulo, onde Daniel continuou fazendo o
seu trabalho de evangelismo.
Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos
sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia
algum problema, estas eram suas palavras: "Jesus é bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e
cura os enfermos. Ele faz tudo por nós. Glória a Jesus! Aleluia!".
No Ano de Ouro (1961) das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em Belém,
Berg estava lá, inalterado, enquanto os irmãos faziam referência à sua atuação no início da
obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg considerava-se apenas um
instrumento de Deus.
Nas comemorações do Jubileu no Rio de Janeiro, no maracanãzinho, quando o pastor
Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou
visivelmente em seu rosto a ideia de que não merecia tal honra.
Até 1960, Berg recebeu, “diretamente de Deus”, a cura de suas enfermidades mediante
a oração da fé. Em 1963, foi hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhando para o
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Senhor. Ele saia da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A
disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer aquilo, por isso uma enfermeira foi
designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se com o homem de Deus
alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em sua tarefa espiritual, não teve coragem e
desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a oferecer literaturas.
Finalmente, em 1963, aos 79 anos, Daniel Berg passou a descansar nas moradas
celestiais. Quando a morte chegou, encontrou-o sorridente e feliz. Ele então não temeu. Seu
tesouro estava guardado.
Conhecido no Brasil como Gunnar Vingren, nasceu num lar evangélico, em oito de
agosto de 1879, em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia. Seu pai era jardineiro, profissão que
Vingren exercerá até os 19 anos.
Gunnar Vingren sentiu a chamada de Deus pela primeira vez aos nove anos de idade.
Porém, esteve longe da igreja entre os 12 e 17 anos, reconciliando-se durante um culto de
vigília.
Em 1897, aos 18, foi batizado nas águas na Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia,
vindo a assumir a liderança da Escola Dominical. Mas, foi lendo um artigo sobre missões
numa revista nesse mesmo ano que foi impactado pela chamada de Deus para sua própria
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vida. Ano seguinte, participou de uma Escola Bíblica de um mês em Gbtabro, Narke, onde foi
muito tocado pela mensagem.
Seu primeiro campo de trabalho foi na província de Skane, seguido de muitos outros
lugares; finalmente viajando para os Estados Unidos em 1903. Ali, assumiu a direção da
Igreja Batista Menominee, Michigan.
Em novembro de 1909, Gunnar Vingren visita a Primeira Igreja Batista Sueca, em
Chicago, onde é batizado com o Espírito Santo e conhece Daniel Berg. Em 1910, vai para a
Igreja Batista em South Bend, Indiana, onde havia um grande avivamento.
Gunnar Vingren chegou a Belém no dia 19 de novembro de 1910. Em 18 de junho de
1911, tornou-se o primeiro pastor da Assembléia de Deus, liderando um grupo de dezenove
irmãos.
Diferente de Daniel Berg que, pelo ministério de evangelista itinerante e vigor físico,
era incansável em viagens, Gunnar Vingren exerceu mais o ministério pastoral propriamente
dito, cuidando do rebanho. Era uma pessoa de saúde frágil, extremamente amorosa e tinha
como particularidade orar pelos enfermos.
A biografia de Gunnar Vingren estaria incompleta se não fizéssemos referência à irmã
Frida Standberg Vingren, a quem conheceu em 10 de agosto de 1917 durante uma viagem que
fez a Suécia. Frida compartilhou a Gunnar Vingren que também tinha uma chamada de Deus
para o Brasil. Enviada como missionária pela igreja da Suécia, Frida casou-se com Gunnar
Vingren em 16 de outubro de 1917, em Belém, numa cerimônia presidida pelo pastor Samuel
Nystrbm. O casal teve seis filhos: Ivar, Rubem, Margit, Astrid, Bertil e Gunvor. Frida
Vingren, enfermeira, foi muito atuante no ministério.
Oficialmente, o ministério de Gunnar Vingren como nosso primeiro pastor começou
em 18 de junho de 1911. Ele esteve na liderança da igreja até 1924. Portanto, foram 13 anos e
alguns meses de ministério. Por motivo de saúde, viajou duas vezes para a Suécia nesse
período.
Gunnar Vingren era um pastor com formação teológica e preocupava-se muito com a
instrução do povo. Suas pregações eram profundas e edificantes. A Igreja nascia sobre o solo
firme das Escrituras. Essa visão de Gunnar Vingren levou-o a criar um serviço de tipografia
no templo, hoje denominado, de TV. 9 de Janeiro. Ali, em 10 de novembro de 1917, junto
com seus cooperadores, editou o primeiro jornal pentecostal brasileiro, a “Voz da Verdade",
dirigido por Almeida Sobrinho e João Trigueiro.
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(...) e dizendo Pedro ainda esta palavra caiu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviram a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo
com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também
sobre os gentios. Porque os ouviram falar línguas e magnífica a Deus. (Bíblia, 2009,
p.179)
O movimento que se iniciou na Rua Azusa alcançou pessoas de outras regiões dos
Estados Unidos, como outros países. As pessoas chegavam ao local e eram impactadas com o
que viam e ouviam, as reuniões eram barulhentas. Estas iniciavam às 10 da manhã e
continuavam por pelo menos doze horas, muitas vezes terminando as duas ou três da
madrugada seguinte.
Foi nesse momento que o avivamento alcançou a cidade de South Bend, no Estado de
Indiana, onde Gunnar Vingren conheceu e tornou-se seguidor do movimento. Segundo
Conde:
Gunnar Vingren, juntamente com Daniel Berg, foi o responsável por propagar o
pentecostalismo para o Brasil. Conde, falando sobre o momento do encontro dos dois jovens
companheiros de evangelização, coloca que:
Nesse momento se deu início à amizade entre os dois jovens, que foram responsáveis
por propagar o movimento pentecostal por quase todo o território brasileiro.
Ainda sobre a Rua Azusa, uma das características marcantes dessas reuniões foi o
caráter multicultural da mesma, onde não se fazia acepção de pessoas e podiam participar das
reuniões, desde negros, brancos, hispanos, asiáticos e imigrantes europeus. Também na
liderança da congregação não havia divisão entre negros e brancos, homens e mulheres.
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Com o tempo iniciaram crises internas, que tiveram como algumas causas:
personalidade, fanatismo, divergências doutrinárias e separação racial. Com a onda de crise,
Seymour e alguns líderes negros que o auxiliavam acabaram assumindo o controle da
congregação, excluindo aqueles que estavam instigando rebeldia.
Com o passar do tempo diminui a intensidade das orações e vigílias, entrando em
declínio, isso após três anos de reuniões diárias de alta intensidade. O chamado Avivamento
da Rua Azusa terminou definitivamente no ano de 1922 com a morte de Seymour e com a
morte de sua esposa em 1936. Então a igreja fechou suas portas e o edifício foi demolido. Mas
um novo capítulo na história da igreja havia começado, já que todos aqueles que foram
tocados de alguma forma pelas reuniões, serviram como disseminadores desse novo braço do
cristianismo, o pentecostalismo.
A Igreja Assembléia de Deus teve seu início no Brasil no Estado do Pará, com a
chegada naquele Estado de dois missionários suecos: Daniel Berg e Gunnar Vingren. Eles
chegaram ao território brasileiro no dia 19 de novembro de 1910, na cidade de Belém, vindos
dos Estados Unidos da América. Inicialmente os missionários se integraram a Igreja Batista
em Belém. Sobre isso, Conde escreve:
Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento ligados à
Igreja Batista na América ( as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam
com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém e os
apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim os
missionários passaram a morar nas dependências da igreja. (CONDE, 2005)
Um dos primeiros contatos dos dois jovens missionários foi com o Sr. Justus Nelson,
que sensibilizado pela situação dos dois jovens os encaminhou ao responsável pela Igreja
Batista, o Sr. Raimundo Nobre, que os hospedou nas dependências da Igreja.
Os missionários traziam consigo uma nova mensagem, ainda desconhecida em nosso
país: a doutrina do batismo no Espírito Santo, cuja comprovação primária era a glossolalia, ou
seja, falar em línguas estranhas, diferentes, conforme o Espírito Santo, uma das pessoas da
trindade divina de acordo com o cristianismo, concedia que se falasse. Esse já havia sido
observado em muitas reuniões dos Estados Unidos e em raras vezes em alguns países da
Europa. A primeira pessoa a receber esse dom, em solo brasileiro foi à senhora Celina
Albuquerque. Vingren, assim relata esse acontecimento:
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Nos cultos de oração que se seguiram, aquela irmã começou a buscar o batismo com
o Espírito Santo. O seu nome era Celina de Albuquerque. Na quinta feira, depois do
culto, ela continuou orando em sua casa, juntamente com outra irmã. Há uma hora
de madrugada a irmã Celina começou a falar em novas línguas, e continuou falando
durante duas horas. Foi, portanto a primeira operação de batismo com o Espírito
Santo feita pelo Senhor Jesus em terras brasileiras. (VINGREN, 2000)
Essa nova doutrina, além da cura divina preconizada por Daniel Berg e Gunnar
Vingren, trouxe muitas dissensões dentro da Igreja Batista. Parte da igreja recebeu o novo
ensino como mensagem divina, enquanto que a outra ignorou a mensagem, repugnando-a e
colocando-a no campo do fanatismo ou da loucura.
Para que a discórdia dentro da igreja fosse resolvida foram realizadas duas assembléias
gerais. De acordo com as atas das sessões foi decidido que os propagadores da nova doutrina
(posteriormente chamados de pentecostais relembrando o fenômeno ocorrido entre os
apóstolos do inicio da igreja nos dias da festa judaica chamada de Pentecostes) seriam
desligados da comunhão de membros da Igreja Batista, assim como todos aqueles que
aderissem a esta. Isso ocorreu no dia 18 de junho de 1911. Segundo Conde, estes foram
desligados:
Estados Unidos, no ano de 1914, em Hot Springs, no Arkansas, mas outra vez sem qualquer
vínculo institucional entre ambas as igrejas.
A Assembléia de Deus no Brasil cresceu significativamente no Estado do Pará,
alcançou, através de missionários, territórios nos Estado do Amazonas, chegando também à
região Nordeste. O movimento pentecostal preconizado pelos missionários cresceu,
principalmente entre as camadas mais pobres da população, chegando ao Sudeste em torno do
ano de 1922, através de famílias que migraram do Pará para aquela região.
No ano de 1922, a Primeira Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Estado do Rio
de Janeiro foi aberta no Bairro de São Cristóvão, e fortaleceu-se com a mudança do
missionário Gunnar Vingren, de Belém do Pará para o Rio de Janeiro, em 1924.
A formação e desenvolvimento da Igreja Assembléia de Deus no Brasil teve forte
influência sueca devido à nacionalidade dos missionários fundadores do movimento. A igreja
pentecostal escandinava, sobretudo a Igreja Filadélfia de Estocolmo a partir de 1924,
assumiram o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg e enviaram outros missionários para
dar apoio aos novos membros em seu papel evangelístico.
A partir de 1930, quando se realizou um concílio da igreja na cidade de Natal no
Estado do Rio Grande do Norte, a Assembléia de Deus no Brasil tornou-se independente
passando a ter autonomia interna, sendo administrada unicamente pelos pastores residentes no
Brasil, contudo não se perderam os vínculos fraternais com a Igreja na Suécia. De 1936 em
diante as Assembléias de Deus dos EUA passaram a contribuir maciçamente para o
desenvolvimento da Igreja no Brasil, enviando missionários os quais se envolveram
diretamente com a estruturação teológica da denominação.
O primeiro culto no Estado do Rio Grande do Sul foi realizado no dia 15 de Abril de
1924 na cidade de Porto Alegre. Este culto contou com a presença de apenas quatro pessoas: o
Missionário Gustavo Nordlund, sua esposa Elisabeth, seu filho Herberto (que foram enviados
para fundar a igreja no Estado do Rio Grande do Sul) e um ancião de 70 anos de idade, que se
chamava José Correia da Rosa, o qual havia entrado no local do culto com o único objetivo de
abrigar-se da chuva torrencial que caia. Este, após ouvir a mensagem que Gustavo Nordlund
trazia, converteu-se ao cristianismo pentecostal e foi batizado em águas por imersão,
tornando-se o primeiro membro da igreja Assembléia de Deus no Estado do Rio Grande do
Sul. A capela onde os primeiros cultos foram realizados era pequena e simples, com apenas
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quatro bancos que acomodavam, no máximo, vinte pessoas. Sobre essa questão, Conde
escreve:
Em 02 de fevereiro de 1924 chegou a Porto Alegre, após haver passado oito meses
em Belém do Pará, o missionário Gustavo Nordlund e família. Não havia qualquer
pessoa à sua espera. Porém o anjo do Senhor caminhava à frente de seus servos. Em
15 de abril do mesmo ano foi realizado o primeiro culto da Assembléia de Deus no
Estado do Rio Grande do Sul, na Rua Maryland, bairro de Monte Serrat. Além da
família Nordlund, o único assistente foi um ancião de 70 anos de idade, João Correia
da Rosa, que aceitou a Cristo naquela noite. (CONDE, 2005)
Cinco meses depois no dia 19 de outubro de 1924, mais dez pessoas foram batizadas
nas águas do Rio Guaíba, em Porto Alegre. Depois deste batismo o Missionário Gustavo
Nordlund realizou a primeira Santa Ceia no templo da Rua Maryland, com os doze primeiros
membros da Igreja. Neste mesmo dia foi organizada e constituída oficialmente a Igreja
Evangélica Assembleia de Deus do Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre.
Um ano depois, em 1925, em um domingo de Páscoa, foi inaugurada a primeira sede
própria da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, em Porto Alegre com capacidade para 200
pessoas, localizada na Travessa Azevedo. Quatro anos, mais tarde, em 1929, como o número
de fiéis aumentava consideravelmente, foi alugado um prédio na Rua Cristóvão Colombo,
580, no centro da capital gaúcha, que comportava 800 membros efetivos da igreja. Sobre essa
questão, conde coloca que:
No ano de 1939, após uma festa, foi inaugurado o grande Templo na Rua General
Neto 384. Este se tornou na época o maior templo evangélico da América Latina, com
capacidade para 3000 pessoas sentadas. Sobre isso, Conde escreve:
Fevereiro de 1939 tornou-se uma data histórica para a Assembléia de Deus em Porto
Alegre. No dia 26 do citado mês, estando presentes os obreiros do Estado,
autoridades e representantes de várias igrejas evangélicas, inaugurou-se o templo da
Assembléia de Deus na Rua General Neto, 384. Quando foi inaugurado, era na
época o maior entre os da Assembléia de Deus. (CONDE, 2005)
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Como a igreja continuava a crescer aumentando a cada dia mais o número de fiéis, o
missionário e pastor da igreja, Gustavo Nordlund, convidou o Pastor sueco Nils Taranger,
para lhe ajudar em todo o trabalho. Na Suécia, Nils Taranger trabalhava evangelizando e
louvando a Deus com seu acordeão, desde os seus dezesseis anos de idade.
O Pastor Nils Taranger, de 30 anos de idade aceitou o convite e chegou a Porto
Alegre, após uma escala de poucos dias no Rio de Janeiro. Durante cerca de dois anos Nils
Taranger dedicou-se ao aprendizado da língua portuguesa, com a ajuda de pastores membros
da igreja e professores. Depois disso começou o seu trabalho de evangelismo, tanto em Porto
Alegre como em outras cidades do Estado, sendo fundamental para o crescimento e
solidificação das igrejas que já haviam sido fundadas.
Não houve despedida para Gustavo e sua Esposa. Os pioneiros do trabalho em Porto
Alegre precisaram sair como se fugindo às pressas, escondidos para não sofrerem
nenhum atentado. E aqueles que os ameaçavam eram os mesmos a quem haviam
evangelizado batizado em águas, consagrado a obreiros e pastores. (STEIN, 2002)
O ano de 1954 registrara em Porto Alegre uma das maiores lutas já ocorrida na
história das Assembléias de Deus no Brasil.
Com o passar dos dias foi deflagrada por alguns grupos uma agressiva campanha para
retirar Gustavo Nordlund da presidência da igreja, a fim de colocar em seu lugar um dos
líderes do movimento, que semeava entre o povo tal idéia. A situação começou a fugir ao
controle, apesar dos inúmeros esforços feitos por Gustavo e pelos pastores do interior do
Estado para acalmar os rebeldes.
Por diversas vezes a Junta de Pastores esteve reunida, sobretudo com os representantes
das igrejas do interior do Estado, para tentar uma reaproximação. Sem muito sucesso. O
problema tornava-se cada vez mais sério, com desdobramentos ainda mais agravantes, que
apenas pioravam a situação.
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certo para contornar essa situação – Todos o olhavam esperando a resposta. – É Nils
Taranger, que está em Bagé – Vamos trazê-lo para cá.
O Missionário Gustavo Nordlund e sua esposa Elisabeth Nordlund, após mais de trinta
anos de trabalho missionário no Rio Grande do Sul, deixam o solo gaúcho sem seu único filho
Herbert, que ficou nesse solo, e retornam para Estocolmo, capital da Suécia, já velhos e
entristecidos pela situação vexatória e sem ter ao menos um culto de despedida, porém deixou
Nils Taranger como seu sucessor.
Para dar-lhes proteção, Jesuíno e Manoel, juntamente com o Dr. Décio Freitas, os
acompanharam de avião até Santos. De lá, Gustavo e Elizabeth seguiram de navio
para a Suécia. Enquanto isso, no dia 03 de março de 1955, a família Taranger
viajava para Porto Alegre. (STEIN, 2002)
O pastor Nils Taranger que também era sueco, já estava no Brasil desde o ano de
1946, aprendeu o idioma e no ano de 1948 havia assumido o trabalho da Igreja de Bagé, com
o intuito de auxiliar o filho do Missionário Gustavo, Herberto Nordlund, que atendida às
igrejas da fronteira, e sofria de leucemia, doença que mais tarde veio a falecer. Em 1955, o
trabalho em Bagé crescia mais e mais, expandindo-se para outras cidades. E Nils era estimado
por todos na fronteira.
Apesar de a situação em Porto Alegre ser bastante complicada, a igreja aceitou bem o
novo pastor, que aos poucos consegui contornar os problemas e apaziguar os ânimos. Os
irmãos também demonstraram muito amor para com eles. Em pouco tempo, começaram a
receber de volta aqueles que haviam saído e também acrescido de outros.
Após se habituar aos costumes e ao clima gaúcho, o Pastor Nils e sua esposa Mary,
assumiu a presidência da igreja de Porto Alegre, cargo que ocuparam por quarenta e três anos.
Neste período desenvolveram um trabalho de grande envergadura, dando continuidade às
obras já iniciadas pelo Pioneiro Gustavo Nordlund, empenharam-se no envio e sustento de
missionários, no trabalho social e na edificação de novos templos.
Por motivos de saúde, no dia 19 de Outubro do ano de 1988, o Pr. Nils foi substituído
na gestão da Igreja de Porto Alegre, pelo Pastor João Ferreira Filho, que também se tornou
Presidente da CIEPADERGS, órgão responsável pela organização e coordenação das
Assembléias de Deus no Estado do Rio Grande do Sul, juntamente com sua esposa Gessy de
Viegler Ferreira. João Ferreira Filho, durante 27 anos havia liderado a igreja Evangélica
34
Assembléia de Deus de Ijuí. Contudo sua liderança em Porto Alegre não durou muito tempo.
Quatro anos e nove meses após assumir a presidência da Igreja de Porto Alegre e da
CIEPADERGS, o Pastor João Ferreira Filho, devido a problemas de saúde, precisou exonerar-
se do cargo, passando suas atribuições ao Pastor Ubiratan Batista Job, no dia 07 de julho de
2003. Este ocupa a presidência da CIEPADERGS até o presente momento.
35
A História da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, teve seu início em meados do ano de
1940. As primeiras reuniões foram realizadas nas residências de pessoas simpatizantes da
causa. Na medida em que foi aumentando o número de adeptos, verificou-se a necessidade de
aquisição de imóvel para a realização dos cultos e reuniões da membrezia. Assim descreve o
Pastor Mario de Souza, vice presidente da Assembléia de Deus de Ijuí, sobre os primeiros
cultos:
(...) os cultos eram realizados em casas de famílias, não tinha ainda a Igreja, não
possuía templo, posteriormente então à Igreja adquiria um terreno com uma pequena
capela, da primeira igreja Batista, foi o primeiro imóvel adquirido pela Igreja
Assembléia de Deus aqui na cidade de Ijuí. (Fonte: Mario Souza)
Até aquele momento a Igreja pertencia à jurisdição de Cruz Alta e após a fundação os
seus membros passaram à Jurisdição de Ijuí. Inicialmente foram aprovados os estatutos que
norteariam o funcionamento da mesma e depois foi eleita a primeira diretoria. A primeira
ATA da Igreja, assim relata a escolha dos membros da primeira diretoria:
O Pastor Aleixo ficou mais ou menos uns cinco ou seis anos realizando culto em
casas das famílias da Igreja, inclusive também servia como a Igreja, o salão do
Gervi, ali na Coronel Dico, onde eram realizados cultos, e posteriormente que a
Igreja adquiriu essa propriedade, onde está localizado hoje o templo matriz na rua 14
de Julho.( Fonte Oral, Sr. Mario Souza).
Inicialmente os cultos além de serem realizados nas casas dos membros da Assembléia
de Deus de Ijuí, eram realizados também no salão do GERVI (tradicional salão de festas da
cidade de Ijuí), Depois na década de 1950, foi adquirido o primeiro imóvel pela Igreja na
cidade, localizado na Rua 14 de Julho, onde hoje (2011), se encontra a sede da Igreja
Assembléia de Deus de Ijuí. O local adquirido possuía uma pequena capela de madeira que
anteriormente pertencia à Primeira Igreja Batista de Ijuí, este local passou a ser a sede da
Assembléia de Deus de Ijuí, e local de reunião de seus membros, que cada dia aumentava
mais em número.
O Pastor Aleixo Flores da Silva foi transferido para a cidade de São Leopoldo, em
1951, na região metropolitana de Porto Alegre. Assume a Igreja de Ijuí, o Pastor Adalberto
kolenda Lemos, que já trabalhava juntamente com o Pastor Aleixo, desde o início dos
trabalhos nessa cidade. Ele era originário da cidade de São João do Rio Preto, no Estado de
São Paulo.
Como consta em ATA, no dia 18 de agosto de 1952, a Igreja Assembléia de Deus de
Ijuí, se reuniu a fim de tratar de assuntos referentes à transição do pastorado desta igreja.
Assim consta na ATA:
Em 1960, aconteceu a fundação do Instituto Lar Bom Abrigo, que ampara meninas
órfãs, então esse trabalho social iniciou na década de sessenta, através da mui
saudosa irmã Maria de Lourdes Kolenda Lemos, que foi a fundadora do Instituto Lar
Bom Abrigo, também foi fundada a sociedade beneficente” Gota de Leite”, essa
instituição tinha o objetivo de auxiliar aquelas mães, que quando davam à luz aos
seus filhos,eram desprovidas de recursos.Elas recebiam dessa sociedade beneficente
um enxoval para os recém nascidos, também foi fundado na época o asilo de amparo
a velhice “Nosso Lar”, que amparava pessoas idosas, e muitas vezes sozinhas que
não possuíam familiares, porém com o tempo foi instinto e juntamente com ele a
Instituição Gota de Leite, restando somente o Lar Bom Abrigo.(Fonte: Mario Souza)
A obra social sempre teve lugar de destaque dentro da Igreja Assembléia de Deus de
Ijuí, na década de sessenta, teve destaque a Fundação do “Lar Bom Abrigo”, também
“Instituição Gota de Leite”, e do asilo “Amparo a Velhice”. A instituição Gota de Leite, e o
asilo de Amparo a Velhice, foram instintos, restando somente o Lar Bom Abrigo.
Transferido da cidade de São Sepé, em março de 1972, o Pastor João Ferreira Filho e
sua esposa Gessy de Viegler Ferreira, assumiram a liderança da Igreja Assembléia de Deus de
Ijuí, substituindo o Pastor Adalberto Kolenda Lemos. Neste período a Assembléia de Deus
experimentou um crescimento vertiginoso. Muitas construções de templos em diversos bairros
da cidade, e no interior do município, e em diversas cidades vizinhas foram realizadas. O
templo matriz da Assembléia de Deus de Ijuí foi ampliado, e foi construída uma casa pastoral,
nos fundos da mesma que hoje abriga a sede administrativa da igreja.
Assembléia de Deus de Ijuí, para assumir a liderança da Assembléia de Deus de Porto Alegre.
Para assumir a igreja de Ijuí, foi designado o Pastor Vandir Ribas Ferreira, da cidade de
Gravataí, o livro de Atas assim descreve a posse do Pastor Vandir:
(...) culto de ação de graças pelos 45 anos de ministério do Pastor João Ferreira
Filho, sua despedida em razão da transferência para o campo de Porto Alegre e
recepção do Pastor Vandir Ribas Ferreira, para assumir este campo de trabalho.
(ATAS, Adijuí)
No dia 04 de Julho do ano de 2000, ocorre a despedida do Pastor Vandir Ribas Pereira,
e a posse do novo Pastor Jesus Vieira Vilande, como novo Pastor Presidente da Assembléia
de Deus de Ijuí.
42
O Pastor Jesus Vieira Vilande, havia sido missionário no país do Uruguai juntamente
com sua família durante muitos anos. Sua permanência na presidência da Igreja Assembléia
de Deus de Ijuí, foi muito curta, durando apenas 05 anos. No ano de 2005, o Pastor Jesus
Vieira Vilande foi transferido para a cidade de Parobé, assumindo em seu lugar a Presidência
da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, o Pastor Argemiro Rodrigues da Silva e sua esposa
Juraci Terezinha da Silva. Assim consta na ATA da Igreja, a transferência:
O Pastor Argemiro Rodrigues da Silva e sua esposa Juraci Terezinha da Silva, que já
há décadas haviam sido membros dessa Igreja retornam a Ijuí, após anos de trabalho pastoral
em outras cidades. Eles haviam pastoreado as cidades de: Augusto Pestana, Condor,
Horizontina, e Parobé. Atualmente (2012) pastoreiam a Igreja Assembléia de Deus de Ijuí que
conta com um número aproximado de três mil membros.
O início da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí, foi modesto, com poucos membros e
existia pouco recurso financeiro e necessitava da ajuda financeira de outras cidades, porém
com o passar dos anos, a situação melhorou e hoje (2012), a igreja é auto-sustentável e, além
disso, ainda mantém financeiramente as cidades de: Ajuricaba, Nova Ramada, Bozano.
Também conta com sete missionários em países como: Guiné Bissau, Uruguai, Argentina e no
Estado do Acre (Brasil).
Assim a formação da Igreja Assembléia de Deus de Ijuí ocorreu de forma lenta e
gradativa, mas cresceu de forma que atualmente (2012), é uma das principais instituições
religiosas do município de Ijuí, e neste ano (2012), esta completando 70 anos de história.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Leitores atentos certamente encontrarão grandes lacunas em meu trabalho. E eles têm
razão. Gostaria porem, de dizer-lhes que não me foi possível, com tempo exíguo de que
dispunha, de forma sistemática e adequada, examinar arquivos, ler os livros de atas,
entrevistar pessoas, de uma instituição que completa setenta anos de existência. Entretanto,
não tive em momento algum a intenção de esgotar meu objeto de estudos. Sei que serão
necessárias muitas outras pesquisas tanto com o objetivo geral de reconstruir os grandes
momentos ou uma “história geral” da Igreja Assembleia de Deus de Ijui, quanto de investigar
aspectos específicos de sua história tais como:
- a historiados pastores que atuaram desde a fundação da Igreja de Ijuí;
- a história da expansão física, material da Igreja, com seus templos, bens e recursos;
- séries estatísticas dos membros da igreja; dos cultos, dos batismos, casamentos,
enterros;
- história das instituições fundadas para dar assistência a grupos sociais da sociedade
de Ijuí: Lar da Menina (originalmente Lar Bom Abrigo), Amparo à velhice e Gota
de Leite, assim como das pessoas que as animaram e as administraram, bem como
das pessoas que aí encontraram apoio, assistência e amparo;
- história fotográfica da Igreja Assembleia de Deus de Ijuí;
- por sua importância como pastor local e sua projeção no rio Grande do Sul é
fundamental a elaboração de uma biografia detalhada do Pastor João Ferreira filho.
Como costumava dizer o grande escritor e pensador Umberto Ecco: uma boa pesquisa
pode dar passo a outras pesquisas, que podem durar toda a vida de uma pessoa. Espero poder,
pelo menos em algum grau seguir pesquisando este tema, que interessa não só aos estudiosos
da academia, mas, sobretudo aos membros da própria Igreja.
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REFERÊNCIAS
Bibliografia
BÍBLIA, Bíblia Sagrada. O Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Geográfica, 12ª ed.2009.
CONDE, Emílio. História das Assembléias de Deus no Brasil.4ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2005.
STEIN, Luciano. Nils Taranger, Um Coração Missionário no Sul do Brasil. Porto Alegre:
CPAD, 2002.
VINGREN, Ivar. Diário do Pioneiro Gunnar Vingren. 5ª Ed. Rio de janeiro: CPAD, 2000.
Sites
Fonte Oral
Entrevista realizada com Sr. Mario Silva de Souza, membro da Igreja Assembléia de Deus de
Ijuí, e atualmente pastor vice presidente (Anexo).
Arquivos
ANEXO
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Anexo 1
Entrevista realizada com Sr. Mario Silva de Souza, pelo aluno da UNIJUI – Tiago de Cordova
– concedida no dia 12 de Novembro de 2011.
Entrevista com Sr. Mario Silva de Souza vice presidente da Assembléia de Deus de Ijuí
cultos o GERVI, tradicional salão de festas da cidade, ali na Coronel Dico, e posteriormente
aqui na 14 de julho onde hoje é o templo matriz.
Tiago- Qual ano seria isto?
Mario – foi na década de 50 que a igreja adquiriu esta propriedade, e na década de 60 foi
construído o templo de alvenaria, foi demolido o templo, esse pequeno templo de madeira,
essa pequena capela de madeira, e foi construído um templo de alvenaria, isso na gestão do
Pastor Adalberto Kolenda Lemos, posteriormente na administração do Pastor João Ferreira
Filho foi ampliado este templo de alvenaria, ele ampliou o templo e também construiu nos
fundos do templo uma casa pastoral que serve hoje como secretaria e alguns apartamentos
para a casa pastoral.
Tiago– O Pastor Aleixo, quantos anos permaneceu na cidade?
Mario – O Aleixo permaneceu aqui em Ijuí, aproximadamente uns 02 anos, o Pastor Kolenda
uns 21 anos e o Pastor João Ferreira Filho 27 anos e alguns meses quase 28 anos.
Tiago– Depois desse pastor?
Mario – Depois do pastor João Ferreira então, com a ida do Pastor João Ferreira, a Porto
Alegre, foi destacado para Ijuí como Pastor Presidente o Pastor Vandir Ribas Pereira, que
ficou aqui 02 anos sendo substituído pelo Pastor Jesus Vieira Vilande, que também ficou aqui
aproximadamente 05 anos depois assumiu o trabalho o atual pastor Presidente Argemiro
Rodrigues da Silva.
Tiago – Como é que foi o crescimento da igreja no início?
Mario – A Igreja iniciou com um número relativamente pequeno de membros e aos poucos
então esse número foi aumentando, e hoje a igreja praticamente conta com 3.500 membros no
campo de Ijuí.
Tiago– A igreja de Ijuí tem várias congregações?
Mário – Tem aproximadamente ela tem 23 congregações nos bairros e também em municípios
vizinhos como Ajuricaba, Nova Ramada e Bozano, que são municípios que são
jurisdicionados ao campo de Ijuí.
Tiago– Qual seria o trabalho da Igreja para a comunidade?
Mario – Além do trabalho de evangelização que a igreja realiza, também nós temos o trabalho
social, esse trabalho social ele já iniciou praticamente na década de 60, quando foi fundado o
instituto Lar Bom Abrigo que ampara meninas e meninos órfãos, então esse trabalho social
iniciou nos anos 60 através da mui saudosa irmã, Maria de Lourdes Kolenda Lemos, além do
instituto Lar Bom Abrigo, também foi fundado a sociedade beneficente Gota de Leite, essa
instituição ela tinha o objetivo de auxiliar aquelas mães que, quando davam luz aos seus
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filhos, então elas recebiam dessa sociedade beneficente um enxoval para os recém nascidos,
também foi fundado na época o Asilo Amparo a Velhice Nosso Lar, que amparava pessoas
idosas, e muitas vezes não tinham familiares que eram pessoas sozinhas, então esse asilo
amparava essas pessoas, e com o tempo foi extinto da sociedade, a sociedade Gota de leite e o
Asilo Nosso Lar, restando somente como obra social o Lar bom Abrigo.
Tiago– Desses líderes da igreja qual deles teve maior importância? Que teve seu trabalho,
mais destacado?
Mario – A gente destaca que o trabalho que a gente pode considerar como grande progresso
no trabalho da igreja foi justamente na administração do Pastor Adalberto Kolenda Lemos, e
também na administração do Pastor João Ferreira Filho, foram os pastores que mais tempo
permaneceram como pastores presidentes no campo de Ijuí.
Tiago – Qual a importância da igreja de Ijuí, para a Assembléia de Deus no Estado?
Mario – A igreja Assembléia de Deus de Ijuí se destacou por ser sede da presidência da
convenção por aproximadamente 10 anos. Já que o Pastor João Ferreira Filho exerceu esse
mandato durante todo esse tempo não só como presidente, mas também como secretário da
convenção, e também Ijuí foi à sede do 1º Congresso Sul Riograndense de Jovens, com a
participação de jovens de todo o Estado, jovens da Argentina, Uruguai, inclusive da Suécia,
tivemos representantes de jovens da Suécia naquela oportunidade.
Tiago – Quais os meios utilizados para o crescimento da igreja de Ijuí?
Mario – No inicio havia muita dificuldade para a evangelização, pois muito poucos irmãos
possuíam carro. Os cultos eram feitos nas residências e ao ar livre, os irmãos se deslocavam a
cavalo para realizar as reuniões. Também nós tínhamos um programa de rádio na Rádio
Progresso de Ijuí, que também era um meio de evangelização e também um meio de
comunicação da Igreja, esse programa, depois com o decorrer do tempo, aí surgiram outros
meios como se foi construindo templo nos bairros e a evangelização se tornando mais fácil
não tão difícil como no início da igreja.
Tiago – Qual o papel da evangelização, qual o benefício que traz?
Mario – Os benefícios da evangelização é mostrar para as pessoas que existe um Deus, e
transforma as vidas através da obediência à sua palavra que é a bíblia sagrada.
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Declaração
Eu, Mario Silva de Souza, estado civil casado declaro para os devidos fins que cedo os direitos
da Minha entrevista sobre a história da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Ijuí, gravada
no dia 12 de Novembro de 2011, para a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUI), para usá-la integralmente ou em partes, sem restrições de prazos e
citações, desde a presente data. Da mesma forma, autorizo terceiros a ouvi-la e transcrevê-la,
ficando vinculado o controle à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul (UNIJUI), que tem sua guarda.