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História do Cristianismo

Antônio Ferreira Rosa Júnior


Gerli Alves da Silva
José Roberto de Souza
Ronaldo Sávio dos Santos
Rosely Pontes Pereira
2019 by FATIN

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reduzida ou transmitida de qualquer modo ou qualquer outro meio, eletrônico
mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema
de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por
escrito, da FATIN.

Editores:
Gerson Francisco de Arruda Júnior
Hildeberto Alves da Silva Júnior
Stéfano Alves dos Santos
Supervisora de produção Editorial: Gerli Alves
Coordenadora de Produção Editorial: Hilgerly Gomes
Revisão: Roberval Felix
Assessoria Técnica: Thalyson Gomes
Capa: Hildeberto Alves
Diagramação: Flávio Marinho

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CDD

Rosa Júnior, Antonio Ferreira; Turiano, Edlúcia Dalva Lira; Silva, Gerli
Alves da; Souza, José Roberto de.

História do cristianismo / Antônio Ferreira Rosa Júnior, Edlú-


cia Dalva Lira Turiano, Gerli Alves da Silva, José Roberto de Souza.
Igarassu: FATIN, 2019. 141 p..

ISBN:

1. Existência de Deus. 2. Atributos de Deus. 3. Messias.

É proibida a reprodução total ou parcial deste livro.


Sumário

Jesus Cristo ontem, hoje e eternamente

Era Patrística

Igreja Primitiva e da Pré-reforma

Os Principais Reformadores

Apêndice
Caro (a) aluno (a),

Seja bem-vindo ao curso de História do Cristianis-


mo

É com satisfação que colocamos em suas mãos um material de excelência com o pro-
pósito de servir de fonte de pesquisa e estímulo para sua busca de conhecimento acer-
ca do desenvolvimento da História do Cristianismo através dos séculos.

Procuraremos não vagar nas imaginações, mas nos propomos a relatar na fidelidade à
pesquisa realizada. Observaremos, na narração, as características ambientais abran-
gendo as peculiaridades socioeconômicas e socioculturais.

Durante os estudos, focaremos nos acontecimentos que envolveram a Igreja Cristã


durante o período que compreende a era antes de Cristo e depois de Cristo. Focaliza-
remos as principais contribuições dos povos romanos, gregos e judeus, observando
também as condições religiosas, intelectuais e morais desses povos. Faremos uma
abordagem acerca dos principais da Igreja, sua influência e seus ensinos.

Desejo que tenhamos o mesmo sentimento e conscientização de Bem Curion quanto a


importância da história do cristianismo tanto para nossa vida acadêmica, como para a
vida eclesiástica e consequentemente a vida pessoal.

SUCESSO!
Introdução e objetivos

A História do Cristianismo é rica de informações que, à medida que esse conhecimento


vem à tona, no decorrer das aulas, você será impulsionado a desejar que seu conteúdo
nunca venha a se esgotar e, por certo, nunca se esgotará, pois, temos um começo que
nos permite iniciar, mas não temos um fim ou certeza de quando vai terminar, todavia,
enquanto isso, navegar nos assuntos desta disciplina, com certeza, fará com que nun-
ca mais sejamos os mesmos.

Falaremos durante os estudos desta disciplina dos acontecimentos que envolveram a


igreja cristã no período que compreende a era antes de Cristo e depois de Cristo. En-
focaremos as principais contribuições dos povos romanos, gregos e judeus. As condi-
ções religiosas, intelectuais e morais desses povos. E faremos uma abordagem acerca
dos principais pais da igreja, sua influência e seus ensinos. Todo estudante de Teologia
deve mergulhar nas lindas experiências que foram vivenciadas pelo povo de Deus e em
particular os cristãos ao longo dos séculos.

Nossa Missão é preparar os estudantes para o domínio do assunto como Teólogos


e oferecer uma visão mais ampla sobre os valores que se agregam ao ter no saber,
na investigação, no prazer de estudar, a certeza do sucesso e objetivo alcançado, no
conhecimento adquirido, o altruísmo e naquilo que não pode faltar em tudo que apren-
demos e fazemos: O amor.

Ementa:

Estudo dos acontecimentos que envolveram a igreja cristã no período que compreende
a era antes de Cristo e depois de Cristo. Enfoque das principais contribuições dos povos
romanos, gregos e judeus. As condições religiosas, intelectuais e morais desses povos.

Abordagem acerca dos principais pais da igreja, sua influência e seus ensinos.

Os objetivos desta disciplina são:

• Fornecer conhecimento dos Ensinamentos de Jesus Cristo ontem, hoje e eterna-


mente;
• Compreender as principais contribuições dos povos antigos para o cristianismo;
• Fornecer conhecimento sobre a cronologia bíblica: início da monarquia em Israel;
• Compreender como se deu o crescimento da Igreja Primitiva;
• Fornecer conhecimento sobre a Era Patrística;
• Fornecer conhecimento sobre a Igreja primitiva e da pré-reforma;
• Compreender os principais motivos que culminaram na reforma;
• Fornecer conhecimento dos principais reformadores; e
• Compreender os principais movimentos populares depois da reforma.
Unidade 1

Jesus Cristo e o
Cristianismo
Ao final da Unidade, você será capaz de:

• Entender Jesus Cristo ontem, hoje e eternamente;


• Conhecer as principais contribuições dos povos antigos;
• Conhecer a cronologia bíblica; e
• Entender o crescimento da Igreja Primitiva.

Guia de estudos

A Unidade primeira se divide em:

1 – Jesus Cristo ontem, hoje e eternamente


2 – Enfoque das Principais Contribuições dos Povos Antigos para o Cristianismo
3 – Cronologia bíblica: Início da Monarquia em Israel
4 – Nascimento de Cristo
Introdução

A História do Cristianismo tem começo, meio, mas ainda não chegou ao fim. Falando
de começo, isso é relativo, digo, de historiador para historiador ou de teólogo para te-
ólogo. Prefiro “datá-la”, no momento em que Deus falou em Gn 3:15 “Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente”. Por quê? Toda a
história da Redenção da humanidade começou nessa promessa Divina. O que veio a
seguir na História foi a consequência dessa promessa. Deus controlou a História para
sua promessa ser cumprida.

Ao longo da própria história bíblica é explícita a intenção de Deus em revelar Cristo


como seu projeto principal para a redenção da humanidade. A partir da queda do ho-
mem Deus trouxe à humanidade a forma como a trataria dali para frente. Nunca foi
negado ao homem a oportunidade de ser redimido por Deus.

Vários acontecimentos apontaram para o Cristo que salvaria o mundo. Abel, Noé, a
Arca, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué... Davi, as profecias de Isaías (7:14; 9:6;
53:1-12), outros mais profetas, sejam “maiores” ou “menores”, falaram desse grande
evento: O nascimento do fundador do Cristianismo. Ao longo dessa História e, apesar
de o tempo tão esperado por muitos, diz o apóstolo Paulo que Jesus nasceu “na ple-
nitude dos tempos”, ou seja: No tempo certo (Gl 4:4). Morreu como previsto por ele
mesmo: Mt 16:21 “...ser morto...”. Cumpriu o que dele estava escrito: Jo 19:30 “...está
consumado...”.

Durante as unidades, vamos seguir juntos e alcançarmos um conhecimento maior


dessa História que é nossa História, nossa razão, nossa alegria, pois: “Cristo em nós é
a esperança da glória!”.
1 - Jesus Cristo ontem, hoje e eternamente

Essa afirmação está em Hebreus 13:8. É possível dizer que não existe declaração mais
explícita para definirmos a pessoa de Jesus. Ninguém foi tão falado nas Escrituras
antes de nascer como Jesus Cristo. Não é exagero dizer que o Antigo Testamento em
cada livro escrito fala de Jesus. Seja por figura, analogia, comparação, etc.

As profecias apontavam para seu nascimento e qual seria sua missão, o que sofreria e
como sofreria para cumpri-la (Is 53:1-12). A História do Cristianismo não existiria sem
Cristo.

Saiba mais

Profecia - é um relato, religioso ou não, no qual se afirma prever acontecimentos futuros.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Profecia Acesso em 04.10.2019

A história também mostra que Deus sempre esteve no controle para que tal aconteci-
mento fosse viável e nada o obstruísse, embora tenha havido diversas tentativas para
que o plano de Deus não fosse executado (Jó 42:2).

O mundo foi preparado culturalmente, politicamente, socialmente e espiritualmente.


A missão de Jesus precisava do ambiente certo para ser iniciada e Deus, com certeza,
cuidou disso.

Interessante que apesar de ser um momento tão aguardado e tão cheio de expectativa,
não se tem uma data exata do seu nascimento. Por quê? Ora, muitas seriam as espe-
culações para tal pergunta, mas nenhuma chegaria próximo da intenção de Deus em
reservar só para ele o dia exato do nascimento de Cristo.

Para os cristãos, o importante é que ele nasceu. O Filho de Deus nasceu, padeceu mui-
to por causa dos pecadores, foi pregado na cruz por nossos pecados, morto, ressusci-
tou ao terceiro dia e foi ontem, é hoje e eternamente Senhor da vida e da morte, pois,
quem nele crê, segundo as Escrituras, tem a vida eterna (Jo 7:37,38; Jo 5:24).
Sabe-se que ele nasceu em Israel, Judá, propriamente dito. Isso significa que ele foi
legitimamente judeu.

! Importante

Esse nascimento foi profeticamente predito pelo profeta Miqueias:

“E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de
Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel”.

Jesus não apareceu simplesmente, não surgiu das nuvens ou apareceu descendo num
cavalo em um redemoinho de fogo. Jesus nasceu da virgem Maria, ou seja, Jesus nas-
ceu de uma mulher e isto dava o direito de ser 100% homem, sem deixar de ser 100%
Deus. Se ele tivesse vindo do céu já em forma humana, jamais seria humano, por isso,
a necessidade de nascer de mulher.

Os anjos, por exemplo, nunca foram legitimamente humanos porque não nasceram de
mulher. Ao tomarem forma humana para interagirem com os humanos na terra, não
fazia deles humanos, mas apenas anjos em forma humana.

Embora haja uma distância de tempo entre Abraão e Jesus, um era parente do outro.

Quando Deus fez uma promessa a Abraão, Gn 17:9 (Pai de Nações), antes Abrão, Gn
12:1 (Pai de multidão), Abraão estava numa terra chamada Harã (Gn 12:4, 5). Saiu de
um ambiente idólatra para um lugar onde Deus reservara para ele e seus descenden-
tes para servirem apenas a Deus e não a vários deuses.

Abraão obedeceu e começou sua peregrinação em busca dessa terra e ao longo dessa
peregrinação teve várias experiências e a mais importante foi o nascimento de seu fi-
lho Isaque com sua esposa Sara (Gn 21:1-3). Outro evento de semelhante importância
foi quando Abraão sendo provado, não negou seu filho amado em sacrifício ao Senhor,
que quando Abraão estava prestes a sacrificá-lo, Deus providenciou o cordeiro para ser
imolado em lugar de seu filho (Gn 22).
A História continua com a vida adulta de Isaque, que casou com Rebeca e teve dois fi-
lhos: Esaú e Jacó (Gn 25:21-27). Deus abençoou estes dois filhos de Isaque, mas a Jacó
escolheu para continuar seu plano para redenção da humanidade.

Após transformar o nome de Jacó em Israel depois de ele lutar com um anjo (Gn 32:22-
30) e prevalecer, Jacó, agora Israel, vê seus doze filhos crescerem e através de José,
filho que tinha como morto por causa da maldade de seus irmãos que venderam José
a mercadores midianitas e disseram ao pai que um animal feroz o havia matado, Israel
não só revê o filho como o vê Governador do Egito, salvando não só povos de outras
nações, mas seu próprio povo da fome que assolava a humanidade naquela época (Gn
37:3,4,28-34; 46:29,30; 47:11,12; 50:18-21).

Saiba mais

Os Midianitas na Bíblia

Os Midianitas viviam como nômades no deserto. Eles se organizavam em unidades tribais,


especialmente em cinco clãs principais, visto que a Bíblia fala de cinco príncipes de Midiã
(cf. Josué 13:21).

A associação dos midianitas com os ismaelitas fica evidente em algumas passagens bíbli-
cas. A primeira delas é a narrativa acerca da venda de José, filho de Jacó, por seus irmãos.
Os mercadores ismaelitas que compraram José de seus irmãos e o levaram para ser
vendido como escravo no Egito, eram também midianitas (Gênesis 37:25-28). Saiba mais
sobre a história de José, governador do Egito.

Moisés, o grande legislador do povo hebreu, casou-se com uma midianita, Zípora. Quando
fugiu do Egito, Moisés se estabeleceu em Midiã, onde conheceu sua esposa. Ali ele cuidou
dos rebanhos de seu sogro, um sacerdote local, durante quarenta anos (cf. Atos 7:30).

Tempos depois, quando o povo de Israel já havia saído do Egito e peregrinava pelo deserto,
o cunhado midianita de Moisés, Hobabe, foi convidado para ajudar a guiar os peregrinos
em um trecho da viagem (Números 10:29-32). Como nômade do deserto, Hobabe tinha
certo conhecimento da região que foi importante naquela ocasião.

Fonte: https://estiloadoracao.com/quem-eram-os-midianitas/ Acesso em 04.10.2019.


A mensagem durante todo esse período e até hoje é que: Deus está no controle de tudo!

Quando tudo parece estar dando errado, sem volta, Deus muda a situação ruim e trans-
forma em exaltação para os que creem nele. A vida é difícil para os que são fiéis a Deus
e José é um exemplo claro. Desde sua adolescência até sua vida adulta foi fiel a Deus,
porém teve que suportar muitas injustiças e não guardar ódio, inveja e nem querer se
vingar daqueles que lhe fizeram o mal. Será que não é isso que está faltando em você?

Leia isto o que o apóstolo Paulo falou:

“Estou absolutamente convencido de que os nossos so-


frimentos do presente não podem ser comparados com a
glória que em nós será revelada”. Rm 8:18.

Se você crê assim, seja fiel nessa aflição que está passando. Deus mudará
sua história!”

A História está registrada porque Deus apresenta para o seu povo o modelo de vida que
o agrada e é vitoriosa.
2 - Enfoque das Principais Contribuições dos Po-
vos Antigos para o Cristianismo

2.1. A Mesopotâmia e seus Povos

No mesmo milênio em que iam sendo formadas as civilizações egípcia e outras, a ci-
vilização babilônica semelhantemente se desenvolvia ao longo das margens dos rios
Tigre e Eufrates, apenas a poucas centenas de quilômetros de distância da egípcia. Ali,
como no Egito, o progresso técnico ocorria muito mais rapidamente do que na Europa.

Fonte: amorim.pro.br

Antes que todos os povos europeus houvesse adotado o uso do metal, havia os povos
orientais que passaram pela “Era do cobre e do Bronze” e ingressaram na “Idade de
Ferro” e seus primitivos centros no Egito e na terra entre os rios Tigre e Eufrates, a
civilização logo se espalhou por todo o crescente fértil; a área de terrenos produtivos
em forma de ferradura que se estende no rumo norte da Babilônia para o planalto do
Eufrates e depois se curva no sul, outra vez, passando pela Síria e pela Palestina.

Gradualmente, a civilização ainda mais se difundiu: na direção leste para a terra dos
medos e dos persas; na do oeste pela Ásia Menor, até as ilhas e península da Grécia e
da Itália, até as costas distantes do MEDITERRÂNEO.
A civilização mesopotâmica era completamente diferente da egípcia. Sua história po-
lítica é assinalada por interrupções bruscas; sua composição racial era menos ho-
mogênea e sua estrutura social e econômica oferecia campo mais longo à iniciativa
individual.

Para o desenvolvimento da agricultura e das cidades foi necessária a construção de


diques (construção sólida utilizada para represar águas correntes) para conter as vio-
lentas enchentes, além de canais de irrigação para levar a água dos rios às terras
distantes.

Canais de irrigação para conter as cheias dos rios na Antiga Mesopotâmia

Foto:slideplayer.com.br

A exploração da terra na Mesopotâmia baseava-se em um complexo sistema de pro-


priedade, segundo a qual a posse privada ainda não era exercida na plenitude. De modo
geral, a propriedade da maioria das terras era dos templos e do Estado que as distri-
buíam para rendeiros, colonos e funcionários públicos.

Para realizar todas as tarefas exigiam-se esforços de todos e, com o tempo, sentiu-se
a necessidade de um poder centralizado que dirigisse a sociedade. Desse processo
surgiu o ESTADO.

O poder do Estado justificava-se inicialmente porque um governo centralizado poderia


coordenar melhor o trabalho da população na construção de grandes obras de inte-
resse comum.
Houve, no entanto, um desvio de funções que se esperavam do Estado. O pequeno
grupo de pessoas que controlava o governo passou a usar o poder que detinham para
explorar o restante da sociedade. Os governantes aumentavam suas riquezas e privi-
légios.

A maioria do povo era vítima da pobreza e da exploração, desta forma, acentuam-se a


distância entre governantes e governados.

Assim o nascimento da civilização na Mesopotâmia foi marcado não só pela formação


do Estado, mas também pelo início da desigualdade e da exploração social entre ho-
mens, que passaram de uma sociedade comunitária para uma sociedade dividida em
classes.

! Importante

A civilização mesopotâmica se desenvolveu no vale dos rios Tigre e Eufrates e é con-


siderada o berço da cultura ocidental. Daqueles povos vêm os cálculos astronômi-
cos, a escrita, o primeiro código, as cidades-estados e muito mais. A Mesopotâmia
era uma região fértil que facilitava a fixação de populações.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/civilizacao-mesopotamica/ Acesso em 04.10.2019


2.1.1. Os Sumerianos

Fonte: www.historia.templodeapolo.net

Entre os montes ZAGROS e o DESERTO DA ARÁBIA corriam dois rios caudalosos que
desembocam no Golfo Pérsico: O Tigre e o Eufrates. O vale que eles fertilizam é conhe-
cido como MESOPOTÂMIA, designando-se Assíria a sua parte norte e a Caldeia a sua
parte sul. Na zona mais meridional da Mesopotâmia, onde antes desembocavam se-
parados os dois rios, foi que os sumérios se estabeleceram no quarto milênio A.C. Sua
origem é desconhecida, mas parece que vieram do planalto da Ásia Central. Fundaram
cidades como UR, NIPPUR, LAGASH, cada um constituindo um pequeno Estado, regido
por um chefe religioso e civil chamado de Patesi.

Por volta de 3.500 A.C., como sabemos por escavações feitas em UR, os sumerianos
haviam atingido uma brilhante civilização. Provavelmente sua cultura continuou a do-
minar a BAIXA MESOPOTÂMIA.

MESOPOTÂMIA por mais de 1500 anos enquanto na BABILÔNIA reinava a dinastia de


HAMURABI. A escrita sumeriana foi desenvolvida com o tempo e, por volta de 3.000
A.C. passou a ser utilizada também no registro de textos religiosos, literários e de al-
gumas normas jurídicas.
Saiba mais

A escrita cuneiforme foi criada pelos sumérios, e sua definição pode ser dada como uma
escrita que é produzida com o auxilio de objetos em formato de cunha. A escrita cunei-
forme é uma das mais antigas do mundo, apareceu mais ou menos na mesma época dos
hieróglifos, foi criada por volta de 3.500 a.C. No começo a escrita era meio enigmática, mas
com o passar do tempo foram se tornando mais simples.

Os sumérios utilizavam a argila para escrever, e quando queria que seus registros fossem
permanentes, as tabuletas cuneiformes eram colocadas em um forno, ou poderiam ser
reaproveitadas quando seus registros não fossem tão importantes que precisariam ser
lembrados sempre.

Escrita cuneiforme, de origem Suméria, encontrada no Iraque.


Foto: Fedor Selivanov / Shutterstock.com
Fonte: https://www.infoescola.com/civilizacoes-antigas/escrita-cuneiforme/ Acesso em
05.10.2019
2.1.2.Os Acádios

As cidades sumerianas ocupavam as melhores terras da Mesopotâmia. Por esse moti-


vo atraíram a atenção dos acádios povos que habitavam a cidade de ACAD, esses povos
estabeleceram ao norte dos sumérios, fundando algumas cidades, vindo ACADÉ a ser
a mais importante. Ali reinaram pouco depois o REI SARGÃO e seu neto, NARAM-SIN,
conquistou um vasto império englobando todos os povos da CALDEIA, o ELÃ no extre-
mo ocidental da meseta do IRÃ, seria a Alta Mesopotâmia, até chegar a Ásia Menor.

Por volta de 2.500 A.C., os acádios dominaram as cidades dos sumérios. Na batalha
os acádios utilizavam o arco e a flecha, mostrando-se mais rápidos e eficientes que a
infantaria (tropa que luta a pé), armada com pesadas lanças e escudos.

Essa estratégia de combate lhes renderam muitas vitórias, conquistando durante mui-
to tempo novos territórios.

Seus arqueiros demonstravam uma habilidade superior muito acima da habilidade de


infantaria dos exércitos que combatiam.

Fonte: mosqueteirasliterarias.comunidades.net
Comandados por SARGÃO I, os acadianos conquistaram e unificaram as cidades su-
merianas, fundaram o primeiro império mesopotâmico que expandiu desde o Golfo
Pérsico até as regiões de AMORRU e da ASSÍRIA.

Sargão foi um homem notável que se ergueu da humilde posição de copeiro para tor-
nar-se o primeiro dos construtores do império semita.

Biografia

Sargão da Acádia, também conhecido como Sargão, o Grande, foi um rei acádio célebre
por sua conquista das cidades-estado sumérias nos séculos XXIV e XXIII a.C. Fundador da
dinastia acadiana Sargão reinou por 56 anos, de 2270 a 2 215 a.C.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarg%C3%A3o_da_Ac%C3%A1dia Acesso em 04.10.2019


2.1.3 Amoritas ou Babilônicos

Vindo do deserto Arábico por volta de 2000 A.C. o povo amorita, também conhecido
como babilônico, chegou a Mesopotâmia e se estabeleceu na Babilônia. Por isso os
Amoritas ficaram conhecidos como babilônicos. A cidade cuja divindade protetora cha-
mava-se MARDUC e possuía notáveis templos cobriu-se de construções belíssimas e
se tornou centro importante de atividades de toda sorte. Ali reinou entre 2133 a 2081
A.C. um rei chamado HAMURABI que passou à história como um dos grandes codifica-
dores da Antiguidade.

Biografia

Marduc - Marduque, Marduk ou Merodaque, como é apresentado na Biblia, é um deus


protector da cidade da Babilônia, pertencente a uma geração tardia de deuses da antiga
Mesopotâmia.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marduque Acesso em 08.10.2019.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marduque
Hamurabi decidiu ampliar seus poderes políticos e econômicos na região e chefiando
os amoritas, venceu os povos vizinhos e expandiu os domínios babilônicos por toda a
Mesopotâmia desde o Golfo Pérsico até o norte da Assíria.

Fonte: https://www.alagoasnanet.com.br/v3/e-agora-hamurabi/ Acesso em 08.10.2019.

Com efeito, Hamurabi mandou recopilar os diversos dispositivos que regiam a vida civil
e ordenou que fossem gravados em pedra para que todos os povos submetidos a sua
autoridade os conhecessem. Esses dispositivos foram na realidade o primeiro código
jurídico, com leis escritas que se conhece.

Interatividade

Para entender um pouco mais sobre o Código Hamurabi acesse:

Fonte:http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm Acesso em 05.10.2019.


2.1.4 Os Hititas

Os hititas eram de origem indo-europeia e haviam chegado à Ásia Ocidental no princí-


pio do segundo milênio. Percorreram durante algum tempo extensas regiões estabe-
lecendo-se transitoriamente na Mesopotâmia; mas acabaram preferindo radicar-se no
centro da meseta da Anatóliano país que depois chamou Capadócia. Ali fundaram sua
capital HATI, onde começaram a se estender em diversos sentidos; não tardou que se
chocasse com os egípcios, iniciando-se uma série de lutas em que estes últimos le-
varam a melhor devido a sua aliança com os mitanianos, os assírios, e os babilônicos.
Contudo no século XIV os hititas conseguiram algumas vantagens por causa da crise
interna que debilitou o poderio egípcio; de modo que as forças chegaram a contraba-
lançar-se.

Em tais circunstâncias eis que irrompeu um novo povo que lhes invadiu os territórios,
ameaçando a ambos que então resolveram se unir.

O domínio hitita trouxe consigo duas invenções de importância fundamental para o


progresso da humanidade: A utilização do ferro e o uso do cavalo. Esse animal era
muito ágil para o transporte, veloz para carros de guerra, construídos não mais com
rodas cheias já conhecidas pelos sumérios, mas rodas com raios mais leves e de fácil
manejo.

Fonte: povosdaantiguidade.blogspot.com
O rei hitita era chefe do exército, juiz supremo e sacerdote. As rainhas dispunham de
certo poder. Apesar da decadência o império Hitita durou em torno de 1.200 A.C. certos
elementos do mundo hitita sobreviveram três séculos nos pequenos reinados situados
no sudeste da Anatólia e no Norte da Síria.

A importância desta civilização reside no fato de ter sido ela que nos legou os mais an-
tigos documentos escritos numa língua indo-europeia (língua que deu origem a maior
parte das línguas faladas na Europa) até hoje descobertos. A maior parte dos textos
que tratavam de história, de política, de legislação, de literatura e de religião, era gra-
vada em cuneiforme sobre tabelinhas de argila.
2.1.5 Os Fenícios

Os fenícios também eram de origem semita e estavam estabelecidos na costa do medi-


terrâneo desde épocas remotas. Ficaram submetidos a diferentes senhores que domi-
naram aquelas regiões, mas sem prejuízo disso, realizaram intensa atividade comer-
cial em suas cidades entre as quais foram de maior importância naquela época.

Fonte: https://www.emaze.com/@AQQORTCR/Os-fenicios Acesso em 05.10.2019.

Biblos foi a primeira cidade fenícia que alcançou certo esplendor. Esteve em estreita
relação comercial com o Egito e caíram sob sua dependência, aumentando-lhe então
as possibilidades mercantis porque muitos produtos egípcios se vendiam quase que
exclusivamente por seu intermédio.

Biblos não pôde manter sua hegemonia na fenícia; outra cidade Sidon principiou a de-
senvolver-se e obscureceu a sua rival. Sidon foi uma das principais posições egípcias
na época das guerras da Síria, porém o seu verdadeiro esplendor foi atingido quando
começou a explorar o comércio marítimo que era antes realizado pelos cretenses.
Com efeito, após 1.400 A.C. quando Creta caiu ante os ataques dos aqueus, os fenícios
de Sidon aproveitaram as circunstâncias favoráveis para dominar as regiões do cobre
e para açambarcar o intercâmbio comercial das ilhas do Mar Egeu e essencialmente
a de Creta e das cidades das costas da Síria e da África. Foram capazes de manter
sua independência enquanto nenhum grande império as ameaçou. Mas, no século IX
A.C. os assírios os subjugaram. No período de sua independência, porém, os fenícios
desenvolveram extenso e lucrativo comércio, especialmente por mar, através do
Mediterrâneo, levando mercadorias e ideias das terras civilizadas do Oriente para os
povos atrasados da Europa e do Ocidente.

Vista panorâmicas das ruínas da antiga cidade de Biblos, Líbano


Fonte: https://br.depositphotos.com/140243744/stock-photo-panorama-view-of-ancient-byblos.html
Acesso em 05.10.2019.

A religião dos fenícios estava longe de ser admirável. Abrangia superstições cruéis,
ritos licenciosos em honra da deusa ASTARTE e o sacrifício de criança, que eram quei-
madas vivas. Alguns desses costumes chegaram até aos judeus de Israel.

Por exemplo, AHAB construiu um templo ao BAAL de TIRO para JEZABEL, uma de
suas esposas que era fenícia. Felizmente, os fenícios tinham algo melhor do que sua
religião para oferecer à civilização. Sua maior realização foi o alfabeto, que começaram
a usar por volta de 1.550 A.C., provavelmente como um aprimoramento dos símbolos
egípcios. Entre os povos a que os fenícios ensinaram seu alfabeto estavam os gregos
do Egeu, que o aperfeiçoaram acrescentando-lhe vogais, os próprios fenícios só usa-
vam consoantes.

Juntamente com a nova escrita veio o uso do papiro e da tinta que lhes havia ensinado
os egípcios e que se mostrou um sistema muito menos incômodo do que a escrita em
pedras ou tabuinha de barro.
Saiba mais

Os fenícios eram hábeis na navegação, tinham adquirido conhecimentos astronômicos dos


babilônios e usavam as estrelas, especialmente a estrela POLAR para orientação nas via-
gens à noite.

Ficaram muito conhecidos na engenharia e na produção de joias. Entre as obras de en-


genharia, destacam-se a famosa canalização de água para abastecer a população das
cidades como, por exemplo, TIRO e a construção do templo de JERUSALÉM, na época
de SALOMÃO; além disso, muitos dos principais artífices e técnicos especializados eram
fenícios.
2.1.6 Assírios

Assíria é uma palavra derivada de Assur, que significa “lugar de passagem”. A criação
do império assírio no século IX A.C. pôs termos à era dos pequenos Estados da Síria
e a Assíria ficava na Alta Mesopotâmia e na região leste. A parte ocidental do país era
ondulada, ao passo que a área leste do rio Tigre, estendeu-se até as Montanhas do
Zagros. Eram terras de colinas, matas e grandes rios.

Ali havia estabelecido os semíticos assírios antes dos meados do terceiro milênio A.C.,
e haviam avançado ainda mais longe, enquanto seu domínio se ia estendendo de Élan
até as fronteiras do Egito.

O império Assírio chegou ao ápice sob SARGÃO II (722-705 A.C.). Ele derrotou os isra-
elitas e todos os outros inimigos, incluindo os egípcios, mas quando revoltas irrom-
peram em ELÃ e Babilônia os egípcios se valeram da oportunidade para recobrar sua
independência.

Biografia

Sargão II foi rei da Assíria entre aproximadamente 721 e 705 a.C.; seu nome significa “rei
legítimo”, tendo governado durante cerca de 16 anos. Subiu ao trono após a misteriosa
morte de seu antecessor e possivelmente irmão, Salmanaser V em 721 a.C.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarg%C3%A3o_II Acesso em 05.10.2019

A Assíria estava localizada em um lugar de fácil acesso e possuía muitos atrativos, por
isso sofreu ataques de muitos invasores. Foi talvez o perigo constante de invasões que
despertou no povo assírio um feroz espírito de guerra. Os assírios organizaram um dos
primeiros exércitos permanentes do mundo. Comandados por reis como SARGÃO II,
Senaqueribe, Assurbanipal, fizeram grandes conquistas militares e construíram um
dos maiores impérios da antiguidade. Do século VIII ao século VI A.C. dominaram uma
extensa região que incluía toda a Mesopotâmia, o Egito e a Síria.
As conquistas sem precedentes dos assírios foram devidas ao seu exército que foi o
mais altamente organizado da história do Oriente Antigo.

Saiba mais

O Militarismo Assírio e as Reformas de Tiglath-Pileser.


Acesse o link:

Fonte https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/42/o-militarismo-assirio-e-as-refor-
mas-de-tiglath-pileser Acesso em 05.10.2019.
2.1.7 Caldeus ou Neobabilônicos

Com o fim do Império Assírio, a cidade da Babilônia ficou independente e logo foi no-
vamente dominada pelos caldeus. Com a morte de Assurbanipal, Nabupolossar, go-
vernante da Babilônia, estabeleceu a independência babilônica e aliando-se a medos
persas, ajudou a levar a cabo a tomada de Nínive e a queda dos Assírios.

Embora a poderosa força da Babilônia durasse menos de cem anos, a sua influência
foi imediatamente sentida e o Império que Nabupolossar criou é conhecido tanto como
Império Caldeu quanto Império Neobabilônico.

Dominando seguramente a área do Fértil Crescente, Nabupolossar empenhou-se em


reprimir os intentos egípcios de restabelecer seu império no Oriente Próximo e após
uma série de lutas, seu filho, Nabucodonosor, derrotou totalmente os egípcios na Ba-
talha de Carchemish em 605 A.C.

Biografia

Nabucodonosor II, Nebucadrezar (na ortografia babilônia Nabu - kudur - uzur, Nebo, pro-
teja a coroa! ou Nebo, proteja as fronteiras!) - foi o filho e sucessor de Nabopolassar, rei
da Babilónia que libertou os caldeus do reino da Assíria e destruiu Nínive.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nabucodonosor_II Acesso em 05.10.2019.

Daí para diante, a Síria passou para o domínio caldeu e, quando o Reino de Judá se re-
belou em 597 A.C., Nabucodonosor tomou Jerusalém. Onze anos depois verificada nova
rebelião, ele saqueou Jerusalém e a deixou em ruínas, aprisionando em Babilônia o rei
e muitos nobres; este foi chamado “cativeiro da Babilônia” dos judeus. Sob Nabucodo-
nosor, o império Caldeu chegou ao auge. As grandes muralhas foram reconstruídas,
erigiram-se templos e imensos palácios; e os famosos jardins em terraços, Jardins
Suspensos, que eram uma das Sete Maravilhas do mundo antigo, foram restaurados.
Dica de Leitura

Para saber um pouco mais sobre Mesopotâmia leia o livro “Grandes Civilizações do Pas-
sado: Mesopotâmia”

Fonte: https://apaixonadosporhistoria.com.br/livro/122/grandes-civilizacoes-do-passado-mesopo-
tamia

Roaf, Michael. Grandes Civilizações do Passado: Mesopotamia. 2006, Editora Folio.


2.2. Império Persa

Durante séculos antes da criação do vasto império Persa do sexto século A.C. uma sé-
rie de povos de além do MAR CÁSPIO estiveram movimentando-se rumo ao OCIDENTE.
Alguns passaram para a Europa sul-oriental, enquanto outros se espalharam pela Ásia
menor, destruindo o IMPÉRIO HITITA, assolando a Síria e a palestina e mesmo atacan-
do o Egito.

Mas os mesmos não deveriam ser conquistados de todas as antigas civilizações, pois
em 550 A.C. seu rei foi derrubado por CIRO, o governante dos persas que eram es-
treitamente aparentados com os medos. Esse herdeiro dos séculos, que iria edificar
o último dos Impérios do Antigo Oriente Médio, havia vivido por desconhecido espaço
de tempo na parte mais meridional do que é atualmente o Irã. Daí além de dar início
a suas mais amplas conquistas, seu grande Rei Ciro, derrotou o rei dos medos e co-
meçou a movimentar-se para o oeste. Em pouco tempo, Ciro conquistou o reino LÍDIO
de CRESO na Ásia menor e as cidades gregas da costa. A seguir aniquilou o IMPÉRIO
CALDEU. Por volta de 538 A.C. quando caiu BABILÔNIA, o domínio persa chegava às
fronteiras do Egito, incluindo todas as outras terras.

Assim em onze anos Ciro bem merece ser chamado de CIRO, O GRANDE, pois se
transformara em um dos grandes e principais líderes militares da história. Infeliz-
mente, pouco se conhece a respeito além da simples menção de vitórias. Merece nota
especial, entretanto, a libertação dos judeus concedida por Ciro.

Ciro, O Grande
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/biografias/ciro/ Acesso em 05.10.2019
Embora permaneça vago como personalidade, Ciro, o grande, é famoso como fundador
de um império que durou mais de dois séculos, até que outro gênio Alexandre Magno
lhe pôs fim. CAMBISES, o cruel filho de Ciro, arrendou as vitórias de seu pai com a to-
mada do Egito em 525 A.C. Só três anos depois o rei que sofria de epilepsia se suicidou,
irrompendo uma revolução no império, mas logo dominada pelos nobres que em 521
A.C. elevaram Dario ao trono.

Dario I, o grande, como é chamado, dominou o império de 521 a 486 A.C. Ocupou os
primeiros anos de seu reinado em reprimir revoltas de povos submetidos em reforçar a
organização administrativa do estado. Além disso, aumentou a opressão sobre cidades
jônicas da costa da Ásia Menor, que tinham caído sob o domínio persa com a conquista
da Lídia. Interferiu em seu comércio, impôs-lhes tributos mais pesados e forçou os
seus cidadãos a servir nos exércitos imperiais. O resultado imediato foi a revolta das
cidades jônicas com o apoio de Atenas.

Dario I
Fonte: http://literaturapersa.blogspot.com/2012/06/dario-i-o-grande.html
Acesso em 05.10.2019
2.3 Civilização Hebraica

Os hebreus, povo de pastores nômades, viviam na cidade de UR no sul da Mesopotâ-


mia. Partiram de UR, subindo o rio Eufrates e se fixaram em HARÃ, ao norte da Assíria.
Posteriormente, chefiados por ABRAÃO, segundo a Bíblia, Abraão foi escolhido por
Deus para ser pai de um povo bastante numeroso; ele deveria fixar-se no lugar que um
dia seria de seus filhos e netos, a TERRA PROMETIDA onde se estabeleceram por volta
do ano 2000 A.C.

A palestina, uma estreita faixa de terra que se estende pelo Vale do Jordão, naquela
época tinha limites ao norte da Fenícia (região onde se desenvolveu uma civilização.
Nenhum dos povos do Antigo oriente, com exceção talvez dos egípcios, teve maior
importância para o mundo moderno do que os hebreus). Foram eles que nos deram
grande parte de substrato da religião cristã, como os mandamentos, as histórias da
criação e do dilúvio, o concerto de Deus como legislador e juiz e ainda mais dois terços
da Bíblia. As concepções hebraicas da moral e da teoria política influenciaram profun-
damente as nações modernas. Por outro lado, é necessário lembrar que os próprios
hebreus não desenvolveram a sua cultura no vácuo.

Fonte: www.clickescolar.com.br

Foram menos capazes que qualquer outro povo de fugir da influência das nações cir-
cunvizinhas. A religião hebraica, em consequência disso, continha numerosos elemen-
tos cuja origem egípcia ou mesopotâmica é evidente.
A despeito de todos os esforços de profetas para expurgar a fé hebraica de corrupções
estrangeiras, muitas permanecem e outras foram adicionadas depois.

Com um breve descobrimento, a lei hebraica baseou-se largamente em fontes de cul-


turas babilônicas, ainda que certamente com modificações. Ninguém pode negar por
certo que os hebreus fossem capazes de realizações originais; mas ainda assim não
podemos passar por alto o fato de terem sido eles grandemente influenciados pelas
civilizações mais antigas que os rodeavam.

! Importante

A origem do povo hebreu constitui um problema ainda confuso. Certamente não


constituíram uma raça à parte, nem possuíam qualquer caráter físico capaz de dife-
renciá-los nitidamente dos povos vizinhos. A origem de seu nome é devida, segundo
alguns estudiosos, de KLABIRU ou HABIRU, apelativo dado pelos seus inimigos e
significando “estrangeiros ou nômades”. De acordo com outras autoridades, os he-
breus se relacionam com quem vivia do outro lado do Eufrates.

A maioria dos historiadores admitem que o berço primitivo dos hebreus foi o DESERTO
DA ARÁBIA. A primeira vez que os fundadores da nação de Israel apareceram na histó-
ria foi no noroeste da MESOPOTÂMIA. Já em 1.800 A.C., segundo todas as possibilida-
des, um grupo de hebreus sob a chefia de ABRAÃO se estabeleceu ali.

Mais tarde o neto de ABRAÃO, JACÓ, que havia voltado para HARÃ, conduziu uma emi-
gração e iniciou a ocupação da PALESTINA. Foi com JACÓ, subsequentemente chama-
do ISRAEL, que os israelitas derivaram seu nome. Em época incerta, mas possivelmen-
te a 1.700 A.C. algumas tribos israelitas em companhia de outros hebreus desceram
ao Egito para escapar às consequências da fome. Foram instalados por José nas vi-
zinhanças do Delta e foram escravizados posteriormente pelo governo do faraó. Por
volta de 1.300-1.250 A.C. os seus descendentes encontraram um novo líder; MOISÉS,
que os libertou da escravidão, conduzindo-os à PENÍNSULA DO SINAI e os preparou
para transformarem-se numa nação nova constituída por sua Lei.
Mais tarde, com a morte de Moisés, JOSUÉ torna-se seu sucessor. Foi essa confede-
ração constituída de doze tribos que desempenhou o papel dominante na conquista da
PALESTINA OU TERRA DE CANAÃ. Em seus dias primitivos as tribos de Israel eram um
povo pastoril e algumas sempre permaneceram assim, especialmente as que viviam
no sul. Após a conquista de Canaã, porém, também se dedicaram à agricultura e às
profissões simples, que aprenderam dos cananeus, povo mais adiantado.

Enquanto os demais povos ganhavam destaque por conquistas militares ou por re-
alizações no campo da arte e das ciências, o povo hebreu destacou-se por ter sido o
primeiro a afirmar sua fé num único Deus.

Os hebreus sempre acreditaram na vinda de um Salvador, o Messias, pelo qual espe-


ram até hoje, pois nunca reconheceram Jesus como Salvador prometido. O Deus único
do judaísmo, a religião dos hebreus, é Jeová.

No tempo de Moisés (1.200 A.C.) a organização social dos hebreus era de um simples
povo de pastores. Com o começo da vida em cidades, entretanto, e mais tarde com a
criação do Reino de Davi, mudaram as condições.
Não se distinguiram os judeus nem nas ciências, nem nas artes, eram fracos na perícia
que SALOMÃO teve que importar artesãos fenícios para planejar e decorar seu grande
palácio em JERUSALÉM.

Com a literatura foi diferente. Nesse setor, os antigos hebreus sabiam como expres-
sar-se de modo admirável. Tinham suas lendas, tradições históricas e poesia. O Antigo
Testamento é o maior dos documentos literários de todos os tempos. A história de
suas peregrinações de suas guerras, seus crimes, suas tragédias e seus sucessos
foram inspirados e embelezados pelo motivo magnífico que percorre toda a sua lite-
ratura: o desenvolvimento de sua poderosa religião, a qual foi, realmente, a sua mais
significativa contribuição à civilização.

É na literatura religiosa que encontramos um dos grandes brilhos da cultura hebrai-


ca. O melhor exemplo são os livros bíblicos do Antigo Testamento, dentre os quais se
destacam os SALMOS, CÂNTICO DOS CÂNTICOS, JÓ e PROVÉRBIOS. O estilo vibrante
dessa literatura, sua bela e vigorosa imagem poética inspirou grande parte da produ-
ção artística do ocidente cristão. Politicamente, os hebreus conheceram três tipos de
governo: Patriarcal, Juizado e Monarquia, porém o governo não político que tiveram
e rejeitaram foi o governo TEOCRÁTICO. Era Deus guiando-os, mas infelizmente eles
preferiram, invejando outras nações, um governo humano e limitado, ao invés do go-
verno do Todo Poderoso, ilimitado e eterno.
Saiba mais

Teocracia (do grego Teo: Deus + cracia: poder) é o sistema de governo em que as ações
políticas, jurídicas e policiais são submetidas às normas de algumas religiões.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Teocracia Acesso em 08.10.2019.


3. Cronologia Bíblica: Início da Monarquia em Israel

Quando o primeiro rei de Israel fracassa em sua missão de reinar e conduzir o povo
cada vez mais à presença de Deus (I Cr 10:13,14), Ele diante desse acontecimento já
havia escolhido Davi para reinar em Israel; era uma questão de tempo (I Sm 16:1-13). O
homem segundo o coração de Deus iria reinar e promover através de seu temor e amor
a Deus, uma profunda comunhão do povo para com seu Criador.

Davi foi um homem que procurou sempre buscar ao Senhor de todo seu coração. Rece-
beu de Deus a graça de ser um homem vitorioso nas batalhas e antes mesmo de ser rei
travou aquela épica batalha contra o gigante Golias, derrota-o apenas com uma funda
e uma pedra acertada na testa do gigante (I Sm 17).

Épica batalha entre Davi e Golias


Fonte: https://projetogospel.com/historia-de-davi-quem-foi-davi/
Acesso em 08.10.2019

Mesmo pecando contra Deus, quando rei, ao tomar a mulher de Urias e adulterar com
ela e após mandar assassinar seu marido, Deus perdoou o grave pecado de Davi por-
que viu seu coração. Davi não se exaltou perante o profeta Natã que foi incumbido de
lhe repreender pelo mal cometido, ao contrário, humilhou-se e demonstrou arrepen-
dimento (II Sm 12:1-15).
Podemos refletir que Deus usou de misericórdia ao não deixar a criança viver. Quando
ela crescesse e descobrisse o que sua mãe e seu pai fizeram com quem deveria ser
seu legítimo pai, é possível que tomado por ódio matasse Davi e Bate-Seba.

Davi foi um rei valente e sempre lutava contra inimigos que queriam destruir seu povo.
Quando a fase de Davi passou entrou Salomão que não era homem de guerra, mas de
estratégia.

Salomão teve o privilégio de construir o Templo onde o povo se reuniria para render
louvor e adoração e sacrifícios a Deus. Recebeu de Deus uma capacidade espetacular
para administração com eficiência. A sabedoria que obteve não foi humana, mas vin-
da do próprio Deus. Salomão tinha uma sabedoria tão elevada em relação a qualquer
outra pessoa na terra que reis e rainhas vinham de longe ouvir de sua sabedoria para
confirmar e aprender com ele (I Re 3).

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/encontradas-as-minas-do-rei-sa-
lomao.phtml Acesso em 08.10.2019

Após a morte de Salomão, os reinos se dividem em dois. Reino de Judá, conhecido


como reino do sul e Israel, conhecido como reino do norte (I Re 12). A história dos reis
de Israel e Judá é tanto narrada no livro dos Reis como no livro das Crônicas. São tan-
to histórias de reis que temiam a Deus e faziam coisas que o agradava quanto de reis
maus que faziam coisas que abominavam a Deus.
Fonte: http://geografiabiblica.blogspot.com/2011/03/monarquia-hebraica-reino-dividido.html Acesso
em 08.10.2019

Nessa oscilação de temor, fé e obediência vieram à decadência espiritual que consu-


mou na decadência política, econômica, militar, etc.

Na queda moral e espiritual desses dois reinos, Deus os castigou, permitindo que ou-
tros reinos os vencessem e os fizessem escravos por muitos anos.

É nesse espaço de tempo entre a volta do povo para restaurar o Templo e os muros da
cidade destruída por causa do pecado de terem se afastado de Deus e o nascimento
de Jesus que se vê que o povo, em sua maioria, pouco aprendeu. Não bastasse os ba-
bilônios, os persas e os gregos tê-los dominado por um longo período, Deus também
permitiu que os romanos fossem seus dominadores. Tudo porque insistiam em errar
onde os pais erraram e não aprender com os erros deles e seus próprios erros. É
nesse ambiente sob o domínio dos romanos que Jesus Cristo nasceu. O Salvador do
mundo, o Deus que se fez homem e habitou entre nós (Jo 1:1, 14).

Apesar de tudo que aconteceu os judeus são judeus em qualquer lugar. Sofram o que
sofrerem têm orgulho de serem judeus, afinal, foram escolhidos por Deus para ser luz
entre as nações. Falharam ao não reconhecerem Jesus como o Messias, o Cristo que
os profetas anunciaram que viria para libertar seu povo da escravidão do pecado (Is
7:14-16; 9:6).
A invasão romana se deu em 63 A.C., nesse período começaram a estabelecer uma po-
lítica que se desenhou numa administração que se tornou favorável ao período do nas-
cimento de Cristo e seu ministério propriamente dito. Cada vilarejo, povoado, cidade e
colônia gozavam de certa autonomia desde que estivessem sujeitas às leis romanas e
cumprissem com o pagamento dos impostos estabelecidos.

Saiba mais

Os romanos não eram rigorosos no quesito religião, isto é, não obrigavam aos povos ado-
rarem seus deuses, assim os judeus se sentiam relativamente livres para adoração a Deus
no templo e nas sinagogas.

Apesar de ser exigido pelos romanos que César, o Imperador, fosse adorado como um
deus, ainda assim, essa exigência era relevada até o ponto que não ameaçasse a autorida-
de nem de César nem de todo governo romano.

Jesus nasceu aproximadamente no ano seis A.C., como atesta a maioria dos escrito-
res. Nesse período, os judeus tinham algumas seitas ou grupos religiosos que predo-
minavam. Eram eles: Fariseus, Saduceus, Essênios e Herodianos.

Interatividade

Para entender um pouco mais sobre os importantes grupos que viviam na socieda-
de judaica do primeiro século acesse o link:

https://pt.aleteia.org/2019/06/21/fariseus-saduceus-essenios-e-zelotes-quem-eram-es-
ses-grupos-do-tempo-de-jesus/ Acesso em 07.10.2019.
A importância dessa liberdade religiosa que os judeus gozavam (não só os judeus) es-
tava, entre tantos motivos, na possibilidade de cultuar a Deus, preservar seus rituais,
ensinar a Torah, livro sagrado, ensinar a outros sobre a sua fé e não serem persegui-
dos ou molestados por isso.

Isto fazia que eles confiassem mais em Deus e pudessem usufruir de sua misericórdia.
O Deus que desde o Torah (Pentateuco), Profetas e Salmos se manifestava graciosa-
mente, criando no coração dos governantes romanos uma sensibilidade que promoveu
tal liberdade de culto a Jeová feita pelos judeus.

Parecia que tudo estava numa perfeita harmonia, mas não estava. Havia um grupo
mais político que religioso que não aceitava essa submissão a Roma e, vez por ou-
tra, organizavam reuniões para elaborarem ataques contra os romanos, embora não
representassem perigo devido estarem longe de ser uma força militar e por serem
um grupo tão pequeno. Eles mesmos sabiam que eram impotentes para enfrentar até
mesmo cinquenta soldados romanos, quanto mais todo seu exército.

! Importante

Apesar dessa liberdade religiosa, havia uma prisão imposta ao povo. Os fariseus,
grupo religioso mais influente, eram literalmente radicais no cumprimento da Lei de
Moisés ou pelo menos em seus ensinos. Eles criaram regra em cima de regras de
acordo com suas exageradas interpretações da Lei e de todo o Antigo Testamento, a
ponto de se tornarem insensíveis às coisas mais importantes da Lei, as quais Jesus
valorizou em seu ministério (Mt 23:23).

Por conta dessa atitude, Jesus chegou a advertir ao povo que tivessem cuidado com
a doutrina (ensino) dos fariseus, pois, colocavam fardos pesados sobre os ombros
dos seus discípulos, mas eles mesmos, não conseguiam sequer movê-los com o
dedo (Mt 23:1-4).

Os fariseus juntos com os sacerdotes e saduceus foram os grandes opositores do mi-


nistério de Jesus para redenção do mundo. Estavam sempre querendo acusá-lo de
alguma coisa para matá-lo. Para isso, muitas vezes elaboravam perguntas maliciosas
a Jesus com o intuito de pegá-lo em alguma resposta que eles pudessem considerar
ou uma afronta ao Deus Jeová que serviam ou mesmo alguma resposta que pudessem
acusá-lo de incitar o povo contra o governo romano; tentavam acusá-lo também peran-
te a comunidade judaica inventando que ele estava afirmando que devia ser submissa
à Roma, contrariando o ensino deles de que deveriam ser submissos somente a Deus.

Daí Jesus os chamava de hipócritas e isto diante de todo o povo que o escutava. Eles
não queriam aprender nada de Jesus, apenas tumultuar seu trabalho e ministério. Fa-
ziam-se amigo de Jesus, porém, não passavam de lobos travestidos de ovelhas.

Fonte: www.bibliaafundo.net
4. Nascimento de Cristo

O nascimento de Cristo não foi um acidente ou


obra do acaso, mas o cumprimento da promes-
sa de Deus no tempo certo. (Gl. 4.4)

Plenitude dos tempos significa: no tempo certo. O nascimento de Jesus foi um acon-
tecimento completamente planejado por Deus e ocorreu no exato momento designado
por Ele. A História nos ensina que Deus está no controle. Nada nem ninguém podem
frustrar seus planos de amor incondicional pela humanidade.

Jesus Cristo nascido de uma virgem chamada Maria, teve como berço uma manjedou-
ra, local onde os animais utilizam para comer. Foi nessa simplicidade que nasceu o
nosso Rei e Senhor. Deixou sua glória nos céus e veio até nós. Fantástico!

Fonte: Blog do WordPress.com

Quem pode explicar tamanho amor por pecadores que nem estavam preocupados em
se voltar para ele?

Deus foi preciso na escolha desse momento tão especial. Ele escolheu a hora certa.
PANORAMA FAVORÁVEL AO NASCIMENTO DE CRISTO

GREGO ROMANO JUDAICO

A língua Total domínio Liberdade ao


predominante militar culto

A filosofia na vida Política da livre Expectativa da


intelectual do circulação chegada do
povo Messias

A influência Tolerância Local de culto


cultural no religiosa mista público livre
domínio romano

Abertura para Leis centradas e Uso do Antigo


novos conceitos participativas Testamento
religiosos

Convivência Unificação dos Ausência prolon-


pacífica entre os povos gada de um
judeus profeta

Paz razoável no Sequidão


mundo vigente espiritual
4.1 Crescimento da Igreja Primitiva

Fonte: www.elevados.com.br

A igreja primitiva começou a ser formada a partir do início do ministério de Jesus Cris-
to. Seu objetivo em separar 12 homens para servirem como discípulos e aprenderem
o que mais Jesus queria que era: Justiça, misericórdia e fé foi plenamente alcançado.

Junto com seus discípulos que se tornaram apóstolos, Jesus fez outros seguidores.
Homens e mulheres e até crianças buscavam aproximar-se dele por diversos motivos.

Sua forma simples de ensinar, sua humildade, seu público e seu amor por todos in-
distintamente o fazia muito querido pela população. Principalmente os pobres. Essa
postura de Jesus intrigava os religiosos e ao mesmo tempo causava-lhes inveja.

Enquanto formava seu ministério, Jesus não só pregou à multidão como também curou
muitos enfermos, apoiou e amparou prostitutas, leprosos e pecadores de uma forma
geral. Jesus ensinava com seus discursos e parábolas, mas sem dúvida, o impacto de
seu ensino estava em que ele vivia cada palavra que ensinava. Nunca houve e nunca
haverá alguém como Jesus Cristo, mas a todos nós ficou seu legado para que através
do seu exemplo possamos imitá-lo.

Nunca houve e nunca haverá alguém como Jesus Cristo,


mas a todos nós ficou seu legado para que através do seu
exemplo possamos imitá-lo.
Conforme Mateus 10.1-4 e Lucas 9.1, Jesus começou seu ministério buscando formar
uma equipe sólida através de doze homens escolhidos por ele para serem seus futuros
substitutos na evangelização do mundo.

(Lucas 10.1). Jesus elevou esse número para setenta, mas os seus doze ainda continu-
avam com ele para uma missão específica.

(Atos 1.15). Após sua partida, cento e vinte pessoas convertidas estavam aguardando
sua promessa se cumprir neles e receberem o Espírito Santo.

(Atos 2.41). Com o auxílio do Espírito Santo o apóstolo Pedro, um homem novo, restau-
rado e transformado, ousou pregar publicamente a uma grade multidão, resultando na
conversão de quase três mil almas.

(Atos 4.4). A igreja continuava a crescer e o responsável por isto era o Espírito Santo e
cada cristão que testemunhava de Jesus Cristo a pesar dos perigos que enfrentavam.

(Atos 5.14). A mensagem espalhada pelos apóstolos e discípulos era recebida com
alegria pelos ouvintes e o número de salvos só fazia aumentar.

(Atos 6.1 e 7). Os próprios sacerdotes que antes repugnavam a mensagem de Cristo,
agora estavam abraçando a fé.

(Atos 8.1 e 4). A Igreja guiada pelo Espírito Santo fazia todos evangelizarem voluntaria-
mente e com amor. Resultado: sinais e conversões e muitas vidas curadas de enfermi-
dades e libertas das possessões e opressões malignas.

(Atos 9.31). Igrejas eram fundadas em vários lugares.

(Atos 9.35). Muitos que ouviam logo se convertiam a Cristo.

(Atos 13.48,49). O evangelho foi pregado a todos os povos e os gentios começavam a


sinalizar sede de salvação e muitos aceitaram a Jesus.

(Atos 14.1-28). Os confins da terra começaram a conhecer o plano de salvação.

(Atos 16.5 e 11,12; 17.4). Mais igrejas, mais crescimento, mais vidas curadas e salvas.

(Atos 21.20). Cristo era anunciado e judeu e gentio aceitavam a Cristo pela graça sal-
vadora que Deus outorgou aos pecadores.
Vídeo

O filme o Filho de Deus conta a história de Jesus Cristo desde sua origem humilde,
seus ensinamentos, a crucificação e a ressurreição final, em sua jornada para pro-
pagar uma mensagem de amor e esperança.

Para assistir acesse através do link:

https://www.youtube.com/watch?v=r4SSQG4CTsg

Publicado em 02 de março de 2018. Acesso em 06.10.2019.


Resumo

Nesta unidade, você estudou:

• Breve história do cristianismo;


• A Mesopotâmia e seus povos;
• O início da monarquia em Israel;
• O nascimento de Jesus Cristo.
Unidade 2

Os Pais da Igreja
Ao final da Unidade você será capaz de:

• Conhecer a era patrística

Guia de estudos

A segunda Unidade se divide em:

1. - Era Patrística
1. Era Patrística

ERA PATRÍSTICA: OS PAIS DA IGREJA PRIMITIVA.

Esse termo de “Pais da igreja” foi atribuído aos Bispos e an-


ciãos da igreja que se dedicavam ao ensino e esforço por manter
a igreja unida e santa na presença de Deus.

O amor que dedicavam ao povo era de fato como de um pai


para com seus filhos. Noites de oração e acompanhamento lhes
renderam uma identificação que, mais que um título, era uma
forma carinhosa de mostrar o reconhecimento do trabalho de-
les.

O apóstolo João é o último a morrer como Mártir entre os


apóstolos. Quando isso aconteceu, Deus já havia providenciado
uma nova liderança de Pastores, Presbíteros e Bispos para avan-
çarem na propagação do Evangelho do Reino.

Esse período é chamado de pós-apostólico e tem chegado


até nossos dias. Gerações substituindo gerações até a volta do
Noivo que virá buscar sua igreja.

Esse período foi crucial para o amadurecimento e consolidação do cristianismo, pois,


após a morte de todos os apóstolos, os novos líderes surgiram num momento de osci-
lação profunda da fé e doutrina cristã.

Havia muitas disputas internas e controvérsia doutrinaria que ameaçavam a pureza e


as verdades do evangelho ensinadas por Cristo e seus apóstolos.

O gnosticismo, a libertinagem e heresias diversas assolavam as igrejas cristãs, fato


que exigiu muita firmeza e coragem dos líderes cristãos contra os falsos ensinos.
Saiba mais

A política da Grécia era: A religião era ligada ao Estado. Os romanos conquistaram a Gré-
cia e mantiveram a mesma política nos tempos de Jesus. Exceção: Todos podiam ter sua
própria religião, mas deviam declarar: César é o Senhor! Apóstolos e discípulos de Jesus
recusaram. A essa negativa e alguns foram jogados aos leões, outros decapitados, cruci-
ficados, etc.

Você faria se recusaria também? Agora vamos ver alguns desses mártires!

1.2 Clemente de Roma (30 – 100)

Clemente é historicamente conhecido como um


dos primeiros pais da igreja. Alguns historiadores
atestam ser ele o terceiro. Não deve ser confundi-
do com o Clemente que Paulo, apóstolo, se refere
(Fl 4:3). Também não atribuir à mesma identidade
de Flávio

Fonte: usophia.wordpress.com

Clemente, parente dos imperadores Flavianos. Existem especulações que ele sofreu
martírio sendo lançado ao mar amarrado a uma âncora pelo pescoço (Atos dos Márti-
res, século IV ou V D.C.). Embora que alguns eruditos o identificam como um ou outro
são poucos as evidências para fazer tal afirmativa.

Clemente foi um Bispo piedoso e exemplo de vida cristã, porém seu ensino da salvação
por meio da fé e não por méritos humanos não foi compreendido ou aceito por todos.
Ele pregava que o homem tinha a salvação como favor imerecido, apenas pela fé; em
contra partida, alguns líderes ainda ensinavam que a justiça vem pela obediência e não
pela fé.
Mesmo nos dias de Jesus e sucessivamente dos apóstolos havia muitas controvérsias
acerca de como os cristãos deviam servir a Jesus.

A grande e mais relevante pergunta que o carcereiro de Filipos fez quando estava fren-
te a frente com o apóstolo Paulo parece que ecoa até hoje: “Senhores, que devo fazer
para ser salvo?” (At 16:31).

Clemente foi Bispo no período de 92 a 1001 D. C.

A mais segura obra atribuída a ele é a Primeira Epístola de Clemente.

Saiba mais

A Primeira Epístola de Clemente, também conhecida literalmente como Clemente aos


Coríntios (em grego: Κλήμεντος πρς Κορινθίους, Klēmentos pros Korinthious), abreviada
como I Clemente, é uma carta endereçada aos cristãos da cidade de Corinto. A carta foi
datada como sendo do final do século I ou começo do século II d.C. e, juntamente com o
Didaquê e o Evangelho de Tomé, é um dos mais antigos - se não o mais antigo - documento
cristão sobrevivente fora dos Evangelhos canônicos. Como o próprio nome indica, existe
também uma Segunda Epístola de Clemente, hoje considerada como espúria.
Você faria se recusaria também? Agora vamos ver alguns desses mártires!

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Ep%C3%ADstola_de_Clemente Acesso em


07.10.2019.
1.3 Inácio de Antioquia (35 - 110)

É identificado como o terceiro Bispo de Antioquia da


Síria, preso e martirizado em Roma. Ele conheceu o
apóstolo Paulo e João. Foi condenado à morte pelo Im-
perador Tertuliano e morreu em Roma no ano 110 D.C.
Sua saída de Antioquia a Roma foi sob forte esquema
militar e foi duranteessa viagem que provavelmente
escreveu cartas em número de sete.

Fonte: www.a12.com

As cartas de Inácio de Antióquia

1. Cartas I, II e III - Foram dirigidas aos Efésios, Magnesianos e Tralianos. Nela

ele buscou agradecer a atenção, cuidado e gentileza dos crentes que ali

residiam. Ele leva conforto e busca animar a todos, mas também faz algumas

exortações para que todos permaneçam fiéis, na Fé em Jesus Cristo e obe-

dientes às autoridades vigentes.

2. Carta IV - Esta carta foi redigida na cidade de Esmirna e direcionada a

igreja que estava em Roma. Seu pedido: Oração por ele para que Deus lhe

desse força para suportar o martírio e ele pudesse ter o privilégio de poder

morrer por professar ser discípulo de Jesus Cristo. Durante sua ida à Roma

escoltado, recebeu notícias que as perseguições foram interrompidas em

Antioquia da Síria.

3. Carta V a VII - Provavelmente escrita em Trôade e endereçada aos cris-

tãos na Filadélfia, Esmirna e também endereçada particularmente a Policar-

po. Essa carta é doutrinária. Orienta aos crentes a buscarem a unidade e não

entrarem em discussões e falatórios que não edificam. Ele adverte contra os

ensinos heréticos de sua época esperando que cada crente zele por sua fé e
pela pureza da igreja. As cartas são datadas ao período de Trajano como rei

(98 a 117 D. C.).

1.4 Policarpo (69 – 159)

Esse Bispo de Esmirna tem uma história muito mar-


cante na História Cristã. Ele foi julgado culpado de
morte por apenas pregar a salvação em Jesus Cristo.

Fonte: jesusensinameto.blog.pot.com

Quando os soldados romanos foram buscá-lo tentou refugiar-se em alguns sítios lo-
cais, mas logo foi encontrado pelos soldados. Quando foi sentenciado a ser jogado
Waos leões pediu aos soldados que deixasse ele por alguns momentos para poder orar.

Estando ele orando mais de duas horas comoveu o coração dos soldados por sua pie-
dade que lhe pediram que apenas dissesse que César é Senhor, mas ele se recusou.

Quando estava diante do Governador, ainda foi interrogado diante de todas as autorida-
des e do povo que estavam na arena se ele confessaria César como Senhor e negava a
Jesus, o nazareno.

Por diversas vezes e com insistência o Governador dizia: Amaldiçoe a Cristo!

O silêncio e a serenidade de Policarpo incomodava de alguma forma o Governador.


Para quem estava prestes a morrer se não declarasse César como Senhor e Jesus
como impostor, Policarpo, pensava o Governador, estava muito tranquilo.
Quando finalmente Policarpo decidiu quebrar o silêncio, disse: Durante 86 anos tenho
fielmente servido a Cristo e ele em nenhum momento me fez algum mal. Como pode-
ria eu blasfemar contra o meu Rei e Senhor que me salvou?

Diante de tamanha ousadia de Policarpo, o pró-cônsul e o Governador irritados. Quan-


do se pensava que ele seria jogado as feras, foi amarrado a uma estaca para que fosse
queimado vivo.

Logo que acenderam o fogo para surpresa de todos, ele não teve um fio sequer de seu
cabelo queimado. Houve espanto e temor, mas logo o medo do acontecimento e com
a multidão mandou que o ferisse a golpes de espada e o matasse. Policarpo teve seu
maior desejo cumprido: Morrer por amor a quem o amou primeiro. Foram minutos
que valeram por milhões. Policarpo deu exemplo de fé, fidelidade, amor que não im-
pediram sua morte, mas com certeza, deixou sementes nos corações daqueles que
assistiram e muitos se converteram a Jesus no tempo certo. Assim foi feito e Policarpo
foi recebido no Paraíso pelo Senhor Jesus.

Vídeo

Para entender mais sobre a trajetória de Policarpo de Esmirna acesse o vídeo A


Morte de Policarpo de Esmirna através do link e saiba mais.

https://www.youtube.com/watch?v=rVpb3bXjSTk

Publicado em 16 de jun de 2014. Acesso em 06.10.2019.


1.5 Justino – O Mártir (100-170)

Este merece um capítulo especial. Tinha tudo para não


ser um cristão. Filho de pais pagãos fez uma busca pela
verdade pelos caminhos da filosofia.

Fonte: jeep820.tumblr.com

A filosofia em si, nada é, quando se refere a um coração sincero que busca a verdade.
Justino era esse coração. Aliás, qualquer que busca a verdade com humildade sincera
Deus não o deixa confundido. Ele pode por alguma escolha errada até ficar por um
tempo, mas Deus providenciará, por sua sinceridade, um meio dele encontrar-se com
a verdade que liberta (Jo 8:32; Rm 10:11).

Foi exatamente estudando a filosofia que ele sentiu que precisava adentrar em outros
conhecimentos se quisesse encontrar a verdade. A filosofia pré-socrática não enten-
deu seus anseios e a pós-socrática, mas consistente na racionalidade das coisas, em-
bora abandonando conceitos mitológicos, não abriu mão de conceitos metafísicos que
em muitos momentos, mesmo com todo escopo racional a própria filosofia precisava
da fé para certas explicações de respostas que não alcançavam.

Livros que foram atribuídos a Justino: Primeira apologia, Segunda apologia e diálogo
com Trifo, o judeu. Suas opiniões eram feitas em busca da verdade e justiça. Ele espe-
rava que aqueles que tinham a autoridade em julgar, fossem corretos e imparciais, ou
seja, não julgassem nem por partidarismo e nem por preconceito.
Vejamos um trecho de sua argumentação pela justiça em

seu livro, I Apologia:

A razão exige dos que são verdadeiramente piedosos e filósofos que, des-

prezando as opiniões dos antigos se estas são más, estimem e, amem ape-

nas a verdade.

De fato, o raciocínio sensato não só exige que se abandonem aos que reali-

zaram e ensinaram algo injustamente, mas também que o amante da verda-

de, de todos os modos e acima da própria vida, mesmo que seja ameaçado de

morte, deve estar sempre decidido a dizer e praticar a justiça.

Vós ouvis em toda parte que sois chamados piedosos e filósofos, guardiões

da justiça e amantes da instrução; mas que o sejais realmente, é coisa que

deverá ser demonstrada com o presente escrito, não pretendemos baju-

lar-vos, nem dirigir-vos um discurso como mero agrado, mas pedir-vos que

realizeis o julgamento contra os cristãos conforme o exato discernimento

da investigação, e não deis a sentença contra vós mesmos, levados pelo pre-

conceito ou pelo desejo de agradar homens supersticiosos, ou movidos por

impulso irracional ou por boato crônico.

De fato, vos dizemos: estamos convencidos de que, através de ninguém,

pode ser feito algum mal a nós, enquanto não se demonstrar que somos

praticantes da maldade ou nos reconheçamos como malvados. Vós podeis

matar-nos, mas não condenar-nos.

Sua linguagem era respeitosa e não demagoga, mas demonstrava total reverência aos
magistrados de suja época, porém, ele não hesita de se identificar cristão, ainda que
lhe custe à vida, pois, com fé afirmava: “Vós podeis matar-nos, mas não condenar-nos”.
! Importante

Justino tentou justificar o motivo dos cristãos não adorarem os deuses gregos ou
romanos. Essa atitude dos cristãos fez com que fossem chamados de ateus. Justino
justifica que como poderiam ser os cristãos ateus se prestam culto ao seu Deus?
Aliás, não a um deus, mas ao Deus único e verdadeiro.

Em relação à defesa aos cristãos por não participarem das festas pagãs obrigatórias
a todos os cidadãos gregos e romanos e com isso receberem a acusação que eram
contra o Estado. Justino também explica que não eram contra o Estado, pois, o reino a
que buscavam não era terreno, mais celestial. Como poderiam ameaçar o Estado se do
Estado nada queriam? Essa era a temática da segunda Apologia de Justino. Sua ênfase
era a mesma da primeira: Esclarecer os equívocos em entender os cristãos como uma
ameaça ao governo romano.

Justino fala de sua busca a verdade (Diálogo com Trifo):

Eu mesmo, no início, desejando também reunir-me com algum deles (filóso-


fos), colocamos-me nas mãos de um estoico e passei bastante tempo com
ele. Todavia, percebi que nada me adiantava para o conhecimento de Deus,
pois nem sequer ele sabia nada, nem dizia que esse conhecimento era ne-
cessário. Então me separei dele e dirigi-me a outro, um peripatético, que se
acreditava ser homem perspicaz. Este me suportou bem nos primeiros dias,
mas logo me deu a entender que devíamos fixar honorários, a fim de que a
nossa convivência não ficasse sem proveito. Eu o deixei por esse motivo,
pois ele absolutamente não parecia filósofo. Minha alma, porém, continuava
ardendo para ouvir o que é próprio e excelente na filosofia. Então me dirigi
a um pitagórico, muito conceituado, homem que se orgulhava muito de sua
própria sabedoria. Logo que comecei a conversar com ele, desejando tornar-
-me seu ouvinte e discípulo, ele me disse: – Como assim? Estudaste música,
astronomia e geometria? Ou pensas que poderás contemplar algumas
dessas realidades que contribuem para a felicidade, sem aprender primeiro
essas ciências que desprendem a alma do sensível e a preparam para o inte-
ligível, de modo que possas ver o que é belo e bom em si mesmo?

Justino é explícito em que concentrava a vida. Isso incomodava os filósofos que, saben-
do ser Justino inicialmente um filósofo, não entendiam sua procura a uma verdade ab-
soluta que ele chamava de Deus. Justino terminou sua vida como cristão sendo morto
em Roma por causa de sua fé em Jesus Cristo.

1.6 Irineu (130-200)

Irineu foi discípulo de Policarpo. Nascido na Ásia Me-


nor, ele pode ser considerado um apologista radical e
firme. Defendeu a pureza da doutrina cristã contra as
heresias de sua época.

Como discípulo de Policarpo, Irineu foi um ícone para todo conceito e conjuntura cristã.

Buscou incessantemente a paz entre os cristãos, mas não a custo da mistura da dou-
trina deixada por Cristo. Apesar de a igreja possuir uma geração de líderes, sejam:
bispos, anciãos, diáconos, presbíteros, missionários e pastores, era fato que o cristia-
nismo estava em tempos de afirmação. Após a morte dos apóstolos, coube aos novos
líderes conter as diversas heresias que insistiam em entrar na igreja.

O apóstolo Paulo havia advertido para esse acontecimento (Atos 20:28- 32):
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espíri-
to Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque
eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio
de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de
entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vi-
giai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei,
noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós.
Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da
sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar he-
rança entre todos os santificados.

Irineu se portou como um gigante em defesa da fé cristã. Além de buscar conter o


avanço das heresias ainda preocupava-se como um autêntico pastor com as ovelhas
que lhe foram confiadas, orando e aconselhando a permanecerem na fé. Irineu se via
entre as investidas pagãs que procuravam criticar todo procedimento e ensino defen-
dido pelo cristianismo, os cristãos judeus oriundos do judaísmo que insistiu em per-
manecer com alguns ritos mosaicos e até dos falsos cristãos que se infiltravam com o
objetivo de perverter e banalizar a fé da igreja. Os falsos líderes e falsos profetas foram
combatidos por ele como também as lutas espirituais contra satanás e seus anjos.
Há quem pense ser desnecessário esse combate hoje, porém, a realidade demonstra
que a postura da igreja, principalmente dos líderes, não pode ser diferente daquela
demostrada pelos pais apologéticos e muito menos dos próprios apóstolos que tanto
combateram as heresias e discórdias entre os cristãos como se vê nas cartas de Paulo,
Pedro, Judas, dentre outros (I Co 01h10min-13; 5:1-13; Gl 1:6-8; I Pe 2:11-14; 5:8,9; II
Pe 2:1-3; Jd 1).

Irineu foi intitulado como o pai da doutrina ortodoxa. Isso recebeu por causa do seu
cuidado aferidor das doutrinas que queriam perpassar a palavra de Deus. Quando se
fala em teólogo ou apologista no século XXI, é comum associá-los a um grupo seleto de
mestres dedicados exclusivamente a esse ofício. Irineu fugia a essa regra. Foi pastor
e defensor da fé. Sua preocupação maior era a igreja. O que ela aprendia, assimilava,
aceitava e se deixava conduzir. Ele entendia que uma pessoa ao aceitar a Cristo não
poderia de fato dizer que era salvo apenas por esse ato, mas deveria professar uma
vida cristã de acordo com os ensinos de Cristo. Se esses ensinos eram aprendidos de
forma errada ela nunca seria cristã, pois, como ser cristã, seguindo a Cristo inversa-
mente aos seus ensinos?
! Importante

Uma das heresias que mais se empenhou em combater foi o gnosticismo, ensino
que dizia que havia um deus bom e um deus mau. Acreditavam, também, que as
almas de cada pessoa, já existia em outro plano.

O que aconteceu com esses espíritos? Como que por meio de alguma desobediência fo-
ram castigados a ficarem presos nesses corpos mortais. Como libertar-se desse corpo
ao qual estão aprisionados? Através do conhecimento oculto (gnosis). Criam também
em práticas esotéricas, ou seja, que alguns conhecimentos não podem ser para todos.
Os chamados iniciados tinham esse direito a tal conhecimento. Esse conhecimento
daria a cada um a condição de serem salvos da prisão do corpo. Para eles não existe
salvação em Jesus Cristo. A expiação do pecado é feita pelo conhecimento e não pela
morte substitutiva de Jesus Cristo pela humanidade.

Sua morte se deu em defesa do evangelho e testemunho cristão como não podia ser
diferente, segundo a tradição pelo Imperador Severo.

1.7 Tertuliano de Cartago (150-230)

O enigmático Tertuliano foi muito importante para a


História dos pais da igreja primitiva. Ele era africano e
filho de um centurião.

Fonte: catholikblog.blogspot.com

Tertuliano era bastante versado e intelectualmente preparado. Ele exerceu bem sua
fama de teólogo. Tanto agiu a favor da sã doutrina como foi árduo defensor dos cristãos
e cristianismo.
Tertuliano tinha uma vida dedicada aos vícios. Ele era o que alguns chamam para iden-
tificar uma pessoa imoral como: profano. Quando uma vida dessa parece ser o hobby
de Tertuliano e onde iria permanecer até morrer, ele tem um encontro com Cristo e se
converte ao evangelho.

Tertuliano foi versado em grego e era oriundo de uma família rica. Ao escolher Direito
para sua formação profissional exerceu a mesma em Roma, porém, jamais imagina
que usaria toda sua erudição e conhecimento a serviço do rei Jesus Cristo, e, assim,
foi. Em sua metodologia de ensino, embora não tendo sido um exímio teólogo, utili-
zava-se de seus conhecimento adquiridos ao se formar e pelo exercício da advocacia,
assim fazia que suas características apologéticas fossem úteis à igreja cristã.

Quanto à ordem, era pragmático. Quanto à vida diária, como cristão entendia a impor-
tância da responsabilidade pessoal no testemunho.

Embora estudioso e tendo todo esse avanço ele não se impunha por tal conhecimento,
mas se anulava ao conhecimento de Cristo. Sabia que a sabedoria do mundo (intelec-
tual) jamais poderia competir com a sabedoria divina ou dos que exerciam esse conhe-
cimento espiritual dado por Deus. Isso se referindo ao fato de saber que sem a ilumi-
nação do Espírito Santo, toda tentativa de discernir as coisas espirituais eram nulas.

Saiba mais

Tertuliano de Cartago deixou legado interessante acerca das mais diversas doutrinas cris-
tã sobre: Deus e a trindade. Ele sempre se dedicou a defesa do evangelho e em consequ-
ência, ao próprio cristianismo.

Quanto a sua teologia muitos sequer a chama de teologia porque ele normalmente se
preocupava com questões que não era o melhor ou melhores assuntos a se discutir teolo-
gicamente, exceto, pela defesa dos evangelhos dos lobos e hereges de plantão.

Depois de um certo tempo em Roma, retornou para Cartago onde morreu.


1.8 Orígenes (185-254)

Quando se começa a falar desse homem parece não


estarmos falando de um homem de poderes naturais,
mas sobrenaturais. Sua vida retrata uma abnegação
por Cristo tão radical que só lembrando-se da vida do
apóstolo Paulo para fazer um comparativo fiel e mais
próximo. Orígenes provavelmente já nasceu em um lar
Cristão.

Fonte:voltemosaoevangelho.com

Testemunhou pela perseguição do Imperador Sétimo de Severo o martírio de seu pai,


Leônidas, onde ele mesmo o incentivou a perseverar na fé e nunca negar a Cristo.

Teve que assumir o sustento da família após a morte de seu pai até porque na perse-
guição aos cristãos teve os bens da família todos confiscados.

Tanto Eusébio de Cesareia que escreveu “História Eclesiástica” e Jerônimo, tradutor


da Bíblia Vulgata latina, fazem referência a Orígenes. Para maioria, foi um grande teó-
logo totalmente compenetrado no zelo pela doutrina de Cristo.

Ele castrou-se para se dedicar exclusivamente ao Senhor, possivelmente uma atitude


radicalizada na passagem bíblica de Mateus 19:12.

Devido ao seu radicalismo e devoção a Deus foi muitas vezes taxado de herege, mas
longe disso, contribuiu com seus ensinos para o cristianismo em geral.

Orígenes era muito famoso e recomendado para ensinar em vários lugares devido sua
eloquência alcançada pela sua preparação acadêmica e a própria graça de Deus sobre
sua vida.
Embora tenha morrido farto de dias, Orígenes começou com menos de vinte anos a
ensinar numa importante escola de catecúmenos e devido sua intensa entrega a esse
trabalho desenvolveu um interesse de muitos em matricular-se na escola que ensi-
nava. Após a fuga do seu mestre Clemente por causa da perseguição cristã, passou a
assumir a direção da escola. Isso aumentou a procura pela escola que se dava tanto
pela vontade de muitos conhecerem mais sobre os ensinos de Cristo como nas ques-
tões filosóficas, área em que ele era um erudito.

Glossário

Escola de Catecúmenos - Primeiras instituições docentes cristãs.

Alguns historiadores o consideraram o maior mestre da igreja na era patrística, dentre


tantos outros. Ele tinha um modo especial de lidar com as doutrinas de Cristo. Seu
ensino se misturava com sua própria vida. Era um entusiasta e buscava literalmente
formar Cristo nos seus estudantes e para isso se tornou o maior exemplo entre eles.
Não há nada que não ensinasse que não buscasse antes fazer. Apesar das controvér-
sias e história fantasiosas que lhes foram atribuídas, Orígenes pode ser considerado
um cristão autentico e adepto a uma filosofia neoplatônica. Ele estudou e também foi
discípulo de Amônio Sacas, mestre de Plotino 218 A.D. Sua vida erudita se desenvolveu
na Alexandria, Egito e foi discípulo de Clemente outro pai da igreja.

Seria Orígenes a mente mais brilhante dentro da filosofia e reconhecidamente maior


erudito da igreja antiga? É assim que a maioria dos escritores entende.

Apesar desses honrosos títulos se viu, vez por outra, acusado de herege uma delas
quando foi a Roma, na época liderada pelo papa Zeferino (150-217) e pelo Imperador
Caracola que tinha sobre seu comando a Grécia e a Palestina. Certa ocasião, a mãe do
então imperador Alexandre Severo, Júlia Mameia, solicitou sua presença em Antioquia
para receber alguns estudos dele. Quando nessa ocasião recebeu uma ordenação pe-
los bispos de Cesareia, momento que resultou na sua saída de Alexandria. Foi acusado
de heresia por se utilizar da filosofia e filologia nos seus ensinos teológicos.
Saiba mais

Orígenes chegou a ser ordenado sacerdote, porém, teve sua ordenação revogada por ser
eunuco. Essa revogação foi feita pelo Bispo Demétrio de Alexandria.

É bom saber diferenciar um herege de um piedoso cristão. Orígenes pode até ter co-
metido erros, seja teológico ou em atitudes, mas não se deve por isto tirar seu brilho
como cristão fiel até a morte. Orígenes jamais pode ser acusado de renegado ou trai-
dor da fé em Cristo.

Se havia exageros em algumas afirmações teológicas, o fazia mais por zelo que por
intencionalidade. Ademais ele foi reconhecidamente um teólogo sistemático por orga-
nizar em grupos de contextos e assuntos as doutrinas da palavra de Deus. Sem menos-
prezar o Antigo Testamento ele afirmava que só existe uma verdade e o fato de haver
grupos distintos defendendo “verdades” distintas se dá em não observar a revelação de
Deus que é sua palavra, pela iluminação do Espírito Santo.

Sua argumentação era mais radical no sentido da fé convicta que o que as Escrituras
dizem é a verdade e fora dela não há verdades, só mentiras. Seu padrão aferidor era
as doutrinas ensinadas pelos apóstolos. Não aceitava nenhuma outra doutrina que não
viesse deles.

Mesmo assim, considerava que os escritos que não estivessem explícitos, seria base
para especulações e as opiniões podiam divergir uma das outras.

Essa concepção de Orígenes fazia que ele, na filosofia, ao contrário da teologia, tivesse
uma postura eclética. Isto quer dizer ele colocava as Escrituras Sagradas acima das
especulações ou afirmações filosóficas.

Ele não negava a importância da filosofia nem qualquer outra ciência, apenas entendia
que a revelação divina tem toda verdade que o homem precisa para ser feliz, todavia, o
domínio de outras ciências era relevante para o conhecimento da vida.
1.9 Papias (70 – 140 D.C.)

Devido a apenas pequenas partes encontradas de seus es-


critos, Papias é pouco conhecido, porém, é citado por Eusé-
bio de Cesareia como discípulo de João, resta saber de que
João, pois, há controvérsias acerca disso.

Fonte:calindragan.wordpress.com

Dele é dito que houve relativa aproximação com os apóstolos, principalmente o apósto-
lo João. É dele o comentário que o livro de Marcos fora escrito baseado nos escritos de
Pedro, apóstolo. Suas pesquisas se voltavam mais em questões acerca do cristianismo
em si. Sobre a discussão de qual João ele foi próximo se deu também porque Irineu
de Lião tinha opinião diferente de Eusébio, afirmando que se tratava de João, apóstolo,
Eusébio dizia que era um João, presbítero, que não foi apóstolo.

É comentado que essa igreja em Hierápolis atravessou um período de erros teológicos


e Papias assumiu esta igreja como Bispo ou Pastor em volta a esse afastamento da sã
doutrina.

Policarpo foi companheiro de Papias e que sugere ter sido ele também um homem
piedoso, porém, isso não é provado até porque o próprio Eusébio de Cesareia tanto fala
bem dele quando em instantes diferentes faz comentários depreciativos acerca dele.

Ele escreveu que o evangelho de Mateus fora escrito primeiramente em aramaico.


Declaração contestada por uns, confirmada por outros eruditos.

Fato é que fica difícil fazer afirmações sobre alguém de quem pouco é falado e não se
tem nenhuma completa escrita sobre ele, pois, em meio às especulações também é
dito que ele foi martirizado pelo testemunho da fé cristã, todavia, sem um documento
oficial que comprove isto.
Outra questão relevante a entender é que como ele foi tanto amado como odiado, o
ponto sobre ele oscila de acordo como seus escritores o viam.

Alguns desses fragmentos podem até não ser originais, o que implica cuidado ao se
fazer qualquer afirmação sobre ele, seja boa ou ruim.

Papias escreveu uma versão diferente da morte de Judas Iscariotes. Disse ele que Ju-
das não se enforcou, pois, ao tentar isto, não conseguiu porque a corda partiu antes do
enforcamento. Chegou até dizer que Judas continuou vivo após essa tentativa frustrada
de cometer o suicídio.

Essa versão de Papias é correta em relação à tentativa frustrada de Judas tentar o


enforcamento, mas a grande controvérsia fica que ele após falhar no enforcamento
cai e rebentou-se ao meio (At 1:18). Não parece, então, que ele tenha ficado vivo após
“rebentar-se ao meio” segundo o texto.

Portanto, esse é Papias de quem se fala tanto quanto as dúvidas que pairam sobre ele
como sendo verdadeiras ou não. Tanto aquilo que dizem dele como o que dizem que
ele disse de outros.

1.10 Cipriano (200 – 258 D.C.)

Cipriano, convertido ao cristianismo em aproxima-


damente em 246 D.C.

Seu nome: Thaiscius Cecilius Cyprianus. Nasceu


em Cartago e sua família era de muita influência.

Fonte: slideplayer.com.br

Foi ordenado Bispo numa época relativamente bem movimentada da igreja. As per-
seguições contra os cristãos não impedia o culto e o aumento de cristãos na igreja
de Cartago. A morte do próprio Cipriano foi resultado da perseguição do Imperador
Valeriano.
Mesmo sendo um importante Bispo para sua comunidade foi um exemplo de fé e hu-
mildade.

Cypriano falou acerca dos Bispos:

“... nenhum de nós coloca-se como um Bispo dos Bispos, nem por terror
tirânico alguém força seu colega a obediência obrigatória, visto que cada
bispo, de acordo com a permissão de sua liberdade e poder, tem seu próprio
direito de julgamento... mas o julgamento de Nosso Senhor Jesus Cristo, que
é o único que tem poder de nos designar no governo de sua igreja, e de nos
julgar de sua conduta nela”.

Cipriano com isto deixava claro que todos os Bispos eram iguais em autoridade e au-
tonomia. Os Bispos com isto, na localidade em que atuavam tinham grande respon-
sabilidade em manter o povo amadurecido na fé e com conhecimento necessário para
enfrentar as heresias de sua época.

Suas obras mais importantes:

Tratados Sobre a Unidade da Igreja e Dos Caídos (246 D.C.).

Esse tratado tinha o objetivo de unir a igreja e protegê-la das heresias. O tratado era
uma espécie de orientações para a perseverança na doutrina de Cristo e ensinada pe-
los apóstolos. O crescimento da igreja teve como um dos maiores adversários as here-
sias nascidas por meio dos falsos profetas, sem nenhuma conversão, que ensinavam
na igreja travestidos de ovelhas sendo por dentro ferozes lobos, querendo devorar os
simples e os incautos.
Num dos pontos desse tratado ele diz:

Já que o Senhor nos avisa, dizendo, “Vós sois o sal da terra”,


e já que ele nos ordena a sermos simples para a pureza,
e ainda com nossa simplicidade sermos prudentes, o que
mais, amados irmãos, nos é mais adequado do que usar
perspicácia e vigiar com um coração inquieto, tanto para
perceber quanto para se acautelar dos engodos do astuto
inimigo, para que nós, que temos nos revestido de Cristo,
a Sabedoria de Deus o Pai, não pareçamos estar despro-
vidos de sabedoria em matéria do cuidado de nossa sal-
vação? Pois não é somente a perseguição que deve ser te-
mida, nem aquelas coisas que avançam em ataque aberto
para subjugar e desencorajar os servos de Deus. A atenção
é mais natural onde o perigo se manifesta, e a mente se
prepara de antemão para a disputa quando o adversário se
declara. O inimigo deve ser mais temido e mais prevenido
quando ele se rasteja secretamente até nós, quando, enga-
nando com uma aparência de paz, ele rouba o que estiver
à sua frente com abordagens secretas, de onde também
ele tem recebido o nome da Serpente. Esta é sempre sua
sutileza, este é seu negro e furtivo artifício para lograr o
homem. Assim bem do princípio do mundo ele enganou, e
bajulando com palavras mentirosas, ele iludiu almas inex-
perientes com uma credulidade precipitada. Assim ele se
esforçou em tentar o próprio Senhor: ele secretamente se
aproximou dele, como se ele pudesse rastejar novamente
até ele e enganar, mas ele foi percebido, e rebatido, e então
abatido, porque foi reconhecido e detectado.
Saiba mais

As principais obras de Cipriano são: Tratado Sobre a Unidade da Igreja e Dos Caídos, am-
bas escritas em 251 d.C., enviadas aos confessores romanos da fé. De habitu virginum (249
d.C.), De mortalitate (252 d.C.), De opere et eleemosnynis (252 d.C.) e uma coleção de cartas.
Algumas de suas obras são revisões dos escritos de Tertuliano, a quem Cipriano chamava
de mestre.

Abaixo um pouco dos Tratados De Habitu Virginum e De Mortalitate

• De Habitu Virginum (249 D.C).

Este escrito se refere às virgens que se consagraram a Deus. Fizeram uma espécie
de voto de castidade. A recomendação é ficarem fiéis a esse compromisso mesmo
diante dos desafios do mundo corrompido. Uma narrativa com intuito de estimular
aos bons costumes que a época exigia, seja no padrão de conduta ou em nas vesti-
mentas para se manterem puras para seu noivo: o Senhor Jesus Cristo.
• De Mortalitate (252 D.C.)

Descreve um período de grande aflição onde as pessoas acometidas de enfermidades,


como a peste, por exemplo, viram as pessoas mais próximas se afastarem delas, abando-
nando-as a mercê de sua sorte.

Ele reprovou a atitude dos pagãos e convocou a igreja. O que chama a atenção nesse epi-
sódio tão doloroso era que as pessoas ao invés de socorrer as vítimas que estavam com
esta doença, se detinham a roubar os seus pertences.

Após a advertência e indignação que mostrou aos que estavam fazendo isto, resolveu cha-
mar os cristãos para mudar o rumo da História de muitos. Muitos foram salvos por eles.
Quando decidiram apostar na solidariedade.

1.11 Eusébio de Cesareia(265-339)

De Eusébio não é exagero dizer que foi considerado o pai da


História da igreja. Ele fez pesquisas e obteve informações
as quais escreveu dos tempos apostólicos até aproximada-
mente pouco mais de 320 D.C.

Fonte:www.e-cristianismo.com.br

É considerado um grande historiador por suas obras e também um apologista cristão.


Foi Bispo de Cesareia bastante conceituado. Cesareia, na época era a maior cidade ro-
mana da palestina. Foi acompanhado por um presbítero por nome Panfílio o qual tinha
como pai espiritual. Ele pastoreou numa época em que Orígenes tinha participação
forte em Cesareia e é possível que isso influenciou a Eusébio.
Contava com uma vasta Biblioteca que teve Panfílio como restaurador da mesma, bem
como do acervo pelo qual Eusébio deve ter se utilizado nas suas pesquisas para escre-
ver seu mais importante livro: História Eclesiástica.

Sua capacidade apologética foi revelada através das obras que escreveu contra as he-
resias que tentavam se consolidar nas igrejas cristãs.

Glossário

Apologética - argumentação em defesa de uma teoria ou doutrina.

Fonte: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/apolog%C3%A9tica Aces-


so em 07.10.2019

Algumas delas são citadas como: Praeparatio Evangelica, Demonstratio Evangelica e


Contra Hieraclium.

A perseguição contra os cristãos o fez fugir de Cesareia por um tempo e ao retornar


tornou-se Bispo, isso por volta de 313 D.C.

Durante a perseguição não se tem registros claros de como ele continuou vivo durante
a mesma. Sabe-se que testemunhou alguns martírios dos cristãos e passou um tempo
preso, sendo solto com a acusação de herege.

Ele tinha características ordeiras e isso é demonstrado quanto a sua posição acerca
do arianismo quando buscou uma solução mediana entre os grupos para se evitar uma
divisão que era inevitável acontecer. Essa postura pode ter lhe rendido à acusação de
ser simpatizante do arianismo, não no seu todo, mas em parte.

Seus escritos, estimados em mais de cento e vinte, desapareceram em sua maioria,


não se sabe se pela perseguição ou mesmo por opositores contrários a sua postura
em relação ao arianismo, pois, alguns exigiam que fosse claro em ser de um lado ou
do outro.
! Importante

A obra História Eclesiástica é histórica, não teológica. A produção da mesma se


detém primeiramente em narrar fatos da vida dos apóstolos, principalmente a su-
cessão e daí para frente registrando os acontecimentos como o crescimento do cris-
tianismo, a proliferação das heresias, as perseguições, os mártires, os livramentos
dados por Deus, deixando claro que Deus está no controle da História e quando quer
intervir pelos santos, intervém.

1.12 Atanásio (300 – 373)

Teólogo cristão exerceu grande influência com sua insis-


tente doutrina sobre o Pai e o Filho serem da mesma es-
sência. Até hoje essa verdade perdura embora que houve
uma resistência através das heresias do arianismo que di-
zia ser Cristo de uma essência mediana ou intermediária
entre a divindade e a humanidade. Com isto não só negava
a divindade de Cristo como a doutrina da Trindade.

Fonte: academico.arautos.org

Não é preciso dizer os estragos que fizeram as heresias do arianismo que são a funda-
mentação de algumas seitas que existiram e existem até hoje.

Atanásio defendeu a Trindade e a igualdade em essência do Pai, Filho e Espírito Santo


no concílio de Nicéia (325 D.C.).

Atanásio antes de ser ordenado Bispo foi diácono. Sua teologia foi ganhando espaço
entre os cristãos de todo Egito. Essa proeminência do Bispo Atanásio teve consequên-
cia severa contra ele, pois, seus opositores e invejosos também usaram sua influência,
porém, política e foram responsáveis pelo exílio de Atanásio que durou muitos anos.
Foi neste período que buscou através de suas cartas contribuir com seu conhecimento
de Cristo e as Escrituras fazendo assim que sua função pastoral não pudesse parar e
suas ovelhas foram alimentadas mesmo estando ele na prisão. No período de 335 a 364
foi imprescindível na doutrina de Cristo para a igreja através de suas cartas.

Seus esforços e escritos não foram em vão. Oito anos após sua morte, foi realizado o
Concílio de Constantinopla que deu voto favorável ao seu ensino sobre a mesma es-
sência entre o Pai e o Filho e também o Espírito Santo, rejeitando assim, o arianismo.

Atanásio provavelmente era de pais pagãos e de fala grega, isso possivelmente pou-
pou-lhe de uma perseguição religiosa inicial, mas durante os quarenta e cinco anos
de seu Bispado ele passou dezessete e meio exilado. Atanásio morreu no ano 373. Sua
morte foi bastante lamentada por suas ovelhas, pois, sabiam que tinham perdido um
exemplo de líder e de cristão que mesmo em meio ao sofrimento ao invés de suplicar
consolo, consolava a todos e exortava-os a permanecerem firmes na fé, mesmo em
meio às perseguições ou o custo da própria vida.

Mesmo letrado em filosofia, Atanásio teve já na adolescência um ensino religioso que


o deixou experimentado nas questões da fé. Foi ao longo do tempo um estudante do
Antigo e Novo Testamentos e já professo na fé, ele foi um homem extremamente usa-
do pelo Espírito Santo deixando um legado de escritos importantes para a maturidade
cristã, bem como uma arma muito forte contra as heresias que tanto cercavam a igreja
naqueles dias.

Atanásio foi um homem piedoso e tinha compreendido o significado do que Cristo quis
dizer quando falou: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. Mt 5:16. Ele foi
uma luz para a humanidade. Enquanto Cristo o ilumina nas doutrinas através do Espí-
rito Santo, ele se colocava como um instrumento de luz anunciando ao povo acerca da
generosidade e amor de Deus para com o mundo inteiro e exercendo uma postura de
vida onde o próprio Deus era glorificado na terra com suas obras a favor do reino de
Deus.

Quando Alexandre, o grande, defensor da ortodoxia entre os cristãos, estava perto de


sua morte, tratou logo de anunciar seu sucessor: Atanásio. Isso contrariou os do par-
tido de Ariano, não bastasse à oposição de Alexandre agora teriam que conviver com a
liderança de Atanásio não menos forte e não menos contra o arianismo.
Aqueles discípulos de Alexandre agiram rápido, antes que os opositores dessem algum
golpe e consagraram Atanásio como o sucessor de Alexandre.

Essa consagração gerou polêmica e os opositores cogitaram ilegalidade recorrendo a


Constantino que, embora do partido de ariano, decide aceitar a consagração de Ataná-
sio saindo da lógica que esperavam. Os ortodoxos viram nisso um agir sobrenatural de
Deus cumprindo-se Provérbios 21:1 “Assim como ribeiros de água é o coração do rei
na mão do Senhor, a tudo que quer, o inclina”,

Sem dúvida, em tais circunstâncias desfavoráveis, Deus inclinou o coração de Cons-


tantino a fazer o que era certo, e ele fez porque quando Deus age ninguém impede e
nem resiste com sucesso.

Mesmo assim, ele mandou um recado para Atanásio: “como você conhece meus dese-
jos, ore para admitir livremente todos que desejarem ingressar na igreja. Caso chegue
aos meus ouvidos a notícia de que você impediu alguém de tornar-se membro, imedia-
tamente enviarei um oficial para depô-lo e enviá-lo para o exílio”. Essa ameaça e ou-
tras que vieram não demoveram Atanásio de seu propósito de ouvir e obedecer a Deus
e não aos homens. Atanásio honrou os esforços daqueles que o consagraram sem lhe
pedir nada, mas esperando que fosse corajoso em defender a pureza da doutrina de
Cristo. Em temor e amor a Deus, assim o fez.

Quanto aos opositores, inclusive Constantino, vendo que Atanásio não cederia às ame-
aças, montaram alguns concílios recheados de mentiras contra Atanásio que resultou
em sua condenação e assim fora exilado deixando de ser um entrave para o próprio
Imperador Constantino.

Leia essa célebre frase de Atanásio que ficou famosa:

“Se o mundo for contra a verdade, então Atanásio será con-

tra o mundo”.
1.13 Jerônimo (325 – 378)

Quando falamos de Jerônimo como pai da igreja, sua figura,


por não se associar a esse momento de perseguição que os
mártires sofreram a pergunta comum é: Quem foi Jerônimo?

Fonte: pt.wikipedia.org

Jerônimo teve um papel importante: traduzir as Escrituras para o latim. Essa tradução
ganhou o nome de Vulgata (Comum ou popular). Nasceu em Veneza no ano 341 em
Aquileia, Itália.

Sua conversão se deu ainda jovem e por volta dos dezenove a vinte anos foi batizado.
Dedicado ao estudos das línguas e ao estudo da filosofia. Fez viagens a Roma e levou
uma vida de peregrinação. Foi em Antioquia que escolheu uma vida mais reservada e
monástica.

Após aprender o hebraico e ter ensinado a uma senhora da classe alta romana, foi
singularmente apoiado financeiramente a essa vida reclusa na cidade de Belém por
mais de trinta anos;

A Bíblia, a qual traduziu das línguas originais: Hebraico e Grego, tem sido utilizada pela
igreja católica e por longo tempo tornou-se a Bíblia oficial da igreja católica.

Essa Bíblia foi uma solicitação do Bispo Damasus que atuava em Roma. Como Roma
havia adotado a língua latina embora o grego fosse bastante difundido, a proposta foi
tornar a língua latina padrão para ser exposta nos sermões da igreja.

Sua tradução completa se deu entre os anos 383 a 405. Jerônimo infelizmente se dei-
xou levar pelos falsos ensinos da época e aderiu a eles. Aceitou a afirmação que o ce-
libato era um estado superior ao próprio casamento instituído por Deus.
Jerônimo também aceitou a veneração a restos mortais de santo, como dos apóstolos,
por exemplo, além de venerar relíquias com o argumento que eram sagradas, acredi-
tava na água benta com poder curativo ou simplesmente abençoar o povo. Morreu no
ano de 420, próximo a Belém.

1.14 Crisóstomos (344 – 407)

Seu nome principal era João. Crisóstomos foi devido a


sua forma eloquente de pregar. O “boca de ouro”, como
ficou conhecido, nasceu em 345 em uma família de classe
alta da Antioquia. Apesar de sua família ser rica, Crisós-
tomos sempre esteve no meio do povo, principalmente,
os pobres aos quais amava e se compadecia deles sendo
também muito estimado por eles.

Fonte: pt.wikipedia.org

Sua formação acadêmica em cultura geral, retórica e filosofia, não o impediu de ouvir
a voz de Deus. Jovem ainda converteu-se e foi batizado. Buscou uma vida mais distante
da agitação da cidade para dedicar-se ao estudo da Bíblia e a consagração.

Sua mãe foi um exemplo de vida para ele. Dedicou-se à educação dele e mesmo tendo
ficado viúva muito jovem (vinte anos, provavelmente) não casou novamente para cuidar
de João.

Ele foi um exímio estudante de exegese bíblica e sua decisão de levar uma vida mo-
nástica por longo tempo por propósitos espirituais deixou sua saúde fragilizada. Ao se
achar preparado para ações missionárias voltou ao convívio com o povo, mas a vontade
de ajudar o povo ficou comprometida por causa de sua saúde e decidiu voltar para An-
tioquia.

Seu período como aluno de Libânio, sofista, lhe rendeu domínio no grego e retórica, no
que era muito bom.
Glossário

Retórica é uma palavra com origem no termo grego rhetorike, que significa a arte de falar
bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias com convicção.

Fonte: https://www.significados.com.br/retorica/ Acesso em 07.10.2019

Após a morte de sua mãe, decidiu fazer o que não fez quando ela estava em vida por
não querer entristecê-la. Ele buscou viver uma vida asceta, longe da sociedade, numa
caverna nas montanhas, porém, mais uma vez sua saúde frustrou seus planos e teve
que voltar. Até 398 se tornou um pregador de belos sermões entre os quais a maioria
pregou em Antioquia.

Ocupou a posição de patriarca de Constantinopla, todavia, sua ousadia de citar a Im-


peratriz Eudóxia em seus sermões fazendo referências a luxúria de suas roupas e o
descontentamento dele em vê-la colocar uma estátua de si mesmo perto de onde ele
pregava, lhe custou um banimento no ano de 404.

Suas mensagens ocupam-se principalmente em chamada ao arrependimento do povo


pela vida afastada de Deus que viviam. Acreditava na conversão dos seus ouvintes pe-
los quais jejuava e orava bastante. Queria vê-los todos convertidos e batizados. Através
de Cristo acreditava que podia ser homens piedosos e cheios de fé cristã apesar da vida
devassa e indiferente a Deus que viviam.

Sua intrepidez e fervor não o isentavam do conhecimento e poder de persuasão que


exerceu em seus sermões. Ele de fato era admirado e seguido por sua capacidade
homilética de apresentar suas mensagens. Muitas dessas mensagens que ainda estão
conservadas comprovam sua habilidade e profundidade no que apresentava ao público
ouvinte.
Glossário

Homilética é considerada a arte de pregar, ou seja, utilizar os princípios da retórica com a


finalidade específica de falar sobre o conteúdo da bíblia sagrada cristã.

A força de suas mensagens impressionava também pelas convocações a uma vida jus-
ta e piedosa não voltada para si mesmo.

Sua voz ainda ecoa proclamando ao santo que se santifique mais, pois, Deus nos cha-
ma a santidade. Morreu em 407 e com certeza foi um momento de muita tristeza entre
os que o ouviram, mas seu legado de mensagens cheias de sinceridade e muita com-
paixão não seriam esquecidas jamais. Fica também nele, o exemplo do homem rico
que escolheu viver como pobre entre os pobres para salvar os pobres.

Você sabia que é de Crisóstomos a frase: “Basta um só homem para re-


formar todo um povo”.

1.15 Agostinho (354 – 430)

Anjo ou demônio? Estranho começar assim para apresentar


um dos homens que muito contribuiu para a igreja da era
patrística. O motivo é que apesar do reconhecimento que a
ele se deve, o mesmo se tornou amado por uns e odiado por
outros. Os motivos? Cada lado argumenta ter o seu. Vamos
apresentar um pouco dos dois e deixar o leitor tirar suas
conclusões buscando outras leituras a favor e contra ele.
Fonte: portaldoprofessor.
mec.gov.br

Antes de tudo é bom deixar claro que Agostinho não era anjo e nunca foi demônio, ape-
nas um ser humano como qualquer mortal, sujeito as mesmas paixões e erros, devido
ser um pecador como qualquer de nós.
Algumas coisas, porém, devem ser reconhecidas nele. Foi um ou o maior pensador
cristão da Idade Média. Seus escritos, embora polêmicos, foram bastante utilizados
pela igreja e até hoje o são. De muito valor seus pensamentos e sua apologética. Mes-
mo dito dele que não foi muito incisivo em questões cruciais da fé cristã deixando a
desejar nesse quesito, também é preciso dizer que foi importante em pontos que apre-
senta suas interpretações onde poucos ousaram interpretar como ele.

É possível dizer que sua contribuição não se restringe a essa ou aquela igreja ou cor-
rente teológica, pois tanto a igreja protestante como a igreja católica devem muito ao
trabalho desse homem de Deus.

Quando alguém experimenta em sua própria vida o poder da grande misericórdia e


perdão de Deus começa a vivenciar essa mesma graça para com todos e foi isso que
aconteceu com Agostinho. Nascido a 354 na cidade de Tagasta, ao norte da África.

Agostinho teve uma mãe que não mediu esforços para educá-lo na vida moral e religio-
sa, às vezes, exagerando nos castigos quando ele saia daquilo proposto.

Não era muito de estudar voluntariamente, por isso alguns castigos lhe foram impos-
tos ao longo de seus estudos.

Ele demonstrou suas fragilidades na fé cristã quando teve que sair para estudar fora.
Distante dos olhos de sua mãe e da proximidade dos que o acompanhavam desde a
meninice na fé cristã, Agostinho entrou numa vida de devassidão. Um verdadeiro filho
pródigo. Esbanjou seu dinheiro com bebidas, prostituição e ao conhecer uma mulher
que viveu com ela em concubinato, engravidou-a e ela lhe deu um filho ao qual lhe deu
o nome de Deodato. Esse acontecimento foi no ano 372 e apesar de tudo isso Agosti-
nho não vivia em paz, ao contrário, inquieto por estar afastado de Deus, não cessava de
sair em busca da verdade. Foi nessas buscas que achando o maniqueísmo incapaz de
dar-lhe as respostas que buscava, fez do retorno à filosofia em meio a leituras como
de Hortênsio, Cícero e de escritos neoplatonistas mais uma tentativa de encontrar a
verdade.

A sinceridade de Agostinho o fez encontrar Deus. Agostinho entra em profunda crise


existencial e chora muito seus pecados. Ninguém pode acusar Agostinho de ser um
sacerdote corrupto, mercenário e frio, como a igreja tinha na época e tem hoje. Ele,
ao contrário, tem uma teologia voltada à graça, ao arrependimento, à fé exclusiva em
Jesus Cristo para todo que queira ser salvo.
Agostinho rejeitou qualquer outro intermediário que não fosse Jesus Cristo para purifi-
car os pecados da humanidade. Ele teve esse perdão não precisando de mais nada se-
não olhar para a morte do nosso Senhor na cruz e entender seu sacrifício substitutivo,
onde seu sangue derramado adquiriu poder de lavá-lo de todos seus pecados.

Essa se tornou a mensagem de Agostinho. De graça recebeu a salvação e de graça a


oferecia aos perdidos.

Com toda certeza, Agostinho foi relevante para o período da reforma. Seus escritos
serviram de escopo para Martinho Lutero, Calvino, Zwinglio, Melanchton e outros re-
formadores. O próprio Martinho Lutero foi grandemente influenciado no processo de
sua conversão e o início da Reforma Protestante. A Reforma tem a visão agostiniana e
o fervor original dos reformadores.

Foi lendo romanos 13:13,14, que ele encontrou a luz que precisava. Aplicou o texto à
própria vida que vivia e ali arrependeu-se de todos os seus pecados, sendo aceito e
perdoado por Cristo. Uma atitude de quem verdadeiramente demonstrou vontade de
mudar de vida. Agostinho mostrou que cair não significa o fim quando existe vontade
sincera de voltar para Deus e chão é o lugar de se prostrar e a um coração “contrito
e quebrantado não desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17). Agostinho de Hipona nunca mais
esqueceria daquele dia que se reconciliou com o Senhor.

Agostinho:
“Tu nos fizestes para ti (ó Deus) e nosso coração não descansará enquanto não
repousar em ti”.

A força do perdão de Jesus foi tão grande e real na sua vida que ele decidiu andar na
contra mão do mundo dali para frente e fazer das palavras do apóstolo Paulo suas: “Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que
agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a
si mesmo por mim.” Gálatas 2:20.

Quando aconteceu sua conversão genuína, sua mãe que dia e noite sempre orou por
esse momento teve o privilégio de ainda estar presente em seu batismo. Pouco tempo
depois morreu, mas feliz por ver seu filho nos braços e a serviço do rei Jesus.
Agostinho, após a conversão, logo se destacou por sua eloquência e oratória.

Demonstrou ser um ótimo pregador, preciso na palavra e no ensino entusiasmava a


todos que o ouvia, evoluiu a cada ano na fé, na doutrina e na administração cristã.
Agostinho ficou entre os primeiros notáveis pais da igreja.

Morreu em 430, incansável em seu trabalho e serviço a Deus foi um exemplo de ativi-
dade sacerdotal, administração, escritos. Suas obras foram desde devocionais a temas
apologéticos que até hoje são usados.

Os principais são:

Confissões, De Civitate Dei, The Works of Saint Augustine, On the Trinity, The Enchiridion,
manual, De libero arbítrio, Soliloquies of Augustine, Tractates on the Gospel of John, Au-
gustine, De Magistro, Eighty-three diferente questions, Agaisnt Julian, Obras completas de
San Agustin, The Lord’s of the M..., De beata vita, Confessions and Enchiridion, etc.

Dica de Leitura

Para saber mais sobre a Era dos Mártires leia “História Ilustrada do Cristianismo. A Era
dos Mártires Até a Era Inconclusa”.

Justo L, González. História Ilustrada do Cristianismo. A Era dos Mártires Até a Era Incon-
clusa - Caixa. Volume 1 e 2. Editora Vida Nova, 2011.
Resumo

Nesta unidade, você estudou:

• A Era Patrística e seus principais Mártires.


Unidade 3

Igreja Primitiva e da
Pré-reforma
Ao final da Unidade você será capaz de:

• Conhecer os principais heresiarcas


• Entender os principais motivos que culminaram na reforma
• Diferenciar Igreja primitiva e da pré-reforma

Guia de estudos

A Unidade terceira se divide em:

3.1 - Igreja Primitiva e da Pré-Reforma


3.2 - Os Principais Motivos que Culminaram Reforma
3.3 - Igreja Primitiva e da Pré-Reforma
3.1.1 Marcion(85-160)

Apesar de ser considerado cristão, Marcion tornou-se adepto ao gnosticismo e se con-


trapôs às doutrinas que os apóstolos ensinaram recebidas de Jesus Cristo. Foi excluído
da igreja em 144. Sua doutrina era especulativa e misturada em volta a interpretações
racionais; anulava a possibilidade da ajuda do Espírito Santo. Foi totalmente o Velho
Testamento como palavra de Deus. Nos seus ensinos era defensor do iluminismo de-
vido a sua contemporaneidade.

Glossário

O gnosticismo foi e é uma corrente de ensinos heréticos que existiu com força desde os
tempos apostólicos. Muito mística era uma espécie de mistura de doutrinas cristãs e su-
perstições pagãs.

Foi muito combatida pelos apóstolos e os pais da igreja, mas como não era possível
acabar com essa raiz enferma em sua totalidade em todas as épocas, não só na era
apostólica e na pós-apostólica, a igreja teve e tem problemas com essa doutrina.

Os gnósticos criam que do Deus supremo surgiu um grande número de divindades in-
feriores. Assim como a benignidade estava sobre algumas, a malignidade estava sobre
outras. Acreditam que é dessa mistura dessas criaturas que se justifica a maldade e
bondade que acontece sobre a terra.

Para os gnósticos, Jesus Cristo nada mais é que a manifestação do bem na terra, ou
seja, a emanação maior. Não creem que Jesus Cristo seja Deus, mas que a natureza
divina habitou nele por um tempo.

Alguns escritores atestam que houve o fim desta doutrina perniciosa, mas em se tra-
tando de ser humano, é impossível sim, determinar o fim de coisas que contrariam a
vontade de Deus.
Os gnósticos queriam que todos aceitassem a ideia que a salvação vinha por experiên-
cias místicas, ou seja, o conhecimento era a base. Do conhecimento místico a salvação
era alcançada. Com isto anulavam a salvação por Cristo. Adentram assim no que a fi-
losofia defendia: O homem é escravo do desconhecido, quando ele sai dessa ignorância
do saber, se liberta e alcança a salvação da alma. Não salvação de pecados, mas da
ignorância que o prende no mundo dos sentidos.

O gnosticismo afirmava que Jesus Cristo não tinha um corpo físico, era apenas uma
aparência de corpo, ele não veio em carne.

Essas heresias já havia desde os tempos apostólicos, não é ao acaso que João, discípu-
lo e apóstolo de Jesus, escreveu: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:1,14.
Ele não só escreveu no Evangelho, mas também em uma de suas epístolas: “Nisto
conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus...”. I João 4:1-6.

Se ficarmos apenas com as Escrituras, ficamos com a verdade.

Quando um cristão busca o conhecimento acima da revelação divina acaba se distan-


ciando da fé cristã, portanto, nunca é demais cuidar-se da soberba pelo conhecimento
adquirido e não endurecer a cerviz sendo incapaz de ouvir a voz do Espírito Santo por
boca de outras pessoas a quem Deus usa por sua misericórdia. O gnosticismo ape-
la para conclusões racionais e, em consequência, começa a “descrer” em parte das
Escrituras. Principalmente as que ele endurece o coração não querendo segui-la. O
marcianismo cresceu por mais de meio século, porém declinou, principalmente quan-
do muitos dos seus discípulos migraram para o maniqueísmo, e também, Constantino
proibiu tal ensino.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marci%C3%A3o_de_Sinope Acesso em 08.10.2019


3.1.2 Montano (120-180)

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas,


tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores con-
forme as suas próprias concupiscências.
II Timóteo 4:3

O criador do montanhismo ficou conhecido como criador de doutrinas exageradas.


Para se ter uma ideia, ele mesmo se autointitulava o Espírito Santo. Conduzia seus
discípulos a pensarem sempre em ter experiências sobrenaturais (místicas) que resul-
tasse em muitas revelações.

Acerca dos pecados mortais que interpretavam, diziam que quem os pecasse não teria
perdão. A perseguição era necessária para eles, portanto, quem fugisse das persegui-
ções estariam pecando contra Deus.

Não é difícil encontrar-se grupos extremistas em nossos dias. Essas seitas extremis-
tas sempre estiveram presentes nas gerações que vão desde o sacrifício de crianças
como até o suicídio coletivo ou individual em nome da fé que muitos não sabem se
será assim ou não. Outra heresia clássica do montanismo foi o batismo pelos mortos
apregoado como necessário para purificação e salvação dos que morreram, e, até hoje,
apesar do tempo, continuam vivas em alguns grupos religiosos (seitas).

3.1.3 Mani (216 – 277)

Ele pensou isso e não foi. Deus havia se revelado por mensagens espirituais, das quais,
usou: Buda, Zoroastro e Jesus, porém, por último, Mani, como maior desses profetas.
Alguns eleitos “especiais” eram ascetas, ou seja, praticavam a abstinência de coisas
que entendiam como prazeres carnais. Jejuavam exageradamente, praticavam o celi-
bato, etc. Praticavam uma espécie de “punição” ao corpo para “elevação” espiritual. Os
adeptos a essa doutrina eram chamados maniqueus devido ao nome de seu fundador:
Mani, segundo escritos, morto no ano 276 por autoridades da Pérsia.
Outra seita que o seu fundador se autodenominou o Espírito Santo ou paracleto. Ele
ensinou essa chegada como o Consolador baseado no momento em que Jesus Cristo
anunciou que partiria e enviaria um Consolador.

É fácil perceber que a maioria das seitas se autodenomina salvadoras e em nenhuma


outra religião ou denominação há salvação. Pessoas se posicionam como deuses e
buscam demonstrar que estão acima dos outros e por isso devem reverenciá-los. Às
vezes, falsos líderes estão infiltrados em igrejas respeitadas na comunidade e de fun-
damento histórico, daí a necessidade de buscar desenvolver no conhecimento da dou-
trina verdadeiramente cristã para não ser mais uma vítima dos absurdos que cometem
esses falsos líderes.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manes_(profeta) Acesso em 08.10.2019

Saiba mais

Entre alguns de seus exageros temos o ensino de que entre eles havia alguns especiais
que deviam levar uma vida asceta, ou seja, deviam se consagrar para aumentar sua es-
piritualidade, então, jejuavam de alimentos e água de forma mais prolongada causando
danos à saúde, evitam tudo que consideravam carnal e opositor a sua santificação, prega-
vam o celibato. Há muito mais coisas exageradas em sua doutrina, todavia, é interessante
apenas acrescentar que eles faziam isto porque entendiam que a punição severa ao corpo
espiritualizava-os e os purificavam mais para o exercício do seu chamado.
3.1.4 Sabélio (120-250)

O sabelianismo vem de seu nome. Dois principais destaques em suas heresias que
gerou muita polêmica nos primeiros séculos da igreja cristã. Os pais da igreja mais
uma vez se viam na necessidade de combater doutrinas que tentavam com sutileza
desmontar a doutrina da Trindade. Isso é uma prova que o gnosticismo deixou rastros
e o modalismo começou com esse movimento, posteriormente Sabélio assumiu a ideia
com mais influência por isso o movimento passou a derivar de seu nome e mudando de
modalismo para sabelianismo.

Esse movimento herético é conhecido como unicista porque defende a ideia que Jesus
disse que quem vê a ele vê o Pai, portanto, o Pai é Jesus e o Espírito é Jesus não por
ser da mesma essência apenas, mas por ser Jesus, a essência no Pai e a essência no
Espírito Santo.

Ensinou também que o batismo não deveria ser feito em nome dos três: Pai, Filho e
Espírito Santo, mas somente no nome de Jesus sugerindo o texto de Atos 2:38.

O texto não ensina que o batismo é só no nome de Jesus. Pedro está afirmando que
o batismo deve ser feito sobre a autoridade do que Jesus ensinou, daí, podemos citar
Mateus 28:19, e entender que Jesus ensinou que o batismo seja sim: Em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo.
3.1.5 Ário (256-336)

O arianismo foi uma das piores seitas heréticas do segundo século. Começou a partir
de um ensino da negação da Trindade e que Jesus e Deus não eram a mesma pessoa.
As buscas filosóficas para encontrar respostas para a doutrina da Trindade resultou
em tais conclusões heréticas. Na realidade pode-se dizer que sua raiz nasceu no gnos-
ticismo. Os gnósticos também não aceitavam a divindade de Jesus Cristo. Talvez a
igreja demorou demais em tomar uma atitude contra essa doutrina. Quando resolve-
ram fazer, ela já tinha se espalhado em muitas regiões como Antioquia e Alexandria.
Além do apoio que teve de alguns teólogos e a omissão de outros, o maior apoio que
Ário teve nesse ensino herético foi do próprio Imperador Constantino.

Fonte: isoladipatmos.com

Aquilo que parecia uma defesa a Cristo foi, na verdade, uma blasfêmia. Ao dizer que
Deus é único, e não se pode negar que Cristo é Deus. Dizer que Cristo é uma criação
menor de Deus é inaceitável. Dizer que Deus é feito de uma essência e Jesus de outra é
descaracterizar o cristianismo que em sua doutrina a certeza que Deus, o próprio Deus
se fez homem e habitou entre nós cheio de graça e verdade (João 1:1,14; I João 5:20).

A discussão sobre o assunto foi muito forte. Separou até alguns pais da igreja em opi-
niões diferentes. Levou outros a ficarem neutros, mas finalmente a verdade de Deus
prevaleceu no Concílio de Nicéia, ficando estabelecida a confirmação da doutrina dos
apóstolos que não só Jesus e Deus são a mesma pessoa (João 10:30; 14:6-11). Esse
Concílio aconteceu do dia 20 de Maio a 25 de Julho do ano 325.
3.1.6 Pelágio (360 – 420)

Fonte:pt.wikipedia.org

O fundador do pelagianismo também deixou sua marca registrada no exagero. Dizia


ele em sua doutrina: “O homem pode não pecar se quiser”. O homem pode escolher
o bem por vontade própria. Para Pelágio, o homem tinha capacidade moral suficiente
para não pecar, isso desde sua criação. Na sua concepção essa capacidade não se
perdeu mesmo depois do pecado. Livre era o primeiro homem, Adão, e livre continua
a humanidade. Seria o mesmo que dizer que o homem não nasce pecador, mas é pe-
cador quando peca. É fato que o único que não nasceu pecador foi Adão. Ele sim se
tornou pecador a partir do momento que pecou, todavia, após o pecado dele toda a raça
humana foi atingida e todos já nascem com a natureza pecaminosa que os impede a
não pecar por mais que tente, pois, a natureza caída o impele ao pecado do qual está
escavo (Sl 51:5; Rm 5:12, 17-19).

Pelágio ensinava que nem todos os pecados que o homem já havia pecado anulava sua
vontade de não pecar, daí querendo, poderia parar de pecar. Ainda, também, ensinava
a predestinação como heresia e o livre-arbítrio como única verdade, todavia, livre-ar-
bítrio, ao seu modo.
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens por isso que todos pecaram”.
Romanos 5:12

3.1.7 Apolinário (310-390)

Apolínário. Bispo de Laodicéia. Apolinarianismo: A força de sua doutrina se deu na


tentativa de explicar como Deus se fez Cristo. Para ele Deus encarnou, mas não tinha
espírito humano em Cristo. Ele manipula o Cristo. Assim Cristo nem era 100% Deus,
nem 100% homem. Qualquer que tente explicar esse mistério da encarnação com lógi-
cas humanas incorrerá em doutrinas heréticas. O segundo concílio geral de Constan-
tinopla de 381, declarou tal doutrina herética.

Apolinário foi Bispo em Laodiceia, a igreja que não era quente nem fria e Deus estava
a ponto de vomitá-la (Ap 3:13-22). Apolinário na tentativa de explicar intelectualmente
como Deus se fez Cristo criou a heresia em defender que apesar de sua encarnação
ser real, Cristo não tinha um espírito humano.

Fonte: foraheresia.blogspot.com
Se Cristo não tinha um espírito humano não podia ser 100% Deus, nem 100% homem.
A defesa de Apolinário em fazer tal afirmação foi considerada herética e o Concílio re-
alizado em Constantinopla em 381, pôs um fim à possibilidade da continuação desse
ensino, considerado nocivo à igreja e à pureza da doutrina cristã.

A Reforma Protestante não surgiu ao acaso nem de um dia para o outro. Seu surgi-
mento estava anunciado por algumas gerações de padres e teólogos insatisfeitos com
a condução da igreja ao longo dos séculos.

A partir de Constantino principalmente a igreja passou por transformações e novos


interesses foram aparecendo além do simples pregar a palavra de Deus como nos
tempos dos apóstolos.

Como aconteceu com o próprio Jesus, os apóstolos não se tornaram pregadores do


evangelho para acumular bens na terra, muito menos com o recursos que viria das
ovelhas que sustentavam seu ministério integral.

A igreja pós-apostólica não só enriquecia como pregadores da palavra de Deus, bem


como inventores da palavra de Deus. Era como se houvesse uma empresa funcionando
dentro da igreja que vendia: Perdão, cura, paz interior, conselhos para todas as áreas
e salvação. Uma empresa que vendia seus objetos fabricados com promessas absur-
das de estarem levando um produto de qualidade “sobrenatural” para casa. Relíquias
benzidas com a falsa esperança de abençoar as casas eram compradas pelos campo-
neses que jamais iriam duvidar dos resultados das palavras dos santos sacerdotes que
diziam que era resultado garantido. Só não diziam que caso não desse certo podiam
buscar seu dinheiro de volta.

A vergonhosa pregação da indulgência era que caso o povo comprasse os objetos “con-
sagrados” ou doassem bens e terras para a igreja, sob a administração dos sacerdo-
tes, iriam poder até herdar a salvação fazia da casa de Deus um verdadeiro comércio.

A pregação da salvação pelas obras e principalmente obras de caridade estava com


seus dias contados. O mercantilismo que levou a igreja a adquirir vários bens e muito
dinheiro estava para ter um fim.

Homens com um verdadeiro temor a Deus estavam sendo tomados pelo Espírito Santo
para um grande avivamento espiritual que recebeu o nome de: Reforma Protestante.
Alguns nomes que antecederam a Reforma também precisam ser lembrados, pois,
através deles foi que o Espírito Santo começou incendiar corações com o desejo subli-
me do retorno à fé verdadeira em Cristo.

Destacamos alguns nomes:

a) John Wycliffe (1328 - 1384)

Fonte : spartacus-educational.com

Sua contribuição para a história da reforma foram várias, mas sem dúvida, seu traba-
lho na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a
Bíblia de Wycliffe foi uma das principais. As pessoas comuns que não tinham acesso à
Bíblia agora podiam ler em sua própria língua. Quem é o homem que surgiu no século
XIV na Inglaterra considerado “A Estrela da Manhã da Reforma Protestante?”. Era teó-
logo e professor. John Wycliffe (Hipswell - Inglaterra; 1320 - Lutterworth - Inglaterra;
31 de dezembro 1384) foi o arauto da Reforma, não somente para Inglaterra, mas para
toda a cristandade. Aquele protesto abriu a luta que deveria resultar na emancipação
de indivíduos, igrejas e nações.

Sua fé, devoção e coragem eram resultado de uma paixão no coração: Deus. Wycleffe
visava uma reforma na Inglaterra, fato que se concretizou aproximadamente dois sé-
culos mais tarde.

Apesar de Wycliffe receber uma educação liberal, para ele o temor do Senhor era o
princípio da sabedoria. No colégio se distinguira pela fervorosa piedade bem como
pelos seus talentos e perfeito preparo escolar devido sua aplicação e disciplina nos
estudos.
Saiba mais

Quando ainda no colégio, Wycliffe passou a estudar as Escrituras Sagradas. Naqueles


primitivos tempos em que a Bíblia existia apenas nas línguas antigas, os eruditos habili-
tados a encontrar o caminho para a fonte da verdade, o qual se achava fechado às classes
incultas. Assim já fora preparado o caminho para o trabalho futuro de Wycliffe como Re-
formador.

A verdadeira autoridade emana da Bíblia, que contém o suficiente para governar o


mundo”. Essa afirmação de Wycliffe em seu livro De sufficientia legis Christi, era sua
verdade, seu pensamento e sua fé. Wycliffe entendia que na Bíblia se encontra a verda-
de, Cristo era o meio pelo qual os pecadores podiam se chegar a Deus. Ele fazia decla-
rações sinceras de fé que criava indagações acerca da autoridade papal da sua época.

Ele não para por aí. Uma das mais polêmicas declarações foi quando disse: “Enquanto
temos muitos papas e centenas de cardeais, suas palavras só podem ser consideradas
se estiverem de acordo com a Bíblia”.

Esta postura de Wycliffe sacudia a Inglaterra literalmente. Após dois séculos, Martinho
Lutero levanta a mesma bandeira de Wycliffe e apesar da distância entre o tempo que
Wycliffe e Lutero viveram, na Reforma, é como se Lutero fosse um seguidor de Wyclif-
fe, que estava apenas seguindo os passos de seu mestre.

b) John Huss (1373-1415)

João Huss foi bastante lido e estudado por Lutero e não só ele como outros ícones da
Reforma. Huss foi um homem que era um verdadeiro exemplo de abnegação a Cris-
to. Ele pregou acerca de assuntos voltado para Reforma. Era assim seus sermões.
Sempre foi hostil às indulgências e isso irritava a cúpula do clero. Huss era amigo dos
pobres e aos ricos esperava uma conversão; as indulgências foram atacados em seus
sermões. João Huss recebeu o cognome de “Cisne Branco”.

Um verdadeiro defensor da fé cristã, Huss também fazia seus sermões com proprie-
dade e composição teológica.
Fonte: www.christianitytoday.com

O crime de Huss foi defender a moral e a pureza cristã do ofício do sacerdócio dos que
foram chamados por Deus. Huss entendia sua missão como uma oportunidade para
servir e não enriquecer. A igreja, para Huss, deveria ser exemplo de benevolência e
compaixão. Era a igreja que deveria dar sem esperar receber, mas o que ele via era
uma exploração da fé dos simples e até dos ricos e o uso indevido do nome de Deus
nesse empreendimento ilícito.

! Importante

Lutero escreveu mais tarde. “Eu não conseguia entender por que motivo tinham quei-
mado um homem tão grande, que explicou as Escrituras com tanta seriedade e habilida-
de”. Lutero veio entender depois quando teve a mesma postura de Huss, contestan-
do o sistema corrupto da igreja.

Huss teve que passar por uma transformação de caráter em relação ao seu início como
estudante de Teologia. Ele não teve motivos tão nobres quando decidiu entrar para o
sacerdócio, mas passou por uma espécie de conversão e passou por uma mudança
de propósitos que chegamos a dizer que o próprio Espírito Santo foi o responsável por
essa mudança.

Terminou seus estudos onde terminou o curso de Bacharel em Teologia, Mestrado e


Doutorado. Sua ordenação se deu em 1401. Huss se tornou um grande pregador exer-
cendo seu sacerdócio com mais de três mil sermões na Capela de Belém em Praga.
Era uma das mais importantes igrejas, muito popular estando entre as maiores.
Huss não pregou seus sermões em latim como a tradição exigia, mas pregou em tche-
co. João Huss pregava com amor e verdade. Um verdadeiro exemplo de vida cristã que
é possível em meio à maldade humana viver de forma digna e justa, principalmente
diante de sacerdotes desprovidos do temor a Deus e movidos simplesmente pela ga-
nância e amor ao dinheiro que era o ambiente que ele testemunhava.

Foi condenado por heresia por não se submeter ao sistema da igreja católica, ao con-
trário, resolveu denunciar os abusos sociais, morais e espirituais. Quando foi intimado
a comparecer ao Concílio de Constança para ser julgado, mostrou serenidade, não
desespero. Lá foi condenado a morrer na fogueira como subversivo e herege se não
negasse tudo que ensinou acerca de Cristo e do que falou contra a igreja.

Ao invés da igreja, ou seja, padres, bispos e mesmo o papa que se diziam representan-
tes de Deus usarem os sermões de Huss para reflexão, arrependimento e conversão;
agiram como os algozes de Estevão (At 7) quando o apedrejaram por resistirem o Espí-
rito Santo que falou pela sua boca. Agora a história se repete com um detalhe diferen-
te: ao invés de apedrejarem um porta-voz de Deus, estavam-no queimando.

Sabendo que Huss não era culpado de crime algum, mas vítima de líderes inescrupu-
losos, o sacerdote religioso Poggius Florentini, católico romano, ainda apelou a Huss
que considerasse a possibilidade de negar tudo que afirmou como uma forma de evitar
a fogueira, mas Huss disse: “Hoje vocês assarão um ganso magro, mas em cem anos
ouvirão um cisne cantar. Não serão capazes de assá-lo e nenhuma armadilha ou rede
poderá segurá-lo”. Assim o “ganso magro” foi assado na fogueira.

Esse exemplo de homem fiel até a morte (Ap 2:10) causou admiração até mesmo nos
seus executores. Durante sua vida em suas pregações ficam lembranças de suas pala-
vras, entre elas, quando disse: “Quando o Senhor me deu conhecimento das Escrituras,
eu descarreguei esse tipo de estupidez da minha mente tola.” Assim Huss começou
cada vez mais a confiar nas Escrituras, “desejando manter, acreditar e fazer valer o
que está contido nelas, enquanto eu tiver fôlego de vida”. Sua valentia não lhe rendeu a
prata e o ouro desta terra. Não lhe foram feitas promessas de prosperidade e elevação
profissional. Huss era cada vez menos querido entre seus colegas sacerdotes, embora,
admirado por alguns que preferiam o silêncio a arriscar fazer o mesmo.
Huss, ao contrário, enviou cartas ao longo da vida para serem lidas em nome da verda-
deira mensagem que Cristo deixou para ser pregada. Uma delas endereçada à igreja
em Praga, dizia que somente Cristo é a cabeça da igreja, que um papa “por ignorância
e amor ao dinheiro” pode cometer muitos erros, e que se rebelar contra um errante
papa é obedecer a Cristo.

O ganso magro tinha um coração mole, quebrantado aos pés de Cristo. Ele demons-
trou firmeza e fé ao não aceitar o que chamaram de última chance de retratação. Sua
resposta foi uma oração: “Senhor Jesus, é por ti que eu pacientemente suporto esta
morte cruel. Peço-te que tenha piedade de meus inimigos”. Recitava Salmos enquanto
as chamas tomavam seu corpo até a morte.

Deixou seu legado de fé, e mesmo tendo uma morte tão cruel nas chamas daquela
fogueira, combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé (II Tm 4:7). Foi
queimado no fogo da terra por não querer ser príncipe com o preço do silêncio imoral,
todavia, com certeza, foi recebido no céu como príncipe com direito a coroa da vida.

c) Jesrônimo Savonarola (1452-1498)

Fonte: www.wattpad.com
Nascido em 21 de Setembro de 1452, filho de Niccolo Savonarola, sua mãe se chamava
Elena. Durante sua juventude foi destacada por sua seriedade e senso de justiça. Fer-
rara, cidade natal, sabia muito bem disto.

Pode ser considerado um avivalista. Pregador ungido por Deus, agiu como um verda-
deiro profeta e atalaia. Suas mensagens eram recheadas de sermões que chamavam
o povo ao arrependimento de pecados e ao abandono das práticas de feitiçaria, festas
e leituras imorais. Eram mensagens que atraiam o povo, apesar de parecerem agres-
sivas, pois, não eram ditas pelo homem Savonarola, ele era apenas um instrumento do
Espírito Santo que pregava a uma geração aprisionada por pecados diversos.

Devido sua total repugnância ao mundo, decidiu se dedicar mais à oração com bastan-
te ardor. Dizem alguns que após uma desilusão amorosa, quando uma moça despre-
zou sua família achando-se mais importante, ele decidiu não mais casar e levar uma
vida monástica.

Um professor de filosofia que conquistou seu espaço e se destacou. Savonarola não


usou o conhecimento filosófico, muito menos o status de professor para ignorar a im-
portância da oração. Ele passava bastante tempo em oração, jejuns e meditação em
busca de maior intimidade com Deus.

Quando chegou ao convento não se preocupou com privilégios, antes, ofereceu-se para
serviços simples como cozinha, horta, etc.

Suas virtudes e humildade chamavam atenção dos monges, motivo pelo qual era ad-
mirado por sua sinceridade. Ser professor de filosofia foi uma indicação por méritos e
demonstração de todos que reconheciam sua capacidade para tal função, na qual não
decepcionou, correspondendo às expectativas, tanto que ficou lecionando até sair do
convento.

A Bíblia era seu livro de regra de fé e prática e foi ela que o levou a compreender o único
meio pelo qual as pessoas podiam alcançar o perdão de Deus, pois, apesar de seu fer-
vor e sinceridade, ainda não reconhecia que somente a fé em Jesus Cristo podia levar
o homem ao céu. Quanto mais lia a palavra de Deus, mais sentia que deveria exortar
o povo ao arrependimento, porque o juízo de Deus, dizia, está próximo. Isso fazia dele
como que apressado porque o Dia estava se aproximando. O púlpito passou a ser lugar
para suas mensagens fervorosas e eficazes, pois o povo exortado ao arrependimento
atendia ao chamado de Deus.
Chegou a passar sete anos no mosteiro de Bolongna, Jerônimo, agora Frei, foi para o
convento de São Marcos, em Florença. Ele se sentiu desafiado a advertir o povo floren-
tino a abandonarem a vida depravada em que vivam. Não obteve muito sucesso. Por
quê? Alguns atestam que ele sentiu na pele o que é um pregador exercer o ofício na
sua própria terá como o fez Jesus Cristo e fora desacreditado pelos seus.

Parece que os séculos XV a XVII, estavam cheios de guerreiros profetas dispostos a


denunciar pecado e corrupção, mas não era assim. Como João Batista que anunciou
a primeira chegada de Jesus, o Messias, salvador do mundo, e, vivia uma vida isolada
como o último dos profetas numa geração sem profetas, antes da chegada de Cristo,
Savonarola também tinha um ministério pouco apreciado pelos religiosos dos quais ele
mesmo fazia parte.

Quando uma voz profética ecoava contra o mal existente, logo, apareciam aqueles que
tentavam silenciar tal manifestação e não foi diferente com ele.

Com seu estilo próprio ele aumentava a lista dos invejosos e os que se opunham ao
reconhecimento de seus erros por lhes gerar poder e riqueza.

Para se ter uma ideia, Savonarola não atendeu nenhum dos convites que lhe enviaram
do príncipe Lorenzo, que tinha ainda o status de: O magnífico. Isso irritou Lorenzo que
percebia a influência de Savonarola sobre o povo que o assistia. Seus sermões não só
atingia a corrupção política como a religiosa, chegando até citar algumas ações impró-
prias pelo papado.

É fato que ele só veio compreender que a salvação se dá, não pelas obras, e sim, pela
graça, por meio da fé, porém, seus sermões eram fortes instrumentos que pretendiam
levar o povo ao arrependimento.

Sua conversão propriamente dita se deu através de uma visão que recebeu do Senhor,
convicto de que a visão veio do Senhor, começou novamente a pregar. Sob a nova unção
do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto, que mui-
tos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar, nas ruas. Era coisa comum,
durante seus sermões, homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes
romperem em veemente choro.
Um dos alvos das mensagens contra a imoralidade e corrupção, Lorenço de Medici,
regente de Florença, tentou subornar Savonarola de diversas formas: a bajulação, as
peitas, as ameaças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o
pecado, e especialmente contra a perversidade do regente. O resultado foi o fracasso
do próprio Lorenço.

A voz profética de Savonarola incomodou tanto que foi chamado de herege e rebelde,
após excomungado. No ano de 1498, por ordem do Papa, foi enforcado e queimado em
praça pública.

“Deixam o ouro pelo cobre, o cristal pelo vidro, as pérolas pelo


barro, os que pelo barro do mundo, pelo vidro da vaidade e pelo
cobre destes bens profanos e transitórios, desprezam o ouro
maciço, o cristal puro e as pérolas do amor de Deus e dos bens
eternos.”

Savonarola

3.2 Os Principais Motivos que Culminaram na Re-


forma Foram (Legado Iniciado Pelos Pré-Reforma-
dores)

a) Ainfalibilidade Papal. O poder que o papa exercia no mundo era notório. O povo o
tinha como um representante de Deus, infalível, portanto, quase adorado como um
deus, tudo que dissesse, fizesse e ordenasse devia ser obedecido sem questionamen-
tos. Questionar as determinações papais era como se alguém estivesse tentando con-
tra a própria vida.

b) É consequência da primeira. Qualquer que tentasse apenas discordar dos ensinos e


das práticas exercidas pela igreja por meio de seus sacerdotes e “santo” Papa seriam
julgados, excomungados e quando achassem necessário, queimados na fogueira como
hereges ou o seu banimento para alguma prisão longínqua, ação tida como punição
menor.
c) Nepotismo. O sacerdócio ou as funções auxiliares passaram a ser privilégio de al-
guns poucos. Não mais vocação para estar nas posições consideradas mais altas pela
igreja. Era como se quisessem passar de geração a geração toda riqueza adquirida
ilicitamente para seus descendentes.

d) Penitências. Ver aqueles pobres camponeses ir à igreja, ao confessionário e saírem


certos que cumprindo algumas formas de sacrifícios teriam seus pecados perdoados
por Deus, revoltavam alguns sacerdotes que entendiam que todo sacrifício pelos pe-
cados já havia sido pago por Jesus Cristo na cruz do Calvário quando derramou seu
sangue precioso por todos os pecadores.

e) Indulgências. Também era uma forma de pagamento pelo perdão de pecados e sal-
vação. Por meio de bens doados e mesmo dinheiro, pessoas era enganadas com a falsa
ideia de receberem a graça salvadora de Cristo. Isso se tornou a maior indignação dos
reformadores. - Ultrajante! Imoral! Gritavam eles. Os reformadores se recusavam par-
ticipar daquela farsa, mas foram mais além, começaram a pregar nos púlpitos de suas
paróquias essa pouca vergonha e isso não só incendiou mais sacerdotes que também
não concordavam com isto como irritou o clero e o Pontífice, que recebia informações
do andamento de tais revoltas pelos próprios comandados.

Dica de Leitura

Para saber um pouco mais sobre os principais acontecimentos do Cristianismo leia o livro,
“Os 100 Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo”

CURTIS, A. Kenneth et al. Os 100 Acontecimentos mais importantes da história do Cris-


tianismo. São Paulo: Vida, 2003.
Resumo

Nesta unidade, você estudou:

• Os principais heresiarcas;
• Os motivos que culminaram na reforma;
• Diferenças entre Igreja primitiva e da
pré-reforma.
Unidade 4

Reforma e Movimento/ Pós-


-reforma – Lutero – Zwin-
glio– Calvino – João Knox
Ao final da Unidade você será capaz de:

• Conhecer os principais reformadores


• Entender os principais movimentos populares depois da reforma

Guia de estudos

A Unidade quarta se divide em:

1. – Os principais Reformadores
2. – Os Principais Movimentos Populares Depois da Reforma
1 - Os Principais Reformadores

1.1 Martinho Lutero (1483 A 1546)

Fonte: educarparacrescer.abril.com.br

Uma nova página do cristianismo começou a ser desenhada a partir do nascimento do


homem chamado Martinho Lutero. Nasceu na Alemanha, Eisleben, cidade saxônica,
em 10 de novembro de 1483. Sabemos que nosso calendário é dividido em antes e
depois de Cristo. A história da igreja não estaria exagerando se a dividisse em antes e
depois de Lutero.

Seu pai, João Lutero era mineiro lenhador. Casado com Margarida Ziegler, eram po-
bres, mas sempre se esforçaram por oferecer uma boa educação para seu filho, Lute-
ro. Mudaram-se para Mansfeld, onde lá Lutero passou boa parte estudando.

Com dedicação, ele terminou os estudos necessários para ingressar no curso superior
aos quatorze anos. Foi para uma escola de Magdeburgo, e dali a Eisenach, na Turíngia,
passando ali um período de quatro anos.

Em 1501, Lutero entrou na Universidade de Erfurt. Era uma cidade repleta de mostei-
ros. Foi nesse ambiente religioso que Lutero terminou os cursos de Bacharel e Mestre
em Artes, 1502 e 1505, respectivamente. Após, decidiu fazer o curso de Direito.

Durante o curso de direito certo dia em volta a uma tempestade que lhe causou muito
medo, porque vendo um amigo morrer ao seu lado por conta de um raio, ele também
quase morreu. Desesperado, ele fez um voto a Santa Ana que, se escapasse com vida
daquele infortúnio, seria monge entrando no mosteiro.
Assim aconteceu. No dia 17 de Julho de 1505, Lutero estava cumprindo sua promessa
ingressando no convento da Ordem dos Agostinhos para tornar-se sacerdote.

Foi no mosteiro que Lutero começou a estudar. Dedicou-se à leitura dos escritos de
Agostinho, dentre outros pais da igreja, mas o que ele não esperava foi o que veio após
uma dessas idas à biblioteca, onde encontrou um exemplar da Bíblia escrita em latim.
Decidiu fazer uma leitura cuidadosa nela e a cada avanço nas páginas da Bíblia, Lutero
descobria verdades que iam acendendo seu coração e mente de uma luz vinda do Es-
pírito Santo.

Uma das coisas que chamou a atenção de Lutero foi o fato de constatar que a Bíblia
não era ensinada num todo ao povo, todavia, apenas parte dela.

Lutero sempre foi dedicado ao que fazia e no mosteiro não foi diferente. Ele passava
horas e dias jejuando, fazia inúmeras orações e as repetia por semanas. Tinha por cer-
to que a vida devota que levava e por tudo que fazia, com certeza, Deus tinha um lugar
guardado para ele no céu.

Lutero vivia como se carregasse um sentimento de culpa perante o Salvador Jesus e


a convicção que tinha em que Deus o levaria para o céu pelo que fazia estava sempre
entrando em conflito. Sentia que faltava algo, mas não sabia o que seria.

Ao superar as expectativas no mosteiro, logo foi ordenado a diácono, isso se deu em 27


de fevereiro de 1507, e padre em 4 de abril do mesmo ano, respectivamente.

Sua vida introspectiva só aumentou, fazendo que Johann Von Staupitz, vicário geral
da congregação, achasse melhor que Lutero saísse do mosteiro e se dedicasse à vida
acadêmica. Em Wittemberg, em 1508, a teologia de Guilherme de Ockham se torna
parte de suas leituras.

Lutero caminhava na via sacerdotal como muitos gostariam. A cada ano avançava em
conhecimento e reconhecimento acadêmico. Em março de 1509 alcançou o grau de
bacharelado em Estudos Bíblicos. Alguns meses após, mais um título chega outro: ba-
charelado nas Sentenças de Pedro Lombardo. Pouco depois Lutero volta para Erfurt.

Lutero teve a oportunidade de ir a Roma resolver um conflito em nome do Vigário geral


de sua ordem. Lá em Roma teve o privilégio de ver o Papa e alguns sacerdotes, a vida
que levavam e os deslizes que cometiam, segundo Lutero, não era condizente ao ofício
sacro que estavam instituídos.
Voltando a Wittemberg, recebeu o título de Doutor em Teologia, sendo Frederico, da
Saxônia, seu ouvinte e admirador, quem concedeu com mais agilidade esse mérito a
Lutero.

O ápice da conversão de Lutero se deu quando se dedicou a um estudo exaustivo da


carta de Paulo, apóstolo, aos Romanos e o livro dos Salmos. O modo que explicava as
leituras e estudos feitos acendia no coração dos ouvintes uma vontade de ouvi-lo todos
os dias. Ele mesmo sentia que algo novo e diferente estava acontecendo com ele.

Lutero fazia o possível para levar seus ouvintes à certeza do pecado, da justiça e do ju-
ízo. Ele expressou a importância de irem a Cristo para perdão dos pecados. Ele próprio
impactado com o que leu em Romanos 1:16, que o justo viverá pela fé, cada vez mais
compreendia que qualquer que quisesse de fato ir para o céu deveria, sim, crer em
Cristo e não em si mesmo.

Lutero não havia se contaminado com os vícios e a luxúria que havia ao seu redor,
dentro da própria igreja, isso lhe dava respeito entre seus ouvintes. Estava evidente
que Lutero não pregava por uma obrigação clerical, mas por amor aos perdidos. Não
pregava pensando que após a pregação iria para alguma orgia ou adega para embe-
bedar-se ou mesmo oferecer-se às festas mundanas como alguns sacerdotes. Essa
postura de Lutero atraía o povo cada vez mais para a igreja a fim de ouvi-lo.

Quando o sucessor de Júlio II, o Papa Leão X, resolveu concluir a reforma na Catedral
de Roma Lutero se viu em outra etapa na sua vida sacerdotal. Ao sentir a necessidade
de obter recursos para a conclusão dessa reforma, Leão X aprovou e sancionou a or-
dem de estabelecer as indulgências em toda a Europa.

Lutero que já nas suas pregações denunciava os abusos papais resolveu fixar em 31 de
outubro de 1517, as noventa e cinco teses contra as indulgências na porta principal da
Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg.

Lutero foi chamado a se retratar, foi taxado de rebelde e de se opor ao Pontífice, que
era a liderança máxima e, segundo eles, infalível representante de Deus.

Em volta a essa turbulenta situação, Lutero chegou a escrever uma carta ao Bispo ar-
cebispo Albrecht de Mainz e Magdeburg em 31 de outubro de 1517.
Lutero, na carta, buscou explicar os absurdos que continham as exigências desse de-
creto papal se referindo às indulgências, mas essa carta não obteve resposta.

O papa decidiu colocar o “problema” chamado Lutero para a jurisdição dos agostinia-
nos resolver. Haveria uma reunião onde Lutero foi convocado para dar explicações ou
retratar-se. A cidade de Heidelberg ficou agitada mais que o normal no dia 26 de Abril
de 1518, dia da reunião.

Lutero não sabia, mas nessa reunião a qual ele temia ser julgado e condenado à morte,
teria mais apoio do que imaginava.

Com o apoio de muitos monges, Lutero pode explicar porque as indulgências eram
uma afronta a Deus. Falou da graça a qual Deus ofereceu para salvação dos perdidos
e como alcançar essa graça e salvação pela fé em Jesus Cristo.

Ali conseguiu mais seguidores e o “time” dos futuros reformadores estava se forman-
do naquele momento. Esse aparente erro do Papa Leão X em colocar a reunião em
Heidelberg, nada mais foi que uma intervenção divina, para que Lutero pudesse levar
sua mensagem com mais liberdade e segurança, pois, Lutero iria precisar em breve do
apoio e proteção contra os algozes que queriam matá-lo.

Na segunda investida contra Lutero, o Papa Leão X, que já havia perdido espaço, orde-
nou uma reunião em Augsburgo, em outubro de 1518. Assunto: Retratação de Lutero.
Caso Lutero negasse a retratação deveria ser levado a Roma para ser julgado. Claro
que em Roma, reduto do papa, Lutero não teria um julgamento justo e seria condena-
do.

Mas uma vez Deus levanta na história pessoas do alto escalão para conforto e prote-
ção dos seus arautos. O príncipe Frederico, da Saxônia, sabedor do conflito, tornou-se
admirador e simpatizante de Lutero, logo obteve um salvo conduto do imperador Maxi-
miliano, assumindo ajudar Lutero em Augsburgo. O que Frederico queria, na verdade,
era que Lutero tivesse um julgamento justo. O que naquelas circunstâncias parecia
quase impossível.

Enquanto o cardeal estava indisposto a ouvir as argumentações de Lutero e queria


apenas a sua retratação, Lutero, por outro lado, aceitava se retratar se provassem que
ele estava errado. Nessa luta onde ninguém cedia ao outro, sabendo que estavam dis-
postos a levá-lo a Roma, Lutero passou um tempo escondido com o apoio do príncipe
Frederico.
Saiba mais

Hino Castelo forte foi composto por Martinho Lutero por volta de 1521, por ocasião de
sua convocação para a Dieta de Worms. Essa assembleia foi convocada pelo imperador
alemão Carlos V para os dias 27 de janeiro a 25 de maio de 1521. Assunto: A venda das
indulgências ordenadas pelo papa e contestada por Lutero.

Enquanto não se encontrava uma solução para essa questão, a doutrina que Lutero
havia ensinado ganhava mais adeptos. Compreendendo que sua ortodoxia teológica
era correta, começou a sentir-se mais apoiado na Alemanha e sabia que indo a Roma
poderia acontecer o contrário, porém, mesmo assim, decidiu ir a Roma depois de ser
convocado para mais uma vez se retratar, tanto dos seus ensinos como de livros que
havia publicado.

Após estar declarada uma disputa aberta entre o papa e cardeais contra Lutero, a pró-
pria Alemanha em maioria começou a apoiar Lutero.

Lutero casou-se em 13 de junho de 1525 com Katharina.

Debilitado na saúde, Lutero sabia que seu momento de encontrar o mestre estava pró-
ximo e no dia 18 de fevereiro de 1546, morreu aos 63 anos.

Vídeo

Para saber um pouco mais sobre Martinho Lutero acesse o vídeo “História dos Re-
formadores – Martinho Lutero” através do Recurso Multimídia e saiba mais.

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=gVJC3E0Jb2I

Publicado em 21 de outubro de 2017. Acesso em 09.10.2019.


1.2 Úlrico Zwinglio (1484 – 1531)

Fonte :cristaosprotestantes.com

A Suíça teve seu reformador. Úrico Zwinglio, casado com Margaret Zwinglio, Além de
pastor de ovelhas, Úrico era proeminente líder em Ilhéus.

De um simples camponês e pastor de ovelhas, estudou e se graduou em Bacharel em


Artes; Mestre em Artes (1506). Tornou-se Sacerdote Católico na cidade de Guarus.
Considerado um Humanista Bíblico Reformador e Pastor Protestante.

Casou secretamente com Ana Reinhart, renunciou ao sacerdócio para exercer o minis-
tério pastoral evangélico.

Defendeu a reforma protestante em seu país, ocasião que não conhecia pessoalmente
ainda o então Martinho Lutero. Quando buscou fortalecer seu movimento de Reforma
na Suíça, alguns sugeriram estreitamento de relacionamento com Lutero.
Saiba mais

O que se sabe entre Zwinglio e Lutero era que os dois tinham divergências doutrinárias
e possivelmente motivações diferentes para Reforma, porém, concordavam em muitas
coisas como a não venda das indulgências dentre outras. Não eram inimigos, mas não
tão amigos e chegaram a terem discussões acirradas principalmente a respeito da Ceia
do Senhor. Enquanto Lutero defendia que o pão e o vinho eram verdadeiramente corpo e
sangue de Cristo após a oração sacerdotal, Zwinglio atestava que eram símbolos, antes, e
continuavam símbolos do corpo e sangue de Cristo.

Hoje a igreja cristã evangélica em sua maioria aceita que pão e vinho na ceia são apenas
símbolos e o mais importante é a mensagem contida nesse ritual e não o ritual em si, pois,
é feito em memória de Cristo até que ele venha.

Publicou 67 Artigos que são considerados a primeira confissão reformada e protestan-


te. Nesse Artigo estão princípios do movimento protestante. A Bíblia que foi o instru-
mento que mudou a vida e o rumo de sua vida sacerdotal é o cerne desse Artigo.

Abdicando de toda tradição católica, Zwinglio determinou que os ministros por ele lide-
rados pregassem somente a Bíblia. Isso desencadeou a Reforma Protestante na Suíça.

Alguns importantes escritos do seu Artigo podem ser explicados assim: Jesus Cristo
como único Salvador e Senhor da humanidade; as obras são boas enquanto feitas em
Cristo e por meio dele; as tradições cumpridas e ensinadas pelos homens, não são for-
mas de garantir a salvação de ninguém; a autoridade do Estado é superior à da igreja
(nas questões políticas); somente Deus absolve os pecados humanos por meio de seu
Filho Jesus Cristo; a Escritura não corrobora com o ensino do purgatório e nem de um
sacerdócio exclusivo; a pregação bíblica é responsabilidade da igreja.

Em ocasião da morte de Ulrico Zwinglio em 1531, temia-se muito que como ele, o
movimento de Reforma na Suiça morresse. A continuidade do movimento seguiu com
Heinrich Bullinger, um sacerdote de grande gabarito. Mediante a necessidade de avan-
çar na Reforma em outras regiões e países, surge em apoio ao movimento João Calvi-
no, homem de mente admirável e capacidade teológica indiscutível. Ele saiu em defesa
da fé reformada produzindo em seus escritos uma revolução espiritual que atingiu
praticamente toda a Europa.
Vejam estas palavras de Zwinglio:

“Todo intérprete da Escritura é passível de críticas, e deve estar


pronto a deixar-se esclarecer pelos outros”.
Não se esqueça disto!

1.3 - João Calvino – (1509 A 1564)

Fonte : www.historialivre.com

Mesmo de nacionalidade francesa, atuou na Suíça, apoiando a reforma Protestante.


Lyon foi sua cidade natal e a história cristã reverencia seu trabalho e esforço pela con-
tribuição teológica para o movimento protestante.

Calvino foi um católico praticante e muito dedicado. Ainda jovem, em 1533, aos vinte e
quatro anos, converteu-se ao protestantismo. Uma das razões que o levaram para Su-
íça foi a perseguição que teve no seu país aos protestantes e saber que a Suíça estava
sendo o porto seguro dos protestantes que queriam refúgio.

Refugiou-se na cidade de Genebra. Em 1536, Calvino publicou sua obra “Instituição da


Religião Cristã”, na qual ele apresentava uma saída menos brusca das doutrinas cató-
licas, isso em relação às ideias e formas exercidas por Lutero e de Zwinglio.
Calvino, apesar da indiscutível contribuição, deixou também alguns temas polêmicos
até hoje discutidos entre os cristãos protestantes, são eles: salvação só se alcança
através da fé, mas ela é concedida por Deus a alguns eleitos (predestinação), essa
predestinação sugere na doutrina calvinista que Deus de antemão separou alguns para
serem salvos e outros não. Isso independente de qualquer coisa ou ação humana. Esse
entendimento vem da ideia que todos os seres são achados perdidos e todos conse-
quentemente já estão condenados ao inferno, a prova do amor de Deus, nesse caso
para os calvinistas se resume ao fato de Deus mesmo vendo condenados, resolve sal-
var alguns, portanto, ele, na concepção calvinista, não está condenando ou escolhendo
essas a irem para o inferno, antes, está livrando alguns de um castigo merecido, po-
rém, com sua infinita misericórdia, não permite isso.

Acerca do culto, os calvinistas, luteranos e outros movimentos que aderiram à reforma


concordaram em retirar as imagens de escultura dos templos, prestando adoração ao
Deus invisível e tendo-o como único capaz de atuar como intermediário entre Deus e
os homens, Jesus Cristo homem (I Tm 2:5).

Embora houvesse diferenças também entre Zwinglio e João Calvino, na Suíça do século
XVI, Ulrico Zwinglio, estabelecido em Zurique, e João Calvino, em Genebra. Produziram
a maior parte das concepções teológicas, liturgias e administração eclesiástica que os
diferenciaram também de outros grupos protestantes já existentes.

! Importante

A Instituição da Religião Cristã ou Institutas foi criada por Calvino para sistematizar
as doutrinas bíblicas e fundamentar os calvinistas na visão que Calvino considerou
a correta. O ponto principal de sua doutrina é acerca da absoluta soberania de Deus
como o Todo-poderoso que cria, governa e sustenta todo universo.
Os cinco pontos do calvinismo:

1- Depravação total da hu- Todos os homens nascem totalmente de-


manidade. pravados, incapazes de se salvar ou de
escolher o bem em questões espirituais;

2- Eleição Incondicional Deus escolheu entre todos os seres huma-


nos decaídos um grande número de peca-
dores por graça pura, sem levar em conta
qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;

3-Expiação Limitada Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o


preço do resgate somente dos eleitos;

4- Graça Irresistível A Graça de Deus é irresistível para os elei-


tos, isto é, o Espírito Santo acaba conven-
cendo e infundindo a fé salvadora neles;

5- Perseverança dos san- Todos os eleitos vão perseverar na fé até


tos o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a
salvação.

João Calvino faleceu com quase 55 anos, em 27 de maio de 1564.

Vídeo

Para saber um pouco mais sobre Zwínglio e Calvino acesse o vídeo “Zwínglio e Cal-
vino – Documentário” através do Recurso Multimídia e saiba mais.

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=tblF8c8ymes

Sem registro de publicação no youtube. Acesso em 09.10.2019.


1.4 John Knox (1505 -1587)

Fonte: biografiadosheroisdafe.blogspot.com

Cidade natal, Haddington, Escócia, o nome do seu pai William Knox e sua mãe Sinclair.

Estudou na Universidade de Glasgow, por volta de 1522. Dominou o grego e o Hebrai-


co. Conhecido como o pai da Reforma Protestante na Escócia. Foi ordenado Padre em
1540 e ainda estava sob o comando do papa em Roma. Teve sua vida bastante influen-
ciada por Calvino. Sua vida ficou muito agitada depois que se posicionou na Reforma.
Se professou protestante em 1545. Knox já antes mostrava seu interesse pela doutrina
reformada.

A Escócia vivia sob o domínio da França, isso dificultou a liberdade e liderança de Knox
no movimento protestante. A influência católica francesa era grande na Escócia e por
vezes Knox foi confrontado por causa de suas posições teológicas.

Saiba mais

Maria, Rainha da Escócia, obrigou Knox ao exílio. Após uma ação de sua mãe no castelo
onde estava exilado, conseguindo que uma frota francesa entrasse em combate com as
forças militares (1547) daquele castelo, culminou na fuga de seus ocupantes e Knox foi
levado como escravo e trabalhou nas cozinhas até 1549.
Knox sabia que se não houvesse alguma intervenção da Inglaterra por meio dos pro-
testantes contra a França, dificilmente a Escócia teria paz e liberdade para avançar
com uma igreja protestante.

Se ele estava orando por isso não se sabe, mas em 1559 a França decidiu fazer uma
incursão contra a Escócia e o alvo principal eram os protestantes. Quando estavam
prestes a sucumbir ante a presença dos franceses, a Rainha da Inglaterra, Elizabeth I,
protestante, veio em auxílio à Escócia com um forte exército e derrotou os franceses,
libertando os escoceses do domínio francês. A partir daí, foi possível o surgimento da
primeira igreja reformada na Escócia.

John Knox defendeu o evangelho da graça, fé, justificação. Após uma vida dedicada ao
serviço cristão, morreu no ano 1572.

Vídeo

Para saber um pouco mais sobre John Knox acesse o vídeo “John Knox: O Maior
Reformador da Escócia | Episódio 33 | Linhagem” através do Recurso Multimídia e
saiba mais.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=1vj0azZKvNI

Publicado em 30 de agosto de 2017. Acesso em 09.10.2019.


2 - Os Principais Movimentos Populares Depois da
Reforma

2.1 OS Anabatista: (1521...)

Fonte: lindemberguesantos.blogspot.com

Esse movimento ainda é decorrente da Reforma Protestante liderado por Martinho


Lutero. Os anabatistas, assim foram conhecidos devido a não aceitação do batismo
de crianças. Entendiam eles que o batismo deve ser uma decisão consciente feita por
aqueles que foram alertados do seu estado de pecado e se vendo perdido fazem a es-
colha de receberem a Cristo para perdão dos seus pecados, recebendo assim o perdão
de Deus por meio de Cristo, e, por conseguinte, estão aptos para o batismo.

As crianças, por exemplo, não poderiam ser batizadas, segundo a crença dos anabatis-
tas porque elas não têm ainda a consciência do pecado e não podem confessar o que
não lhe condena já que Cristo na cruz morreu contra o pecado que entrou no mundo
gerando uma natureza pecaminosa em todos que nascem de mulher.
! Importante

Alemanha e Suíça, Polônia, Moscóvia, Hungria e Estados Unidos, no século XIX, fo-
ram alguns dos países que os anabatistas se estabeleceram.

Inicialmente os anabatistas não foram um movimento organizado como o luteranismo


na Alemanha e o Calvinismo na Suíça, mas eles tinham pontos em comum como: A ne-
cessidade de rebatizar aqueles que quisessem pertencer ao seu grupo, desde também
que professassem uma genuína conversão.

Outra coisa em comum era a separação entre o Estado e a igreja, a retirada das ima-
gens de esculturas do templo. Eram a favor de uma vida não vivida com ostentação,
buscando uma igualdade entre as pessoas indistintamente.

2.2 Os Puritanos (1560)

Fonte: www.umaalmasedenta.com

Em pleno século XXI, falar de um grupo nascido depois da Reforma Protestante por
nome de “Puritanos”, pode causar uma aversão à primeira vista ou no mínimo uma
curiosidade em saber: afinal, quem eram os puritanos?
Esse nome talvez tenha surgido como forma de reprovar um grupo de cristãos refor-
mados que queriam reformar a própria igreja da Inglaterra que já era reformada, mas
no conceito dos que foram chamados de Puritanos, essa reforma precisava. No míni-
mo de uma reflexão do como eram e como estavam.

O movimento queria apenas que a igreja realmente deixasse de lado os rituais e talvez
doutrinas que ainda insistiam em permanecer dentro das igrejas reformadas.

Buscavam embasamento bíblico para todas as práticas cristãs dentro fora da igreja.
Isso era possível ou já estava acontecendo na igreja?

Seja uma resposta ou outra, não foi bem aceito pelo rei Charles que resolveu por fim a
esse movimento. Desencadeou uma perseguição que provocou um êxodo espalhando
os puritanos, principalmente para os Estados Unidos da América.

Saiba mais

O que queriam eles?

• Queriam mais respeito à palavra de Deus e que ela fosse a única autoridade para ser
usada em todas as áreas da vida do cristão.

• Queriam uma nação somente onde todos os genuínos convertidos pudessem ser arro-
lados como membros de uma igreja ou da igreja reformada nacional.

• Queriam que somente aqueles que verdadeiramente fossem cristãos tivessem direito
a voto. Os Puritanos queriam organizar a sociedade de forma a serem todos pratican-
tes da Bíblia. Queriam uma espécie de unicidade religiosa.

• Uma Lei cristã para todo país capaz de exercer poder sobre todo morador da nova
Inglaterra.
Os Puritanos não queriam fundar outra igreja ou romper com a presente, mas concla-
mar uma aliança com Deus como fizeram Judá e Israel ao perceberem que se afasta-
ram de Deus ao se tornarem semelhantes aos pagãos ao ponto de suas liturgias serem
bonitas aos seus olhos e abomináveis aos olhos de Deus.

Podiam ter sido chamados de hereges ou de estarem vivendo um devaneio, mas o fato
é que eles tinham uma única preocupação: A bíblia precisava ser, em verdade, a única
regra de fé e prática em todo tempo da vida e em todo lugar.

2.3 Os Moravianos (1722)

Fonte: confissoespastorais.com.br

O mundo jamais tinha visto uma história tão real de amor ao perdido entre mortais
pecadores. A incrível história dos moravianos, no mínimo, deve nos tocar para uma
reflexão: Que cristianismo estou vivendo?

Foi exatamente no ano de 1727, em Herrnhut na Alemanha, que aconteceu um incrível


e jamais contado avivamento espiritual. Os Moravianos, gente simples e devota a Deus,
começaram uma vigília de oração.

Orar, orar, orar, era tudo que queriam. Orar pela manhã, tarde e noite, numa vigília
ininterrupta. Era possível? Como? Os moravianos oraram dias, semanas, meses e anos
assim. Houve uma grande explosão missionária e amor real aos perdidos.
Quando dois jovens descobriram uma ilha distante comandada por um homem rico
onde ninguém podia ter acesso a esta ilha senão como escravo, os jovens choraram
por todos que ali estavam porque sabiam que naquela ilha isolada iriam morrer e não
ouviriam o evangelho.

Pediram ao dono da ilha para irem como missionários, pedido que logo foi rejeitado e
tendo como justificativa que ele não permitiria ninguém ir a sua ilha para falar de coi-
sas sem sentido, ou seja, não deixaria ninguém ir lá por pura perda de tempo.

Os rapazes não desistiram e fizeram uma pergunta: e se nós fossemos lá como es-
cravos? Isso foi logo aceito, mas o dono da ilha advertiu: “Não pensem que vou pagar
a passagem de vocês”. A isto disseram os jovens: “Pagamos nossas passagens nos
vendendo ao senhor”. Assim foram aqueles jovens para essa ilha sabendo que nunca
mais iriam voltar. Muito choro de amigos, família e parentes, mas ficaram orando por
aquela ousadia missionária que era um exemplo de abnegação e obediência ao Ide de
Jesus Cristo e amor aos pecadores.

A História do Cristianismo não podia terminar com um exemplo tão belo de fé e amor
cristão. Se tornar um escravo de Cristo para evangelizar o mundo pode parecer fácil,
mas se tornar escravo de Cristo sendo explicitamente consciente que vai ser escravo
dos homens da terra para levar Cristo a pessoas que nunca ouviram ou não ouviriam
se tal gesto de amor não fosse praticado é bem diferente.

Mas uma vez é comprovado que a oração transforma corações e se ela é feita da forma
correta, o primeiro coração que ela transforma é o de quem está orando.

O segredo é orar, orar, orar, até orar. A oração é fogo, a lenha você junta à lenha que
quer queimar, mas leva um tempo para o fogo começar a queimá-la. Às vezes, exige
mais esforço, mais sacrifício do que você imaginava.

Quando Jesus foi orar no Getsêmane levou seus apóstolos e, enquanto eles cansa-
dos dormiam, Jesus orava incansavelmente. Parece que eles não estavam preparados
para orar. Jesus advertiu-os: “Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até
a morte; ficai aqui, e velai comigo”. Mt 26:38.

Jesus foi procurar o seu lugar para orar e começou a orar: “E, indo um pouco mais para
diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai se é possível, passe
de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Mt 26:39.
Jesus estava orando e havia deixando uma ordem aos apóstolos para orarem com ele.
Eles conseguiram orar com Jesus?

O chamado de Jesus foi para que os apóstolos estivessem orando com ele. Jesus não
os levou para dormir ou outra coisa, mas eles não estavam com Jesus orando: “E, vol-
tando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma
hora pudeste velar comigo?”. Mt 26:40.

Jesus viu que os apóstolos não estavam orando como pediu, mas dormindo. E advertiu:
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas
a carne é fraca”. Mt 26:41.

Os apóstolos não eram mais crianças. Sabiam que a oração era importante na vida
deles. Jesus no seu ministério terreno que estava terminando já havia ensinado isto a
eles, mas mesmo assim, não estavam orando no momento que seu mestre tinha dito
para orarem.

A história dos moravianos é linda, mas como está nossa geração a respeito da oração?
Como estamos nós?

Jesus quer nos ver igual a ele: Numa vida constante de oração. Na igreja há céticos
dizendo: “Para que orar tanto tempo, isso é coisa de religioso fariseu”.

Você não está orando por mais tempo porque acha que isso é coisa de fariseu? Você
acha que uma vida mais intensa de oração não muda nada em relação a Deus? É da-
queles que tem sempre uma justificativa negativa para aquilo que exige sacrifício, de-
dicação, mais amor?

O que os moravianos fizeram foi uma loucura aos olhos dos homens, mas um ato de
verdadeiro amor aos olhos de Deus. Ainda que muitos digam que não fariam isto, que
foi desnecessário ou fanatismo; o importante é que Deus não viu assim.

Às vezes, não percebemos, mas estamos tão distantes de Deus, de sua palavra, de sua
visão, de seu amor, de um verdadeiro temor a ele que tudo enxergamos naturalmente.
Queremos muito as bênçãos de Deus, mas não queremos ser uma benção para ele.
Não queremos ser uma benção para o próximo e não queremos ser uma benção para
o mais distante, tornando-o próximo através de nosso sacrifício.
Resta dizermos: A História dos Cristãos continua, porém, estamos nesta história cons-
truindo o que? Somos o peso morto andando como vivos na terra?

Esse livro não termina aqui porque há muitas páginas ainda para serem escritas, po-
rém, terá que serem escritas em outras edições ou outros livros.

O que Deus espera é que nas próximas edições ou livros nós estejamos sendo narrados
neles também, mesmo que nossos nomes não estejam sendo citados. Mesmo anôni-
mos, possamos estar entre os que ouvirão do Senhor Jesus Cristo:

“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde benditos
de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de
comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hos-
pedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me;
estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responde-
rão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de
comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos
estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te
vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o
Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Mateus 25:34-
40.
Resumo

Nesta unidade, você estudou:

• Os principais reformadores e suas res-


pectivas ideologias;
• Os principais movimentos populares que
surgiram pós reforma.
Apêndice

A ERA DA RAZÃO E DO REAVIVAMENTO (1648-1789)

“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”


o lema da Revolução Francesa

No século XIX, os defensores da liberdade levantavam a bandeira do liberalismo. A


classe média gritava pelo direito de votar e por controlar os governos representativos.
No mundo econômico almejavam liberdade para construir fábricas e enriquecerem
sem que o governo interferisse em suas conquistas.

Enquanto os nobres e os oficiais da igreja desfrutavam de um alto padrão de vida, a


classe camponesa vivia numa situação desprivilegiada. Pesadas cargas lhe eram im-
postas, além das altas taxas que tinham de pagar à igreja e ao estado.

Camponeses e trabalhadores urbanos buscavam igualdade de direitos. Aliados à filo-


sofia avançavam em busca de tais conquistas. Os camponeses entendiam que nessa
aliança com os filósofos teriam ajuda nas suas lutas por direitos que não tinham
Embora a França já começasse a apontar evidências de bancarrota política e econômi-
ca, a aristocracia e o clero procuravam esconder a situação decadente e continuavam
buscando assegurar seus privilégios tradicionais. E, nessa conjuntura, a população
mais ficava insatisfeita e enfurecida de modo que em 14 de julho de 1789 com derra-
mamento de sangue tomaram a Bastilha – A coroa não podia mais conter a ordem; a
população fora considerada uma força política.

O governador De Launay que defendia a bastilha foi assassinado e o dia 14 de julho de


1789 foi considerado como o dia do nascimento de uma nova era – a era do progresso
(1789 – 1914).

Adeus à glória da nobreza e do clero, adeus ao governo absoluto dos monarcas e à tra-
dicional sociedade feudal que consistia da Igreja católica e da aristocracia rica. No final
de agosto do mesmo ano, foram-se os privilégios feudais tradicionais da aristocracia
francesa, para dar lugar à “Declaração dos direitos do homem e do cidadão”.

Direitos foram obtidos como a liberdade de expressão, a nação não seria mais pro-
priedade privada dos monarcas e enquanto a população pululava de alegria, os papas
desprezavam esses direitos, inclusive, porque com a liberdade de expressão estava a
liberdade de culto e isso contrariava o clero.

Em 1790, a Assembleia Nacional Revolucionária tentou reformar a Igreja segundo as


diretrizes do ideal iluminista. Nesta gestão, fora disponibilizado aos pastores uma boa
renda e foram feitos ajustes às ações dos bispos diocesanos.

Quando a Assembleia decidiu tirar o poder do papa sobre a Igreja francesa, houve um
grande tumulto a ponto de chegar-se a uma divisão. Ficaram duas frentes católicas: A
que decidira fazer um juramento de lealdade aos oficiais que foi o clero constitucional
e o não constitucional que optou por discordar de tal posição recusando-se a votar e a
fazer tal juramento. Sendo que a recusa trouxe consequências de exílio e afastamento.

Esse é um período crítico para a igreja católica, pois a revolução trouxe decisões que
abrangeram o religioso de tal maneira que elevaram o culto à “razão”. As paróquias
transformaram-se em “templos da razão”. A adoração era a deusa da razão.

As procissões eram lideradas pelas cidades e conduzidas a altares erigidos para a nova
religião da revolução. As jovens que lideravam as procissões vestiam-se da “razão”, ou
“liberdade” ou “natureza” como informa Shelley em seu livro de História do cristianis-
mo ao alcance de todos.
Em 1801, a situação caótica fica menos densa, ainda que a igreja católica perdera sua
vida de poder, no governo de Napoleão Bonaparte a igreja se beneficia de ter um lugar
especial n França.

Quando o império de Napoleão desmoronou em 1815, os reis absolutistas procuravam


recuperar o retorno à monarquia, porém os liberais resistiram e decidiram que os ca-
tólicos romanos teriam somente os mesmos direitos de qualquer cidadão e nada além
disso.

No meio do século, porém, há uma mudança benéfica para a igreja católica, visto que
a adoração a Pio IX foi contundente, tinham-no como “vice-Deus da humanidade”. O
domínio e influência que tinha sobre os seguidores era tanta que em 8 de dezembro de
1854 Pio IX “declarou dogma a crença tradicional de que Maria concebeu sem pecado
original” (SHLLEY. p. 404). Essa decisão fora tomada pelo Papa sem um concílio.

Em dezembro de 1864, o Papa Pio IX proclamou uma encíclica ou bula papal endereça-
da a todos os bispos da igreja. O Papa demonstrou que não tinha empatia com o mundo
moderno e deixou bem claro na encíclica que era totalmente contra o socialismo e o
racionalismo e que a imprensa seria vedada. Discordou, também, da separação da
igreja com o estado, assim como da liberdade das escolas públicas, e das sociedades
bíblicas.

Avançava continuamente o domínio papal, e em 18 de de julho de 1870, 533 bispos vo-


taram a favor da doutrina de infabilidade – as decisões do papa em seu exercício oficial
é infalível e imutável.

E em 1870, o papado começa a ser desejado e honrado. Após a turbulência nos anos
revolucionários e napoleônicos a sociedade estava desordenada e o papado foi consi-
derado como os únicos que poderiam trazer ordem e proteger a liberdade espiritual
da tirania do poder político. A igreja devia ser uma monarquia, segundo a vontade de
Deus. Assim monarquistas transferiram seus “conceitos de autoridade política para a
igreja e o papado.

SÉCULO XIX NA INGLATERRA

O século XIX na Inglaterra, foi marcado por um extraordinário crescimento comercial e


industrial. Nessa era de progresso as igrejas anglicanas e outras denominações como
a metodista, batista, congregacionalista e outras menores já estavam estabelecidas.
Essas igrejas eram representativas na nação, mas a Inglaterra foi também impactada
por movimentos inspiradores advindos de cristãos que pelo fato de se ter a liberda-
de religiosa ministraram aos ingleses com muito vigor e ousadia. Foram grupos de
irmãos que serviram incansavelmente na distribuição de bíblias, auxílio aos pobres
entre outras ações de amor.

Esses grupos eram chamados de “os evangélicos da igreja da Inglaterra”. Eram sem-
pre se mantiveram fieis à congregação que faziam parte, mas se uniam com os não-
-conformistas, pois estes desejavam expandir o Reino de Deus com a evangelização e
obra social. Segundo Selley eles “viam os males da sociedade britânica como um cha-
mado ao serviço dedicado. Dedicaram-se a causas reformistas pelos negligenciados e
oprimidos”. (p.409)

Na era da razão e do progresso, John Wesley e George Whitefield, foram vistos como
homens cheios do Espírito Santo e líderes do movimento evangélico que mais tinha po-
der e que mais expressava a glória de Deus. Sua pregação era o amor de Deus revelado
em Cristo. Usados pelo Senhor procuravam conscientizar as pessoas da necessidade
de salvação pela fé e do novo nascimento.

CLAPHAM LUGAR ABENÇOADO

Clapan foi o vilarejo que os evangélicos encontraram para estabelecer um quartel ge-
neral das cruzadas evangélicas. Nesse lugar, evangélicos ricos, que desejavam servir
com fervor, construíram suas casas e uniam-se a outros que continuamente vinham
ao vilarejo para saírem em campo e divulgar as boas nova.r Inúmeros historiadores
interpretaram-nos como “a Seita Clapham”, mas, na verdade, não eram uma seita, e
sim irmãos comprometidos com o ser discípulos de Cristo, servindo a humanidade.

John Vem, homem espiritual, estava nas reuniões com esse grupo, guiando-os no lou-
vor e adoração a Deus com estudas da Bíblia e oração; regando continuamente a fé que
tinham em Jesus de Nazaré.

Outro líder que se sobressaiu foi William Wilberforce (1759-1833), estadista parla-
mentar que mantinha aliança com vidas talentosas como o governador-geral da Índia,
Charles Grant, presidente da companhia da Índia ocidental, James Stephens, subse-
cretário para as colônias, Zachary Macauley, editor do Observador cristão, Thomas
Clarkson, líder abolicionista, e outros.
Sob sua liderança pouco a pouco iam se unindo. Juntos organizavam-se com conse-
lhos de gabinete, discutiam sobra as injustiças de sua nação buscando agir com inter-
venções que trouxessem possíveis soluções. Verdadeiramente esses grupos atuavam
de maneira valorosa contribuindo grandemente para o país em que estavam inseridos
e dele fazia parte.

De Clapham surgiram a Sociedade Missionária da Igreja(1799), a Sociedade Bíblica


Britânica e Estrangeira(1804), a Sociedade para ajudar os pobres(1796), a Sociedade
para atuar na organização das prisões entre muitas outras.

Porém, Wilberforce com os que com que ele andava, se dedicaram com mais intensi-
dade na campanha de defesa aos escravos. Por essa causa lutou com veemência. Em
1789, na Câmara dos comuns sobre tráfico de escravos, com determinação fez seu
primeiro pronunciamento, mas ainda não conseguiu a justiça que buscava.

Entretanto, esse homem não desistiu, foi perseverante e recorreu à ajuda de seus co-
legas de Clapham. Preparou um projeto de lei para evitar o tráfico de escravos que era
contínuo. A luta, porém, foi renhida e precisou de um líder com caráter rígido, firme e
cheio de justiça e amor com os escravos.

E, assim o amor prevaleceu, Wilberforce com os evangélicos abraçaram essa causa


com tanta veemência e sabedoria que petições foram atendidas, conseguiram publicar
literatura abolicionista eficaz, galgaram oportunidades de dar palestras em platafor-
mas públicas e as campanhas nas ruas tiveram bom êxito. Até mesmo as mulheres
foram pela primeira vez participativas nessa conquista.

Finalmente, para a glória de Deus, em 23 de fevereiro de 1807 a terrível injustiça da


escravatura acabou. Narram as histórias que Wilberforce foi envolvido na emoção, pôs
suas mãos na cabeça e chorou. A vitória foi contagiante de maneira que obtiveram
força para continuar a peleja até conquistar a liberdade plena para esses escravos so-
fridos e humilhados. Pois, até então, tinham conseguido interromper o tráfico legal de
escravos, mas ainda estavam presos.

Assim, com determinação permanente, esse líder com seus aliados continuaram lu-
tando pela emancipação. Mesmo quando Wilberforce teve que ser afastado por motivo
de saúde e a idade, teve o cuidado de colocar como seu substituto Thomas Fowell
Buxton, um jovem evangélico com inúmeras qualidades.
Os que semeiam com lágrimas, seus frutos com alegria colherão” (SALMOS 126:5 As-
sim como diz a Palavra de Deus aconteceu com esses evangélicos de Clapham, em
25 de julho de 1833, quatro dias antes da morte de Wilberforce, a aprovação do Ato de
emancipação, que libertava os escravos em todo o império britânico.

SEGUNDO MOVIMENTO EM OXFORD

O governo da Inglaterra tomava rumos que preocupavam a Igreja. Para os cristãos as


reformas ocorridas na sociedade de sua nação era um ataque à santidade da igreja da
Inglaterra e decidiram se opor resistindo as influências desse novo mundo.

O Ato da reforma de 1832 interferiu-se nas direções dos que eram detentores do poder.
O que era conferido aos proprietários de terra passou para a classe média, de modo
que até quem não era membro da igreja passou a exercer um poder significativo sobre
a igreja. Essa situação trouxe perplexidade aos fiéis, que indagavam como poderiam
políticos profanos terem a disparidade de tocar nas coisas sagradas.

Contrariados com tais arbitrariedades, um grupo de homens religiosos da Universida-


de de Oxford se rebelou contra. John Keble, membro da Faculdade de Oriel, manifes-
tou sua oposição ao pregar na Universidade Pulpit em 14 de julho de 1883 um sermão
cujo tema foi “Apostasia Nacional”. O discorrer da pregação consistia em afirmar que
uma nação está condenada quando há uma atitude de desonra de falta de respeito para
com os sucessores dos apóstolos e com os bispos da igreja.

Newman, um homem de influência, vigário da igreja da universidade e líder na comu-


nidade acadêmica uniu-se com Keble e Edward Pusey, professor em hebraico, com
o intuito de levarem o protesto que estava fervilhando dentro deles ao movimento de
Oxford.

Havia um clamor no coração dos homens de Oxford. Eles defendiam que a igreja da In-
glaterra necessitava afirmar que ela obtinha autoridade independente da autoridade do
Estado, visto que essa autoridade vinha de Deus. De forma que o poder que os bispos
tinham era unicamente oriundo da delegação apostólica.

Os homens de Oxford delinearam suas convicções numa série de “Tratos para os tem-
pos” onde defendiam a crença em uma igreja única, santa, católica e apostólica. Eles
cognominavam-se de católicos pois tinham a mesma fé que os primeiros cristãos ca-
tólicos, porém procuravam não comungar com o nome protestante porque estes trou-
xeram divisão à igreja. Primavam pela liturgia do culto quanto a se pôr de joelhos dian-
te do altar, levantar a cruz, coral, incenso no altar, vestes do clero magnífica.
Em 1841, Newman provocou uma tempestade de protestos com o Tratado de 90. Esse
tratado provocou a fúria da Igreja Católica Apostólica Romana, pois como poderia a
Igreja Romana aceitar a declaração de que os 39 artigos da igreja da Inglaterra não
eram necessariamente protestantes? Newman, então, compreendeu que tinha que se
posicionar e decidiu, então, entrar para a Igreja Romana. Ele foi para Roma em 1845 e
centenas de clérigos o seguiram. Foi Reitor da Universidade Católica de Dublin e em
1877tornou-se Cardeal da igreja de Roma.

Entretanto, a maioria dos membros de Oxford não mudou sua crença e permaneceu
firma na igreja da Inglaterra. O movimento de Oxford se expandia e dava origem ao ter-
mo anglo-saxônico que significava como informa Bruce Shelley “anglicanos que valo-
rizavam sua unidade com a tradição católica da ortodoxia oriental e com o catolicismo
romano, mas que se recusavam a aceitar a supremacia do patriarca ou papa”(p.415)
Para Stalley “as visões evangélicas e anglo-católicas do papel social do cristianismo
estão vivas, embora não muito bem, atualmente”, difícil se ter homens como Wllberfor-
ce ou Newman, mas cremos que a Igreja é do Senhor Jesus e Ele a guarda por todos os
séculos e por ela intercede continuamente, assim diz a Palavra de Deus (Jo 17:15-19).

UMA CHAMA NA ESCURIDÃO


A ERA DO PROGRESSO

No início do século XIX, o cristianismo era pouco difundido fora da Europa e da Améri-
ca. Na Ásia, não se ouvia falar desse evangelho tão glorioso; na África, a luz de Cristo
ainda não tinha entrado nessas trevas. Tantos séculos se passaram e o cristianismo
não poderia ser considerado uma religião mundial.

Porém, a página dessa história virou. A luz começou a adentrar na escuridão, de forma
que as trevas logo iam sendo dissipadas e os microfones passeavam por toda parte
anunciando que Jesus Cristo é o Senhor.

Ainda no século XIX, a mudança começou a acontecer. A era da expansão cristã flo-
resceu bastante. Segundo Shelley o primeiro historiador da expansão cristã, Kenneth
Scott Latourette afirma que “Nunca um cabedal tão grande de ideias, religiosas ou
seculares, foi propagado em extensões tão amplas por tantos agentes profissionais
mantido por doações voluntárias por milhões de indivíduos”(p. 417).
Os petistas foram os primeiros a se destacarem na divulgação do evangelho aos povos
distantes. William Carey também teve uma visão ampla da expansão do Reino de Deus.
Seu coração pulsava em alcançar países inteiros. Seu interesse por missões fora tão
profundo que ele compreendia que o missionário não deveria ser um estrangeiro que
passaria por uma nação, mas um missionário que viesse a ser da nação como se nela
tivesse nascido. É imprescindível que o o missionário assimile a cultura e as tradições
do lugar em que ele esteja inserido. Assim, fora sempre sua visão. Consequentemente
William recera o título de “Pai das missões modernas”. Carey era o Davi da história de
Deus. Quem escolheria um jovem pastor de ovelhas para ser rei? Somente Deus. Em
sua onisciência não se prende às aparências, mas ver o íntimo e não o exterior. Quem
escolheria um simples sapateiro para ser o homem que seria chamado “Pai das mis-
sões modernas? Deus somente Deus.

Carey, um simples sapateiro, movido pelo amor de Deus recorria ao Novo Testamento
e decidira obedecer à ordenança de seu Mestre Jesus de pregar o evangelho até os
confins da terra. Impactado pelos ensinos de Jesus, pela vida dos apóstolos.

Em 1792, Carey publicou um livro “Inquisição sobre a obrigação dos cristãos de usar
métodos para a conversão de pagãos”. Esse livro mostra que os obstáculos que exis-
tiam para impedir a igreja de fazer missões eram os mesmos que os comerciantes
enfrentavam para obter os lucros financeiros.

No entanto, tais comerciantes não recuavam, mas enfrentavam os desafios e obtinham


o que desejavam, assim deveria a igreja agir, ter amor pelas vidas como tantos têm
amor pelo dinheiro.

Sendo assim, Carey junto com seu colega pastor Andrew Fuller e onze colegas batistas
fundaram a Sociedade Missionária Batista e em um ano com sua família obedeceram
ao Ide e foram a caminho da Índia.

Esse fervoroso missionário de início encontrou dificuldades com a Companhia da Índia


Oriental Britânica que governava a Índia desde 1763. Essa companhia só objetivava
lucro financeiros e não via com bons olhos a visão missionária recusando a Carey o
desejo de viver em Calcutá.

Mas nada desanimava o missionário, estabelecendo-se, portanto, em Serampore sob


os cuidados de Holanda.
Trabalhou com afinco numa fábrica de anil em Bengala, e como seu trabalho permitia
ter horas livres aproveitava para estudar as línguas orientais. Em 1799, Joshua Mar-
shman e William Ward fizeram uma aliança com Carey e juntos organizaram uma rede
de estações missionárias tanto em Bengala como fora dela.

Carey dedicou-se tanto a esse povo que conseguiu mudar um costume cultural terrível
que trazia muito sofrimento; pois quando o esposo falecia, a esposa teria que ser quei-
mada viva. Verdadeiramente, Carey com seus companheiros dedicaram-se por inteiro
no pensamento indu e em tudo que pudesse contribuir para a salvação e bem-estar de
cada vida da nação Indiana.

O que dizer de Livigstone, na África? Quanto desprendimento e amor dedicou esse


missionário ao povo africano. Sua causa era o evangelho e servir ao povoado que não
tivesse assistência de nenhum missionário.

Preocupou-se também com o devastador comércio de escravos na África central e


pensou em como viabilizar para sancionar tal problema. Na sua percepção os africa-
nos precisariam se conscientizar da importância de se envolverem no comércio legal.
Na compreensão de Livingstone os africanos deveriam negociar os produtos de seus
campos e florestas por aquilo que o homem branco desejasse e fosse capaz de suprir.
Só assim o comércio maléfico, destrurivo chegaria ao fim.

Missões poderia até ter envolvido outros séculos, mas o século XIX foi marcado pela
chama do amor de Deus e missionários começaram a serem levantados para os povos
de toda a terra. Certamente, o evangelho não poderia ser exclusividade dos europeus.
No final desse século, como afirma Shelley “quase todo grupo cristão, desde a igreja
ortodoxa russa até o exército da Salvação, em quase todas as nações, desde a igreja
luterana da Finlândia e a igreja Waldesiana na Itália até então recentes denominações
dos Estados Unidos, participavam do empreendimento missionário no estrangeiro”.
Nesse afã missionário, foi criada a sociedade voluntária com o intuito de suprir uma
necessidade. As motivações fugiam das razões teológicas, e denominacionais; porém
juntos: anglicanos, batistas, congregacionalistas e metodistas se uniram para realiza-
rem um trabalho com ações interdenominacionais, dedicando-se ao serviço missioná-
rio.
Os missionários protestantes do século XIX enfrentaram muitos desafios, mas avan-
çavam com os ministérios comunitários e a expansão da pregação do evangelho. As
agências missionárias tinha também como alvo os pilares de uma nação como a edu-
cação, na fundação de escolas e faculdades; na saúde fundando hospitais e centros
de treinamento de enfermeiras e médicos. Empenharam-se também na desenvoltura
da cultura registrando por escrito muitas línguas e dialetos ao escrever e traduzir não
so a Bíblia, mas outros textos ocidentais para essas línguas. Abrangeram o social na
medida de técnicas de agricultura.

No Oeste dos Estados Unidos da América as denominações não divulgavam o evange-


lho, apenas 5 ou 10 por cento da população eram membros da igreja. Mas, o impacto
do avivamento os evangélicos em 1790, alcançaram o leste e o Oeste onde fundaram
igrejas e congregações.

Em 1619, na América, deu o início da amarga prática da escravidão, quando 20 negros


escravos foram trazidos de uma fragata Holandesa. Em 1830, crescia essa arbitrarie-
dade para dois milhões.

Vidas tiradas de suas terras, levadas para outro habitat que não era seu, convívio com
outra cultura, sua vida seria íngreme na escravidão, seriam privados do respeito, do
amor. A escravidão tirá-los ia o direito de sentirem que tinham um lugar no mundo, já
não eram mais cidadãos.

E, como ficaria essa situação tão caótica diante do cristianismo.

No início alguns senhores que se diziam cristãos se opuseram a que se ensinasse a


Bíblia aos escravos, visto terem receio que encontrassem na Palavra de Deus respaldo
para se rebelarem quanto à escravidão.

Porém, foram descobrindo que o conhecimento das Escrituras levava os escravos a


serem mais submissos aos seus senhores. Então, nessa conjectura, o evangelho era
difundido a essa classe tão sofrida, de forma que os escravos iam crescendo na vida
espiritual a ponto de fundarem igrejas e, aos poucos, iam se coadunando numa reali-
dade diferente da cultura deles, e iam se vendo como líderes espirituais o que muito os
confortava, como comenta Shelley “
Na Bíblia, então, os escravos conheceram o Deus do homem
branco e sua jornada com os homens. Já que todas as outras
formas de organização da vida social estavam proibidas entre os
escravos, o pregador negro surgiu como a figura importante da
“instituição invisível” a igreja dos escravos. Refletindo o espírito
de avivamento da fronteira, o pregador negro era “chamado” a
seu ofício – quase sempre através de uma experiência que in-
dicava que Deus o havia escolhido como líder espiritual. Dessa
maneira, ele podia demonstrar suas qualidades pessoais e atin-
gir uma posição de domínio.

Durante as três primeiras décadas do século XIX o movimento que se opunha à escra-
vidão acontecia com mais veemência no Sul do que no Norte. A defesa à escravidão era
tão renhida que buscavam até argumentos bíblicos para apoiarem a condição de se ter
escravos. Richard Furman, líder conceituado batista da Carolina do Sul respaldava o
apoio à escravidão sustentando que o Velho Testamento caracteriza a escravidão como
uma orientação recebida ao povo israelita, e estes vivenviavam essa posição de escra-
vizar vidas como algo natural e coerente.

E, os brancos do sul apreciavam essa situação e mantinham com veemência a escra-


vidão, defendendo-a, inclusive, com argumentos bíblicos, argumentando que os inspi-
rados apóstolos nunca pediram a libertação dos escravos.

Assim, decorrente do voluntarismo e do amor, o movimento missionário protestante


se expandiu.
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