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Quimiometria

Profa Dra Fabíola Manhas Verbi Pereira


(DAFQI – IQ/CAr)
fabiola.verbi@unesp.br
✓ Química Analítica: lida com métodos para determinação da
composição química de amostras.
✓ Em 2017 as 20 maiores empresas fabricantes de
equipamentos analíticos comercializaram 26 bilhões de
dólares.
✓ Técnica: congrega instrumentos analíticos;
✓ Método: descreve os procedimentos e técnicas que serão
empregadas na análise química;
✓ Amostra: será submetida à análise; Analisamos a amostra
✓ Analito: será determinado na amostra em estudo;
Determinamos o analito

2 FMVP
✓ Química Analítica qualitativa: identificação de espécies
atômicas ou moleculares presentes na amostra.
✓ Química Analítica quantitativa: Obtém informações numéricas.
Idealmente com boa precisão e exatidão.

Análise química
Aplicação de um processo ou uma série de
processos para identificar ou quantificar uma
substância, ou os componentes de uma solução ou
mistura ou, ainda, para determinar a estrutura de
compostos químicos

3 FMVP
Definições

Química Analítica Química Analítica


Qualitativa Quantitativa

Identificação Quantificação

SIM OU NÃO CONCENTRAÇÃO

PRESENÇA OU CONFIABILIDADE
AUSÊNCIA

4 FMVP
Sequência analítica
 Definição do problema
 Escolha do método
 Amostragem
 Pré-tratamento da amostra
 Medida
 Calibração
 Avaliação
 Ação
5 FMVP
75 mg
300 mg + 300 L tampão
Tris- HCl pH 6,8

0oC
75 mg
Agitação por
efeito vortex
Amostra 20 min

Aplicação
no gel
100oC 8500 g
10 min (13000 rpm)
5 min
6 FMVP
Fonte de erros em análises químicas
Outros
11%
Preparo da
amostra
Calibração 28%
17%

Problema em
equipamento Erro humano
22% 22%

Anal. Methods 2013, 5, 2914–2915.


7 FMVP
Escolha do Procedimento Analítico:
Requisitos Gerais
✓ Precisão

✓ Exatidão

✓ Seletividade

✓ Sensibilidade

✓ Limite de detecção

✓ Frequência analítica

8 FMVP
Escolha do Procedimento Analítico:
Restrições

 Custo

 Espaço laboratorial

 Infraestrutura laboratorial

 Tempo disponível

 Habilidade do analista
9 FMVP
Erros sistemáticos e incertezas
Erros determinados Erros indeterminados
(sistemáticos) (incertezas)

São conhecidos ou Origens não


identificados definidas

Podem ser corrigidos Tratados estatisticamente

Afetam a exatidão Afetam a precisão


10 FMVP
Tipos de Erros
Erro Grosseiro
Na titulação da
amostra de vinagre,
a viragem não
ocorreu.

O analista esqueceu
de adicionar o
indicador !!!!!!!

Outliers = Resultados anômalos

A estatística não se ocupa destes erros


11 FMVP
Tipos de Erros
Erro Sistemático (determinado)
A média de um conjunto de dados não será próxima do valor
aceito. Afeta a exatidão dos resultados.
Ex: na titulação do ácido acético, troca do indicador
fenolftaleína pelo indicador vermelho de metila.

Viragem do vermelho de metila: abaixo de pH 7

Ponto final da
titulação ocorre antes Vinagre parecerá
que todo o ácido ter concentração
acético tenha sido menor que a real
neutralizado

Afetam os resultados sempre na mesma direção:


para mais ou para menos
12 FMVP
Erros Sistemáticos

1. Erros Instrumentais
• Uso de equipamentos
Causas: imperfeições nos volumétricos em temperatura
instrumentos de medida diferente da de calibração
e instabilidades no seu
suprimento de energia. • Contaminantes nas
paredes internas dos
fracos

• Distorções na parede
dos frascos devido ao
calor durante a secagem

Forma de eliminação

Calibração
13 FMVP
Erros Sistemáticos
2. Erros de Método Ex.: Excesso
de reagente
Causa: comportamento requerido
físico-químico não ideal para que o
dos sistemas. indicador
mude de cor.

• Lentidão de algumas
reações

• Possível ocorrência de
reações paralelas

• Instabilidade de Erros de detecção


algumas espécies mais difícil. Por isso
são os mais graves
• Não especificidade de dentre os erros
alguns reagentes sistemáticos
14 FMVP
Erros Sistemáticos
Tipos de erros sistemáticos
Erros de Método - Detecção

1. Análise de materiais de
referência certificados
Avaliar se a diferença é
devido ao erro aleatório ou
uma tendência no método.
Uso de teste estatístico.

2. Análise em paralelo com


método analítico 3. Por meio de determinações
independente no branco da amostra
Deve ser diferente do método
usado, o máximo possível. 4. Variação do tamanho da
Uso de teste estatístico. amostra
15 FMVP
Em análises de rotina o problema e o
método de análise já foram
previamente estabelecidos:
Farmacopeia, EPA, AOAC, ASTM ou
nos laboratórios de pesquisa e
desenvolvimento das empresas!
16 FMVP
Erros Sistemáticos
Tipos de erros sistemáticos
3. Erros Pessoais
• Avaliação da
Causa: resultam das posição de um
limitações pessoais do ponteiro ou
analista. menisco entre as
divisões de duas
• Erros resultantes de escalas
julgamentos pessoais.

• Avaliação da cor de
uma solução no Erro de pré-julgamento
ponto final da Tendência a determinar as
titulação. leituras na direção da melhora
da precisão ou a um valor de
preferência.
17 FMVP
Erros Sistemáticos
Efeitos sobre os resultados

1. Erros Constantes • Tornam-se mais perigosos


Não dependem do a medida que o tamanho
tamanho da amostra. da amostra diminui.

Minimização: utilização de amostras maiores o possível

2. Erros Proporcionais • Aumentam ou


diminuem com o
Dependem do tamanho
tamanho do
da amostra.
material amostrado.

Causa comum: presença de interferentes na amostra

18 FMVP
Tipos de Erros
Erro Aleatório (indeterminado)
✓ Erros sistemáticos eliminados
✓ Experimento feito com atenção e disciplina

PROCESSO SOB CONTROLE


Novas análises de duas amostras de vinagre do mesmo lote

3,91% 4,01%
Resultados bem parecidos,
Nem tudo estava realmente
mas não idênticos
controlado

19 FMVP
Tipos de Erros
Erro Aleatório (indeterminado)

Causam o maior ou menor espalhamento simétrico dos dados


em torno de um valor central. Em geral, o erro aleatório de
uma medida é refletido por sua precisão.

“Toda medida está sempre afetada por erros.


É impossível realizar uma análise química totalmente
livre de erros ou incertezas.”

20 FMVP
Teste Q – Rejeição de valores
Teste para detecção de valores
anômalos (outliers)
xsuspeito − xmaisperto
Qcalculado =
faixa
x1 x2 x3 x4 xmais perto xsuspeito

Faixa (maior – menor)


Dados em ordem crescente

Se Qcalculado > Qtabelado , rejeitar xsuspeito


21 FMVP
Exemplo de aplicação do teste Q:
Concentração de Ca (mg/L) em amostras de águas.
Réplica [Ca]
4 6,0 Menor valor
7 6,0
9 6,0
10 6,0
3 6,4 Faixa = 7,0 − 6,0 = 1,0
1 6,8
5 6,8
6 6,8
2 7,0
8 7,0 Maior valor

menor _ valor − valor _ mais _ próximo


Qmenor =
faixa

22 FMVP
6,0 − 6,0 “Deve ser mantido”
Qmenor = =0
1,0 Q crítico = 0,41

7,0 − 7,0 “Deve ser mantido”


Qmaior = =0
1,0 Q crítico = 0,41

23 FMVP
Tabela Q
(N) Q90% Q95% Q99%
2 - - -
3 0,941 0,970 0,994
4 0,765 0,829 0,926
5 0,642 0,710 0,821
6 0,560 0,625 0,740 * Para N
superior a 10,
7 0,507 0,568 0,680 a abordagem
8 0,468 0,526 0,634 é diferente
9 0,437 0,493 0,598
10* 0,412 0,466 0,568

Fonte: D. B. Rorabacher, Anal. Chem., 1991, 63, 139.


24 FMVP
Exemplo de aplicação do teste Q:
Teor de Ni (%m/m) em uma liga.
Réplica [Ni]
1 9,6 Menor valor
9 10
4 11
Faixa = 17 − 9,6 = 7,4
5 11
6 11
7 11
10 11
8 12
3 13
2 17 Maior valor
9,6 − 10 “Deve ser mantido”
Qmenor = = 0,05
7,4 Q crítico = 0,41
17 − 13 “Deve ser rejeitado”
Qmaior = = 0,54
7,4 Q crítico = 0,41
25 FMVP
Réplica [Ni]
1 9,6
9 10
4 11
5 11 Faixa = 13 − 9,6 = 3,4
6 11
7 11
9,6 − 10
10 11 Qmenor =
26
= 0,12
8 12 3,4
3 13
13 − 12
Qmaior = = 0,29
3,4

“Ambos devem ser mantidos”


Q crítico = 0,44

26 FMVP
Teste Q para rejeição de valores: este teste rejeita
valores críticos com um nível de confiança de 90%.
Procedimento:
❑ Coloque os dados em ordem crescente;
❑ Calcule a diferença entre o maior e o menor valor
(faixa);
❑ Calcule a diferença (em módulo) entre o menor valor
e o resultado mais próximo;
❑ Dividir esta diferença em módulo pela faixa.
❑ Se Q>Q90%, o menor valor é rejeitado;
❑ Se o menor valor for rejeitado, determine a nova
faixa para os valores remanescentes e teste o maior
valor
❑ Repita este processo até que o menor e o maior
valor sejam aceitos.

27 FMVP
Teste de Grubbs
Valor
questionável Média

7 8 9 10 11 12
Valores medidos

valorquestionável − x
Gcalculado =
s
Recomendado pela International Standards e
pela American Society for Testing and Materials
28 FMVP
Tabela G
(N) G95%
4 1,463
5 1,674
6 1,822
7 1,938
8 2,032
9 2,110
10 2,176
11 2,234
12 2,285
15 2,409
20 2,557
29 FMVP
Exemplo de aplicação do teste de Grubbs:
Concentração de Ca (mg/L) em amostras de águas.

Réplica [Ca] 6,0 − 6,5


𝐺𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = = 1,1
4 6,0 0,4
7 6,0
9 6,0
10 6,0
3 6,4
1 6,8
5 6,8
6 6,8
2 7,0
7,0 − 6,5
8 7,0 𝐺𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = = 1,2
0,4

Gcrit,10 = 2,176

30 FMVP
Exemplo de aplicação do teste de Grubbs:
Teor de Ni (%m/m) em uma liga.
Réplica [Ni] 9,6 − 12
1 9,6 𝐺𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = = 1,0
2,1
9 10
4 11
5 11
6 11
7 11
10 11
8 12
3 13
17 − 12
2 17 𝐺𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = = 2,5
2,1

Gcrit,10 = 2,176

31 FMVP
Exemplo de aplicação do teste de Grubbs:
Teor de Ni (%m/m) em uma liga.
Réplica [Ni] 9,6 − 11
𝐺𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 = = 1,47
1 9,6 1,0
9 10
4 11
5 11
6 11
7 11
10 11
8 12
13 − 11
3 13 𝐺𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 = = 1,9
1,0

Gcrit,9 = 2,110

32 FMVP
Avaliação numérica da
exatidão

33 FMVP
Teste t de Student

34 FMVP
Teste t – não-pareado
Aplicado quando um valor aceitável é conhecido
(Exemplo clássico: testes com amostras
certificadas).

x−
t=
s
N
s s
x − t N −1     x + t N −1 
N N
35 FMVP
Exemplo
A tabela abaixo mostra as concentrações obtidas de 10
determinações de Pb (réplicas autênticas) em uma amostra
certificada de lodo de esgoto (BCR 144R). A concentração de Pb
certificada é 1064. Existe diferença significativa ao nível de
confiança de 95% entre os valores obtidos e o valor certificado?
Medidas Pb (mg/kg)
1 112
2 92
3 94
4 99
5 113
6 100
7 100
8 92
9 98
10 116
36 FMVP
Abordagem 1

tcalculado = -1,564
ttabelado com 9 graus de
102 − 106 liberdade = 2,262
𝑡= = −1,564
9
tcalculado < ttabelado = Não há
10 diferença ao nível de
confiança de 95%

Abordagem 2
9 9
102 − (2,262  )    102 + (2,262  )
10 10
95,2 < 𝜇 < 108
O intervalo contêm o valor certificado
( = 106), logo não há diferença (ao
nível de confiança de 95%)
37 FMVP
Cuidados!

smedido  N  incerteza SRM

CSRM − incerteza SRM  Cmedida  CSRM + incerteza SRM

38 FMVP
Teste t – pareado
Aplicado na comparação de métodos sendo um
deles o método oficial e o outro o método a ser
testado.

Fase 1 Amostras iguais Fase 2 Amostras diferentes

Verificar se os
método possuem
Aplicar o teste t
desvios padrões
diretamente
comparáveis
(teste F)
39 FMVP
40 FMVP
41 FMVP
Teste t – pareado para amostras
iguais
Exemplo
A tabela abaixo mostra as concentrações de Fe (g/kg) em
réplicas autênticas de um mesmo medicamento.
Experimentos da Fe Fe
mesma amostra (mineralização) (extração)
(réplicas autênticas)
1 31 32
2 31 31
3 32 31
4 32 31
5 31
6 32
7 31
8 32
9 31
10 32
42 FMVP
43 FMVP
Fe Fe
(miner)
xi1 − x1 ( xi1 − x1 ) 2 (extração)
xi 2 − x2 ( xi 2 − x2 ) 2
31 -0,50 0,25 32 0,75 0,56
31 0,25 0,25 31 0,56 0,06
32 -0,50 0,25 31 -0,25 0,06
32 0,25 0,25 31 0,06 0,06
31 0,50 0,25
32 0,25 0,25
31 0,50 0,25
32 0,25 0,25
31 -0,50 0,25
32 0,25 0,25
x = 31,5  = 2,50 x = 31,3  = 0,75
n = 10 n=4
soma _ quadrado1 2,50 Observação: o
F=
g.l.1
= 10 − 1 =
0,27
= 1,11 valor de F é
soma _ quadrado2 0,75 0,25 sempre maior ou
g.l.2 4 −1 igual a 1
44 FMVP
45 FMVP
Fcalculado = 1,11 Ftabelado (9,3,95 %) = 8,81

Fcalculado  Ftabelado

Os dados podem ser


Os dois métodos
combinados para obter
possuem desvios
um desvio padrão
padrões comparáveis
global

46 FMVP
sp =
 i1 1  i 2 2
( x − x ) 2
+ ( x − x ) 2

N1 + N 2 − 2

2,50 + 0,75
sp = = 0,52
10 + 4 − 2

x1 − x2 N1  N 2
t =
sp N1 + N 2

31,5 − 31,3 10  4 O t calculado é menor que


t = = 0,812
0,52 10 + 4 o t tabelado. Não existe
diferença estatística ao
nível de confiança de 95%
ttabelado (12,95 %) = 2,179
entre os dois métodos
47 FMVP
Teste t – pareado para múltiplas
amostras
Exemplo
A tabela abaixo mostra as concentrações de Fe (g/kg) em amostras
de medicamentos. As amostras foram preparadas utilizando uma
mineralização com ácidos concentrados (método comumente
utilizado) e um método proposto utilizando extração com ácidos
diluídos. Verifique se existe uma diferença significativa ao nível de
confiança de 95% entre os dois métodos.

Amostras Fe Fe
(mineralização) (extração)
1 12 12
2 32 32
3 19 18

48 FMVP
Amostras Fe Fe Di
(mineralização) (extração)
Di − D ( Di − D ) 2
1 12 12 0 -0,333 0,111
2 32 32 0 -0,333 0,111
3 19 18 1 0,667 0,444

=1  = 0,667
D = 0,333

sd =
 i
( D − D ) 2
sd =
0,667
= 0,577
N −1 2

D 0,333
t= N t= 3 = 1,000
sd 0,577
t calculado (1,000) é menor que o t tabelado (4,303) com
2 graus de liberdade. Não há diferença entre os valores.
49 FMVP
50 FMVP
Definindo o tamanho da amostra
s
  t N −1 
N
Quantas amostras eu preciso analisar para ter um
erro menor ou igual a 0,20 mg/kg?

s s
  t N −1  t N −1   0,20
N N

s 2
N  (t N −1  )
0,20
51 FMVP
As seguintes determinações: 3,95, 3,93, 3,98, 3,56,
3,75, 4,24, 4,32, 4,83, 4,51 e 4,63 foram
efetuadas.

𝑥lj = 4,17
𝑠 = 0,41

0,41 2
N  (2,262  )
0,20

Deve-se analisar pelo


N  22 menos 22 amostras.

52 FMVP
Outras considerações!

53 FMVP
Outras considerações!

54 FMVP

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