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“Métodos e Técnicas em Análises

Clínicas”

Prof. Dr. Alexandre Torchio Dias


2023

Conteúdo Programático:

O profissional do laboratório clínico; terminologia médica,


Avaliação da qualidade no laboratório (sensibilidade, especificidade, precisão e
exatidão na etapa analítica)

Hematologia e Hemostasia

Bioquímica e os métodos analíticos

Perfil hepático: das doenças virais às obstrutivas

Gasometrias: como interpretar o deseqilíbrio ácido-básico

Perfil lípídico e marcadores cardíacos: das doenças metabólicas ao impacto clínico no


infarto agudo do miocárdio

Perfil renal e as complicações clínicas – da uroanálise às provas bioquímicas

Microbiologia: métodos e testes microbiológicos relacionados às diferentes doenças

Doenças infecciosas e autoimunes: provas laboratoriais e alterações clínico-laboratoriais

Parasitologia: testes laboratoriais e doenças parasitárias

Casos Clínicos

O exame laboratorial tem por


finalidade...

Apoiar o corpo clínico no diagnóstico de


enfermidades

“Eficiência, qualidade e confiabilidade”


Importância do Laboratório Clínico

❑ ~ 70% dos diagnósticos são realizados


embasados nos exames laboratoriais

❑ 60 – 70% das decisões clínicas são tomadas de


acordo com resultados dos exames laboratoriais

Guimarães et al, 2011

Importância do Laboratório Clínico

❑ EUA – Erros diagnósticos – causa mais


comum de processos e reivindicações
judiciais

❑ Segurança do paciente!

Guimarães et al, 2011

O exame e suas etapas de


realização:
Processo em 03 etapas:

Fase Pré-analítica
Fase Analítica
Fase Pós Analitica

LAUDO E SUA INTERPRETAÇÃO ➔ CONDUTA CLÍNICA!



Fase analítica
Por que ocorrem erros??

Negligência

Falta de atenção

Desconhecimento técnico-científico

Estresse contínuo

Erros nas fases pré-analítica!


Fase Pré-analítica

60 – 90% dos erros laboratoriais


estão concentrados nesta fase!!!

Guimarães et al, 2011


Fase Pré-analítica
Erro pré-analítico Frequência %
Coleta de amostra inadequada 0.6
Interpretação incorreta do pedido 3.8
Perda da solicitação médica 1.9
Erro de identificação do paciente 8.8
Coleta em tubo inadequado 8.1
Amostra colhida do membro com infusão 1.9
Tubo vazio 6.9
Não cadastro do pedido 2.5
Volume do tubo incorreto 13.1
Amostra sem refrigeração 1.9
Perda do tubo 3.1

Guimarães et al, 2011


SBPC
J. Bras. Patol. Med. Lab. vol.45 no.6 Rio de Janeiro Dec. 2009
Laboratório de Análises Clínicas

Alguns exemplos de não-


conformidades!!!

Diagnosticados na fase analítica


Plasma adequado – amostra OK!
Hemólise
Hemólise
Comparação: Soro normal e hemolisado
Coágulos...
Coágulo
Coágulo
Lipemia

SBPC
Impacto na fase analítica
Condição: teste realizado em material não-conforme!

• Falsos resultados

• Conduta clínica inadequada!



Coágulo... danos ao paciente!
E aos demais pacientes...???


Gasometria
Hemograma
Equipamentos automatizados
e semi-automatizados em
Bioquímica Clínica
Relação dos principais setores do LAC e exemplos de exames
realizados nos áreas técnicas
Setor Exemplos de Exames
Hemograma (eritrograma, leucograma e plaquetograma),
Provas de coaulação, Tipagem ABO e Sistema RH, Provas de
Hematologia Clínica e Hemostasia
Coombs direto e indireto, contagem de reticulócitos, prova
de falcização, Curva de Resistência Osmótica.
Gasometria, Dosagens de: glicemia, amilase, lipase, ácido
úrico, proteínas totais e frações, perfil renal (uréia,
Bioquímica Clínica e Gasometria creatinina, clearence de creatinina, proteinúrias) provas
AST, ALT, FAL, GGT, bilirrubinas total e frações, cálcio iônico,
ionograma, Colesterol total e frações, Enzimas cardíacas.

Culturas de bactérias e fungos, provas de antibióticoterapia


Microbiologia Clínica (antibiograma), Baciloscopia (Pesquisa de BK), Provas de
Identificação e classificação bacteriana, Hemocultura.
Prova para Sífilis (VDRL), Hormônios sexuais masculinos e
femininos, Hormônios tireoidianos, Provas de
Imunologia Clínica, Hormônios e Sorologia
autoimunidade, Sorologias para diferentes doenças e
agentes, dentre outros.
Dosagem de proteinúria em Urina de 24 horas, Urina tipo I,
Uroanálise e Fluidos Corporais Análise dos líquidos cavitários (líquor, líquido ascético,
líquido pleural, líquido sinovial).
Parasitologia Clínica Provas Protoparasitológicas, Sangue Oculto nas Fezes.
Outros testes Pesquisa molecular, cariotipagem, FISH, Arrays, MLPA.
Conceitos básicos em Análises
Clínicas
» Valor de referência (VR) » Exatidão

» Testes qualitativos » Precisão

» Testes quantitativos
» Média e desvio padrão

» Especificidade
» Erros aleatórios
» Sensibilidade
» Erros sistêmicos

Alguns conceitos...
» Especificidade - potencialidade do teste de detectar de maneira correta indivíduos sadios, ou
seja, relaciona-se a capacidade de identificar de maneira inequívoca os indivíduos não-doentes.

– Os testes com elevada especificidade possuem baixa probabilidade de apresentarem


resultado falso-positivo, ou seja, de evidenciar indivíduos saudáveis como doentes.

» Sensibilidade - potencialidade do teste detectar uma ínfima porção do analito na amostra, ou


seja, é a capacidade de detectar de maneira correta os pacientes doentes.
– O teste com alta sensibilidade é muito utilizado para triagem diagnóstica, com
possibilidade ínfima de revelar resultados falso-negativos.

» Um bom teste laboratorial - elevada especificidade e sensibilidade, as quais devem estar


equilibradas conforme a proposta do teste laboratorial.

Relação E/S
» A relação de sensibilidade e especificidade é avaliada utilizando-se ferramentas de
validação como a Curva ROC (Receiver Operator Characteristic).
» A curva ROC é um instrumento que inibe os erros diagnósticos, contribuindo para a
padronização dos testes laboratoriais, minimizando a ocorrência de resultados falso-
negativos e falso-positivos.

» Desta forma, os testes laboratoriais apresentam valores preditivos positivos e valores


preditivos negativos. O Valor Preditivo Positivo (VPP) representa a probabilidade de
uma pessoa doente apresentar resultado de teste laboratorial positivo.
» Já, o Valor Preditivo Negativo (VPN) representa a probabilidade de uma pessoa sem
doença ter resultados compatíveis com a normalidade.

» A sensibilidade, especificidade, os VPP e VPN são determinados com base nos


estudos populacionais, o que contribui para o equilíbrio e confiabilidade do teste.

Exatidão e Precisão
Avaliação da qualidade no laboratório

Interpretação de gráficos de Controle de Levey-


Jennings e Regras de Westgard na rotina
laboratorial bioquímica

Prof. Dr. Alexandre Torchio Dias


2023

O que é Qualidade?
Controles de Qualidade
Controle de Qualidade Interno Controle de Qualidade Externo
Curva de Gauss
Controle de Qualidade Interno
Controle Resultados:
INTRAlaboratorial
Avaliados de acordo com:
Alvo
– Amostras conhecidas DP dos testes
(hematologia, soros controles
para bioquímica, sorologia,
hormônios, etc...) Regras de Westgard
Curva de Levey-Jennings

– Níveis diferentes de Possível detectar:


controles
(Alto, Normal e Baixo) Tendência
Perda de exatidão
Perda de precisão

Conceitos
Tendência: Valores que tendenciam para um determinado lado do gráfico

Perda de exatidão: Não ter resultados exatos e corretos - pontos deixam a esperada oscilação em
torno da média e se deslocam para cima, ou para baixo.

Perda da precisão: Reprodutibilidade de resultados - Imprecisão: Elevação da aleatoriedade.


Mesmo com resultados oscilando em torno da média - pontos se distanciam muito da mesma.

> 3DP - rejeição da corrida analítica;


Gráfico de Levey-Jennings

Gráfico que traz os resultados dos controles em função do tempo

Levey & Jennings - 1950

Henry e Segalove -Definição de limites de ±3 desvios padrão.


As Regras Múltiplas de Westgard

Funcionalidade: interpretar os resultados no


sistema de Controle Interno da Qualidade (CIQ).

Método: combinação de critérios de decisão, com o


objetivo de perceber comportamentos
inadequados em uma ou mais corridas analíticas -
indicação do número de vezes que uma situação
ocorre e pelo limite no gráfico de controle.

Objetivos: identificar não conformidades, esclarecer


informações sobre o tipo de erro apresentado
(sistemático ou aleatório)

Ideal - utilização de pelo ao menos 2 níveis de


controle!

Regras de Westgard
• Regra 1:3s - Rejeição: • Regra R:4s - Regra de
Rejeição:
– Controle ultrapassou o limite de 3 x
+/- DP
– Diferença entre os resultados dos dois
controles é maior que 4DP (para 2 níveis
– Limite de rejeição para o gráfico de de CQ)
Levey-Jennings.

Regras de Westgard
• Regra 4:1s - Regra de • Regra 7x - Regra de
Rejeição: Rejeição:
– Quando 4 resultados de um controle – Resultados de controle
excedem os mesmos limites, ou seja, • Em um lado do gráfico
Alvo +/- 1s – 7 dias consecutivos
– Não necessário que
ultrapassar limites de 2/3 x DP

Regras de Westgard
• Regra 7T - Regra de • Regra 10x - Regra de
Rejeição: Rejeição:
– Resultados de controle – Resultados de controle
• Em um lado do gráfico 10 dias
• 7 dias consecutivos tendenciando consecutivos
para um dos lados do gráfico

• não é necessário ultrapassar


limites de +/- 2/3 x DP

Ação:

- Analisar o erro, com ação sistematizada para


correção do problema - SIM - OK!
NÃO - Suspensão do
teste!

Erros aleatórios e sistemáticos

Como identificá-los?
Controle de Qualidade Externo

Resultados:

Avalia EXATIDÃO!

Modelo IAL
Controle Instituto Adolfo Lutz
INTERlaboratorial
–Amostras conhecidas
aliquotadas
(hematologia, bioquímica, sorologia, hormônios,
etc...) - amostras são avaliadas por laboratórios parceiros

Acreditação no Laboratório de Análises Clínicas


Concluindo...

Os exames laboratoriais são cruciais para


o diagnóstico inequívoco dos pacientes!
DÚVIDAS?

Exercício

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