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p~ RONATO NA CORINTO ROMANA
di 11 1111111'I ti til' N '1'0 I '1I1ll1sido li li! 'rdudu I' 'XllI' 'HHlII,
111111' ti ' 1{~)llllI,tlHuul ri ludcs (i11hw11(llill IIIUII 8 li of .rcccr as popu-
11111111II'1t'"l1IHt.:111tl)1'1110Sde sobrevivência e de divcrsíl C0l110 um aparato JOHN 1<.CHOW
11 I tlll' (11111ti' I' .prcssão u dcs rdcm OU outras atividades ela sificadas c mo
111111(IIIV ,IH b »n mcn s desenvolvido. Dispunha-se às vezes de destacarnen-
111 1111111 11''H pura fins de policiamento, especialmente em centros provinciais e
1I, li 111IIH, Asalm (: que soldados têm lugar de destaque em relatos de medidas
1IIIIIIItlIIHpt I' uut ridadcs contra cristãos. Não obstante, a prática mais comum
I 111.k-lxur que as próprias cidades providenciassem seu policiamento. Muitas Em um monumento erigido na metade do século I d.C. em Corinto, foram
I IIlId,' V,I" rus do Oriente contavam com magistrados, irenarcas, encarregados inscritas as palavras a seguir, em louvor de Júlio Esparciático, homem influente
tlll 11111111(UIH;ÜO da ordem, mas estes tinham apenas forças diminutas à dispo- e importante patrono da tribo de Calpúrnia, contemporâneo de Paulo:
It .111,111'lIl ele não dispor de poder de punir. Adicione-se a isso que fontes tão
li 11\1('111 'H " trc si como o Novo Testamento (Atos 18,12-17) e o Asno de Ouro,
Gaio Júlio, Filho de Laco,
til r 1'111'I (Mel. 10.28) trazem comprovações de iniciativas tomadas por ho-
Neto de Euricles, [da tribo] Fábia, Esparciático,
1111I1 'omuns locais no sentido de capturar criminosos e desordeiros e levá-I os
Procurador de César e de Augusta
I 1111'l'llyll de Iuncionários romanos para que fossem presos e punidos. As auto-
Agripina, Tribuno dos Soldados, Premiado com uma Estátua Eqüestre
I ""di I cais e imperiais (distantes das zonas militares) só estabeleciam pleno
Pelo Divino Cláudio, Sacerdote
1111111'111' 11 interior e nas cercanias das cidades. No campo, especialmente em
do Divino Júlio, Pontífice, duas vezes Magistrado-Chefe,
11111'111)1'1 ncidcntados. o banditismo era um problema constante."
Agonoteta dos Jogos Istímicos e César-
Augustanos, Sumo Sacerdote da Casa de Augusto
Vitaliceamente, Primeiro entre os Aqueanos.
'Por sua Virtude e Expediente
E sua total Munificência para com a Casa Divina
E para com nossa Colônia, os Membros
Da Tribo de Calpúrnia
[Dedicou este] a seu Patrono.'

A partir das relações registradas na inscrição acima, descortina-se diante


de nossos olhos um quadro geral da maneira como se organizavam as relações
sociais em Corinto. Esparciático, patrono de sua tribo em Corinto, encontrava-
se sob o imperador romano, homem mais poderoso do que ele. Vemos aqui uma
cadeia de vínculos patrono-cliente.
De acordo com um cientista político, vínculos patrono-cliente tendem "a
surgir no interior de uma estrutura estatal em que a autoridade se acha dispersa,
a atividade de.Estado tem alcance limitado e em que existe considerável separa-

, A. B. West, Latin /nscriptions 1896-1926. Corinth: Resuits, VIII. 2. Cambridge, Massachusetts: Harvard Uni-
versity Press, 1931, n. 68. Tradução [para o inglês] adaptada de D. C. Braund, Augustus to Nero:A Sourcebook on
I~ llnm ay MacMullen. Enemies of the Roman arder. Cambridge: Harvard University Press, 1966, ap. B; B. D. Roman History, 31 B.C.-A.O. 68 (Londres: Croom & Helin, 1985, n. 469, e R.K. Sherk, The Roman Emplre.Auqustus to
•Ii \w/"IIDndlts in the Roman Ernpire" In: Past and Present, n. 105,1984, p. 3-52. Hadrian. Cambridge: Cambridge University Press, 1988, 164B .
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I 'I' UIlHI idói I melhor do imperador romano c mo patrono supremo, o
IIIIIHI IIH dll'ip; '111 '(o; r manos puderam diri rir 1I111 1IIll>l'I'Io lua imenso cem UJ1I "1111'ü últim de po ler que garante favores e espera em troca lealdade e honras,

IIIIIIH'I'II 111 nlm de luncionários." As redes de relações existentes em Corinto IHlgll'ü I'UZCI' um exame mais detido da situação de vida na colônia de Corinto e as

111111'111 I'/~IHS 111 do ser consideradas uma hierarquia composta pelo imperador, relncõcs entre os imperadores e os líderes locais, em vez de estudar as ocorrên-
111\11 1'1111(,:1
lI11!'i S romanos, pelos notáveis locais e pelo povo em geral. Pode-se cio' ela palavra "patrono" nas inscrições, A imagem do imperador romano como

111Il'l'lll'l' IHI cstru tura das relações de diferentes instituições, como a associação Imo em dominante na vida da colônia dificilmente poderia ser desdenhada pelo

1111 1 1111".unia espécie de hierarquia patronal. p v de Corinto. O nome da colônia, Colonia Laus [ulia Corinthiensis, era um
L: nstante lembrete da graça de Júlio César, que ajudou a refundar a colônia, Os
n mcs das tribos votantes ou divisões políticas locais também faz recordar a
presença imperial em Corinto. Alguns desses nomes são Agrípia, Átia, Aurélia,
PATRONATO E soei EDADE
alpúrnia, Cláudia, Domícia, Hostília, Lívia, Manéia, Vatínia e Vinícia." Fica
evidenciado que os nomes dessas tribos vêm de membros da família imperial ou
('limo foi definido, um vínculo patrono-cliente é basicamente uma relação
de amigos e associados próximos de Augusto.? Quando Paulo percorria as ruas
ti 1I11\'1rica de troca, As partes em ambas as extremidades de um tal vínculo são
ele Corinto, também se podiam ver outros símbolos que marcavam a presença
di i}ilIIIIH no controle de recursos, diferindo com conseqüência disso em termos
e o poder do imperador romano, Moedas que circulavam no mercado traziam
di 111111'I' e de status. Essas partes se acham vinculadas entre si principalmente
a efígie dos imperadores, 10 Erigiram-se imagens imperiais de Augusto e de seus
1'"11 JlIl' VHsa sua ligação pode servir a seus interesses mútuos mediante a troca
filhos." Um templo romano, ou Templo E, construído provavelmente no reina-
.\, 11 III'H S, do de Cláudio'< para o culto à família imperial, ficava na extremidade oeste do

/I//III'I'II(/or
(d) "Filho de uma deusa" ou "deus": Augusto (Gíteo [Ehrenberg e Jones, Documents, n. 102 = Braund, Au-
I' l'l'lI comparável ao patrono de todo o Império, o imperador romano era gustus to Nero, 127]);Tibério (Chipre [Ehrenberg e Jones, Documents, n. 134 = Braund, Augustus to Nero, n. 164]);
Calígula (Dídima [Braund,Augustus to Nero, n. 181]); Cláudio (Volúbile [Braund,Augustus to Nero, n. 680a]).
I I I II1IH aspectos patrono também de Corinto. O fato de ele ter o poder de 6 Entre 18 e 12 a.c., Marcos Agripa foi honrado como a patrono da tribo Vinícia (West, Latin Inscriptions, n.
111111 I irdem e a paz num vasto império inspirava naturalmente reverência 16 = Ehrenberg e Jones, Documents, n. 73 = Braund,Augustus to Nero, n.69. Mas é factualmente possível que ele
fosse patrono da colônia (West, Latin Inscriptions, 15).
I I lil 11li' , Não surpreende que em algumas partes do Império, especialmen-
7 O titulo theou huios era usado para designar Augusto (B.D.Meritt, Greek Inscriptions, 7896-7927. Corinth:
11 11I 1'1I1'[e leste da Grécia, essa reverência pelos dirigentes romanos tivesse Results, V1I1.1.[Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1931], n. 19). O título divus também foi con-
ferido a Júlio César (J. H.Kent, The Inscriptions, 7926-7950. Corinth: Results, VIII.3 [Princeton: American 5echool of
1'11111 -xprcssão o ato de cobri-l os, bem como aos membros da família imperial,
Classical Studies at Athens, 1966), n. 50) e a Augusto (Kent, Inscriptions, n.52).
I, III1 dllH honoríficos como "patrono", "benfeitor", "salvador" e "filho de um 8 Agrípia (West, Latin lnscriptions, n.11 O); Átia (West, Latin Inscriptions, n.86); Aurélia (West, Latin lnsctiptions,

di 11 ", que sugerem um status grandemente superior." Em Corinto, alguns des- n. 97); Calpúrnia (West, Latin Inscriptions, n. 68); Hostília (West, Latin Inscriptions, n. 109); Manéia (West, Latin
Inscriptions, n. 56); Vinícia (West, Latin Inscriptions, n.16); Domía (Kent, Inscriptions, n. 249; Lívia (Kent, Inscriptions,
n. 259);Vatínia (Kent, Inscriptions, n. 222). Sobre a identificação da tribo de Cláudia, ver J. Wiseman,"The Gymna-
x W ilnqrod, "Patrons, Patronage, and Political Parties" In: 5, W. 5chmidt et ai. (orqs.), Friends, Foilowers,
'A" sium Area at Corinth" In:Hesp., n. 41,1972, p. 37.
9 Aurélia e Calpúrnia eram nomes da mãe e da mulher de Júlio César.Átia e Lívia eram nomes da mãe e da
:A 11 oeler in Political C1ientelism. Berkeley: University of California Press, 1977, p. 325.
/1/,'/11/1
'11 I, M, de 5te. Croix escreve: "O patronato tem na verdade de ser visto como uma instituição de que mulher de Augusto. A tribo Vatínia pode ter vindo de P. Vatínio, emissário e amigo de César. A tribo de Agrípia
romano simplesmente não podia prescindir': The C1ass Struggle in the Ancient Greek World. Londres:
" 11111111111 recebeu seu nome em homenagem a Marcos Agripa. M.Vinício, cônsul em 19 a.c., amigo pessoal de Augusto,
provavelmente foi lembrado pela tribo de Vinícia. É de esperar que as três outras tribos também tenham deri-
11I1I1,wllIlll,1981, p. 364.
, 1111h Ir I Saller, Personal Patronage under the Early Empire. Cambridge: Cambridge University Press, 1982, vado seus nomes de amigos e associados próximos de Augusto. Mais tarde, no reinado de Tibério e de Cláudio,
foi adicionada a tribo de Cláudia. VerWest, Latin Inscriptions, n. 110 e comentário; Kent, Inscriptions, n. 23 e 249 e
I' li', 10 ,
I JI,II.Inc, r nuns poucos exemplos:
comentário;J. Wiseman,"Corinth and Rome 1."In:ANRW2.7.1, 1979, p.497-498.
10 Para uma discussão sobre moedas encontradas em Corinto, ver K. N. Edwards, The Coins, 7896-7929.
(1) "JlnLrono":Marcos Agripa (lIium [Braund,Augustus to Nero, n. 67]); Lúcio César, filho de Augusto (Pisa [V.
11i" 111111111 1\,1-1.M.Jones, Documents IlIustrating the Reigns of Augustus and Tiberius, 2.' ed. Oxford: Clarendon Corinth: Results, VI,Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1933. Moedas que trazem a imagem
1'11 ,111',' ,11,68 = Braund,AugustustoNer,n.62]); de imperadores romanos e de alguns membros da família imperial; Augusto, n. 28, 30, 32, 34, 35; Aqripa, n. 36;
(l1)"1I0Ilrltor": Marcos Agripa (Mira [Ehrenberg e Jones, Documents, n. 72 = Braund,Augustus to Nero, n. 66]); Tibério, n.40, 43; Lívia,n.41, 42; Calígula, n. 45, 46, 47; Cláudio, n. 50, 51; Nero, n. 54, 55, 56, 57, 59, 61, 62, 63, 64.
11 F.P.Johnson.vFhe Imperial Portraits at Corinth" In:AJA, n. 30,1926, p. 158-176; idem,Sculpture, 7896-7923.
Ali 111\111 (Mim lEhrenberg e Jones, Documents, n. 72 = Braund,Augustus to Neto, n. 66]);Tibério (Mira [Ehrenberg
I 11111" ,I)u uments, n. 88 = Braund,Augustus to Neto, n. 107]); Corinth: Results, IX.1,Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1931, p. 70-78; E.H.5wift,"A Group of
(I) "', lvr dor": Marcos Agripa (Mira [Ehrenberg e Jones, Documents, n. 72 = Braund,Augustus to Nero, 66]); Roman Imperial Portraits at Corlnth" In:AJA, n. 25, 1921, p. 142-159,248-265,337-363; B.5. Ridgway, "5culpture
Ali III~III(A',I, IEhrenberg e Jones, Documents, 98 = Braund,Augustus to Nero, 122]; Gíteo [Ehrenberg e Jones, from Corlnth" In:Hesp, n. 50,1981, p.429-435.
12 Wiseman,"Corinth and Rome 1':p. 519. Cf.5. E.Freeman,Architecture. Corinth: Results, 1.2,org. por R.5tillwell,
11111111111'/111.li, 102a = Braund, Augustus to Nero, n. 127); Tibério (Mira [Ehrenberg e Jones, Documents, n. 88 =
R.L.5cranton e 5. E.Freeman, Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1941, p. 168-179. D.W.J. Gill
Ilhlllllll,AlIl/lIstus to Nero, n.107]); ,
II I 1[0111'I I I,

11)111111,1\' 11111111111111<111li l' 11'11('1'11111,\t'lI 1'111 dll til iiu 'il \l I )111'111, I, " I1 '11 1111111111111II11 'li 'Ullti ) I (\1'(\ALI us: , L111lpuni
ti' 11," IV I tllll 1'1''110 nuro 111!l11I111 '11111\' 11I I TIl> '1'10 ' 11111P) '111l!'llI hoiu 'Iwg .m I LIViu,J\ Uma segunda .óric de tornei s
1111'11Iltll'(' ,1,1 tio, "101'11'ios imp .riuis" foi adicionudu mais tarde, possivelmente no reinado de
IlIl dll'l'l' '1llUHmotlv s, suja I ara h 11lUl1111', , 11' t) dll'lill'l1tu benevolente da 'l'lh 'ri /'1 a fim de homenagear o imperador reinante."
111 I Illpl'l'llI ou '0111outro objetivo, muitas cclchr 1(,:) '1'1 rganizadas em 0- A história da família de C. Júlio Euricles na Grécia espartana pode ser cita-
1111111 1111111111 I' 'Inçu c m s imperadores romanos. Algumas eram circunstan- du c mo ca o exemplar para pôr em relevo o poder do imperador como patrono
I 1\ ,11111'1 outras ti' repetiam orn regularidade. Um dos eventos ocasionais que SUl remo do leste grego e a natureza utilitária da relação entre o imperador e
jlIIIV IV'1111.ntc requeria celebrações, tal como ocorria alhures," era a coroação s dirigentes e notáveis locais. C. Júlio Euricles," o famoso dinasta espartano,
di I IIlIVIl lm pcrad r.ló Outros eventos circunstanciais vinculados com os impe- pr vavelmente não veio de uma família respeitável. Ao que se diz, o pai fora
uulurc romun S também eram objeto de celebração. Fundou-se um culto para pirata." Mas como ajudou Otaviano a vencer em Áccio, ganhou a philia de
I I It hrur 1\ segurança do imperador, possivelmente na época da descoberta do Augusto. Por isso, foram-lhe concedidos a cidadania romana e o controle de
uupl di: '<.:jan contra Tibéric." Estabeleceu-se outro culto para celebrar as Esparta por volta de 30 a.C.28 Em troca desses benefícios, ele instituiu o culto
11"I IIi ti' láudio na Bretanha." imperial em Esparta como expressão de sua lealdade à casa imperial."
Aíoru esses eventos ocasionais, havia festivais recorrentes. Tal como nou- Depois da morte de Euricles, seus descendentes continuaram a gozar de
1I I P II't 's do mundo romano, os aniversários dos dirigentes romanos costuma- poder e de prestígio na Grécia nos primeiros momentos do império. Numa ins-
\ 1111"I' bjcto de celebração;'? sendo bem provável que essas datas também crição de Gíteo (ou Gitéio);" datada de 15 d.C., a proposta de homenagear a
II1 '111celebradas em Corinto. Destaca-se provavelmente como a celebração casa imperial foi seguida por outra, a de apresentar espetáculos timélicos em
111111II11p rtante, que acentuava o poder e a glória dos dirigentes romanos, a homenagem ao falecido Euricles, o benfeitor, e a seu filho Laca, o guardião,
I 'Itllzoçu dos jogos imperiais na mesma época dos famosos jogos ístmicos bie- pelos benefícios prestados. Isso sugere que, ao final do Principado de Augusto
11li ,lU Na época em que Paulo visitou Corinto, já tinham sido acrescentados e no começo do reinado de Tibério, Laco, o filho, ocupava uma posição compa-
""1 11 vos programas aos jogos ístmicos para cantar louvores à casa imperial: rável à do pai, um bom amigo de Augusto.
('\ , I1 .iu e os "torneios imperiais". Cesaréia foi o primeiro programa adicio- Na época de Cláudio, a terceira geração dos Euríclides pôde fazer ami-
ruulo em honra de Augusto." c. 30 a.C., depois da batalha de Áccio." Os três zade com o regente romano. O exemplo mais representativo foi um neto de
Euricles, chamado Esparciático." Na qualidade de procurador de César e Au-
gusta Agripina, Esparciático era a esta altura parte do sistema imperial." Ele
\I I rlu C] li o templo foi construído antes de 38/39 d.e. ("Roman Corinth: A Pluralistic 50ciety?".[1989 Tyndale
1I w 1I",I,lment/Biblical Archaeology 5tudy Groups Paper], 10). também recebeu honras eqüestres. Não é clara a razão pela qual Esparciático
" fi m: loria dos estudiosos considera o Templo E como o templo de Otávia, a irmã de Augusto (Wiseman, pôde gozar de poder e prestígio. É bem provável que as ligações passadas entre
I uruuh ond Rome 1';522; a interpretação de e. K.Williams citada em V. P. Furnish, /I Corinthians [Garden City,
ti J)(J\lulcday, 1984], p. 19; Gill,"Roman Corinthlp. 10-11). Mas Freeman prefere ver o Templo E como o Templo sua família e a casa imperial tenha constituído uma importante base de sua
dI hlpll r Capitolino ("Temple E';Architecture, 1.2, p. 179-236).
14 I) Júlio César a Nero, todos tiveram inscrições dedicadas a si em Corinto: Julio César (Kent, Inscriptions,
II ',(l,flU~USIO (Kent, Inscriptions, n. 51,52,53,69; Tibério (Kent, Inscriptions, n. 72; Cláudio (Kent, Inscriptions, n. 74, foi realizada tenha sido c. 30 a.c., pouco depois da batalha de Áccio, West, Latin Inscriptions, p. 65; Kent, Inserip-
/'1, 11,10); N ro (Kent, Inscriptions, n. 80, 81). tions, p. 28.
II Qlwndo Cláudio tornou-se imperador, em 41 d.e., os alexandrinos mandaram enviados para exprimir 23 Meritt, Greek Inscriptions, n. 19; Kent, Inscriptions, p. 29, n. 153 e comentário.
, 11rI,,' )0 de prestar-lhe honras. Braund,Augustus ta Nero, n. 571. 24 Kent, Inscriptions, p.28. .
I No reinado de Calígula, foram mandados enviados da Aquéia em 37 d.e. para exprimir a lealdade da Liga 2S Em homenagem a Tibério, os torneios receberam o nome de Tiberea Caesarea Sebastea (Kent, Inscnp-
tlll flqu us ao novo imperador com a proposta de homenageá-Ia em diferentes partes da Aquéia.O programa tions, n. 153, 156). Na época de Cláudio, o nome do torneio passou a ser.lsthmia et Caesarea et Tiberea Claudíea
111,111111 .1 r allzação de sacrifícios em favor da segurança do imperador, a realização de festivais e a construção Sebastea (West, Latin Inscriptions, n. 82). Na época de Nero, o título se tornou Neronea Caesarea et istbmia et
,I, , I, lu, s em vários lugares, até na fstmia. Braund, Augustus to Neto, n. 564. Caesarea (West, Latin Inscriptions, n. 86-90). Ver a discussão de Kent, Inscriptions, p. 28-Q9.
1/ W st, Latin Inscriptions, n. 110 = Ehrenberg e Jones, Documents, n. 113 = Braund,Augustusto Nero, n. 140. 26 Para discussões detalhadas dos Euríclides, ver G. Bowersock, "Eurycles of Sparta" In: JRS, n. 51,1961, p.
1M V r West, Latin lnscriptions, n. 86-90. Cf. também n. 11. 112-118; idem,Augustus and the Greek World, Oxford: Clarendon, 1965, p.59-60; P.Cartledge e A. 5pawforth,Hel-
lU em Forum Clodii, Etrúria, eram oferecidos sacrifícios no aniversário do imperador (Ehrenberg e Jones, lenistic and Roman Sparta:A Tale afTwo Cities. Londres: Routledge, 1989, p. 97-1 04.
1111( 11111 nts, n. 101 = Braund,Augustus to Nero, n. 126. Em 9 a.C, como tentativa de homenagear Augusto, foi pro- 27 Plutarco, Antônio, 67. A ilha de Citera, que foi dada a Esparta, pode ter sido a base um dia usada por seu
1" ",10 qu O calendário da Ásia fosse alterado para que o tempo tivesse como início 23 de setembro (Ehrenberg pai. Ver Políbio, 4.6.
I 101110', Documents, n. 98 = Braund, Augustus to Nero, n. 112). Ver também W. F.5nyder, "Public Anniversaries in 28 Bowersock, "Eurycles" p. 112; Cartledge e 5pawforth, Sparta, p. 98.
111, II 111 n Ernpire" In: YCS,n.7, 1940,p.226-235. 29 Cartledge e 5pawforth, Sparta, p. 99.
~I I ara uma discussão geral do culto imperial na fase inicial do Império, ver 5. R. F.Price, Rituais and Power: 30 Ehrenberg e Jones, Documents, n. 102a = Braund,Augustus to Neto, n. 127. .'
11I"lllJll'lon Imperial Cult in Asia Minor, Cambridge: Cambridge University Press, 1984. Para referências ao culto li Uma inscrição feita em seu louvor em Corinto foi apresentada no início deste capítulo. Cf. tambem Meritt,
111Ipl/l,II m Corinto, verWest, Latin Inscriptions, n. 14-16,81; Kent,lnscriptions, n. 152, 153, 156,209,210,213,218, Greek Inscriptions, n. 70. . . ..
'I,
J 12. Cf. também Kent, Inscriptions, p. 28-30. 32 O recrutamento de pessoas como Esparciático para o sistema Imperial fOI Interpretado por. 5~me como
II V rWest, Latin Inseriptions, n.81 e comentário. uma sutil manobra de Cláudio no sentido de estabelecer clientes confiáveis sem despertar oposiçoes desne-
u fi data de introdução da Cesaréia não foi registrada. Mas é possível que a primeira vez em que a Cesaréia cessárias (The Roman Revolution, Oxford: Oxford University Press, 1939, p. 506).
11 1'l\lJlIll (1IMI'rl~lll r 111111,11,111, III

I (1'11 Itl I I 11 11'1, 'Iulvcz I\!IU 1'1111/1 d(1 111111111111 \I () 1110 ti' ,I, ltllllh '111 I qu '111 1'uIP 1111' dI' \1111 I plllVllld
('UIlIU I Imperial entre I c 4'1 d. '., Sl:U
I I li 11i> Idl), cumu IHII\' S III '1111>1' IS ti' UI 111111111, 11111 I I, 'l\'t,OS sue 'rd luis l'llV nndur '1'11 1\0111' ItI p ,10 IlIlp '\'II lor pura r .prc scntá-lo na província." Seu
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d"1I1 di, 1'1I11t;u 'S iíiciuis. Foi jtan, '11 ti )11110 dI' 1i 1<1 I, /)()III;j'e ' um sn- I ocl 'I' • mundut '1'<1111 ti .Iinidos, naturalmente, pelo imperador. Nesse caso, é
"'I dOll' vltul: 'i lu 'usa de Augusto. Essas cx pr 'sso 'o' .xplicitas e inequívocas I'UZ IV 'I esperar que imperador nomeie mais provavelmente apenas aqueles
d, lI' ddn k 11 (;lISU impcrial tarnbórn podem tê-lo ujududo muito. Claro que sua que Ihc sejam leais. É também provável que o nomeado também se empenhasse
, (11)1\11 ' riqueza pode ler sido outra razão para ele ler btido o favor do diri- '111 agradar ao imperador e ao mesmo tempo em manter sua atual posição e ter
)' '"Il'cru Roma." melhores perspectivas futuras."
Nu usccnsã c queda dos Euríclides, um dos fatores decisivos, se não o P. Mêmio Régulo não vinha de uma linhagem particularmente notável."
ruul: ti .cisivo, na determinação de seu destino parece ter sido suas relações com Iniciou sua carreira no reinado de Tibério como quaestor, auditor. Passou mais
I) 11111 cradorcs romanos. Isso serve para destacar o imperador romano como o tarde a pretor. No outono de 31 d.C., foi nomeado cônsul." Ocupou depois o
I' rtronuto supremo, embora por vezes caprichoso, da época. Por isso, poderia cargo de governador da Aquéia, da Moésia e da Macedônia. Manteve-se no car-
"I .sscncia] manter com ele uma boa relação, querendo-se galgar os degraus go entre 35 e 44 d.C., ou seja, durante oito anos e sob três imperadores, Tibério,
'li tis ult s da escadaria do poder e ali permanecer. Tendo em vista esse pano Gaio e Cláudio."? Em 47 d.C., era procônsul da Ásia." Morreu no reinado de
di' I'UIl 10, talvez seja possível compreender melhor por que o culto imperial foi Nero, em 61 d.C. Mêmio conseguiu o favor e a confiança? da maioria de seus
1111 -nsumcnte promovido na Corinto do século r. superiores, isto é, os imperadores. No tocante a isso, não diferiu de Euricles, o
dinasta espartano. Mas se distinguiu deste num ponto crucial, ou seja, conse-
guiu ascender solidamente ao poder, permanecendo aí até morrer. Como logrou
tuucionáríos romanos ele fazer isso apesar de sua ascendência trivial?
Sob Tibério," mostrou-se um amigo leal do imperador ao ajudá-lo a der-
papel do funcionário romano na estrutura hierárquica do Império Ro- rotar Sejano, um poderoso oponente. Ao chegar ao poder, Calígula propôs-
1111110 tem de ser definido em contexto." Podemos retomar o exemplo de Espar- se a desposar a rica e talvez bonita mulher de Régulo, Lólia Paulina. Régulo
I üico. Com referência a Cláudio, ele não diferiria de um amigo ou cliente. Mas
não apenas concordou com a exigência do imperador como a acompanhou a
11 I quulidade de procurador de César na província, assumiria o papel de corre- Roma." É também digno de nota o desenvolvimento do culto ao imperador na
1111 ou mediador, representando os interesses de seu superior em dada localida- Aquéia sob o governo de Régulo. Provavelmente a instâncias suas, formou-se
li, ,N nível local, porém, como tinha acesso ao imperador, tinha atribuída a si uma maior koinon, comunidade, para promover o culto. Realizavam-se jogos
I' 1'1 I parcela de poder, e era possuidor de grande riqueza, provavelmente teria em homenagem à casa imperial e mandavam-se enviados a Calígula com pro-
iltI,) UI11'1 autoridade a ser honrada e respeitada. Não admira que tivesse sido
postas de expressão da lealdade da Aquéia a Roma." Logo, não surpreende
I' colhido patrono de uma tribo de Corinto. Para dar uma maior ilustração dos que Régulo fosse titular de cargos sacerdotais como sodalis Augustalis," irmão
tlll'I'l'nles papéis de um funcionário romano na província, isto é, um interrne-
ti u lu entre o imperador e a população local, vou examinar o caso de P. Mêmio
I '1'111 ,importante governador da Aquéia entre o final dos anos 30 e o começo ,. ogovernador de uma província imperial tinha o título de legado e costumava ser escolhido entre os
ex-pretores ou ex-cõnsules (F.Millar, The Roman Empire and Its Neighbours. 2." ed. Londres: Duckworth, 1981, p.
ti" 1111 S 40 d.C.35 54-55; Peter Garnsey and Richard 5aller, The Roman Empire: Economy,Society, and Cu/ture. Berkeley: University of
California Press, 1987, p. 22). Para uma discussão dos funcionários provinciais em Corinto, ver A. Bagdikian,"Civic
Officials of Roman Corinth'; M. A. thesis, University ofVermont, 1953, p.4-6.
37 Garnsey e Saller, Roman Empire, p. 34-36. Observe-se a advertência de F. Millar quanto a traçar uma linha
" 'undo Dio Cassio, 59.9, no reinado de Calígula, pessoas de boa família e dotadas de riqueza eram divisória demasiado clara entre as províncias imperiais e as províncias senatoriais. 'The Emperor, the 5enate
, ,"lIlld,\ para receber honras eqüestres. Esse pode ter sido um dos fatores que contribuiu para a ascensão and the Provinces." In:JRS, n. 56,1966, p. 156-66.
,I I ~fI'lrclálico (cf. West, Latin /nscriptions, p. 52). Que Esparciático foi um homem de grande riqueza é sugerido "Tácito,Ann.14.47.
11 111',1111\1, bilidade de servir como agonóteta dos jogos ístmicos e cesáreos, que requeriam grande gasto de 39 Ehrenberg e Jones, Oocuments, n. 217 = Braund,Augustus to Neto, n. 388.
I 11111111(I( 'M, lnsctiptions, p. 30;Wiseman,"Corinth and Rome I", p. 500). 40 Dio Cássio 58.25. Ver também West, Latin /nscriptions, p. 29-31.
" I modo simplificado, pode-se sugeri-r que a estrutura hierárquica do Império em seus primeiros mo- 41 Ehrenberg e Jones, Oocuments, n. 218 = Braund, Augustus to Nero, n. 389; L. R. Dean, "Latin Inscriptions
11111I1(l', 'r formada pelo imperador, o patrono supremo, funcionários do governo ou líderes locais (mediado- from Corinth, 111': In:AJA, n. 26,1922, p.456.
I ) I 11 omunidade (clientes). Essa estrutura pode ser detectada em algumas inscrições que registram eventos 42 Tácito, Ann. 14.47.
11111I11I"tI de Cláudio. Podem-se dar dois exemplos: (a) Em 44 d.C, M. Valério Severo, magistrado local que "Tácito,Ann. 5.11; 6.4. Ver também M. P.Charlesworth, 'Tiberius" In: Cambridge Ancient History, X, p. 637-
111111,11.1CI udio certa vez a suprimir uma rebelião, garantiu para si a concessão pelo imperador da cidadania 638; B. Levick, Tiberius the Politician, Londres:Thames & Hudson, 1976, p. 177-178.
"11111111,1, a isenção por 10 anos de impostos imperiais e outros direitos para a cidade de Volúbilis, na Mau- 44 Dio Cássio 59.12. Cf. 5uetônio, Gaius 25. Ver também J. H. Oliver, "Lollia Paulina, Memmius Regulus and
111 111,\ (Ilr, und, Augustus to Nero, n. 680b). (b) Em 48-49 d.e., graças aos esforços de Marcos Valério Juniano, Caligula'; Hesp, n. 35,1966, p. 150-153.
1I1 111111 d casa de Cláudio, os artistas dionisíacos puderam ter seus direitos confirmados por Cláudio (Braund, 45 Braund,Augustus to Neto, n. 564. Ver também West, Latin /nscriptions, p. 30-31.
11111/1/11\ to Nero, n. 580b). 4. Um sodalis Augustalis, ou "Membro do sacerdotado do (deificado) Auçusto; era membro de um grupo
•• W( I, Latin /nscriptions, n. 53. selecionado de romanos eminentes cuja função era a supervisão e promoção do culto ao imperador. As soda-
I' 11111/1111, I 111'111 111111'111'11' 11I
IIII

1I 1111/ \ 11111ti I h'i' 'ndldtluH 1"1'11 \I hlllllllllll ,I" 1\ ti 'Vt'l' I, Itlll'l'l'HHlIllI \ A [tu l'UlllO (l 1111 'i' Id(ll' '" ( '\11'1 '1IIeI I pOI' pUI't de UIp,UIlH lu H 'U~ I'UIl-

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'1\1 (lI' 'I'"lrlo jJHHHUdm;
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1\1 111111'111(' 11'1'IIklus IIU impcrud I' uo Indu cll' ()(III'UH 1I'l1lllOH til' 'ulcs. 'I) EHSl' ludtcnções ti que til rUI1t; [unci n iri
I ti r I11UI1 S no nível local também eram

11111111 11 11'I dl'lllllllHI I'UI' suu lculdudc à casa imp 'doi e I HI'H servil' a imperador rlv dH amizade de cidades e de n távcis locais. Numa inscrição que data pro-

11 11111\1\1 '\lMlu po I' ler emlarga medida SU'I sólida ascensão ao poder sem que vuvclmcntc de 52/53 d.C .• o governador Aquílio Floro Turciano Galo foi ho-
mcnagcado por dois duoviri, Ti. Cláudio Anaxilas e Ti. Cláudio Dinipo." São
" I' 11 'I' I '!'llst ,
suriosas essas boas relações entre um funcionário do governo e as elites locais.
pu IVllll ti ' P. Mêmio Régulo como um dos eixos da estrutura do palro-
111111111\1 'UIII 'y do lmpôrio não seria integralmente compreendida se exarni- I~ele presumir que trouxessem benefícios mútuos para as partes. Para os funcio-

11'1 '"1\11 II)J 'IHIS SUtiS relações com os imperadores romanos sem, ao mesmo
nários, o apoio dos notáveis locais seria necessário. entre outros motivos, para

Illll)l\I, \'oI1HÍlI(')I'tII' seus vínculos com as pessoas a quem governou, especial-


protegê-los de problemas futuros. como queixas de má administração." Para as
elites locais. eles teriam melhores condições do que outras pessoas na conse-
1111III( III Aquéiu. Com base nas muitíssimas inscrições feitas em louvor de P.
cução de suas ambições, fossem estas o poder. a honra ou os ganhos materiais
1\11 111111I~'guio em l'inl05o e outras partes do leste grego," parece provável
11"1 I 'Iul) lenha tido bastante apoio e boas ligações na região." Embora te-
- para si ou para suas cidades," caso conseguissem ter um bom relacionamento

111111 klu .onsidcrado patrono em Ruscino, Narbonensis." esse título não está
com os funcionários romanos, ou, o que era bem melhor, com o próprio impe-

11 I I1I ( 1'1 '(\0 que o homenageou em Corinto. Mesmo assim, sua imagem como rador. Para garantir o favor de funcionários romanos, por vezes trocavam-se

IIIIII'()II I du 1'(,) ião ainda é visível em alguns dos benefícios que ele concedeu. No presentes, ainda que fosse ilegal a recepção de presentes de provinciais por

1I li Idu ti' alígula, [ele] fez a arriscada tentativa de adiar o envio a Roma da
esses funcionários.v' Se os notáveis locais eram ávidos por estabelecer relações
de "amizade", os relacionamentos patronais só podiam ser reforçados no nível
I 111111111\ Zcus em Olímpia." Não fica claro se ele distribuiu outras benesses,
das comunidades locais.
I 1IIIIli ijudur a promover provinciais" ou tomar decisões legais em favor de seus
\ 1iI'IIIl'I'i. Ó A que parece, ele ajudou um bom número de pessoas em Corinto
" 11111 'l,uil' a cidadania romana. P. Mêmio Cleandro." proeminente líder em Notáveis locais
( 1IIIIllu 110S anos 60 d.C., foi ao que parece uma dessas pessoas.
Na política de uma comunidade local, os decuriones costumavam ser os
aristocratas locais, homens de grande abastança e que com freqüência haviam
/, 11/111/\((//'1 foram fundadas porTibério depois da morte de Augusto. Cláudio instituiu as sodales auqustoles
I /III/dlll/I'\, (I Imperadores que o sucederam organizaram sodales semelhantes. Para uma discussão mais ampla, ocupado o cargo de magistrados locais." A autoridade dessas pessoas pode
I I I 11.IlIylor,Dívíníty ot the Roman Emperor. Middletown: American Philological Association, 1931, p. 230; Kent, mesmo ter sido maior do que a dos funcionários encarregados da administra-
/11I I 1(J1/iJ/1 I, p.84; Sherk, Roman Empíre, p.21ii6.
" () trates Arvafes eram um colégio sacerdotal de Roma responsável por promover cultos em favor do ção, incluindo os duoviri, que eram eleitos na assembléia de cidadãos. Eles
I•• 111 1,11do casa imperial. O colégio era formado por 12 membros. O imperador reinante sempre era membro podiam exigir que questões vinculadas com contas, terras e edificações públicas
lI! I, (h outros eram escolhidos entre as famílias senatoriais mais distint ss por meio da cooptação (OCO, n.
lhes fossem encaminhadas para investigação ou decisão. O direito de concessão
111) M 11110 Régulo teve esse título desde pelo menos 38 d.e. (West, Latín fnseríptians, p.29; R.Syme,Some Arvaf
/11,1/111'11, Oxford: Clarendon Press, 1980, p. 67).
"O'. eptemvin epufones eram sacerdotes que organizavam o banquete de Júpiter em vários festivais.
MIIII,I ti 'I Unham sido antes partidários dos imperadores (Sherk, Roman Empire, p. 266).
de Régulo na Grécia (West, Latin fnseriptions,p, 31; Kent, fnseriptions, p. 26.).Sobre os Mêmios em Esparta, ver
~, A, 11.Smallwood, Oocuments IIfustrating the Principates of Galus, C1audius and Neto, Cambridge: Cam-
Cartledge e Spawforth, Esperta, p.163.
1111111111 Unlv rsity Press, 1967, n. 16-22. Cf.N.Lewis e M. Reinhold, Roman Civilization. 2 vols. New York:Harper &
58 West, Latin tnscriptions, n. 54 e comentário.
111 'W. 111'11,1966,11,p. 554-555. 59 Elogios feitos por habitantes locais poderiam ajudar a encobrir as violações da lei da parte de um go-
li' W • l, tatin fnseriptions, n. 53.
11I'm xemplo, Delfos (Smallwood, Oocuments, n. 225 = Braund,Augustus to Nero, n. 389; Atenas (P.Graindor, vernador nas cortes. (P.A.Brunt,"Charges of Provincial Administration under the Early Principate'' Historia, n. 10,
1961,p.212-217).
111ulptlens attiques d'époque rornaine" In: BCH, n. 51, 1927, p. 269, n. 36.
60 No tocante a isso, podem-se indicar alguns casoscomparáveis. (a) Para.a glória de sua cidade e talvez
"W • t, Latin fnseriptions, p. 30.
deles mesmos, algumas pessoas de Prusa cultivavam relações ·C0mos procónsules, mas Dio negociava direta-
Ii l hr nberg e Jones, Oocuments, n. 217 = Braund,Augustus to Nero. Pode-se acrescentar que os funcioná-
mente com o imperador (Dio Crisóstomo, Oro45.2-3j..(:bj ,!'\OH,eGO"m end ação de 'Plínio, o governador da Bitínia,
11111I1i1l,lnOS estavam sujeitos a ser chamados a servir como patronos de certas cidades a fim de representar
um de seus amigos conseguiu obter de Trajano privilégios concedidos a pais com três filhos (Ep. 10.94). Plínio
I II IlIlm sses em Roma (por exemplo, fLS, n. 6106 = Sherk, Roman Empire, n. 193). Na verdade, era firmado
também fez recomendações em favor da promoção de seus amigos e dos filhos destes (Ep. 10.26,87).
11111 VII/li uma espécie de acordo patrono-cliente entre funcionários romanos e suas comunidades clientes.
61 A proibição legal não impediu Júlio Basso, procônsul pretoriano da Bitínia e amicus de Domiciano,de re-
1',"" IlX mplos, ver Ehrenberg e Jones, Oocuments, n. 354 = Braund, Augustus to Neto, n. 668; (Bríxia, 28 d.C):
ceber presentes em ocasiões, como a de seu natalício.irodo o escândalo foi mais tarde revelado num processo
'.IIII,lIwo d, Documents, n.413 = Braund,Augustus to Nero, n.1ii86(Hipo Régia, Norte da Africa, 55 d.C).
legal de que se incumbiu Plínio (Ep. 4.9).
li lI) fo, Ant. 19.8-10. Ver também M. P.Charlesworth, "Galus and Claudius" In: Cambridge Aneient History,
62 W.T. Arnold, The Roman System of Provincial Administration tOltheoAuceJi5iDn of Constantino the Great, 3.a
.11,r1M. ed., rev. por E.S. Bouchier. Oxford: Basil Blackwell, 1914, p. 245, 251-252; Garnsey e Saller, Roman Empire, p. 114-
li ',nll r, Persanaf Patronaqe, p. l69-175.
115. Para um exemplo de estrutura administrativa colonial, ver F.F.Abbott e A.C.Johnson, Munieipaf Administra-
I' lhld, 152-154; Millar, Roman IEmpire, p. 63-64; Garnsey e Saller, Roman Empire, p. 151-152.
tion in the Roman Empire, Princeton: Princeton University Press, 1926, n. 26 = Lewis e Reinhold, Roman Civiliza-
1/ "IJl, Ilwood, Oocuments, n. 62 = Braund, Augustus to Nero, n. 262. P.Mêmio Cleandro foi o duovir quin-
1/" 1111111.na época da visita de Nero em 67 d.e. Ele provavelmente recebeu sua cidadania romana na época tion, T.I, p. 420-428.
11 IIALJlt) I I IMI' III I' 111111 11l, li 11\1'1)111"1) 11' 11111

li I Ild\1 11\11\\))'11\0 1 hcnf 'ilUl'l' ti I I dlldl 1111111111111\1 k I or ,I .. , 1\ vi' ,'l' I' • I dtllll,'lI' 1'111111111.j \\ ) 111Itlvo le : III V )llIl,:lIOIlU S puru aetlili«. com
1""111111ti "111' I "'11' 'S C ntru ) V 'll'tI 1 II1 di) dunvir], 16111diss , 'ks po 1IIIIh '11\ P 11'1tluuvir, I 'V' s '(lindo obs 'I'VUI' rue Ihíbi cup u dois outros car-
,111111111' 111'1111\0' 'I" 'I' influência ' hr 01'\' '11111111'1)( de 11 vos mcn 111's ti pm, su ''1'<.1 luis, pon li!,' , e saccr I te de Nctuno." Assim, sua riqueza lhe valeu
11111 111\1, 'Illl nu 'Ieiçã pr priamcntc diltl ele mugtstrados." Nessas (,;;1' 'uns- tll'Ul1tl1S h riras e algum poder. Mas, o que não é um detalhe insignificante, ele
111111\1, 'I'i I natural IUC os magistrados tentassem agradar aos decuriones. 'I 11110alcançou a h nra mais elevada, ou seja, a condição de agonothete dos jogos
('111110 SI.) mcn ionou, famílias com boas ligações e incomumentc ricas istmicos." O fato de ele ser um liberto pode ajudar em parte seu fracasso em
1111111111I\lIl'í<.:lides já estavam ativas na política de Corinto no século I d.C. O nvançar mais na carreira, apesar de sua imensa riqueza.
1,1111ti \ , sus serem a famílias famosas de Corinto indica por si só que uma boa L. Castrício Régulo recebeu a mais alta honra." Na verdade, ele não só foi
IJI 11'111I' uuiliur e riqueza tinham importância para alguém chegar à condição de um cios agonothetai dos jogos ístmicos, como também a pessoa que fez voltar
I I" I 1'1 locul." Mas em Corinto a riqueza parece ter sido precondição especial- li Corinto a administração dos jogos, em algum momento entre 7 a.C, e 3 d.C,76
I 11111'1IIq rtantc. Porque a pessoa particularmente rica, mesmo vinda de uma Não é preciso dizer que ele era um homem extremamente rico. Ele não só arcou
1111111111 IIl1 distinta, ainda tinha oportunidades de fazer seu nome." Assim, ho- com as despesas dos jogos," como também doou recursos para a reparação
111111IIh '1'1 s abastados de Corinto não eram impedidos de ocupar cargos como do santuário em Ístmia e para oferecer um banquete de celebração a todos os
I til li -dili« e duovir, ainda que, em outros lugares, estivessem excluídos das habitantes da colônia quando as obras de reparo foram concluídas. Com tão
111,11' I 1'111 liras e dos conselhos locais." Um desses homens libertos era Erasto, magnífica generosidade, seria impensável que ele não fosse recompensado com
11)'"1'I 11Ie muito interessa a estudiosos do Novo Testamento. Ele foi nomeado honras apropriadas em Corinto. Não surpreende que, no curso de seu período
,"''(/lls do colônia," provavelmente depois de prometer fazer a calçada externa de atividade política, por volta de 10 a.C, a 23 d.C., ele tenha podido ocupar a
"I I I 111'0.09 maioria dos cargos municipais importantes, como aedilis, praefectus iure dicun-
Outro liberto de Corinto que conseguiu proeminência na primeira metade do, duovir, duovir quinquennalis, agonothetes de Neronea Caesarea e dos jogos
.111 I -ul I d.C. foi Bábio Filino.'? Se o templo imperial na extremidade oeste do ístmicos e cesáreos, bem como agonothetes de Tiberea Caesarea Sebastea. O
II '111 '1'(\ testemunho da majestade e do poder do dirigente romano, os prédios auge de sua carreira de agonothetes de Tiberea Caesarea Sebastea em 23 d.C. é
I" IIlu, I r Bábio Filino ao redor da cidade poderiam ser vistos como indica- deveras interessante. Nos jogos desse ano, não só se homenageou o imperador
'I ti' seu poder e riqueza. A peça arquitetônica mais impressionante era o reinante, como também, o que tem muita relevância, Lívia foi homenageada
1IIIIIIIIIIIento de Bábio estrutura circular instalada na extremidade noroeste da como divina [úlia Augusta com a introdução de um concurso de poesia em sua
I '111I, P uco adiante do local em que mais tarde seria erigido o Templo E.71 É honra. Em outras palavras, ela foi deificada em Corinto antes de morrer em 29
1111 IV 'I que a fonte que está nas cercanias, dedicada a Posídon, também tenha d.C., e mesmo antes de sua deificação formal, em 42 d.C.78
til I douda por Bábio. Além disso, a reconstrução do prédio d? sudeste pode Seja qual for o significado disso, essa preocupação em homenagear a casa
l'liI""1 ntc ter vindo da generosidade de Bábio e seu filho." E provável que imperial e demonstrar-lhe lealdade parece bem comum entre notáveis locais na
primeira metade do século I. Porque uma ação semelhante mas com algum grau
, (h rlccuriones costumavam ser esc~lhidosentre ex-magistrados.Osresponsáveispela escolha eram os de diferença foi concebida por T. Mânlio Juvenco, outro agonothetes, e jovem
111/11'111 II/lales,que tinham a função de censores locais(Arnold,Provincial Administration, p.254).Cf.Abbott e contemporâneo de L. Castrício Regulo." Tal como Castrício Régulo, Juvenco
I,,1111 '111, Municipal Administration,78-79;C.P.Jones,The Raman World of Chrysostom, Cambridqe, Massachu-
010
começou como aedilis e terminou como agonothetes dos jogos ístmicos e cesá-
I' 1111 vMd UniversityPress,1978,p.97-98.
; (, 11.t venson,Roman Provincial Administration. Oxford:BasilBlackwell,1939,[J. 171. reos. A marca mais distintiva de sua carreira foi sua amizade estreita com a casa
Ili ocordo com Pllnio, essas eram as pessoas que o governo queria que ajudassem a governara massa imperial. Tendo servido como aedilis, foi escolhido para praefectus iure dicundo,
I'''IIII\.II murn(Plinio,Ep., 10.79.3).
I1IVl' se observarque haviaum requisitode propriedade básicoa seratendido para que se pudesse ocu- provavelmente representando Tibério." Na qualidade de agonothetes dos jogos
I' \I , 11'1'1" públlcos (Millar,Roman Empire, p.82).Sendo Corintouma cidade bem conhecida e rica,é provável
'1"' "lllIllllMte exigidofosse bastante ponderável.Alémdisso,para competir por honras locais na Corinto do
111111 11,1'1 provávelque se tivessede iralémdo atendimento desse requisrto essencial. West,Latin /nscriptions, n. 2 e 3. Essacombinação de cargos políticose sacerdotaisjá foi observada na
73

AI A,M,Duff,Freedmen in the Early Roman Empire. Oxford:Clarendon,1928,p.137. . carreirade pessoas como Esparciáticoe MêmioRégulo,e o será na de muitosnotáveis locaisem Corinto.
~11'lIt,tnscrtotions, n.232.Kentidentificaesse Erasto,homem liberto,com o Erastode Rm16,23(lnscnp- Ser agonothetes dosjogos istmicosera a maiselevadahonra que a colôniapodia dispensar (Kent,/nscrip-
74

1111/1 ,(1111 100). tions, p.30; Wiseman,"Corinthand Rome1':p.500).


"II,llJdlklan,"CivicOfficials", p.17. . . Kent,lnscriptions,
7S n.153e comentário;Edwards,Coins, p.7.
., W" 1,/ atin Inscriptions, n.2, 3,98-101,130,132; Kent,lnscriptions, n. 155,241.Para provasde que Bábio Depoisde 146a.c.,os jogos istmicosestavam sob a administraçãode Sicion(Pausânias2.2.2;d. Wise-
76

Iillilllll,lllIovalvemente um liberto,ver também West,Latin Inscriptions, p.108.. . man,"Corinthand RomeI': p.496).


I II I Scranton,Monuments in the Lower Agora and North of the Arciiak: Tetnpie. Cormth: Results, 1.3,Pr~n- Kent,lnscriptions, p.30; Wiseman,"Corinthand Rome I': p.500.
77

1"11AlllllllcanSchoolof ClassicalStudies,1951,p.17-32;Wiseman,"Corinthand RomeI':p.518.Vertambem Kent,/nscriptions, p. 73.


78

I l,illli/l1scriptions, n. 132;Kent,lnscriptions, p.155. West,Latin /nscriptions, n.81,86;Kent,/nscriptions, n. 154.


79

•WI',\,I arin Inscriptions, n.122;Kent,lnscriptions, n.323.Vertambém Wiseman,"Corinthand RomeI':p.514. sOVerdiscussãoem West,Latin Inscriptions, p.65-66.
I'A )1 IMI'II(I

I 1111111 I 11 lI) , rUI li 111'1111'11'0 "01111111 I 1'111)11111111II J IgOIl ":;111" ),', que ) /llIlrlll/lllo u IIS (lSSU 'iu{'ol's
11"1111111111'11V 1111li 'lIHII Iml 'doi, li11(t.:S 10 111}'1I 1 III1 ('li , ~I.'J tos trudici nuls, R lIlIlI viu \.:0111 suspeita clubes ou as .ociaçõcs," mas ainda assim associa-
I 1\ '1111'('111' ulciçâ pelo I'C imc illlp'llId 1\11 vcrlílcada Ira V'Z nas I,U 'S, I' lIiSHI ou ilc ais,~B eram organizadas." Muitas dessas associações eram
lli ulIll'lI im] errante fi ura da olôniu, '1'11>,do .láudio Dinipo." mip lurmudus por pcss as que se ocupavam do mesmo ofício." Sugere a existência
I" 111 VI''I.' ('/1/'(/ aunonae, ou curador do cst q 1Il.:de cereais. Isso ugcrc que de associações em Corinto na virada do século I d.C., se não antes, um mo-
I1 Iul uu: 11111>irtuntc patrono da colônia." Sabemos que houve vários períod s numcnt crigido pela associação das divindades tutelares da casa imperial no
d, 1111111'11\1I' .lnudo de Cláudio, e que um deles, em 51 d.C., foi especialmente , meço do século 11.91
I I I MI I Illlp I I' vavclmerrte se tomou um importante benfeitor da cidade Membros dessa associação coríntia, sob a liderança de dois de seus mem-
111 I JI 'Iludo. Isso faria dele um contemporâneo de Paulo. Com esses benc- I 1'0 mais destacados." reuniram-se para prestar culto às divindades tutelares
li, " v I lis que 01' rcceu, era inevitável que Dinipo se tornasse duovir e mais da casa imperial. É de presumir que sacrifícios e refeições constituíssem parte
1,,"1i luuvir quiuquennalis (cerca de 52/53 d.C.), bem como agonothetes da importante de suas atividades." Os dois membros notáveis foram Tito Flávio
I ,'1111/1'(1t'uosarea e dos jogos ístmicos e cesáreos (cerca de 55 d.C.).84 Tal como Antíoco, um liberto do imperador, e Tibério Cláudio Primigênio, provavelmente
lI.dl I 1'11111, inipo também foi ocupante de alguns cargos sacerdotais. Foi filho de um liberto. A estrutura da associação era hierárquica. Havia as divinda-
01/1 '/11, 1)\\ S 'ju, membro de um honorável sacerdotado do império romano. des, os patronos ou líderes e os membros.
( )1111'-n I -se superar os concorrentes, precisava talvez de algo mais do Não por acaso, a estrutura de base de muitas outras associações lembra a
'1\11 I 1J1Il''l.11.Vir de uma boa família era útil. Mas como a maioria dos notáveis de uma hierarquia patronal. Talvez porque a lei permitisse às pessoas a organi-
.11 I IIllI '111 strava ávida por homenagear a casa imperial de uma ou de outra zação de associações para fins religiosos, muitas associações eram criadas em
111.11\111 I, ( 'r ligações com autoridades romanas poderia dar vantagem a uma homenagem a uma ou mais divindades." Essas divindades podem ser compa-
I" \11 nublei sa, De igual forma, o apoio de um homem influente no conselho radas a uma espécie de patrono divino. Estavam abaixo delas suas contrapartes
1'1 \ ti lei ' íumbém podia ser buscado por quem desejasse subir a escada do po- humanas, os patronos. No começo do período do Império, não era incomum
,I, I I 111Corinto, especialmente quando não vinha de uma família particularmen- que essas associações convidassem homens ricos ou influentes para servir de
I' 11 II\lV 'I.~'Uma adequada atividade de relações públicas era um importante patronos." Homens ricos e poderosos eram homenageados ou louvados pelos
I 1/'11 di' HII<':l.:So na busca da fama e do poder.
1'1110S una, o patronato era uma das maneiras por meio das quais se orga-
86 Ver a resposta de Trajano a um pedido de Plínio para que se organizasse uma brigada de incêndio (Ep.
11 I 'li 11S cicdade de Corinto. Devido a essas relações, pessoas de diferentes 10.34). _
111 \ I o li ) imperador ao cidadão de uma dada cidade, achavam-se ligadas, ainda .7 Os pobres podiam formar associações, desde que as reuniões ocorressem apenas uma vez por mes
(Digest,47.22.1 = Sherk, Roman Empire, n. 177A).
'11\1 1\1 Interesses pudessem não ser os mesmos. 88 Tácito,Ann. 14.17.

•, Meu propósito aqui é mostrar que a estrutura de muitas dessas associações era similar a uma hierar-
quia patronal. Para estudos adicionais sobre as associaçõess, ver, por exemplo, S.Di!l,Roman Society from Nero
to Marcus Aurelius (Londres: Macmillan, 1905), p. 251-286; M. N.Tod, Sidelights on Greek HIStOry, Oxford: Basíl
PATRONATO E INSTITUiÇÕES Blackwell,1932, p. 71-96; K.Hopkins, Death and Renewal: Sociological Studies in Roman History, T.11,Cambridge:
Cambridge University Press, 1983, p. 211-217. .
90 Por exemplo, a associação dos músicos de orquestra (lLS, n. 4966 = SherK, Roman Empire, n. 177B);a
,'t o patronato era um fenômeno tão penetrante em Corinto, imagina-se associação dos condutores de mulas e jumentos (lLS, n. 7293 = Sherk, Roman Empire, n. 177C);a associação dos
1I\1I1111I11I1\.'l1leaté que ponto essas relações poderiam estar estabelecidas na so- comerciantes de feno (lLS, n. 1577 = Sherk, Roman Empire, n. 177E).
.0 Kent, Inscriptions, n. 62. A presença de tal associação confere apoio adicional à minha sugestão acima de
, li dlitll' . m um todo. que a casa imperial era altamente honrada em Corinto. De acordo com Kent,os membros da associação eram
provavelmente homens libertos da colõnia (lnscriptions, 35). Sendo verdade, fica-s~ sabendo que os dirigentes
'W, I, I otln Inscriptions, n. 86-90; Kent, Inscriptions, n. 158-63;cf.também L.R.Dean,"Latin Inscriptions from imperiais eram homenageados não só pelas classes dirigentes locais,como tambem pelos libertos.
"Ibid., p. 35.
o "1111111"11li 1\11\, n. 22, 1918, p. 189-190. Foram recuperadas, ao menos até agora, dez inscrições com os mesmos " Enquanto se usavam incenso, vinho e flores para o culto do genius de um paterfamilias específico: sa-
,11'I I 1\/lI ' ma ordem. Foram feitas possivelmente por tribos coríntias distintas. O nú.mero puro e Simples de crificava-se uma vítima ao genius Augusti (I.S.Ryberg, Rites of the State Religion in Roman Arts. Roma:Arnerican
111,11 '" 11,1\.\ m homenagem a ele sugere que esse homem não era um lídercomum. Et~mbém digno de nota Academy in Rome, 1955, p. 55, 62. Sobre o desenvolvimento do culto dos Lares Augusti, ver Taylor, Divinity, p.
I" 111'10111\'1( ri o tenha sido autorizada por um decreto do senado local(v:'est,Latm Inscnptlons~ n.89). 184-85.
• I 1\ ur dores eram indicados em épocas de ameaça de maruçao ou de real maruçao, tendo_ por res- •• Por exemplo, Silvano era honrado pelos carpinteiros (c/L, 13.1640) e pelos entalhadores (lLS n. 3547),
I' 11 11111111,111 minorar as carências da cidade, seja por meio da comprade cer.ea~sou da distribuição ~ed,- Anona e Ceres eram adotadas pelos medidores de cereais (lLS n. 3816,6146).As vezes, o qetuus de seu patrona-
,li 1\".1\1111\111 ria das vezes a partir de seus próprios recursos. (West, Latin inscriotions, n. 73); Bagdlk,.a~, Civic to era alvo de homenagens (c/L, 5.7469). Ver Duff,Freedmen, p. 116-117; R.MacMullen, Roman Social Reiotiorn,
0111'
I 1i:11 111-19;Garnsey, Famine and Food Supply in the Greco-Roman World: Responses to Risk and CrlSIS.Cam- 50 B.C. to A.D. 284, New Haven, Yale University Press, 1974, p. 82-83.
Ilhlq 1 1/lIIlrldg UniversityPress,1988,p.230-231. 9S Na Óstia, Gneus Sêncio Félix foi um dessespatronos ricos e poderosos (ILS, n. 6146= Sherk, Roman t n,
"I Illo,l\nn. 12.43;Suetônio, C/audius 18. pite, n. 182).Ele não apenas foi eleito para importantes cargos municipais como aeditis, quaestor do 1(",OltrOtI.\
I WI I,I tuln Inscriptions, p. 72-73. Óstia e duovir, como também posições honorárias como patrono de diferentes grupos e club .
111110Crlsóstomo, ar. 45.7-8; 50.3.
I'AI II1I (11M"! I~I(I I' 1111// 111, 11111111

111 1111"11 ti I I11} 1111'I. 1\'11' I!J II \ h \11 ,li 'I Iv11111111,( '111li11I1 '1111Illllll ) d li I'UIl 1/11' 1\1 1111(, 1\1111I ti' dhlh'll'o I 1\ 0\'1 lI,' 111,111111\ Jl 'HH li lese] HlI ti' 111'I' 'HSHI'n 'stu
1111111 li IH /lI' I 1 JlII'I P 'l'p '1\111' \1 nuruo <i' \1111I 'li 1111111'11,'1/ l'or iutro 111lu, lill 111\I 'o!l( ','IIS VlIll(lIg 'nH ol' 'I'l'(,!\ IIIS Ilnhu d ' pu rar um montante rclativarncn-
111111111111'11111\111II1111h"11Ig stuvnn: de t '1'lllUlll'1I rl 'U '1I\I1'1<.:ld: e IlW I ' " '(lu 'li '0111 (UXlI de inscriçã .uc 1111unhado de uma ânfora de bom vinho,
11111111111111'11 HI'I'IH)I' 'I's prol Tidos' bcn '/k:iod H,'IH 11que li ' acrescentava uma contribuição mensal.
r I /1111111'I dl' umn 111.rurquia patronal « que til\llIl as livindadcs padre- I\. partir do quadro acima da organização na associação em Lavínio, talvez
11I 1111IlIjl!), IIUIII 'IIH ric s c poderosos como patr nos e líderes no rnci e 1\11 seja difícil perceber suas semelhanças com uma espécie de hierarquia pa-
111Ildll I ('!IIIII1IIH 11[\ base - 6 revelada com mais nitidez numa inscrição de li' nal. No tocante a isso, não é improvável que a associação reflita a estrutura
I .uurv li, II'oqO '111»ncntc citada, em que se registravam os estatutos de uma so- I lítica mais ampla da época. O tratamento especial concedido ao patrono e
, 11dlllll di' ('''111111111 'l1t.'l'l rn a aprovação do senado romano, a sociedade foi (I s membros principais também seguia o princípio da reciprocidade que cons-
11111111\11/1 1'111IllIllIe das divindades Diana e Antinoo.t?" Os membros reuniam-se tituía a base do sistema patronal. Mas os paralelos parecem ir além das manei-
"'1" 111,,111dI' Anunoo em que foi encontrada a inscrição em que se registravam I'US como se estruturavam as relações na associação. Porque o título conferido
1IIIlHu du S cicdadc. Em louvor das divindades padroeiras, celebravam- 00 principal dirigente, quinquennalis, era na verdade um cargo honorífico do
111 11111111 'i ti e m um culto seguido de banquete. Tal como muitas outras governo municipal. 101 Seja esse empréstimo de termos intencional ou não, a
I 111 III~II\'., IUII1b6m esta contava com um homem proeminente como patro- semelhança de estrutura entre a associação e o sistema político é demasiado
•I 1'llIllIv/I H' de Lúcio Ccsênio Rufo, que era coincidentemente o patrono da evidente para ser deixada de lado. É possível que simplesmente houvesse um
1IIIIIIi'Ip di 10 I', Ele prometeu fazer uma doação à sociedade. Sob a proteção reforço mútuo.
11 IltI 1111rono, ,1 associação provavelmente podia ter certeza de reunir-se sem
1111'1111"\'110,'om a dotação feita por ele, os membros podiam ter mais dinheiro o patronato e o lar
1111,'li 111' '1l1 suas festas. Para recompensá-lo e talvez também para explorar
IIlltI li} ('11'I' sidade e gentileza do patrono, foi proposto que os aniversários Trimálquio era um liberto'?" que tinha sobre si um patrono.!" Ele enrique-
li. I IIIIIIUIIO e de membros de sua família, incluindo o pai, a mãe e o irmão dele, ceu no comércio. Era, portanto, adequado que adotasse Mercúrio, o deus do
III"IIH'III fosscm celebrados em banquetes. Assim, há um interessante paralelo comércio, como divindade padroeira. 104Na qualidade de homem rico, ele tinha
11I1I /I 1IIIIIlcira como se homenageavam os patronos e o modo de hornena- seus próprios clientes. Isso pode ser claramente visto em suas relações com três
111111 divindades padroeiras. De igual forma, a homenagem a um patrono em grupos de pessoas: seus libertos, seus amigos literários e os que buscavam sua
I 111111111l), 1'11membros de sua família também lembra as honras prestadas ao ajuda, financeira ou não.
11111"I ulor c aos membros da família imperial. Os escravos emancipados pelos mestres tornavam-se nominalmente pes-
ocicdade tinha seus próprios funcionários administrativos, eleitos pelos soas libertas. Mas, na verdade, nem eram totalmente livres do domínio nem
1111111111'11/>1.principal funcionário era o quinquennalis. O quinquennalis era iguais em status a seus patronos. Assim, ainda que a relação entre um liberto
I1!,lvl'l pura receber uma porção dupla de comida, e mesmo seu auxiliar tinha e seu ex-senhor fosse comparada à do filho com o pai;'?" essa era uma maneira
1111111111uma porção e meia. É possível, embora não se saiba com certeza, que de dizer que ele ainda estava sob o poder do patrono, tal como o filho sob o do
I 111'll'llyO de nível hierárquico também se refletisse na distribuição dos assen- pai. Nesse contexto, a assunção do praenomenon e do nomen do patrono pelo
III l'urquc, em contraste com o patrono e o funcionário principal, que doavam liberto pode ser compreendida como símbolo do poder deste, de maneira sim-
bólica, sobre o resto da vida do liberto. Isso lembraria, de modo bem sutil, que
o liberto devia sua liberdade (ou nova vida?) ao patrono. Logo, ele deveria ser
111111\oclaçãopropôs que uma placade bronze com a resoluçãopor ela tomada no sentido de eleger
1111111'"111111 omo patrono fosse colocadana casa deste último,casoele aceitasseo posto e,presumivelmen-
11I IIIII"~a associação (ILS, n.7216 = Lewise Reinhold,Roman Civilization, T.II,p.276).
" 11111 ~ I gio de Esculápioe Hígiafoifundado por uma senhora ricachamada SálviaMarcelinaa fimde 101 Sherk,Roman Empire, p.265;cf.também Stevenson,Roman Provincial Administration. p. 149,172.Outros
111111111111mórla de seu falecido marido (ILS, n.7213;Dill,Roman Society, p.262). títulos vindosde cargosde governos locaisatribuídosa dirigentes de associaçôeseram os de magistri,praefecti
!N r incomum que uma associaçãochegasse a tal situação de penúria que tivesse de se dissolver e quaestores (Dill, Roman Society, 269-271).
11/ 11I J II)n• Lewise Reinhold,Roman Civilization, T.II,276-277).Sóbre o uso de patronos para assegurar os 102 Petrônio,Satyricon, 57.
1111.I ti associações na República,verM.Gelzer,The Roman Nobility, Oxford:Blackwell,1969,p.92. 103 Petrônio,Satyricon, 52.
"I li. 14,2112= ILS, n.7212 = Lewise Reinhold,RomanCivilization, T.II,p.273-275(136 d.C), Paradiscussôes 104 Petrônio,Satyricon, 29,77.Acreditava-seque Mercúriotivessesido quem o ajudara a chegar ao cargo de
dh 11111/11.ver DIII,Roman Society, p.259-261;MacMullen,Roman Social Relations, p.78-79;R.L.Wilken,The Chris- sevir, ou seja,uma função municipalde responsávelpelo culto ao imperador (J. P.Sullivan,Petronius: The Satyri-
"0111lil 11/1' nomans SawThem, NewHaven:YaleUniversityPress,1984,p.36-39;Garnseye Saller,Roman Empire, con; Seneca: The Apoco/ocyntosis, ed. rev.Harmondsworth:Penguim Books,1986,p. 188).Também vale a pena
I' I ,. 1'1/, observar que os Laresda casa eram igualmente cultuados porTrimálquio(Petrónio, Satyricon, 29).
1i"'V'II'lllP na mencionarque Antínoonão era exatamente umdeus,mas um homem deificado.Tratava-se IOS Diqest 37.15.9:"Apessoa do patrono ou Pilideveria também ser honrada e considerada sagrada pelo
.1, 1IIIIIIIVorllo de Adriano,que recebeu honrasdivinasdepois da morte,em 130d.e.Talvezem seguimento do liberto ou filho"(Duff,Freedmen, p.36).Vertambém T.e. Sandars,The lnstitutes of lustlnlan, Londres:Longmans,
ti 1I11t1I,ltll1Ibém se exprimiramnessa inscriçãobons votos em favorda casa imperial. 1952,p.21.
1'1\\ !I I I I1 IMI'II 11) I' IIIIIIAIII, AI II'IIIAIII I'! J\ ti I'

111111 1111111'111'I' IIllhll ), I': li 'VI'I'I 1IIIIIvr I li 111


1 1\ 1'111,'11) I' ),1'1\' 1111' lllllldll !\lIl'lIllll'll'ill ti I I'L,III~'IIII1>011'111\11
1'1/1'1111'1'1111'\ i o '1111)I' , ) llbcr: ,qu'
1"11 11 1111' 1\1'I I'Ol'llJ 11 '1i(1I1 .lonu ItI I I' 1'1, 1\ 11Il1\I1'l'ZIII>111'01111du I' 'IH((H entre um paír -
~tll IIIV I tHill'lIi'1l 'giHIIl((O 'S ti' pr I '((ti) IIU, 1111'1't;Si'lUS I putr 11\1 1'1'() 'S 'lIH umig S til 'I' 11'1 H iru multo Illllis informal e sutil. Afora c isas
IlId'I, II1II I IIl'l'lu \ll\) P lill ti ir de 1110c.l prcjudi .inl u seu putr no,IUI Nessa 1IIIIg vois.!" s clientes literários podiam também obter benefícios intangíveis
I 11111/1,/111, '1IIIl I iV 'tis!: permissão especial do prctor, o li bcrto nã podia mover '01110 portunidadcs de exibir seus talentos que podiam granjear-Ihes fama. 118
II II11 PI'I)l', 'l)il (,;01111'<1 o patrono.!" Assim, na prática, o liberto dificilmente I)' LIIn<1 utra maneira, também o patrono precisava da companhia de seus
11111111 h-v 11'0 puí rono ti tribunal, mesmo que fosse injustiçado, Por outro lado, 11111 s literários. Porque tendo um grupo de homens literários ao seu redor, o
"llIu'llll 111/\[\ o I 'ver de continuar a servir seu ex-senhor.P? É digno de nota pntrono tinha aprimorada sua dignidade de homem cultivado. 119 Eles podiam
llIli II dll'('l!u do putrono alcançasse até a propriedade do liberto, dado que, se- I 'I' certeza de que sempre haveria quem aplaudisse suas ações, 120para não men-
IIJIiIlI,IIIIt'I, l) polI' no podia ler uma parcela do legado do liberto, 110Claro que .lonar obras literárias que Ihes louvassem a benevolência e as virtudes.P'
I 1IIIIHJlIU, .omo parte da relação de troca, também tinha suas obrigações, I 11 Tendo-se dito isso, é preciso observar que sempre haveria diferenças e
f\ tIl II 'Vl' :;(;1' bem bvia a existência de uma relação desigual entre o patrono e lcsigualdades entre o patrono e seus clientes literários. Essas características da
1IIIu'I'lu, relação costumavam se mostrar em duas ocasiões: o jantar festivo e a saudação
t lu: Hl'gllndo grupo de pessoas que se agregavam ao redor do patrono rico matinal. Embora fosse o lugar de o patrono exibir sua riqueza, elogiar a si mes-
I 1/1111(I lII11ilrOS literários ou homens com habilidades especiais, como filósofos mo e recompensar os serviços de seus clientes.w a mesa do jantar era também
1111I'l' ,UIIS rcligi sas. O fato de ser costumeiro que alguns satiristas denuncias- lugar em que os clientes tinham de cumprir seu dever, ainda que Ihes causasse
I 11I 11 cole Y,IS por se associar aos ricos e poderosos e por lisonjeá-Ios sugere inconvenientes. 123O alimento era o primeiro testemunho de suas posições de-
'1111\ 1'1'/1 muit comum que homens literários se agregassem a casas ricas.!'? siguais. Não era incomum que os satiristas protestassem contra o oferecimento
1111111\'11111 .ntc, muitos dos satiristas famosos eram eles mesmos, na verdade, li clientes de comida e vinho inferiores, enquanto se serviam comida e vinho
I 11\111'H ti ' patronos ricos.'!' No tocante a cortejar casas ricas, os filósofos apa- superiores ao anfitrião e seus honoráveis amigos.'> A distribuição dos lugares
111111'111 intc não estavam muito para trás.'!" Tal como os satiristas, alguns deles contava a mesma história.!" O lugar de honra ou a terceira posição na mesa do
11111111\'11\ debatiam sobre o problema de receber agrados de patronos ricos.!" meio, às vezes próximo do anfitrião, era reservado ao principal convidado.i"
, 11'111de poetas e filósofos, figuras religiosas como adivinhos também podiam Os clientes comuns teriam compreensivelmente de ocupar lugares menos hon-
I I 11'l'nl rc os seguidores de um patrono rico e poderoso. 116 rados, 127o mesmo ocorrendo com os li bertos. 128Os escravos e os pobres tinham
simplesmente de jantar sobre um tapete ou encostados na parede. 129Mas a dife-
rença entre o patrono e seus clientes ia além disso. Porque para ser um cliente
111,11'111-5 sugerido que os libertos ingratos podiam ser punidos na fase inicialdó Império (Suetônio,Cláu-
1/(,1'/;UloCássio60.13;Sandars, Institutes, 60-61).
111/j, A.Crook,Law and Life of Rome. London:Thames & Hudson, 1967,p.51-55.
"" 1)10 sr 2.4.4;5andars'/nstitutes, p.500;Duff,Freedmen, p.37-40;P.Garnsey,SocialStatus and Legal Privilege I" Um amigo literário poderia ser convidado para o jantar. Horácio,Sátiras 2.7.32-42;Marcial,Sátiras 3.60;
11111", !I()/JW/1 Empire. Oxford:Clarendon, 1970,p. 182. Juvenal, Sátiras 1.52.5;(Epístolas pseudo-socráticas 9).Ou podia receber presentes em dinheiro (Pérsio,Prólogo;
IlIij() putrono podia exigir do liberto diferentes serviços, como cuidar dos filhos,servir os amigos e até Marcial,Epigramas 10.75;Juvenal, Sátiras 1.128;Epístolas pseudo-socráticas 9; Plínio,Ep. 3.21.3),roupas (pérsio,
·'Ii" 1,11ti patrono que caísse na pobreza. Para maiores detalhes, ver Duff,Freedmen, p. 40-46. Sátiras 1.54;Epístolas pseudo-socráticas 9),e mesmo terras (Horácio,Sátiras 2.6;Juvenal, Sátiras 9.59).Elepodia
1111undars, lnstitutes, p.21, 63-64.Na época da República,o patrono podia ficar com a metade do espólio também ser levado em viagens com o patrono (Horácio,Sátiras 2.6.40-41).
," '111IIIJrto. Naépoca de Paulo,o liberto tinha de ter três descendentes de sangue para impedir o patrono li' Plínio,Ep. 8.12.
IIi I1I1l!Junldireito com o único ou com dois descendentes se o espólio valesse 100 mil sestércios. Se os des- li' Petrônio, Satyricon 48, 55.
11111111111105 não fossem de sangue, o patrono podia ficarcom a metade. VerW.W.Buckland,ATextbookofRoman 120Essasações poderiam ser um discurso no fórum (Marcial,Epigramas 6.48;Juvenal, Sátiras 1.128),uma
I'IW, 1." od.Cambridge: Cambridge UniversityPress,1968,p. 597;Duff,Freedmen, p.43-44;Crook,Law and Life, recitação (Marcial,Epigramas 4.49; 10.4, 10;Juvenal, Sátiras 1.52)e mesmo espirituosidade à mesa do jantar
I' 'I I ~~. (Petrónio, Satyricon 34-35,41,48).
IIIP r exemplo, o patrono tinha o direito de agir como tutela para proteger os interesses de uma liberta, 12'Horácio,Sátiras 2.6;Pérsio,Sátiras 1.50-56;Plínio,Ep. 3.12).
111111111I1 velha que fosse, ou de um liberto com menos de 20 anos de idade, dando-Ihes conselhos legais e 122Juvenal,Sátiras 5.12-15.
11111ntundc-os no manejo de sua propriedade. Do mesmo modo, se um liberto tivesse de fato necessidades, 123Horácio,Sátiras 2.7.32-34;cf.Juvenal, Sátiras 5.15-23.
1IJlillrtll10tinha de prover seu sustento. Ese um liberto fosse assassinado,o patrono tinha de ajudar a levar o '24Marcial,Epigramas 3.49,60;6.11;Juvenal, Sátiras 5.24-25.Observe-se também o aparente desgosto de
1111111110 o à justiça. Para uma discussão mais ampla, ver Duff,Freedmen, p.43,48-49. Plíniocom respeito a essa prática (Ep.2.6).
lI)Ilorácio,Ep. 1.19.35;Pérsio,Prólogo, Sátiras I;Plínio,Ep. 5.19. 12'Para mais discussões da organização romana dos lugares à mesa, ver "Triclinium" In:A Oictionary of
111Horácio,Sátiras 2.6.40-41;Ep. 1.7;Pérsio, Sátiras 1.108-9;Marcial,Epigramas 1.20;3.60; Plínio,Ep. 3.21; Classical Antiquities: Mythology, Religion, Literature and Art, rev.H.Nettleship e J. E.Sandys. London:Swan Son-
IIIVlllhll,Stiras 5. nenschein, 1894,p.653;J. E.Sandys, ed.,A Companion to Latin Studies, 3.' ed. Cambridge: Cambridge University
11; 1'ácito,Anais 16.32;Hist. 4.10.Cf.DioCrisóstomo,Oro77/78.34-35. Press,1921,p.206-207;OCO,p. 1093-1094.
11Assim,nas cartas socráticas,os filósofosque encontravam abrigo sob o teto das casas ricastornaram-se 12'N.Rudd,Horace: Satires and Epistles; Persius: Satires. Harmondsworth: Penguin Books,1979,p. 122.
1IIIIlipoa ser atacado pelos cínicos ascéticos (Epístolas pseudo-socráticas 8,9). 127 Juvenal, Sátiras 5.15-18.
II~Um duovir e um aedilis de uma cidade podiam ter um adivinho como assistente (Abbott e Johnson, ue Sullivan,Petronius, 189 n.9.
Mllil/clpal Administration, n.26,LXII= Lewise Reinhold,Roman Civilization, I,421). 12' OCO, 1094.
IIAlli I I I I,..,1'11IIJ I' 11111/1111, '1111111 I11I I 1'1111I 1 fJ

1111111111,11dll, II I 1111\1.0 • (I! II I' I II'pl I di 1111111,1111 I' I, II~I ItI II U li III'UIIU 1 lU 111ti l'll'Vlldll ',I' 11'.1')I \1111ulv 11\ItI I, rqu 'I' l' 'li!) ndc li chumado,
I 111111li I11'111 ,). 11I 01 ili 1111 ,111I 11ruclc UUII'o .sru S '11 I) juljuulu, lI111'l ainda O defende, outro mais profere
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1 1\ .l'tI '11'I\I's' mvi In íos I ) I 'I' '111 S '111.nçu: nin zuérn afirmo s 'U dircit ti si mesmo, todos se desgastam em
, II I 11j1l'1'1I1ti I '1Il1HlItivu lcstu da noite untcrior, .lcs tinham de se levantar I .ncflci uns dos outros. Inquiri sobre os homens cujo nome aflora fácil-
1I d'l 1'11 I i tuuprlr H 'll IeVL:1'nu saudação matinal.'!' Re cbcnd a sau IHÇUOdo mente à boca e vereis que estas são as marcas que os distinguem: A cultiva
,11111 ,11 P 111'011) P ) lin mais uma vez satisfazer seu desejo de ser supcri I' e cli- \3, e B cultiva C; ninguém tem senhorio sobre si mesrno.!"
11111111',11I1l1()pernruc s pares como diante dos que lhe eram hierarquicamente
111I 111'1'.Vlslrnndo s I atr n s, alguns clientes pobres podiam obter alguma Podemos dizer com alguma confiança que o patronato oferecia uma das
.r[iuln IIIIIII\.: 'il'll que lhe minorasse a miserável vida.!" É preciso contudo as- maneiras por meio das quais se teriam organizado as relações em Corinto. Os
111I1111 IIlll' 11'111lodo cliente era tratado do mesmo modo. Numa referêneia ao e n plexos de relações da comunidade, que envolviam as pessoas comuns, os
, IIIIIU' ti I suudaçâ matinal, Sêneca sugeriu que os amigos ou clientes eram notáveis locais, os funcionários romanos e, de certo modo, o imperador, tam-
,I, 1111ti' 1I11H1 classificação de acordo com a qual eram tratados pelos patronos bém podem ser vistos como redes entrelaçadas de patronos e clientes.
I1I1 ,'I IlItI 'S <':UliíJS.1 3 S amigos mais próximos eram recebidos em particular, Esperava-se que o patrono oferecesse proteção e prestasse favores que
I 1IIlIIlJH íntimos na companhia dos outros e o resto era recebido en masse. podiam não estar acessíveis por outros meios. Em troca, eles podiam esperar
1,11'I I 'ju esse o motivo de alguns clientes se queixarem de não ser admitidos poder, honra, apoio e talvez mais benefícios. Assim, o imperador estabelecia
11111111inhiu cI patrono, ao passo que outros o erarn.!" Embora alguns pu- nas províncias seus funcionários leais, que lhe davam apoio e serviam aos seus
di (111 I' clamar, talvez as mesmas pessoas aparecessem outra vez na manhã interesses. Os notáveis locais usavam a riqueza para cuidar do povo comum,
1'\1 11I" AI umas poderiam Iazê-lo por um sentido de dever como clientes fi- que votava neles para cargos de honra e privilégios especiais. Do mesmo modo,
1\ ()ul I' S, porém, tinham de fazê-lo por necessidade, e este último grupo de os patronos das associações e os chefes de casas individuais também podiam
\, I. '1"1 terceiro grupo de clientes sob um patrono influente. Eram as que gozar de privilégios e poderes especiais em função de suas posições nos res-
I1II I (VIII» a ajuda dele em diferentes questões; alguns queriam o apoio de um pectivos grupos. Embora na Corinto do século I a honra e o poder, políticos ou
11111111110 importante para conseguir uma carreira pública.!" outros precisavam religiosos, fossem buscados por homens ambiciosos, o caminho para a fama era
I" 111 di cio patrono em questões legais. 137 provavelmente marcado por intensa competição. Para subir a escada do poder e
da honra, era preciso ir além dos requisitos básicos em termos de propriedade.
Assim, para quem não vinha de uma boa família, como os libertos, era essencial
CONCLUSÃO cultivar relacionamentos com homens de influência, e se possível com as auto-
ridades romanas. Talvez seja por isso que muitos dos notáveis locais eram, ao
I':xominai aqueles cuja prosperidade os homens acorrem qual rebanho mesmo tempo, sacerdotes do culto ao imperador.
I /11'[1C ntemplar: eles se vêem esmagados pelas próprias dádivas que rece- Os valores e a estrutura da sociedade patronal também se refletiam nas
lu-ram. Para quantos são as riquezas um fardo! De quantos a eloqüência e instituições, como as associações e casas. Nesses contextos, tem particular in-
() 'sr rço diário de exibir o poder que detêm extraem o próprio sangue! ... teresse observar que as relações patronais podem ser consideradas projetadas
quantos o bando de clientes que se acumula a seu redor priva de liber- para além do domínio das relações humanas, alçando-se ao das relações entre
ti IdL:! Em suma, percorrei a lista de todos esses homens, do mais inferior o humano e o divino. Assim, ainda que pudesse ser o patrono de muitos, um
proprietário rico precisava da proteção de um deus padroeiro.
Se o patronato era parte tão importante da vida da Corinto romana, seria
1"'lltJr,elo,Ep. 1.18;5êneca,De Ira 3.8.6;3.35. de todo irrealista esperar que os cristãos ali residentes estivessem totalmente
111 MdrclI,Epigramas 10.82;Juvenal,Sátiras 1.95-138;5êneca,Da vida breve 14.4;Plinio,Ep. 3.12.2.Vertam-
111111I, I',V,D. 8alsdon,Life and Leisure in Ancient Rome. London:BodleyHead,1969,p.21-24. infensos à sua influência e se comportassem de maneira totalmente nova logo
liAIle,ndo à porta do rico,o clientepobre podiaser agraciadocom uma sportula, que é tanto umacesta depois de sua conversão. Pelo contrário, é bem provável que o patronato venha
+I,1IIIIIIIIIllOScomouma pequenasomade dinheirocapazde satisfazeras necessidadesdiáriasde comprade
11111111110\ (Juvenal,Sátiras 1.128). a ser o fundamento da compreensão dos vínculos relacionais da Igreja e de al-
"", n ca,Dos benfeitores 6.34.2. guns dos problemas que Paulo discutiu em 1 Coríntios.
I"', neca,De Const. 10.2;Juvenal,Sátiras 1.100-101.Pararesolveresse problema,o conselhode clientes
1111I'1ll5 era subornaros empregadosou ficarà esperados patronosna rua (Horácio,Sátiras 1.9.56-58;Ju-
1111, dllras 3.189).
111MJrcial, Epigramas 10.28.
11.MJrcial, Epigramas 12.26;5êneca,Da vida breve. 14.3;20.1;Plutarco,Moralia 814D.
111 11ca, Da vida breve. 11.4. 13. 5êneca,Da vida breve. 2.4(LCL).

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