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➣ Livros e olhos brilhantes
No dia 12 de julho de 1997, com o Sol raiando, em um casebre, nasceu uma menina
de olhos castanhos brilhantes e intensos. Sua família deu a esta criança o mesmo
nome de uma heroína afegã: Malala.
Ziauddin, radiante de felicidade e tendo em mente o objetivo de ser um pai justo,
fez algo incomum no país: Transferiu-lhe seu sobrenome. Dessa forma, Malala se
tornou a primeira menina registrada na
árvore genealógica do clã Yousafzai em
trezentos anos.
Desde pequena, a curiosidade fazia parte
de si. Ela queria saber o porquê, quando e
onde. Costumava fazer perguntas difíceis e
expor suas opiniões sem medo. Isto
encantava as pessoas à sua volta.
Seu pai, o mais próximo de Malala,
também foi indispensável para sua formação
como ser humano. Ziauddin explicava a
importância da educação, sem interrompê-la
quando revelava o que achava deste e de
outros assuntos. Ela era ouvida e levada a
sério, mesmo sendo uma criança.
“Muitas
pessoas já me
perguntaram o
que fiz de
especial na
criação de
Malala para que
fosse tão
confiante,
articulada,
esperta,
corajosa… E
sempre
respondo: Não
me perguntem o
que eu fiz, mas o que eu não fiz. Eu não cortei as asas dela. ’’
- Disse em uma entrevista concedida à Crescer.
Estas características de sua personalidade foram úteis no âmbito escolar. Neste, ela
era uma das, ou talvez a melhor, aluna de sua classe. Suas notas altíssimas não se
deviam ao fato de Ziauddin ser o dono da instituição, a Escola Khushal, e sim
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graças aos seus esforços, frutos da paixão que nutria pelo estudo.
Contudo, o que mais gostava era poesia, a leitura. No colégio, costumava trocar
livros com suas amigas e debater sobre. O seu primeiro foi “O Alquimista’’ de Paulo
Coelho, que também ocupa o topo no quesito de preferência.
Malala tem dois irmãos, sendo a primogênita. Seu pai sempre deixou explícito que
os três são iguais, sem distinção de gênero. Deu os mesmos direitos a todos e,
inclusive, à sua esposa, Toor Pekai.
Todavia, um pouco antes de completar dez anos, um fato mudou sua vida
completamente. Ou melhor, uma chegada. Primeiro, para fazer sentido, precisamos
fazer uma viagem no tempo...
➣ O Talibã
Nossa viagem levou-nos para a década de 1990. Nesta época, o Afeganistão, após a
retirada das tropas soviéticas, foi tomado por uma guerra civil. Assim formou-se, no
sul, um grupo chamado Talibã, liderado por Mullah Mohammed Ommar. Formado
principalmente pelo povo pashtun, sua promessa, além de restaurar a paz e
segurança no país, era impor sua própria versão da Sharia, a Lei Islâmica, e impedir
influências ocidentais. Com o tempo, suas motivações o levaram a cometer ações
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rígidas, como execuções públicas.
Muitos de seus integrantes, durante a Guerra Fria, tinham estudado em escolas
religiosas, as madrassas. Contudo, a maioria não sabia ler e escrever.
Percebe-se que este grupo é islâmico extremista, sendo considerado como
terrorista pela Rússia, EUA e outros.
Hoje em dia, sob a liderança de Mullah Haibatullah Akhunzada, o Talibã tenta
recuperar os territórios perdidos, atuando no Paquistão e no Afeganistão.
Agora, ponho
fim a nossa
viagem.
➣ Dias sombrios…
Em 2007, os talibãs desceram as montanhas e chegaram ao Vale Swat, ambiente
onde nasceu e morava Malala. Eles circulavam pelo lugar em picapes. Assustavam
os moradores. Portavam armas em suas mãos.
Os talibãs explodiram estátuas de Buda e destruíram aparelhos de TV, som, DVD,
computadores e máquinas fotográficas.
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Para os invasores, tudo era pecado.
A família real de Swat foi obrigada a fugir.
Assim como em todo governo nas mãos deste grupo, as barbearias foram fechadas
e as mulheres, além da obrigação do uso da burca, foram excluídas da vida social.
Qualquer pessoa que se opusesse às suas normas era executada e, para servir como
exemplo, seu corpo ficava exposto por dias na Green Chowk ( Praça Verde). Depois
de tanto sangue derramado,
passou a ser chamada de Khooni
Chowk (Praça Vermelha).
Pelo rádio, Fazlullah, membro
do Talibã responsável pela região,
anunciou que as meninas estavam
proibidas de estudar. Um prazo foi
estipulado para os colégios
fecharem as portas.
“Vale Swat,paraíso perdido’’,
assim o chamavam.
Ziauddin, insatisfeito com as
novas ordens e medidas, iniciou
campanhas e manifestações para
conscientizar os moradores do
quão errado e injusto aquilo era.
Sua filha estava sempre ao seu
lado.
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seus hábitos, então, após a tentativa falha de se acostumarem, eles retornaram ao
Vale.
A situação permanecia deplorável.
Mas, certo dia, o Exército expulsou o grupo extremista, exilando-os nas
montanhas. Aos poucos, a vida foi voltando ao normal. Portanto, com o perigo
longe, o pai Malala revelou que ela era a blogueira.
➣ Reconhecimento
A fama começou a fazer parte da vida da pequena Yousafzai.
Foi entrevistada por jornalistas curiosos, apareceu em um filme-documentário do
New York Times e recebeu diversos prêmios, como o Prêmio Nacional da Paz do
Paquistão pela Juventude, em dezembro de 2011.
Agora, a menina que sonhava em ser médica, tinha o desejo de formar-se em
política e semelhantes, para defender a educação das garotas.
O Vale Swat dormia em silêncio, sem tiroteios, em paz.
Será mesmo?
➣ O Atentado
O dia fatídico ocorreu no outono, em uma terça-feira de Sol.
9 de outubro de 2012.
Malala, igual a outras estudantes, foi à escola. Como eram as provas finais, o
horário da entrada foi mais tarde, ao contrário da saída.
As meninas cantaram o hino no terraço e entraram nas salas.
Quando as aulas terminaram, nossa protagonista e suas amigas, Kainat, Shazia e
Moniba, pegaram o
segundo ônibus.
Distraídas, elas não
perceberam que o dyna
parou abruptamente.
Dois homens haviam
feito sinal para o ônibus
parar. Um deles,
reconhecido
posteriormente como
Attaullah, entrou no
transporte, segurando
uma pistola. Dedo no
gatilho. Voz grave.
- Qual de vocês é Malala? - Perguntou.
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Antes mesmo de obter uma resposta, ele a reconheceu e atirou.
O primeiro tiro atingiu a lateral do olho esquerdo de Malala
O segundo e o terceiro perfuraram, respectivamente, o ombro de Shazia e a mão.
Os atiradores, membros do Talibã, fugiram. Para eles, o objetivo fora concluído:
destruíram a garota que desafiou as suas ordens, profanando o Islã. A pequena
Yousafzai era uma criminosa condenada a sentença de morte. Seu crime? Querer
estudar.
O motorista, desesperado, dirigiu, o mais rápido possível, para o Hospital Central
de Saidu Sharif.
Com o passar do tempo, nossa heroína voltou a ler, escrever, falar e ouvir. Seus
familiares sempre estavam perto dela.
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Sua luta pela educação inspirou e movimentou o mundo. Várias pessoas influentes
realizaram doações para ajudá-la nesta batalha. E, então, em 2014, Malala tornou-se
a pessoa mais nova a ganhar o Nobel da Paz, com 17 anos.
Pouco mais de cinco meses depois, ela voltou a estudar em Birmingham, onde a
família ainda mora.
➣ Epílogo
O que Malala viveu durante o regime
Talibã, é a realidade de milhares de
meninas. Por isso, estar consciente de sua
jornada é reconhecer quão importante é a
educação e sua problemática no mundo.
Em busca de investimentos para tal área, a
ativista paquistanesa criou a Fundação
Malala, sem fins lucrativos.
Muitos países e regiões têm baixos índices
de escolaridade, desvalorizando suas
instituições de ensino. - Malala comemorando sua formatura
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Em 2020, Malala comemorou sua formatura na Universidade de Oxford. Ela
concluiu a faculdade de Filosofia, Política e Economia, realizando um desejo de
infância. Quando criança, acreditava que desta forma, ajudaria melhor as garotas
impedidas de estudar.
Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2017/04/1582761-entrevista-malala-yousafzai
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/02/17/pai-de-malala-ela-va
i-a-festas-da-conselhos-e-falamos-de-tudo-menos-sexo.htm
https://g1.globo.com/educacao/noticia/ensinar-as-meninas-que-elas-tem-direitos-e
-crucial-diz-malala.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/10/121026_malala_familia_ru
https://revistacrescer.globo.com/Pais-famosos/noticia/2019/05/eu-nao-cortei-asas-
dela-diz-ziauddin-yousafzai-pai-de-malala.html
https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-ascensao-queda-ressurgimento-do-taliba
-23442272
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160327_origens_taleba_if
https://www.politize.com.br/taliba-terrorismo/
https://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2015/11/16/noticia-e-mais,174117/venc
edora-do-nobel-da-paz-malala-diz-que-o-seu-livro-preferido-e-o-alquimista-de-pa
ulo-coelho.shtml
https://www.purepeople.com.br/midia/malala-yousafzai-recebeu-o-premio-nobel_
m2695624
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https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/06/19/aos-22-ativista-malala-you
safzai-se-forma-em-oxford-alegria-e-gratidao
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2020/07/malala-yousafzai-7-pon
tos-para-entender-historia-da-jovem-ativista.html
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141214_mulheres_paquistao_yh_
cc
https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/blog/malala-no-brasil-importancia-jovem
-paquistanesa-luta-educacao-mulheres.htm
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/destaques-do-discurso-de-malala-na-o
nu.html
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Destinatário:
Professora Débora.
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- Comemoração da formatura da Malala
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