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➣ Um breve prefácio...

‘’Acredite em si mesmo. Mantenha-se confiante, com esperança em relação ao


futuro. Coisas ruins vão acontecer, mas se estivermos unidos, seremos mais fortes,
podemos fazer o mundo melhor e podemos contribuir para a mudança, então vamos
nos manter positivos e com esperança.’’
‘’Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo.’’
‘’Eu não me importo se eu tenho que sentar no chão da escola. Tudo o que eu quero
é educação.’’

Os enunciados acima pertencem à Malala, uma famosa militante que, quando


adolescente, sobreviveu a uma tentativa de assassiná-la. Atualmente, ela é uma
importante ativista na luta pelo direito à educação das mulheres.
A maioria das pessoas têm
apenas um conhecimento
superficial do atentado que a
jovem sofreu. Há mais que isso
em sua jornada.
Por que ela, assim como
milhares de meninas foram
impedidas de estudar? Como era
a vida da jovem antes do Talibã?
Aliás, o que era o Talibã?
Com o decorrer da leitura,
você, caro leitor, terá a respostas
destas questões e de outras não
mencionadas.
Aqui, será presenteado com
fatos, curiosidades,imagens,
partes de entrevistas e, óbvio, as
fontes para você conferir as
informações.

Antes de partirmos para o primeiro tópico, faremos uma viagem. Rodando o


globo, chegaremos a um país no sul da Ásia: O Paquistão. Desta forma, além de
sermos inseridos no ambiente central da nossa história, também estaremos em uma
nova realidade importantíssima.
Uma realidade em que as mulheres são oprimidas e até mesmo mortas por não se
casarem com o escolhido pela família. Uma realidade em que o islamismo, religião
oficial do Estado, é usado como justificativa para a ocorrência de tal violência. Uma
realidade dura e cruel. E, mesmo atenuada, atual.
Boa leitura.

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➣ Livros e olhos brilhantes
No dia 12 de julho de 1997, com o Sol raiando, em um casebre, nasceu uma menina
de olhos castanhos brilhantes e intensos. Sua família deu a esta criança o mesmo
nome de uma heroína afegã: Malala.
Ziauddin, radiante de felicidade e tendo em mente o objetivo de ser um pai justo,
fez algo incomum no país: Transferiu-lhe seu sobrenome. Dessa forma, Malala se
tornou a primeira menina registrada na
árvore genealógica do clã Yousafzai em
trezentos anos.
Desde pequena, a curiosidade fazia parte
de si. Ela queria saber o porquê, quando e
onde. Costumava fazer perguntas difíceis e
expor suas opiniões sem medo. Isto
encantava as pessoas à sua volta.
Seu pai, o mais próximo de Malala,
também foi indispensável para sua formação
como ser humano. Ziauddin explicava a
importância da educação, sem interrompê-la
quando revelava o que achava deste e de
outros assuntos. Ela era ouvida e levada a
sério, mesmo sendo uma criança.

“Muitas
pessoas já me
perguntaram o
que fiz de
especial na
criação de
Malala para que
fosse tão
confiante,
articulada,
esperta,
corajosa… E
sempre
respondo: Não
me perguntem o
que eu fiz, mas o que eu não fiz. Eu não cortei as asas dela. ’’
- Disse em uma entrevista concedida à Crescer.
Estas características de sua personalidade foram úteis no âmbito escolar. Neste, ela
era uma das, ou talvez a melhor, aluna de sua classe. Suas notas altíssimas não se
deviam ao fato de Ziauddin ser o dono da instituição, a Escola Khushal, e sim

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graças aos seus esforços, frutos da paixão que nutria pelo estudo.
Contudo, o que mais gostava era poesia, a leitura. No colégio, costumava trocar
livros com suas amigas e debater sobre. O seu primeiro foi “O Alquimista’’ de Paulo
Coelho, que também ocupa o topo no quesito de preferência.

Malala tem dois irmãos, sendo a primogênita. Seu pai sempre deixou explícito que
os três são iguais, sem distinção de gênero. Deu os mesmos direitos a todos e,
inclusive, à sua esposa, Toor Pekai.

- Família da Malala após o atentado

Todavia, um pouco antes de completar dez anos, um fato mudou sua vida
completamente. Ou melhor, uma chegada. Primeiro, para fazer sentido, precisamos
fazer uma viagem no tempo...

➣ O Talibã
Nossa viagem levou-nos para a década de 1990. Nesta época, o Afeganistão, após a
retirada das tropas soviéticas, foi tomado por uma guerra civil. Assim formou-se, no
sul, um grupo chamado Talibã, liderado por Mullah Mohammed Ommar. Formado
principalmente pelo povo pashtun, sua promessa, além de restaurar a paz e
segurança no país, era impor sua própria versão da Sharia, a Lei Islâmica, e impedir
influências ocidentais. Com o tempo, suas motivações o levaram a cometer ações

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rígidas, como execuções públicas.
Muitos de seus integrantes, durante a Guerra Fria, tinham estudado em escolas
religiosas, as madrassas. Contudo, a maioria não sabia ler e escrever.
Percebe-se que este grupo é islâmico extremista, sendo considerado como
terrorista pela Rússia, EUA e outros.
Hoje em dia, sob a liderança de Mullah Haibatullah Akhunzada, o Talibã tenta
recuperar os territórios perdidos, atuando no Paquistão e no Afeganistão.

- Mulheres afegãs usando burca por


ordem no governo Talibã

Agora, ponho
fim a nossa
viagem.

➣ Dias sombrios…
Em 2007, os talibãs desceram as montanhas e chegaram ao Vale Swat, ambiente
onde nasceu e morava Malala. Eles circulavam pelo lugar em picapes. Assustavam
os moradores. Portavam armas em suas mãos.
Os talibãs explodiram estátuas de Buda e destruíram aparelhos de TV, som, DVD,
computadores e máquinas fotográficas.

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Para os invasores, tudo era pecado.
A família real de Swat foi obrigada a fugir.
Assim como em todo governo nas mãos deste grupo, as barbearias foram fechadas
e as mulheres, além da obrigação do uso da burca, foram excluídas da vida social.
Qualquer pessoa que se opusesse às suas normas era executada e, para servir como
exemplo, seu corpo ficava exposto por dias na Green Chowk ( Praça Verde). Depois
de tanto sangue derramado,
passou a ser chamada de Khooni
Chowk (Praça Vermelha).
Pelo rádio, Fazlullah, membro
do Talibã responsável pela região,
anunciou que as meninas estavam
proibidas de estudar. Um prazo foi
estipulado para os colégios
fecharem as portas.
“Vale Swat,paraíso perdido’’,
assim o chamavam.
Ziauddin, insatisfeito com as
novas ordens e medidas, iniciou
campanhas e manifestações para
conscientizar os moradores do
quão errado e injusto aquilo era.
Sua filha estava sempre ao seu
lado.

Para alertar ao mundo sobre a


rotina marcada pelo medo e pela
crueldade, Malala criou um blog,
publicado em urdu pela BBC.
Denominado de “Diário de uma
Estudante Paquistanesa’’, era
oficialmente escrito por Gul Makai,
pseudônimo escolhido para preservar a segurança da pequena Yousafzai.
Mesmo desta forma, o Vale foi tornando-se cada vez mais sombrio. O governo do
Paquistão enviou soldados para controlar a situação. Bombas, fogo e mais armas.
Enquanto isso, as meninas lutavam para ir estudar de forma segura. Madame
Maryam, diretora da Escola Khushal, ordenou que as alunas não usassem o
uniforme, assim ninguém saberia aonde iriam.
Até que, quando o prazo chegou ao fim, a instituição fechou. Caso não o fizesse,
os talibãs a explodiriam. No final de seu poder, eles tinham realizado tal ato em
cerca de 150 escolas.

Para afastar os filhos do triste momento, Ziauddin levou a família em uma


viagem além do lugar onde moravam. Todavia, o cotidiano violento penetrou em

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seus hábitos, então, após a tentativa falha de se acostumarem, eles retornaram ao
Vale.
A situação permanecia deplorável.
Mas, certo dia, o Exército expulsou o grupo extremista, exilando-os nas
montanhas. Aos poucos, a vida foi voltando ao normal. Portanto, com o perigo
longe, o pai Malala revelou que ela era a blogueira.

➣ Reconhecimento
A fama começou a fazer parte da vida da pequena Yousafzai.
Foi entrevistada por jornalistas curiosos, apareceu em um filme-documentário do
New York Times e recebeu diversos prêmios, como o Prêmio Nacional da Paz do
Paquistão pela Juventude, em dezembro de 2011.
Agora, a menina que sonhava em ser médica, tinha o desejo de formar-se em
política e semelhantes, para defender a educação das garotas.
O Vale Swat dormia em silêncio, sem tiroteios, em paz.
Será mesmo?

➣ O Atentado
O dia fatídico ocorreu no outono, em uma terça-feira de Sol.
9 de outubro de 2012.
Malala, igual a outras estudantes, foi à escola. Como eram as provas finais, o
horário da entrada foi mais tarde, ao contrário da saída.
As meninas cantaram o hino no terraço e entraram nas salas.
Quando as aulas terminaram, nossa protagonista e suas amigas, Kainat, Shazia e
Moniba, pegaram o
segundo ônibus.
Distraídas, elas não
perceberam que o dyna
parou abruptamente.
Dois homens haviam
feito sinal para o ônibus
parar. Um deles,
reconhecido
posteriormente como
Attaullah, entrou no
transporte, segurando
uma pistola. Dedo no
gatilho. Voz grave.
- Qual de vocês é Malala? - Perguntou.

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Antes mesmo de obter uma resposta, ele a reconheceu e atirou.
O primeiro tiro atingiu a lateral do olho esquerdo de Malala
O segundo e o terceiro perfuraram, respectivamente, o ombro de Shazia e a mão.
Os atiradores, membros do Talibã, fugiram. Para eles, o objetivo fora concluído:
destruíram a garota que desafiou as suas ordens, profanando o Islã. A pequena
Yousafzai era uma criminosa condenada a sentença de morte. Seu crime? Querer
estudar.
O motorista, desesperado, dirigiu, o mais rápido possível, para o Hospital Central
de Saidu Sharif.

➣ A Estudante que sobreviveu


O caso de Malala era complicado. A bala que a atingira havia atravessado sua
cabeça e seu pescoço, alojando-se no ombro, próximo a medula espinhal. Portanto, o
hospital que a levaram, por ser simples, foi incapaz de socorrê-la.
Então, o Comandante das Forças Armadas do Paquistão ordenou que ela fosse
transferida para o Hospital Militar de Peshawar. Ela passou por uma operação de
cinco horas para remover o objeto de seu corpo. À noite, deixou-se levar pelo sono
profundo.
Depois, ela passou a ser tratada no Queen Elizabeth Hospital, na Inglaterra. Lá,
acordou confusa, por estar em um lugar diferente.

Com o passar do tempo, nossa heroína voltou a ler, escrever, falar e ouvir. Seus
familiares sempre estavam perto dela.

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Sua luta pela educação inspirou e movimentou o mundo. Várias pessoas influentes
realizaram doações para ajudá-la nesta batalha. E, então, em 2014, Malala tornou-se
a pessoa mais nova a ganhar o Nobel da Paz, com 17 anos.
Pouco mais de cinco meses depois, ela voltou a estudar em Birmingham, onde a
família ainda mora.

Confira um trecho de seu discurso, realizado um ano antes, na ONU:

“O sábio ditado 'A caneta é mais poderosa que a


espada' é verdadeiro. Os extremistas têm medo dos
livros e das canetas. O poder da educação os
assusta e eles têm medo das mulheres. O poder da
voz das mulheres os apavora.
É por isso que eles atacam escolas todos os dias:
porque têm medo da mudança, da igualdade que
vamos trazer para a nossa sociedade.
Eles acham que Deus é um pequeno ser
conservador que mandaria garotas para o inferno
apenas porque vão à escola. Os terroristas estão
deturpando o nome do Islã e da sociedade
paquistanesa para satisfazer seus próprios
interesses.’’ - Malala com o Nobel

➣ Epílogo
O que Malala viveu durante o regime
Talibã, é a realidade de milhares de
meninas. Por isso, estar consciente de sua
jornada é reconhecer quão importante é a
educação e sua problemática no mundo.
Em busca de investimentos para tal área, a
ativista paquistanesa criou a Fundação
Malala, sem fins lucrativos.
Muitos países e regiões têm baixos índices
de escolaridade, desvalorizando suas
instituições de ensino. - Malala comemorando sua formatura

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Em 2020, Malala comemorou sua formatura na Universidade de Oxford. Ela
concluiu a faculdade de Filosofia, Política e Economia, realizando um desejo de
infância. Quando criança, acreditava que desta forma, ajudaria melhor as garotas
impedidas de estudar.

É importante usarmos a Malala como inspiração. Sua luta também é nossa. É de


todos.
Devemos batalhar em prol de uma educação acessível e qualificada. Em que os
alunos possam se expressar e desenvolver um senso crítico, sem serem taxados como
incapazes por não gabaritar um teste. Ele deve ser ouvido.
Educar a geração futura é preciso para não repetirmos os mesmos erros do
passado.

Fontes:
https://news.un.org/pt/story/2017/04/1582761-entrevista-malala-yousafzai

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/02/17/pai-de-malala-ela-va
i-a-festas-da-conselhos-e-falamos-de-tudo-menos-sexo.htm

https://g1.globo.com/educacao/noticia/ensinar-as-meninas-que-elas-tem-direitos-e
-crucial-diz-malala.ghtml

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/10/121026_malala_familia_ru

https://revistacrescer.globo.com/Pais-famosos/noticia/2019/05/eu-nao-cortei-asas-
dela-diz-ziauddin-yousafzai-pai-de-malala.html

https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-ascensao-queda-ressurgimento-do-taliba
-23442272

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160327_origens_taleba_if

https://www.politize.com.br/taliba-terrorismo/

https://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2015/11/16/noticia-e-mais,174117/venc
edora-do-nobel-da-paz-malala-diz-que-o-seu-livro-preferido-e-o-alquimista-de-pa
ulo-coelho.shtml

https://www.purepeople.com.br/midia/malala-yousafzai-recebeu-o-premio-nobel_
m2695624

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https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/06/19/aos-22-ativista-malala-you
safzai-se-forma-em-oxford-alegria-e-gratidao

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2020/07/malala-yousafzai-7-pon
tos-para-entender-historia-da-jovem-ativista.html

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141214_mulheres_paquistao_yh_
cc

https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/blog/malala-no-brasil-importancia-jovem
-paquistanesa-luta-educacao-mulheres.htm

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/destaques-do-discurso-de-malala-na-o
nu.html

“ Malala, a menina que queria ir para a escola’’, de Adriana Carranca.

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Trabalho escrito por:


Ana Claudia Ramos Mariano, aluna da turma 902, da Escola Municipal de Formação
Profissional Governador Portela.

Destinatário:
Professora Débora.

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- Comemoração da formatura da Malala

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