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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO


MATOS – FAFIDAM
CURSO: LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
DISCIPILNA: INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA
PROFESSOR (A): FRANCISCO ANTÔNIO DA SILVA

SÍNTESE DO LIVRO - EU SOU MALALA


AUTOBIOGRAFIA

Jardênia Fernandes Maia

LIMOEIRO DO NORTE – CE
2022
Sumário

1. Introdução
2. Resumo da obra literária
3. Luta pela educação
4. Uma sociedade marcada pelo Patriarcalismo e Autoritarismo, qual o
papel feminino
5. Sonhos X Trabalho infantil
6. Condição Social, Pobreza e Miséria
7. Discursos religiosos, disfarçados de Fascismo
8. Terrorismo ameaça a segurança e liberdade da sociedade.
9. Conclusão
10. Referências bibliográficas
1.INTRODUÇÃO

No livro EU SOU MALALA, relata a história, dessa jovem paquistanesa que, aos dez
anos, iniciou sua luta pelo direito das meninas a educação. Malala Yousafzai é uma
militante dos direitos das crianças, uma jovem paquistanesa que foi vítima de um atentado
por defender os direitos das meninas de frequentarem à escola. Com 17 anos, foi a mais
jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Malala Yousafzai nasceu no Vale do Swat, no
norte do Paquistão, no dia 12 de julho de 1997, filha de Ziauddin Yousafzai e de Tor
Pekai Yousafzai, sua mãe vivia na cozinha, e seu pai, um professor e dono de escola, via
em Malala uma aluna perfeita e contrariando os hábitos locais, depois de colocar os dois
filhos para dormir, estimulava a filha a gostar de física, literatura, história e política e a
se indignar com as injustiças do mundo. Quando tinha 10 anos, Malala viu o Talibã fazer
do Vale do Swat seu território, sob o governo paralelo da milícia fundamentalista, as
escolas foram obrigadas a fechar as portas, as que desobedeceram foram dinamitadas.
Nessa época, Malala estudava na escola da qual seu pai era dono e que, como as demais,
teve que ser fechada. Por meio de um blog feito para a BBC (British Broadcasting
Corporation), rede pública de rádio e tv britânica e usando o pseudônimo Gul Makai, ela
denunciou os desmandos do Talibã, um regime fundamentalista radical que proibia que
as meninas fossem a escola. Dedicada nos estudos, mesmo diante da restrição imposta
pela ocupação do talibã, ela buscou de todas as formas a continuidade de sua formação
educacional, bem como a de suas colegas. No dia 9 de outubro de 2012, com 15 anos, ela
quase perdeu a vida, Malala que estudava na província de Khyber Pakhtunkhwa, enquanto
voltava para casa, seu ônibus escolar foi parado por membros do Talibã, que subiram a
bordo e perguntaram: “Quem é Malala?”. Ninguém respondeu, mas um dos terroristas a
reconheceu e disparou três tiros em sua cabeça. Poucos acreditavam que Malala
sobreviveria, no entanto, ela sobreviveu ao atentado, recuperou-se e não recuou de suas
convicções, tornou-se porta voz de uma causa, o direito à educação. Malala e sua família,
mudou-se para Birmingham, onde vive exilada, ela continuou sua luta pela educação e
pela paz. No dia 12 de julho de 2013, quando comemorou 16 anos, Malala foi para Nova
Iorque, onde falou para uma plateia de representantes de mais de 100 países na
Assembleia de Jovens das Nações Unidas. No fim do discurso, deixou claro que a causa
pela qual chegou perto de morrer permanece a mesma: “Nossos livros e canetas são as
armas mais poderosas, uma criança, um professor, um livro e uma caneta, podem mudar
o mundo, educação é a única solução”. Em outubro de 2013, sua história foi pulicada na
autobiografia “Eu Sou Malala”, no qual neste livro o leitor não apenas conhecerá essa
história, más também irá se familiarizar com os aspectos da vida pessoal de Malala, no
qual podemos nos identificar, como também, conhecer como é a vida das meninas, antes
e depois do Talibã e sobretudo conhecer, a força e esperança de uma menina, que foi
capaz de vencer a morte e levar esperança a milhares de meninas.

2. RESUMO DA OBRA LITERÁRIA.


Malala, mora com seus pais na cidade de Migorra a maior cidade do vale do Swat, que
fica no Noroeste do Paquistão, seu pai, Ziauddin e sua mãe Tor Pekai, ambos sempre
apoiando e incentivando a filha a estudar, a se realizar profissionalmente e a expandir
seus horizontes. Antes do Talibã se instalar no Paquistão, a paz e a felicidade reinava por
lá, mulheres podiam andar pelas ruas, irem ao mercado, os homens se reuniam, falavam
da vida e de política, crianças brincavam em cada esquina ou quarteirão, assim se iniciou
a infância de Malala, cercada por amigas, e dois irmãos que disputavam por tudo,
inclusive o controle da TV. Porém, nem tudo era só brincadeira para Malala, uma garota
na qual, ainda muito jovem despertava para caminhos além do sistema patriarcal que lhe
era imposto, no qual quando nascia um filho homem era motivo de alegria e de honra, já
quando nascia uma mulher era motivo de tristeza e vergonha. Em uma sociedade na qual,
meninas de 15 anos acima, já são casadas ou até mesmo mães, em um contexto no qual
meninas deviam andar cobertas e reclusas a figura masculina e além disso, a grande
maioria, não eram permitidas de frequentar a escola, pois para seus pais não necessitavam
de estudo para administrar o lar, Malala já sabia que não queria isso para sua vida, ela se
interessava por política, por livros, poesias, debates, ela queria mesmo era estudar e
desbravar o mundo da informação e do conhecimento. Seu pai era dono de uma escola,
então quando Malala completou a idade, começou a estudar, foi seu principal
incentivador, fazia o possível para que Malala se realizasse profissionalmente, realizasse
seus sonhos e tivesse acesso à educação, sempre investindo na sua aprendizagem e lhe
apoiando em todos os momentos, “Malala vai viver livre como um pássaro”, ele dizia.
Mesmo em um contexto de precariedade e pobreza, seu pai lutava para que ela tivesse a
oportunidade de estudar e de ser livre. No dia 8 de outubro de 2005, um terremoto destruiu
lares, escolas, vilas inteiras, diversas pessoas morreram, foi uma catástrofe. Diante dessas
circunstâncias surgirá Mulás do TNSM, no qual pregava que o terremoto era um aviso de
Deus, para que se as pessoas não corrigissem seus costumes e não introduzissem a sharia
ou a lei islâmica, castigos mais severos viriam. Ou seja, pessoas mal-intencionadas, se
aproveitaram da fragilidade do momento para reverter a situação a benefício próprio, estes
pregavam que escolas para meninas eram uma blasfêmia e que deveriam fecha-las, para
que as meninas ficassem reclusas em casa. Logo, tudo piorou, pregavam que as pessoas
não poderiam ouvir músicas, nem dançar ou ir ao cinema. Em caso de desobediência
seriam punidos com mais terremotos e desastres. As pessoas acabavam que, acreditando,
por estarem fragilizados, cheios de traumas e com medo. Um dos líderes do TNSM,
Maulana Fazlullah, noticiava através da rádio nomes dos “pecadores”, exemplo, se um
homem continuasse a mandar sua filha a escola, ele exponha seu nome na rádio, e dizia
que o mesmo era mal cristão e que deveria ser punido, espalhava sua campanha coagindo
a todos e persuadindo pessoas a darem dinheiro e joias, na qual, usava o dinheiro para
fabricar bombas e treinar militantes. Os ataques se intensificam mais após a morte de
alguns reféns, que morreram durante um ataque do governo. Fazlullah declara guerra
contra o governo e convoca as pessoas a agirem com violência. Em seguida a sua
imposição de poder o Fazlullah junta forças ao Tehrik-i-Taliban-Pakistan, anunciam que
as mulheres estão banidas dos lugares públicos e que os homens deviam ter o controle da
família, do contrário seriam punidos. Assim, as pessoas temiam e tinham medo de ir até
o mercado, principalmente as mulheres, os infratores eram arrastados de suas casas e
mortos, em seguida expostos em público. Diante de tantos ataques, principalmente a
meninas, Mala começa a se questionar o porquê de uma menina não poder ir à escola,
para ela ninguém estava segura no Paquistão, naquele momento de conflito, de ataque,
Malala decide que ela não iria se deixar abater, pelo contrário ela daria início a um
movimento de luta pela educação de todas as meninas e pela paz no Paquistão. Com isso,
ela inicia sua luta, sua primeira entrevista foi aos canais de tv Dawn e Khyber sobre a
educação de meninas. O pai de Malala, um dos maiores defensores da educação para
meninas, se posicionou contra o Talibã, em sua escola proporcionou movimentos em
defesa das meninas frequentarem a escola, junto com grupo de professores e jornalistas,
formaram uma assembleia para que as meninas se pronunciassem, Malala sempre muito
ativa, discursou sobre os direitos das meninas, estarem sendo negados, e que em vez de
caminhar para frente, estava havendo um retrocesso, falou também, que não tinha medo
de ninguém e que continuaria lutando pela educação e pelo sonho de milhares de meninas.
Malala descreve que quanto mais ela discursava e defendia a causa, mas ela entendia que
sua voz era a voz de tantas outras meninas que estavam silenciadas. Com isso, ainda no
ano de 2008, Malala já estava em diversos canais de comunicação como rádios, tvs,
jornais locais e nacionais, falava abertamente para quem quisesse ouvir. A cada dia que
se passava, o Talibã expandia mais e mais, no dia 15 de janeiro de 2009 o Talibã decretava
que, as meninas estavam oficialmente proibidas de irem a escola e se insistissem pais e
diretores seriam responsabilizados, desta forma quase todas as meninas pararam de ir à
escola, a disseminação de ódio contra as meninas aumentava consideravelmente, o Talibã
desejava transforma-las em donas de casa, reclusas e sem vida. Diante da postura radical
do Talibã na qual Migorra tinha se tornado palco de repressão e violência, o mundo estava
curioso para saber como era a vida dessas pessoas aterrorizadas pelo Talibã. Com isso a
BBC, a rede de comunicação Britânica resolve fazer um diário com alguma das meninas
que estavam vivenciando o terrorismo, diante do medo e da opressão muitos pais não
aceitavam que suas filhas se ariscassem tanto, então Malala muito corajosa como sempre
e determinada, se ofereceu para escrever o diário, seus pais como sempre a apoiaram,
então para sua própria segurança criaram um falso nome, ela então escolheu Gul Makai,
logo, em 3 de Janeiro de 2009 foi publicado o diário com título, “estou com medo”. O
diário ganhou bastante repercussão mundo a fora logo estava em uma das páginas mais
importantes internacionalmente a Ney York Times. Malala sentia orgulho do que estava
fazendo, obviamente que ela sentia medo, mas tudo que importava, era ser essa voz que
se levanta pela educação das meninas e de mostrar sua identidade. Em seu último dia de
aula fotógrafos e jornalistas foram até a sua casa para registrar esse momento. Porém
jamais, Malala pensava em desistir de lutar, começou falando diante das câmeras que isso
não á impediria de estudar e além disso, fez um apelo ao mundo para que salvassem suas
escolas e salvassem o Paquistão. O Talibã logo dominou por completo o vale Swat, as
pessoas já estavam aprendendo a conviver com o terrorismo as crianças não brincavam
de brincadeiras normais, agora projetavam sua realidade em suas brincadeiras, fazendo
armas de brinquedo, o exército não se pronunciava, não lutava contra o Talibã, apenas
mantinham as aparências, enquanto isso os povos Paquistaneses sofreram graves
consequências. Malala não podia ir mas a escola, más isso não á deteve pelo contrário,
passou a frequentar mais ainda comícios e eventos para divulgar a sua mensagem pela
educação, falava o quanto estava triste por não poderem ir à escola, que o futuro do país
estava na educação dos jovens e que o governo deveria agir, falava que mesmo com muita
luta, mas ela terminaria seus estudos, que não se intimidaria com as ameaças. A autora
nos conta que muitas vezes não se reconhecia, sua autonomia e coragem com que
enfrentava um sistema terrorista, a mesma citou “As circunstâncias me transformaram”.
A situação se agravou ao extremo, então Malala e sua família tiveram que saí de Migorra
e ir um tempo para as montanhas, onde moravam a família de seus pais. A situação estava
muito séria, então o governo se posiciona, dessa vez fortemente armados e conseguem
que o Talibã recuasse, fugindo, assim o exército anuncia que que tinha retomado a cidade
de volta. Com tudo, isso não significava o fim do Talibã, apenas que o mesmo estava
escondido em algum lugar, e que seus ataques diretos haviam sidos diminuídos. Malala
havia recebido um prestigioso convite, foi convocada pelo embaixador Richard
Holbrooke, dos Estados Unidos, a uma conferência com ativistas sociais de áreas
atingidas pela guerra em todo Paquistão. Malala pede ajuda para que as meninas
voltassem a escola. Depois de três meses Malala e sua família retornam para casa, já que
a situação estava mais calma e controlada, as meninas reconquistam novamente o direito
de irem à escola e em 2010 a escola de Malala foi convidada a participar da Assembleia
Distrital das crianças do Swat criada pela Unicef e pela fundação Khpal Kor. Eles pediam
auxílio para crianças poderem estudar, o fim do trabalho infantil, pediam que as escolas
que foram destruídos fossem reconstruídas e que as crianças que vivem na rua fossem
retiradas das mesmas e inseridas nas escolas. Todas essas questões foram levadas em
consideração e ouvidas internacionalmente, finalmente essas meninas estavam sendo
ouvidas e fazendo a diferença. No verão de 2010 houve mais desastres e com eles o Talibã
ressurgia novamente afirmando que tudo o que estava acontecendo se dava em
decorrência dos “pecados”, em 2011 o Talibã volta a explodir 2 escolas e assinar
voluntários em defesa da educação e da paz, como também representantes da luta pela
educação. Em 2011 Malala é convocada a receber o prêmio internacional da paz a Kids
Rights, uma organização em defesa das crianças. Malala havia recebido pelo governo o
Prêmio Nacional da Paz, em seu discurso, a autora falou da importância da educação e
que queria que todas as crianças fossem gratas, pois ela conhecia e sofria na pele o
sofrimento de milhares de crianças que eram privadas de irem à escola. O prêmio ficou
conhecido como, prêmio Malala e a partir dessa data Malala decidiu que queria seguir
carreira na política para que ela conseguisse transformar a vida de milhares de pessoas,
inclusive de meninas. Desta forma, concluímos que, Malala, apenas uma criança já
transformava a vida de milhares de meninas, a voz de Malala era esperança para muitas
meninas que seguiam silenciadas, ela abriu caminhos para a educação, fez com que
milhares de pessoas ouvissem sua luta e lutassem junta a ela, Malala era símbolo de
sonhos, de luta e resistência. Isso fez com que Malala se tornasse alvo do Talibã, então
certo dia chegou em seu e-mail uma ameaça de morte diretamente a Malala. Porém Malala
não se deixou abater, ignorando assim a ameaça, ela dizia que não desistiria da sua luta.
Quando Malala completou quinze anos fundou uma instituição para a educação, ela
seguia sua luta pela igualdade e direito das meninas. Em um dia como qualquer outro,
Malala se arrumou para ir à escola, no final do dia estava alegre e satisfeita esperava com
sua amiga Moniba o ônibus para voltar para casa, entraram no ônibus e seguiram no
caminho para casa, durante o percurso o ônibus foi abordado por três jovens no qual
entrou dentro do carro e perguntou quem era Malala? Ninguém respondeu, mas um dos
rapazes conheceu a Malala e disparou contra ela três tiros na cabeça. Todos pensavam
que Malala não resistiria, más, uma vez ela se mostrou forte e no dia 16 de outubro, depois
de mais de duas semanas em coma ela acordou, em um hospital na Inglaterra. A mesma
havia sido transportada para lá, para se tratar e que está tivesse uma chance de viver. Logo
a família de Malala chegou para ficar com ela na Inglaterra pois eles passariam a morar
em Birmingham, já que Malala era alvo do Talibã. Malala recebeu diversas mensagens
de apoio, de líderes governamentais, diplomatas e estrelas de cinema, o mudo estava
indignado e comovido com o que fizeram com Malala, uma simples menina que só queria
igualdade e direito de estudar. Em seu aniversário de dezesseis anos, ela recebeu o
presente de fazer um discurso para as Nações Unidas, também foi criado um Fundo
Malala, ela escreveu seu primeiro livro, no qual teve a oportunidade de divulgar em uma
entrevista ao canal de tv de Jon Stewart. Antes do seu grande discurso Malala diz que
quer ser lembrada pela menina que luta pela educação, a menina que defende a paz, tendo
o conhecimento como arma. O dia Malala foi criado, em homenagem a Malala, mas, para
ela esse dia representa todas as mulheres, meninas e meninos que levantaram a voz por
seus direitos.

3.A luta pela educação

Destaco um dos pontos mais fortes e importantes da autobiografia de Malala, a luta pela
educação de meninas, nas quais, em uma sociedade altamente patriarcal e ditatorial o
Talibã proibia que meninas fossem a escola, pois para eles uma menina não precisava de
estudo para administrar o lar, no qual percebemos como a mulher é estereotipada a
simples cuidadora do lar e reprimida de seus sonhos. Malala surgirá como defensora dos
direitos das meninas, lutou pelo direito de irem a escola, falou para o mundo inteiro ouvir
que a educação era a porta de entrada para um mundo melhor e que deveria existir
igualdade entre meninas e meninos.

“Porque não faz tanto tempo assim, que quase me mataram-pelo simples fato de falar
sobre meu direito de ir à escola.” (YOUSAFZAI Malala, 2013, p.18)

“-A partir do dia 15 de janeiro, nenhuma menina, grande ou pequena, deverá ir à escola.
Do contrário, sabem o que podemos fazer. E os pais e diretores das escolas serão
responsabilizados.” (YOUSAFZAI Malala, 2013, p.76)

“Estamos muito tristes porque a situação está piorando. Esperávamos a paz e que
pudéssemos voltar à escola. O futuro do nosso país nunca será bom se não educarmos os
jovens. O governo deveria agir e nos ajudar.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.92)

Estas citações são exemplos de muita luta e resistência, na qual Malala e toda sua família
enfrentou, para que meninas tivessem direito de frequentarem a escola, com a proibição
do Talibã, das meninas não poderem frequentar a escola, Malala não se calou e nem se
deixou intimidar, foi a luta, deu entrevistas aos diversos canais de televisão e jornais,
levou com sigo o compromisso de defender a educação. Malala é uma heroína ela fez o
dever que é imposto aos Órgãos Governamentais, aos quais os mesmos mostraram
desinteresse pela causa, é como se o direito a educação fosse a última de suas prioridades,
vemos assim o descaso por parte do Governo para com o direito a educação de meninas.
Que curioso, o Governo com todo seu poder militar e econômico não foi capaz de garantir
e lutar pelos direitos das meninas, porém uma menina com 12 anos iniciava, lá no
Paquistão um movimento de luta que chegaria para o mundo todo, representando milhares
de meninas que estavam oprimidas, levando a voz de muitas meninas que estavam
silenciadas. A educação é o bem mais valioso de um país e ela deve ser garantida a todos,
meninas, meninos, pobres ou ricos. Devemos sempre estar atentos e cobrar dos
representantes Governamentais nosso direito pela educação de qualidade.
4.Uma sociedade marcada pelo Patriarcalismo e Autoritarismo, qual o papel
feminino

Destaco um dos pontos fortes, os conflitos enfrentados pela autora Malala, na qual,
inserida em uma sociedade altamente patriarcal, da ênfase no papel da mulher nesta
sociedade, na qual busca romper padrões impostos.

“Talvez eu achasse isso porque vislumbrava um futuro que seria cortado exatamente
como aquelas pipas – pelo simples fato de ser menina. Apesar do que papai dizia, eu sabia
que, quando Safina e eu ficássemos mais velhas, as pessoas iam querer que
cozinhássemos e limpássemos para nossos irmãos. Poderíamos nos tornar médicas,
porque precisavam de médicas mulheres para cuidar de pacientes mulheres, mas não
poderíamos ser advogadas ou engenheiras, designers de moda ou artistas-ou qualquer
outra coisa que sonhássemos ser. E não permitiam que saíssemos de casa sem um parente
homem que nos acompanhasse.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.30)

Nesta citação a autora nos apresenta seu medo constante de viver sua vida a sombra da
figura masculina, o receio de não conseguir concretizar e viver seus sonhos, por conta de
um sistema patriarcal, no qual dita regras sobre as mulheres, o que devem vestir, o que
devem ser. Vemos aqui a questão de gênero, no qual a mulher deve estar reclusa a figura
masculina, sem uma vida de agitações, sem nenhuma autonomia sobre si, uma sociedade
que priva mulheres de direitos básicos, como o de ir e vir sem interrupções. Malala, nos
faz refletir sobre o papel da mulher nessa sociedade, que papel ela ocupa? Seria a mulher
diante do exposto apenas uma figura decorativa, cuidadora do lar e submissa ao o homem?
Para Malala, isso não era vida, ela sonha e luta por uma sociedade justa e igualitária, na
qual meninas e mulheres tivessem direitos iguais e pudessem tomar decisões sobre suas
vidas.

5.Sonhos X Trabalho infantil

Temos um tema bastante discutido e destacado pela a autora, no qual se problematiza o


trabalho infantil seguido do desamparo legal do governo.
“Quando joguei o lixo na pilha, vi alguma coisa se mexer. Dei um pulo. Era uma menina
da minha idade. Seu cabelo estava bagunçado e a pele, coberta de feridas. Ela separava o
lixo em pilhas, uma de latas, uma de garrafas.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.38)

“Perguntei por que não estavam na escola. Papai me disse que aquelas crianças estavam
ajudando a família, vendendo o que encontravam por algumas rupias, se elas fossem a
escola, suas famílias passariam fome.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.38)

Estamos diante de um problema estrutural, no qual crianças são sujeitas ao trabalho


infantil, para que assim possam se alimentar e levarem o alimento para suas famílias,
essas crianças estão desamparadas pelo governo, elas não deveriam estar nas ruas e sim
nas escolas, deveria ser direito básico o sustento familiar e direito a educação. Diante
desta situação Malala, analisa como o mundo é injusto e desigual, para ela era
inconcebível que essas crianças estivessem jogadas a própria sorte, sem nenhum amparo
legal e familiar. Inclusive, essa é uma das lutas de Malala, fazer com que meninas e
meninos que vivem nas ruas fossem inseridos nas escolas.

6.Condição Social, Pobreza e Miséria

Neste tópico a autora destaca os problemas sociais, enraizados na sociedade, na qual


enfatiza a estrema pobres que assola essa população Paquistanesa, caracterizando assim
um problema social que afeta por completo toda sociedade, desencadeando problemas
como a fome, miséria e extrema pobreza. No qual o governo faz descaso, não institui
políticas públicas para combater e ajudar as pessoas mais necessitadas, desta forma estas
estão jogadas a própria sorte, na qual teremos uma população diversificada, dividida em
classes, a classe pobre, média e rica. Malala, se encaixa na classe média, na qual seus pais
tinham com que se manter, porém não era muito. Em uma das passagens a autora destaca
o auxílio que sua família procura prestar as pessoas mais necessitadas.

“Assim como eu queria ajudar as crianças do lixão, mamãe queria ajudar o mundo inteiro.
Começou a colocar migalhas de pão em uma tigela na janela da consinha. Perto dela
colocava outra com arroz e frango.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.38)
“Dividimos até nossa casa com uma família de sete pessoas que estava passando por um
momento difícil.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.39)

“Um dia percebi que algumas alunas antigas não iam mais às aulas. Perguntei ao meu pai
onde estavam. –Ah, jani – ele disse. Alguns dos pais mais ricos tiram as crianças da escola
quando descobriram que estavam na mesma sala que os filhos das pessoas que limpavam
sua casa ou lavavam sua roupa.”
(YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.39)

Percebemos nestas citações, a pobreza que essas pessoas enfrentavam, além disso
fiquemos atentos as disputas de classe, na qual se apresenta muito bem nesta última
citação, que claramente destaca o preconceito social enraizado na sociedade, que separa
pessoas pela condição financeira e procura privar pessoas pobres de direitos básicos, na
qual indivíduos com aquisição financeira não aceita que seus filhos se relacionem ou
convivam com pessoas de classe inferior. Com tudo, como é destacado nas citações o pai
de Malala procura ajudar essas pessoas, ofertando educação de qualidade e gratuita, é
diante dessas atitudes que podemos sonhar com um mundo mais igualitário e justo.

7.Discursos religiosos, disfarçados de Fascismo

Vemos como um dos pontos mais fortes da autobiografia de Malala, é o discurso


religioso, no qual procura legitimar acontecimentos naturais como terremotos que de vez
em quando assolavam a região, com tudo, líderes do Talibã, pregam que esse
acontecimento é castigo divino, pois as pessoas seriam castigadas se não vivessem com
forme a lei islâmica, se não abandonassem os seus modos de vida, seriam seriamente
castigados. Assim um grupo chamado Mulás do TNSM, começou a pregar e disseminar
ideais de uma “Boa civilização” impondo desta forma o autoritarismo, no qual se
caracterizou por um poder ditatorial, reprimindo fortemente a sociedade que fosse contra
seus ideais, as punições variavam de espancamento em público ou a morte. Assim
indivíduos se aproveitam do medo das pessoas e da importância da fé para a população,
para impor um sistema autoritário baseado no que acreditam em benéfico deles próprios.

“Mulás do TNSM pregava que o terremoto era um aviso de Deus. Se não corrigíssemos
nossos costumes e não introduzíssemos a sharia, ou a lei islâmica, castigos mais severos
viriam. O país inteiro ficou em choque por muito tempo depois do terremoto. Estávamos
vulneráveis. Isso tornou muito mais fácil para alguém com más intenções usar o medo
em seu benefício.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.41)

“Então ele começou a chorar. Parem de ouvir música, implorava. Parem de ir ao cinema.
Parem de dançar. Parem, implorava, ou Deus mandará outro terremoto para punir todos
nós. Algumas mulheres começaram a chorar também. Lembranças terríveis do terremoto
no ano anterior estavam frescas na memória, algumas delas haviam enterrado filhos e
marido e ainda estavam de luto.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.49)

“Só aquela estação de rádio era permitida. Os homens deviam deixar a barba e o cabelo
crescer, em vez de mantê-los curtos, seguindo o que chamava de moda “inovadora”. E as
mulheres, dizia deveriam ficar em casa, em purdah o tempo todo, deviam sair apenas em
caso de emergência, somente usando burca e com familiar do sexo masculino. Seus
seguidores cantavam poemas que pareciam bonitos, mas na verdade eram mensagens que
motivavam as meninas a parar de ir à escola.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.50)

“Muito da “justiça” de Fazlullah era feita na calada da noite. Mais tarde, em seu reino de
terror, “infratores” eram arrastados de suas casas e mortos, seus corpos eram exibidos na
praça Verde na manhã seguinte. Muitas vezes um bilhete estava preso ao corpo. É isso
que acontece com espiões e infiéis. (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.57)

Quero destacar como um discurso que se auto denomina a favor da fé, da preservação de
costumes e que dizem está seguindo uma religião, podem ao mesmo tempo propagar o
ódio, o medo, a morte e oprimir milhares de pessoas, que fé é essa, que religião é essa
que em nome de um “Deus maior” como eles chamam, podem justificar atos tão cruéis e
abomináveis, privando as pessoas de serem livres e felizes, impondo sobre essa sociedade
leis que só beneficiam a eles mesmo. Pois quanto mais uma sociedade oprimida e
submissa, mais fácil será de fazer com ela o que bem entenderem. Importante ressaltar
que devemos nos atentar a este tipo de discurso, para que não sejamos levados para esse
tipo de opressão ditatorial. O pior de tudo isso é ver que muitas pessoas acreditam nesse
tipo de governo e nesses discursos, nós temos o dever de lutar contra esses discursos e
contra toda forma de opressão.
8.Terrorismo ameaça a segurança e liberdade da sociedade.

Por último, mas não menos importante, a autora descreve como foi conviver com o
terrorismo, o medo que assolava toda população, ela fala que não consegue acreditar que
o governo não fizesse nada para ajudar a população a se livrar de tanto sofrimento e
angústia que o terrorismo trazia. O terrorismo é algo muito sério e realmente é motivo de
sentir pavor, pois ele usa da violência física e psicológica para instalar medo e pânico nas
sociedades e principalmente sempre contabiliza grande número de mortos.

“O terrorismo é medo por toda parte. É deitar para dormir à noite e não saber que horrores
o dia seguinte vai trazer. É abraçar sua família no cômodo mais central da casa porque
todos decidiram que é o lugar mais seguro. É andar pelas ruas sem saber em quem se pode
confiar. Terrorismo é ter medo de que, quando seu pai sair pela porta de manhã, não
voltará à noite.”. (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.69)

Analisando esta citação, vemos o medo instalado entre as pessoas, vemos seus sonhos
sendo destruídos, seus direitos sendo violados e uma insegurança de estar em seu próprio
lar. Percebemos como o terrorismo é cruel, como este pode dizimar toda uma comunidade
em questões de segundos e o pior é que não temos Órgãos Governamentais que impeçam
esses acontecimentos, que coloquem um basta nesse sistema Terrorista. Como Malala
bem destaca em seu livro tudo que ela, suas amigas, familiares e a população como toda
quer é Paz. A Paz é direito de todos e está devia ser assegurada por forças maiores.

9. Conclusão
Eu Sou Malala, é a história dessa ativista, militante que ficou conhecida como a garota
que defendeu o direito à educação e mudou o mundo. Essa luta surge com a necessidade
de precisar trazer à tona o direito a educação de meninas, nas quais eram proibidas de
irem à escola, sendo assim oprimidas pela sociedade, na qual o Governo também não
estava comprometido com a educação. Essa história foi escrita com intuito de ganhar
visibilidade, a partir de uma leitura na qual a autora destaca sua luta, conflitos, traumas,
receio, opressão, medo, angústia e sobretudo o relato de uma pessoa que sofreu na pele o
medo da morte, por simplesmente querer ter acesso à educação. Denuncia sobretudo, uma
sociedade opressora, que através do terrorismo comete todo tipo de violência contra a
população.
Esta autobiografia de Malala, vem nos apresentar que em uma sociedade na qual, as
pessoas acreditam que o sexo feminino é frágil e incapaz de qualquer coisa que não seja
está reclusa a figura masculina e ser uma boa esposa. A escola, os professores, a educação
como um todo é o que faz crer que não, que elas podem sonhar alto, acreditar nos seus
sonhos e serem o que elas quiserem. A educação, o mundo do conhecimento é a porta
para um futuro melhor e mais igualitário.

10.Referências bibliográficas

YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala. Edição juvenil.São Paulo:Companhia das


Letras, 2013.221 p.

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