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LIMOEIRO DO NORTE – CE
2022
Sumário
1. Introdução
2. Resumo da obra literária
3. Luta pela educação
4. Uma sociedade marcada pelo Patriarcalismo e Autoritarismo, qual o
papel feminino
5. Sonhos X Trabalho infantil
6. Condição Social, Pobreza e Miséria
7. Discursos religiosos, disfarçados de Fascismo
8. Terrorismo ameaça a segurança e liberdade da sociedade.
9. Conclusão
10. Referências bibliográficas
1.INTRODUÇÃO
No livro EU SOU MALALA, relata a história, dessa jovem paquistanesa que, aos dez
anos, iniciou sua luta pelo direito das meninas a educação. Malala Yousafzai é uma
militante dos direitos das crianças, uma jovem paquistanesa que foi vítima de um atentado
por defender os direitos das meninas de frequentarem à escola. Com 17 anos, foi a mais
jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Malala Yousafzai nasceu no Vale do Swat, no
norte do Paquistão, no dia 12 de julho de 1997, filha de Ziauddin Yousafzai e de Tor
Pekai Yousafzai, sua mãe vivia na cozinha, e seu pai, um professor e dono de escola, via
em Malala uma aluna perfeita e contrariando os hábitos locais, depois de colocar os dois
filhos para dormir, estimulava a filha a gostar de física, literatura, história e política e a
se indignar com as injustiças do mundo. Quando tinha 10 anos, Malala viu o Talibã fazer
do Vale do Swat seu território, sob o governo paralelo da milícia fundamentalista, as
escolas foram obrigadas a fechar as portas, as que desobedeceram foram dinamitadas.
Nessa época, Malala estudava na escola da qual seu pai era dono e que, como as demais,
teve que ser fechada. Por meio de um blog feito para a BBC (British Broadcasting
Corporation), rede pública de rádio e tv britânica e usando o pseudônimo Gul Makai, ela
denunciou os desmandos do Talibã, um regime fundamentalista radical que proibia que
as meninas fossem a escola. Dedicada nos estudos, mesmo diante da restrição imposta
pela ocupação do talibã, ela buscou de todas as formas a continuidade de sua formação
educacional, bem como a de suas colegas. No dia 9 de outubro de 2012, com 15 anos, ela
quase perdeu a vida, Malala que estudava na província de Khyber Pakhtunkhwa, enquanto
voltava para casa, seu ônibus escolar foi parado por membros do Talibã, que subiram a
bordo e perguntaram: “Quem é Malala?”. Ninguém respondeu, mas um dos terroristas a
reconheceu e disparou três tiros em sua cabeça. Poucos acreditavam que Malala
sobreviveria, no entanto, ela sobreviveu ao atentado, recuperou-se e não recuou de suas
convicções, tornou-se porta voz de uma causa, o direito à educação. Malala e sua família,
mudou-se para Birmingham, onde vive exilada, ela continuou sua luta pela educação e
pela paz. No dia 12 de julho de 2013, quando comemorou 16 anos, Malala foi para Nova
Iorque, onde falou para uma plateia de representantes de mais de 100 países na
Assembleia de Jovens das Nações Unidas. No fim do discurso, deixou claro que a causa
pela qual chegou perto de morrer permanece a mesma: “Nossos livros e canetas são as
armas mais poderosas, uma criança, um professor, um livro e uma caneta, podem mudar
o mundo, educação é a única solução”. Em outubro de 2013, sua história foi pulicada na
autobiografia “Eu Sou Malala”, no qual neste livro o leitor não apenas conhecerá essa
história, más também irá se familiarizar com os aspectos da vida pessoal de Malala, no
qual podemos nos identificar, como também, conhecer como é a vida das meninas, antes
e depois do Talibã e sobretudo conhecer, a força e esperança de uma menina, que foi
capaz de vencer a morte e levar esperança a milhares de meninas.
Destaco um dos pontos mais fortes e importantes da autobiografia de Malala, a luta pela
educação de meninas, nas quais, em uma sociedade altamente patriarcal e ditatorial o
Talibã proibia que meninas fossem a escola, pois para eles uma menina não precisava de
estudo para administrar o lar, no qual percebemos como a mulher é estereotipada a
simples cuidadora do lar e reprimida de seus sonhos. Malala surgirá como defensora dos
direitos das meninas, lutou pelo direito de irem a escola, falou para o mundo inteiro ouvir
que a educação era a porta de entrada para um mundo melhor e que deveria existir
igualdade entre meninas e meninos.
“Porque não faz tanto tempo assim, que quase me mataram-pelo simples fato de falar
sobre meu direito de ir à escola.” (YOUSAFZAI Malala, 2013, p.18)
“-A partir do dia 15 de janeiro, nenhuma menina, grande ou pequena, deverá ir à escola.
Do contrário, sabem o que podemos fazer. E os pais e diretores das escolas serão
responsabilizados.” (YOUSAFZAI Malala, 2013, p.76)
“Estamos muito tristes porque a situação está piorando. Esperávamos a paz e que
pudéssemos voltar à escola. O futuro do nosso país nunca será bom se não educarmos os
jovens. O governo deveria agir e nos ajudar.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.92)
Estas citações são exemplos de muita luta e resistência, na qual Malala e toda sua família
enfrentou, para que meninas tivessem direito de frequentarem a escola, com a proibição
do Talibã, das meninas não poderem frequentar a escola, Malala não se calou e nem se
deixou intimidar, foi a luta, deu entrevistas aos diversos canais de televisão e jornais,
levou com sigo o compromisso de defender a educação. Malala é uma heroína ela fez o
dever que é imposto aos Órgãos Governamentais, aos quais os mesmos mostraram
desinteresse pela causa, é como se o direito a educação fosse a última de suas prioridades,
vemos assim o descaso por parte do Governo para com o direito a educação de meninas.
Que curioso, o Governo com todo seu poder militar e econômico não foi capaz de garantir
e lutar pelos direitos das meninas, porém uma menina com 12 anos iniciava, lá no
Paquistão um movimento de luta que chegaria para o mundo todo, representando milhares
de meninas que estavam oprimidas, levando a voz de muitas meninas que estavam
silenciadas. A educação é o bem mais valioso de um país e ela deve ser garantida a todos,
meninas, meninos, pobres ou ricos. Devemos sempre estar atentos e cobrar dos
representantes Governamentais nosso direito pela educação de qualidade.
4.Uma sociedade marcada pelo Patriarcalismo e Autoritarismo, qual o papel
feminino
Destaco um dos pontos fortes, os conflitos enfrentados pela autora Malala, na qual,
inserida em uma sociedade altamente patriarcal, da ênfase no papel da mulher nesta
sociedade, na qual busca romper padrões impostos.
“Talvez eu achasse isso porque vislumbrava um futuro que seria cortado exatamente
como aquelas pipas – pelo simples fato de ser menina. Apesar do que papai dizia, eu sabia
que, quando Safina e eu ficássemos mais velhas, as pessoas iam querer que
cozinhássemos e limpássemos para nossos irmãos. Poderíamos nos tornar médicas,
porque precisavam de médicas mulheres para cuidar de pacientes mulheres, mas não
poderíamos ser advogadas ou engenheiras, designers de moda ou artistas-ou qualquer
outra coisa que sonhássemos ser. E não permitiam que saíssemos de casa sem um parente
homem que nos acompanhasse.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.30)
Nesta citação a autora nos apresenta seu medo constante de viver sua vida a sombra da
figura masculina, o receio de não conseguir concretizar e viver seus sonhos, por conta de
um sistema patriarcal, no qual dita regras sobre as mulheres, o que devem vestir, o que
devem ser. Vemos aqui a questão de gênero, no qual a mulher deve estar reclusa a figura
masculina, sem uma vida de agitações, sem nenhuma autonomia sobre si, uma sociedade
que priva mulheres de direitos básicos, como o de ir e vir sem interrupções. Malala, nos
faz refletir sobre o papel da mulher nessa sociedade, que papel ela ocupa? Seria a mulher
diante do exposto apenas uma figura decorativa, cuidadora do lar e submissa ao o homem?
Para Malala, isso não era vida, ela sonha e luta por uma sociedade justa e igualitária, na
qual meninas e mulheres tivessem direitos iguais e pudessem tomar decisões sobre suas
vidas.
“Perguntei por que não estavam na escola. Papai me disse que aquelas crianças estavam
ajudando a família, vendendo o que encontravam por algumas rupias, se elas fossem a
escola, suas famílias passariam fome.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.38)
“Assim como eu queria ajudar as crianças do lixão, mamãe queria ajudar o mundo inteiro.
Começou a colocar migalhas de pão em uma tigela na janela da consinha. Perto dela
colocava outra com arroz e frango.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.38)
“Dividimos até nossa casa com uma família de sete pessoas que estava passando por um
momento difícil.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.39)
“Um dia percebi que algumas alunas antigas não iam mais às aulas. Perguntei ao meu pai
onde estavam. –Ah, jani – ele disse. Alguns dos pais mais ricos tiram as crianças da escola
quando descobriram que estavam na mesma sala que os filhos das pessoas que limpavam
sua casa ou lavavam sua roupa.”
(YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.39)
Percebemos nestas citações, a pobreza que essas pessoas enfrentavam, além disso
fiquemos atentos as disputas de classe, na qual se apresenta muito bem nesta última
citação, que claramente destaca o preconceito social enraizado na sociedade, que separa
pessoas pela condição financeira e procura privar pessoas pobres de direitos básicos, na
qual indivíduos com aquisição financeira não aceita que seus filhos se relacionem ou
convivam com pessoas de classe inferior. Com tudo, como é destacado nas citações o pai
de Malala procura ajudar essas pessoas, ofertando educação de qualidade e gratuita, é
diante dessas atitudes que podemos sonhar com um mundo mais igualitário e justo.
“Mulás do TNSM pregava que o terremoto era um aviso de Deus. Se não corrigíssemos
nossos costumes e não introduzíssemos a sharia, ou a lei islâmica, castigos mais severos
viriam. O país inteiro ficou em choque por muito tempo depois do terremoto. Estávamos
vulneráveis. Isso tornou muito mais fácil para alguém com más intenções usar o medo
em seu benefício.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.41)
“Então ele começou a chorar. Parem de ouvir música, implorava. Parem de ir ao cinema.
Parem de dançar. Parem, implorava, ou Deus mandará outro terremoto para punir todos
nós. Algumas mulheres começaram a chorar também. Lembranças terríveis do terremoto
no ano anterior estavam frescas na memória, algumas delas haviam enterrado filhos e
marido e ainda estavam de luto.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.49)
“Só aquela estação de rádio era permitida. Os homens deviam deixar a barba e o cabelo
crescer, em vez de mantê-los curtos, seguindo o que chamava de moda “inovadora”. E as
mulheres, dizia deveriam ficar em casa, em purdah o tempo todo, deviam sair apenas em
caso de emergência, somente usando burca e com familiar do sexo masculino. Seus
seguidores cantavam poemas que pareciam bonitos, mas na verdade eram mensagens que
motivavam as meninas a parar de ir à escola.” (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.50)
“Muito da “justiça” de Fazlullah era feita na calada da noite. Mais tarde, em seu reino de
terror, “infratores” eram arrastados de suas casas e mortos, seus corpos eram exibidos na
praça Verde na manhã seguinte. Muitas vezes um bilhete estava preso ao corpo. É isso
que acontece com espiões e infiéis. (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.57)
Quero destacar como um discurso que se auto denomina a favor da fé, da preservação de
costumes e que dizem está seguindo uma religião, podem ao mesmo tempo propagar o
ódio, o medo, a morte e oprimir milhares de pessoas, que fé é essa, que religião é essa
que em nome de um “Deus maior” como eles chamam, podem justificar atos tão cruéis e
abomináveis, privando as pessoas de serem livres e felizes, impondo sobre essa sociedade
leis que só beneficiam a eles mesmo. Pois quanto mais uma sociedade oprimida e
submissa, mais fácil será de fazer com ela o que bem entenderem. Importante ressaltar
que devemos nos atentar a este tipo de discurso, para que não sejamos levados para esse
tipo de opressão ditatorial. O pior de tudo isso é ver que muitas pessoas acreditam nesse
tipo de governo e nesses discursos, nós temos o dever de lutar contra esses discursos e
contra toda forma de opressão.
8.Terrorismo ameaça a segurança e liberdade da sociedade.
Por último, mas não menos importante, a autora descreve como foi conviver com o
terrorismo, o medo que assolava toda população, ela fala que não consegue acreditar que
o governo não fizesse nada para ajudar a população a se livrar de tanto sofrimento e
angústia que o terrorismo trazia. O terrorismo é algo muito sério e realmente é motivo de
sentir pavor, pois ele usa da violência física e psicológica para instalar medo e pânico nas
sociedades e principalmente sempre contabiliza grande número de mortos.
“O terrorismo é medo por toda parte. É deitar para dormir à noite e não saber que horrores
o dia seguinte vai trazer. É abraçar sua família no cômodo mais central da casa porque
todos decidiram que é o lugar mais seguro. É andar pelas ruas sem saber em quem se pode
confiar. Terrorismo é ter medo de que, quando seu pai sair pela porta de manhã, não
voltará à noite.”. (YOUSAFZAI MALALA, 2013, p.69)
Analisando esta citação, vemos o medo instalado entre as pessoas, vemos seus sonhos
sendo destruídos, seus direitos sendo violados e uma insegurança de estar em seu próprio
lar. Percebemos como o terrorismo é cruel, como este pode dizimar toda uma comunidade
em questões de segundos e o pior é que não temos Órgãos Governamentais que impeçam
esses acontecimentos, que coloquem um basta nesse sistema Terrorista. Como Malala
bem destaca em seu livro tudo que ela, suas amigas, familiares e a população como toda
quer é Paz. A Paz é direito de todos e está devia ser assegurada por forças maiores.
9. Conclusão
Eu Sou Malala, é a história dessa ativista, militante que ficou conhecida como a garota
que defendeu o direito à educação e mudou o mundo. Essa luta surge com a necessidade
de precisar trazer à tona o direito a educação de meninas, nas quais eram proibidas de
irem à escola, sendo assim oprimidas pela sociedade, na qual o Governo também não
estava comprometido com a educação. Essa história foi escrita com intuito de ganhar
visibilidade, a partir de uma leitura na qual a autora destaca sua luta, conflitos, traumas,
receio, opressão, medo, angústia e sobretudo o relato de uma pessoa que sofreu na pele o
medo da morte, por simplesmente querer ter acesso à educação. Denuncia sobretudo, uma
sociedade opressora, que através do terrorismo comete todo tipo de violência contra a
população.
Esta autobiografia de Malala, vem nos apresentar que em uma sociedade na qual, as
pessoas acreditam que o sexo feminino é frágil e incapaz de qualquer coisa que não seja
está reclusa a figura masculina e ser uma boa esposa. A escola, os professores, a educação
como um todo é o que faz crer que não, que elas podem sonhar alto, acreditar nos seus
sonhos e serem o que elas quiserem. A educação, o mundo do conhecimento é a porta
para um futuro melhor e mais igualitário.
10.Referências bibliográficas