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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CAMPUS CABO FRIO


CURSO DE PSICOLOGIA

O CASO DE MALALA E A POSIÇÃO DA MULHER


NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

POR

GRACIANE FERREIRA DA GAMA


O CASO DE MALALA E A POSIÇÃO DA MULHER NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO

Sendo a pessoa mais jovem a receber um prêmio Nobel, a vida de Malala é um


lembrete constante do quão longe uma mulher pode chegar ao desafiar as expectativas
patriarcais de sua cultura e exercer o papel de protagonista de sua própria história. O atentado
à sua vida – por autoria do Talibã – e posteriormente a sua premiação, colocaram outra vez
em evidência um tema que, de tempos em tempos, é esquecido e/ou negligenciado pelas
grandes mídias, como a histórica luta feminina por igualdade entre os sexos na educação e nos
âmbitos sociais e profissionais.
No Brasil, o percentual de meninas sem acesso à educação formal é relativamente
baixo quando comparado com países de baixa renda. De acordo com a UNESCO, mais de 60
milhões de meninas no mundo não vão à escola por razões culturais, sociais ou simplesmente,
por falta de acesso devido ao isolamento geográfico. Isso porque muitos países não veem a
educação feminina como investimento (apesar de estudos mostrarem que dar a mulher acesso
à educação tem um impacto positivamente grande na economia) e sim como ameaça as suas
antigas tradições estereotipadas que subjugam e reduzem a mulher e dão a ela meros papéis de
esposa e mãe. Estudar deveria ser um direito igualitário e universal, mas infelizmente, as
mulheres ainda estão em uma desvantagem brutal num mundo que carrega heranças históricas
de machismo.
A diferenciação de homens e mulheres na educação é ao mesmo tempo uma causa e
um efeito da desigualdade de gênero na sociedade. Para muitos, a mulher ainda é vista como
sendo apenas um mecanismo para reprodução e complemento para o homem. Situações como
estas tornam necessária a luta pelos direitos femininos. Uma necessidade atual e ao mesmo
tempo antiga. Freud observou – em seus estudos sobre a histeria – que os sintomas da
histérica denunciavam uma insatisfação por estar em uma civilização falocêntrica e um
inconformismo com as amarras sociais e familiares que davam tão pouca importância ao
querer feminino. Tendo isto como base, não é de se espantar que o movimento feminista tenha
surgido em vários países durante o século XIX, tendo como foco carências de grande
significância, como direito à vida política, ao divórcio, educação e livre acesso ao mercado de
trabalho. Com o passar do tempo, a árdua luta pela isonomia deu frutos e nos países
democráticos a mulher vem conseguindo se desvencilhar do papel de mera dona de casa e
conquistando espaço nas estruturas sociais.

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Graças a uma luta que se iniciou há quase dois séculos, a mulher contemporânea
conseguiu conquistar uma liberdade pessoal que para as mulheres daquela época era apenas
sonhada. A mulher moderna tornou-se dona de si mesma conquistando seu espaço no mundo
e fazendo seu próprio tempo; decidindo se/ou quando casarão e/ou terão filhos. Casar e ter
filhos não são mais seus únicos objetivos e propósitos. Elas conseguiram se desvencilhar do
paradigma que as faziam infelizes e conquistaram a realização em outras áreas, como a
acadêmica e a profissional. Agora elas gozam até mesmo de liberdade na escolha do gênero
de seus parceiros sexuais. Essa duradoura luta pelos direitos femininos garantiu a mulher
contemporânea – entre outras coisas - uma maior participação na politica; e graças a isso que
em 2011, pela primeira vez, o Brasil teve uma mulher como presidente.
O papel da mulher na sociedade cresceu e melhorou com o passar dos anos, mas
estamos longe de vivenciar um cenário ideal. Mesmo tendo uma maior presença no mercado
de trabalho a desigualdade entre gêneros ainda é gritante. É preciso combater a cultura
machista das sociedades e garantir o mesmo direito à educação para todas as meninas e
meninos no mundo. Não menos importante, é o combate ao sexismo no ambiente de trabalho
e o fim da diferenciação salarial entre mulheres e homens. Ainda é preciso lutar muito para
que todas as mulheres do mundo vivam em condições melhores. Esses são bons passos, mas
será necessário percorrer um longo caminho até que eles de fato se concretizem.

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REFERÊNCIA

SANTANA, Elizabeth de Jesus. "A Questão Histórica da Mulher na Escola e na


Sociedade"; Web Artigos. Disponível em <https://www.webartigos.com/artigos/a-questao-
historica-da-mulher-na-escola-e-na-sociedade/85301>. Acesso em 12 de outubro de 2019.

CAMARGO, Suzana. "Mais de 60 milhões de meninas não têm acesso à educação no


mundo"; Conexão Planeta. Disponível em <http://conexaoplaneta.com.br/blog/mais-de-60-
milhoes-de-meninas-nao-tem-acesso-educacao-no-mundo/>. Acesso em 12 de outubro de
2019.

KUZUYABU, Marina. "Qual o panorama do acesso de meninas à educação no


Brasil"; Revista Educação. Disponível em <https://www.revistaeducacao.com.br/qual-o-
panorama-do-acesso-de-meninas-educacao-no-brasil/>. Acesso em 14 de outubro de 2019.

ARÁN, Márcia. "Psicanálise e Feminismo"; Revista Cult. Disponível em


<https://revistacult.uol.com.br/home/psicanalise-e-feminismo/>. Acesso em 17 de outubro de
2019.

TIBURI, Marcia. "As Mulheres e a Vida Contemporânea"; Revista Cult. Disponível


em <https://revistacult.uol.com.br/home/as-mulheres-e-vida-contemporanea/>. Acesso em 18
de outubro de 2019.

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