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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CAMPUS BARRA
CURSO DE PSICOLOGIA

Renata de Assis Prado

Malala Yousafzai e a Pulsão de Vida: Uma Jornada de Resistência e


Empoderamento

Rio de Janeiro
2024.1
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INTRODUÇÃO

Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014, tornou-se um


símbolo global na luta pela igualdade de gênero, especialmente no que diz respeito ao direito
das meninas e mulheres à educação formal. Sua coragem e determinação em defender esse
direito fundamental destacam a importância da educação como ferramenta essencial para a
emancipação e empoderamento feminino.
A história de Malala Yousafzai transcende fronteiras geográficas e culturais,
ecoando como um lembrete vívido da coragem individual em face da adversidade e da luta
incansável pela justiça e igualdade. Em um ambiente onde as normas sociais e culturais
limitavam drasticamente as oportunidades das meninas, Malala emergiu como um símbolo de
resistência, desafiando as estruturas patriarcais que buscavam reprimir sua voz e negar seu
direito fundamental à educação. Sua jornada não apenas personifica a pulsão de vida, como
concebida por Freud, impulsionando-a a buscar conhecimento e liberdade, mas também
evidencia os desafios impostos pelo que Freud descreveu como o "mal da civilização" - as
forças repressoras e alienantes da sociedade que podem sufocar a expressão do indivíduo.

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DESENVOLVIMENTO

Ao examinar os conceitos freudianos sobre cultura e subjetividade, podemos


entender melhor como as experiências de Malala são moldadas e internalizadas pelo contexto
social e cultural em que vive. Os escritos de Freud destacam a influência da cultura na
formação da identidade e dos conflitos psíquicos individuais, fornecendo uma lente valiosa
para analisar a jornada de Malala e sua resistência contra as injustiças sistêmicas.
Nesse sentido, podemos considerar as estruturas patriarcais enraizadas na sociedade
em que Malala vive como uma forma de tabu que limita a liberdade e a igualdade das
mulheres. As normas patriarcais impostas pela cultura representam tabus que restringem o
acesso das mulheres à educação e à igualdade de gênero, perpetuando assim a submissão e a
opressão feminina. Esses tabus, como discutidos por Freud em "Totem e Tabu", são
estabelecidos para reprimir impulsos instintivos e promover a coesão social.
Os conceitos freudianos, como o complexo de Édipo e o superego, fornecem um
arcabouço teórico para entender como as dinâmicas familiares, sociais e culturais moldam as
percepções e comportamentos das mulheres em relação à sua própria autonomia e valor na
sociedade. Malala desafia essas normas patriarcais ao buscar educação e direitos iguais,
demonstrando uma força interior que confronta as expectativas sociais impostas pelo
ambiente em que vive.
Além disso, a figura de Malala Yousafzai nos convida a considerar como as
pressões culturais e sociais que restringem as oportunidades das mulheres podem impactar sua
saúde mental e emocional. A negação do direito à educação, por exemplo, não apenas limita o
desenvolvimento intelectual das mulheres, mas também pode levar a conflitos internos e
problemas psicológicos devido ao sentimento de injustiça e opressão. Freud abordou os
efeitos devastadores que as normas culturais repressoras podem ter sobre a psique humana, e a
história de Malala exemplifica vividamente esses desafios enfrentados pelas mulheres em
sociedades que negam seus direitos básicos.
A pulsão de vida, no entanto, como definida por Freud, é a força vital que busca a
auto-preservação, a criatividade e a realização pessoal. Em Malala, essa pulsão de vida
manifestou-se em sua busca incansável pela educação, não apenas para si mesma, mas
também para todas as meninas em situações semelhantes. Seu desejo ardente de conhecimento
e sua determinação em enfrentar as adversidades refletem essa poderosa força interior que
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impulsiona os seres humanos em direção à realização de seu potencial. Apesar das ameaças e
perigos representados pelo Talibã e outras forças repressoras, Malala permaneceu firme em
sua determinação de desafiar o status quo e lutar pelos direitos das mulheres.
A pulsão de vida de Malala se manifesta de forma notável em sua resistência
incansável contra as forças opressivas que buscavam silenciá-la. Sua busca ardente por
educação, liberdade e igualdade reflete uma força interior poderosa que a impulsiona a lutar
pelos direitos das mulheres, mesmo diante de ameaças e perigos iminentes. Essa pulsão de
vida não apenas a motiva a perseguir seu próprio potencial, mas também a defender os
direitos fundamentais de todas as meninas em situações semelhantes, tornando-a um símbolo
inspirador de coragem e esperança.

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CONCLUSÃO

Apesar das adversidades e perigos, Malala recusou-se a ser silenciada. Sua


resiliência e coragem inspiraram uma onda global de solidariedade e ativismo em defesa dos
direitos humanos e da educação das meninas. Sua voz tornou-se um chamado à ação,
instigando uma nova geração a desafiar as normas sociais injustas e a lutar por um mundo
mais justo e igualitário. A história de Malala Yousafzai é um lembrete poderoso do poder da
pulsão de vida e da resistência humana diante das forças repressoras da civilização, inspirando
milhões em todo o mundo a se levantarem contra a injustiça e a defenderem os valores da
igualdade e da liberdade.

A história de Malala Yousafzai emerge como um testemunho vivo da luta entre a


pulsão de vida e o "mal da civilização", conforme conceituados por Freud. Sua coragem e
determinação em enfrentar as normas patriarcais e defender os direitos das mulheres ilustram
vividamente a força da pulsão de vida, impulsionando-a a buscar conhecimento, liberdade e
justiça. No entanto, sua trajetória também destaca os desafios impostos pelo "mal da
civilização" - as normas culturais e sociais que restringem o pleno florescimento da
individualidade e da igualdade.

A atuação de Malala também levanta questões importantes sobre as estruturas de


poder e as normas sociais que perpetuam a desigualdade de gênero. Ao desafiar essas normas
e ao se posicionar como uma voz forte em prol da igualdade, Malala demonstra como a
educação e o ativismo podem ser ferramentas poderosas na busca por mudanças sociais
significativas.

A história de Malala Yousafzai é uma poderosa narrativa sobre a luta entre a pulsão
de vida e o "mal da civilização". Sua busca pela educação e pela igualdade de gênero é
impulsionada pela força interior que busca a auto-preservação e a realização pessoal,
enquanto enfrenta as forças repressoras da cultura e da sociedade que buscam negar seus
direitos fundamentais. No entanto, sua coragem e determinação são um testemunho vivo do
poder da resistência e da esperança, inspirando milhões em todo o mundo a se levantarem
contra a injustiça e a defenderem os valores da igualdade e da liberdade. Em última análise, a
história de Malala é uma lembrança poderosa de que, mesmo nas circunstâncias mais
sombrias, a luz da verdade e da justiça pode brilhar através do poder da vontade humana.

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REFERÊNCIAS:

Livros de Malala Yousafzai:

1. Yousafzai, M., & Lamb, C. (2013). Eu Sou Malala: A História da Garota Que Defendeu o
Direito à Educação e Foi Baleada Pelo Talibã. Companhia das Letras.

Obras de Sigmund Freud:

1. Freud, S. (2011). O Mal-Estar na Civilização. Penguin Classics.

2. Freud, S. (2013). Totem e Tabu. Companhia das Letras.

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