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Índice

1. Introdução............................................................................................................................2

1.1. Metodologia do Trabalho.............................................................................................3

1.2. Objectivos.....................................................................................................................3

1.2.1. Objectivo Geral.....................................................................................................3

2. Hipóteses de Enzenberger...................................................................................................4

3. Marxismo Ecológico............................................................................................................6

3.1. A contribuição do marxismo ecológico para o enfrentamento da crise socioambiental


contemporânea........................................................................................................................7

3.2. A estratégia reformista.................................................................................................8

3.3. Análise econômica da crise ecológica contemporânea..............................................10

4. Paradigma actual dos problemas ambientais.....................................................................11

4.1. Mudanças de paradigmas...........................................................................................11

4.2. Nos caminhos da crise................................................................................................12

5. Conclusão..........................................................................................................................14

6. Referências bibliográficas.................................................................................................15
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1. Introdução

Neste presente trabalho que surge no âmbito da disciplina de 2222 com intuito de
desenvolver aspectos relacionados com as hipóteses de Enzensberger, o Marxismo Ecológico
e Paradigma dos problemas ambientais.

Desta feita, o estilo de vida e a organização social que emergiu na Europa a partir do
século XVII e que se difundiu em termos mundiais, traduzem o conceito de modernidade. Na
modernidade, o ritmo das mudanças sociais passou a ser extremo. Contudo, como bem
ressalta Anthony Giddens, ao mesmo tempo em que as instituições sociais modernas
oportunizaram que populações humanas desfrutassem de uma vida com maior conforto,
também geraram muitos efeitos indesejáveis, tais como: submissão dos homens à disciplina
de um trabalho maçante e repetitivo; potencial destrutivo de larga escala em relação ao meio
ambiente; uso arbitrário do poder político (totalitarismos); e a industrialização da guerra. Em
outras palavras: um mundo carregado e perigoso.

A atual crise em que a sociedade está vivenciando desde a metade do século XX é fruto de
um descontrolado processo de exploração, agressão, obsessão por parte do ser humano em
relação ao meio natural e a si mesmo. A definição exata para a gênese da crise ambiental é
difícil de definir, mas acredita-se que ela tenha tido sua origem a partir da Revolução
Industrial e Científica, onde o mundo passa a ser encarado como uma máquina, reduzido a
uma linguagem matemática.
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1.1. Metodologia do Trabalho

Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica acerca das discussões em relação as
hipóteses de Enzensberger; Marxismo Ecológico e finalmente Paradigma dos problemas
ambientais. Tal pesquisa foi realizada no período de Março data 21 a Março data 27 de 2019,
tendo como bases teóricas diversos debates em relação à contribuição do entendimento das
mudanças de paradigmas no atual contexto socio ambiental.

Conforme Marconi e Lakatos (2006), uma pesquisa de revisão bibliográfica é


interessante, pois faz um levantamento de todas as teorias, discussões e debates em forma de
livros, revistas, artigos e outras formas de publicação. “Sua finalidade é colocar o pesquisador
em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo
de permitir ao cientista o esforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de
suas informações. A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas ainda não se
cristalizaram suficientemente. (MARCONI E LAKATOS, 2006, pg. 43-44).

1.2. Objectivos
1.2.1. Objectivo Geral
 Compreender as Hipóteses de Enzensberger, Marxismo ecológico e paradigmas dos
problemas ambientais,
1.2.1.1. Objectivos específicos
 Conhecer, analisar e interpretar as visões da ética ambiental em relação à crise
ambiental e as mudanças de paradigmas;
 Descrever as mudanças dos paradigmas nos problemas ambientais;
 Identificar factores que condicionam o Marxismo ecológico.
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2. Hipóteses de Enzenberger

Na prespectiva do Enzenberger (1977), discutindo a implicação ideológica da


mundialização da questão ambiental causada por problemas globais como por exemplo a
chuva ácida e o efeito-estufa, verificou que este fato contribuiu como um dos elementos para
a criação da imagem da “espaço nave-terra”, da expressão “estamos todos no mesmo barco”,
e da máxima “pensar global, agir local”.

Mas Enzenberger pôde concluir também que os actores sociais diretamente vinculados na
desordem global da biosfera ficaram camuflados sob o manto do “homem genérico e
abstrato”, uma vez que diante desta nova pauta ambiental a humanidade como um todo estaria
comprometida com as causas da interferência na dinâmica da biosfera, e assim diluiu-se a
responsabilidade social pelos danos ambientais globais, tendo como resultado, um
esvaziamento político daquilo que poderia conter um alto teor crítico.

Eleva-se à condição de espécie biológica e não de padrões culturais a causa da crise


ambiental. Daí a prevalência da abordagem biologiscista do crescimento populacional do
Homo sapiens ser entendida como o maior perigo para a natureza. Aqui, não há uns mais
responsáveis do que outros, e tampouco há uns mais atingidos do que outros pela degradação
ambiental. Os conflitos sociais que em última análise desgastam a biosfera, tornam-se
invisíveis, e todos seriam igualmente responsáveis e atingidos.

É preciso que fique claro que assumir o enfoque da resolução de problemas ambientais
locais, orientado pragmaticamente a partir da perspectiva de uma atividade-fim, pode
produzir, como num passe de mágica, o mesmo efeito do “desaparecimento” dos atores
sociais e dos condicionantes que propiciaram o surgimento do problema ambiental tido como
objeto didático de enfrentamento.

Ver os fins, e não os meios, oculta todo o processo que derivou nos fins, e se o único fim
visível é a degradação da natureza, omite-se as verdadeiras causas e seus respectivos
responsáveis pelo desequilíbrio da relação da sociedade contemporânea com a natureza. A
tônica do discurso educativo favorecendo a esfera da ação, em detrimento da reflexão,
concentra esforços no caráter corretivo, em detrimento do preventivo. Decorre que, se o fluxo
civilizacional da atualidade não é sustentabilista, a ação humana busca apenas conformá-lo,
ao invés de substituí-lo. Essa implicação ideológica presente nesta prática pedagógica é uma
armadilha que o educador ambiental deve evitar a todo custo.
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Poeta alemão, Hans Magnus Enzensberger (1929) é considerado um dos mais importantes
intelectuais do pós-guerra da Alemanha e tem um discurso que pode ser classificado como
fortemente à esquerda. Apesar de a primeira edição do livro ter mais de 30 anos, as críticas
são bastante actuais.

Inicia tecendo considerações da origem da disciplina Ecologia, que surgiu em 1868 como
uma subdisciplina da Zoologia, aumentando rapidamente em complexidade e alcance quando
passou a investigar um animal específico: o homem. A partir daí tratada como Ecologia
Humana, transformou-se em disciplina híbrida, adotando categorias e métodos tanto das
ciências naturais com das humanas. Segundo o autor, tem ela pretensão de uma totalidade
para a qual não está habilitada. No limite, portanto todos podem se considerar ecologistas.

O livro afirma que o motivo de a Ecologia ter ficado tão popular em tão pouco tempo está
na hipótese central de que “as sociedades industriais produzem contradições ecológicas que
deverão conduzi-las à ruína em um tempo previsível”. Sendo esta uma teoria da catástrofe,
difere das anteriores, lineares e monocausais, por considerar a interdependência dos diversos
sistemas ecossociais. Isso implica um grau de sinergia antes subestimado entre as variáveis,
como o aumento explosivo da população mundial, esgotamento das fontes de energia e de
matérias-prima não renováveis, limitações na produção de alimentos, aquecimento global etc..
Diante de tal teoria, o autor apresenta três perguntas provocativas: qual o momento da
catástrofe? São claras as contribuições de cada fator para tal evento? E qual o significado de
uma catástrofe?

Segue a obra tratando do movimento ecológico, alegando que os pensamentos dos grupos
que o formam são “um caos nebuloso carente de conceitos”. Identifica alguns atores
importantes para as questões ambientais, sendo o mais importante o formado pelos
tecnocratas do aparato estatal e das indústrias, indivíduos que, segundo o autor, ainda que
pragmáticos, seriam amorais e lacaios das classes dominantes.
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3. Marxismo Ecológico

Neste escrito o grupo pretende mostrar que as afirmações marxistas acerca das
relações sociais do homem com a natureza podem ser usadas para uma melhor compreensão
dos problemas ecológicos contemporâneos.

O próprio Marx e ambivalente com respeito a concepção da natureza em sua crítica a


economia politica. Por um lado, sua teoria esta relacionada com os enfoques tradicionais da
economia e a teoria politica; Marx não abandona o “campo teórico” argumentação tradicional
da economia politica para abrir um novo campo. Permanecem os sinais do iluminismo
racional e uma logica que não leva em conta os limites da natureza. O argumento principal e o
seguinte: o homem constrói sua história ao transformar a sociedade, a natureza e a si mesmo,
mas nao existem limites impostos pela natureza. Por conseguinte, a natureza e concebida
como um conjunto de recursos que podem ser utilizados. Podemos encontrar esta concepção
já nas ideias de Bacon, na derivação de John Locke dos direitos de propriedade (da
capacidade do trabalho humano de apropriar-se dos frutos da terra) assim como também no
conceito de divisão do trabalho de Adam Smith como fonte constantemente crescente de
produtividade, e por fim, de riqueza para as nações. Este campo teórico também inclui a
concepção de David Ricardo sobre a terra como fator limitante da acumulação capitalista
devido aos efeitos que tem a existência de terra de menor qualidade e fertilidade sobre a
reprodução dos custos do trabalho que levam a uma taxa de ganho decrescente.

A ideia de Marx e um progresso em comparação com a de Ricardo porque apresenta a


interpretação fundamental das “leis de movimento” da acumulação capitalista como moldadas
pelas contradições sociais e não pelos limites impostos pela natureza. Aquelas que Marx
chamava “interpretações vulgares” da divergência entre a oferta de recursos naturais e a
demanda do homem de produtos da natureza, particularmente acentuadas na teoria de Thomas
Malthus, exibem um naturalismo desumano, que Marx rechaçava já em seus primeiros
trabalhos contra o idealismo alemão.

Nas interpretações clássicas e, sobretudo, nas neoclássicas da relação homem natureza,


a racionalidade individual na tomada de decisões com relação aos recursos escassos e o ponto
central, contrariamente ao que ocorre com o pensamento malthusiano, no qual o excesso de
demanda e a categoria decisiva. Na teoria clássica e na neoclássica, a categoria de escassez
aparece como a peca central do raciocínio económico.
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O “individualismo metodológico” (Schumpeter, 1908) nasceu, e com ele uma


racionalidade que separa em um primeiro momento recursos naturais de outras partes não
valiosas da natureza que não servem como fontes de valorização capitalista, e que em um
passo seguinte separa um recurso natural do outro. De outra maneira, uma tomada de decisão
racional não seria possível sob as precondições do individualismo metodológico.

3.1. A contribuição do marxismo ecológico para o enfrentamento da crise


socioambiental contemporânea

Hodiernamente, a soberania do mercado de bens de consumo, no atual estágio do


capitalismo, não encontra no poder político uma ameaça, porquanto a mesma lógica
neoliberal que domina a perspectiva econômico-financeira do mercado, também conduz o
poder político. Hodiernamente, tanto o poder político quanto o mercado se utilizam do
discurso do desenvolvimento sustentável como modelo político ideal a ser alcançado.
Entretanto, ao se curvar à soberania do mercado o poder político permite que a dimensão
socio ambiental presente na concepção original do conceito de desenvolvimento sustentável
seja renegada a um plano inferior.

Em sua essência o conceito de desenvolvimento sustentável, cunhado no ano de 1987


pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas no
Relatório Brundtland, contempla a moderna concepção de justiça ambiental. Referido
documento, intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), ao conceituar
desenvolvimento sustentável conjuga desenvolvimento, proteção ambiental e justiça social,
esta última compreendida como satisfação das necessidades humanas básicas: O conceito de
desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Ele
contém dois conceitos-chave: o conceito de necessidades, sobretudo as necessidades
essenciais dos pobres do mundo, que devem recebera máxima prioridade; a noção das
limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente,
impedindo-o de atender as necessidades presentes e futuras.
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Percebe-se que o núcleo essencial do conceito de desenvolvimento sustentável, possui


ligação umbilical com a concepção de justiça ambiental. Percebe-se também que as crescentes
injustiças ambientais da era do capitalismo de hiperconsumo demonstram que o poder político
efetivamente não tem se mostrado capaz de romper com a soberania do mercado, porquanto
envolvido pela mesma perspectiva neoliberal deste.

Nesse cenário, o marxismo ecológico apresenta-se como uma proposta de um novo


paradigma. Um paradigma que se propõe a demonstrar que o modelo de desenvolvimento
capitalista, baseado no lucro e não no atendimento das necessidades humanas básicas, jamais
será capaz de atingir patamares de sustentabilidade. O marxismo ecológico e o movimento
por justiça ambiental são, portanto, modelos de esperança para um novo rumo
desenvolvimentista. Se o ecossocialismo defendido pelos marxistas ecológicos ainda é uma
utopia distante de ser alcançada, é possível sim sonhar com uma nova ordem social, na qual o
“princípio da responsabilidade”, já há muito defendido por Hans Jonas, conduza às relações
econômicas e sociais. Uma nova ordem social que se paute por princípios éticos de justiça,
humanidade e respeito a todas as formas de vida. Uma nova ordem social que abandone a
utopia capitalista da eterna abundância, caminho inverso da sustentabilidade.

O marxismo ecológico e o movimento por justiça ambiental são modelos de


esperança. O direito ambiental, influenciado por tais correntes de pensamento, transmuta-se
em um direito socio ambiental, cujo fio condutor é o princípio ético da justiça ambiental.
Dessa simbiose entre o social e o ambiental, um novo direito, socio ambiental, assumirá o
papel de protagonista na reconstrução do Estado de direito conduzindo-o à dimensão de
Estado de Justiça Ambiental. Daí sim se poderá sonhar com uma era na qual o consumo será
sustentável, porquanto o próprio desenvolvimento também o será.

3.2. A estratégia reformista

Reformar o Marxismo num ponto tão central e ao mesmo tempo preservar suas
conquistas não é fácil. Como sempre ocorre nas revoluções paradigmáticas, dois caminhos
estão abertos para nós.

 O primeiro é aquele da mudança cautelosa, podando os galhos mortos ou


apodrecidos, relaxando sobre hipóteses muito poderosas, enriquecendo o
imutável núcleo central com revisões secundárias.
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 O segundo envolve uma substituição radical de paradigma: a reconstrução do


materialismo ao redor de um novo enquadramento intelectual, usando partes
recicladas das ruínas do velho paradigma marxista.

O Grupo sugeriria imediatamente que apenas a segunda opção provará finalmente ser
satisfatória, embora eu ainda tenha que encontrar um persuasivo esquema global. Então me
concentrarei numa crítica da primeira alternativa, revendo alguns problemas que devem ser
resolvidos a fim de se ir além da tríade marxista do “anti capitalismo, revolução proletária,
comunismo”. Quando eles finalmente reconheceram a realidade, os grupos marxistas pós-
1968 tomaram o caminho reformista. Parecia suficiente reconhecer várias “frentes
secundárias” fora da produção capitalista, e incorporar os respectivos movimentos sociais à
luta do proletariado contra o capital e pelo comunismo. A fim de conservar o paradigma
Marxista, foi necessário mostrar:

 Que esses movimentos sociais de fato se posicionaram contra o capital (às


vezes tinha que se dar por satisfeito em observar que eles estavam
confrontando o estado capitalista, algo que nenhum movimento social poderia
fazer);
 Que esses movimentos estavam especialmente preocupados com a difícil
situação da classe operária, e que eram, portanto, aqueles no inter-
relacionamento dos movimentos sociais e do movimento operário, com filiação
em ambos, que iriam ser os mais qualificados para obter a liderança do
movimento;
 Que esta liderança proletária asseguraria a convergência do movimento
específico com o movimento dos trabalhadores, e assim, com os interesses
históricos da humanidade como um todo. Podia-se confiar no comunismo para
abolir a “contradição secundária”, que era a preocupação particular do
movimento. Assim, muito cedo, o movimento camponês e, depois, os
movimentos de descolonização do Terceiro Mundo foram incorporados à luta
dos trabalhadores.
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3.3. Análise econômica da crise ecológica contemporânea

Em seu sentido mais amplo, a ecologia política centra-se naquelas contradições entre o
indivíduo e a coletividade, que se aplicam ao meio-ambiente (que ao mesmo tempo a
condição e o produto de todas as nossas atividades). Um engarrafamento numa rota de férias é
um excelente exemplo de uma crise local de tipo ecológico:

Cada meio-ambiente individual é simultaneamente a largura da autoestrada, a


totalidade dos outros motoristas e a poluição resultante. Esta não é uma contradição entre a
produção capitalista e seu meio-ambiente; mesmo quando fortemente sobre determinada pelas
relações capitalistas, não é redutível a elas. Há um espectro de regulações possíveis que
podem resolver tais minicrises, indo do estabelecimento de estações de pedágio, aumentando
o preço da gasolina, ampliando as rodovias ou construindo linhas ferroviárias, por um lado, e,
de outro, reduzindo o dia de trabalho e resolvendo a contradição “tempo de trabalho/tempo de
lazer”. Essas medidas se baseariam, em parte, nos modos clássicos da regulação – a
democracia, o mercado e a Lei – que respondem às contradições “horizontais”, contradições
entre o individual e a comunidade, mais do que entre os reguladores e os regulados. Vamos
considerar o aspecto mais econômico: a teoria do valor.

A teoria marxista fornece um bom ponto de partida. Porém, como as lutas ecológicas
começam a obrigar os indivíduos a considerarem os custos externos de seus comportamentos,
os preços se distanciam cada vez mais das relações de valor, ou seja, do “tempo de trabalho
socialmente necessário”. Esta discrepância pode ser tratada da perspectiva de Marx, mas sob a
condição de que sua teoria da forma valor – “a linguagem que as mercadorias falam” – seja
considerada seriamente.

O primeiro passo de Marx é “a transformação dos valores em preços” (o que está bem
distante da proposição dos problemas insolúveis que alguns, na década de 70, clamavam ter
encontrado). Pode-se expandir a fórmula da transformação ao se considerar o aluguel, os
tributos sociais, as taxas ecológicas, etc. Mas, então, logo se compreende que aquilo que a
mercadoria está nos dizendo não é tanto a quantidade de trabalho que ela contém, mas mais
propriamente as taxas ecológicas que podem ou não refletir a proteção social que os
produtores podem ou não usufruir, e assim por diante.
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Em síntese, o que uma mercadoria expressa hoje – e o que, assim espero, irá
crescentemente nos dizer amanhã – é o grau de interesse que a sociedade tem no bem-estar de
seus membros e a sabedoria que demonstra na administração da herança comum da
humanidade. Estamos nos dirigindo, com efeito, para uma noção de “valor sustentável”.
Como pode um tal índice governar, por sua vez, as condições sob as quais ocorre a produção?
O mercado certamente não bastará, a menos que seja pressionado pelas leis – apoiadas pelo
senso de responsabilidade dos cidadãos, produtores e consumidores

4. Paradigma actual dos problemas ambientais


4.1. Mudanças de paradigmas

Hoje a vida esta submersa numa crise obscura, na qual os homens subjugam a sua própria
condição de “humanos” e partem para uma relação de desordem para consigo e seu
semelhante e com o meio natural, sem manter obrigações com o futuro, e privilegiando os
prazeres efêmeros vindo do capitalismo, do egoísmo e do narcisismo.

Desta forma Capra (1982, p.11) ratifica que: É uma crise complexa, multidimensional,
cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade
do meio ambiente e das relações sociais, da economia, tecnologia e política. É uma crise de
dimensões intelectuais, morais e espirituais, uma crise de escala e premência sem precedentes
em toda história da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real
ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta.

Desta feita, seguindo a linha de pensamento de Capra pode-se identificar que os grandes
acontecimentos são estágios inicias para mudanças significativas, ou seja, uma fase de
transição, de profunda transformação sociocultural. Como por exemplo, a formação dos
primeiros núcleos urbanos, devido o advento da agricultura no início do período neolítico, a
ascensão do cristianismo na época da queda do império romano e na transição da Idade Média
para a Idade Científica, possibilitando a Revolução Industrial. “Especificamente, a nossa
transformação pode ser mais dramática, porque hoje as mudanças são mais velozes, amplas, o
globo inteiro está ligado e as coisas podem ser feitas mais rapidamente...” (PELIZZOLI,
2002, p. 55).
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No atual contexto, três desafios básicos envolvem as mudanças de paradigmas do século


XXI. Primeiramente tem-se o:

 Declínio do sistema patriarcal, com a ascensão dos movimentos feministas (os


quais possuem semelhanças com a luta pela defesa do meio ambiente),
 Posteriormente o declínio da era dos combustíveis fósseis, fontes de energia que
impulsionaram o desenvolvimento das indústrias na era moderna, que “cederiam”
lugar para a era das fontes de energias limpas e renováveis, e por fim, a grande
mudança de paradigma,
 Uma remodelagem no pensamento, nos padrões, na percepção e nos valores que
formam a visão mais fundamental da realidade.

Para muitos autores como, Leonardo Boff, a educação (ambiental) exerce um papel
importante nesse processo de combate a crise, em defesa do desenvolvimento sustentável,
além de semeadora das práticas da ética, assim como avaliadora dos hábitos de consumo
(alfabetização ecológica). Onde se pode promover a compreensão das questões de maneira
mais dinâmica e multi e interdisciplinar. No que tange esses aspectos, é preciso ter em mente
a seguinte ideia, tudo está incontestavelmente interligado, tudo faz parte de um único sistema,
onde, as partes em conjunto e harmonia formam o todo, e esse último por sua vez forma um
novo sistema ainda mais complexo.

4.2. Nos caminhos da crise

Ainda hoje, a competição, exploração e dominação dos recursos naturais são ditadores do
modelo de desenvolvimento adotados pelas nações em ascensão no cenário político e
econômico mundial. Alicerçados a falta da prática de humanidade, favorece ao agravamento
dos problemas oriundos da atual crise ambiental. Superpopulação, exploração dos mais
pobres, fome, desemprego, consumo de drogas, violência, analfabetismo, degradação do meio
ambiente, entre outros acontecimentos, são poucas as causas que podem ser enumeradas
dentre os catastróficos resultados que já ameaçam a manutenção da vida no planeta Terra.

As injustiças contra a vida se justificam pelo abuso do equilíbrio da natureza, assim como
da sociedade. Em detrimento das boas relações, o ser humano exercita a cobiça, a inveja, a
maldade e o egoísmo e sepulta no mais profundo de seu coração as práticas virtuosas que
sustentam a conduta ética dos homens.
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Em favor dos vícios da sociedade contemporânea os indivíduos voltaram suas atenções ao


consumismo exacerbado, a produção em massa, ao crescimento a qualquer custo e a
valorização de determinados segmentos da sociedade a custa dos menos favorecidos.

Existe um retrocesso ao se falar em evolução. O homem sustentado pelas suas pesquisas


científicas buscou alcançar a glória tecnológica. Descobriu e continua a descobrir curas e
tratamentos para doenças, investe milhões na confecção de armamentos de guerra cada vez
mais sofisticados, descobre novos planetas, viaja pelo espaço em busca de outros sinais de
vida, mas é impotente para erradicar a pobreza, as injustiças sociais, a fome ou controlar a
poluição atmosférica.
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5. Conclusão

Depois do término da realização do presente trabalho, o grupo achou essencial afirmar


que o conceito marxista de relação natureza-homem e muito mais apropriado que outros
conceitos para compreender as contradições e a dinâmica da relação social entre ser humano e
natureza, quer dizer, da relação entre a economia, a sociedade e Meio ambiente. A principal
razão consiste em ver o ser humano trabalhador como alguém que transforma a natureza e,
portanto, esta incluído em um metabolismo de natureza-homem que, por um lado, obedece as
leis da natureza quase-eternas e, por outro, esta regulado pela dinâmica da formação social
capitalista. A “formação” representa o conjunto de formas sociais, começando pela forma
mercadoria, a forma dinheiro, a forma politica ate a forma do crédito moderno.

Uma moderna visão da teoria marxista, denominada de marxismo ecológico, apresenta


substrato teórico inspirador do movimento por justiça ambiental, afinal, como se procurou
demonstrar, Marx já previa que o capitalismo industrial gerava externalidades negativas que
eram suportadas de modo muito mais intenso pelos trabalhadores, proletários. Portanto, o
movimento por justiça ambiental encontra no marxismo ecológico uma origem comum,
porquanto ambas correntes de pensamento se voltam contra a ausência de equidade no suporte
das externalidades negativas do capitalismo e no acesso ao meio ambiente equilibrado.

As mudanças de paradigmas aqui levantadas se encaixam perfeitamente nos princípios e


nas bases dos pensamentos das éticas ambientais, ecologia profunda e ecofeminismo. Cada
um aborda de que forma seus ideais podem ajudar a recriar uma nova visão acerca dos
problemas oriundos da crise ambiental. O movimento ecofeminista, originou-se na França em
meados da década de 70, e busca correlacionar os desafios da crise ambiental à luta em defesa
do reconhecimento da identidade feminina. Para o movimento, a gênese dos problemas
ambientais está intrinsecamente interligada a desvalorização do ser feminino no decorrer da
história da humanidade, já que ambas as vertentes passaram a ser tomadas como objetos de
exploração e dominação do homem.
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6. Referências bibliográficas
 MARXISMO e ecologia: entrevista com Paul Burkett. In: As Vinhas da Ira.
Disponível em: <http://asvinhasdaira.wordpress.com/2007/07/25/marxismo-
eecologia-entrevista-com-paul-burkett/>. Acesso em: 25 Março 2019.
 LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:
Atlas, 2009
 Enzensberger, H. M. (2003 [1970]). Elementos para uma Teoria dos Meios de
Comunicação, pp. 1-119. São Paulo: Conrad Livros, 2003 [1970]. ISBN 85-8719-
362-7.
 Schumpeter, Joseph A. 1908 Das Wesen und der Hauptinhalt der theoretischen
Nationalökonomie (Leipzig: Dunker & Humblot).
 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.
Nosso Futuro Comum. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991.
 PELIZZOLI, M.L. Correntes da ética ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002
 CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.
 ENZENBERGER, H.-M. Une critique de l’écologie politique. In: ROSE, H. et al.
L’idéologie de/dans la science. Paris: Seuil. 1977.

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