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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADES

CURSO DE FILOSOFIA COM HABILITAÇÃO EM ÉTICA

EVARISTO PHIRES

O princípio responsabilidade em Hans Jonas: como nova


proposta ética do agir humano frente a natureza

Beira
2023
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Evaristo Phires

O PRINCÍPIO RESPONSABILIDADE EM HANS JONAS:


COMO NOVA PROPOSTA ÉTICA DO AGIR HUMANO
FRENTE A NATUREZA

Projecto científico a ser entregue na Faculdade de Letras e


Humanidade, como requisito para a obtenção do grau
académico de Licenciatura em Filosofia com Habilidades
em Ética.

Beira

2023
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Índice
1.Apresentação do tema.............................................................................................................4

1.1 Delimitação do tema............................................................................................................4

1.2 Justificativas.........................................................................................................................4

2.Objectivos...............................................................................................................................5

2.1 Objectivo geral.....................................................................................................................5

2.2 Objectivos específicos..........................................................................................................5

3.Metodologias...........................................................................................................................5

3.1 Metodologia de abordagem..................................................................................................5

3.2 Método de procedimento......................................................................................................5

4. Técnica de pesquisa................................................................................................................5

5. Tese........................................................................................................................................6

6. Fundamentação teórica...........................................................................................................7

7.Índice provisório...................................................................................................................10

8. Cronograma..........................................................................................................................11

Bibliografia..............................................................................................................................12
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1.Apresentação do tema
O presente projecto de pesquisa tem como tema: Ética de responsabilidade na perspectiva de
Hans Jonas.

1.1 Delimitação do tema


O princípio responsabilidade em Hans Jonas: como nova proposta ética do agir humano
frente a natureza

1.2 Justificativas
A motivação por esta temática suscita na tentativa de buscar novas compreensões acerca do
compromisso ético do homem em relação ao meio ambiente. Para tanto, a revisão sobre “o
princípio responsabilidade” do filósofo Hans Jonas, motivou importantes considerações
estabelecidas nessa pesquisa. Sendo assim, ressalta-se a relevância do tema frente às atuais
configurações do mundo contemporâneo. Portanto, a responsabilidade ambiental deve ser
reflectida nos diferentes sectores socioculturais, de forma a ser valorizada e colocada em
prática, buscando fomentar técnicas educativas capazes de legitimar novas interacções, haja
vista o avanço nas pesquisas e a progressão no conhecimento nesse campo, frente às atuais
demandas sócio-ambientais. Em O Princípio Responsabilidade, Jonas apresenta a sua
preocupação com o futuro da humanidade e com os rumos que o uso impensado da
tecnologia pode nos levar. Após algumas experiências do homem com a aplicação da técnica
para fins nada nobres, como por exemplo, o uso da bomba atómica, restam muitas perguntas
e um tipo de lacuna ética.
1.3.Problematização
O século XXI é notadamente marcado por riscos que chamam a atenção para os grandes
desafios que surgirão no horizonte bem próximo da sociedade contemporânea. Estes riscos
delineiam um devir, no qual o esboço de um mundo virtuoso, esperado e desejado desde o
final do século XIX, muito bem expresso no conceito de progresso e nas oportunidades
alardeadas pela ciência, não mais surge como inevitável e inexorável.
Os problemas ambientais vividos pela sociedade nos levam à reflexão: teremos um futuro
sustentável para as futuras gerações? É preciso perceber que o degaste ambiental sofrido pelo
Planeta Terra é demasiado, e a construção de uma consciência crítica capaz de perceber e
posteriormente agir, não acontece actualmente, sendo um desafio urgente para os diversos
grupos humanos.
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2.Objectivos

2.1 Objectivo geral


O presente projecto tem como objectivo geral compreender a nova proposta ética do agir
humano do princípio da responsabilidade de Hans Jonas.
2.2 Objectivos específicos
 Reflectir o agir humano em relação a natureza;
 Analisar as consequências que a ciência e a técnica, separadas da ética, trazem ao
homem e à natureza
 Avaliar nova proposta de Hans Jonas sobre agir humana.

3.Metodologias

3.1 Metodologia de abordagem


Para a concretização do projecto em estudo usaremos o seguinte método:
- Dialéctico, que consistirá na análise dos pensamentos opostos relacionado com o tema.

3.2 Método de procedimento


Comparativo: que consistirá em comparar o pensamento de Hans Jonas com outros
pensamentos filosóficos que também aborda o tema em pesquisa, a fim de verificar
semelhanças e explicar divergências.
Hermenêutico: consistirá na leitura e interpretação dos livros de Jonas e os demais
pensadores relacionados com o tema em estudo, para uma interpretação, compreensão e
analise do material bibliográfico colectado, onde se vai fazer uma análise crítica dos mesmos
e por fim fazer a elaboração final do trabalho em estudo.
Histórico: analisar o aspecto histórico do tema, para verificar se há alguma influência na
sociedade actual.

4. Técnica de pesquisa
Pesquisa bibliográfica: consistirá na selecção e recolha do material que aborda o tema em
destaque.
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5. Tese
Hans Jonas fomenta a consciência crítica sobre a postura que a ciência deve assumir no
processo de defesa da vida no planeta. A partir desse pressuposto, propõe-se uma ética de
responsabilidade sobre a humanidade e o meio ambiente. As ideias do teórico incidem na
compreensão que a busca do homem pelo conhecimento nem sempre respeita os limites
éticos, desvinculando-se do sentido de responsabilidade social, supervalorizando a tecnologia
em detrimento da vida. Segundo o princípio de responsabilidade de Jonas, não se pode
sacrificar o futuro pelo presente: se a humanidade se preocupar apenas com o presente, o
futuro pode deixar de existir. A ética proposta por Hans Jonas inclui a responsabilidade por
futuras gerações. Esse tipo de responsabilidade não pode ser uma relação recíproca, pois é
direccionada às gerações futuras. É uma responsabilidade por pessoas que ainda não
nasceram, inclusive por seres humanos que habitarão a terra após todos que hoje estão vivos
já terem morrido. Portanto, trata-se de uma responsabilidade que não pode ser reciprocada.
Dito isto, a:
 E ética deve impor limites à Ciência, sobretudo se o progresso científico ameaçar
a manutenção da vida na terra ou apresentar consequências desconhecidas.
 Nova ética da responsabilidade deve incorporar a noção de cautela e a projecção
de consequências negativas ao impor limites à actuação da Ciência e da
tecnologia.
 Ética deve se posicionar criticamente contra qualquer avanço científico que
ameace a continuidade da vida.
Há necessidade de se repensar a ética, acompanhada de valores que proporcionem uma
reflexão actualizada, que problematize os conceitos de positivo, negativo, bem e mal. Daí
parte também a convicção de que precisamos organizar as ideias, dando vida aos fatos, de
maneira que se acrescente a conduta que não só determinará a moral, mas que distinguirá o
comportamento individual e colectivo do homem perante o mundo.
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6. Fundamentação teórica

Alemão de Mönchengladback, Hans Jonas nasceu em 1903 e viveu até 1993. Em sua obra
basilar, O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica,
publicado em 1979, Jonas discute os principais problemas ocasionados pela natureza
modificada do agir humano, para os quais ele se encarrega de apresentar soluções quanto à
questão da relação homem/natureza – que se caracteriza exactamente por ser empresa e
processo – estes sendo o que se pode considerar como os autênticos signos do progresso.

O ponto de partida de Hans Jonas é a tomada de consciência das ameaças de extrema


gravidade que fazem pesar sobre o nosso ambiente, mas também sobre a humanidade inteira,
as novas formas de agir humano.

A modificação da natureza do agir humano é, entre todas as consequências da modernidade


apontadas por Jonas. Em nenhum momento da história o homem pensou que sua permanência
na Terra poderia ter fim pelas suas próprias mãos. Hoje, este tema se tornou uma
possibilidade real do futuro humano devido à conjugação do desenvolvimento de tecnologia
de destruição em massa, de técnicas de prolongamento e melhoramento genético da vida
humana e aceleração da degradação ambiental do planeta.

Logo no início desta reflexão Hans Jonas afirma que tomemos do passado aquelas
características do agir humano significativo para uma comparação com o estado actual de
coisas. Para Hans Jonas nenhuma ética anterior havia pensado em um futuro distante, pois
elas não reflectiam sobre a relação homem x natureza por se acreditar que, até então, que a
acção do homem tinha um impacto quase irrelevante em relação ao meio ambiente. Segundo
o autor, imaginava-se que o “alcance efectivo da acção era pequeno, o intervalo de tempo
para a previsão, definição de objectivo e imputabilidade era curto, e limitado o controle sobre
as circunstâncias” (Jonas,2006.p.35). O que leva a crer que as éticas anteriores tinham um
carácter antropocêntrico, a ética tinha a ver com a relação directa entre iguais.

Segundo Jonas (2006), o imperativo kantiano era voltado para o indivíduo e seu
critério era momentâneo, Kant enunciava: “Aja de modo que tu também possas querer
que tua máxima se torne lei geral”. Em seu imperativo, Kant impelia à reflexão sobre
as consequências de uma universalização de nossa máxima de conduta, mas nesta
reflexão não havia a possibilidade de que factualmente a escolha individual viesse a
se tornar uma máxima geral ou mesmo contribuir para tal. Não se consideram os
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efeitos reais em absoluto, não se trata de uma responsabilidade objectiva, mas de uma
constituição subjectiva da autodeterminação. Já o imperativo jonasiano diz respeito a
outra forma de coerência, não sendo mais a do ato com ele mesmo, mas “a dos seus
efeitos finais para a continuidade da actividade humana no futuro” (p.49).

É necessário um novo imperativo adequado ao novo tipo de agir humano diante desse novo
contexto deveria ser mais ou menos assim segundo Jonas: “Aja de modo a que os efeitos da
tua acção sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a
Terra”; ou expresso pela via negativa: “Aja de modo a que os efeitos da tua acção não sejam
destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida”; ou simplesmente: “Não ponha em
perigo as condições necessárias para a conservação indefinida da humanidade sobre a Terra”;
ou ainda positivamente: “Inclua na tua escolha presente a futura integridade do homem como
um dos objectos do teu querer (idem).

Percebe-se, assim, que o imperativo proposto por Jonas consiste em um verdadeiro princípio
ético, ou seja, significa um agir ético coerente com a continuidade da vida humana no futuro,
sendo primordial que as acções decorrentes desse princípio adoptem uma caracterização
universal na medida factível e possível de sua eficácia. O imperativo proposto por Hans Jonas
é de ordem racional para um agir colectivo como um bem público e não individual.

Garcia (2007) esclarece o ponto da ética voltada para o futuro, segundo a qual para
ultrapassar a tradicional é a ética do futuro, de dimensão “quase cósmica”,
eminentemente política, uma ética que, de um lado, demanda uma cidadania
informada e ciente das suas consequências e irreversibilidade, de outro, demanda uma
cidadania à escala global (p.75). Percebe-se o contraponto que é desenvolvido por
Hans Jonas no que se refere à ética tradicional e à ética do futuro. Enquanto a ética
tradicional tem como características principais a contemporaneidade, a proximidade, a
acessibilidade e a não comutatividade, a ética do futuro ultrapassa esses quesitos, uma
vez que o agir humano não apresenta previsibilidade dos seus efeitos (Garcia, 2007, p.
82).

A responsabilidade para Jonas, portanto, é compreendida como o princípio da acção humana


que se projecta tanto no presente quanto no futuro. Segundo o contexto da sociedade
tecnológica e seus problemas éticos, trata-se da doutrina moral directamente incorporada ao
processo tecnocientífico e em sentido de “poder como dever”. O filósofo esclarece: “A
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responsabilidade é o cuidado reconhecido como obrigação em relação a um outro ser, que se


torna ‘preocupação’ quando há uma ameaça à sua vulnerabilidade” (Jonas, 2006, p. 352).

A ética jonasiana baseada no princípio da responsabilidade intenta reflectir sobre a realidade


moderna para propor caminhos de resolução aos problemas criados pelo ser humano. Se antes
a ética estava centralizada nas relações humanitárias em nível antropológico, cultural, ético e
político, no mundo tecnicista, transformador da natureza e do próprio ser humano, a ética tem
o desafio de responder a uma sociedade onde o avanço tecno-científico se torna o paradigma
influente imperativo de civilidade. Junto a ele deve se integrar as bases fundamentais da vida
humana, a saber, a realidade planetária. Pois este se tornou objecto de consumo-descartável.
A ética da responsabilidade é uma proposta de vida que resgata princípios fundamentais da
manutenção e continuação da sociedade humana. Por isso que o futuro as gerações, a
existência, a política, a tecnologia e o meio ambiente fazem parte essencial de sua reflexão.
Num mundo em constante transformação faz-se necessária uma base de fundamentação. E o
princípio que maior corresponde com um envolvimento integral e participativo é o da
responsabilidade (Barbosa, 2017, p. 168).

Nessa proposta, escolhe-se a responsabilidade como princípio essencial para conduzir a


actuação e motivar uma ética para o tempo tecnológico. Para concretizar esta tarefa é preciso
se confrontar com muitas conjecturas e que, em vez de dificultar o percurso, antes ao
contrário, elas farão com que as visíveis dificuldades se transformem em oportunidades para
solucionar os problemas criados pela acção do homem que prejudica o mundo que o cerca.

O filósofo Hans Jonas aponta a conclusão conhecida como “heurística do medo”. A


“heurística do medo” representa a necessidade de que seja construído filosoficamente um
dever de responsabilidade diante do agir humano (Jonas, 1995, p. 65-67). A protecção do
meio ambiente perpassa necessariamente um olhar pelos fundamentos que sustentam a vida
em si, seja a vida humana, seja a de outros seres que coabitam no mesmo espaço (Garcia
2007, p. 75),

Hans Jonas propõe que as acções humanas sejam regidas por uma ética que propicie aos
homens do futuro encontrar plenas condições de vida na Terra. Segundo o autor, a ética do
futuro não pode estar baseada somente na emoção, embora ele admita que o sentimento de
temor possa servir como método para conhecer o que queremos preservar. A ética do futuro
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necessariamente tem que partir de um princípio inteligível, o qual é concebido como um


imperativo: “que exista uma humanidade” (Jonas, 2006, p. 93).
A ética deve, contudo, ser repensada e o princípio responsabilidade será o seu fundamento
último: a partir do momento é que o homem tem o poder material de destruir a natureza, as
suas novas responsabilidade concernem a perpetuação, tornada problemática da humanidade.
A responsabilidade é conjunta das obrigações que temos perante seres que não existe ainda;
existe responsabilidade, segundo Hans Jonas ali onde a vulnerabilidade, carácter de ser sem
defesa que devem ser protegidos a fim de poder sobreviver o mesmo nascer.
7.Índice provisório
a) Elementos pré-textuais
 Declaração de honra
 Dedicatória
 Agradecimento
 Resumo
b) Elementos textuais
CAPITULO I: BIOGRAFIA DO AUTOR
1.vida
1.2 Obras
1.3 Influências
CAPITULO II: Acção humana sobre a natureza
2.1 A natureza modificada do agir humano
2.2 Homem e natureza
2.3 Novas dimensões da responsabilidade
2.4 Velhos e novos imperativos
CAPITULO III: A responsabilidade como proposta ética
1.1 A responsabilidade como princípio ético
1.2 Novas dimensões da responsabilidade
1.3 O bem, o dever e o Ser no olha da responsabilidade
1.4 A heurística do temor
1.5 Princípio de alteridade
1.6 A proposta josiniana sobre agir humano
Considerações finas
Referencia Bibliográfica
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8. Cronograma

Actividades Meses
Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro
Elaboração de
projecto de pesquisa X
Colecta de dados
X
Análise e organização
dos dados
X
Elaboração de
projecto X
Entrega da versão
final de projecto
X

9. Orçamento
Material Quantidade de material Valor de material
Obras 6 --
Resma 1 250 Mts
Computador 1 9.000 Mts
Esferográfica 2 20 Mts
Caderno 1 100 Mts
Total 11 9370mts
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Bibliografia

JONAS, Hans. (2006). O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização
tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC‐Rio.

____ (1995).Ética, medicina e técnica. Lisboa: Vega.

____ (2004).O princípio-vida: fundamento para uma biologia filosófica. Petrópolis: Vozes.

Garcia, M. da G.F.P.D. (2007). O lugar do Direito na protecção do ambiente. Coimbra,


Almedina,
Santos, Robinson. Responsabilidade e consequencialismo na ética de Hans Jonas. Revista de
filosofia aurora, Curitiba, v. 24, n. 35, p. 417-433, jul./dez. 2023.

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