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Diatermia por

Ondas Curtas e Micro-ondas


Prof. Dr. Marcelo Anderson Bracht
Doutor em Neurociências - UFSC
Mestre em Fisioterapia – UDESC
Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica – AFB/ABRAFITO
Diatermia, o que é?

• Termos gregos “Dia” e “Therma”


• Significa “aquecer por meio de”
• Produção de calor através de uma corrente de alta frequência.
• Se refere ao uso da energia eletromagnética que passa através e é absorvida pelo
corpo e, em seguida, convertida em calor.
• O termo abrange técnicas de aplicação que utilizam campos Eletromagnéticos:
• diatermia de ondas curtas pulsada e contínua;
• aplicações não térmicas de campos eletromagnéticos pulsados;
• energia de radiofrequência pulsada.
Diatermia

• Ondas Curtas: 27,12 MHz - λ 11,06m;


• 10 a 100MHz
• Microondas: 2,45 GHz - λ 2,5m;
• 915MHz e 433,92MHz

• Alta Frequência:
• Não despolariza fibra nervosa ou muscular
• Produz aquecimento proporcional à condução dos tecidos
• Vibração
Rotação de dipolos

• Os tecidos humanos contêm quantidades


significativas de água, que é uma molécula dipolo.

• Isso significa que a molécula de água é mais


positiva em uma extremidade e mais negativa na
outra.

• Uma vez expostas a frequências específicas de


DOCC, essas moléculas dipolo são literalmente
desviadas ionicamente, o que causa atrito interno
conforme elas tentam girar ao contrário para voltar
ao seu estado original.
Correntes de Foucault

A oscilação e atrito podem causar aquilo


que se designa correntes de Foucault
(eddy currents) no interior dos tecidos
subjacentes.
- As correntes de Focault são círculos
fechados de corrente induzida que
circulam em planos perpendiculares à
fonte de energia EM.
Diatermia

• Tecidos de maior concentração de íons livres:


• Sangue;
• Músculos;
• Órgãos internos;
• Olhos;
• Pele úmida;
• Atravessa a pele e o tecido adiposo sem perder quantidade
significativa de energia.
Diatermia
• Efeitos térmicos:
• ↑ temperatura tecidual
• ↑ fluxo sanguíneo
• vasodilatação
• Filtração e difusão aumentadas através das diferentes membranas
• ↑ metabolismo e da atividade enzimática
• ↑ maleabilidade dos tecidos fibrosos (tendões, articulações, cicatrizes)
• ↓ rigidez articular
• Relaxamento muscular
• ↑ limiar doloroso
• Acelera o reparo tecidual
Efeitos microtérmicos (atérmicos)

• Reestabelecimento do potencial da membrana aumento da atividade


celular;
• Células danificadas despolarizam-se mais facilmente, gerando disfunção, perda da
divisão celular e da proliferação não regeneração tecidual
• Reequilibrio da bomba sódio-potássio;
• Formação de neovasos aumento vascularização periférica;
• Aumento do depósito de colágeno e fibrina e sua orientação;
• Estimulação da regeneração nervosa periférica;
• Aceleração da absorção dos hematomas;
• Redução do edema;
Problemas!

• Campo elétrico e eletromagnético nos tecidos e arredores:


• Risco de lesão tecidual
• Interferência em outros aparelhos
• Interação com metais e tecidos sintéticos
• Gaiola ou Jaula de Faraday
• Área de difusão da energia
• OC Teste com lâmpada fluorescente?
• MO até 1m na frente ou ao lado e
• Até 25 cm atrás do emissor (Low e Reed, 2001)
Precauções!

• Macas, cadeiras, bancos, mesas – Madeira;


• Rede elétrica e aterramento exclusivos;
• Gaiola de Faraday;
• Não conectar 2 equipamentos de Diatermia na mesma fiação;
• Não ligar demais equipamentos elétricos dentro do campo
eletromagnético formado;
• Não cruzar os cabos e nem deixar paciente manipular o
equipamento!
Precauções no paciente
• Pode:
• Colocar eletrodos sobre roupas de algodão (camisetas, toalhas) e jeans
• secos e sem detalhe metálico
• Tirar:
• Jóias, piercings, relógios, metal nos bolsos, fivelas de cintos, zíperes, partes
metálicas de sutiãs, aparelhos auditivos, tecidos sintéticos;
• Isolar:
• aparelhos ortodônticos, restaurações dentárias, implantes e dispositivos de
fixação
• Não aplicar:
• válvulas cardíacas metálicas, próteses articulares, DIUs metálicos.
Precauções durante a aplicação

• Secar (suor)
• Proteger a pele de cabos e eletrodos
• Camada adiposa espessa no local - superaquecimento
• Pressão irregular dos eletrodos
• Espaçamento irregular
• Áreas isquêmicas
• Roupas úmidas / sintéticas
• Úlceras
• Efeitos de ponta
• Manter distância da fonte
Indicações

• Condições subagudas e crônicas:


• Processos traumáticos e pós-
operatórios de músculos
• e articulações
Interromper tratamento em caso de reação adversa:
• Algias: -Tonturas
- Náuseas
• espasmos musculares - Cefaleia
• pontos gatilhos - Salivação
-Hipotensão
Contra-indicações
• Contra-indicações:
• Gerais da eletroterapia
• Sensação térmica deficiente
• Gestação - tanto paciente quanto fisioterapeuta
• Áreas hemorrágicas /menstruação
• Tecido isquêmico, TVP
• Tuberculose ativa / infecções
• Tecidos desvitalizados
• DIU
• Lentes de contato
• Debilidade geral do paciente
• Áreas reprodutoras
• Epífises ósseas em crescimento
Ondas curtas

• Dois circuitos:
• Primário ou de produção de
energia eletromagnética
• Secundário ou de tratamento
• Sintonia ou ressonância entre
circuitos (tunning)
• Movimento do paciente altera a
sintonia
Ondas curtas
• Parâmetros:
• Potência
• Tempo
• Sintonia (tunning)
• Modo:
• Contínuo
• Pulsado - frequência
Potência

• ↑ potência ↑ aumento da T - energia térmica cumulativa:


• Lesões crônicas - efeito térmico predominante (calor agradável)
• Lesões subagudas - efeito térmico apenas perceptível
• Lesões agudas* - dose sublimiar = menor que 3W (UK) - 20W (BR)
• Tempo:
• 15 minutos (10 a 20 minutos)
• Relação potência x tempo - Aquecimento
• Sintonia (tunning):
• Maior possível
Modos

• Contínuo:
• Efeitos térmicos + microtérmicos
• Pulsado:
• Efeitos microtérmicos
• Frequência:
• 0-50 Hz – fase aguda
• 70 – 150Hz – fase subaguda
• 150 – 300Hz – fase crônica
Dosagem

(STARKEY, 2019)
Transferência de energia para o paciente

• Método capacitivo (condensador) - bipolar:


• Campo elétrico predominante
• Eletrodos flexíveis cobertos com borracha (placas)
• Eletrodos discoidais rígidos (Schliephake)
• Método indutivo - monopolar
• Campo eletromagnético predominante
• Eletrodo de cabo espiralado
• Eletrodo circular (bobina ou tambor)
• Melhor alternativa para áreas com ↑ tecido adiposo
Aplicadores capacitivos e indutivos

(BÉLANGER, 2012) Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)


Método capacitivo

Aquecimento utilizando placas capacitivas.


(A) As placas são espaçadas uniformemente em relação
ao tecido, resultando em um aquecimento uniforme.
(B) Se as placas forem espaçadas de forma desigual
(note que o eletrodo superior está mais próximo da pele
do que o eletrodo inferior), irá ocorrer maior
aquecimento sob o eletrodo que está mais próximo da
pele

(STARKEY, 2019)
Método capacitivo

Explicação teórica do padrão de


distribuição de calor obtido usando-se
um par de aplicadores capacitivos
sobre um segmento do corpo (vista
transversa) com uma camada mais
espessa (esquerda) e mais fina
(direita) de gordura subcutânea.

(BÉLANGER, 2012)
Método indutivo

(STARKEY, 2019)
Método indutivo

Tambor de indução de diatermia por ondas curtas.


(A) Caixa de plástico do tambor.
(B) Tambor removido para expor a bobina que produz
o campo eletromagnético.
O campo eletromagnético resultante irá produzir um
fluxo circular de energia semelhante ao da bobina. (STARKEY, 2019)
Método indutivo

Explicação teórica do padrão de


distribuição de calor obtido usando-se
um aplicador indutivo tipo tambor.

(BÉLANGER, 2012)
Distribuição de calor

(STARKEY, 2019)
Efeitos
da
diatermia
por
Ondas Curtas

(STARKEY, 2019)
Efeitos fisiológicos da DOC

(BÉLANGER, 2012)
Método capacitivo

• Dois eletrodos “envolvendo” a região:


• Distância entre os eletrodos (±10cm):
• Quanto menor, maior a intensidade
• Maior do que distância entre eletrodo e pele
• Distância entre os eletrodos e o paciente:
• Entre 1,5 a 7,5cm campo mais uniforme
• Distâncias menores aumenta aquecimento superficial
• Distância maiores a unidade pode não funcionar
Método capacitivo – Posicionamento dos eletrodos
• Em paralelo (coplanar):
• eletrodos são colocados no mesmo plano
• Atinge estruturas mais superficiais
• Transversal (Contraplanar):
• Linhas de campo elétrico em série com os tecidos
• Maior temperatura nos tecidos superficiais de maior resistência.
• Longitudinal:
• Linhas de campo elétrico em paralelo
• Concentração da corrente nos tecidos de menor resistência
• eletrodos são posicionados de forma que a energia passe
transversalmente aos tecidos da região a ser tratada para atingir
estruturas localizadas profundamente.
• Fogo cruzado:
• metade do tratamento é feita com os eletrodos na posição
transversal e na segunda metade os eletrodos são
reposicionados em ângulo reto.

Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)


Método capacitivo

A e B - Eletrodos capacitivos, aplicação em paralelo.

*Note que os eletrodos não estão envolvidos em toalhas para melhor visualização

Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)


Método capacitivo

Eletrodos capacitivos, aplicação transversal

Eletrodos capacitivos, aplicação longitudinal


Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)
Método capacitivo

Eletrodos em fogo cruzado sendo A, metade do tratamento é feita com os


eletrodos na posição transversal e B, segunda metade do tratamento os eletrodos
são reposicionados em ângulo reto.

*Note que os eletrodos não estão envolvidos em toalhas para melhor visualização
Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)
Eletrodos capacitivos

Aplicação contraplanar – Eletrodos do tipo “Schliephake”

(BÉLANGER, 2012)
Método indutivo - Posicionamento dos eletrodos

• Eletrodo indutivo em forma de hélice


achatada e a espiral contida no tambor
(mônode):
• Deve ser aplicada paralelamente à superfície da
pele.
• Nos tratamentos, posicione o eletrodo indutivo
em relação à área a ser tratada e usar a faixa
elástica para sua fixação.

Fonte: Manual Thermopulse (IBRAMED)


Método indutivo - Posicionamento dos eletrodos

• Pequena bobina chata de metal, envolta com tambor plástico


• Maior intensidade no centro

(BÉLANGER, 2012)
Método indutivo - Posicionamento dos eletrodos

• Condutor flexível tubular longo, coberto por borracha espessa


• Eletrodo é enrolado em torno do segmento corporal
• Toalha entre o eletrodo e pele

(STARKEY, 2019)
MICRO-ONDAS
• Campo elétrico mais forte que o magnético
• Direcionado especificamente para a região alvo:
• Reduz aquecimento tecidos vizinhos
MICRO-ONDAS

• Aplicadores (antenas):
• Circular:
• 10 – 15cm diâmetro
• Maior temperatura na periferia
• Retangular:
• 11,25x12,5 ou 12,5x 52,5cm
• Maior temperatura no centro
• Focal:
• ATM, otite, dedos
MICRO-ONDAS

• Forma de emissão:
• Contínuo ou Pulsado
• Potência:
• Lesão subaguda calor perceptível
• Lesão crônica calor moderado
• Tempo:
• 10 a 20 minutos
• Distância aplicador x pele
• ± 10 cm
• Relação tempo x distância x potência
• Aplicação perpendicular
Bibliografia
• BARBARA J. BEHRENS, Holly Beinert. Agentes físicos em reabilitação: teoria e prática baseada em
evidências. 3 ed. Editora Manole, 2018. E-book. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788520462232. Acesso em 16 mar. 2020. Acesse
aqui

• BÉLANGER, Alain-Yvan. Recursos fisioterapêuticos: evidências que fundamentam a prática clínica.2. São
Paulo : Manole, 2012. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788520451816. Acesso em: 27 jun. 2019. Acesse aqui

• STARKEY, Chad. Recursos terapêuticos em fisioterapia. 4 ed. São Paulo : Manole, 2017. E-book. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788520454435. Acesso em: 27 jun. 2019. Acesse
aqui

• PRENTICE, William E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 4 ed. Porto Alegre : AMGH, 2014. E-
book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788580552720. Acesso em: 27 jun.
2019. Acesse aqui

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