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DE PÚBLICOS SENSÍVEIS
Análise dos serviços noticiosos diários de horário
nobre da RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV em 2018
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
FICHA TÉCNICA
Título: Relatório de avaliação das obrigações de rigor, isenção e proteção de públicos sensíveis nos
serviços de programas televisivos – Análise dos serviços noticiosos de horário nobre da RTP1, RTP2, SIC,
TVI e CMTV em 2018
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
ÍNDICE GERAL
RESULTADOS APURADOS............................................................................................. 11
SEPARAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E OPINIÃO .............................................................. 11
IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA DOS TRABALHOS JORNALÍSTICOS TRANSMITIDOS ................... 19
ATRIBUIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO ......................................... 20
NÍVEIS DE RIGOR NA IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO............................. 22
VERIFICAÇÃO DO RECURSO A FONTES CONFIDENCIAIS............................................... 27
ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS DE FALTA DE RIGOR NA ATRIBUIÇÃO DA ORIGEM DA INFORMAÇÃO28
RESPEITO PELO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO ........................................................... 32
OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA ................................................................................... 37
RESPEITO PELA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ................................................................. 41
ELEMENTOS VIOLENTOS/DE CARIZ SEXUAL E ADVERTÊNCIA PRÉVIA.................................. 42
PROTEÇÃO DA IDENTIDADE DAS VÍTIMAS/PESSOAS EM ESTADO DE VULNERABILIDADE......... 43
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE OCULTAÇÃO .............................................................. 44
OUTROS RESULTADOS ............................................................................................ 45
DISCRIMINAÇÃO E INCITAMENTO AO ÓDIO ............................................................. 45
SAÚDE MENTAL ................................................................................................ 45
ANEXOS................................................................................................................... 47
ANEXO I - ESTATUTOS EDITORIAIS E OUTROS MECANISMOS DE INDEPENDÊNCIA EDITORIAL ..... 47
RTP .................................................................................................................... 47
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 47
CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL (FEVEREIRO DE 2017)48
SERVIÇOS NOTICIOSOS DO HORÁRIO NOBRE DA RTP1 E DA RTP2 ............................... 49
SIC ..................................................................................................................... 49
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 49
O MODELO DE CANAL - MEMÓRIA DESCRITIVA ...................................................... 50
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA SIC .................................................... 51
TVI ..................................................................................................................... 51
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 51
MEMÓRIA DESCRITIVA DA TVI .............................................................................. 51
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA TVI .................................................... 53
CMTV ................................................................................................................ 53
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 53
MEMÓRIA DESCRITIVA DA CMTV ........................................................................... 54
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA CMTV ............................................... 54
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
FIGURA 4 – IMAGEM DO "JORNAL DAS 8" DE 17 DE JUNHO DE 2018 QUE PERMITE RECONHECER A
DEMARCAÇÃO DO ESPAÇO DE COMENTÁRIO DE PAULO PORTAS .............................. 16
FIGURA 5 – SEPARADOR DA RÚBRICA “3 MINUTOS” EXIBIDO NA EDIÇÃO DO “CM JORNAL 20H” DE DIA
11 DE MAIO DE 2018 ...................................................................................... 16
FIGURA 14 – NÚMERO DE ELEMENTOS PRESENTES NAS PEÇAS SUSCETÍVEIS DE CONTRIBUÍREM PARA UMA
ABORDAGEM SENSACIONALISTA ......................................................................... 38
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ANEXOS .................................................................................................................. 47
ANEXO I – ESTATUTOS EDITORIAIS E OUTROS MECANISMOS DE INDEPENDÊNCIA EDITORIAL47
ANEXO II – METODOLOGIA....................................................................................... 56
FIGURA 15 – DISTRIBUIÇÃO DAS PEÇAS ANALISADAS E DURAÇÃO MÉDIA DO BLOCO INFORMATIVO E DAS
PEÇAS ............................................................................................................ 58
TABELA 7 – TEMAS DOMINANTES DAS PEÇAS COM INFORMAÇÃO NÃO ATRIBUÍDA ...... 69
TABELA 8 – NÚMERO DE FONTES DAS PEÇAS QUE IDENTIFICAM PARTE/TODAS AS FONTES QUE
REFEREM........................................................................................................70
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
NOTA INTRODUTÓRIA
Importa referir que estes dois deveres não são diretamente mensuráveis através de um
único indicador/variável. O simples exercício de objetivar as diferentes dimensões que é
necessário respeitar para que um conteúdo jornalístico possa ser considerado rigoroso
e isento permite desde logo antever que a verificação do cumprimento dessas
obrigações legais envolve uma análise necessariamente complexa.
Todos os dados aqui apresentados foram obtidos a partir de uma análise de conteúdo
aplicada a uma amostra5 composta por 30 edições de cada um desses cinco noticiários
(exibidas nas mesmas datas de 2018), num total global de 150 edições visionadas e
1
Disponível para consulta em https://www.flipsnack.com/ERCpt/erc-relat-rio-regula-o-2018-fci0rmpx2/full-
view.html.
2
Transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3.
3
Desde 9 de novembro de 2015, transmitido em simultâneo pela SIC generalista e SIC Notícias.
4
Também transmitido em simultâneo pela TVI generalista e TVI24.
5
A constituição dessa amostra é apresentada em anexo no presente documento.
6
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
De notar que a amostra é a mesma que serviu de base à verificação dos deveres de
pluralismo e diversidade nesses mesmos noticiários, que foi igualmente integrada em
capítulo autónomo do referido Relatório de Regulação e do qual a ERC também
disponibiliza uma versão aprofundada, disponível para consulta em www.erc.pt.
São ainda facultados anexos que explicam as opções metodológicas que orientam a
verificação aqui realizada, a definição de conceitos técnicos, assim como uma
caracterização da amostra e a explicação do procedimento de construção da mesma.
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Identificação de vítimas
Utilização de técnicas de ocultação
Proteção da identidade das
Protagonistas protegidos com técnicas de
vítimas/pessoas
ocultação
em estado de vulnerabilidade
Eficácia na utilização de técnicas de
ocultação
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
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pelo sexo, pela orientação sexual ou pela deficiência » (artigo
27.º, nº2)
Lei n.º 1/99, de 13 de janeiro, alterada pela Lei n.º 64/2007, de 6 de novembro
(Aprova o Estatuto do Jornalista)
Atribuição da
«Identificar, como regra, as suas fontes de informação, e atribuir
informação e
as opiniões recolhidas aos respetivos autores». (artigo 14.º, nº1,
identificação das fontes
alínea f))
de informação
Importa recordar que alguns dos artigos dos diplomas legais especificados no Quadro 2
têm correspondência no Código Deontológico que serve de orientação à conduta
jornalística, nomeadamente nos seguintes pontos:
6
Nos diplomas ou protocolos nacionais que consagram os direitos/intenções considerados na monitorização no que
concerne a portadores de deficiência estão: Lei da Televisão (artigo 34.º, n.º 3); Protocolo celebrado em 21 de agosto
de 2003 entre os operadores Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S.A., SIC - Sociedade Independente de
Comunicação, SA, e TVI -Televisão Independente, SA, alterado por Adenda de 15 de fevereiro de 2005; diplomas que
consagram direitos específicos das pessoas com necessidades especiais no contexto nacional, como a Lei n.º 38/2004
de 18 de agosto (artigos 43.º e 44.º), que estabelece as Bases Gerais do Regime Jurídico da Prevenção, Habilitação,
Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência.
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«1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com
honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses
atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do
público.»
«6. O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O
jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de
informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar
para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.»
«7. O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença
transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as
vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve
proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.»
«9. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em
causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente,
valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher
declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e
responsabilidade das pessoas envolvidas.»
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
RESULTADOS APURADOS
A primeira dessas vertentes de análise tem por base o pressuposto de que, para
garantir o rigor informativo, os espaços reservados à opinião de terceiros devem estar
claramente delimitados dos restantes conteúdos. A segunda vertente parte do
entendimento de que o discurso jornalístico deve ser objetivo e isento, sem
influência/marcas da opinião de quem a produz.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
SIC
Peças = 767
7% 6% 86%
TVI
Peças = 862
3% 3% 94%
CMTV
Peças = 962
3% 5% 92%
Uma primeira análise caracterizadora do registo jornalístico das peças analisadas nos
cinco noticiários permite desde logo constatar uma tendência comum hegemónica em
todos eles: aquele que predominou em cerca de 90% das peças é o informativo. O que é
o mesmo que dizer que os conteúdos de opinião foram uma minoria nas edições
analisadas, sendo que na RTP1 foi mesmo residual.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Ainda no que diz respeito aos espaços de comentário integrados no “Jornal da Noite” é
de notar que no dia 8 de outubro 2018 o noticiário da SIC passou a integrar nas suas
edições de segunda-feira um novo espaço intitulado “A Procuradora”, reservado ao
comentário da autoria de Manuela Moura Guedes.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Nas edições analisadas foi ainda identificada, embora com uma frequência
diminuta, a presença de outros comentadores, cuja participação se fez de forma
pontual. Também nessas participações a SIC demarcou explicitamente esses
espaços dos restantes conteúdos do noticiário. Ou seja, as suas opiniões e análises
foram distinguidas e atribuídas aos próprios, ou seja, a SIC zelou pelo rigor da
edição.
Conforme acima referido o “Jornal das 8” da TVI passou a integrar Miguel Sousa
Tavares como comentador residente também às segundas-feiras, tendo estreado o
seu espaço de comentário na edição de 1 de outubro de 2018. Conforme é visível na
imagem que mostra o comentador na estreia (ver figura), Miguel Sousa Tavares é
explicitamente identificado em oráculo como sendo responsável pela «Edição do
Jornal das 8 e comentário às segundas-feiras». O início da edição desse dia é
marcado por uma introdução em voz off que refere «(…) apresentação de Pedro
Pinto, edição e comentários de Miguel Sousa Tavares». Essa introdução passa a abrir
as edições de segunda-feira em que o comentador está presente, como forma de
explicitar junto dos telespetadores a dupla condição em que Miguel Sousa Tavares
surge no noticiário, isto é, enquanto responsável pela edição do mesmo e enquanto
7
Mediante a aplicação do processo de amostragem adotado, esta foi a última segunda-feira de 2018 incluída na
amostra em análise, daí que a influência deste espaço de comentário nos resultados deste ano não seja muito
expressiva.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
responsável pelos comentários que vai fazendo ao longo do noticiário a propósito dos
assuntos que foram escolhidos por si para ser noticiados durante a edição.
Ora, embora em termos de forma essa dupla condição seja desde logo devidamente
demarcada junto dos telespetadores, informando sobre a presença de um comentador
que é duplamente editor, este formato escolhido pela TVI pode, ainda assim, suscitar
questionamentos na medida em que é o próprio comentador que ao mesmo tempo
seleciona todos os conteúdos que compõem os alinhamentos do noticiário. É contudo
de notar que a análise realizada neste relatório é insuficiente para tirar ilações quanto à
forma como a dupla condição em que o jornalista se apresenta pode efetivamente
afetar o rigor informativo e a isenção dos conteúdos das edições em participa.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Embora esse resultado indicie que, na maioria dos conteúdos, a narrativa jornalística
terá sido construída sem marcas da subjetividade do(s) seu(s) autore(s), em respeito
pela isenção e o rigor no reportar dos acontecimentos/problemáticas, é de notar que
em todos os noticiários existiram conteúdos em que esses elementos foram
identificados.
No “Telejornal” 4,1% das peças tiveram esses elementos (27 peças), o mesmo tendo
acontecido em 2,8% do “Jornal 2” (nove peças), 4,3% do “Jornal da Noite” (33 peças),
3,7% do “Jornal das 8” (32 peças) e 6,2% do “CM Jornal 20h” (60 peças).
2 22 3
TELEJORNAL (RTP1)
(7,4%) (81,5%) (11,1%)
2 7
JORNAL 2 (RTP2)
(22,2%) (77,8%)
6 26 1
JORNAL DA NOITE (SIC)
(18,2%) (78,8%) (3,0%)
4 21 7
JORNAL DAS 8 (TVI)
(12,5%) (65,6%) (21,9%)
20 34 6
CM JORNAL 20H
(33,3%) (56,7%) (10,0%)
Outra característica comum a esse número limitado de peças é que na sua maioria os
elementos opinativos estiveram presentes sobretudo no desenvolvimento das mesmas,
isto é, a sua presença foi menos comum nos lançamentos feitos pelos pivôs. Embora
essa tendência tenha sido observada em todos os noticiários, é de notar que no caso do
noticiário da CMTV em 33,3% das peças com esses elementos os mesmos foram
identificados no discurso do pivô, isto é, é menor a diferença em relação às peças que o
fizeram no desenvolvimento.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Embora não haja nenhuma obrigatoriedade legal no que diz respeito à assinatura dos
trabalhos jornalísticos, a existência da mesma pode ser entendida como uma forma de
responsabilização e compromisso com o conteúdo, que, nesse sentido, contribui para
credibilizar a informação junto de quem a consulta. Além disso, é um elemento que
permite caracterizar e contextualizar melhor o perfil editorial de cada um.
Já no “Jornal das 8” da TVI a autoria foi explicitada em pouco mais de metade dos
conteúdos, o que significa que numa percentagem relativamente próxima de conteúdos
os autores não foram especificados. Por sua vez, o “Jornal da Noite” da SIC assinou
apenas 16% das peças visionadas.
De notar que essas são tendências que genericamente se mantêm quando se relaciona
a análise da assinatura das peças com o tema principal. Isto é, independentemente do
tema que esteja a ser destacado, aquela que foi a prática mais recorrente em cada um
dos noticiários analisados manteve-se. De referir como exceção, nos noticiários da TVI e
da CMTV, o caso das peças que destacaram assuntos relacionados com desporto. Com
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
efeito, 71,6% dos conteúdos sobre essa temática não foram assinados, o mesmo tendo
acontecido com 58,6% dos conteúdos que a CMTV dedicou ao desporto (ver tabela em
anexo).
Esta é assim uma dimensão essencial à verificação do respeito pelos deveres de rigor e
isenção, na medida em que procura aferir em que medida as peças analisadas
explicitam junto dos telespetadores a origem das informações que veiculam.
Partindo do princípio que toda a informação tem por base uma fonte, considerou-se
que sempre que uma peça não mencionasse explicitamente no seu conteúdo qualquer
fonte de informação seria classificada como tendo informação não foi atribuída, sendo
que todas as que explicitassem pelo menos uma fonte de informação seriam
classificadas como tendo informação atribuída.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Nota: Não se consideram nesta análise as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de
Euromilhões e blocos metereológicos.
Relativamente aos 10% de peças do “Telejornal” da RTP1 (63 peças) sem fontes de
informação verifica-se que a maioria reportou assuntos desportivos. Já nos 10%
identificados no “Jornal da Noite” da SIC (68 peças) repetiu-se essa tendência das peças
de desporto entre as mais recorrentes, mas com um número próximo das que abordam
questões de ordem interna. No caso dos 10% de peças do “Jornal das 8” da TVI (87
peças) observa-se um cenário semelhante ao da SIC, mas em ordem inversa, isto é, a
maioria de peças sem fontes identificadas são sobre ordem interna, seguidas das que se
reportaram assuntos relacionados com a temática desporto (ver tabela em anexo).
Nos 22% de peças da CMTV (205 peças) que não explicitaram qualquer fonte de
informação, a temática mais frequente foi claramente a ordem interna (113 peças),
aquela que é também a temática que se destacou como a mais recorrente nos
conteúdos deste canal que foram visionados.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Para além dessa distinção entre as peças que têm fontes identificadas e não
identificadas, esta dimensão também comporta uma análise baseada em mais dois
indicadores: nível de rigor na identificação das fontes de informação e elementos
indicativos de falta de rigor na atribuição da informação.
Nota: Não se consideram nesta análise as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e
blocos metereológicos.
Da análise aos níveis de rigor na atribuição da origem da informação que é reportada foi
possível inferir que embora o nível máximo de atribuição da origem da informação
tenha sido o mais recorrente em aproximadamente 60% das peças dos noticiários da
RTP1, SIC e TVI, valor que no caso da RTP2 chega aos 67%, existe uma percentagem
considerável de peças em que apenas parcialmente se refere a origem da informação.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Uma conclusão comum aos cinco noticiários analisados é que, quando se cruzam esses
dois indicadores, há temas que sobressaem como tendo uma maior percentagem de
peças com o nível mais elevado de rigor na atribuição da origem da informação do que
as observadas acima, isto é, sem efetuar qualquer cruzamento. Inversamente, há outros
que revelam estar nos dois níveis mais baixos, seja por não referirem qualquer fonte de
informação reportada, seja por não as identificarem por completo. Ainda assim, se
atentarmos apenas nos temas mais frequentes8, a percentagem mais elevada de peças
com o nível máximo de rigor foi observada abaixo dos 80%, o que significa que,
independentemente do tema, houve sempre pelo menos 20% das peças que tiveram
problemas de rigor na atribuição da origem da informação que reportam.
Figura 10 - Relação entre o grau de identificação das fontes de informação e os temas cobertos
Telejornal (RTP1)
No Telejornal observa-se que no caso das peças centradas nos temas política nacional,
desporto e cultura houve uma tendência para que mais de 70% identificassem
inequivocamente todas as fontes que mencionam, sendo que essa mesma tendência,
embora de forma menos acentuada, se manteve no caso dos conteúdos centrados no
tema sistema judicial. Inversamente, no caso das peças sobre ordem interna (as
terceiras mais frequentes no noticiário) constatou-se que os dois níveis mais baixos de
rigor na atribuição de informação estiveram presentes em 57,4%, sendo que no caso
das peças centradas em assuntos de economia, finanças e negócios esse valor chegou
aos 72,8%, resultado que indicia que deveriam ter tido maior cuidado na forma como
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Foram considerados mais frequentes todos os que foram observados em mais do que 30 peças. Relativamente aos
restantes não se observam tendências precisamente por estar em causa um número limitado de peças.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Jornal 2 (RTP2)
Já no Jornal 2, 76% das peças sobre política nacional e 72,5% das centradas no tema
cultura apresentaram o nível máximo de rigor na atribuição da informação que
reportaram, o que significa que explicitaram inequivocamente todas as fontes que
mencionaram. Embora essa mesma tendência tenha sido observada em pouco mais de
metade das peças sobre política internacional (54%) e ordem interna (51,4%), é de
notar que uma percentagem muito próxima de peças sobre esses dois temas registou
os dois níveis mais baixos de atribuição da origem da informação.
Também no caso do Jornal da Noite se repete a tendência para que acima de 75% das
peças sobre o tema política nacional tenham identificado todas as fontes que referem.
O mesmo aconteceu em quase 70% das peças sobre desporto, em 64,3% dos conteúdos
focados em assuntos de cultura e em 61,2% das peças sobre política internacional.
Sobressai que 55,3% das peças centradas em assuntos de ordem interna apresentaram
os dois níveis de menor rigor na atribuição da informação, sendo que no caso dos
conteúdos sobre economia, finanças e negócios a representação das peças com menos
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
rigor foi muito próxima das que apresentaram o nível de rigor mais elevado.
No Jornal das 8 também se repete a tendência para que acima de 70% das peças sobre
política nacional tenham especificado todas as fontes que referiram, sendo que as
peças sobre desporto e sobre o tema sistema judicial com o grau de rigor na atribuição
da origem da informação mais elevado também ficaram próximas dessa representação
de 70%.
Já no caso das peças sobre ordem interna, sociedade, poltica internacional e ambiente
sobressaiu a tendência inversa, ou seja, a maior percentagem apresentou problemas de
rigor na atribuição da informação, sobretudo por apenas fazerem uma identificação
parcial das fontes de informação.
Já no CM Jornal 20h destacaram-se pela maior percentagem com rigor na atribuição das
fontes de informação as peças que se focaram em assuntos de política nacional (quase
68%) e desporto (61%).
Com maiores problemas de rigor na identificação das fontes sobressaem as peças sobre
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Mas afinal quantas fontes de informação foram referidas pelos noticiários nas peças em
que foram identificados o nível de identificação parcial das fontes e naquelas em que
todas as fontes referidas se encontravam identificadas? Para realizar essa análise em
relação a cada um dos cinco noticiários, partiu-se do cruzamento entre esses dois níveis
de rigor na identificação das fontes de informação e a variável número de fontes, que,
tal como o nome indica, quantifica as fontes referidas nas peças analisadas.
Quando apenas foi registada a presença de uma única fonte de informação constatou-
se que mais de 85% das peças do “Telejornal” e do “Jornal 2” identificaram
inequivocamente essa fonte, o mesmo tendo acontecido em perto de 82% dos
conteúdos do “Jornal das 8”, em cerca de 79% das peças do “Jornal da Noite”, e 61% do
“CM Jornal das 20h”.
Já no “Telejornal” da RTP1 quando foram contabilizadas duas fontes 76,5% das peças
fizeram a sua identificação total, valor que baixa para os 65,5% nas peças em que se
contaram três fontes de informação. Quando foram registadas quatro, mais de metade
das peças passaram a identificá-las de forma parcial, valor que sobe para valores acima
70% nas que tiveram cinco ou mais fontes.
No caso do “Jornal da Noite” da SIC quando as peças registaram até quatro fontes de
informação verifica-se que aproximadamente entre 61% a 72% as identificaram
totalmente, valor que decresce para 55% quando referem cinco fontes.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
No caso do “CM Jornal das 20h” da CMTV se a percentagem de peças que identificou
totalmente a origem da informação já foi apenas de cerca de 61% quando foi registada
apenas uma fonte de informação, nas peças do noticiário em que foram identificadas
duas fontes somente 51% fez a sua identificação total. Já nas peças com três ou mais
fontes acima de 65% identificaram a origem de informação de forma parcial.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Considera-se que a aplicação desta variável pode fornecer pistas para que os serviços
de programas analisados fiquem a conhecer os principais problemas relacionados com a
identificação das fontes de informação que são percetíveis no próprio conteúdo
manifesto das peças dos seus noticiários de horário nobre, de modo a que possam
minimizar ou até evitar futuramente.
9
Nos relatórios de regulação anteriores em que esta variável foi analisada era composta por seis categorias de
elementos identificativos de falta de rigor na atribuição da origem da informação. Na análise de 2018 passaram a
integrá-la duas novas categorias, que se autonomizaram em resultado da sua recorrência: dados quantitativos
(números) utilizados sem referência à sua fonte e identificação incompleta de fontes institucionais e de celebridades.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Figura 11 - Elementos
"Telejornal" (RTP1)
Presenças = 267
indicativos de falta de
rigor na identificação
Cidadãos comuns não identificados 32% das fontes de
informação
Identificação incompleta 15%
Generalização de informação 13%
Dados sem referência à sua fonte 13%
Imagens sem específicação da sua… 13%
Identificação incorreta por… 6%
Fontes não identificadas que… 4%
Autorreferência do canal 4%
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Nota: Não se consideram nesta análise as peças identificam a totalidade das suas fontes de informação, assim como
as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e blocos metereológicos.
Verificam-se resultados semelhantes no caso dos noticiários da RTP1, SIC e TVI, ou seja,
o elemento indicativo de falta de rigor mais frequente foi o recurso a cidadãos comuns
como fontes de informação sem que os mesmos sejam identificados pelo nome. Este
elemento indicativo de falta de rigor permite reconhecer que o tratamento que
geralmente é dado aos cidadãos comuns difere daquele que é dado a fontes de
informação institucionais, as quais, quando surgem personalizadas, são, regra geral,
identificadas através do nome e do cargo ou função.
Embora esse seja também o elemento de falta de rigor na identificação das fontes mais
frequente no “Jornal 2”, apresentou uma representação muito próxima das fontes com
uma identificação incompleta, isto é, aquelas que apenas foram identificadas pelo seu
nome ou pela qualidade/papel que desempenham na narrativa das peças. Esse foi
também o segundo elemento mais recorrente nas peças do “Telejornal”.
Já nos noticiários da SIC e da TVI o segundo elemento indicativo de falta de rigor mais
presente foi a utilização de imagens de terceiros como fontes de informação sem
especificar a sua origem.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
No que diz respeito à CMTV observa-se que o elemento indicativo de falta de rigor na
atribuição da origem da informação mais recorrente foram precisamente as imagens de
terceiros utilizadas no conteúdo das peças sem referência à sua origem. Como exemplo,
refiram-se os videoamadores, fotografias de terceiros ou imagens de canais
estrangeiros. As restantes categorias de elementos mais frequentes foram quatro e
apresentaram uma representação muito próxima entre si (entre os 10% e os 14%).
Com efeito, em todos eles os três elementos menos frequentes (com representação
inferior a 6%) foram: a identificação incorreta de fontes de informação devida a
problemas técnicos (percetíveis nas próprias peças), a autorreferência ao canal como
origem da própria informação (identificável em expressões como «a TVI sabe», «ao que
a RTP apurou», «a SIC sabe», sem correspondente em qualquer fonte especificada) e as
fontes que prestam declarações diretas sem que nenhuma informação presente na
peça permita saber exatamente quem são. Este último elemento foi aliás o menos
recorrente nas peças da CMTV, sendo que os outros dois elementos igualmente menos
representados no seu noticiário em análise foram os dados quantitativos sem referência
à sua fonte e as fontes institucionais identificadas de forma incompleta.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
De modo a tentar perceber quão presentes esses elementos estiveram presentes nas
peças construiu-se um índice que quantifica o número de elementos indicativos de falta
de rigor na identificação das fontes que estiveram presentes em cada peça. Os
resultados apurados fazem notar de imediato uma conclusão comum aos cinco
noticiários, ou seja, na esmagadora maioria das peças foi identificado somente um
elemento indicativo de falta de rigor na identificação das fontes de informação. Na
RTP1, RTP2, SIC e TVI isso aconteceu em cerca de 80% das peças e no noticiário da
CMTV em 74,4% das peças.
Quanto aos restantes cerca de 20% a 25% das peças, constata-se que na maior parte
foram identificados dois elementos que denunciam essa falta de rigor.
As peças em que se identificaram mais do que três elementos foram residuais nos
noticiários de todos os canais.
Para aferir o respeito por este princípio na análise de conteúdo aplicou-se a variável
contraditório que permite distinguir as peças que não exigem contraditório (não se
aplica), as que cumprem o contraditório, as que não o cumprem e aquelas em que
houve tentativa de obter o contraditório.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Da aplicação dessa variável salienta-se desde logo uma tendência que é igual em todos
os noticiários em análise, ou seja, entre 75% (RTP1, RTP2) a mais de 80% das peças (SIC,
TVI, CMTV) os assuntos noticiados, na forma como foram reportados, não exigiram a
aplicação do princípio do contraditório.
De referir que são sobretudo as peças sobre assuntos relacionadas com os temas
política nacional, sistema judicial, relações laborais e saúde e ação social aquelas em
que o contraditório mais vezes se aplica. Esse é um resultado relativamente expetável
especialmente se tivermos em consideração as posições conflituantes que são
características dos assuntos relacionados com essas áreas.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
5% Tem contraditório
na peça
Não 4% Tem contraditório
aplicável no bloco
84% 0,6% Tentativa de obter
o contraditório
7% Sem contraditório
Dos cerca de 20% a 25% das peças em que se observou a necessidade de respeitar o
princípio do contraditório verifica-se que nos noticiários da RTP1 (18%), RTP2 (19%), SIC
(12%) e TVI (14%) a maior parte tendeu a cumprir esse dever. Também é comum a
estes serviços noticiosos o facto de na maioria dos conteúdos as versões das posições
conflituantes serem apresentadas dentro da mesma peça.
Já no caso do “CM Jornal 20h”, ainda que também se tenha observado que 9% das
peças respeitaram esse princípio, é de notar que esse valor fica muito próximo dos 7%
dos conteúdos em que o contraditório não foi respeitado. Também é específico deste
noticiário o facto de esse contraditório ser cumprido numa percentagem muito
semelhante de peças que o respeitam numa mesma peça ou em outras peças da
mesma edição.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
É de observar que a percentagem de peças em que foi identificada essa falha foi
próxima nos diferentes noticiários analisados: 7% no “Telejornal” e no “CM Jornal 20h”,
6% no “Jornal da Noite”, 5% no “Jornal 2” e no “Jornal das 8”.
É ainda de notar como conclusão comum que numa percentagem muito residual (cerca
de 1% ou abaixo desse valor) das peças analisadas, perante a necessidade de
contraditório, houve a tentativa para o obter, sendo que essa tentativa foi
expressamente explicitada junto dos telespetadores.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
n % n % n % n % n %
Economia, finanças e
1 2,3% - - 2 4,4% 1 2,6% 1 1,5%
negócios
Defesa - - - - - - 3 7,7% - -
Cultura - - - - - - 2 5,1% - -
Ambiente - - - - - - - - 2 3,1%
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA
Por isso mesmo, uma parte essencial da verificação do respeito pelos deveres de rigor e
isenção passa por averiguar a existência de elementos sensacionalistas, a qual se
concretiza, uma vez mais, através da aplicação de uma variável de resposta múltipla
que, partindo somente do conteúdo manifesto das peças, permite identificar diferentes
categorias de elementos que, dependendo do modo como são aplicados, podem ou
não conferir um tratamento sensacionalista à informação.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Figura 14 -
RTP1 (32 peças) 75,0% 25,0% Número de
RTP2 (8 peças) 75,0% 25,0% elementos
presentes nas
SIC (45 peças) 82,2% 13,3% 4,4%
peças suscetíveis
TVI (65 peças) 67,7% 23,1% 9,2% de contribuírem
CMTV (340 peças) para uma
69,7% 23,8% 6,2%
abordagem
sensacionalista
Da análise realizada importa começar por salientar, uma vez mais, que acima de 90%
das peças da RTP1, RTP2, SIC e TVI não tiveram presença de qualquer elemento
suscetível de ser considerado sensacionalista, tendência que na CMTV foi observada em
quase 64% das peças analisadas.
Focando a análise somente nas peças em que esses elementos estiveram presentes
observa-se que, dos cinco elementos considerados no índice de sensacionalismo, os
noticiários da RTP1 e da RTP2 juntaram no máximo dois elementos numa mesma peça,
os noticiários da SIC três e os da TVI e CMTV um máximo de quatro.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Ainda assim, a percentagem de peças com um, dois, três ou quatro elementos de
exploração do sensacionalismo é bastante diferente. Com efeito, a tendência mais
recorrente nos cinco noticiários em análise foi para que a maioria das peças (acima de
68%) apresentasse apenas um elemento suscetível de ser considerado sensacionalista,
sendo que o segundo tipo de peças mais recorrentes foram as que apresentaram dois
elementos dessa natureza.
De modo a melhor analisar o destaque editorial que foi conferido pelos operadores às
peças com presença de elementos suscetíveis de conferir sensacionalismo à informação
verificou-se se tiveram ou não promoções/teasers a anunciar a sua exibição ao longo da
edição de que fizeram parte e se ocuparam ou não posição de destaque no
alinhamento. Para perceber se houve diferenças em relação às peças em que não foram
identificados elementos dessa natureza optou-se por apresentar os resultados em
relação a ambas.
Tabela 3 - Destaque das peças com e sem elementos sensacionalistas nas promoções/teasers
“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)
Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem
Promoção
elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
Tem 11 34,4% 99 15,8% 3 37,5% 101 31,7% 22 48,9% 201 28,7% 13 20,0% 83 10,5% 142 41,8% 129 20,8%
Não tem 21 65,6% 527 84,2% 5 62,5% 218 68,3% 23 51,1% 499 71,3% 52 80,0% 709 89,5% 198 58,2% 491 79,2%
Total 32 100,0% 626 100,0% 8 100,0% 319 100,0% 45 100,0% 700 100,0% 65 100,0% 792 100,0% 340 100,0% 620 100,0%
Da análise realizada foi possível observar que a maioria das peças dos noticiários sem
elementos que exploram o sensacionalismo não teve qualquer promoção/teaser na
edição em que surgiu.
Já quando a análise recai sobre as peças em que a foi identificada a presença desse tipo
de elementos observa-se que embora essa mesma tendência em geral se mantenha foi
menos expressiva em termos de percentagem de peças em todos os noticiários, o que
indicia que há em todos eles uma tendência para promover mais as peças com este tipo
de elementos. Em particular no caso do “Jornal da Noite” e do “CM Jornal 20h”, em que
é muito próxima a percentagem de peças com elementos sensacionalistas que tiveram
e não tiveram promoção no alinhamento.
Ainda em relação às peças com elementos sensacionalistas que foram destacadas nos
alinhamentos dos noticiários através de teasers é de notar que na maioria dos casos só
tiveram uma promoção ao longo de toda a edição, embora se observe que no caso do
“Jornal da Noite” e do “Jornal das 8” o número de peças com dois teasers a anunciá-las
foi muito próximo.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Tabela 4 - Posição das peças com/sem elementos sensacionalistas no alinhamento das edições
“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H”(CMTV)
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
Peça de
2 6,3 28 4,5 3 37,5 27 8,5 2 4,4 28 4,0 2 3,1 28 3,5 17 5,0 13 2,1
abertura
Abertura da
1 3,1 11 1,8 - - - - - - 29 4,1 1 1,5 27 3,4 12 3,5 29 4,7
2.ª parte
Abertura da
- - 1 0,2 - - - - 1 2,2 11 1,6 1 1,5 4 0,5 6 1,8 11 1,8
3.ª parte
Restantes
posições do 25 78,1 561 89,6 5 62,5 262 82,1 38 84,4 607 86,7 56 86,2 708 89,4 292 85,9 550 88,7
alinhamento
Fecho 4 12,5 25 4,0 - - 30 9,4 4 8,9 25 3,6 5 7,7 25 3,2 13 3,8 17 2,7
Total 32 100 626 100 8 100 319 100 45 100 700 100 65 100 792 100 340 100 620 100
Essa análise possibilita, uma vez mais, observar um padrão comum nos cinco noticiários
em análise. A maioria das peças em que foram identificados elementos suscetíveis de
contribuir para uma abordagem sensacionalista da informação, à semelhança das que
não tiveram esses elementos, tenderam a concentrar-se em outras posições do
alinhamento que não as aberturas ou os fechos, sobretudo na primeira parte das
edições de que fizeram parte.
Ora, além dessa concentração, no caso da RTP1, SIC e TVI, os dados apurados permitem
constatar que o número absoluto de peças com elementos que potencialmente
contribuem para o sensacionalismo exibidas em posições de maior destaque – como a
abertura do noticiário e o fecho – foi completamente residual. No caso do “CM Jornal
20h”, noticiário em que a percentagem de peças com esses elementos foi mais
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expressiva, constatou-se que aproximadamente 9% (30 das 340 peças) surgiram nessas
posições, 5% na abertura e 3,8% no fecho.
Ou seja, embora em todos os noticiários analisados tenha havido peças com elementos
que são passíveis de contribuir para uma abordagem sensacionalista da informação que
os operadores decidiram valorizar editorialmente através da posição em que as
colocaram nos alinhamentos, os dados apurados demonstram que isso aconteceu numa
minoria das peças.
A análise deste ponto pretende assim identificar, nas edições analisadas em 2018, os
conteúdos em que o chamado princípio da presunção de inocência foi desrespeitado.
Já o “CM Jornal 20h” registou 60 peças com elementos que denunciam desrespeito pela
presunção de inocência, isto é, 6,2% das 962 peças analisadas.
As edições desse noticiário dos dias 17 de abril e 29 agosto foram responsáveis pela
transmissão de metade dessas peças, em resultado da cobertura jornalística de dois
casos. Na edição de dia 17 de abril este resultado está associado à divulgação de
escutas telefónicas e de imagens de parte dos inquéritos judiciais feitos ao ex-primeiro
ministro José Sócrates e a outros arguidos da designada “Operação Marquês”. No caso
da edição de 29 de agosto o desrespeito pela presunção de inocência esteve
diretamente associado à ampla cobertura que o noticiário deu a um caso de violência
doméstica em Quiaios (Figueira da Foz), em que o alegado agressor (acerca do qual se
refere que é o autor confesso do crime) é muitas vezes referido como «homicida
capturado» (ainda que em alguns momentos também seja referido como «suspeito» e
«alegado homicida»).
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Refira-se que também no “Jornal da Noite” da SIC, sete das dez peças em que foram
identificados elementos de desrespeito pela presunção de inocência também estiveram
diretamente relacionadas com a divulgação, também na mesma edição de 17 de abril,
de escutas e de imagens de inquéritos realizados a José Sócrates e a outros arguidos da
referida “Operação Marquês”.
As restantes peças dos diferentes canais em que a presunção de inocência foi posta em
causa estiveram relacionadas com a cobertura de vários casos diferentes.
No caso do “CM Jornal 20h” foram identificadas 20 peças com essas características, ou
seja, cerca de 2% de todos os conteúdos visionados. É de notar nenhum destes
conteúdos se faz acompanhar da devida advertência prévia.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Na amostra de 2018, tal como no ano anterior, não se identificaram peças com
elementos de cariz sexual (erótico ou pornográfico) que tenham configurado situações
de incumprimento face ao determinado pela Lei da Televisão.
Essa análise revelou que foi diminuto o número de peças dos noticiários em que a
condição de vulnerabilidade das pessoas retratadas não foi completamente protegida,
representando entre um mínimo de 0,2% a um máximo de 0,8% dos conteúdos
analisados. Em números absolutos, isso equivale a dizer que foi identificada uma peça
nas edições analisadas do “Telejornal”, uma do “Jornal da Noite”, duas do “Jornal das 8”
e oito do “CM Jornal 20h”. No “Jornal 2” não foi identificada nenhuma peça com essas
caraterísticas, o que é o mesmo que dizer que nas edições analisadas, sempre que a
condição das pessoas representadas o exigiu, essa condição não foi explorada e a sua
identidade foi devidamente protegida.
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Na amostra de edições analisadas verificou-se que esse recurso foi utilizado numa
percentagem em 2,3% dos conteúdos do “Telejornal” (15 peças), 0,9% do “Jornal 2” (3
peças), 1,6% do “Jornal da Noite” (12 peças), 2,7% do “Jornal das 8” (23 peças) e 3,8%
do “CM Jornal 20h” (36 peças). De referir que em todos os noticiários a técnica de
ocultação mais utilizada nesses casos foi a distorção de imagens (rosto desfocado) e
que as pessoas representadas que foram alvo dessa proteção, na maioria dos casos
visionados, foram adultos (nomeadamente agentes de forças de seguranças que
surgem nas imagens a acompanhar arguidos, os próprios suspeitos, familiares de
vítimas, entre outros).
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OUTROS RESULTADOS
Saúde mental
Ora, na amostra analisada em 2018, foi identificado um total global de 64 peças que
fazem referência a esta problemática: seis no “Telejornal”, uma no “Jornal 2”, oito no
“Jornal da Noite”, dez no “Jornal das 8” e 39 no “CM Jornal 20h”. É de referir que, em
32 dessas 64 peças, as referências relacionadas com a saúde mental foram breves no
contexto dos assuntos reportados, sendo que nas restantes 32 peças essas referências
foram centrais.
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ANEXOS
RTP
ESTATUTO EDITORIAL
10
Aprovada pela Lei n.º 27/2007, de 30 de julho, e com a última redação dada pela Lei n.º 78/2015, de 29 de julho.
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A RTP compromete-se a procurar «em toda a sua atividade, afirmar-se como referência
informativa, cultural e recreativa dos portugueses e dos falantes de língua portuguesa
no mundo, promovendo o esclarecimento e o engrandecimento cívico dos seus
públicos.»
Confiança: Na relação com o seu público, concretizada através da independência, rigor, parcialidade e
honestidade no tratamento da informação.
Independência, Isenção e Rigor: Face ao Governo, à Administração Pública e aos demais poderes públicos
e privados, procurando assegurar a liberdade de expressão e o confronto das diversas correntes de
opinião.
11
Cf. “Ponto 2 A Nossa Missão”, in Código de Ética e Conduta da Rádio e Televisão de Portugal (págs. 8 a 10)
<http://media.rtp.pt/empresa/wp-content/uploads/sites/31/2015/07/Codigo-Etica-Conduta-da-RTP_1-Fev-2017-
1.pdf> (abril de 2017).
48
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Qualidade: Alicerçada numa ética de antena e na promoção de conteúdos que constituam uma mais-valia
nos planos educativo, informativo e cultural.
Diversidade: Promovida através de uma programação que corresponda às necessidades e interesses dos
diferentes públicos.
Privacidade: O compromisso de respeitar a privacidade das pessoas e de apenas revelar factos da vida
pessoal quando tal seja de manifesto interesse público e na estrita medida do necessário.
A sinopse do bloco noticioso das 20 horas (“Telejornal”, da RTP1) define-o como uma
síntese do «que de mais relevante se passou no país e no mundo», qualifica-o como «a
mais rigorosa seleção de notícias» e conclui com o seu lema: «se é importante, está no
Telejornal»12.
A sinopse do bloco noticioso das 21 horas (“Jornal 2”, da RTP2) define-o como incluindo
«as principais notícias da atualidade nacional e internacional [através dos...] factos, a
investigação de cada um dos assuntos, a leitura do país e da sua realidade política e
social feita por alguns dos protagonistas do momento e comentada por um alargado
grupo de notáveis da sociedade civil»13.
SIC
ESTATUTO EDITORIAL
A SIC, que se autodefine no seu estatuto editorial como «um canal privado de televisão,
de âmbito nacional», afirma que o objeto da sua atividade «é a difusão de uma
programação de qualidade e rigor informativo, independente do poder político ou
económico e de qualquer doutrina ou ideologia»14.
12
Cf. Sinopse do “Telejornal”, no sítio institucional da RTP1 <https://www.rtp.pt/play/p3023/telejornal> (abril de
2017).
13
Sinopse do ”Jornal2”, da RTP2 <https://www.rtp.pt/play/p2243/jornal-2> (março 2017).
14
Cf. Estatuto editorial da SIC <http://sic.sapo.pt/institucional3/2011-03-24-estatuto-editorial-sic--sociedade-
independente-de-comunicacao-sa> (abril de 2017).
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
O estatuto editorial deste operador afiança que «a informação da SIC será isenta e
rigorosa — o que pressupõe ouvir as partes em confronto e distinguir sempre entre
notícia e opinião — e, tanto quanto possível, dinâmica e profunda, dirigindo-se porém
ao máximo universo potencial (...)».
Define-se como «um canal em aberto; [...estando] ligada aos grandes acontecimentos,
de que nalguns casos é mesmo propulsora, tendo sempre presente a sua função de
entretenimento, de informação e de formação», detalhando tê-lo atingido através da
prioridade à «formação e informação do público, a promoção da língua e da cultura
portuguesa, o estímulo à consciência crítica, criatividade e livre expressão do
pensamento do público».
15
Cf. “SIC – O Modelo de Canal - Memória descritiva (30 de junho de 2005)”.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
Conclui que «a par dessa defesa dos valores nacionais, nos programas e sobretudo na
informação, a SIC procurou ativamente desenvolver a consciencialização dos valores da
União Europeia».
O bloco noticioso das 20 horas (“Jornal da Noite”, da SIC) apresenta o seu lema editorial
no sítio eletrónico do serviço de programas: «O país e o mundo»16.
TVI
ESTATUTO EDITORIAL
O estatuto editorial da TVI, que se autodefine como «um canal generalista, português,
privado, comercial, de âmbito nacional», indica que «assume, por projeto próprio, fins
de informação, de formação e de recreação e entretenimento do público».
Este operador afirma que «segue a atualidade de Portugal e do mundo com um olhar
humanista e aberto, disponível para as causas da liberdade, da solidariedade e da paz.»
A ligação entre a oferta da TVI e os seus públicos é também um dos seus compromissos
através da «diversidade dos géneros informativos (noticiário, reportagem, investigação,
entrevista ou debate) ou dos respetivos conteúdos gerais ou sectoriais», pelos quais
«pretende distinguir-se e ser escolhida pelo seu perfil de independência e seriedade, de
esclarecimento e rigor, no pleno respeito dos interesses e direitos dos espectadores».
16
Cf. “Jornal da Noite” <http://sicnoticias.sapo.pt/programas/jornaldanoite> (abril de 2017).
51
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
dinamismo e agilidade, por sua vez apoiados na observância escrupulosa dos princípios
de independência, rigor, objetividade e isenção».
A sua informação é definida como próxima do cidadão, com «um estilo moderno, jovem
e irreverente, marcadamente independente de qualquer poder. Popular sem ser
populista é transversal nos públicos que atinge e reconhecido pelo seu perfil isento e
ágil, aliado a aspetos inovadores relacionados com questões cénicas e gráficas.»
Quanto à receção pelos públicos, a TVI acredita que a sua informação «é genericamente
percecionada como tendo uma presença significativa em todo o território nacional,
prestando atenção aos problemas de âmbito geral sem descurar os de interesse mais
particular.»
Sobre a cobertura dos vários contextos sociais, a TVI assegura que «todas as áreas são
objeto de tratamento especializado, estando a Redação estruturada de modo a
garantir, de forma específica, a abordagem de matérias relacionadas com Política,
Economia, Internacional, Saúde, Ensino e Sociedade, em geral, além do Desporto.»
Em paralelo, a TVI indica que «os conteúdos desportivos passaram a ter uma posição
mais relevante nos programas informativos regulares»19.
Sobre a atuação futura da informação, a TVI afirma que «a atitude frontal, irreverente,
moderna, ágil, dinâmica e arrojada será logicamente enquadrada pelos padrões que
norteiam a atividade dos jornalistas, em especial, os pressupostos de rigor, objetividade
e isenção.
17
Cf. “i) Informação - “A. PROGRAMAÇÃO. 1. Estratégias de programação”, in Memória descritiva da TVI, outubro de
2005 (págs. 2 e 3).
18
Idem “a) Informação - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 8).
19
Ibidem e) Desporto - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 12).
20
Idem “a) Informação - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 8).
21
Ibidem.
52
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O bloco noticioso das 20 horas (“Jornal das 8”, da TVI) apresenta o seu lema editorial no
sítio eletrónico do serviço de programas: «Às 20:00 na TVI toda a atualidade
informativa»23.
CMTV
ESTATUTO EDITORIAL
O Correio da Manhã TV define-se como um canal de televisão que:
«[…] tem os seus espectadores como único universo a servir. Com respeito pelas
normas deontológicas que regem a profissão nas democracias avançadas, empenho,
boa-fé e humildade no reconhecimento de eventuais erros, falhas ou imperfeições no
exercício constante da atividade jornalística.
[…] acolhe o dever de informar. Defende o valor absoluto da notícia como componente
essencial da transparência democrática, e a necessária independência da actividade
jornalística perante todas as formas de poder, sejam elas políticas, económicas,
religiosas ou outras.
[…] defende uma sociedade livre e plural e a economia de mercado, aberta à iniciativa
privada e ao génio individual, como forma de criação de riqueza mas em que os
necessários mecanismos de regulação sejam independentes, eficazes e escrutinados.
[…] bate-se pela efetiva separação dos poderes legislativo, executivo e judicial […]
22
Idem.
23
Cf. “Jornal das 8”, da TVI <http://tviplayer.iol.pt/programa/jornal-das-8/53c6b3903004dc006243d0cf> (abril de
2017).
53
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
[…] combate e denuncia todas as formas de exclusão social. Dedica especial atenção aos
direitos das crianças, mulheres, minorias e dos mais desfavorecidos.
[…] busca um olhar português sobre o pulsar contínuo do País e do Mundo. Escolhe o
espaço global da língua portuguesa como principal foco do seu desígnio de informar.
[…] respeita o valor do pluralismo e não se verga a interesses particulares que procurem
prevalecer sobre o interesse da comunidade.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
ANEXO II - METODOLOGIA
A monitorização dos blocos informativos dos operadores televisivos RTP, SIC, TVI e
CMTV deve-se às especificidades de cada serviço de programas.
Por seu lado, a SIC e a TVI, operadores televisivos privados, encontram-se sujeitos a
avaliação do cumprimento das obrigações dos seus serviços de programas generalistas
de acesso não condicionado livre – realizada pela ERC a cada cinco anos -, no âmbito do
processo de atribuição e renovação das licenças de emissão.
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corte distinto das peças sempre que tal se revele útil para uma melhor definição da
unidade de análise.
A seguinte tabela apresenta uma distribuição das peças por edição e serviço noticioso.
3-fev Sábado 22 9 26 33 7 97
11-mar Domingo 25 8 23 21 8 85
17-jun Domingo 17 7 21 21 32 98
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17-ago Sexta-feira 23 11 19 31 13 97
16-out Terça-feira 21 10 19 24 20 94
10-nov Sábado 25 10 22 30 12 99
16-dez Domingo 24 9 27 22 7 89
Figura 15 - Distribuição das peças analisadas e duração média do bloco informativo e das peças
Duração média
do bloco Duração média
informativo das peças*
RTP1… 19% 51 m 2 m 18 s
RTP2… 9% 30 m 2 m 33 s
SIC… 21% 1 h 13 m 2 m 10 s
TVI… 24% 1 h 08 m 1 m 56 s
CMTV… 27% 1 h 32 m 02 m 02 s
*Considera-se a mediana como a medida de tendência central mais adequada para analisar a duração das
peças, já que não é afetada pela existência de valores extremos e é menos sensível aos enviesamentos
dos dados.
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Assim, os blocos informativos com maior número de peças, como os dos operadores
privados, têm uma duração média superior e as peças tendem a ser curtas. Por seu
lado, o “Jornal 2” surge com o menor número de peças, resultando em blocos
informativos mais curtos, mas com peças longas.
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Universo ou população: são todas as peças dos blocos informativos de horário nobre
dos serviços de programas RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV emitidos entre 01/01/2018 e
31/12/2018. No entanto, devido às dificuldades de ter previamente o número de peças
em cada bloco informativo, a amostragem é realizada considerando o número total de
edições no ano, ou seja, 365 edições.
A metodologia é a seguinte:
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Foi escolhido o número 10, o que corresponde o dia 10 de janeiro de 2018. Ao número
selecionado, soma-se sucessivamente o intervalo amostral obtendo as edições que
serão monitorizadas.
24
A seleção do ponto de partida é repetida no início de cada ano.
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Para um grau de confiança de 95%, o erro de amostragem (EMA%) para cada programa
encontra-se no seguinte quadro:
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Finalmente, o registo outros, tal como a própria designação indica, foi utilizado para
classificar os conteúdos que não se enquadram em nenhuma das restantes categorias.
Refira-se, como exemplo, blocos meteorológicos, concursos realizados durante o
noticiário (como o sorteio do concurso “Euromilhões”), peças de autopromoção a
produtos/serviços do próprio operador (como promoção de excertos de reportagens a
exibir em outros programas) e peças com género híbrido (por exemplo crónicas;
publireportagens).
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Modo como é feita a identificação da vítima: A identificação da vítima pode ser feita
pelas imagens, sons, declarações, indicação do nome próprio e/ou do apelido, idade ou
profissão, locais frequentados, ou a combinação de várias referências.
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Elementos violentos: Reconhece imagens e discurso verbal de cariz violento nas peças
editadas e nos diretos. A referência para a identificação destes elementos é o conceito
de «violência gratuita»; as manifestações mais extremadas, físicas ou psicológicas
abrangentes de comportamentos que atentam contra a dignidade da pessoa humana —
tortura e os tratamentos desumanos, cruéis ou degradantes.
Advertência prévia: Identifica todo e qualquer aviso formal (oral ou pela imagem,
incluindo sinalética), anterior à transmissão imediata da peça, pelo pivô ou outro
profissional do operador televisivo, relativo à natureza das imagens ou do discurso
verbal apresentados. Visa reconhecer o cumprimento da recomendação legal aplicável
a elementos violentos ou pornográficos na informação. Distingue a sua introdução, com
uma função de alerta contrário ao visionamento, ou de apelo promocional, da sua
inexistência, quando seria aplicável.
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Tema
principal Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
Ordem
69 79,3% 18 20,7% 87 100,0% 26 72,2% 10 27,8% 36 100,0% 21 17,4% 100 82,6% 121 100,0% 89 59,3% 61 40,7% 150 100,0% 264 74,4% 91 25,6% 355 100,0%
interna
Política
126 85,1% 22 14,9% 148 100,0% 70 68,6% 32 31,4% 102 100,0% 11 8,4% 120 91,6% 131 100,0% 69 51,1% 66 48,9% 135 100,0% 29 53,7% 25 46,3% 54 100,0%
nacional
Desporto 77 78,6% 21 21,4% 98 100,0% - - - - - - 21 18,4% 93 81,6% 114 100,0% 31 28,4% 78 71,6% 109 100,0% 75 41,4% 106 58,6% 181 100,0%
Sistema
28 77,8% 8 22,2% 36 100,0% 7 63,6% 4 36,4% 11 100,0% 4 8,3% 44 91,7% 48 100,0% 36 61,0% 23 39,0% 59 100,0% 75 56,8% 57 43,2% 132 100,0%
judicial
Política
56 77,8% 16 22,2% 72 100,0% 37 75,5% 12 24,5% 49 100,0% 6 9,0% 61 91,0% 67 100,0% 30 58,8% 21 41,2% 51 100,0% 16 53,3% 14 46,7% 30 100,0%
internacional
Cultura 38 90,5% 4 9,5% 42 100,0% 30 75,0% 10 25,0% 40 100,0% 6 14,3% 36 85,7% 42 100,0% 32 65,3% 17 34,7% 49 100,0% 8 72,7% 3 27,3% 11 100,0%
Economia,
finanças e 27 81,8% 6 18,2% 33 100,0% 10 76,9% 3 23,1% 13 100,0% 12 37,5% 20 62,5% 32 100,0% 29 50,9% 28 49,1% 57 100,0% 12 57,1% 9 42,9% 21 100,0%
negócios
Sociedade 19 90,5% 2 9,5% 21 100,0% 3 100,0% - - 3 100,0% 11 47,8% 12 52,2% 23 100,0% 31 56,4% 24 43,6% 55 100,0% 21 61,8% 13 38,2% 34 100,0%
Ambiente 14 87,5% 2 12,5% 16 100,0% 2 33,3% 4 66,7% 6 100,0% 3 15,8% 16 84,2% 19 100,0% 21 52,5% 19 47,5% 40 100,0% 19 67,9% 9 32,1% 28 100,0%
Relações
17 65,4% 9 34,6% 26 100,0% 6 66,7% 3 33,3% 9 100,0% 3 14,3% 18 85,7% 21 100,0% 14 63,6% 8 36,4% 22 100,0% 11 78,6% 3 21,4% 14 100,0%
laborais
Política
20 87,0% 3 13,0% 23 100,0% 10 76,9% 3 23,1% 13 100,0% 7 28,0% 18 72,0% 25 100,0% 12 60,0% 8 40,0% 20 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0%
europeia
Saúde e ação - -
15 100,0% 15 100,0% 4 66,7% 2 33,3% 6 100,0% 1 8,3% 11 91,7% 12 100,0% 15 53,6% 13 46,4% 28 100,0% 9 69,2% 4 30,8% 13 100,0%
social
Urbanismo 9 75,0% 3 25,0% 12 100,0% 1 33,3% 2 66,7% 3 100,0% 1 14,3% 6 85,7% 7 100,0% 3 42,9% 4 57,1% 7 100,0% 5 100,0% - - 5 100,0%
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)
Tema
principal Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
População 9 90,0% 1 10,0% 10 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0% 1 14,3% 6 85,7% 7 100,0% 3 42,9% 4 57,1% 7 100,0% 4 100,0% - - 4 100,0%
Comunicação 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0% 1 100,0% - 1 100,0% 2 20,0% 8 80,0% 10 100,0% 2 20,0% 8 80,0% 10 100,0% 2 66,7% 1 33,3% 3 100,0%
Educação 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0% - - 1 100,0% 1 100,0% - - 5 100,0% 5 100,0% 7 77,8% 2 22,2% 9 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0%
Defesa 2 100,0% - - 2 100,0% - - - - - - - - 5 100,0% 5 100,0% 3 60,0% 2 40,0% 5 100,0% 5 62,5% 3 37,5% 8 100,0%
Crença e
3 75,0% 1 25,0% 4 100,0% - - - - - - 2 50,0% 2 50,0% 4 100,0% 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0% 5 71,4% 2 28,6% 7 100,0%
religião
Ciência e
- - - - - - - - - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0% - - - - - -
tecnologia
Grupos
- - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 33,3% 2 66,7% 3 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0%
minoritários
Revista de
- - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% - - - - - -
imprensa
Total 534 81,9% 118 18,1% 652 100,0% 208 70,7% 86 29,3% 294 100,0% 114 16,4% 581 83,6% 695 100,0% 437 52,7% 392 47,3% 829 100,0% 566 62,3% 343 37,7% 909 100,0%
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018
“CM Jornal
“Telejornal” “Jornal 2” “Jornal da Noite” “Jornal das 8”
Tema dominante 20H”
(RTP1) (RTP2) (SIC) (TVI)
(CMTV)
Ordem interna 11 3 16 25 113
Desporto 24 - 21 17 24
Sistema judicial 4 1 2 4 27
Política internacional 7 2 10 11 3
Cultura 3 5 5 6 3
Economia, finanças e
5 1 4 8 3
negócios
Política nacional 4 2 2 2 5
Sociedade - - 1 5 8
Relações laborais 4 - 2 3 5
Ambiente - - 1 4 6
Política europeia - - 2 2 1
População 1 - - - 2
Crença e religião - - 1 - 1
Comunicação - - 1 - 1
Saúde e ação social - - - - 2
Defesa - - - - 1
Total 63 14 68 87 205
Nota: Não se consideram nesta análise as peças que identificam pelo menos uma fonte de informação, assim
como as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e blocos metereológicos.
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Tabela 8 - Número de fontes das peças que identificam parte/todas as fontes que referem
“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)
N.º de Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação
Total Total Total Total Total
fontes parcial total parcial total parcial total parcial total parcial total
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %
1 30 14,9% 171 85,1% 201 100,0% 18 14,4% 107 85,6% 125 100,0% 48 20,8% 183 79,2% 231 100,0% 53 18,2% 238 81,8% 291 100,0% 166 39,4% 255 60,6% 421 100,0%
2 27 23,5% 88 76,5% 115 100,0% 10 21,3% 37 78,7% 47 100,0% 37 28,0% 95 72,0% 132 100,0% 45 28,8% 111 71,2% 156 100,0% 73 49,3% 75 50,7% 148 100,0%
3 29 34,5% 55 65,5% 84 100,0% 6 21,4% 22 78,6% 28 100,0% 40 38,8% 63 61,2% 103 100,0% 45 43,3% 59 56,7% 104 100,0% 48 65,8% 25 34,2% 73 100,0%
4 45 52,3% 41 47,7% 86 100,0% 17 48,6% 18 51,4% 35 100,0% 23 35,4% 42 64,6% 65 100,0% 49 51,0% 47 49,0% 96 100,0% 23 71,9% 9 28,1% 32 100,0%
5 30 68,2% 14 31,8% 44 100,0% 13 56,5% 10 43,5% 23 100,0% 20 45,5% 24 54,5% 44 100,0% 31 62,0% 19 38,0% 50 100,0% 13 86,7% 2 13,3% 15 100,0%
6 27 75,0% 9 25,0% 36 100,0% 9 69,2% 4 30,8% 13 100,0% 11 52,4% 10 47,6% 21 100,0% 14 70,0% 6 30,0% 20 100,0% 6 75,0% 2 25,0% 8 100,0%
7 6 75,0% 2 25,0% 8 100,0% 3 100,0% - - 3 100,0% 9 81,8% 2 18,2% 11 100,0% 8 100,0% - - 8 100,0% 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0%
8 8 72,7% 3 27,3% 11 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0% 3 60,0% 2 40,0% 5 100,0% 5 100,0% - - 5 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0%
9 3 75,0% 1 25,0% 4 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0% 2 50,0% 2 50,0% 4 100,0% 5 83,3% 1 16,7% 6 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0%
11 - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% 2 66,7% 1 33,3% 3 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0%
12 2 100,0% - - 2 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% - - 1 100,0% 1 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0%
13 - - - - - - - - - - - - 1 100,0% - - 1 100,0% - - - - - - - - - - - -
16 - - - - - - - - - - - - 2 - - - 2 100,0% - - - - - - - - - - - -
20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 100,0% - - 1 100,0% - - - - - -
Total 207 35,0% 385 65,0% 592 100,0% 85 29,6% 202 70,4% 287 100,0% 203 32,3% 425 67,7% 628 100,0% 261 35,1% 482 64,9% 743 100,0% 339 47,7% 371 52,3% 710 100,0%
70
ENTIDADE REGULADORA PARA A
COMUNICAÇÃO SOCIAL