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RIGOR, ISENÇÃO E PROTEÇÃO

DE PÚBLICOS SENSÍVEIS
Análise dos serviços noticiosos diários de horário
nobre da RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV em 2018
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

FICHA TÉCNICA

Título: Relatório de avaliação das obrigações de rigor, isenção e proteção de públicos sensíveis nos
serviços de programas televisivos – Análise dos serviços noticiosos de horário nobre da RTP1, RTP2, SIC,
TVI e CMTV em 2018

Edição: ERC -Entidade Reguladora para a Comunicação Social


Av. 24 de Julho, 58, 1200-869 Lisboa
Tel. 210 107 000
Fax. 210 107 019
e-mail: info@erc.pt
Website: www.erc.pt

Autoria: Departamento de Análise de Media da ERC

Lisboa, outubro de 2019

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

ÍNDICE GERAL

NOTA INTRODUTÓRIA .................................................................................................. 6

RESULTADOS APURADOS............................................................................................. 11
SEPARAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E OPINIÃO .............................................................. 11
IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA DOS TRABALHOS JORNALÍSTICOS TRANSMITIDOS ................... 19
ATRIBUIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO ......................................... 20
NÍVEIS DE RIGOR NA IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO............................. 22
VERIFICAÇÃO DO RECURSO A FONTES CONFIDENCIAIS............................................... 27
ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS DE FALTA DE RIGOR NA ATRIBUIÇÃO DA ORIGEM DA INFORMAÇÃO28
RESPEITO PELO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO ........................................................... 32
OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA ................................................................................... 37
RESPEITO PELA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ................................................................. 41
ELEMENTOS VIOLENTOS/DE CARIZ SEXUAL E ADVERTÊNCIA PRÉVIA.................................. 42
PROTEÇÃO DA IDENTIDADE DAS VÍTIMAS/PESSOAS EM ESTADO DE VULNERABILIDADE......... 43
UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE OCULTAÇÃO .............................................................. 44
OUTROS RESULTADOS ............................................................................................ 45
DISCRIMINAÇÃO E INCITAMENTO AO ÓDIO ............................................................. 45
SAÚDE MENTAL ................................................................................................ 45

ANEXOS................................................................................................................... 47
ANEXO I - ESTATUTOS EDITORIAIS E OUTROS MECANISMOS DE INDEPENDÊNCIA EDITORIAL ..... 47
RTP .................................................................................................................... 47
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 47
CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL (FEVEREIRO DE 2017)48
SERVIÇOS NOTICIOSOS DO HORÁRIO NOBRE DA RTP1 E DA RTP2 ............................... 49
SIC ..................................................................................................................... 49
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 49
O MODELO DE CANAL - MEMÓRIA DESCRITIVA ...................................................... 50
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA SIC .................................................... 51
TVI ..................................................................................................................... 51
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 51
MEMÓRIA DESCRITIVA DA TVI .............................................................................. 51
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA TVI .................................................... 53
CMTV ................................................................................................................ 53
ESTATUTO EDITORIAL ......................................................................................... 53
MEMÓRIA DESCRITIVA DA CMTV ........................................................................... 54
SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA CMTV ............................................... 54

ANEXO II - METODOLOGIA .......................................................................................... 56


COMPOSIÇÃO E DEFINIÇÃO DA AMOSTRA DE 2018...................................................... 60

ANEXO III – DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS ........................................................................... 63

ANEXO IV – DADOS COMPLEMENTARES ........................................................................ 67

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ÍNDICE DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

NOTA INTRODUTÓRIA ................................................................................................. 6

QUADRO 1 – DIMENSÕES DE ANÁLISE E VARIÁVEIS UTILIZADAS NO ACOMPANHAMENTO DO


CUMPRIMENTO DOS DEVERES DE RIGOR, ISENÇÃO E PROTEÇÃO DE PÚBLICOS SENSÍVEIS 8

QUADRO 2 – ENQUADRAMENTO LEGAL QUE SERVE DE BASE ÀS DIMENSÕES UTILIZADAS NA VERIFICAÇÃO


DOS DEVERES DE RIGOR, ISENÇÃO E PROTEÇÃO DE PÚBLICOS SENSÍVEIS ....................... 8

RESULTADOS APURADOS ........................................................................................... 11

FIGURA 1 – REGISTO JORNALÍSTICO DAS PEÇAS ANALISADAS ................................... 12

FIGURA 2 – IMAGEM QUE DEMARCA O ESPAÇO DE COMENTÁRIO "A PROCURADORA" NO “JORNAL DA


NOITE” DE 29 DE OUTUBRO DE 2018 ................................................................ 14

FIGURA 3 – IMAGEM DA APRESENTAÇÃO NA ESTREIA DO ESPAÇO DE COMENTÁRIO DE MIGUEL SOUSA


TAVARES NA EDIÇÃO DE 1 DE OUTUBRO DE 2018 DO “JORNAL DAS 8” .................... 15

FIGURA 4 – IMAGEM DO "JORNAL DAS 8" DE 17 DE JUNHO DE 2018 QUE PERMITE RECONHECER A
DEMARCAÇÃO DO ESPAÇO DE COMENTÁRIO DE PAULO PORTAS .............................. 16

FIGURA 5 – SEPARADOR DA RÚBRICA “3 MINUTOS” EXIBIDO NA EDIÇÃO DO “CM JORNAL 20H” DE DIA
11 DE MAIO DE 2018 ...................................................................................... 16

FIGURA 6 – ELEMENTOS OPINATIVOS PRESENTES NAS PEÇAS .................................. 18

FIGURA 7 – ASSINATURA DAS PEÇAS ................................................................... 19

FIGURA 8 – ATRIBUIÇÃO DA ORIGEM DA INFORMAÇÃO .......................................... 21

FIGURA 9 – RIGOR NA IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO ....................... 22

FIGURA 10 – RELAÇÃO ENTRE O GRAU DE IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO E OS TEMAS


COBERTOS ...................................................................................................... 23

FIGURA 11 – ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS DE FALTA DE RIGOR NA IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE


INFORMAÇÃO PRESENTES NAS PEÇAS .................................................................. 29

FIGURA 12 – NÚMERO DE ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS DE FALTA DE RIGOR NA IDENTIFICAÇÃO DAS


FONTES DE INFORMAÇÃO PRESENTES NAS PEÇAS ................................................... 32

FIGURA 13 – VERIFICAÇÃO DO RESPEITO PELO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO........... 34

TABELA 1 – TEMAS DOMINANTES DAS PEÇAS SEM CONTRADITÓRIO ......................... 36

TABELA 2 – PRESENÇA DE ELEMENTOS VISANDO A EXPLORAÇÃO DE SENSAÇÕES (2018)37

FIGURA 14 – NÚMERO DE ELEMENTOS PRESENTES NAS PEÇAS SUSCETÍVEIS DE CONTRIBUÍREM PARA UMA
ABORDAGEM SENSACIONALISTA ......................................................................... 38

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TABELA 3 – DESTAQUE DAS PEÇAS COM E SEM ELEMENTOS SENSACIONALISTAS NAS


PROMOÇÕES/TEASERS ...................................................................................... 39

TABELA 4 – POSIÇÃO DAS PEÇAS COM/SEM ELEMENTOS SENSACIONALISTAS NO ALINHAMENTO DAS


EDIÇÕES ......................................................................................................... 40

ANEXOS .................................................................................................................. 47
ANEXO I – ESTATUTOS EDITORIAIS E OUTROS MECANISMOS DE INDEPENDÊNCIA EDITORIAL47
ANEXO II – METODOLOGIA....................................................................................... 56

TABELA 5 – PEÇAS POR EDIÇÃO E SERVIÇO NOTICIOSO.…………………………...…………..56

FIGURA 15 – DISTRIBUIÇÃO DAS PEÇAS ANALISADAS E DURAÇÃO MÉDIA DO BLOCO INFORMATIVO E DAS
PEÇAS ............................................................................................................ 58

QUADRO 3 – EDIÇÕES SELECIONADAS ................................................................ 62

QUADRO 4 – ERRO MÁXIMO DA AMOSTRA .......................................................... 62

ANEXO III – DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS ........................................................................ 63

ANEXO IV – DADOS COMPLEMENTARES ..................................................................... 67

TABELA 6 – CRUZAMENTO DA EXISTÊNCIA DE ASSINATURA DAS PEÇAS COM O TEMA COBERTO67


TELEJORNAL (RTP1)........................................................................................ 67
JORNAL 2 (RTP2) ........................................................................................... 67
JORNAL DA NOITE (SIC) ................................................................................... 67
JORNAL DAS 8 (TVI) ........................................................................................ 67
CM JORNAL 20H............................................................................................ 67

TABELA 7 – TEMAS DOMINANTES DAS PEÇAS COM INFORMAÇÃO NÃO ATRIBUÍDA ...... 69

TABELA 8 – NÚMERO DE FONTES DAS PEÇAS QUE IDENTIFICAM PARTE/TODAS AS FONTES QUE
REFEREM........................................................................................................70

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NOTA INTRODUTÓRIA

Neste documento disponibiliza-se uma versão desenvolvida do capítulo do Relatório de


Regulação 20181 que faz a verificação do cumprimento dos deveres de rigor, isenção e
proteção de públicos sensíveis por cinco serviços de programas generalistas de
abrangência nacional, nomeadamente nos seus noticiários de horário nobre (20h00-
22h59): “Telejornal” da RTP12, “Jornal 2” da RTP2, “Jornal da Noite” da SIC3, “Jornal das
8” da TVI4 e “CM Jornal 20H” da CMTV. Além dos principais dados já divulgados, são
apresentados e analisados outros que os contextualizam e permitem compreender
melhor.

O respeito pelo rigor informativo e a garantia de isenção são deveres estruturantes do


trabalho jornalístico, estreitamente associados à qualidade, fiabilidade e credibilidade
da informação. Uma informação rigorosa é aquela que, por princípio, tem o seu
conteúdo ajustado à realidade e que é relatada com clareza, de forma completa e com
o enquadramento e a contextualização necessários à sua compreensão. Pressupõe uma
tentativa de distanciamento, de neutralidade (rejeição de subjetividade) e de
independência do órgão de comunicação social em relação ao acontecimento ou
intervenientes que são objeto de cobertura noticiosa. Possui também uma relação
direta com o equilíbrio e a igualdade de oportunidades, no sentido da adoção de uma
atitude não discriminatória. O rigor prevê ainda a apresentação dos factos e a sua
verificação, a audição das partes com interesses atendíveis, a separação entre factos e
opiniões, a correta identificação e citação das fontes de informação.

Importa referir que estes dois deveres não são diretamente mensuráveis através de um
único indicador/variável. O simples exercício de objetivar as diferentes dimensões que é
necessário respeitar para que um conteúdo jornalístico possa ser considerado rigoroso
e isento permite desde logo antever que a verificação do cumprimento dessas
obrigações legais envolve uma análise necessariamente complexa.

No que se refere ao dever de proteção de públicos mais vulneráveis é um dever que


neste relatório é perspetivado considerando a natureza dos conteúdos transmitidos nos
noticiários, nomeadamente através da identificação dos que possam conter indícios de
exploração de violência ou de elementos considerados pornográficos.

Todos os dados aqui apresentados foram obtidos a partir de uma análise de conteúdo
aplicada a uma amostra5 composta por 30 edições de cada um desses cinco noticiários
(exibidas nas mesmas datas de 2018), num total global de 150 edições visionadas e

1
Disponível para consulta em https://www.flipsnack.com/ERCpt/erc-relat-rio-regula-o-2018-fci0rmpx2/full-
view.html.
2
Transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3.
3
Desde 9 de novembro de 2015, transmitido em simultâneo pela SIC generalista e SIC Notícias.
4
Também transmitido em simultâneo pela TVI generalista e TVI24.
5
A constituição dessa amostra é apresentada em anexo no presente documento.

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codificadas de acordo com a grelha de indicadores que internamente se vem


aprofundando desde 2007. Na larga maioria das variáveis/indicadores avaliados, essa
análise é norteada pela verificação do conteúdo manifesto das peças noticiosas, isto é,
os elementos (textuais, visuais, sonoros) que estão objetivamente presentes nas
mesmas, o que significa que os analistas não acrescentaram outros elementos do seu
próprio conhecimento a essa análise.

Embora a análise efetuada seja maioritariamente quantitativa, sempre que necessário


foi complementada com interpretações de natureza qualitativa que decorrem
diretamente do processo de codificação.

De notar que a amostra é a mesma que serviu de base à verificação dos deveres de
pluralismo e diversidade nesses mesmos noticiários, que foi igualmente integrada em
capítulo autónomo do referido Relatório de Regulação e do qual a ERC também
disponibiliza uma versão aprofundada, disponível para consulta em www.erc.pt.

São ainda facultados anexos que explicam as opções metodológicas que orientam a
verificação aqui realizada, a definição de conceitos técnicos, assim como uma
caracterização da amostra e a explicação do procedimento de construção da mesma.

O Quadro 1 identifica as dimensões que norteiam a análise realizada em seguida e as


variáveis/indicadores que lhe correspondem. Por sua vez, o Quadro 2 relaciona essas
dimensões com o enquadramento legal que as inspira e que orienta o modo como as
mesmas são aqui apreciadas.

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Dimensões de análise Principais variáveis Quadro 1 – Dimensões de


análise e variáveis utilizadas no
Registo jornalístico
Separação entre informação e acompanhamento do
Elementos opinativos no discurso do
opinião cumprimento dos deveres de
operador
Rigor, Isenção e Proteção de
Identificação da autoria dos Públicos Sensíveis
trabalhos jornalísticos Assinatura da peça
apresentados

Atribuição da origem da informação


Rigor na identificação das fontes de
Atribuição e identificação das
informação
fontes de informação
Elementos indicativos de falta de rigor na
atribuição da informação

Respeito pelo princípio do


Contraditório
contraditório

Objetividade jornalística Presença de sensacionalismo

Respeito pela presunção da


Desrespeito pela presunção da inocência
inocência

Exploração de elementos violentos/de


Elementos violentos/de cariz
cariz sexual
sexual e advertência prévia
Utilização da advertência prévia

Identificação de vítimas
Utilização de técnicas de ocultação
Proteção da identidade das
Protagonistas protegidos com técnicas de
vítimas/pessoas
ocultação
em estado de vulnerabilidade
Eficácia na utilização de técnicas de
ocultação

Enquadramento legal Dimensões de análise Quadro 2 –


Enquadramento
Lei n.º 27/2007, de 30 de julho, cuja versão mais recente corresponde à Lei nº78/2015, de 29
legal que serve de
de julho (Lei da Televisão, que regula o acesso à atividade de televisão e o seu exercício) base às dimensões
utilizadas na
«exercício do direito de informar, de se informar e de ser Não discriminação e verificação dos
informado, com rigor e independência, sem impedimentos nem recusa de incitamento deveres de rigor,
discriminações» (artigo 9.º, nº1, alínea b)) ao ódio isenção e proteção
de públicos sensíveis
«a programação televisiva deve respeitar a dignidade da pessoa
humana e os direitos, liberdades e garantias fundamentais»
(artigo 27.º, nº1) Não discriminação e
recusa de incitamento
«os serviços de programas televisivos não podem, através dos ao ódio
elementos de programação que difundam, incitar ao ódio racial,
religioso, político ou gerado pela cor, origem étnica ou nacional,

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

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pelo sexo, pela orientação sexual ou pela deficiência » (artigo
27.º, nº2)

«[a]ssegurar a difusão de uma informação que respeite o


Todas as dimensões
pluralismo, o rigor e a isenção» (artigo 34.º, nº2, alínea b)

Lei n.º 1/99, de 13 de janeiro, alterada pela Lei n.º 64/2007, de 6 de novembro
(Aprova o Estatuto do Jornalista)

«Informar com rigor e isenção, rejeitando o sensacionalismo e Separação entre


demarcando claramente os factos da opinião» (artigo 14.º, nº1, informação e opinião;
alínea a)) Objetividade jornalística

Atribuição da
«Identificar, como regra, as suas fontes de informação, e atribuir
informação e
as opiniões recolhidas aos respetivos autores». (artigo 14.º, nº1,
identificação das fontes
alínea f))
de informação

«Proteger a confidencialidade das fontes de informação na


Atribuição da
medida do exigível em cada situação, tendo em conta o disposto
informação e
no artigo 11.º, excepto se os tentarem usar para obter benefícios
identificação das fontes
ilegítimos ou para veicular informações falsas». (artigo 14.º, nº2,
de informação
alínea a))

Respeito pelo princípio


«Procurar a diversificação das suas fontes de informação e ouvir
do
as partes com interesses atendíveis nos casos de que se ocupem»
contraditório/interesses
(artigo 14.º, nº1, alínea e)
atendíveis

«Abster-se de formular acusações sem provas e respeitar a Respeito pela


presunção da inocência» (artigo 14.º, nº2, alínea c)) presunção da inocência

«Abster-se de recolher declarações ou imagens que atinjam a Proteção da identidade


dignidade das pessoas através da exploração da sua das vítimas/pessoas em
vulnerabilidade psicológica, emocional ou física». (artigo 14.º, estado de
nº2, alínea d)) vulnerabilidade

«Respeitar a orientação e os objetivos definidos no estatuto


editorial do órgão de comunicação social para que trabalhem» Todas as dimensões
(artigo 14.º, nº1, alínea d))

Importa recordar que alguns dos artigos dos diplomas legais especificados no Quadro 2
têm correspondência no Código Deontológico que serve de orientação à conduta
jornalística, nomeadamente nos seguintes pontos:

6
Nos diplomas ou protocolos nacionais que consagram os direitos/intenções considerados na monitorização no que
concerne a portadores de deficiência estão: Lei da Televisão (artigo 34.º, n.º 3); Protocolo celebrado em 21 de agosto
de 2003 entre os operadores Rádio e Televisão de Portugal, SGPS, S.A., SIC - Sociedade Independente de
Comunicação, SA, e TVI -Televisão Independente, SA, alterado por Adenda de 15 de fevereiro de 2005; diplomas que
consagram direitos específicos das pessoas com necessidades especiais no contexto nacional, como a Lei n.º 38/2004
de 18 de agosto (artigos 43.º e 44.º), que estabelece as Bases Gerais do Regime Jurídico da Prevenção, Habilitação,
Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência.

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«1. O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com
honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses
atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do
público.»

«2. O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação


sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.»

«6. O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O
jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de
informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar
para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.»

«7. O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença
transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as
vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve
proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.»

«8. O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da


cor, raça, credos, nacionalidade, ou sexo.»

«9. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em
causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente,
valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher
declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e
responsabilidade das pessoas envolvidas.»

Além do enquadramento legal acima especificado, recordam-se os compromissos


assumidos pelos cinco serviços de programas em análise e respetivos serviços
noticiosos nos seus estatutos editoriais e em outros mecanismos de independência
editorial pela qual regem a sua atividade. Em anexo é facultada uma síntese desses
documentos, que definem o perfil da informação com o qual os operadores se
comprometem.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

RESULTADOS APURADOS

Tal como no relatório referente à verificação das obrigações de pluralismo e diversidade


na informação televisiva diária, os resultados apresentados e seguida são resultantes do
visionamento de 30 edições de cada um dos serviços noticiosos emitidas em 2018, que
se traduzem no seguinte número de peças:

 “Telejornal” da RTP1 - 659 peças

 “Jornal 2” da RTP2 - 327 peças

 “Jornal da Noite” da SIC - 767 peças

 “Jornal das 8” da TVI - 862 peças

 “CM Jornal 20H” da CMTV - 962 peças

SEPARAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E OPINIÃO


A garantia de separação entre informação e opinião é a primeira dimensão que
estrutura a verificação dos deveres de rigor informativo e da isenção tal como é
analisada neste documento.

A respeito da operacionalização desta dimensão, importa começar por referir que


aprecia o modo como a opinião pode surgir nos noticiários, considerando duas
vertentes diferentes: 1) os espaços de opinião da responsabilidade/autoria de
comentadores/especialistas convidados; 2) os elementos opinativos que possam estar
presentes na narrativa jornalística.

A primeira dessas vertentes de análise tem por base o pressuposto de que, para
garantir o rigor informativo, os espaços reservados à opinião de terceiros devem estar
claramente delimitados dos restantes conteúdos. A segunda vertente parte do
entendimento de que o discurso jornalístico deve ser objetivo e isento, sem
influência/marcas da opinião de quem a produz.

A partir da variável registo jornalístico – que parte da distinção entre os géneros


jornalísticos considerados informativos (notícias, reportagens, entrevistas, …) e os que
se inscrevem na esfera da opinião (comentários, crónicas, …) – é possível identificar as
peças que foram tratadas como informação, opinião ou com outro registo que não seja
enquadrável em nenhum dos dois.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Outros Opinativo Informativo


Figura 1 - Registo
RTP1 jornalístico das
Peças = 659
0,5% 0,5% 99%
peças analisadas
RTP2
Peças = 327
1% 8% 91%

SIC
Peças = 767
7% 6% 86%

TVI
Peças = 862
3% 3% 94%

CMTV
Peças = 962
3% 5% 92%

Uma primeira análise caracterizadora do registo jornalístico das peças analisadas nos
cinco noticiários permite desde logo constatar uma tendência comum hegemónica em
todos eles: aquele que predominou em cerca de 90% das peças é o informativo. O que é
o mesmo que dizer que os conteúdos de opinião foram uma minoria nas edições
analisadas, sendo que na RTP1 foi mesmo residual.

De notar que esse é um resultado relativamente expetável atendendo a vocação


informativa que, por natureza, define esses serviços noticiosos.

As peças com registo jornalístico informativo foram, na sua


maioria, notícias e reportagens, geralmente constituídas pelo
oráculo lido pelo pivô e pela gravação e/ou pela ligação em
direto realizada pelo jornalista.

Essa primeira caracterização dos alinhamentos serve ponto de partida para se


questionar até que ponto os conteúdos classificados como opinião foram claramente
demarcados dos informativos.

À semelhança do constatado em anos anteriores, o visionamento e análise dos


conteúdos com registo opinativo permitiu concluir que na larga maioria dos casos
foram claramente identificados como opinião de comentadores convidados. Outra
conclusão que se mantém é que o modo utilizado para fazer essa identificação foi
variável consoante as opções editoriais seguidas por cada um dos noticiários em análise.
Continuaram a ser identificadas diferentes modalidades de demarcação dos espaços de
opinião, desde separadores gráficos com a apresentação do comentador, à sua
apresentação em oráculo/legenda ou a referência ao mesmo no discurso do pivô. Ou
pela combinação destas diferentes modalidades.

Considerando o observado em relação à amostra de 30 edições de cada um dos


noticiários é possível reconhecer algumas das opções adotadas para garantir essa
demarcação:

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

 Nas edições do “Telejornal” (RTP1), foram identificados três conteúdos de opinião


emitidos em três edições diferentes, curiosamente todas do mês de outubro. O
primeiro foi identificado na edição de dia 4 de outubro e corresponde a um comentário
de António José Teixeira; o segundo surgiu na edição de dia 16 e é atribuído a Helena
Garrido, explicitamente apresentada em legenda como «comentadora RTP»; o terceiro
foi identificado na edição de 29 de outubro e corresponde a um comentário de
Bernardo Pires. Comum aos três comentadores foi o facto de terem feito o comentário
em direto nos estúdios do “Telejornal”, tendo sido convidados para falar sobre assuntos
da atualidade informativa desse dia. Todos foram introduzidos pelo pivô com referência
ao seu nome, sendo que em legenda António José Teixeira foi explicitado como
«jornalista» e os restantes como «comentador RTP».

 À semelhança do observado em anos anteriores, o “Jornal 2” manteve um painel de


comentadores habituais. Nas edições em análise identificou-se a presença de Miguel
Szymanski, Álvaro Costa, Cristina Azevedo, Marco Silva, Ricardo Jorge Pinto, Domingos
Andrade, José Teixeira Fernandes e Manuel Carvalho. A presença da opinião destes
comentadores foi demarcada dos restantes conteúdos do noticiário essencialmente
através do enquadramento dado pelo pivô e/ou da legenda apresentada.

 O “Jornal da Noite” manteve a aposta nos espaços de comentário reservados à opinião


de comentadores residentes. Luís Marques Mendes manteve o seu habitual espaço de
comentário no noticiário nas edições de domingo. Já o espaço reservado desde 2011 à
opinião de Miguel Sousa Tavares manteve-se, como habitualmente, às segundas-feiras,
mas teve a sua última edição no dia 6 de agosto. Como se verá adiante neste ponto do
relatório, este comentador saiu do noticiário de horário nobre da SIC para passar a ter
lugar como comentador residente no “Jornal das 8” da TVI.

 À semelhança do observado em anos anteriores esses conteúdos continuaram a ser


demarcados da restante informação com base no recurso a separadores gráficos
exibidos imediatamente antes do início desses espaços de comentário, seguidos de uma
breve introdução do pivô que reforça a demarcação desses espaços. Os separadores
gráficos continuaram a apresentar o mesmo formato, sendo compostos por elementos
como a fotografia do próprio comentador e a sua assinatura, os quais remetem
explicitamente, e nessa medida os identificam de forma inequívoca, reforçando a ideia
de que as opiniões que os mesmos exprimem são apenas suas e não do canal.

Ainda no que diz respeito aos espaços de comentário integrados no “Jornal da Noite” é
de notar que no dia 8 de outubro 2018 o noticiário da SIC passou a integrar nas suas
edições de segunda-feira um novo espaço intitulado “A Procuradora”, reservado ao
comentário da autoria de Manuela Moura Guedes.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Figura 2 - Imagem que demarca o espaço de comentário


"A Procuradora"
no “Jornal da Noite” de 29 de outubro de 2018

 É de referir que na amostra analisada, apenas foi identificada a presença deste


espaço na edição de 29 de outubro 7 , sendo de notar que o mesmo foi
explicitamente demarcado dos restantes conteúdos através do discurso da pivô
(que refere: «E agora Manuela Moura Guedes às segundas-feiras no Jornal da
Noite») e em simultâneo de uma imagem que surge num televisor por detrás da
pivô com a imagem gráfica que delimita este espaço (ver figura). De referir que na
edição de estreia – que não integra a amostra em análise – foi incluído no
alinhamento um separador gráfico acompanhado da música que serve de genérico.

 Nas edições analisadas foi ainda identificada, embora com uma frequência
diminuta, a presença de outros comentadores, cuja participação se fez de forma
pontual. Também nessas participações a SIC demarcou explicitamente esses
espaços dos restantes conteúdos do noticiário. Ou seja, as suas opiniões e análises
foram distinguidas e atribuídas aos próprios, ou seja, a SIC zelou pelo rigor da
edição.

 Conforme acima referido o “Jornal das 8” da TVI passou a integrar Miguel Sousa
Tavares como comentador residente também às segundas-feiras, tendo estreado o
seu espaço de comentário na edição de 1 de outubro de 2018. Conforme é visível na
imagem que mostra o comentador na estreia (ver figura), Miguel Sousa Tavares é
explicitamente identificado em oráculo como sendo responsável pela «Edição do
Jornal das 8 e comentário às segundas-feiras». O início da edição desse dia é
marcado por uma introdução em voz off que refere «(…) apresentação de Pedro
Pinto, edição e comentários de Miguel Sousa Tavares». Essa introdução passa a abrir
as edições de segunda-feira em que o comentador está presente, como forma de
explicitar junto dos telespetadores a dupla condição em que Miguel Sousa Tavares
surge no noticiário, isto é, enquanto responsável pela edição do mesmo e enquanto

7
Mediante a aplicação do processo de amostragem adotado, esta foi a última segunda-feira de 2018 incluída na
amostra em análise, daí que a influência deste espaço de comentário nos resultados deste ano não seja muito
expressiva.

14
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

responsável pelos comentários que vai fazendo ao longo do noticiário a propósito dos
assuntos que foram escolhidos por si para ser noticiados durante a edição.

Figura 3 – Imagem da apresentação na estreia do espaço de


comentário de Miguel Sousa Tavares na edição de 1 de outubro
de 2018 do “Jornal das 8”

 Ora, embora em termos de forma essa dupla condição seja desde logo devidamente
demarcada junto dos telespetadores, informando sobre a presença de um comentador
que é duplamente editor, este formato escolhido pela TVI pode, ainda assim, suscitar
questionamentos na medida em que é o próprio comentador que ao mesmo tempo
seleciona todos os conteúdos que compõem os alinhamentos do noticiário. É contudo
de notar que a análise realizada neste relatório é insuficiente para tirar ilações quanto à
forma como a dupla condição em que o jornalista se apresenta pode efetivamente
afetar o rigor informativo e a isenção dos conteúdos das edições em participa.

 Além da presença de Miguel Sousa Tavares, as edições analisadas permitiram


identificar também a continuidade de Paulo Portas como comentador residente do
“Jornal das 8”. Designado “Global”, este espaço igualmente transmitido em direto
durante a edição, é devidamente demarcado dos restantes conteúdos através da
introdução de um separador gráfico construído a partir de elementos como sejam a
fotografia do comentador e a sua assinatura.

15
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Figura 5 – Separador da rúbrica “3 minutos” exibido na edição do


“CM Jornal 20h” de dia 11 de maio de 2018

 No “CM Jornal 20h” os espaços de comentário das 30 edições analisadas foram


reservados à opinião dos comentadores do canal Assunção Cristas, Carlos Anjos,
Eduardo Cintra Torres, Francisco José Viegas, Francisco Moita Flores João Pereira
Coutinho, Joana Amaral Dias, Luís Campos Ferreira, Manuel Rodrigues, Paulo
Sargento e Rui Pereira. Também neste caso se observa que a maioria destes espaços
de comentário foi devidamente demarcada como opinião, com recurso a diferentes
elementos para fazer essa demarcação. Por exemplo, a presença de Francisco Moita
Flores na edição de 24 de março de 2018 foi feita com o recurso a uma legenda que
explicita a sua condição (ver imagem). Já na edição de 11 de julho de 2018, por
exemplo, Manuel Rodrigues é apresentado como comentador pelo próprio pivô («É
meu convidado Manuel Rodrigues, é comentador habitual aqui na CMTV»).

Figura 4 - Imagem do "Jornal das 8" de 17 de junho de 2018 que


permite reconhecer a demarcação do espaço de comentário de
Paulo Portas

16
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

 No caso da presença de alguns comentadores, como por exemplo Joana Amaral


Dias, Eduardo Cintra Torres, Francisco José Viegas, Assunção Cristas, João Pereira
Coutinho, a demarcação é feita em primeiro lugar com o recurso a um separador
gráfico que delimita a rúbrica “3 minutos” dos restantes conteúdos do alinhamento.
No entanto, é de notar que nos casos em que apenas é exibido esse separador, sem
ser complementado com outro elemento que permita explicitar que se trata de um
espaço de comentário (já que o separador só por isso não o faz), considera-se que a
demarcação não foi totalmente conseguida. Refira-se, a título de exemplo, a
participação de Assunção Cristas nessa rúbrica na edição de 10 de setembro de
2018. Nesse caso, após ser exibido o separador gráfico, a pivô interage com
Assunção Cristas sem explicitar a sua condição, sendo que a mesma centra o seu
discurso na rentrée do CDS, partido do qual é líder (pelo que poderia questionar-se
se surge como comentadora ou entrevistada por exemplo).

A propósito desse exemplo, importa recordar precisa mente que pontualmente


continuaram a ser identificados alguns conteúdos que indiciam que continua a ser
relevante sinalizar o facto de, por vezes, ser menos clara e evidente a distinção entre os
espaços de entrevista (informação) e os espaços de comentário (opinião), que em
termos de formato em televisão tendem a apresentar características que os tornam
semelhantes.

Marcas de opinião no discurso do operador

Esta vertente da verificação do respeito pela separação entre informação e opinião é


verificada a partir do indicador elementos opinativos no discurso do operador, que
permitiu identificar a presença nas peças analisadas (a nível textual ou da composição
da sua narrativa visual) de marcas de subjetividade, de juízos valorativos e construções
suscetíveis de desvirtuar a factualidade e a objetividade da informação que nelas é
reportada.

Importa clarificar que elementos opinativos existentes no


discurso do operador são necessariamente distintos das
interpretações que dele façam parte. As interpretações são
utilizadas na narrativa jornalística para estabelecer relações
entre factos sem desvirtuar o seu sentido, de modo a clarificar
e melhor contextualizar a informação, ao passo que os
elementos opinativos concorrem para inquinar/condicionar
esse sentido.

Da análise realizada à amostra dos cinco noticiários, constatou-se, como tendência


comum, que em mais de 90% dos conteúdos visionados não foi identificada a presença
explícita de qualquer elemento opinativo no discurso do operador. Isso significa que a
17
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

construção da maioria das peças se baseou em sequências de texto e imagem


manifestamente informativas, sustentadas na descrição ou interpretação dos factos.

Embora esse resultado indicie que, na maioria dos conteúdos, a narrativa jornalística
terá sido construída sem marcas da subjetividade do(s) seu(s) autore(s), em respeito
pela isenção e o rigor no reportar dos acontecimentos/problemáticas, é de notar que
em todos os noticiários existiram conteúdos em que esses elementos foram
identificados.

No “Telejornal” 4,1% das peças tiveram esses elementos (27 peças), o mesmo tendo
acontecido em 2,8% do “Jornal 2” (nove peças), 4,3% do “Jornal da Noite” (33 peças),
3,7% do “Jornal das 8” (32 peças) e 6,2% do “CM Jornal 20h” (60 peças).

Figura 6 - Elementos opinativos presentes nas peças

NO DISCURSO DO PIVÔ NO DESENVOLVIMENTO DA PEÇA EM AMBOS

2 22 3
TELEJORNAL (RTP1)
(7,4%) (81,5%) (11,1%)
2 7
JORNAL 2 (RTP2)
(22,2%) (77,8%)
6 26 1
JORNAL DA NOITE (SIC)
(18,2%) (78,8%) (3,0%)
4 21 7
JORNAL DAS 8 (TVI)
(12,5%) (65,6%) (21,9%)
20 34 6
CM JORNAL 20H
(33,3%) (56,7%) (10,0%)

Outra característica comum a esse número limitado de peças é que na sua maioria os
elementos opinativos estiveram presentes sobretudo no desenvolvimento das mesmas,
isto é, a sua presença foi menos comum nos lançamentos feitos pelos pivôs. Embora
essa tendência tenha sido observada em todos os noticiários, é de notar que no caso do
noticiário da CMTV em 33,3% das peças com esses elementos os mesmos foram
identificados no discurso do pivô, isto é, é menor a diferença em relação às peças que o
fizeram no desenvolvimento.

De modo a ilustrar o tipo de elementos que refletem marcas de opinião ou juízos de


valor nos conteúdos informativos, refira-se o recurso a expressões irónicas e a um estilo
jocoso, a utilização de adjetivação e de frase construídas para apoiar juízos valorativos
sobre a informação.

Embora o reduzido número de peças em análise não permita traçar tendências,


observa-se que no caso do “Jornal da Noite” dez dos 27 conteúdos em que se
identificam essas marcas de subjetividade foram sobre a temática política nacional e no
caso do noticiário da CMTV, 36 das 60 peças identificadas, focaram-se em assuntos
relacionados com ordem interna ou sistema judicial.

18
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

IDENTIFICAÇÃO DA AUT ORIA DOS TRABALHOS J ORNALÍSTICOS TRANSMITIDOS

Figura 7 - Assinatura das peças

Sem assinatura Com assinatura


RTP1… 18% 82%

RTP2… 29% 71%

SIC… 84% 16%

TVI… 47% 53%

CMTV… 38% 62%

Embora não haja nenhuma obrigatoriedade legal no que diz respeito à assinatura dos
trabalhos jornalísticos, a existência da mesma pode ser entendida como uma forma de
responsabilização e compromisso com o conteúdo, que, nesse sentido, contribui para
credibilizar a informação junto de quem a consulta. Além disso, é um elemento que
permite caracterizar e contextualizar melhor o perfil editorial de cada um.

Partindo desse entendimento, procurou-se perceber qual o procedimento que é


seguido por cada um dos noticiários em análise. A partir da aplicação da variável
assinatura da peça identificaram-se todas as peças que explicitaram a sua autoria, seja
por menção à assinatura de pelo menos um ou de vários intervenientes envolvidos no
processo de construção das mesmas: dos repórteres responsáveis pelo texto, dos
responsáveis pela captação das imagens, dos profissionais que fizeram o trabalho de
edição.

Conclui-se que os noticiários dos serviços de programas analisados têm diferentes


práticas no que à assinatura dos trabalhos diz respeito. Com efeito, nos serviços
noticiosos do serviço público – RTP1 e RTP2 – sobressai que a grande maioria das peças
explicitou a sua autoria. Essa também foi a prática identificada em 62% das peças da
CMTV.

Já no “Jornal das 8” da TVI a autoria foi explicitada em pouco mais de metade dos
conteúdos, o que significa que numa percentagem relativamente próxima de conteúdos
os autores não foram especificados. Por sua vez, o “Jornal da Noite” da SIC assinou
apenas 16% das peças visionadas.

De notar que essas são tendências que genericamente se mantêm quando se relaciona
a análise da assinatura das peças com o tema principal. Isto é, independentemente do
tema que esteja a ser destacado, aquela que foi a prática mais recorrente em cada um
dos noticiários analisados manteve-se. De referir como exceção, nos noticiários da TVI e
da CMTV, o caso das peças que destacaram assuntos relacionados com desporto. Com
19
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

efeito, 71,6% dos conteúdos sobre essa temática não foram assinados, o mesmo tendo
acontecido com 58,6% dos conteúdos que a CMTV dedicou ao desporto (ver tabela em
anexo).

No caso dos trabalhos jornalísticos que geralmente envolvem maior investimento de


recursos técnicos e humanos, como as grandes reportagens (embora tenham sido
identificadas poucas nas edições analisadas), verifica-se que tenderam a revelar a
autoria, embora ainda assim tenham sido identificadas algumas em que isso não
aconteceu.

ATRIBUIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO

As fontes de informação são a origem da matéria-prima que serve de base à construção


dos trabalhos jornalísticos, sendo as principais responsáveis pela veracidade das
informações veiculadas.

Tal como estabelece o Estatuto do Jornalista, na alínea f) do


seu artigo 14.º, é seu dever «identificar, como regra, as suas
fontes de informação, e atribuir as opiniões recolhidas aos
respetivos autores. Como tal, por regra, devem ser
identificadas.»

Esta é assim uma dimensão essencial à verificação do respeito pelos deveres de rigor e
isenção, na medida em que procura aferir em que medida as peças analisadas
explicitam junto dos telespetadores a origem das informações que veiculam.

Partindo do princípio que toda a informação tem por base uma fonte, considerou-se
que sempre que uma peça não mencionasse explicitamente no seu conteúdo qualquer
fonte de informação seria classificada como tendo informação não foi atribuída, sendo
que todas as que explicitassem pelo menos uma fonte de informação seriam
classificadas como tendo informação atribuída.

De uma primeira análise baseada nessa dicotomia entre informação atribuída e


informação não atribuída (figura abaixo) sobressai uma tendência dominante e comum
a todos os noticiários avaliados, mas que é particularmente acentuada nos da RTP1,
RTP2, SIC e TVI: cerca de 90% das peças analisadas (na RTP2 chega aos 95%) tiveram
informação atribuída, isto é, identificaram, pelo menos, uma fonte de informação
consultada. No caso da CMTV essa tendência observou-se em 78% das peças
consideradas nesta análise.

20
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Informação não atribuída Informação atribuída


Figura 8 -
RTP1 Atribuição da
10% 90%
Peças = 655 origem da
RTP2 informação
5% 95%
Peças = 301
SIC
10% 90%
Peças = 696
TVI
10% 90%
Peças = 830
CMTV
22% 78%
Peças = 915

Nota: Não se consideram nesta análise as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de
Euromilhões e blocos metereológicos.

Aplicando a análise de temas somente à percentagem minoritária de peças em que não


foi explicitada qualquer fonte de informação (informação não atribuída) evidenciam-se
algumas especificidades que importa notar.

Relativamente aos 10% de peças do “Telejornal” da RTP1 (63 peças) sem fontes de
informação verifica-se que a maioria reportou assuntos desportivos. Já nos 10%
identificados no “Jornal da Noite” da SIC (68 peças) repetiu-se essa tendência das peças
de desporto entre as mais recorrentes, mas com um número próximo das que abordam
questões de ordem interna. No caso dos 10% de peças do “Jornal das 8” da TVI (87
peças) observa-se um cenário semelhante ao da SIC, mas em ordem inversa, isto é, a
maioria de peças sem fontes identificadas são sobre ordem interna, seguidas das que se
reportaram assuntos relacionados com a temática desporto (ver tabela em anexo).

Nos 22% de peças da CMTV (205 peças) que não explicitaram qualquer fonte de
informação, a temática mais frequente foi claramente a ordem interna (113 peças),
aquela que é também a temática que se destacou como a mais recorrente nos
conteúdos deste canal que foram visionados.

Ao verificar em detalhe quais os subtemas abordados nessas peças da CMTV,


constatou-se que os mais frequentes foram crimes e outras formas de violência,
seguido dos subtemas acidentes e catástrofes e atividades policiais. De notar que, com
uma representação relativamente semelhante surgiram também as peças centradas em
casos de justiça, sendo que as peças sobre futebol surgiram como as quintas mais
frequentes entre essas peças sem informação atribuída.

Relativamente ao “Jornal 2” da RTP2 o número de peças sem fontes identificadas é tão


residual (14) que não permite observar qualquer tendência desta natureza.

21
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Níveis de rigor na identificação das fontes de informação

Para além dessa distinção entre as peças que têm fontes identificadas e não
identificadas, esta dimensão também comporta uma análise baseada em mais dois
indicadores: nível de rigor na identificação das fontes de informação e elementos
indicativos de falta de rigor na atribuição da informação.

Relativamente ao rigor na atribuição de informação, que tem por base a apreciação do


modo como as fontes são (ou não) explicitadas na peça, distinguem-se três níveis de
atribuição: informação não atribuída (total ausência de rigor na atribuição da origem da
informação), identificação parcial (nível intermédio de atribuição) e identificação total
(nível máximo de atribuição). No primeiro nível nenhuma fonte foi explicitada no
conteúdo manifesto da peça, no segundo uma ou mais fontes são identificadas mas há
algumas que o são forma vaga, pouco clara ou indeterminada e no terceiro nível todas
as fontes mencionadas são devidamente identificadas.

Informação não atribuída Identificação parcial Identificação total Figura 9 - Rigor


na identificação
RTP1 das fontes de
10% 32% 59%
Peças = 655 informação
RTP2
5% 28% 67%
Peças = 301
SIC
10% 29% 61%
Peças = 830
TVI
10% 31% 58%
Peças = 830
CMTV
22% 37% 41%
Peças = 915

Nota: Não se consideram nesta análise as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e
blocos metereológicos.

Da análise aos níveis de rigor na atribuição da origem da informação que é reportada foi
possível inferir que embora o nível máximo de atribuição da origem da informação
tenha sido o mais recorrente em aproximadamente 60% das peças dos noticiários da
RTP1, SIC e TVI, valor que no caso da RTP2 chega aos 67%, existe uma percentagem
considerável de peças em que apenas parcialmente se refere a origem da informação.

No caso do noticiário da CMTV, os resultados observados revelam mesmo que, quando


somadas as peças que referem parcialmente a informação e aquelas que não
identificam qualquer fonte, há problemas de rigor na atribuição da informação em 59%
das peças analisadas.

De modo a despistar a hipótese de existir maior ou menor rigor na identificação da

22
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

origem informação consoante os temas que foram alvo de cobertura informativa,


cruzou-se o indicador níveis de rigor com o tema principal. Os resultados observados
(tabela em anexo), nomeadamente em relação aos temas mais recorrentes em cada um
dos noticiários, permitiram chegar a diferentes conclusões.

Uma conclusão comum aos cinco noticiários analisados é que, quando se cruzam esses
dois indicadores, há temas que sobressaem como tendo uma maior percentagem de
peças com o nível mais elevado de rigor na atribuição da origem da informação do que
as observadas acima, isto é, sem efetuar qualquer cruzamento. Inversamente, há outros
que revelam estar nos dois níveis mais baixos, seja por não referirem qualquer fonte de
informação reportada, seja por não as identificarem por completo. Ainda assim, se
atentarmos apenas nos temas mais frequentes8, a percentagem mais elevada de peças
com o nível máximo de rigor foi observada abaixo dos 80%, o que significa que,
independentemente do tema, houve sempre pelo menos 20% das peças que tiveram
problemas de rigor na atribuição da origem da informação que reportam.

Vejam-se em seguida as especificidades de cada noticiário analisado.

Figura 10 - Relação entre o grau de identificação das fontes de informação e os temas cobertos

Telejornal (RTP1)

SEM FONTES IDENTIFICADAS IDENTIFICAÇÃO PARCIAL TODAS AS FONTES REFERIDAS IDENTIFICADAS


POLÍTICA NACIONAL 2,7% 21,6% 75,7%
DESPORTO 24,5% 5,1% 70,4%
ORDEM INTERNA 12,6% 44,8% 42,5%
POLÍTICA… 9,6% 38,4% 52,1%
CULTURA 7,1% 19,0% 73,8%
SISTEMA JUDICIAL 10,5% 26,3% 63,2%
ECONOMIA,… 15,2% 57,6% 27,3%

No Telejornal observa-se que no caso das peças centradas nos temas política nacional,
desporto e cultura houve uma tendência para que mais de 70% identificassem
inequivocamente todas as fontes que mencionam, sendo que essa mesma tendência,
embora de forma menos acentuada, se manteve no caso dos conteúdos centrados no
tema sistema judicial. Inversamente, no caso das peças sobre ordem interna (as
terceiras mais frequentes no noticiário) constatou-se que os dois níveis mais baixos de
rigor na atribuição de informação estiveram presentes em 57,4%, sendo que no caso
das peças centradas em assuntos de economia, finanças e negócios esse valor chegou
aos 72,8%, resultado que indicia que deveriam ter tido maior cuidado na forma como

8
Foram considerados mais frequentes todos os que foram observados em mais do que 30 peças. Relativamente aos
restantes não se observam tendências precisamente por estar em causa um número limitado de peças.

23
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

atribuiram a origem da sua informação.

Jornal 2 (RTP2)

SEM FONTES IDENTIFICADAS IDENTIFICAÇÃO PARCIAL TODAS AS FONTES REFERIDAS IDENTIFICADAS

POLÍTICA NACIONAL 1,9% 22,1% 76,0%

POLÍTICA INTERNACIONAL 4,0% 42,0% 54,0%

CULTURA 12,5% 15,0% 72,5%

ORDEM INTERNA 8,1% 40,5% 51,4%

Já no Jornal 2, 76% das peças sobre política nacional e 72,5% das centradas no tema
cultura apresentaram o nível máximo de rigor na atribuição da informação que
reportaram, o que significa que explicitaram inequivocamente todas as fontes que
mencionaram. Embora essa mesma tendência tenha sido observada em pouco mais de
metade das peças sobre política internacional (54%) e ordem interna (51,4%), é de
notar que uma percentagem muito próxima de peças sobre esses dois temas registou
os dois níveis mais baixos de atribuição da origem da informação.

Jornal da Noite (SIC)

SEM FONTES IDENTIFICADAS IDENTIFICAÇÃO PARCIAL TODAS AS FONTES REFERIDAS IDENTIFICADAS

POLÍTICA NACIONAL 1,5% 22,1% 76,3%


ORDEM INTERNA 13,2% 42,1% 44,6%
DESPORTO 18,4% 12,3% 69,3%
POLÍTICA INTERNACIONAL 14,9% 23,9% 61,2%
SISTEMA JUDICIAL 4,2% 37,5% 58,3%
CULTURA 11,9% 23,8% 64,3%
ECONOMIA, FINANÇAS E NEGÓCIOS 12,5% 34,4% 53,1%

Também no caso do Jornal da Noite se repete a tendência para que acima de 75% das
peças sobre o tema política nacional tenham identificado todas as fontes que referem.
O mesmo aconteceu em quase 70% das peças sobre desporto, em 64,3% dos conteúdos
focados em assuntos de cultura e em 61,2% das peças sobre política internacional.
Sobressai que 55,3% das peças centradas em assuntos de ordem interna apresentaram
os dois níveis de menor rigor na atribuição da informação, sendo que no caso dos
conteúdos sobre economia, finanças e negócios a representação das peças com menos

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

rigor foi muito próxima das que apresentaram o nível de rigor mais elevado.

Jornal das 8 (TVI)

SEM FONTES IDENTIFICADAS IDENTIFICAÇÃO PARCIAL TODAS AS FONTES REFERIDAS IDENTIFICADAS

ORDEM INTERNA 16,7% 39,3% 44,0%


POLÍTICA NACIONAL 1,5% 27,2% 71,3%
DESPORTO 15,6% 15,6% 68,8%
SISTEMA JUDICIAL 6,8% 25,4% 67,8%
ECONOMIA, FINANÇAS E NEGÓCIOS 14,0% 28,1% 57,9%
SOCIEDADE 9,1% 43,6% 47,3%
POLÍTICA INTERNACIONAL 21,6% 39,2% 39,2%
CULTURA 12,2% 32,7% 55,1%
AMBIENTE 10,3% 41,0% 48,7%

No Jornal das 8 também se repete a tendência para que acima de 70% das peças sobre
política nacional tenham especificado todas as fontes que referiram, sendo que as
peças sobre desporto e sobre o tema sistema judicial com o grau de rigor na atribuição
da origem da informação mais elevado também ficaram próximas dessa representação
de 70%.

Já no caso das peças sobre ordem interna, sociedade, poltica internacional e ambiente
sobressaiu a tendência inversa, ou seja, a maior percentagem apresentou problemas de
rigor na atribuição da informação, sobretudo por apenas fazerem uma identificação
parcial das fontes de informação.

CM Jornal 20h (CMTV)

SEM FONTES IDENTIFICADAS IDENTIFICAÇÃO PARCIAL TODAS AS FONTES REFERIDAS IDENTIFICADAS

ORDEM INTERNA 31,5% 38,7% 29,8%


DESPORTO 13,2% 25,8% 61,0%
SISTEMA JUDICIAL 20,3% 50,4% 29,3%
POLÍTICA NACIONAL 9,3% 24,1% 66,7%
SOCIEDADE 23,5% 29,4% 47,1%
POLÍTICA INTERNACIONAL 10,0% 76,7% 13,3%

Já no CM Jornal 20h destacaram-se pela maior percentagem com rigor na atribuição das
fontes de informação as peças que se focaram em assuntos de política nacional (quase
68%) e desporto (61%).

Com maiores problemas de rigor na identificação das fontes sobressaem as peças sobre

25
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

política internacional, sistema judicial e ordem interna, em que a percentagem de peças


que identificaram todas as fontes que referem ficou abaixo dos 30%. Esse resultado
chama particularmente a atenção, especialmente se se tiver em consideração que
ordem interna foi claramente o tema mais presente nos alinhamentos desse noticiário e
que as peças sobre temas de justiça foram as terceiras mais recorrentes.

Mas afinal quantas fontes de informação foram referidas pelos noticiários nas peças em
que foram identificados o nível de identificação parcial das fontes e naquelas em que
todas as fontes referidas se encontravam identificadas? Para realizar essa análise em
relação a cada um dos cinco noticiários, partiu-se do cruzamento entre esses dois níveis
de rigor na identificação das fontes de informação e a variável número de fontes, que,
tal como o nome indica, quantifica as fontes referidas nas peças analisadas.

Os resultados permitiram constatar como tendência semelhante em todos os


noticiários que quanto maior é o número de fontes referidas maior a percentagem de
peças com informação atribuída de forma parcial. No entanto, é de observar que
embora em termos genéricos a tendência seja a mesma, quando analisados os
resultados específicos de cada noticiário, há valores que acabam por apontar no sentido
de maior ou menor nível de rigor na atribuição da informação reportada. Senão veja-se.

Quando apenas foi registada a presença de uma única fonte de informação constatou-
se que mais de 85% das peças do “Telejornal” e do “Jornal 2” identificaram
inequivocamente essa fonte, o mesmo tendo acontecido em perto de 82% dos
conteúdos do “Jornal das 8”, em cerca de 79% das peças do “Jornal da Noite”, e 61% do
“CM Jornal das 20h”.

No caso do noticiário da RTP2 a atribuição da origem da informação continua a ser


perto dos 80% mesmo quando as peças referem duas a três fontes de informação. Nas
peças deste serviço noticioso em que foram contabilizadas um total de quatro fontes, a
percentagem que identificou essas quatro fontes ficou-se pelos cerca de 51%, sendo
que nas peças noticiário com cinco ou mais fontes passou a ser dominante a
percentagem de peças que as identificou de forma parcial.

Já no “Telejornal” da RTP1 quando foram contabilizadas duas fontes 76,5% das peças
fizeram a sua identificação total, valor que baixa para os 65,5% nas peças em que se
contaram três fontes de informação. Quando foram registadas quatro, mais de metade
das peças passaram a identificá-las de forma parcial, valor que sobe para valores acima
70% nas que tiveram cinco ou mais fontes.

No caso do “Jornal da Noite” da SIC quando as peças registaram até quatro fontes de
informação verifica-se que aproximadamente entre 61% a 72% as identificaram
totalmente, valor que decresce para 55% quando referem cinco fontes.

No “Jornal das 8” apenas quando as peças tiveram duas fontes de informação


mantiveram o nível máximo de atribuição da origem da informação acima dos 70%,
valor que baixa para cerca de 57% nas peças em que foram contabilizadas três e para os
49% nas que tiveram quatro. Nas peças do noticiário da TVI que contabilizaram mais de

26
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

cinco fontes a maioria passou a ser identificada apenas de forma parcial.

No caso do “CM Jornal das 20h” da CMTV se a percentagem de peças que identificou
totalmente a origem da informação já foi apenas de cerca de 61% quando foi registada
apenas uma fonte de informação, nas peças do noticiário em que foram identificadas
duas fontes somente 51% fez a sua identificação total. Já nas peças com três ou mais
fontes acima de 65% identificaram a origem de informação de forma parcial.

Verificação do recurso a fontes confidenciais

A análise do rigor na atribuição da origem da informação também contempla a


verificação do recurso à confidencialidade das fontes. Pretende-se perceber se sempre
que recorreram a fontes confidenciais o fizeram por existir necessidade de as proteger
ou se a confidencialidade indicia ter sido utilizada com outras finalidades, como por
exemplo reportar rumores/boatos/informações polémicas.

Do visionamento realizado às peças dos cinco noticiários sobressai de imediato uma


conclusão comum a anos anteriores, ou seja, que as fontes confidenciais tiveram uma
representação residual em todos. Com efeito, nas peças visionadas no “Telejornal”
foram identificadas duas peças com presença de fontes confidenciais, o mesmo número
que no “Jornal das 8”, sendo que no noticiário da CMTV foram identificadas sete peças
com esse tipo de fontes de informação. Nas peças do “Jornal 2” e do “Jornal da Noite”
não foram registadas presenças com recurso à confidencialidade.

Ao verificar os acontecimentos reportados nas peças em que


essas fontes confidenciais foram utilizadas foi possível concluir
que correspondem a situações efetivamente excecionais, isto
é, em que a necessidade de proteção da identidade das fontes
se sobrepunha à obrigação de as identificar.

No “Telejornal” as duas peças que recorreram a fontes confidenciais denunciam o


estado das urgências hospitalares, sendo que o operador protegeu a identidade das
fontes (no caso uma profissional de saúde e um doente) que suportam essa denúncia.
No caso do “Jornal das 8” a confidencialidade foi utilizada também como forma de
possibilitar duas denúncias. Numa das peças foi protegida a identidade de dois
funcionários de uma empresa gestora de estacionamento pago que é denunciada pela
forma como fazia as cobranças sem ter funcionários certificados para tal. Na outra é
concedida confidencialidade a um ex-funcionário da Base das Lajes a propósito da
denúncia de que os EUA armazenaram armas e resíduos nucleares na Base das Lajes
durante a Guerra Fria.

27
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Já no caso do noticiário da CMTV, o recurso à confidencialidade foi justificado


sobretudo pela necessidade de proteger a identidade de testemunhas de crimes ou
familiares de vítimas de crimes sob investigação ou em fase de julgamento.

Elementos identificativos de falta de rigor na atribuição da origem da informação

Tal como anteriormente referido a verificação do respeito pelo rigor na identificação


das fontes de informação contempla ainda a caracterização dos casos em que a forma
como foram referidas não possibilita saber quais foram exatamente as fontes
consultadas, isto é, a sua identificação é parcial, pouco clara, indeterminada e/ou
apenas genérica.

Essa caracterização e análise são possibilitadas pela variável elementos identificativos de


falta de rigor na atribuição da origem da informação, uma variável de resposta múltipla
composta por oito categorias de elementos9: 1) utilização de imagens de terceiros sem
especificação da sua origem; 2) autorreferência do canal; 3) generalização de
informações; 4) fontes de informação que prestam declarações diretas sem
identificação; 5) cidadãos comuns sem indicação do nome; 6) dados quantitativos
(números) utilizados sem referência à sua fonte; 7) identificação incompleta de fontes
institucionais e de celebridades; 8) problemas técnicos e outros problemas não
elencados nas restantes categorias de análise.

Considera-se que a aplicação desta variável pode fornecer pistas para que os serviços
de programas analisados fiquem a conhecer os principais problemas relacionados com a
identificação das fontes de informação que são percetíveis no próprio conteúdo
manifesto das peças dos seus noticiários de horário nobre, de modo a que possam
minimizar ou até evitar futuramente.

Considerando os resultados relativos a cada um dos blocos informativos, recorde-se


que 59,5% das peças do “CM Jornal 20h”, cerca de 42% das peças do “Jornal das 8,”
41% das peças do “Telejornal”, quase 39% das peças do “Jornal da Noite”, e
aproximadamente 33% dos conteúdos do “Jornal 2” foram identificadas falhas de rigor
na identificação das fontes de informação. No fundo, a percentagem de peças desses
noticiários que ou não identificou qualquer fonte de informação ou a identificou de
forma parcial.

São precisamente essas peças – sobretudo as que especificaram as fontes de forma


parcial – aquelas em que foram identificados os elementos indicativos de falta de rigor
que a figura seguinte sintetiza.

9
Nos relatórios de regulação anteriores em que esta variável foi analisada era composta por seis categorias de
elementos identificativos de falta de rigor na atribuição da origem da informação. Na análise de 2018 passaram a
integrá-la duas novas categorias, que se autonomizaram em resultado da sua recorrência: dados quantitativos
(números) utilizados sem referência à sua fonte e identificação incompleta de fontes institucionais e de celebridades.

28
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Figura 11 - Elementos
"Telejornal" (RTP1)
Presenças = 267
indicativos de falta de
rigor na identificação
Cidadãos comuns não identificados 32% das fontes de
informação
Identificação incompleta 15%
Generalização de informação 13%
Dados sem referência à sua fonte 13%
Imagens sem específicação da sua… 13%
Identificação incorreta por… 6%
Fontes não identificadas que… 4%
Autorreferência do canal 4%

"Jornal 2" (RTP2)


Presenças = 105

Cidadãos comuns não identificados 29%


Identificação incompleta 23%
Imagens sem específicação da sua… 15%
Generalização de informação 13%
Dados sem referência à sua fonte 10%
Identificação incorreta por… 5%
Fontes não identificadas que… 3%
Autorreferência do canal 2%

"Jornal da Noite" (SIC)


Presenças = 263

Cidadãos comuns não identificados 28%


Imagens sem específicação da sua… 18%
Identificação incompleta 17%
Generalização de informação 15%
Dados sem referência à sua fonte 11%
Identificação incorreta por… 4%
Autorreferência do canal 4%
Fontes não identificadas que… 2%

29
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

"Jornal das 8" (TVI)


Presenças = 332

Cidadãos comuns não… 33%


Imagens sem específicação da… 19%
Generalização de informação 14%
Identificação incompleta 12%
Dados sem referência à sua fonte 10%
Fontes não identificadas que… 5%
Autorreferência do canal 3%
Identificação incorreta por… 3%

"CM Jornal20H" (CMTV)


Presenças = 555

Imagens sem específicação da… 38%


Cidadãos comuns não… 14%
Generalização de informação 12%
Autorreferência do canal 11%
Identificação incorreta por… 10%
Dados sem referência à sua fonte 6%
Identificação incompleta 6%
Fontes não identificadas que… 3%

Nota: Não se consideram nesta análise as peças identificam a totalidade das suas fontes de informação, assim como
as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e blocos metereológicos.

Verificam-se resultados semelhantes no caso dos noticiários da RTP1, SIC e TVI, ou seja,
o elemento indicativo de falta de rigor mais frequente foi o recurso a cidadãos comuns
como fontes de informação sem que os mesmos sejam identificados pelo nome. Este
elemento indicativo de falta de rigor permite reconhecer que o tratamento que
geralmente é dado aos cidadãos comuns difere daquele que é dado a fontes de
informação institucionais, as quais, quando surgem personalizadas, são, regra geral,
identificadas através do nome e do cargo ou função.

Embora esse seja também o elemento de falta de rigor na identificação das fontes mais
frequente no “Jornal 2”, apresentou uma representação muito próxima das fontes com
uma identificação incompleta, isto é, aquelas que apenas foram identificadas pelo seu
nome ou pela qualidade/papel que desempenham na narrativa das peças. Esse foi
também o segundo elemento mais recorrente nas peças do “Telejornal”.

Já nos noticiários da SIC e da TVI o segundo elemento indicativo de falta de rigor mais
presente foi a utilização de imagens de terceiros como fontes de informação sem
especificar a sua origem.

30
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

No que diz respeito à CMTV observa-se que o elemento indicativo de falta de rigor na
atribuição da origem da informação mais recorrente foram precisamente as imagens de
terceiros utilizadas no conteúdo das peças sem referência à sua origem. Como exemplo,
refiram-se os videoamadores, fotografias de terceiros ou imagens de canais
estrangeiros. As restantes categorias de elementos mais frequentes foram quatro e
apresentaram uma representação muito próxima entre si (entre os 10% e os 14%).

Também no que diz respeito aos elementos identificativos de falta de rigor na


identificação das fontes de informação menos frequentes nas peças analisadas é
curioso notar que foram os mesmos nos noticiários da RTP1, RTP2, SIC e TVI, ainda que
com representações distintas em termos percentuais.

Com efeito, em todos eles os três elementos menos frequentes (com representação
inferior a 6%) foram: a identificação incorreta de fontes de informação devida a
problemas técnicos (percetíveis nas próprias peças), a autorreferência ao canal como
origem da própria informação (identificável em expressões como «a TVI sabe», «ao que
a RTP apurou», «a SIC sabe», sem correspondente em qualquer fonte especificada) e as
fontes que prestam declarações diretas sem que nenhuma informação presente na
peça permita saber exatamente quem são. Este último elemento foi aliás o menos
recorrente nas peças da CMTV, sendo que os outros dois elementos igualmente menos
representados no seu noticiário em análise foram os dados quantitativos sem referência
à sua fonte e as fontes institucionais identificadas de forma incompleta.

31
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Figura 12 - Número de elementos identificativos de falta de rigor na identificação das fontes de


informação presentes nas peças

1 elemento 2 elementos 3 elementos 4 elementos

RTP1 = 224 peças 83,0% 14,7% 2,2%

RTP2 = 86 peças 80,2% 17,4% 2,3%

SIC = 214 peças 80,4% 17,8% 0,5%

TVI = 272 peças 80,1% 18,0% 1,5%

CMTV = 430 peças 74,4% 22,3% 3,0%

De modo a tentar perceber quão presentes esses elementos estiveram presentes nas
peças construiu-se um índice que quantifica o número de elementos indicativos de falta
de rigor na identificação das fontes que estiveram presentes em cada peça. Os
resultados apurados fazem notar de imediato uma conclusão comum aos cinco
noticiários, ou seja, na esmagadora maioria das peças foi identificado somente um
elemento indicativo de falta de rigor na identificação das fontes de informação. Na
RTP1, RTP2, SIC e TVI isso aconteceu em cerca de 80% das peças e no noticiário da
CMTV em 74,4% das peças.

Quanto aos restantes cerca de 20% a 25% das peças, constata-se que na maior parte
foram identificados dois elementos que denunciam essa falta de rigor.

As peças em que se identificaram mais do que três elementos foram residuais nos
noticiários de todos os canais.

RESPEITO PELO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

O respeito pelo princípio do contraditório é a dimensão de verificação do rigor


informativo e da isenção que determina que, sempre que necessário, a informação
deve apresentar a diversidade de posições conflituantes, de forma objetiva e isenta.

Para aferir o respeito por este princípio na análise de conteúdo aplicou-se a variável
contraditório que permite distinguir as peças que não exigem contraditório (não se
aplica), as que cumprem o contraditório, as que não o cumprem e aquelas em que
houve tentativa de obter o contraditório.

32
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Da aplicação dessa variável salienta-se desde logo uma tendência que é igual em todos
os noticiários em análise, ou seja, entre 75% (RTP1, RTP2) a mais de 80% das peças (SIC,
TVI, CMTV) os assuntos noticiados, na forma como foram reportados, não exigiram a
aplicação do princípio do contraditório.

De referir que são sobretudo as peças sobre assuntos relacionadas com os temas
política nacional, sistema judicial, relações laborais e saúde e ação social aquelas em
que o contraditório mais vezes se aplica. Esse é um resultado relativamente expetável
especialmente se tivermos em consideração as posições conflituantes que são
características dos assuntos relacionados com essas áreas.

33
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Figura 13 - Verificação do respeito pelo princípio do contraditório


"Telejornal" (RTP1) "Jornal 2" (RTP2)
Peças = 658 Peças = 327

15% Tem contraditório 16% Tem contraditório


Não na peça Não na peça
aplicável 3% Tem contraditório aplicável 3% Tem contraditório
no bloco
75% 1% Tentativa de obter 75% 1% no bloco
Tentativa de obter
o contraditório
7% Sem contraditório 5% o contraditório
Sem contraditório

"Jornal da Noite" (SIC) "Jornal das 8" (TVI)


Peças = 857
Peças = 745

11% Tem contraditório 11% Tem contraditório


Não na peça
Não 3% Tem contraditório
aplicável 1% Tem contraditório aplicável
no bloco no bloco
81% 0,4% Tentativa de obter 82% 0,4% Tentativa de obter
o contraditório o contraditório
6% Sem contraditório 5% Sem contraditório

"CM Jornal 20H" (CMTV)


Peças = 960

5% Tem contraditório
na peça
Não 4% Tem contraditório
aplicável no bloco
84% 0,6% Tentativa de obter
o contraditório
7% Sem contraditório

Dos cerca de 20% a 25% das peças em que se observou a necessidade de respeitar o
princípio do contraditório verifica-se que nos noticiários da RTP1 (18%), RTP2 (19%), SIC
(12%) e TVI (14%) a maior parte tendeu a cumprir esse dever. Também é comum a
estes serviços noticiosos o facto de na maioria dos conteúdos as versões das posições
conflituantes serem apresentadas dentro da mesma peça.

Já no caso do “CM Jornal 20h”, ainda que também se tenha observado que 9% das
peças respeitaram esse princípio, é de notar que esse valor fica muito próximo dos 7%
dos conteúdos em que o contraditório não foi respeitado. Também é específico deste
noticiário o facto de esse contraditório ser cumprido numa percentagem muito
semelhante de peças que o respeitam numa mesma peça ou em outras peças da
mesma edição.

34
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

É de observar que a percentagem de peças em que foi identificada essa falha foi
próxima nos diferentes noticiários analisados: 7% no “Telejornal” e no “CM Jornal 20h”,
6% no “Jornal da Noite”, 5% no “Jornal 2” e no “Jornal das 8”.

É ainda de notar como conclusão comum que numa percentagem muito residual (cerca
de 1% ou abaixo desse valor) das peças analisadas, perante a necessidade de
contraditório, houve a tentativa para o obter, sendo que essa tentativa foi
expressamente explicitada junto dos telespetadores.

Recorde-se que a prática de explicitar a tentativa de obter o


contraditório, sempre que essa tentativa efetivamente existiu,
é favorável ao rigor informativo, na medida em que torna
evidente perante os telespetadores que a informação
reportada não se encontra completa. As peças com registo
jornalístico informativo foram, na sua maioria, notícias e
reportagens, geralmente constituídas pelo oráculo lido pelo
pivô e pela gravação e/ou pela ligação em direto realizada
pelo jornalista.

Centrando a análise somente no conjunto de peças que não respeitaram o contraditório


(ver tabela abaixo), observa-se que as mais frequentes no caso do “Telejornal”, “Jornal
2” e do “Jornal da Noite” centraram-se em assuntos de política nacional.

Já no “Jornal das 8” e no “CM Jornal 20h” a maioria reportou assuntos relacionados


com a temática ordem interna e no, caso do noticiário da CMTV, com uma frequência
relativamente próxima, surgiram peças classificadas nos temas sistema judicial e
desporto.

35
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Tabela 1 - Temas dominantes das peças sem contraditório

“Jornal da “CM Jornal


“Telejornal” “Jornal 2” “Jornal das 8”
Noite” 20H”
(RTP1) (RTP2) (TVI)
Tema (SIC) (CMTV)

n % n % n % n % n %

Política nacional 16 36,4% 8 47,1% 14 31,1% 5 12,8% 7 10,8%

Ordem interna 6 13,6% 2 11,8% 10 22,2% 9 23,1% 19 29,2%

Sistema judicial 5 11,4% 2 11,8% 7 15,6% 4 10,3% 14 21,5%

Desporto 3 6,8% - - 2 4,4% - - 11 16,9%

Política internacional 5 11,4% 2 11,8% 3 6,7% 5 12,8% 1 1,5%

Relações laborais 4 9,1% 1 5,9% 5 11,1% 4 10,3% 1 1,5%

Saúde e ação social 1 2,3% 1 5,9% 1 2,2% 2 5,1% 2 3,1%

População 2 4,5% 1 5,9% 1 2,2% 1 2,6% 1 1,5%

Economia, finanças e
1 2,3% - - 2 4,4% 1 2,6% 1 1,5%
negócios

Sociedade - - - - - - 1 2,6% 3 4,6%

Urbanismo - - - - - - 2 5,1% 2 3,1%

Defesa - - - - - - 3 7,7% - -

Comunicação 1 2,3% - - - - - - 1 1,5%

Cultura - - - - - - 2 5,1% - -

Ambiente - - - - - - - - 2 3,1%

Total 44 100,0% 17 100,0% 45 100,0% 39 100,0% 65 100,0%

36
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA

Contrariamente ao tratamento jornalístico considerado objetivo, o tratamento


considerado sensacionalista, mais do que informar, tende a criar sensações, emoções e
a produzir impressões nos telespectadores, condicionando a forma como a informação
é reportada.

Por isso mesmo, uma parte essencial da verificação do respeito pelos deveres de rigor e
isenção passa por averiguar a existência de elementos sensacionalistas, a qual se
concretiza, uma vez mais, através da aplicação de uma variável de resposta múltipla
que, partindo somente do conteúdo manifesto das peças, permite identificar diferentes
categorias de elementos que, dependendo do modo como são aplicados, podem ou
não conferir um tratamento sensacionalista à informação.

Tabela 2 - Presença de elementos visando a exploração de sensações


"Jornal da "Jornal "CM Jornal
"Telejornal" "Jornal 2"
Elementos Noite" das 8" 20H"
(RTP1) (RTP2)
sensacionalistas (SIC) (TVI) (CMTV)
n n n n n
Estilo apelativo no
4 - 4 20 249
destaque gráfico
Captação/edição de
9 3 16 19 134
imagens
Música/sons 20 5 21 30 41
Reconstituições 1 - 2 3 5
Exploração através de
6 2 12 20 37
fait-divers

Nota: Variável de resposta múltipla.

Os resultados apurados (figura acima) revelam que, à semelhança do observado em


anos anteriores, também nas edições analisadas em 2018 foi residual a presença de
elementos suscetíveis de contribuir para um tratamento sensacionalista das matérias
reportadas. Com efeito, à exceção do “CM Jornal 20h”, a presença desses elementos
nas edições dos restantes serviços noticiosos, em termos relativos, não foi além dos
3,5% das peças.

No “Telejornal” o elemento mais utilizado para conferir um tratamento mais


sensacionalista aos assuntos reportados foi a forma como a música foi inserida na
edição de determinadas peças. Esse foi também o elemento mais presente nas peças
“Jornal das 8” e do “Jornal da Noite”, sendo que no noticiário da SIC a par da
captação/edição de imagens.

37
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

No noticiário da CMTV a presença de alguns desses elementos atingiu valores mais


elevados. É o caso da utilização de destaques gráficos apelativos e da exploração de
sensações através do modo como as imagens foram captadas/editadas. O primeiro
esteve presente em 249 peças (25,9% do total de peças visionadas) e exploração
através das imagens em 134 peças (equivalentes a 13,9%). Os restantes três elementos
considerados na análise apresentaram uma representação que não foi além dos 5% das
peças.

Essa tipologia de cinco elementos foi equacionada num índice de verificação do


sensacionalismo (figura abaixo), que quantifica o número de elementos visando a
exploração de sensações que foram identificados nas peças. De frisar que embora possa
acontecer que a agregação de mais do que um elemento contribua para acentuar um
tratamento mais sensacionalista, não é verdade que isso aconteça necessariamente já
que o impacto de um único elemento pode ser maior que o de vários desses elementos
somados. Por exemplo, a forma como uma música é inserida na narrativa de uma peça
pode condicionar do princípio ao fim o seu sentido, mais do que por exemplo um
conteúdo que tenha um destaque gráfico apelativo e uma edição de imagem mais
sensacionalista.

Este índice de natureza quantitativa permite contribuir para a caracterização do modo


como os noticiários em análise construíram a sua informação, nomeadamente as peças
em que há elementos que revelam que o rigor pode ter cedido perante abordagens
mais sensacionalistas.

1 elemento 2 elementos 3 elementos 4 elementos

Figura 14 -
RTP1 (32 peças) 75,0% 25,0% Número de
RTP2 (8 peças) 75,0% 25,0% elementos
presentes nas
SIC (45 peças) 82,2% 13,3% 4,4%
peças suscetíveis
TVI (65 peças) 67,7% 23,1% 9,2% de contribuírem
CMTV (340 peças) para uma
69,7% 23,8% 6,2%
abordagem
sensacionalista

Da análise realizada importa começar por salientar, uma vez mais, que acima de 90%
das peças da RTP1, RTP2, SIC e TVI não tiveram presença de qualquer elemento
suscetível de ser considerado sensacionalista, tendência que na CMTV foi observada em
quase 64% das peças analisadas.

Focando a análise somente nas peças em que esses elementos estiveram presentes
observa-se que, dos cinco elementos considerados no índice de sensacionalismo, os
noticiários da RTP1 e da RTP2 juntaram no máximo dois elementos numa mesma peça,
os noticiários da SIC três e os da TVI e CMTV um máximo de quatro.
38
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Ainda assim, a percentagem de peças com um, dois, três ou quatro elementos de
exploração do sensacionalismo é bastante diferente. Com efeito, a tendência mais
recorrente nos cinco noticiários em análise foi para que a maioria das peças (acima de
68%) apresentasse apenas um elemento suscetível de ser considerado sensacionalista,
sendo que o segundo tipo de peças mais recorrentes foram as que apresentaram dois
elementos dessa natureza.

De modo a melhor analisar o destaque editorial que foi conferido pelos operadores às
peças com presença de elementos suscetíveis de conferir sensacionalismo à informação
verificou-se se tiveram ou não promoções/teasers a anunciar a sua exibição ao longo da
edição de que fizeram parte e se ocuparam ou não posição de destaque no
alinhamento. Para perceber se houve diferenças em relação às peças em que não foram
identificados elementos dessa natureza optou-se por apresentar os resultados em
relação a ambas.

Tabela 3 - Destaque das peças com e sem elementos sensacionalistas nas promoções/teasers

“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)
Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem
Promoção
elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos elementos
n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %

Tem 11 34,4% 99 15,8% 3 37,5% 101 31,7% 22 48,9% 201 28,7% 13 20,0% 83 10,5% 142 41,8% 129 20,8%

Não tem 21 65,6% 527 84,2% 5 62,5% 218 68,3% 23 51,1% 499 71,3% 52 80,0% 709 89,5% 198 58,2% 491 79,2%

Total 32 100,0% 626 100,0% 8 100,0% 319 100,0% 45 100,0% 700 100,0% 65 100,0% 792 100,0% 340 100,0% 620 100,0%

Da análise realizada foi possível observar que a maioria das peças dos noticiários sem
elementos que exploram o sensacionalismo não teve qualquer promoção/teaser na
edição em que surgiu.

Já quando a análise recai sobre as peças em que a foi identificada a presença desse tipo
de elementos observa-se que embora essa mesma tendência em geral se mantenha foi
menos expressiva em termos de percentagem de peças em todos os noticiários, o que
indicia que há em todos eles uma tendência para promover mais as peças com este tipo
de elementos. Em particular no caso do “Jornal da Noite” e do “CM Jornal 20h”, em que
é muito próxima a percentagem de peças com elementos sensacionalistas que tiveram
e não tiveram promoção no alinhamento.

Ainda em relação às peças com elementos sensacionalistas que foram destacadas nos
alinhamentos dos noticiários através de teasers é de notar que na maioria dos casos só
tiveram uma promoção ao longo de toda a edição, embora se observe que no caso do
“Jornal da Noite” e do “Jornal das 8” o número de peças com dois teasers a anunciá-las
foi muito próximo.

39
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Tabela 4 - Posição das peças com/sem elementos sensacionalistas no alinhamento das edições

“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H”(CMTV)

Presença de sensacionalismo nas peças


Posição no
alinhamento
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %

Peça de
2 6,3 28 4,5 3 37,5 27 8,5 2 4,4 28 4,0 2 3,1 28 3,5 17 5,0 13 2,1
abertura

Abertura da
1 3,1 11 1,8 - - - - - - 29 4,1 1 1,5 27 3,4 12 3,5 29 4,7
2.ª parte

Abertura da
- - 1 0,2 - - - - 1 2,2 11 1,6 1 1,5 4 0,5 6 1,8 11 1,8
3.ª parte

Restantes
posições do 25 78,1 561 89,6 5 62,5 262 82,1 38 84,4 607 86,7 56 86,2 708 89,4 292 85,9 550 88,7
alinhamento

Fecho 4 12,5 25 4,0 - - 30 9,4 4 8,9 25 3,6 5 7,7 25 3,2 13 3,8 17 2,7

Total 32 100 626 100 8 100 319 100 45 100 700 100 65 100 792 100 340 100 620 100

*1 As edições do “Jornal 2” que foram analisadas tiveram apenas uma parte.

Essa análise possibilita, uma vez mais, observar um padrão comum nos cinco noticiários
em análise. A maioria das peças em que foram identificados elementos suscetíveis de
contribuir para uma abordagem sensacionalista da informação, à semelhança das que
não tiveram esses elementos, tenderam a concentrar-se em outras posições do
alinhamento que não as aberturas ou os fechos, sobretudo na primeira parte das
edições de que fizeram parte.

Ora, além dessa concentração, no caso da RTP1, SIC e TVI, os dados apurados permitem
constatar que o número absoluto de peças com elementos que potencialmente
contribuem para o sensacionalismo exibidas em posições de maior destaque – como a
abertura do noticiário e o fecho – foi completamente residual. No caso do “CM Jornal
20h”, noticiário em que a percentagem de peças com esses elementos foi mais

40
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

expressiva, constatou-se que aproximadamente 9% (30 das 340 peças) surgiram nessas
posições, 5% na abertura e 3,8% no fecho.

Ou seja, embora em todos os noticiários analisados tenha havido peças com elementos
que são passíveis de contribuir para uma abordagem sensacionalista da informação que
os operadores decidiram valorizar editorialmente através da posição em que as
colocaram nos alinhamentos, os dados apurados demonstram que isso aconteceu numa
minoria das peças.

RESPEITO PELA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

A cobertura informativa de acontecimentos que envolvem suspeitos sob investigação


policial ou arguidos de processos judiciais em curso exige particular cuidado na forma
como essas pessoas são retratadas. Esse é um pressuposto da prática jornalística que é
igualmente considerado na verificação dos deveres de rigor e isenção, na medida em
que, para que uma informação seja rigorosa e isenta, é necessário evitar a formulação
de acusações sem provas, isto é dar como culpadas pessoas que ainda não foram
condenadas em tribunal.

A análise deste ponto pretende assim identificar, nas edições analisadas em 2018, os
conteúdos em que o chamado princípio da presunção de inocência foi desrespeitado.

Os dados apurados revelam que as peças com elementos suscetíveis de desrespeitar a


presunção da inocência tiveram uma presença residual nos blocos informativos do
operador público, uma peça do “Jornal 2” e duas do “Telejornal”, ou seja, cerca de 0,3%
do total de peças analisadas nesses noticiários. Também no “Jornal da Noite” e no
“Jornal das 8” a sua presença foi diminuta, respetivamente em dez e onze peças, o
equivalente a 1,3% da totalidade de peças visionadas em cada um.

Já o “CM Jornal 20h” registou 60 peças com elementos que denunciam desrespeito pela
presunção de inocência, isto é, 6,2% das 962 peças analisadas.

As edições desse noticiário dos dias 17 de abril e 29 agosto foram responsáveis pela
transmissão de metade dessas peças, em resultado da cobertura jornalística de dois
casos. Na edição de dia 17 de abril este resultado está associado à divulgação de
escutas telefónicas e de imagens de parte dos inquéritos judiciais feitos ao ex-primeiro
ministro José Sócrates e a outros arguidos da designada “Operação Marquês”. No caso
da edição de 29 de agosto o desrespeito pela presunção de inocência esteve
diretamente associado à ampla cobertura que o noticiário deu a um caso de violência
doméstica em Quiaios (Figueira da Foz), em que o alegado agressor (acerca do qual se
refere que é o autor confesso do crime) é muitas vezes referido como «homicida
capturado» (ainda que em alguns momentos também seja referido como «suspeito» e
«alegado homicida»).

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Refira-se que também no “Jornal da Noite” da SIC, sete das dez peças em que foram
identificados elementos de desrespeito pela presunção de inocência também estiveram
diretamente relacionadas com a divulgação, também na mesma edição de 17 de abril,
de escutas e de imagens de inquéritos realizados a José Sócrates e a outros arguidos da
referida “Operação Marquês”.

As restantes peças dos diferentes canais em que a presunção de inocência foi posta em
causa estiveram relacionadas com a cobertura de vários casos diferentes.

ELEMENTOS VIOLENTOS/DE CARIZ SEXUAL E ADVERTÊNCIA PRÉVIA

Além da verificação do respeito pelos deveres de isenção, conforme anteriormente


referido, o presente relatório também pretende aferir em que medida os noticiários de
horário nobre respeitaram os seus públicos sensíveis (entre os quais menores de idade),
nomeadamente em relação a conteúdos cuja natureza é, à partida, passível de
sensibilizar alguns telespetadores. Entre esses conteúdos estão os de natureza violenta
(incluindo violência gratuita) e os que possam conter elementos de cariz erótico/sexual
(incluindo pornografia).

Partindo da análise do conteúdo manifesto das peças


procurou-se identificar todas as que apresentaram elementos
suscetíveis de afetar públicos sensíveis, sem que o interesse
jornalístico o justificasse, ou sem respeito pelas normas éticas
da profissão. E do mesmo modo identificar os casos em que foi
utilizada a advertência prévia, assim como aqueles, em que
não tendo sido, seria recomendável.

Os resultados apurados revelam que foi marginal em todos os noticiários o número de


peças em existiram elementos com uma carga violenta que potencialmente possa
suscetibilizar públicos mais sensíveis sem terem sido acauteladas as condições
necessárias à sua transmissão.

No “Telejornal”, “Jornal 2” e “Jornal das 8” foram identificadas duas peças nessas


condições, sendo que no “Jornal da Noite” foram contabilizadas quatro. Essas peças
equivaleram a menos de 1% do total de peças analisadas em cada um desses serviços
noticiosos.

No caso do “CM Jornal 20h” foram identificadas 20 peças com essas características, ou
seja, cerca de 2% de todos os conteúdos visionados. É de notar nenhum destes
conteúdos se faz acompanhar da devida advertência prévia.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Foi ainda considerada a presença de elementos violentos de forma genérica,


independentemente de poderem ou não suscetibilizar públicos mais sensíveis,
identificando-se, neste contexto, 191 peças.

As formas mais frequentes da presença destes elementos são os sinais de destruição


(ruínas, escombros), seguindo-se a exibição de mortes, cadáveres e agressões físicas.

Na amostra de 2018, tal como no ano anterior, não se identificaram peças com
elementos de cariz sexual (erótico ou pornográfico) que tenham configurado situações
de incumprimento face ao determinado pela Lei da Televisão.

PROTEÇÃO DA IDENTIDADE DAS VÍTIMAS/PESSOAS EM ESTADO DE


VULNERABILIDADE

Outra obrigação dos operadores em análise é a de garantirem que, sempre que a


situação o exige, é garantida a proteção de vítimas e de outras pessoas cujo estado de
vulnerabilidade física e psicológica inviabilize a sua exposição.

Importa recordar que, de acordo com o enquadramento legal


referido no início deste capítulo, há algumas condições de
vítimas em que essa proteção deve ser sempre garantida. É o
caso das vítimas de crimes contra a liberdade e
autodeterminação sexual, apresentadas em situações de
exploração da vulnerabilidade psicológica, emocional ou física,
menores de 16 anos, bem como menores que tiverem sido
objeto de medidas tutelares sancionatórias.

Tendo esse enquadramento como base assinalaram-se as peças da amostra em que se


considerou que a proteção de vítimas e de outras pessoas em manifesto estado de
vulnerabilidade não foi devidamente acautelada no tratamento que lhes foi dado,
resultando numa exploração das mesmas.

Essa análise revelou que foi diminuto o número de peças dos noticiários em que a
condição de vulnerabilidade das pessoas retratadas não foi completamente protegida,
representando entre um mínimo de 0,2% a um máximo de 0,8% dos conteúdos
analisados. Em números absolutos, isso equivale a dizer que foi identificada uma peça
nas edições analisadas do “Telejornal”, uma do “Jornal da Noite”, duas do “Jornal das 8”
e oito do “CM Jornal 20h”. No “Jornal 2” não foi identificada nenhuma peça com essas
caraterísticas, o que é o mesmo que dizer que nas edições analisadas, sempre que a
condição das pessoas representadas o exigiu, essa condição não foi explorada e a sua
identidade foi devidamente protegida.
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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Utilização de técnicas de ocultação

As técnicas de ocultação da identidade são um dos recursos que, quando corretamente


aplicado, indicia que houve uma manifesta preocupação na proteção da identidade das
pessoas retratadas na cobertura informativa.

Na amostra de edições analisadas verificou-se que esse recurso foi utilizado numa
percentagem em 2,3% dos conteúdos do “Telejornal” (15 peças), 0,9% do “Jornal 2” (3
peças), 1,6% do “Jornal da Noite” (12 peças), 2,7% do “Jornal das 8” (23 peças) e 3,8%
do “CM Jornal 20h” (36 peças). De referir que em todos os noticiários a técnica de
ocultação mais utilizada nesses casos foi a distorção de imagens (rosto desfocado) e
que as pessoas representadas que foram alvo dessa proteção, na maioria dos casos
visionados, foram adultos (nomeadamente agentes de forças de seguranças que
surgem nas imagens a acompanhar arguidos, os próprios suspeitos, familiares de
vítimas, entre outros).

Analisada a eficácia dessas técnicas de ocultação no modo como foram aplicadas


constatou-se que, embora a maioria tenha sido eficaz, isto é, tenha cumprido o objetivo
de proteger a identidade das pessoas representadas, também foram identificadas peças
em que essa proteção não resultou ou porque houve outros elementos na própria peça
que permitiram fazer a identificação ou, em casos ainda mais residuais, porque as
técnicas não foram corretamente aplicadas.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

OUTROS RESULTADOS

Discriminação e Incitamento ao ódio

Para garantirem uma cobertura informativa isenta e objetiva os operadores devem


assegurar que não produzem narrativas que façam qualquer tipo de discriminação e/ou
que sejam suscetíveis de incitar ao ódio.

Partindo desse pressuposto procurou-se apurar em que medida as edições analisadas


exibiram ou não conteúdos discriminatórios ou que manifestamente contenham
incitamento ao ódio, tendo-se chegado à conclusão que essa foi uma conduta
praticamente inexistente, conclusão que naturalmente é positiva no que à sua ação diz
respeito.

As exceções encontradas foram identificadas no noticiário da TVI (três peças) e no da


CMTV (2 peças) em torno de questões que envolvem a etnia ou a condição social.

Saúde mental

Relacionado com esta necessidade de acautelar coberturas informativas que não


discriminem determinados indivíduos/grupos populacionais mais vulneráveis, nos
últimos anos o regulador tem tido a preocupação de, na análise sistemática que faz aos
noticiários de horário nobre, sinalizar todas as peças que falam sobre saúde mental e de
verificar o modo como são representadas as pessoas às quais são associados problemas
de saúde mental.

Ora, na amostra analisada em 2018, foi identificado um total global de 64 peças que
fazem referência a esta problemática: seis no “Telejornal”, uma no “Jornal 2”, oito no
“Jornal da Noite”, dez no “Jornal das 8” e 39 no “CM Jornal 20h”. É de referir que, em
32 dessas 64 peças, as referências relacionadas com a saúde mental foram breves no
contexto dos assuntos reportados, sendo que nas restantes 32 peças essas referências
foram centrais.

Da mesma forma se observou que na maior parte dos conteúdos as referências de


saúde mental surgiram como características associadas tanto a vítimas como aos
agressores. Senão vejamos. No que diz respeito aos temas abordados nas peças onde
essas referências a casos de saúde mental foram identificadas constatou-se que, tal
como em anos anteriores, a maior parte surgiu associada a notícias baseadas em crimes
ou casos de agressões, em que geralmente se associam perturbações psicológicas e
psiquiátricas aos presumíveis agressores. De notar que a maioria esteve associada em
particular às notícias do CM Jornal 20h sobre o já referido caso de violência doméstica
em Quiaios (tal como o próprio noticiário destaca), que, recorde-se, foi coberto na
edição de dia 29 de agosto.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Além dessa maioria de peças que evidenciaram as perturbações psicológicas e


psiquiátricas, nas peças de 2018 que referiram problemáticas associadas à saúde
mental, verifica-se que as segundas mais frequentes foram as que referiram casos de
stress pós-traumático (consequências de um trauma). Este resultado é, uma vez mais,
influenciado pela cobertura de casos específicos. Surgiu associado à condição de
Kathryne Mayorga, alegada vítima de violação pelo jogador português Cristiano
Ronaldo, bem como às notícias sobre o estado mental de um grupo de crianças que
ficaram presas com o seu treinador numa gruta na Tailândia.

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ANEXOS

ANEXO I - ESTATUTOS EDITORIAIS E OUTROS MECANISMOS DE INDEPENDÊNCIA


EDITORIAL

Em cumprimento do artigo 36.º, n.º 1 da Lei da Televisão10, «cada serviço de programas


televisivo deve adotar um estatuto editorial que defina clara e detalhadamente, com
carácter vinculativo, a sua orientação e objetivos e inclua o compromisso de respeitar
os direitos dos espectadores, bem como os princípios deontológicos dos jornalistas e a
ética profissional.»

Transcrevem-se de seguida os principais excertos dos estatutos editoriais da RTP, da


SIC, TVI e CMTV referentes à informação, bem como outros documentos definidores do
projeto do serviço de programas.

RTP

ESTATUTO EDITORIAL

O estatuto editorial da RTP compromete-se com «uma informação de qualidade e


referência num universo do audiovisual». Adicionalmente, «a RTP compromete-se a
cumprir com zelo o exercício jornalístico, ponderando, em permanência, o pluralismo
de opiniões.»

O operador de serviço público empenha-se ainda em «oferecer aos portugueses uma


informação de referência, contribuindo sob diversas formas para o esclarecimento,
formação e participação cívica e política dos cidadãos, estimulando a criatividade e a
formação de uma consciência crítica, assegurando a cobertura noticiosa dos principais
acontecimentos nacionais e estrangeiros, e garantindo a expressão e confronto das
diversas correntes de opinião.»

O estatuto editorial invoca também a sua «especial responsabilidade social» e o


objetivo de «desenvolver informação rigorosa e independente recorrendo a todos os
meios legítimos para esclarecimento de factos jornalisticamente relevantes, garantindo

10
Aprovada pela Lei n.º 27/2007, de 30 de julho, e com a última redação dada pela Lei n.º 78/2015, de 29 de julho.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

em toda e qualquer circunstância a independência de qualquer poder político,


económico, religioso ou outros».

A RTP afirma pautar-se «por princípios de independência, rigor, isenção e pluralismo, e


respeitando as normas deontológicas e éticas próprias dos jornalistas», nomeadamente
«em programas e serviços noticiosos que não abdiquem do dever de informar bem e a
tempo mas não cedam no compromisso de respeito pela privacidade e pelos direitos
das pessoas e instituições.»

Neste documento afirma-se ainda a prossecução da «descentralização da informação,


combatendo desta forma a secundarização a que estes espectadores estão
tendencialmente votados pela lógica de exploração comercial de outros operadores de
televisão». Considera-se «a única estação televisiva portuguesa a investir num
programa diário de informação regional» e indica os vários centros de produção
regionais, assim como a «[...] rede de correspondentes do Brasil a Timor, de Bruxelas a
Angola, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique, passando pelos principais
centros de decisão internacionais e pelas maiores comunidades de emigrantes.»

Sobre o entrosamento da informação dos seus vários serviços de programas, a RTP


reafirma «o rigor e rapidez, não ignorando ninguém e combatendo todas as formas de
exclusão — sexo, idade, religião, étnica e nível de instrução, e todas as formas de
discriminação.»

A RTP compromete-se a procurar «em toda a sua atividade, afirmar-se como referência
informativa, cultural e recreativa dos portugueses e dos falantes de língua portuguesa
no mundo, promovendo o esclarecimento e o engrandecimento cívico dos seus
públicos.»

CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA RÁDIO E TELEVISÃO DE PORTUGAL (FEVEREIRO


DE 2017) 11

Os princípios pertinentes para a informação indicados pela concessionária de serviço


público de televisão são os seguintes:

Confiança: Na relação com o seu público, concretizada através da independência, rigor, parcialidade e
honestidade no tratamento da informação.

Independência, Isenção e Rigor: Face ao Governo, à Administração Pública e aos demais poderes públicos
e privados, procurando assegurar a liberdade de expressão e o confronto das diversas correntes de
opinião.

11
Cf. “Ponto 2 A Nossa Missão”, in Código de Ética e Conduta da Rádio e Televisão de Portugal (págs. 8 a 10)
<http://media.rtp.pt/empresa/wp-content/uploads/sites/31/2015/07/Codigo-Etica-Conduta-da-RTP_1-Fev-2017-
1.pdf> (abril de 2017).

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Universalidade: Fundada no propósito de chegar a todos os públicos através de todas as plataformas


possíveis.

Qualidade: Alicerçada numa ética de antena e na promoção de conteúdos que constituam uma mais-valia
nos planos educativo, informativo e cultural.

Pluralismo e liberdade de expressão: Assegurando a expressão e o confronto das diversas correntes de


opinião, através de uma defesa intransigente.

Diversidade: Promovida através de uma programação que corresponda às necessidades e interesses dos
diferentes públicos.

Privacidade: O compromisso de respeitar a privacidade das pessoas e de apenas revelar factos da vida
pessoal quando tal seja de manifesto interesse público e na estrita medida do necessário.

SERVIÇOS NOTICIOSOS DO HORÁRIO NOBRE DA RTP1 E DA RTP2

A sinopse do bloco noticioso das 20 horas (“Telejornal”, da RTP1) define-o como uma
síntese do «que de mais relevante se passou no país e no mundo», qualifica-o como «a
mais rigorosa seleção de notícias» e conclui com o seu lema: «se é importante, está no
Telejornal»12.

A sinopse do bloco noticioso das 21 horas (“Jornal 2”, da RTP2) define-o como incluindo
«as principais notícias da atualidade nacional e internacional [através dos...] factos, a
investigação de cada um dos assuntos, a leitura do país e da sua realidade política e
social feita por alguns dos protagonistas do momento e comentada por um alargado
grupo de notáveis da sociedade civil»13.

SIC

ESTATUTO EDITORIAL

A SIC, que se autodefine no seu estatuto editorial como «um canal privado de televisão,
de âmbito nacional», afirma que o objeto da sua atividade «é a difusão de uma
programação de qualidade e rigor informativo, independente do poder político ou
económico e de qualquer doutrina ou ideologia»14.

12
Cf. Sinopse do “Telejornal”, no sítio institucional da RTP1 <https://www.rtp.pt/play/p3023/telejornal> (abril de
2017).

13
Sinopse do ”Jornal2”, da RTP2 <https://www.rtp.pt/play/p2243/jornal-2> (março 2017).

14
Cf. Estatuto editorial da SIC <http://sic.sapo.pt/institucional3/2011-03-24-estatuto-editorial-sic--sociedade-
independente-de-comunicacao-sa> (abril de 2017).

49
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Compromete-se «a respeitar os princípios deontológicos da Comunicação Social e a


ética profissional do jornalismo, e a contribuir, através da produção nacional de
programas informativos, formativos e recreativos, para a preservação da identidade
cultural do País, o que implica também dar voz às novas correntes de ideias e um estilo
inovador de programação».

Especificamente sobre a informação, a SIC considera que se distingue «pela sua


responsabilidade, serenidade e espírito de tolerância, com exclusão de quaisquer
incitamentos à prática de crimes ou à violação dos direitos fundamentais».

Assegura ainda que «procurará contribuir para o esclarecimento da opinião pública no


que respeita ao desenvolvimento cultural e social do País, no quadro do respeito pela
sua identidade e liberdade e pelos direitos fundamentais do homem.»

O estatuto editorial deste operador afiança que «a informação da SIC será isenta e
rigorosa — o que pressupõe ouvir as partes em confronto e distinguir sempre entre
notícia e opinião — e, tanto quanto possível, dinâmica e profunda, dirigindo-se porém
ao máximo universo potencial (...)».

O compromisso da SIC vai no sentido de uma «reconhecida isenção, competência e


idoneidade, capaz de assegurar o equilíbrio de interesses entre uma informação de
elevado padrão de qualidade e a obtenção de altos níveis de audiência, que garantam a
rentabilidade económica da SIC, e, por isso, a sua independência política e cultural.»

Finalmente, garante que «observará as normas deontológicas do Estatuto do Jornalista


e respeitará a competência específica que a lei fixar ao Conselho de Redação».

O MODELO DE CANAL - MEMÓRIA DESCRITIVA

A informação da SIC é descrita como o resultado da combinação entre «a informação


política, nacional e internacional»15 com os «temas» e os «casos do dia a dia de todos
os estratos da população». Este operador considera distinguir-se «por ter lançado, ao
longo dos últimos anos, a maioria das grandes cachas noticiosas», e ter «cumprindo
assim um papel simultaneamente informativo e formativo».

Define-se como «um canal em aberto; [...estando] ligada aos grandes acontecimentos,
de que nalguns casos é mesmo propulsora, tendo sempre presente a sua função de
entretenimento, de informação e de formação», detalhando tê-lo atingido através da
prioridade à «formação e informação do público, a promoção da língua e da cultura
portuguesa, o estímulo à consciência crítica, criatividade e livre expressão do
pensamento do público».

15
Cf. “SIC – O Modelo de Canal - Memória descritiva (30 de junho de 2005)”.

50
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Conclui que «a par dessa defesa dos valores nacionais, nos programas e sobretudo na
informação, a SIC procurou ativamente desenvolver a consciencialização dos valores da
União Europeia».

SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA SIC

O bloco noticioso das 20 horas (“Jornal da Noite”, da SIC) apresenta o seu lema editorial
no sítio eletrónico do serviço de programas: «O país e o mundo»16.

TVI

ESTATUTO EDITORIAL
O estatuto editorial da TVI, que se autodefine como «um canal generalista, português,
privado, comercial, de âmbito nacional», indica que «assume, por projeto próprio, fins
de informação, de formação e de recreação e entretenimento do público».

Especificamente sobre a informação, a TVI caracteriza a sua natureza como


«independente», não se subordinando «a quaisquer poderes políticos, económicos,
sociais, religiosos ou outros, comprometendo-se a observar, nomeadamente, nos seus
programas de Informação, regras estritas de honestidade, de isenção, de
imparcialidade, de pluralismo, de objetividade e de rigor, bem como pelo respeito da
deontologia e da ética profissional dos jornalistas.»

Este operador afirma que «segue a atualidade de Portugal e do mundo com um olhar
humanista e aberto, disponível para as causas da liberdade, da solidariedade e da paz.»

A ligação entre a oferta da TVI e os seus públicos é também um dos seus compromissos
através da «diversidade dos géneros informativos (noticiário, reportagem, investigação,
entrevista ou debate) ou dos respetivos conteúdos gerais ou sectoriais», pelos quais
«pretende distinguir-se e ser escolhida pelo seu perfil de independência e seriedade, de
esclarecimento e rigor, no pleno respeito dos interesses e direitos dos espectadores».

MEMÓRIA DESCRITIVA DA TVI


No contexto da reformulação do projeto editorial do serviço de programas, em 2000, a
informação foi definida como «área a privilegiar na estratégia de programação da TVI».
E que o seu plano jornalístico está «assente em pressupostos de modernidade,

16
Cf. “Jornal da Noite” <http://sicnoticias.sapo.pt/programas/jornaldanoite> (abril de 2017).

51
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

dinamismo e agilidade, por sua vez apoiados na observância escrupulosa dos princípios
de independência, rigor, objetividade e isenção».

A TVI indica que, em cumprimento da Lei e da ética profissional, a direção de


informação se organizou «para produzir programas e noticiários que marcassem a
diferença relativamente aos das outras estações».

A sua informação é definida como próxima do cidadão, com «um estilo moderno, jovem
e irreverente, marcadamente independente de qualquer poder. Popular sem ser
populista é transversal nos públicos que atinge e reconhecido pelo seu perfil isento e
ágil, aliado a aspetos inovadores relacionados com questões cénicas e gráficas.»

Quanto à receção pelos públicos, a TVI acredita que a sua informação «é genericamente
percecionada como tendo uma presença significativa em todo o território nacional,
prestando atenção aos problemas de âmbito geral sem descurar os de interesse mais
particular.»

Sobre a cobertura dos vários contextos sociais, a TVI assegura que «todas as áreas são
objeto de tratamento especializado, estando a Redação estruturada de modo a
garantir, de forma específica, a abordagem de matérias relacionadas com Política,
Economia, Internacional, Saúde, Ensino e Sociedade, em geral, além do Desporto.»

No que respeita aos géneros jornalísticos, «aposta na reportagem em direto como


forma de responder adequadamente aos imperativos da atualidade»17, nomeadamente
dando «um reforço significativo dos meios operacionais, o que permitiu à TVI passar a
acompanhar, em direto, grande parte dos acontecimentos objeto de cobertura
noticiosa.»18

Em paralelo, a TVI indica que «os conteúdos desportivos passaram a ter uma posição
mais relevante nos programas informativos regulares»19.

O estatuto editorial deste operador defende «que o rigor e a credibilidade constituem


elementos fulcrais no conjunto dos valores que a orientam»20. A sua informação define-
se como «ágil, dinâmica, irreverente, moderna, preocupada coma busca da verdade e
sem medo [...e que] fez da independência uma bandeira e da aproximação à realidade
um instrumento de confiança no esforço de credibilidade junto dos espectadores» 21.

Sobre a atuação futura da informação, a TVI afirma que «a atitude frontal, irreverente,
moderna, ágil, dinâmica e arrojada será logicamente enquadrada pelos padrões que
norteiam a atividade dos jornalistas, em especial, os pressupostos de rigor, objetividade
e isenção.

17
Cf. “i) Informação - “A. PROGRAMAÇÃO. 1. Estratégias de programação”, in Memória descritiva da TVI, outubro de
2005 (págs. 2 e 3).
18
Idem “a) Informação - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 8).
19
Ibidem e) Desporto - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 12).
20
Idem “a) Informação - “3 – Evolução da programação por categoria” (pág. 8).
21
Ibidem.

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ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

A empresa salienta ainda o objetivo de diversificar os géneros jornalísticos «no conjunto


da sua Programação, nomeadamente debates e entrevistas»22.

SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA TVI

O bloco noticioso das 20 horas (“Jornal das 8”, da TVI) apresenta o seu lema editorial no
sítio eletrónico do serviço de programas: «Às 20:00 na TVI toda a atualidade
informativa»23.

CMTV

ESTATUTO EDITORIAL
O Correio da Manhã TV define-se como um canal de televisão que:

«[…] tem os seus espectadores como único universo a servir. Com respeito pelas
normas deontológicas que regem a profissão nas democracias avançadas, empenho,
boa-fé e humildade no reconhecimento de eventuais erros, falhas ou imperfeições no
exercício constante da atividade jornalística.

[…] acolhe o dever de informar. Defende o valor absoluto da notícia como componente
essencial da transparência democrática, e a necessária independência da actividade
jornalística perante todas as formas de poder, sejam elas políticas, económicas,
religiosas ou outras.

[…] defende uma sociedade livre e plural e a economia de mercado, aberta à iniciativa
privada e ao génio individual, como forma de criação de riqueza mas em que os
necessários mecanismos de regulação sejam independentes, eficazes e escrutinados.

[…] cultiva o jornalismo de investigação, para o necessário escrutínio da vida pública e


como forma de controlo pelos cidadãos contra eventuais abusos de poder, autoridade
ou posição dominante.

[…] bate-se pela efetiva separação dos poderes legislativo, executivo e judicial […]

22
Idem.
23
Cf. “Jornal das 8”, da TVI <http://tviplayer.iol.pt/programa/jornal-das-8/53c6b3903004dc006243d0cf> (abril de
2017).

53
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

[…] combate e denuncia todas as formas de exclusão social. Dedica especial atenção aos
direitos das crianças, mulheres, minorias e dos mais desfavorecidos.

[…] busca um olhar português sobre o pulsar contínuo do País e do Mundo. Escolhe o
espaço global da língua portuguesa como principal foco do seu desígnio de informar.

[…] respeita o valor do pluralismo e não se verga a interesses particulares que procurem
prevalecer sobre o interesse da comunidade.

[…] elege a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Constituição da República


Portuguesa como pilares jurídicos fundamentais da sua ação jornalística.»

MEMÓRIA DESCRITIVA DA CMTV

A CMTV apresenta-se como «um projecto de televisão generalista, totalmente


produzido em português, e onde a Informação terá peso maioritário pela constante
prevalência, aproveitando as sinergias informativas dentro do grupo Cofina, com
espaços informativos diários nas áreas de Economia e Desporto. A CMTV «emana do
Jornal que lhe dá título […e] assentará num formato popular, mas não populista,
apresentando uma informação equilibrada que cubra todas as áreas de interesse da
audiência».

Os «noticiários» são indicados como um dos «grandes blocos de programação» e, neste


género televisivo, o operador privilegia o correspondente género jornalístico. «As
notícias são a base do projecto televisivo, através de mensagens noticiosas simples e
diretas, com total independência da informação, sendo difundidas de hora/hora,
24h/dia, com total agilidade para interromper a emissão sempre que qualquer facto
relevante o imponha».

SERVIÇO NOTICIOSO DO HORÁRIO NOBRE DA CMTV

“CM Jornal 20h”

A CMTV não publica a sinopse deste bloco no seu sítio eletrónico.

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ANEXO II - METODOLOGIA

A monitorização dos blocos informativos dos operadores televisivos RTP, SIC, TVI e
CMTV deve-se às especificidades de cada serviço de programas.

A RTP1 e a RTP2 são os serviços de programas generalistas em sinal aberto do operador


de serviço público, sobre o qual competem obrigações específicas definidas no Contrato
de Concessão do Serviço Público de Rádio e Televisão.

Por seu lado, a SIC e a TVI, operadores televisivos privados, encontram-se sujeitos a
avaliação do cumprimento das obrigações dos seus serviços de programas generalistas
de acesso não condicionado livre – realizada pela ERC a cada cinco anos -, no âmbito do
processo de atribuição e renovação das licenças de emissão.

Já a CMTV, operador privado, é o serviço de programa de acesso não condicionado com


assinatura com maiores audiências na televisão por subscrição e que apresenta
anualmente um número importante de processos na ERC.

A escolha dos serviços noticiosos de horário nobre, em detrimento de outros


noticiários, deve-se ao facto de serem o último serviço noticioso que resume a
atualidade do dia, e também por serem aqueles que apresentam audiências mais
elevadas.

A monitorização é feita por amostragem (ver Anexo I) e baseia-se na análise de


conteúdo de todas as peças das edições selecionadas na amostra. Regra geral, a análise
incide sobre o conteúdo manifesto, isto é, o conteúdo efetivamente emitido, o que
significa que o codificador não utilizou o seu conhecimento geral para complementar ou
pressupor elementos informativos não referidos explicitamente na peça analisada.

A unidade de análise corresponde à peça noticiosa, definida como o segmento sobre


um mesmo assunto, tema ou acontecimento, que decorre normalmente entre duas
aparições do pivô. São tomados como referência os fragmentos definidos pela
Mediamonitor (Marktest) sob a forma de clipes autonomizados, embora se admita um

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corte distinto das peças sempre que tal se revele útil para uma melhor definição da
unidade de análise.

Relativamente à composição da amostra, em 2018 foram monitorizados 150 noticiários


dos cinco serviços de programas generalistas – RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV – num total
de 3 577 peças, sendo que 30 são excluídas da análise, pois são boletins meteorológicos
(29) ou peças sobre a extração do Euromilhões (1).

A seguinte tabela apresenta uma distribuição das peças por edição e serviço noticioso.

Tabela 5 - Peças por edição e serviços de noticioso

“Jornal “Jornal “CM Jornal


Dia da “Telejornal” “Jornal 2”
Data da Noite” das 8” 20H” Total
semana (RTP1) (RTP2)
(SIC) (TVI) (CMTV)

10-jan Quarta-feira 25 13 31 27 11 107

22-jan Segunda-feira 19 12 21 16 50 118

3-fev Sábado 22 9 26 33 7 97

15-fev Quinta-feira 23 12 33 42 38 148

27-fev Terça-feira 24 13 36 39 35 147

11-mar Domingo 25 8 23 21 8 85

24-mar Sábado 18 6 23 28 45 120

5-abr Quinta-feira 22 11 20 39 51 143

17-abr Terça-feira 25 10 11 29 30 105

29-abr Domingo 21 9 23 28 26 107

11-mai Sexta-feira 23 10 31 27 48 139

23-mai Quarta-feira 19 13 23 29 53 137

5-jun Terça-feira 20 11 27 30 34 122

17-jun Domingo 17 7 21 21 32 98

29-jun Sexta-feira 24 10 27 29 37 127

11-jul Quarta-feira 14 13 28 33 36 124

23-jul Segunda-feira 29 16 31 30 47 153

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“Jornal “Jornal “CM Jornal


Dia da “Telejornal” “Jornal 2”
Data da Noite” das 8” 20H” Total
semana (RTP1) (RTP2)
(SIC) (TVI) (CMTV)

4-ago Sábado 10 11 30 35 56 142

17-ago Sexta-feira 23 11 19 31 13 97

29-ago Quarta-feira 24 11 34 22 32 123

10-set Segunda-feira 12 11 32 25 40 120

22-set Sábado 27 8 28 23 28 114

4-out Quinta-feira 26 9 30 32 25 122

16-out Terça-feira 21 10 19 24 20 94

29-out Segunda-feira 21 10 21 25 45 122

10-nov Sábado 25 10 22 30 12 99

22-nov Quinta-feira 20 16 19 32 45 132

4-dez Terça-feira 25 14 21 30 20 110

16-dez Domingo 24 9 27 22 7 89

28-dez Sexta-feira 31 14 30 30 31 136

Total 659 327 767 862 962 3577

A descrição da amostra, considerando a duração média dos blocos informativos e das


peças analisadas, permite afirmar que o número de peças emitidas em cada serviço
noticioso tem relação, em parte, com o formato do próprio noticiário, o que resulta das
opções do operador no que se refere ao alinhamento das edições.

Figura 15 - Distribuição das peças analisadas e duração média do bloco informativo e das peças
Duração média
do bloco Duração média
informativo das peças*

RTP1… 19% 51 m 2 m 18 s

RTP2… 9% 30 m 2 m 33 s

SIC… 21% 1 h 13 m 2 m 10 s

TVI… 24% 1 h 08 m 1 m 56 s

CMTV… 27% 1 h 32 m 02 m 02 s

*Considera-se a mediana como a medida de tendência central mais adequada para analisar a duração das
peças, já que não é afetada pela existência de valores extremos e é menos sensível aos enviesamentos
dos dados.

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Assim, os blocos informativos com maior número de peças, como os dos operadores
privados, têm uma duração média superior e as peças tendem a ser curtas. Por seu
lado, o “Jornal 2” surge com o menor número de peças, resultando em blocos
informativos mais curtos, mas com peças longas.

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COMPOSIÇÃO E DEFINIÇÃO DA AMOSTRA DE 2018

Apresenta-se, de seguida, o plano de amostragem para a monitorização das notícias


(peças) dos programas informativos de horário nobre dos serviços de programas
generalistas – RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV.

Pretende-se recolher uma amostra com um erro de amostragem inferior a 5% e um


grau de confiança de 95%.

Universo ou população: são todas as peças dos blocos informativos de horário nobre
dos serviços de programas RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV emitidos entre 01/01/2018 e
31/12/2018. No entanto, devido às dificuldades de ter previamente o número de peças
em cada bloco informativo, a amostragem é realizada considerando o número total de
edições no ano, ou seja, 365 edições.

Amostra: é o subconjunto da população obtido através dos dias (edições) selecionados


no processo de amostragem. Neste estudo são monitorizadas as peças de 30 edições de
cada noticiário.

Para garantir que todos os meses sejam avaliados, considera-se a aplicação da


amostragem aleatória sistemática.

A metodologia é a seguinte:

1. Definição do intervalo amostral. Determina-se o intervalo amostral dividindo o total de


elementos da população pelo número de elementos definidos para a amostra (N/n). Se
a população é 365 e a amostra é 30, logo o intervalo amostral será 12.

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2. Seleção aleatória e definição da amostra. A seleção aleatória de um número entre 1 e 12


serve tanto para determinar o ponto de partida no processo de seleção das edições,
bem como para indicar o primeiro elemento a integrar na amostra24.

Foi escolhido o número 10, o que corresponde o dia 10 de janeiro de 2018. Ao número
selecionado, soma-se sucessivamente o intervalo amostral obtendo as edições que
serão monitorizadas.

Finalmente, a amostra será constituída pelas peças que correspondem os números e


datas no quadro seguinte:

24
A seleção do ponto de partida é repetida no início de cada ano.

61
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Quadro 3 - Edições selecionadas


Edição Dia Data
1 Quarta-feira 10 de janeiro de 2018
2 Segunda-feira 22 de janeiro de 2018
3 Sábado 3 de fevereiro de 2018
4 Quinta-feira 15 de fevereiro de 2018
5 Terça-feira 27 de fevereiro de 2018
6 Domingo 11 de março de 2018
7 Sábado 24 de março de 2018
8 Quinta-feira 5 de abril de 2018
9 Terça-feira 17 de abril de 2018
10 Domingo 29 de abril de 2018
11 Sexta-feira 11 de maio de 2018
12 Quarta-feira 23 de maio de 2018
13 Terça-feira 5 de junho de 2018
14 Domingo 17 de junho de 2018
15 Sexta-feira 29 de junho de 2018
16 Quarta-feira 11 de julho de 2018
17 Segunda-feira 23 de julho de 2018
18 Sábado 4 de agosto de 2018
19 Sexta-feira 17 de agosto de 2018
20 Quarta-feira 29 de agosto de 2018
21 Segunda-feira 10 de setembro de 2018
22 Sábado 22 de setembro de 2018
23 Quinta-feira 4 de outubro de 2018
24 Terça-feira 16 de outubro de 2018
25 Segunda-feira 29 de outubro de 2018
26 Sábado 10 de novembro de 2018
27 Quinta-feira 22 de novembro de 2018
28 Terça-feira 4 de dezembro de 2018
29 Domingo 16 de dezembro de 2018
30 Sexta-feira 28 de dezembro de 2018

Para um grau de confiança de 95%, o erro de amostragem (EMA%) para cada programa
encontra-se no seguinte quadro:

Quadro 4 - Erro máximo da amostra


Unidades da
Programas/Canal População EMA%
Amostra
"Telejornal" (RTP1) 9451 659 3,7
"Jornal 2" (RTP2) 4882 327 5,2
"Jornal da Noite" (SIC) 11094 767 3,4
"Jornal das 8" (TVI) 11782 862 3,2
"CM Jornal20H" (CMTV) 15049 962 3,1

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ANEXO III – DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS

Assinatura da peça: Identifica se a peça e assinada pelo(s) responsável(eis) pela mesma,


quer em termos do texto, da captação de imagens, quer da edição final.

Registo jornalístico: Caracteriza o tipo de género discursivo dominante da peça.


Distingue se a peça tem como finalidade veicular informação (sendo o seu conteúdo da
responsabilidade do operador) ou opinião (estando dependente de atores
manifestamente identificados como comentadores).

Embora a entrevista seja um género jornalístico informativo, optou-se por classificar


todas as entrevistas de forma autónoma, de modo a, durante a análise, facilmente
distingui-las das restantes peças identificadas com registo informativo. Por sua vez, o
registo informativo foi utilizado para classificar todas as breves, notícias, reportagens,
perfis e trabalhos de investigação, entre outros géneros informativos, visionados nas
edições que integram a amostra.

O registo comentário/opinião permitiu identificar apenas os espaços, geralmente


transmitidos em direto, reservados à participação de comentadores e analistas, pelo
que as peças que na sua construção utilizaram excertos de espaços de
comentário/opinião como fontes de informação foram classificadas como tendo registo
jornalístico informativo. Também foram autonomizados os debates.

Finalmente, o registo outros, tal como a própria designação indica, foi utilizado para
classificar os conteúdos que não se enquadram em nenhuma das restantes categorias.
Refira-se, como exemplo, blocos meteorológicos, concursos realizados durante o
noticiário (como o sorteio do concurso “Euromilhões”), peças de autopromoção a
produtos/serviços do próprio operador (como promoção de excertos de reportagens a
exibir em outros programas) e peças com género híbrido (por exemplo crónicas;
publireportagens).

Elementos opinativos no discurso do operador: Regista as situações em que se


identificam juízos de valor trazidos pelo pivô, repórter, imagem e grafismo (bolacha,
destaques ou legendas). Esta variável apoia-se na distinção entre interpretação,
baseada na análise, na justaposição de ocorrências, na exposição de hipóteses, e na
abertura de eventuais conclusões; e a opinião, baseada em afirmações qualificativas, no
uso de adjetivos e na defesa de argumentos finalizados, projetados em conclusões.
Testa o cumprimento do dever do operador televisivo de, nos seus serviços
informativos, distinguir a informação da opinião de forma inequívoca aos olhos do
público.

Rigor na identificação das fontes de informação: Avalia a exatidão do operador ao


explicitar a origem da informação veiculada na peça. Considera-se que existe
identificação total se o nome, a pertença institucional e o cargo ou função forem

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referidos. Distingue a ausência total de referências a fontes de informação, a sua


identificação parcial, a identificação de todas as fontes mencionadas, do recurso
explícito à confidencialidade.

Elementos indicativos de falta de rigor na identificação das fontes de informação: Com o


objetivo de explorar a falta de rigor na identificação das fontes de informação,
conceptualizou-se este indicador que se baseia no conteúdo manifesto das peças.
Definiram-se as seguintes seis categorias de elementos indicativos de falta de rigor na
identificação das fontes de informação:

Utilização de imagens captadas/fornecidas por terceiros sem especificação da sua


origem: Quando não é explicitamente referida a origem de imagens utilizadas
como fonte de informação, isto é imagens que não são do próprio operador;

Autorreferência do canal como forma de atribuição da informação: Manifesta em


expressões como «a RTP sabe»; «a SIC apurou»; «A TVI tem a informação»;

Generalização de informações: Por exemplo, informações cujo conteúdo


corresponde a generalizações que não são sustentadas em qualquer fonte de
informação referida na peça: «Há cada vez mais portugueses»; informação
baseada em números sem referência à sua fonte: taxas de juros cuja fonte não é
especificada; fontes de informação referidas de forma genérica/indeterminada:
«segundo a imprensa internacional»;

Fontes de informação sem qualquer identificação: As declarações são reproduzidas


sem que a peça tenha elementos suficientes para as identificar, nem
contextualizar, como por exemplo fontes em discurso direto ou documentos
citados sem que seja possível reconhecer a sua origem;

Cidadãos comuns sem indicação do nome: Cidadãos comuns entrevistados como


fontes de informação, sem que seja referido o seu nome, ou outro modo de
identificação clara);

Outros elementos indicativos de falta de rigor: Incluem-se os casos de identificação


parcial de outras fontes).

Existência de sensacionalismo: Esta variável resulta de um conjunto de indicadores


previamente definido que tem como objetivo global contribuir para a avaliação da
isenção e do rigor informativo. Considera-se sensacionalista o tratamento jornalístico
que visa criar ou acentuar sensações e emoções nos telespectadores, nomeadamente
sem haver uma relação factual com os acontecimentos e problemáticas reportadas. As
variáveis utilizadas para o caracterizar são as seguintes:

Exploração de sensações através da captação/edição de imagens: Localiza excertos das


peças em que o operador recolheu e/ou editou as imagens alterando a sequência real
dos acontecimentos e/ou o seu significado manifesto, associando um sentido emotivo à
narrativa visual;

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Exploração de sensações através do recurso a música/sons: Identifica a utilização de


elementos sonoros (música, outros efeitos pós-produzidos) inexistentes no momento
da captação das imagens/sons do acontecimento pelo operador, e que conferem um
sentido emotivo à peça;

Destaques gráficos/bolachas com estilo apelativo: Reconhece as peças em que existem


elementos gráficos atrativos com uma função de aliciamento sobreposta à função de
informar;

Presença de fait-divers: Identifica o tratamento jornalístico em que a narração dos


factos é feita através do seu lado inusitado ou pitoresco. Os temas são apresentados de
forma ligeira, salientando-se a curiosidade ou a comicidade do acontecimento; os
atores são caracterizados por uma característica privada ou íntima ou, se pública,
através de um aspeto caricato ou bizarro;

Reconstituições utilizadas para produzir sensações: Assinala a utilização de


reconstituições de cenários/cenas pelo operador com recurso a encenações ou a
representações gráficas, apenas se estas manifestamente potenciarem a exploração de
sensações no telespetador, pelo modo como são construídas e apresentadas.

Desrespeito pela presunção de inocência: Regista os casos que potencialmente estejam


em incumprimento da legislação aplicável, no que respeita a formulação de acusações
sem provas pelo operador.

Identificação de vítimas: Classifica a exposição do rosto e/ou do corpo de forma


reconhecível, a referência ao nome, morada, ou outros elementos identificadores de
pessoas em situação de vulnerabilidade física, emocional e psicológica, molestadas
sexualmente, e menores envolvidos em delinquência juvenil, alvos de crimes contra a
honra ou a reserva da vida privada até à audiência de julgamento, e ofendidos menores
de 16 anos.

Modo como é feita a identificação da vítima: A identificação da vítima pode ser feita
pelas imagens, sons, declarações, indicação do nome próprio e/ou do apelido, idade ou
profissão, locais frequentados, ou a combinação de várias referências.

Técnicas de ocultação da identidade: Reconhece a utilização de uma ou várias técnicas


para disfarçar o rosto, o corpo, a voz, o recurso a nomes fictícios, a planos de captação
da imagem (na penumbra/em contraluz), e a interposição de objetos que ocultam ou
mostram parcialmente pessoas com características ou em contextos em que a sua
publicitação, num noticiário, os prejudicaria, por exemplo, as vítimas.

Protagonistas protegidos por técnicas de ocultação: Distingue a aplicação daquelas


formas de proteção da identidade a intervenientes menores ou adultos, ou ambos.
Identifica também os casos de potencial incumprimento (representados na peça cuja
identidade não foi protegida, mas que se considera que deveria ter sido).

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Eficácia da proteção da identidade: Verifica a correspondência entre o emprego das


técnicas de ocultação e sua eficácia na proteção dos visados que pretende garantir.

Número de fontes: Quantifica todas as proveniências da informação explícitas na peça


que estejam total ou parcialmente identificadas.

Contraditório: Identifica a existência de uma crítica substantiva ou acusação explícita


dirigida a uma pessoa e/ou instituição concreta e reconhece a possibilidade de resposta
— ou a tentativa de ouvir os interesses atendíveis no caso — garantida ao visado pelo
operador na peça, ou noutras anteriores/seguintes do alinhamento.

Elementos pornográficos: Reconhece imagens e discurso verbal de cariz erótico ou


sexual, ou seja, uma exposição ostensiva, insistente e descontextualizada no relato do
acontecimento.

Elementos violentos: Reconhece imagens e discurso verbal de cariz violento nas peças
editadas e nos diretos. A referência para a identificação destes elementos é o conceito
de «violência gratuita»; as manifestações mais extremadas, físicas ou psicológicas
abrangentes de comportamentos que atentam contra a dignidade da pessoa humana —
tortura e os tratamentos desumanos, cruéis ou degradantes.

Advertência prévia: Identifica todo e qualquer aviso formal (oral ou pela imagem,
incluindo sinalética), anterior à transmissão imediata da peça, pelo pivô ou outro
profissional do operador televisivo, relativo à natureza das imagens ou do discurso
verbal apresentados. Visa reconhecer o cumprimento da recomendação legal aplicável
a elementos violentos ou pornográficos na informação. Distingue a sua introdução, com
uma função de alerta contrário ao visionamento, ou de apelo promocional, da sua
inexistência, quando seria aplicável.

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ANEXO IV – DADOS COMPLEMENTARES

Tabela 6 - Cruzamento da existência de assinatura das peças com o tema coberto


“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)

Tema
principal Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total

n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %

Ordem
69 79,3% 18 20,7% 87 100,0% 26 72,2% 10 27,8% 36 100,0% 21 17,4% 100 82,6% 121 100,0% 89 59,3% 61 40,7% 150 100,0% 264 74,4% 91 25,6% 355 100,0%
interna

Política
126 85,1% 22 14,9% 148 100,0% 70 68,6% 32 31,4% 102 100,0% 11 8,4% 120 91,6% 131 100,0% 69 51,1% 66 48,9% 135 100,0% 29 53,7% 25 46,3% 54 100,0%
nacional

Desporto 77 78,6% 21 21,4% 98 100,0% - - - - - - 21 18,4% 93 81,6% 114 100,0% 31 28,4% 78 71,6% 109 100,0% 75 41,4% 106 58,6% 181 100,0%

Sistema
28 77,8% 8 22,2% 36 100,0% 7 63,6% 4 36,4% 11 100,0% 4 8,3% 44 91,7% 48 100,0% 36 61,0% 23 39,0% 59 100,0% 75 56,8% 57 43,2% 132 100,0%
judicial

Política
56 77,8% 16 22,2% 72 100,0% 37 75,5% 12 24,5% 49 100,0% 6 9,0% 61 91,0% 67 100,0% 30 58,8% 21 41,2% 51 100,0% 16 53,3% 14 46,7% 30 100,0%
internacional

Cultura 38 90,5% 4 9,5% 42 100,0% 30 75,0% 10 25,0% 40 100,0% 6 14,3% 36 85,7% 42 100,0% 32 65,3% 17 34,7% 49 100,0% 8 72,7% 3 27,3% 11 100,0%

Economia,
finanças e 27 81,8% 6 18,2% 33 100,0% 10 76,9% 3 23,1% 13 100,0% 12 37,5% 20 62,5% 32 100,0% 29 50,9% 28 49,1% 57 100,0% 12 57,1% 9 42,9% 21 100,0%
negócios

Sociedade 19 90,5% 2 9,5% 21 100,0% 3 100,0% - - 3 100,0% 11 47,8% 12 52,2% 23 100,0% 31 56,4% 24 43,6% 55 100,0% 21 61,8% 13 38,2% 34 100,0%

Ambiente 14 87,5% 2 12,5% 16 100,0% 2 33,3% 4 66,7% 6 100,0% 3 15,8% 16 84,2% 19 100,0% 21 52,5% 19 47,5% 40 100,0% 19 67,9% 9 32,1% 28 100,0%

Relações
17 65,4% 9 34,6% 26 100,0% 6 66,7% 3 33,3% 9 100,0% 3 14,3% 18 85,7% 21 100,0% 14 63,6% 8 36,4% 22 100,0% 11 78,6% 3 21,4% 14 100,0%
laborais

Política
20 87,0% 3 13,0% 23 100,0% 10 76,9% 3 23,1% 13 100,0% 7 28,0% 18 72,0% 25 100,0% 12 60,0% 8 40,0% 20 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0%
europeia

Saúde e ação - -
15 100,0% 15 100,0% 4 66,7% 2 33,3% 6 100,0% 1 8,3% 11 91,7% 12 100,0% 15 53,6% 13 46,4% 28 100,0% 9 69,2% 4 30,8% 13 100,0%
social

Urbanismo 9 75,0% 3 25,0% 12 100,0% 1 33,3% 2 66,7% 3 100,0% 1 14,3% 6 85,7% 7 100,0% 3 42,9% 4 57,1% 7 100,0% 5 100,0% - - 5 100,0%

67
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)

Tema
principal Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total Assinada Não assinada Total

n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %

População 9 90,0% 1 10,0% 10 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0% 1 14,3% 6 85,7% 7 100,0% 3 42,9% 4 57,1% 7 100,0% 4 100,0% - - 4 100,0%

Comunicação 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0% 1 100,0% - 1 100,0% 2 20,0% 8 80,0% 10 100,0% 2 20,0% 8 80,0% 10 100,0% 2 66,7% 1 33,3% 3 100,0%

Educação 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0% - - 1 100,0% 1 100,0% - - 5 100,0% 5 100,0% 7 77,8% 2 22,2% 9 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0%

Defesa 2 100,0% - - 2 100,0% - - - - - - - - 5 100,0% 5 100,0% 3 60,0% 2 40,0% 5 100,0% 5 62,5% 3 37,5% 8 100,0%

Crença e
3 75,0% 1 25,0% 4 100,0% - - - - - - 2 50,0% 2 50,0% 4 100,0% 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0% 5 71,4% 2 28,6% 7 100,0%
religião

Ciência e
- - - - - - - - - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0% - - - - - -
tecnologia

Grupos
- - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 33,3% 2 66,7% 3 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0%
minoritários

Revista de
- - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% - - - - - -
imprensa

Total 534 81,9% 118 18,1% 652 100,0% 208 70,7% 86 29,3% 294 100,0% 114 16,4% 581 83,6% 695 100,0% 437 52,7% 392 47,3% 829 100,0% 566 62,3% 343 37,7% 909 100,0%

68
ANÁLISE DOS SERVIÇOS NOTICIOSOS DE HORÁRIO NOBRE DA RTP1, RTP2, SIC, TVI E CMTV 2018

Tabela 7 - Temas dominantes das peças com informação não atribuída

“CM Jornal
“Telejornal” “Jornal 2” “Jornal da Noite” “Jornal das 8”
Tema dominante 20H”
(RTP1) (RTP2) (SIC) (TVI)
(CMTV)
Ordem interna 11 3 16 25 113
Desporto 24 - 21 17 24
Sistema judicial 4 1 2 4 27
Política internacional 7 2 10 11 3
Cultura 3 5 5 6 3
Economia, finanças e
5 1 4 8 3
negócios
Política nacional 4 2 2 2 5
Sociedade - - 1 5 8
Relações laborais 4 - 2 3 5
Ambiente - - 1 4 6
Política europeia - - 2 2 1
População 1 - - - 2
Crença e religião - - 1 - 1
Comunicação - - 1 - 1
Saúde e ação social - - - - 2
Defesa - - - - 1
Total 63 14 68 87 205

Nota: Não se consideram nesta análise as peças que identificam pelo menos uma fonte de informação, assim
como as peças com registo comentário/opinião, debate, sorteio de Euromilhões e blocos metereológicos.

69
Tabela 8 - Número de fontes das peças que identificam parte/todas as fontes que referem
“Telejornal” (RTP1) “Jornal 2” (RTP2) “Jornal da Noite” (SIC) “Jornal das 8” (TVI) “CM Jornal 20H” (CMTV)

N.º de Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação Identificação
Total Total Total Total Total
fontes parcial total parcial total parcial total parcial total parcial total

n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n % n %

1 30 14,9% 171 85,1% 201 100,0% 18 14,4% 107 85,6% 125 100,0% 48 20,8% 183 79,2% 231 100,0% 53 18,2% 238 81,8% 291 100,0% 166 39,4% 255 60,6% 421 100,0%

2 27 23,5% 88 76,5% 115 100,0% 10 21,3% 37 78,7% 47 100,0% 37 28,0% 95 72,0% 132 100,0% 45 28,8% 111 71,2% 156 100,0% 73 49,3% 75 50,7% 148 100,0%

3 29 34,5% 55 65,5% 84 100,0% 6 21,4% 22 78,6% 28 100,0% 40 38,8% 63 61,2% 103 100,0% 45 43,3% 59 56,7% 104 100,0% 48 65,8% 25 34,2% 73 100,0%

4 45 52,3% 41 47,7% 86 100,0% 17 48,6% 18 51,4% 35 100,0% 23 35,4% 42 64,6% 65 100,0% 49 51,0% 47 49,0% 96 100,0% 23 71,9% 9 28,1% 32 100,0%

5 30 68,2% 14 31,8% 44 100,0% 13 56,5% 10 43,5% 23 100,0% 20 45,5% 24 54,5% 44 100,0% 31 62,0% 19 38,0% 50 100,0% 13 86,7% 2 13,3% 15 100,0%

6 27 75,0% 9 25,0% 36 100,0% 9 69,2% 4 30,8% 13 100,0% 11 52,4% 10 47,6% 21 100,0% 14 70,0% 6 30,0% 20 100,0% 6 75,0% 2 25,0% 8 100,0%

7 6 75,0% 2 25,0% 8 100,0% 3 100,0% - - 3 100,0% 9 81,8% 2 18,2% 11 100,0% 8 100,0% - - 8 100,0% 4 80,0% 1 20,0% 5 100,0%

8 8 72,7% 3 27,3% 11 100,0% 3 50,0% 3 50,0% 6 100,0% 3 60,0% 2 40,0% 5 100,0% 5 100,0% - - 5 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0%

9 3 75,0% 1 25,0% 4 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0% 2 50,0% 2 50,0% 4 100,0% 5 83,3% 1 16,7% 6 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0%

10 - - 1 100,0% 1 100,0% - - - - - - 2 - - - 2 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0%

11 - - - - 2 100,0% - - 2 100,0% 2 66,7% 1 33,3% 3 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% 1 50,0% 1 50,0% 2 100,0%

12 2 100,0% - - 2 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% 2 100,0% - - 2 100,0% - - 1 100,0% 1 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0%

13 - - - - - - - - - - - - 1 100,0% - - 1 100,0% - - - - - - - - - - - -

15 - - - - - - 1 100,0% - - 1 100,0% - - 1 100,0% 1 100,0% - - - - - - - - - - - -

16 - - - - - - - - - - - - 2 - - - 2 100,0% - - - - - - - - - - - -

17 - - - - - - - - - - - - 1 - - - 1 100,0% 1 100,0% - - 1 100,0% - - - - - -

20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 100,0% - - 1 100,0% - - - - - -

Total 207 35,0% 385 65,0% 592 100,0% 85 29,6% 202 70,4% 287 100,0% 203 32,3% 425 67,7% 628 100,0% 261 35,1% 482 64,9% 743 100,0% 339 47,7% 371 52,3% 710 100,0%

70
ENTIDADE REGULADORA PARA A
COMUNICAÇÃO SOCIAL

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