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Mensagem e Os Lusíadas em

intertexto
Portugal na Europa

Em Mensagem, Portugal surge com a


missão de guiar a Europa, que “jaz posta
nos cotovelos” de Oriente a Ocidente.

Fernando Pessoa sugere que a Europa,


jazente, é encabeçada por Portugal -
poema “O Dos Castelos” :
“A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando”
1ª estrofe

“Fita, com olhar esfíngico e fatal,


O Ocidente, futuro do passado”
3ª estrofe

“O rosto que fita é Portugal”


4ª estrofe
No mesmo poema destaca-se a posição
geográfica de Portugal:

“O cotovelo esquerdo é recuado;


O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustente, em que se apoia o rosto”
2ª estrofe
A figura representa um
corpo de mulher, simulando
a Europa, onde se destaca o
posicionamento do País. A
cabeça é Portugal, o
cotovelo direito está fixado
em Inglaterra e o outro, o
esquerdo, recuado, está em
Itália.

A posição de Portugal,
pequena faixa de terra
voltada para a imensidão do
Oceano à sua frente,
condicionou o seu destino
por quase cinco séculos.
Pode afirmar-se que Portugal

−tem uma missão que lhe foi confiada por Deus −


a de unificar o mundo;
−é um instrumento de Deus;
−construirá a sua História, obedecendo a um
plano oculto;
−tem reservado aos heróis um destino divino.
Destacam-se alguns poemas que ilustram
essas ideias:
“Nun´Álvares Pereira”
“Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?”
2ª estrofe

“O Infante”
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma.
Que o mar unisse, já não separasse”
1ª estrofe
Ainda em “O Infante”, no verso “Senhor,
falta cumprir-se Portugal!” [3ª estrofe; 4º
verso], o vocativo “Senhor” remete-nos
para a ideia de que falta cumprir a missão
divina que estava destinada a Portugal.
Em Mensagem, as personagens têm um
carácter simbólico e uma missão que lhes é
concedida por Deus - “Que auréola te cerca?”
[Nun’Álvares Pereira] e “Quem te sagrou,
criou-te Português.” [O Infante]
Em Os Lusíadas há um enviado de
Deus que tem como missão alargar a
Cristandade e o Império: D.
Sebastião.

Recetor do poeta [Dedicatória], o


jovem rei é visto como a esperança
da pátria portuguesa:
“Vós, tenro e novo ramo florecente ,
De ũa árvore, de Cristo mais amada”
Num império que começa a dar sinais de
se desfazer, é D. Sebastião quem
protagonizará a regeneração; contudo,
perderá a vida no norte de África numa
das batalhas travadas em busca desse
objetivo.
Este rei terá a missão de preservar Portugal
enquanto pátria com uma História gloriosa e
também a de espalhar a Cristandade, que lhe
foi atribuída por Deus como podemos observar
no canto primeiro, Dedicatória, estância 6:

“E vós, ó bem-nascida segurança


Da Lusitana antiga liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, (que todo o mande,
Pera do mundo a Deus dar parte grande)”

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