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O Estrangeiro de Albert Camus, narra uma história que tem lugar na Arghélia (ainda como

colónia Francesa) e é narrada pelo seu protagonista Marsault, um francês colonial.

A história inicia-se quando Marsault recebe a noticia do falecimento da sua mãe num asilo do
interior de Argel.

Ao chegar a este asilo depara-se com o director que lhe falava de como a sua mãe passara os
últimos tempos com bastante tranquilidade naquele local. Esta mensagem do director parecia
carregar consigo palavras de conforto a este filho e á sua decisão de colocar a sua mãe no
asilo. Em tempos Marceaux viveu com a mãe mas com o passar do tempo e convalescença da
senhora, ele que enfrentava por si próprio uma vida difícil num trabalho mal remunerado
achou que a sua mãe teria uma vida num asilo junto de pessoas que lhe fizessem companhia e
lhe oferecessem algum tipo de actividade. Mesmo que o asilo fosse longe, mesmo que
Marceaux raramente visitasse a mãe…

(Esta reflexão é feita pelo director e não por Marceaux).

De seguida foi dirigido a ao local onde estava o caixão da sua mãe e se procedeu ao velório,
Marceau conheceu aqui vários idosos que foram os companheiros da sua mãe nos últimos
tempo e estranhou que uma senhora, que não conhecia, passou grande parte da noite a
chorar em frente ao caixão da sua mãe.

Foi-lhe oferecida a possibilidade de abrir o caixão para se despedir da sua mãe mas ele
recusou.

As impressões que Marceaux retira desta experiência referem-se mais ao clima e ás pessoas
que encontrou ali do que propriamente ao funeral da sua mãe.

Seguiram-se 12 horas de comboio de Merengue a Argel. Áo chegar a casa dá-se conta que era
Sábado e que ainda usufruía da dispensa dada pelo patrão para ir ao funeral da sua mãe,
decidiu ir ao porto de banhos dar um mergulho no mar.

É neste porto que encontra Maria, uma antyiga dactiloghrafa do escritório onde trabalhava.

Este casal trocou carícias e abraços enquanto se banhavam junto de uma bóia, combinaram
mais tarde assistir a um filme de Fernandel (realizador Francês conhecido pela sua obra comicó
satírica). Maria repara na gravata preta do companheiro, ele justifica-se por dizer que a sua
mãe havia falecido ontem, mas não era culpa dele.

Depois do filme passaram a noite juntos e quando Marceaux acordou, já Maria tinha ido
embora deixando um bilhete que dizia ter saído para ir visitar uma tia.

Passou o Domingo no seu quarto, maioritariamente na varanda da sua janela acompanhado de


alguns cigarros e chocolate a observar os passeios em família que qaconteciam naquela rua, o
movimento do café Pierrot da frente e o ruidoso entardecer acompanhado pela chegada dos
eletricos cheios de gente à cidade, saiu só perto da hora de jantar para comprar algo rápico
para cozinhar naquela noite.
No regresso ao trabalho o patrão de Marceaux perguntou-lhe a idade da sua mãe e para
desfarçar o seu desconhecimento respondeu com “uns sessenta e tal…”, nesta troca de
palavras sentiu que o patrão havia ficado aborrecido por Marceaux ter gozado de dois dias de
folga para ir ao funeral, mas na verdade tinha sido só um dia pois não trabalhava ao Sábado
que coincidiu com o segundo dia de suspensão.

Na hora de almoço, juntamente com o seu amigo Manuel que trabalhava na expedição,
apanhou boleia de um camião até ao restaurante do gordo Celeste onde comeram os dois e
seguiram cada um seu rumo. Depois do trabalho, ao regressar a casa Marceaux encontra nas
escadas do prédio o velho Salamano e o seu cão, inseparavés á 8 anos, e Raimundo Sinté, um
homem afamado de viver à custa de mulheres e que Marceaux recebia em sua casa por achar
de interesse algumas das suas conversas.

Sinté convidou Marceaqux para petiscar chouriça e beber um vinho no seu apartamento.
Marceaux aceitou, este convite pouparia a Marceaux a confecção do seu jantar. À chegada ao
apartamento o convidado repara que Sinté tem um punho ligado. Sinté justifica-se dizendo
que foi obra de uma riça de rua, qie era um homem nervoso e de seguida desafia Marceaux.
Marceaux responde à provocação com indeferença mas Sinté volta a insistir até que estes dois
se envolvem numa rápida richa de socos e joelhadas.

Sinté queria com isto demostrar ao vizinho como as brigas em que se mete acontecem sem a
sua intenção e de seguida confessa a Marceaux que gostaria de ser seu amigo por o considerar
um homem experiente de quem necessita algumns conselhos e orientação.

Raimundo tinha uma relação com uma mulher pela qual se sentia enganado, qiexou-se ao seu
vizinho do comportamento desta senhora que ele sustentava e que perecia desonesta em
relação aos gastos financeiros. Arquitetou uma vingança e pediu a Marceaux que escrevesse
em seu nome uma crta para lhe enviar. Este episódio passou-se dixando Raimundo com a
sensação que ele e Marceaux eram verdadeiro amigos.

Algum tempo depois, após uma tarde de banhos de mar e emanoramento com Maria, o jovem
casal encontrava-se na casa de Marceaux qundo do prédio de Raimundo ouviram gritos de
socorro de uma mulher. Maria ficou horrorizada e pediu a ao companheiro para agir, este com
alfuma exitação acabou por chamar a polícia que enontrou Raimundo em flagrante a vingar-se
da mulher a quem havia arquitetado a sua vingança.

Esta situação culminou com Raimundo a ser chamado aocomissariado, levando Marceaux
como sua testemunhar a afirmar que a mulher do amigo lhe havia sido infiel. Raimundo levou
um aviso e uma reprimenda.

Tempos mais tarde Raumundo Marceaux e Maria apanham um autocarro para a casa de praia
de um amigo de Raimundo. Deparamram-se na paragem do autocarro com um grupo de
Árabes com um dos quais Raimundo tinha uma desavença.

Chegaram à c asa de Masson e sua esposa, passaram uns dias agraváveis em grupo e
ponderavam agora passar todo o mês de Agosto juntos.
Numa tarde em que os três homens saíram para caminhar enquanto as muilheres se
ocupavam da casa, voltaram a deparar-se com os Arabes que tinahm encontrado na estação.
Ráoidamente este grupo se confrontou numa richa. Um dos ´Srabes tinha uma navalha e antes
de os amigos o piudessem alcançar foi mesmo atingido no braço e na boca por um dos seus
rivais. Ao verem este desfecho os árabes recuaram e dispistaram-se, Raimundo foi procurar
um médico com Masson e Marceaux voltou a casa para contar o sucedido às mulheres.

De volta a casa de braço ligado Raimundo muito irritado sai novamente para uma volta na
praia e Marceaux segue o seu amigo. Voltaram a avistar o grupo de Árabaes. Raimundo diz ao
seu amigo que tem um revlver e acha que deveria disparar sobre o seu agressor. Marceaux
acobselha-o a esperar pelo menos por uma investida no seu rival. Raimundo entrega a arma a
Marceaux e decidi enfrentar corpo a corpo o Árabe enquanto Marceaux fica na retaguarda
pronto a duisparar caso necessário. Ao ver Raimundo aproximar-se o Árabe dispersa
novamente.

Marceaux acompanha o amigo a casa e volta a sair em direção da praia não se achava com
coragem para enfrentar as mulheres após a confusão deste dia.

Na praia volta a encontrar o Árabe, fazem uma longa dança de olhares por entre o sol que lhes
queimava a cara. O Árabe por fim mostra uma navalha, Marceaux tira da algibeira a arma de
Raimundo e dispara uma vez para o Árabe, depois ainda dispara mais 4 vezes sob o corpo
morto do homem. Tudo mudou naquele momento, nauqle Praia onde havia sido feliz.

Marceaux é preso. Na cadeia parece ninguém interessar-se muito pelo seu caso, faziam
interrogatórios de rotina até que um dia recebe a visita de um advogado. O recluso nem tinha
pensado em chamar um advogado por pensar que o seu caso era bastante óbvio mas nesse
encontro foi-lhe esclarecido que ainda assim lhe seria atribuído um pois tinha direito a
defender-se.

Algum tempo depois Marceaux recebe na cela a visita do advogado que lhe tinha sido a
tribuido e começam a preparaçaõ para a sua defesa. O advogado começa por lhe explicar que
remexeu no seu passado, sabe da morte da sua e debruçam-se muito tempo sobre o facto de
Marceaux ter sentido ou não remorsos pela morte da sua mãe.

Marceaux nunca assumiu a postura de pena e falava desta questão com naturalidade. Realçou
que mesmo pessoas saudáveis desejavam a morte de quem gostavam por vezes e que as
condiçºões climatéricas do dia do funeral regado pelo intenso dia de sol o deixaram com sono
e um prufundo cançaso que interferia com a sua percepção da tristeza.

Estas declarações de Marceaux assustavam o advogado que lhe alertou para a necessidade de
alterar a sua postura no dia do julgamento, ao que o prisioneiro recusou por não ser capaz de
admitir algo que não fosse verdade.

Segui-se a primeira audiência do julgamento. Foi pedido ao prisioneiro que descrevesse todos
os momentos da tarde do crime, que ele replicou vezes e vezes sem conta. O juiz de instrução
insistia em não compreender porque foi o acusado atirar num corpo morto 4 vezes.
Este facto perturbava mais à acusação que o próprio facto de Marceaux ter morteo alguém. O
juiz apelo a Marceaux que se redimisse para que Deus lhe perdoasse. Entramam os dois,
acusação e ausado nnum dialogo sobre a religião se bem que o acusado não conseguia bem
reflitir devido ao calor que se fazia sentir na sala.

Após esta primeira audiência Marceaux passou a receber a visita do juiz na sua cela, o juiz
apelidava-o de Anti-Cristo.

Os dias na prisaõ decorriam com normaçidade., na verdade Marceaux adaptar-se bem a esta
nova realidade. Marceaox não falava muito e as suas maiores dificuldades foram em superar a
falta de cigarros e como matar o tempo. Começou fazer exercícios de imaginação para passar
os dias e conclui que se tivesse que passar a sua vida dentro de uma a´rvore com a única tarefa
de observar, seria bem capaz , que o ser humano adapta-se a tudo.

Maria visitava-o com frequência, carregava consigo uma postura de esperança, dizia a
Martceax que tudo iria correr bem, que iria ser absolvido e poderiam casar.

Marceaux ouvia tudo isto sem opinar em relação a nada ou mostrar sequer que ser ilibado era
algo que lhe cruzava a mente, vivia absorto pelos movimentos de cada acontecimento.

A falta do cigarro amenizava-se com o tempo e dormia cada vez mais, cerca de 18 horas por
dia. Ficavam por matar 6 horas entre refeições, necessidades naturais, recordações e a historia
do Chekoslováco.

Lera a história do Chekoslovaco num jornal antigo que encontrara no calabouço. Conatava a
tragédia de um homem que partira da sua aldeia para fazer fortuna. Passados 25 anos, já rico,
regressou com a sua mulher e filho de volta á aldeia para surpreesnder a sua família. A sua
mãe geria juntamente com a sua irmã uma estalagem na aldeia. Para fazer uma surpresa a
estas duas, o homem decidiu instalar-se na estalagem sozinho e a sua mulher e filho noutro
lugar. Na chegada à estalagem fez-se passar por um forasteiro, mostrou à sua mãe, no seu
quarto uma pasta com a grande fortuna.

Mãe e irmã assassinam o Chekoslovaco e atiram com o corpo dele ao rio para se apoderar da
fortuna.

Ao descobrirem a verdade estas duas mulheres, acabam também por por fim às suas vidas.

Marceaux lia esta história vezes sem fim, parecia-lhe por um lado absurda, por outro ,natural
que tivesse esse desfecho pois não se devem brincar com coisas sérias.

Passaram-se 5 meses desde a sua prisão quando voltou a tribunal, a plateia estava desta vez
cheia de jornalistas que escreram sobre esta matéria para matar a monotonia do Verão.

Estavam tamb+em presentes os seus amigos e Maria.

Nesta audiência o Presidente do Juri fez entrar o Director do asilo onde viveua mãe de
Marceaux. Apurou-se que a senhora queixara-se um pouco da atitude do filho por a ter
colocalo lá, um pouco à semelhança do que fazem todos os pensionistas, relatou o director.
De notar que no dia do enterro este filho permaneceu com muita clama e apatia, negando-se à
possibilade de ver a mãe, nem de ter vertido uma única lágrima entre o velório e o enterro.

Seguiu-se o depoimento do porteiro do asilo que salientou que Marceaux recusara-se a ver a
mãe, havia fumado, dormido e tomado café com leito. Marceaux afirma que tudo isto foi
verdade.

Neste ponto e ao olhar para a cara dos jurados o Marceaux começa a sentir-se culpado.

Celeste foi chamado a depor. Afirmou que Marceaux era seu cliente e amigo, que achava toda
esta situação um desgraça.

As perguntas eram feitas de forma muito directa por parte da acusação confluindo topdas
nesta imagem de um carácter insensível que se construía à volta do prisioneiro, quando esta
afirmação era conseguida, a acusação retirava-se sem mais perguntas.

No depoimento de Maria, a acusação resume que estes dois se conhecem apenas um dia após
o funeral da mãe de Marceaux e saem para uma ida ao Cinema, onde passava um filme de
Fernandel. Esta foi a estocada final da acusação que se dirigiu para os jurados mostrando como
era obvia a insensibilidade e ate´certo ponto a perversidade do acusado que após a um funeral
assistia a uma comédia no cinema acompanhado da sua nova namorada.

Maria soluçava enquanto a acusação ía mais longe referindo banhos de mar regados de
abraços e gargalhadas.

Por fim testemunha Raimundo que afirma que o amigo é inocente, era a ele que o Árabe
assassinado odiava após este lhe ter esbofeteado a irmã, e que tudo isto foi obra do acaso, a
rixa era originalmente entre Raimundo e o Arabe. De forma rebuscada a acusação faz uma
relação entre a carta que Marceaux escreveu à amante de Raimundo, qual originou numa cena
de pancadaria desencadeando provocações até à data do encontro na Praia.

De paciência esgotada, o advogado defesa pergunta aos jurados se estão a julgar este homem
por ter morto alguém, ou por lhe ter morrido a mãe…

Desde o lugar dos réus , Marceaux percebia que se falava muito mais dele, do que do seu
crime, e observa em como é agradável ouvir falar de si, nem que seja a partir de um lugar tyão
ingrato como este.

O seu advogado tentava defendê-lo quase já sem fôlego enquanto toda a restante composição
do júri gritava em uníssono : Culpado!

Marceaux ao assistir perplexo a tudo isto levant-se para afirmar que ele é o acusado, e o
acusado tem coisas a dizer. É no súbito silêncio segue estas palavras que o nosso sujeito
conclui que não tem nada a dizer.

O discurso do procurador comaça a aborrecer este prisioneiro que há muito percebera a


intenção do julgamento: demonstrar que o crime era premiditado, que Marceaux era um
homem de má fé.

O procurador julgava agora a alma do recluso e peia sua condenação à morte.


Na última sessão deste julgamento, a defesa tenta dar a conhecer esta histótia por outro
prisma, iniciando por desmisticar a postura de Marceaux com a sua mãe. Realça que este filho,
um tabalhador fiel e honesto viveu e sustentou a sua mãe até ás sua últimas possibilidades,
eque a sua decisão de a colocar num asilo foi a melhor solução que encontrou e que se fosse
necessário dar prova da grandeza e utiliodade destas instituições teria que centuar que são
subvencionadas pelo próprio estado.

Terminou o julgamento e enquanto aguardavam a sentença, o advogado de defesa enconraja


Marceau confiante que será absolvido com alguns anos de prisão.

Não foi isso que aconteceu.

De regresso à sala, o juiz anuncia ao prisoneiro que a sua cabeça será cortada diante do povo
Francês. Marceaux recebe esta noticia com alguma consideração e quando convidado a
pronunciar-se acrescenta que nada tem a dizer.

De volta à sua cela, nos seu últimos dias Marceaux perguntava-se se alguum recluso nauqlea
situação havia escapado á morte através de uma sorte, de uma fuga. Culpava-se por nunca ter
lido lada acer disso. Abatia-lhe também alguma revolta pela desporporção desmesurada entre
os factos e a relaidade que o julgamento ganhara.

Recordava agora uma história que a sua mãe lhe costumava contar sobre o seu pai, que nunca
conhecera. Contara que o seu pai, tinha o hábito de assistir a execuções publicas, mesmo que
isso o deixasse muito indisposto.

Marceaux neste momento compreendeu o pai, pensou que se escapsse a esta condenação
também ele iria passar a assistir às execuções, ou que talvez na sua condição de fugitivo o mais
seguro seria não o fazer.

Pensou na guilhotina, em como era um instrumento infalível, em que, na verdade, o seu mau
funcionamento não seria nada agradável, o que transmitia um sentimento de cooperação por
parte do condenado.

A gulhilhotina não era como Marceaux a tinha imaginado. Não tinha umas escadas como
mostravam nas ilustrações da evolução Francesa, nem era uma máquina nada elaborada, era
muito simples.

Os seus últimos dias passou num sufoco atroz obsecado com o dia do recurso e da execução.
Sabia que era de madrugada. Tinha o hábito de dormir durante o dia para estar acordado à
noite para não o apanharem de certeza. Imaginava quem seria ele daqui a 20 anos, quais
seriam os seus pensamentos daqui a 20 anos a contar da sua morte. Talvez morrer daqui a 20
anos seria igual a morrer agora, o que lhe refutava o apelo ao recurso, mais valia morrer agora.

Dias depois rece a visita do capelão que entra na sua cela mesmo após Marceaux o ter
regeitado várias vezes.

Ecem uma longa discussão sobre a falta de fé do recluso. O capelão apela que a justiça divina é
a única que conta mas Marceaux realça que foi a justiça do homem que o condenou.
Marceaux não tinha fé, tinha desejos, e imaginava uma outra vida tal como poderia imaginar
outra coisa qualquer.

Este dialogo discripancia de pensamento frustava estes dois e quando o capelão insiste em
mesmo assim rezar pela alma de Marceaux, este atira-se para cima dele num acesso de cólera.

Gritou-lhe que só ele sabia a verdade, não o padre, ou mais ninguém, só ele tinha razão. É na
profundidade deste pensamento que percebe todo o movimento dos detinos da sua vida, em
que nada importa, nem ninguém.

O capelão é resgatado por um guarda da cela do rpisioneiro que recebe por fim uma certa
calma.

Também lá, em redor desse asilo onde as vidas


se apagavam, a noite era como uma treva
melancólica. Tão perto
da morte, a minha mãe deve ter-se sentido libertada
e pronta a tudo
reviver. Ninguém, ninguém tinha o direito de chorar
sobre ela.
Também eu me sinto pronto a tudo reviver. Como se
esta grande
cólera me tivesse limpo do mal, esvaziado da
esperança, diante
desta noite carregada de sinais e de estrelas, eu
abria-me pela
primeira vez à terna indiferença do mundo. Por o
sentir tão parecido
comigo, tão fraternal, senti que fora feliz e que ainda
o era. Para que
tudo ficasse consumado, para que me sentisse menos
só, faltava-me
desejar que houvesse muito público no dia da minha
execução e que
os espectadores me recebessem com gritos de ódio.

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