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Cesaria Pascoal

Reflexao sobre oracoes relativas apositivas: um estudo de caso feito na Escola


Secundaria de Chingodzi

Licenciatura em Ensino de Português

3º Ano

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2022
Cesaria Pascoal

Reflexao sobre oracoes relativas apositivas: um estudo de caso feito na Escola


Secundaria de Chingodzi

Trabalho de pesquisa da cadeira de


Sintaxe, Semântica e Pragmática de
Português 1 a ser apresentado ao Curso
de Licenciatura em Ensino de
Português, como requisito parcial de
avaliação.

Docente: Prof. Doutor Rufino Alfredo

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2022

Índice
Introdução

O trabalho foi desenvolvido no curso de licenciatura em ensino de Português


especificamente na cadeira de Sintaxe, Semântica e Pragmática de Português 1, e tem
como tem: Reflexao sobre oracoes relativas apositivas: um estudo de caso feito na
Escola Secundaria de Chingodzi

As orações relativas explicativas são conhecidas, nas gramáticas tradicionais, como


orações adjectivas explicativas. A terminologia relativa explicativa, já vem sendo
utilizada em gramáticas descritivas e em diversos estudos funcionalistas sobre
articulação de orações em Língua Portuguesa.
Objectivo geral e específicos

Objectivo Geral:

Compreender sobre as orações relativas apositivas.

Objectivos Específicos:

Conceitualizar as orações relativas apositivas ou explicativas

Dar exemplos sobre orações relativas apositivas ou explicativas

Classificar as orações relativas apositivas explicativas

Ilustrar exemplos sobre relativas adjectivas


Capituulo I

Revisão da Literatura

Sobre as orações relativas apositivas

Neste capítulo,

Aspectos gerais das relativas apositivas

Orações relativas apositivas explicativas ou não – restritivas Diferentemente das


relativas restritivas, as relativas apositivas não possuem valor referencial para a
construção da denotação da expressão nominal que as antecede.

Orações relativas apositivas

Segundo MATEUS et al. (2003:654), na Gramática de Língua Portuguesa, as orações


relativas também são chamadas de construções de relativização, que podem ser de dois
tipos: restritivas e apositivas. A oração a seguir, apresentada pelas autoras, trata-se de
uma relativa restritiva com antecedente expresso:

Veja o exemplo seguinte:

a) Eu vi a mulher que roubou o teu telefone.

As relativas apositivas podem ser de sintagma nominal e de frase; os exemplos


seguintes ilustram esses dois tipos, respectivamente:

b) O Alfredo, que encontrei ontem, regressou da Ítalia.

A partir desta seção, a chamada oração adjectiva explicativa nas gramáticas tradicionais
será designada de oração relativa explicativa.

Este e os demais exemplos que se encontram nesta seção foram retirados das respectivas
gramáticas consultadas.

c) A Maria regressou da Alemanha, o que me preocupou.

Oração relativa sem antecedente ou livre

d) Quem vai ao rio perde a posição.


Gramática descritiva versus gramatica tradicional

MATEUS et al, (2003:632) diferem dos gramáticos tradicionais ao classificarem as


orações relativas em restritivas e apositivas, pois, como foi visto, a maioria dos
gramáticos tradicionais as classifica em restritivas e explicativas; ou seja, as orações
relativas explicativas são designadas, pelas autoras, como apositivas.

No entanto, é possível estabelecer algumas diferenças entre as relativas explicativas e


as apositivas.

Conforme NOGUEREIRA (1999:342), a construção apositiva é tipicamente simétrica,


paratática, e exibe uma equivalência distribucional, semântica e referencial entre os
segmentos apositivos; a relativa explicativa é não-simétrica, hipotética e codifica uma
relação de atribuição.

MATEUS et al. (2003:534);

Apresentam os morfemas que podem iniciar as orações relativas


apositivas de sintagma nominal: que, quem, o qual, cujo, onde, com
as funções sintácticas de sujeito, objecto directo, objecto indirecto e
oblíquo. Em uma construção contendo uma relativa apositiva, o
sintagma nominal antecedente é semanticamente definido, sendo
tipicamente um nome próprio, um pronome pessoal, um pronome
pessoal com determinante demonstrativo ou possessivo. O exemplo a
seguir, apresentado pelas autoras mostra uma oração relativa
apositiva de sintagma nominal:

MATEUS et al. (2003:534), os morfemas que podem iniciar uma relativa apositiva são
que, quem, o qual com as funções sintácticas de sujeito, objecto directo, objecto
indirecto e pronome oblíquo, como podemos verificar nos exemplos seguintes que elas
apresentam:

Função sintáctica: objecto indirecto

a) O Pedro, ao pai do qual / ao pai de quem / ao pai de que escrevi, acaba de


chegar.

Função sintáctica: adjunto adverbial

b) O Pedro, com que / com quem / com o qual saí, é muito simpático.

Função sintáctica: sujeito


c) A Maria, que / o qual / quem faz anos na segunda-feira, regressou da Ítalia.

Função sintáctica: objecto directo

d) A Maria, que/ o qual / quem encontrei ontem, regressou da Ítalia

Função sintáctica: objecto indirecto

e) A Maria, a que / a quem / ao qual vou oferecer um livro, regressou da Ítalia.

Função sintáctica: objecto indirecto

f) O meu gato, a que / ao qual / a quem costumavas fazer festas, faleceu. função
sintáctica: objecto indirecto

Segundo MATEUS et al, (2003:643) a oração relativa apositiva não contribui para a
determinação do sintagma nominal, exprimindo um comentário sobre o indivíduo
denotado por esse sintagma nominal. Além disso, para as autoras, a estrutura sintáctica
do sintagma nominal que contém uma relativa apositiva é presumivelmente idêntica à
das restritivas9.

MATEUS et al. (2003:643), o estatuto parentético das orações relativas apositivas


determina que os mecanismos interpretativos que estão na base de sua interpretação
anafórica se apliquem em um nível diferente do das relativas restritivas.

Caracteristicas das relativas apositivas

MATEUS et al. (2003:643), afirma que podem ser destacadas as seguintes


propriedades das relativas apositivas

O antecedente de uma relativa apositiva pode ser um nome próprio ou um pronome de


primeira ou segunda pessoa

g) O irmao que vimos ontem, que estava contente, anda na Igreja

Se existir na construção duas orações relativas, a primeira é a restritiva, e a segunda


normalmente é uma relativa apositiva

h) O Alfredo, que faz anos amanhã, voltou da Ítalia


O antecedente de uma apositiva não pode ser um adjectivo nominalizado; quando isso
acontece, a relativa só pode ser interpretada como restritiva

i) O meu irmao deixou de ser o distraído, que era antigamente.

As apositivas não podem estar associadas a certas expressões como tirar partido de,
tomar parte em, fazer caso de,

j) O partido, que Zuma tirou da política energética de Filepe, contribuiu para a sua
eleição).

SAID ALI (1966:186), define orações atributivas, adjectivas ou relativas como orações
que exercem o papel de atributo e começam, geralmente, por um pronome relativo.
Considera restritivas as orações adjectivas que servem para completar ou delimitar o
nome a que se referem, tal como os exemplos a seguir:

k) As flores que produzem o meu jardim são mais belas que as do Alfredo.

SAID ALI (1966:186), afirma que as orações relativas explicativas representam apenas
um esclarecimento do qual se poderia prescindir sem prejudicar o sentido da oração
principal.

e) A vida é mais bela na primavera, em que os prados se cobrem de flores.

Segundo SAID ALI (1966:186), às vezes, esse tipo de oração explicativa encerra uma
noção secundária de causa, tal como o seguinte exemplo:

f) Tu, que és artista, saberás o valor deste quadro.

No exemplo apresentado, percebemos uma relação de causa ou motivo na oração


relativa explicativa, pois, devido ao fato de ser artista, o enunciador supõe que o
interlocutor saberá o valor do quadro.

Para SAID ALI (1966:200), orações em que se faz uso da palavra onde com valor de em
que, no qual, são evidentemente relativas:

g) Comprou um sítio em Jacarepaguá, onde passa todos os domingos.


Segundo BRITO (1991:123),

«Uma relativa apositiva consiste num comentário acerca de um


individual denotado pela expressão nominal antecedente,
antecedente esse que tem, diferentemente do das relativas
restritivas, um valor referencial independente, sendo tipicamente
uma «descrição definida»». As orações relativas apositivas são
assim designadas devido à relação semântica que elas
estabelecem com o seu antecedente, pois sintacticamente elas
comportam-se como as restritivas

h) O carro do João, [[SU que / o qual / *quem] está na oficina há três meses], é
muito pequeno.
i) A Maria e a Ana, [[OD que / as quais / *quem] eu encontro todos os dias no
autocarro], são atletas de alta competição.
j) O pai da Maria, [[OI a quem / ao qual / *a que] eu pedi um relatório], está doente.
k) O Bolinhas, [[OI a que / ao qual / *a quem] o veterinário fez um curativo], adora
roer as minhas pantufas.
l) O Alfredo, [[OI a cuja irmã / à irmã do qual / à irmã de quem / *à irmã de que] tu
deste um ramo de rosas], vai estudar para o estrangeiro.
m) O Alfredo, [[OBL em quem / no qual / *em que] a Joana acredita cegamente], foi
preso.
n) O Mosteiro dos Jerónimos, [[OBL sobre o qual / ?sobre que / *sobre quem] tu
fizeste um trabalho], precisa de obras.
o) A Amareleja, [[OBL onde / *em que] o João passa férias], é uma terra muito
quente.
p) O Alfredo, [[GEN cujos] filhos são trigémeos], conseguiu ver aprovado o seu
projecto cinematográfico.
q) O Alfredo, [[GEN de quem / da qual / *de que] eu vejo os filmes todos], tem três
filhos.
r) O Alfredo, [[GEN os filhos da qual / de quem] são trigémeos], gosta muito de
passear.

Como se pode observar as frases em cima, as relativas apositivas caracterizam-se por ter
um estatuto parentético, marcado por pausas, que é exclusivo deste tipo de construções
relativas. Tal como as relativas restritivas, as apositivas permitem pied piping de PPs e
de DPs. Para além disto, as orações relativas apositivas podem ser parafraseadas por
duas frases independentes ou por uma coordenada.

Veja os exemplos:

a) O carro do João é muito pequeno.


b) O carro do João está na oficina há três meses.

Consoante CUNHA (2008:156), agrega ao antecedente uma qualidade acessória, uma


vez que apenas esclarecem a significação do substantivo ao qual se referem, “à
semelhança de um aposto”, não sendo, no entanto, indispensáveis, para o autor, ao
sentido essencial da frase. Como um aposto explicativo, separam-se do antecedente, na
fala, por uma pausa, que é representada, na escrita, por vírgulas:

Veja o exemplo seguinte:

a) Tio Sabado, que era professor, confiava-lhe a cópia de papéis de autos.

CUNHA & SINTRA (2008:156), as orações adjectivas também podem apresentar-se


sob forma reduzida:

Reduzida de infinitivo

b) “Mas a visão logo se desvaneceu, ficando apenas os vidros/ a ocultarem com seu
brilho, o/que lá dentro existia.”

Reduzida de gerúndio

c) “Perdeu o desfile da milícia triunfante, / marchando a quatro de fundo.”

Reduzida de particípio

d) “As rosas brancas agrestes/ trazidas do fim dos montes/ vós mas tirastes, que as
destes [...]

Natureza do antecedente das oracoes relativas apositivas

Observando esses exemplos, é possível notar que o antecedente de uma oração relativa
apositiva pode ser um nome próprio ou pronome pessoal ou SNs com pronomes
demonstrativos ou possessivos O antecedente da relativa apositiva não pode ser um
adjectivo nominalizado, caso em que a oração é uma relativa restritiva.

Veja os exemplos:

a) *O meu irmao deixou de ser o distraído, que era antigamente.


b) O meu tio deixou de ser o distraído que era antigamente.

Outra particularidade é a impossibilidade de associação das apositivas com certas


expressões idiomáticas como tirar partido, tomar parte em, fazer caso de.

Segundo MATEUS et al. (2003:645), tais expressões só podem surgir em oracoes


restritivas:

a) *O partido, que Zuma tirou da política energética de Alfredo, contribuiu para a


sua eleição.
b) O partido que Zuma tirou da política energética de Alfredo contribuiu para a sua
eleição.

Lugar da oração relativa apositiva no sintagma nominal

MATEUS et al. (2003:632), quanto à posição, as restritivas admitem a


pronominalização do antecedente sintagma nominal. Tal comportamento é um
argumento, segundo a autora, para considerar a relação como sendo uma adjunção ao
sintagma nominal que contém uma apositiva.

a) O Amerco / o meu filho/ este meu amigo, que faz anos amanhã volto da Ítalia,
Ele, que faz anos amanhã, volto da Ítalia.

Carácter assertivo das oracoes relativas apositivas

Algumas consequências do carácter assertivo das apositivas, marcado pelo sujeito


enunciador, são apontadas pelas autoras, como por exemplo, o fato de a apositiva
permitir em seu interior verbos performáticos como jurar e prometer:

b) O Victor, que eu juro que faz anos amanhã, regressou do estrangeiro. Além das
relativas apositivas de Sintagma Nominal.
Mateus eta lii (2003, p 672) argumentam que as relativas apositivas e assertivas têm
carácter parentético e assertivo. A construção em que surge uma apositiva, sendo
constituída por duas asserções, é facilmente parafraseável por uma coordenação.

O carácter assertivo das apositivas, marcado pela presença do sujeito enunciador, tem as
seguintes consequências:

Uma oração relativa apositiva permite, no seu interior, verbos como jurar, prometer,
usados lictoriamente

c) Victor, que eu juro que faz anos amanhã, regressou do estrangeiro);

Segundo as autoras, as vírgulas são marcas identificadoras das orações relativas


explicativas, evidenciando a sua função de aposto. Mas há outros aspectos que
demarcam as diferenças das restritivas, destacando-se a natureza do antecedente e a (im)
possibilidade do uso do conjuntivo, o que permite ou não o paralelo com as relativas
infinitivas.

Constituintes relativos em apositivas

MATEUS et al, (2003:673), de um modo geral, são mesmos os constituintes relativos


que iniciam as apositivas e as restritivas: que isolado, como sujeito e como objecto
directo: que precedido de preposições, quem, o qual (precedidos ou não de preposições)
cujo, onde.

A grande diferença relaciona-se com o qual, que pode ocorrer como sujeito e objecto
directo da oração da oração apositiva a que pertence, ao contrario do que acontece nas
restritivas, em que, mesmo sentido locativo não se emprega facilmente nas relativas
apositivas e a sua ocorrência forca de algum modo uma interpretação da relativa como
restritiva.

Orações relativas apositivas ou explicativas de Frase F

MATEUS et al, (2003:673), considera a existência de orações apositivas de Frase (F),


que são as que constituem um comentário sobre a proposição anterior, de tal forma que
o comentário pode ser introduzido por:

d) O que:
Ex: Os amigos prepararam-me uma festa, o que muito me espantou.

e) Que:

Ex: “ [...] as galerias vigarizam os pintores. De duas maneiras: ou pagam-lhes o


ordenado mensal, que é o caso do Baptista, entregando mensalmente um quadro ou
coisa do género [...]”.

f) N + que:

Ex: O projecto do Governo prevê duas carreiras paralelas, situação que é rejeitada pelos
Sindicatos.”

g) N + D + que:

Ex: O projecto do Governo prevê duas carreiras paralelas, situação essa que é rejeitada
pelos Sindicatos.

Em (a), tem-se o nome situação como uma espécie de retomada anafórica do assunto da
frase anterior.

No caso de (b), embora seja uma estrutura idêntica a (c), o nome situação doze é
determinado tanto pelo determinante à sua direita como pela relativa restritiva,
simultaneamente.

Na estrutura apresentada em (a), a autora defende a natureza de o que como sendo ou


um morfema único de natureza nominal ou uma sequência formada por o e que, para a
qual houve uma reanálise.

O morfema “o” é tratado pela gramática normativa como sendo um pronome


demonstrativo, equiparando-se a aquilo, mas, segundo a autora, não há exemplos
gramaticais de apositivas de frases em que seja possível separar o de que, resultando em
uma estrutura agramatical.

h) *Os amigos preparam-me uma festa, o de que gostei muito


Nota-se uma vez mais a possibilidade de o que relativo assumir diferentes valores
semânticos: enquanto nas restritivas é o valor consecutivo o que mais se destaca, nas
relativas apositivas são sobretudo valores ligados à subordinação adverbial.
Referencias Bibliograficas
MATEUS et al. Gramática da Língua Portuguesa. 3a edição. Caminho; Lisboa, 2003.

CUNHA & CINTRA. Nova gramatica do Português contemporâneo.18 a edição. JSC.


Lisboa. 2005
Anexos

O presente inquérito é dirigido aos alunos da Escola Secundaria de Tete, 10 a


Classe.

O inquérito faz referência a cadeira de Sintaxe, Semântica e Pragmática de Português I,


e tem como objectivo à recolha de dados, referente ao uso das orações relativas
restritivas em diferentes contextos do nosso dia-a-dia. Para uma comparação posterior
com o português Europeu.

Dados do estudante:

Sexo_________

Género_________.

Naturalidade________________.

Turma______________________.

Questões sobre as orações relativas restritivas

Que e Cujo são pronomes relativos, produza duas frases para cada pronome.

_____________________________________________________________________.

______________________________________________________________________.

______________________________________________________________________.

______________________________________________________________________.

Produza frases colocando o Que no seu devido lugar.

(conversou, O funcionário, você, que com ele não veio trabalhar hoje).

______________________________________________________________.

(Esse é um conselho eu posso muito bem ficar sem ele, que).

_______________________________________________________________

Essa é a mesa todo mundo bota, que o chapéu em cima (dela).


___________________________________________________________________.

O funcionário você falou é esse aí, que?

____________________________________________________________________

Coloca X na frase correcta?

O meu irmão deixou de ser o distraído que era antes____.

O meu irmão deixou de ser o distraído, que era antes_____.

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