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Curso de formação para PH

Tecnologia dos
materiais
Out / 2021
Conteúdo do módulo

1. Breve história dos materiais

2. Classificação dos materiais de engenharia

3. Introdução aos materiais metálicos

4. Introdução aos materiais cerâmicos

5. Introdução aos materiais poliméricos

6. Introdução aos materiais compósitos

7. Propriedades e ensaios mecânicos dos


materiais

8. Questões para discussão


1. Breve história dos materiais
Os materiais e a datação da pré-história
1. Breve história dos materiais
Os materiais e a datação da pré-história

3 milhões – 8 mil anos atrás:


Idade da Pedra Lascada
1. Breve história dos materiais
Os materiais e a datação da pré-história

8 mil – 6 mil anos atrás:


Idade da Pedra Polida
1. Breve história dos materiais
Os materiais e a datação da pré-história

6 mil – 4 mil anos atrás:


Idade dos metais
1. Breve história dos materiais
Doze mil anos de tecnologia dos materiais
1. Breve história dos materiais
A revolução continua
1. Breve história dos materiais
A revolução continua
1. Breve história dos materiais
A revolução continua
1. Breve história dos materiais
A revolução continua
2. Classificação dos materiais de engenharia
Exemplos: Titânio, alumínio, cobre, bronze e latão.
Metálicos
Tipo de ligação química: Metálica.
Materiais

Cerâmicos
Características principais: Elevada temperatura de
Poliméricos
fusão, ductilidade, densidade e condutividade elétrica
e térmica. Apresentam brilho característico quando
Compósitos
polidos.
2. Classificação dos materiais de engenharia
Exemplos: Carbono, alumina, sílica, vidro, óxidos e
Metálicos
carbetos.
Materiais

Cerâmicos
Tipo de ligação química: Iônica ou covalente.
Poliméricos
Características principais: Elevada temperatura de
fusão, dureza e módulo de rigidez. Possuem grande
Compósitos
estabilidade térmica e são normalmente frágeis.
2. Classificação dos materiais de engenharia
Exemplos: Polietileno, polipropileno, PET, nylon,
Metálicos
teflon, borrachas em geral.
Materiais

Cerâmicos
Tipo de ligação química: Covalente, com forte
influência das ligações secundárias.
Poliméricos
Características principais: Elevada plasticidade. Baixa
Compósitos
densidade e baixa condutividades térmica e elétrica.
2. Classificação dos materiais de engenharia
Exemplos: Kevlar, resina reforçada com fibra de vidro
Metálicos
e resina reforçada com fibra de carbono.
Materiais

Cerâmicos
Tipo de ligação química: Variável, com forte influência
das propriedades de interface entre matriz e reforço.
Poliméricos
Características principais: Variável. Um bom
Compósitos
compósito deve possuir propriedades intermediárias
entre os materiais que compõem a matriz e o reforço.
3. Introdução aos materiais metálicos
Introdução
▪ Mais de 70% dos elementos químicos da tabela
periódica são compostos por metais;

▪ Isso significa manifestar as propriedades físicas e


químicas:
Propriedades físicas dos metais Propriedades químicas dos metais
1. Boa condutividade elétrica; I. Reagem com ácidos;
2. Boa maleabilidade; II. Formam óxidos básicos (que reagem
3. Boa ductilidade; com ácidos);
4. Superfície brilhante; III. Tendem a formar cátions;
5. Possui boa condutividade IV. Formam haletos iônicos.
térmica;
6. Possui alta temperatura de fusão;
7. Apresenta-se em estado sólido
em temperatura ambiente.

▪ A explicação para esse comportamento está na natureza da ligação química


metálica.
3. Introdução aos materiais metálicos
Ligação química metálica

Modelo da ligação química metálica e o


“Mar de elétrons livres”

Modelo da força e energia de ligação química entre dois átomos.


3. Introdução aos materiais metálicos
Vale a pena saber
▪ Metais formam sólidos cristalinos. Os arranjos
CCC, CFC e HC são as principais estruturas
cristalinas associadas aos metais.

Reticulado Cúbico Reticulado Cúbico Reticulado


de Corpo Centrado de Face Centrada Hexagonal
(CCC) (CFC) Compacto (HC)

▪ Materiais metálicos industriais são policristalinos,


ou seja, possuem uma estrutura de grãos e
contornos de grãos herdada da solidificação ou
da sinterização.
3. Introdução aos materiais metálicos
Vale a pena saber
▪ Aos metais puros podem ser adicionados
impurezas, ou elementos de liga, formando as
chamadas soluções sólidas. Esse é o princípio da
formação das ligas metálicas.

▪ Os materiais metálicos
possuem defeitos da
estrutura cristalina
chamados discordâncias e
essas são responsáveis
pelos mecanismos de
deformação plástica dos
metais.
3. Introdução aos materiais metálicos
Vale a pena saber
▪ A microestrutura de um metal ou liga
metálica é dada pela quantidade de fases
presentes, fração de cada fase, composição
química de cada fase, tamanho, orientação e
forma dos grãos, presença de precipitados
ou outras microestruturas.

▪ Um metal pode eventualmente ser


endurecido por solução sólida, encruamento,
refino de grão, tratamento térmico ou
precipitação. Os mecanismos associados
são relativamente complexos.
3. Introdução aos materiais metálicos
Classif. dos materiais metálicos de engenharia
3. Introdução aos materiais metálicos
Aços e ferros fundidos
▪Aço-carbono: Liga Fe-C contendo teor de
carbono compreendido entre 0,008% e 2,11%,
além de certos elementos residuais, resultantes
do processo de fabricação (fósforo, enxofre, silício
e manganês).

▪Aço-liga: Aço-carbono ao qual foi adicionado


outro(s) elemento(s) de liga com a finalidade de
obter melhores propriedades ou apresentando
elementos residuais em teores acima dos que são
considerados normais.

▪Ferro fundido: Ligas Fe-C-Si contendo teor de


carbono compreendido entre 2,11% e 6,7%,
aproximadamente.
3. Introdução aos materiais metálicos
O processo de siderurgia

Enciclopédia chinesa Tiangong


Kaiwu, 1637.

Fluxograma do processo integrado de siderurgia.


3. Introdução aos materiais metálicos
O processo de siderurgia

Enciclopédia chinesa Tiangong Kaiwu, 1637. Fluxograma do processo integrado de siderurgia.


3. Introdução aos materiais metálicos
O processo de siderurgia

Enciclopédia chinesa
Tiangong Kaiwu, 1637.

Fluxograma do processo integrado de siderurgia.


4. Introdução aos materiais cerâmicos
Pitadas de tecnologia de cerâmicas
Os materiais cerâmicos podem ser assim Do ponto de vista estrutural e das propriedades
classificados: mecânicas:

1. Materiais cerâmicos são formados a partir da ligação


Cerâmicas tradicionais entre metais e não metais ou, alternativamente, entre
átomos de não metais;
2. Materiais cerâmicos podem ser covalentes ou
Cerâmicas estruturais iônicos;
3. Materiais cerâmicos podem ser cristalinos ou
amorfos (mas normalmente são cristalinos);
4. As estruturas dos materiais cerâmicos são complexas,
Cerâmicas refratárias pois envolvem normalmente átomos de duas espécies
(um cátion e um ânion), com tamanhos e cargas
diferentes;
Vidros 5. Cerâmicas amorfas são frágeis devido à ausência do
mecanismo de deformação por discordâncias.
Cerâmicas cristalinas são frágeis devido ao caráter
direcional das ligações covalentes ou repulsão
Cerâmicas semicondutoras
eletrostática no caso das ligações iônicas.
4. Introdução aos materiais cerâmicos
Exemplos de materiais cerâmicos
Vidro de sílica (SiO2) Alumina (Al2O3) Fibra de carbono
4. Introdução aos materiais cerâmicos
Sinterização
Os materiais cerâmicos são tradicionalmente consolidados e densificados através do processo de
sinterização, que envolve a aplicação de pressão e temperatura para a obtenção da microestrutura
final.
5. Introdução aos materiais poliméricos
Pitadas de tecnologia de polímeros
▪ Polímeros são formados por macromoléculas constituidas a partir da
repetição de uma unidade constitutiva chamada ‘mero’. Na cadeia principal,
as ligações são do tipo covalente.

▪ As cadeias poliméricas podem


ser lineares, ramificadas,
reticuladas ou com ligações
cruzadas.
5. Introdução aos materiais poliméricos
Pitadas de tecnologia de polímeros
▪ Cadeias poliméricas formadas a partir de mais de um
tipo de mero dão origem aos copolímeros aleatórios,
alternados, em blocos ou grafitizados.
▪ O número de meros na cadeia define o grau de
polimerização.
▪ Entre as cadeias prevalecem interações
intermoleculares ou ligações secundárias.
5. Introdução aos materiais poliméricos
Pitadas de tecnologia de polímeros
Os materiais poliméricos podem ser assim
classificados, em relação ao seu comportamento
termomecânico:
Adquirem plasticidade quando aquecidos. São
Termoplásticos recicláveis.

Uma vez polimerizados, a formação de numerosas


ligações cruzadas o tornam rígidos. Não adquirem
Termorrígidos plasticidade quando aquecidos. Não podem ser
reciclados.

Alongam-se até 100% à temperatura ambiente.


Elastômeros

Possuem elevada resistência mecânica e


anisotropia.
Fibras
5. Introdução aos materiais poliméricos
Vale a pena saber:
▪ O grau de polimerização afeta as
propriedades mecânicas dos
polímeros;

▪ Um mesmo polímero pode apresentar


densidades (e propriedades
mecânicas diferentes) dependendo do
grau de ramificação das cadeias;

▪ Polímeros podem ser completamente


amorfos ou semicristalinos;

▪ Polímeros são sensíveis à radiação


UV.
5. Introdução aos materiais poliméricos
Exemplos de materiais poliméricos
Polietileno de alta Fibra de aramida (Kevlar)
densidade
6. Introdução aos materiais compósitos
Pitadas de tecnologia de compósitos
▪ Compósitos são formados a partir de uma matriz e
uma fase dispersa (reforço), normalmente na forma
de fibras ou partículas.

▪ São exemplos de reforços: fibras orgânicas (nylon,


poliéster), fibra de vidro, fibra de carbono, fibra de
titânio, fibra de boro, fibras cerâmicas, fibras de
carbeto de silício, fibra de aramida, etc.
6. Introdução aos materiais compósitos
Exemplos de materiais compósitos
Resina reforçada com Resina reforçada com
fibra de vidro fibra de carbono
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Introdução

Propriedade é a magnitude da resposta (ou


comportamento) de um material a um
determinado estímulo externo. Mecânicas
Elétricas

Propriedades
De modo geral, as propriedades do material são Térmicas
independentes do seu tamanho e forma.
Magnéticas
Ópticas
Deteriorativa
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de tração
Princípio: Um corpo de prova com
dimensões e geometria padronizada é
submetido a um esforço de tração, com
taxa de deformação constante.

Corpo de prova: Possuem dimensões


e formas padronizada s, em função do
material testado, sendo usual para
metais o emprego de barras cilíndricas.

Variantes: O ensaio clássico é realizado


com taxas de deformação baixas.
Algumas variantes são o ensaio com
alta taxa de deformação e o ensaio em
produtos acabados (fios, cabos,
parafusos, soldas, correntes, etc).
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de tração

σ: Tensão
F: Força aplicada
A0: Área inicial
l: Comprimento inicial
l0: Comprimento inicial
P: Limite de proporcionalidade
σY: Tensão de escoamento
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de tração
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de tração

Alongamento

Estricção

σ: Tensão
%EL: Alongamento percentual
lf: Comprimento final
l0: Comprimento inicial
%RA: Estricção percentual
Af: Área final
A0: Área inicial
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de tração

Módulo de resiliência (área hachurada) Módulo de tenacidade (área hachurada)


7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dureza
Princípio: Um penetrador de formato
esférico, cônico ou pirâmidal é aplicado sob
condições de carga e tempo controlados na
superfície de um corpo de prova.

Corpo de prova: Não há, em geral,


padronização.

Variantes: De acordo com o material e a


escala de dureza utilizada, variam o
material e geometria do penetrador, bem
como a carga e condições de
carregamento.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dureza
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dureza
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de impacto
Princípio: Um corpo de prova
recebe o impacto desferido por
um martelo com ação pendular,
em queda livre. A energia
absorvida na fratura do corpo de
prova é determinada a partir da
diferença entre a altura inicial e
final do martelo, após o impacto.

Corpo de prova: Possui


dimensão padronizada, podendo
ou não conter um entalhe
(concentrador de tensão).

Variantes: Método Charpy e


Izod.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de impacto
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de impacto
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dobramento / Ensaio de flexão
Princípio: Um corpo de prova é submetido
a um esforço de flexão até um determinado
ângulo (ensaio de dobramento) ou até a
fratura (ensaio de flexão).

Corpo de prova: Podem ser ensaiados


corpos de prova com dimensões
padronizadas ou produtos acabados.

Variantes:
Dobramento livre ou dobramento
semiguiado;
Flexão em três ou quatro pontos.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dobramento / Ensaio de frexão
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de dobramento / Ensaio de frexão
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de fluência
Princípio: Um corpo de prova é submetido
a um carregamento mecânico estático,
mantido a elevada temperatura no interior
de um forno. O equipamento deve ser capaz
de registrar a deformação observada em
função do tempo.

Corpo de prova: Apesar de haver


padronização, pode ser aplicado em corpos
de prova com diferentes geometrias e até
produtos acabados.

Variantes: O ensaio admite muitas


variantes, especialmente no que diz respeito
à carga de teste, temperatura e layout do
equipamento.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de fluência

Fluência é um mecanismo de falha caracterizado pela ocorrência de


deformação plástica e consequente fratura em materiais submetidos
a tensões estáticas a elevadas temperaturas, ainda que essas
tensões sejam expressivamente inferiores ao limite de escoamento.
O comportamento mecânico em fluência pode ser generalizado em
três estágios, chamados de fluência primária, secundária e terciária.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de fadiga
Princípio: Um corpo de prova é
submetido a um carregamento
mecânico cíclico (dinâmico).

Corpo de prova: Apesar de haver


padronização, pode ser aplicado em
corpos de prova com diferentes
geometrias e até produtos acabados.

Variantes: Pode ser realizado em


corpos de prova com ou sem entalhe.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de fadiga
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaio de fadiga
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaios metalográficos

Metalografia: Metallon (metal) + graphein (escrita)

É o estudo da estrutura física e componentes dos


metais através da observação de sua estrutura,
tipicamente com o emprego de um microscópio ou um
estereoscópio.
Macrografia
Técnica
Metalográfica
Micrografia
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaios metalográficos

Macrografia: Consiste no exame do aspecto de uma


Micrografia: Consiste na observação da
peça ou amostra metálica, segundo uma seção plana
microestrutura de uma amostra metálica plana,
devidamente polida e, em geral, atacada por um
devidamente polida e normalmente atacada por um
reativo apropriado. O aspecto assim obtido chama-se
reativo, com o auxílio de um microscópio.
macroestrutura. O exame é feito à vista desarmada
ou com auxílio de uma lupa.
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaios metalográficos

Seccionamento
da amostra

Montagem
(opcional)

Preparação de
superfície

Polimento

Ataque
7. Propriedades e ensaios mecânicos dos materiais
Ensaios metalográficos

Obtenção das
imagens

Análise das
imagens
8. Questões para discussão
1. Onde recorrer a informação de qualidade sobre metalurgia e
materiais para aplicar na engenharia de equipamentos?
As fontes de consulta de qualidade são diversas, mas eu recomendo:
Livros: Metalografia dos produtos Siderúrgicos Comuns (Hubertus Colpaert), Aços e Ligas Especiais
(André Silva e Paulo Mei), Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos (Sergio Souza) e Ciência e
Engenharia dos Materiais – Uma Introdução (William Callister).
Sites e blogs: Materials Life - https://materials.life/ (Annelise Zeemann); Base de dados de materiais
https://www.makeitfrom.com/
Cursos de extensão: Diversas opções.
8. Questões para discussão
2. Para um equipamento propenso à falha por fadiga, qual
ensaio não destrutivo deve fazer parte do plano de inspeção?
( ) Líquido Penetrante;
( ) Ultrassom – Medição de espessura;
( ) Ultrassom – Detector de falhas;
( ) Partículas magnéticas;
( ) Correntes parasitas;
( ) Ensaio metalográfico.
8. Questões para discussão
3. Quais as principais diferenças entre um aço ferrítico e um aço
austenítico?
AbendiNEWS

Leonardo Silva
leonardo.ramalho@britoekerche.com.br
Tel. (11) 99559-7814

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