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Entre o sertão do Rio Grande do Norte e da Paraíba há uma região chamada Seridó. As pesquisas nesta região estão
surpreendendo os especialistas. Ali se localizam os sítios arqueológicos Xiquexique 1 e 2 localizados no município de
Carnaúba dos Dantas, RN. Fazendo parte do conjunto do Seridó, está o sítio arqueológico Mirador, em Parelhas, RN.
As pinturas rupestres do Seridó datam de cerca de 9 mil anos. Foram feitas com tauá, mineral rico em óxido de ferro, e
ainda são bem visíveis considerando que o local é aberto e sujeito à ação do clima
Nas pinturas rupestres do Seridó há cenas de caça entre elas a que mostra dois indivíduos com as pernas flexionadas
abatendo uma anta. Um deles traz um bastão enquanto o outro se posiciona para segurar o animal. Ambos usam
cocares, porém de formatos diferentes. Ao lado de cada um, há uma cesta e um bastão. Abaixo deles aparece um outro
animal, talvez já abatido. Duas figuras humanas, com os braços erguidos, seguram bastão e um recipiente semelhantes
aos objetos retratados acima. Toda essa cena não tem mais do que 18 cm de comprimento.
Outra pintura mostra uma cena de luta ou de ritual. A figura da esquerda está em movimento e segurando um objeto
grande – um tacape ou borduna –, feito de madeira forte e cravado de ossos ou dentes. A figura da direita está parada
mas ergue um bastão e usa um cocar com penas que descem pelas suas costas.
Uma cena de luta ou de sacrifício mostra um indivíduo de cocar segurando dois bastões, um em cada mão. Ele aponta
para a figura à sua frente como se fosse desferir o golpe. É curioso observar que a figura que ataca parece estar
gritando.
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21/01/2022 19:04 Pré-História do Brasil (parte 3): Seridó (RN) e Ingá (PB)
Duas figuras que parecem gritar investem uma contra a outra. Ambas usam um mesmo tipo de cocar com penas caídas
nas costas. Entre elas, há uma figura menor. Talvez uma criança em pleno ritual de iniciação, como é comum entre os
povos indígenas. A criança encontra-se de frente para o indivíduo da direita, repetindo o movimento deste, com as
pernas abertas como se estivesse correndo.
Duas figuras que parecem gritar investem uma contra a outra. Pintura rupestre do Seridó, RN.
As pinturas rupestres do Seridó, trazem também cenas de danças, como a que mostra três figuras em um mesmo
movimento e desenhadas em linha decrescente. Poderia ser uma forma de uso da perspectiva, para dar a impressão de
profundidade?
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Os sítios arqueológicos do Seridó são pesquisados por equipes da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Estadual da Paraíba. Entre as descobertas realizadas, foi encontrado um cemitério indígena com restos de
28 esqueletos. O mais antigo tem 9.400 anos.
Petróglifos do Seridó
No sertão do Seridó foram encontrados, também, 50 sítios arqueológicos com gravações executadas na pedra, os
petróglifos. No Brasil, os petróglifos são chamados de itaquatiara, palavra indígena que significa “pedra pintada”.
Existem itaquatiaras em todo país, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, e sempre localizadas junto aos rios.
Boa parte da Pedra do Ingá está coberta de inscrições de grande complexidade. As gravações têm 3 a 7 milímetros de
profundidade. Não se sabe o que elas significam nem a data em que foram feitas e por quem.
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21/01/2022 19:04 Pré-História do Brasil (parte 3): Seridó (RN) e Ingá (PB)
A falta de estudos de arqueólogos profissionais gerou especulações fantásticas e fantasiosas sobre a Pedra do Ingá e
outras itacoatiaras do Brasil. Falou-se que eram inscrições de fenícios, gregos, vikings ou de povos vindos da ilha da
Páscoa.
Há quem afirme que as inscrições são um calendário, um mapa astronômico ou sinais deixados por uma civilização
desaparecida ou até por seres extraterrestres em visita ao planeta.
Talvez os grafismos da Pedra do Ingá tenham sido feitos para não serem decifrados: podem ser o registro de práticas
mágicas e, como tal, mantido em segredo pelos sacerdotes e xamãs que executaram os estranhos sinais na pedra. O
poder da pedra está no mistério que a envolve.
Fonte
CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
GASPAR, Madu. A arte rupestre no Brasil. Rio de janeiro: Zahar, 2003.
PROUS, André. Arqueologia brasileira. Brasília: UnB, 1992.
PROUS, André. Arte Pré-Histórica do Brasil. Belo Horizonte, MG: Com Arte, 2007.
PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
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