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31/07/2019 O Brasil e o Universo: "An-Nakba": O significado da queda de Hosni Mubarak (Parte I)

mais radeon2.rp2@gmail.com Painel Sair

O Brasil e o Universo
Crônicas sobre a surrealidade política e cultural brasileira.

q u a r t a - f e i r a , 9 d e f e v e r e i r o d e 2 0 11 Quem sou eu

Flávio Gordon
"An-Nakba": O significado da queda de Hosni Mubarak Rio de Janeiro, RJ, Brazil
(Parte I) Doutor em Antropologia
Social (UFRJ), baixista
Era uma v ez um paraíso encantado sobre a Terra onde os v inhedos eram abundantes e amador, carioca, rubro-
as flores brotav am por todos os lados. O solo era fértil, a água fresca e potáv el. Lá, não negro, 38 anos, casado.
hav ia sinal de penúria, fome ou injustiça. O pov o que ali habitav a v iv ia feliz e saudáv el, e Visualizar meu perfil completo
a harmonia reinav a entre os seres. O paraíso chamav a-se "Palestina" e os seus bem-
av enturados habitantes, "palestinos".
Arquivo do blog

► 2015 (3)

Eis que um belo dia v ieram os cruéis sionistas e, apoiados pelos poderosos ingleses,
► 2014 (9)

roubaram aquela terra, ex ilaram seu pov o e deram início a um reino de terror e limpeza
étnica que perdura até os dias de hoje. ► 2013 (8)

► 2012 (5)

▼ 2011 (14)

É essa v isão mitopoiética a principal inspiração para a cobertura jornalística nacional da
► Agosto (1)

presente crise no Egito. Mais ainda, a adoção daquele mito como padrão de
credibilidade jornalística tem sido praticamente unânime. Se, tempos atrás, a ► M aio (2)

div ersidade de linhas editoriais e de opiniões era tida como o supra-sumo de uma ► Abril (5)

imprensa liv re e democrática, hoje dá-se o contrário: para serem democráticos, todos ► M arço (1)

(ou v irtualmente todos) v eículos de comunicação têm que ecoar, em uníssono, a mesma
▼ Fevereiro (5)

cantilena: os atuais conflitos entre judeus e palestinos são responsabilidade ex clusiv a de
Nota adicional sobre o invasor da Casa
Israel que, tendo conduzido os palestinos a uma situação de miséria e opressão, agora
de Rui Barb...
precisa arrumar sozinho uma solução para o impasse que criou.
"Quem entrou com os sapatos sujos de
lama na minha...
A mitologia descrita acima subjaz a uma av aliação curiosamente positiv a, por parte de
nossa imprensa, da organização conhecida como Irmandade Muçulmana, que Israel Da Série "Entendeu ou quer que eu
desenhe?": Impar...
teme assuma o poder no Egito após a queda de Hosni Mubarak, praticamente inev itáv el
a essa altura. A princípio silenciosos a respeito daquela organização, os formadores "An-Nakba": O significado da queda de
Hosni M ubara...
tupiniquins de opinião foram forçados a comentá-la, depois que autoridades israelenses
relembraram o caso do Irã - quando, no final da década de 7 0, após a queda do Xá, "An-Nakba": O significado da queda de
Hosni M ubara...
aquele país passou a ser gov ernado por uma teocracia islâmica totalitária, muito mais
repressiv a até do que fora o gov erno anterior, e fortemente anti-americana e anti-Israel.
► 2010 (8)

Se, hoje, ainda não é possív el indicar com certeza a participação da Irmandade
Muçulmana na promoção da rev olta aparentemente popular e espontânea no Egito, é Marc adores
preciso entretanto reconhecer que, se se tratasse de uma inv estigação policial, a
primeira pergunta a ser feita sobre os ev entos seria cui bono? - ou seja, quem lucra com rené girard
tudo isso?

Denunciar abuso
A resposta no caso parece ser uma só: a Irmandade Muçulmana, com seu projeto de um
Califado Univ ersal. E, se isso acontecer, o grande derrotado será Israel, que restará sem O Brasil e o Universo
aliados, cercado por regimes que pretendem - como o presidente iraniano Ahmadinejad,
por ex emplo, tem reiteradamente repetido - v arrê-lo do mapa. Flavio Gordon

Diante dessa possibilidade, que não representa um risco apenas para Israel, mas para
Criar seu atalho
todas as democracias ocidentais, o que fez a imprensa brasileira? Resposta: tratou de
acusar os israelenses de paranóicos, e de embelezar a Irmandade Muçulmana com todo
tipo de eufemismos e mistificações. Vejamos alguns ex emplos. Total de visualizaç ões de página

Na edição da Folha de São Paulo do dia 7 /02/201 1 , o colunista Fernando de Barros e


Silv a escrev eu um tex to intitulado "Terceira v ia árabe?", no qual se lê:
2 1 0 7 7 4
“A questão é saber se há espaço para uma terceira v ia no Egito (e no mundo
árabe) - um regime que não seja nem uma ‘ditadura amiga’ dos EUA nem Minha lista de blogs
uma teocracia mais ou menos fundamentalista. O prim eiro passo para
construir esse cam inho é não satanizar a Irm andade Amurtah
Arte greco-budista XXI
Muçulm ana, principal organização religiosa do país, de m aioria Há 2 meses
m oderada, na ilegalidade desde os anos 50. Confundi-la com o
Augusto Nunes | VEJA.com

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ex tremismo, com o querem Israel e a direita em geral, é uma tolice” #SanatórioGeral: Neurônio abandonado
Há uma hora
(Grifos meus).
Bios Theoretikos
"Impressão: nascer do sol", de Claude
Monet
Curiosa caracterização a do colunista: Israel como uma espécie de caso particular de Há 7 anos
uma "direita em geral". "Israel" aí já não é uma palav ra que designa um "objeto" tão
Blog do Angueth
complex o quanto uma nação, e cuja descrição dev eria ser igualmente complex a. Nas São José, rogai por nós!
mãos do colunista, "Israel" passa a ser um mero símbolo estereotipado, utilizado como Há 4 meses
arma psicológica para prov ocar a antipatia dos leitores (assim como "direita", "FMI",
Blog do Pim
"imperialismo estadunidense", "George W. Bush" etc.) etc. Não é v erdadeiramente
O Blog do Pim agora está na VEJA.
espantoso que o colunista crie um monstrengo a quem satanizar - "Israel e a direita" - no Acompanhe lá, todos os dias!
instante mesmo em que critica a "satanização" da Irmandade Muçulmana? Como notou Há 5 anos
Reinaldo Azev edo a respeito do tex to de Barros e Silv a, não é que o colunista da Folha
Cenas de Paris
combata o preconceito - ele combate é o preconceito errado. Contra a Irmandade Mais sobre a exposição Jacques Tati
Muçulmana ele (o preconceito) é repudiado; já contra Israel, ele representa Há 10 anos
imparcialidade e correção jornalística.
Cesar Gordon
A floresta por quem vê o invisível
Há 11 anos
Mas reserv emos o comentário de Barros e Silv a para daqui a pouco. Vejamos mais um
ex emplo, tirado agora não de uma coluna de opinião, mas de uma reportagem Ciência Brasil
Professores de matemática de
supostamente informativ a sobre a Irmandade Muçulmana, saída no Globo Online no
Ugandópolis (Brasil) fazem com que as
mesmo dia da coluna de Barros e Silv a. Intitulada "Saiba mais sobre a Irmandade crianças odeiem contas. Resultado: é um
Muçulmana", a reportagem informav a: desastre o que o povo sabe de
matemática.
Há 3 anos

Construindo o pensamento
"FIM DA VIOLÊNCIA. No passado, o mov imento tev e uma div isão
paramilitar, mas renunciou à violência nos anos 1950, Contra Impugnantes
com prom etendo-se a prom over política através da dem ocracia Compra do livro "COSMOGONIA DA
DESORDEM"
(...) Diferente dos grupos de oposição a Hosni Mubarak da década de 90, a
Há um ano
Irm andade tem um a liderança em grande m aioria laica, formada
por profissionais liberais modernos, como médicos, adv ogados e Diogo Mainardi - VEJA.com
professores (...) Hostil a Israel e à política dos Estados Unidos na região, o
Diplomatizzando
grupo tem com o seu m aior aliado estrangeiro o m ov im ento
Julho: mês de férias, mês de leituras:
islâm ico palestino Ham as, com quem com partilha a posição de PRAlmeida em Academia.edu
um a luta arm ada contra israelenses" Há 16 horas

Escrevo, sim!
O Grande Buda!
Há 8 anos
Na mesma linha do artigo de Barros e Silv a, a matéria no Globo Online pretende retratar
Eu gosto de Agatha Christie
a Irmandade Muçulmana como um grupo moderado e pacífico, formado não por Há 6 anos
ex tremistas religiosos, mas por profissionais liberais e laicos. O estranho é que o autor
Frases do Calvin
da matéria aparentemente não v iu nenhuma contradição entre afirmar que a Calvin & Haroldo & Star Wars - Uma
Homenagem Estrelar!
organização "renunciou à v iolência nos anos 1 950" e que, ao mesmo tempo, ela tem
Há 3 anos
como maior aliado o Hamas, "com quem compartilha a posição de uma luta armada
Fusca Brasil
contra israelenses". Prestar apoio a um grupo terrorista e, ao mesmo tempo, renunciar à
Golpe no Recesso
v iolência são duas atitudes que se contradizem. Ainda que a Irmandade Muçulmana não Há 5 dias

pratique a v iolência com as próprias mãos, isso não significa que não comande a Necromanteion
v iolência. Adolf Hitler não abria pessoalmente as torneiras das câmaras de gás. Mas Marsilio Ficino e a natureza das virtudes
Há uma semana
v amos adiante.
O bico do tentilhão
OliverTalk: Estudar Sócrates em 2019? Ele
nem tem diploma!
Ainda no dia 7 /02, o colunista Clóv is Rossi, também na Folha de São Paulo, alertav a Há 5 dias

para o risco de se fazer com o islamismo no século XXI o mesmo que se fez com os O GLOBO » Blogs » Blog do Noblat
judeus no século XX, ou seja, submetê-los a um processo de aniquilação. Sem oferecer Quem diz que o amor é falso, por Luiz Vaz
de Camões
ao leitor qualquer ev idência de que os muçulmanos estejam passando por algo Há 4 anos
semelhante ao que passaram os judeus, Rossi faz uma estranha reclamação: "Cada v ez há
O GLOBO » Blogs » Lucia Hippolito
mais análises dizendo que 'essa gente' (i. e. os muçulmanos) não tem direito a querer a
democracia porque basta que a tenham para que v otem, por ex emplo, no Hamas" (ler Obamatório
aqui). E se eles não tivessem conseguido?
Há uma semana

Odilon de Oliveira
Onde será que Rossi descobre essas tais análises? Seria de bom tom ele ter citado pelo
Olavo de Carvalho - Sapientiam
menos uma, nem que fosse para matar a curiosidade de seu leitor. Porque, dando uma Autem Non Vincit Malitia
olhada nos principais v eículos de comunicação brasileiros, as únicas 'análises' (se é que
Professor Paulo Moura
se pode usar o termo) que encontrei diziam o mesmo que Rossi, a saber: que os
muçulmanos eram v ítimas de preconceito e satanização. Rossi nem se deu conta de que, Reinaldo Azevedo - Blog - VEJA.com
MEU ÚLTIMO POST NA VEJA
no mesmo jornal e no mesmo dia em que ele reclamav a das tais análises preconceituosas Há 2 anos
contra os muçulmanos, o colunista Fernando de Barros e Silv a fazia ex atamente o
Revista Vila Nova
mesmo em relação à Irmandade Muçulmana. Ou seja, Rossi não percebe que sua posição
é majoritária. Desafio-o a encontrar, na grande imprensa, alguma análise que trate os

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muçulmanos por "essa gente". A opinião pública brasileira é quase toda pró-islâmica. E The United States and the New
World Order
Rossi ainda acha pouco. Ele quer acabar até com as ex ceções. INDEX/ÍNDICE
Há 7 anos

Verde: a cor nova do comunismo


Mas um dos casos mais significativ os de parcialidade pró-islâmica (e anti-Israel) parece- Ideólogo ‘verde’ condena homem como
'assassino serial' da Criação (sic!)
me ser o da diretora do Centro de Estudos Árabes da USP, sra. Arlene Clemesha, Há 3 dias
freqüentemente conv idada, na condição de especialista neutra e imparcial, para falar
sobre os conflitos no Oriente Médio em programas de telev isão.
Seguidores

Seguidores (35) Próxima


No programa Entre Aspas, da Globo News, que foi ao ar em 1 /02/201 1 , Clemesha
alertav a:

"O que chama atenção é o medo de que isso tudo possa lev ar a Irmandade
Muçulmana ao poder (...) O problem a não é o fato em si. O que causa
espanto é o m edo que o m undo tem disso. Por que é que têm tanto
medo de um gov erno islâmico? (...) Eu acho que é infundado esse medo,
Seguir
porque os islâmicos estão ali prontos para dialogar como qualquer outra
força política dentro do país. Eles não são seitas, não são grupos
terroristas, são partidos políticos" (v er o programa na íntegra, o trecho A razão e o título deste blog

acima ocorre por v olta dos 6m1 0s). Este blog nasceu da constatação de
que o Brasil, alinhado com outros países da
América Latina, vem numa escalada vigorosa
rumo ao totalitarismo. É possível perceber,
nas mais diferentes esferas, indícios de que
Um fato digno de nota é que a entrev istada fez esse comentário no contex to de uma
estamos próximos – se é que já não
pergunta sobre a transição política no Egito. Pulando por cima da pergunta do chegamos lá – de viver em pleno 1984, de
entrev istador e do "fato em si", Arlene Clemesha parecia ansiosa por enfatizar um outro George Orwell. Orwell, aliás, foi um dos
primeiros a perceber que toda revolução
ponto, o mesmo de sempre: o medo que Israel e o resto do mundo têm de um gov erno
totalitária é precedida por uma revolução
islâmico é paranóico, fruto de preconceito e "orientalismo" (o guia espiritual de semântica, e esse é um dos temas centrais
Clemesha e demais analistas brasileiros é Edward Said). A Irmandade Muçulmana, afinal do presente blog.

de contas, seria um grupo pacífico, disposto ao diálogo, um partido político regular. Creio que o Brasil está passando por
um processo de deturpação da linguagem
pública, especialmente política. Tal
deturpação cria uma camada semântica
Arlene Clemesha já hav ia utilizado o mesmo argumento em relação ao Hamas e ao Fatah. protetora, bloqueando o acesso à realidade,
Em entrev ista ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU Online), em fev ereiro de 2009, e impossibilitando sua correta expressão. É
como se tivéssemos passado ao largo das
Clemesha dissera que era preciso reconhecer o Hamas e o Fatah como partidos políticos
bases fundamentais do pensamento
legítimos. Em suas palav ras: ocidental, ignorando a criação da filosofia e
ciência política por Sócrates, Platão e
Aristóteles. Como se estes pensadores
nunca tivessem existido para além de
pequenos círculos de estudiosos, o Brasil
"Em 2006, quando o Hamas v enceu as eleições, aconteceu essa situação
parece ter adotado o paradigma sofista,
inaceitável, ou seja, o Estado de Israel, junto com os Estados Unidos e a onde a retórica e o consenso público -
Europa, não reconheceu a v itória do Hamas. Então, o pov o palestino reforçado hoje pela "rebelião das massas",
elegeu, democraticamente, um gov erno e o mundo não reconheceu esse no sentido de Ortega y Gasset - eram mais
gov erno e o derrubou. Isso sim é um exercício do autoritarism o e importantes do que a verdade. Como dizia
da ingerência. É assim que colocam o Ham as com o um grupo outro autor que admiro muito, o filósofo
terrorista, e não um partido político legítimo" (grifos meus). político Eric Voegelin, o totalitarismo é
menos um fenômeno político e mais um
fenômeno pneumopatológico, ou seja, uma
doença do espírito. Ele começa na mente
doentia de alguns guias espirituais e líderes
Arlene Clemesha afirma que EUA e Israel "colocam o Hamas como um grupo terrorista".
políticos e, daí, quando não encontra uma
Bem, só no período de 1 993 a 2008, foram mortos aprox imadamente 800 civ is reação firme e pronta, se espalha para toda
israelenses (incluindo muitas mulheres e crianças) em atentados terroristas cuja autoria a sociedade. Como mostrou Voegelin no
foi assumida e celebrada pelo Hamas (v er aqui). magistral “Hitler e os Alemães”, isso foi o
que aconteceu na Alemanha, por exemplo,
permitindo a ascensão do nazismo. A
O Hamas, o "partido político legítimo" de Arlene Clemesha, é dono da TV Al-Aqsa. Em sociedade alemã, na época, não teve a
coragem de perceber a extensão do
2007 , a emissora ex ibia o programa infantil "Pioneiros do Amanhã". Apresentado por
problema, nem tampouco possuía meios de
uma menina de 1 2 anos chamada Saraa Barhoum, que dialogav a com um rato (cópia
descrevê-lo corretamente. Mutatis
grotesca de Mickey Mouse) de nome Farfur ("borboleta", em árabe), ele seria mais um Mutandis, creio que algo semelhante ocorre
típico programa infantil não fossem as mensagens de supremacia islâmica e ódio aos no Brasil. Os grandes responsáveis por isso
judeus que se somav am àquelas mais tradicionais de "escov e os dentes" ou "seja são, a meu ver, os formadores de opinião:
obediente". Num dos episódios, por ex emplo, ouv e-se a v oz de uma criança (chamada imprensa, comentaristas políticos, artistas,
Sanabel) que ligara para o programa. Em diálogo com os apresentadores, Sanabel - que, intelectuais.
pela v oz, não aparentav a ter mais do que seis ou sete anos - afirma, entre outras coisas,
O fato é que a sociedade brasileira
querer "lutar e aniquilar os judeus" e "ser um mártir". Enquanto isso, o rato Farfur dav a está cada vez mais suscetível a todo tipo de
conselhos de como ser "o senhor do mundo" (v er aqui). totalitarismo, e o domínio que o atual
governo exerce sobre diversos domínios
sociais - chegando mesmo a impor um

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Diante de tudo isso, é preciso muita cara-de-pau para sugerir que o Hamas seja um quadro de referências e linguagem permitido
partido político legítimo e que a acusação de terrorismo que pesa contra o grupo não - é um claro sinal. Este blog pretende reunir
amostras que nos ajudem a compreender
passa de uma criação americana e israelense.
como o Brasil e o Universo puderam se
distanciar tanto...

Mas Clemesha não se intimida pela realidade. O ex ercício da cara-de-pau parece ser sua
especialidade, v ocação até. Naquela mesma entrev ista, ela justificav a a ev entual V ídeos interessantes
v iolência de grupos como o Hamas afirmando que a razão para o conflito no Oriente
Como a URSS contribuiu para a ascensão
Médio teria sido a "imigração dos sionistas para a Palestina". O problema teria se
do Nazismo
agrav ado em 1 948, com a criação do Estado de Israel. Dizia ela:
Vídeo-propaganda do 3º Congresso
Nacional do PT: "Socialismo Petista"

"Precisamos lev antar a questão: que legitimidade ex iste nessa partilha da Página inicial Pesquisar este blog
Palestina? Como a ONU entrega a um mov imento sionista uma terra que
tem dono, que tem população, que tem cultura, que tem passado, enfim? Pesquisar
(...) Será que não é mesmo hora de nós questionarmos a v alidade da
resolução que criou essa partilha da Palestina? Agora, v eja, eu não estou
dizendo que vam os elim inar o Estado de Israel e jogar os judeus
no m ar".

Clemesha fez bem em esclarecer: ela não quer jogar os judeus no mar. Ufa! O leitor já não
tinha tanta certeza. Pelo andamento da entrev ista - na qual Clemesha chega a acusar os
sionistas de terroristas, enquanto insiste no caráter pacífico e ordeiro do Hamas - parece
que Israel é mesmo um enclav e de crueldade e opressão num oásis de paz e harmonia.
Clemesha não faz nenhuma referência ao fato de que Israel é a única democracia da
região, e que os cidadãos palestinos que lá v iv em gozam de direitos que jamais
sonhariam possuir em seus territórios de origem.

Pois bem. Como se v ê, aquela mitologia de origem do conflito no Oriente Médio é a única
v ersão conhecida pelos nossos comentaristas. Só isso poderia ex plicar o fato de que,
numa mesma semana, como se atendendo a um comando superior, div ersos v eículos de
comunicação tenham batido de forma unânime na mesma tecla: por um lado, o caráter
pacífico de organizações islâmicas e, entre elas, da Irmandade Muçulmana em
particular; e, por outro lado, o caráter suspeito dos alertas feitos por Israel.

Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra. A unanimidade da imprensa


brasileira nesse caso parece-o ainda mais - isso na melhor das hipóteses - porque baseia-
se em distorções brutais da realidade. Mas, coitada, talv ez não seja justo culpá-la. Sem
auto-confiança e capacidade de autonomia analítica, os nossos formadores de opinião
reproduzem, inseguros, tudo o que lêem no New Y ork Times ou escutam da boca de
Noam Chomsky .

De todo modo, é preciso desfazer as mistificações e as deturpações ideológicas que


cercam a situação no Egito. Proponho aqui um brev e ex ame da Irmandade Muçulmana
para mostrar que, ao contrário do que sugerem nossas "v elhinhas de Taubaté" dos meios
de comunicação, Israel tem toda a razão em se preocupar. Antes, porém, é preciso dizer
alguma coisa sobre a mitologia da v itimização palestina. Eis o assunto da próx ima
postagem.

(continua na Parte II).

às fevereiro 09, 2011

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