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Bergen, foi fundada em 1070, sendo a capital da Noruega na Idade Média. Até o século
XIV abrigou uma importante fortificação viking. O cais do porto ainda guarda
cuidadosamente o antigo centro comercial repleto de casinhas de madeira coloridas em
ocre e tijolo, com telhados de duas águas. Nos armazéns e estalagens de outrora, agora
funcionam restaurantes, museus e lojinhas que até parecem ter sido tirados de uma cidade
cenográfica. A atmosfera é extremamente acolhedora, apesar do frio que impera na maior
parte do ano e da chuva que teima em cair quase todos os dias.

Entretanto, tudo estava um caos. Talvez não mais caótico que a vida dos Yang e dos Park,
os cientistas mais bem sucedidos do país, que haviam se formado na universidade mais
reconhecida da Noruega, a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTUNU).
Havia cerca de dez minutos que a vida dos quatro melhores amigos havia, completamente,
virado de cabeça pra baixo, com apenas uma decisão, tudo seria jogado no lixo.

O amor e qualquer tipo de afeto havia sido proibido pelo governo da Noruega em todo o
país. Seria injetado uma dose de "vacina" em crianças e adolescentes da próxima geração
para que elas não sentissem repúdio a seguir regras, e que não tivessem empatia e amor
pelas pessoas. A notícia foi mostrada em todos os lugares de mídias possíveis. Mas não
para o mundo, o mundo não sabia o que estava acontecendo ali. O presidente, Hansen
Jonhson, não era bobo, ele sabia que no momento em que falasse sobre as novas medidas
de seu país, elas sairiam em notícias pela internet á fora. E cortar ela por todo país já era
parte de seu plano, e foi o que ele fez. Tudo havia sido guardado por anos, sendo planejado
milimetricamente, pra que nada saísse de seu controle, e nada saiu.

Bom, nada que ele soubesse, já que no momento em que foi dito as novas leis e medidas
do governo do mesmo, os quatro melhores amigos estavam juntos pensando no que fariam
para se esconderem, o mais rápido possível. Eles não aceitariam que a vida deles fosse
virada completamente do avesso simplesmente por um ego inflado de um "velho que não
consegue ninguém para ficar", como dizia com raiva a mais nova do grupo, Yang Sieun.

- O que a gente vai fazer agora? - disse, Yang Sooyu, juntando as mãos numa tentativa de
parar sua tremedeira e sentou-se para ficar mais calmo. - Não podemos simplesmente parar
de gostar das pessoas, de sermos amigos, de sermos uma família. - ele passou a mão no
cabelo nervoso.

- Eu estou tão preocupada com Jay. - a mais velha do grupo, Claire, disse. Estava grávida
de Jay a cinco meses, não queria que seu filho passasse por aquilo, não conseguia
imaginar colocar uma criança num mundo em que ele nunca poderia ser quem ele quisesse,
escolhesse os amigos que quisesse, ficasse com quem quisesse, amasse quem quisesse.
A cada vez que pensava em seu bebê, só conseguia chorar, mas ao mesmo tempo se
mantinha forte porque não queria deixar tudo mais preocupante do que já estava.

- Nós somos bons cientistas, precisamos continuar com as pesquisas da nossa bebida. -
disse Park Seong, se pronunciando. - Vamos bolar algum plano, qualquer coisa, preciso
que Jay nasça em segurança e o governo não o leve da gente. - ele pegou a mão de sua
namorada numa tentativa de acalma-la.

Seong e Claire namoravam desde os quinze anos, a dez anos atrás, quando a mais velha
jogou uma bola na cara do mais novo enquanto jogavam queimada na aula de educação
física. Seong se apaixonou ali, sabia que Claire não se entregaria fácil, mas uma semana
depois estavam se agarrando pelos fundos da escola, era um segredo só deles, e era
errado, mas era bom. Um mês foi o suficiente para que ele pedisse ela em namoro e eles
começassem a ficar juntos o tempo todo. Foi aí que a história de Sieun e Sooyu começou.

Sooyu era melhor amigo de Seong, e andava com ele e sua namorada para todos os
lugares, eram um bom trio, até eles verem uma garotinha chorando debaixo de uma árvore
na escola, e se tremendo como uma gatinha assustada. O Yang não hesitou em ir até a
menor e dar um abraço na garotinha, mesmo que não a conhecesse muito bem, já havia
percebido que ela tinha alguns problemas em casa. Desde então, nunca mais os quatro se
separaram, e ambos os garotos decidiram pedir a mão em namoro, oficialmente, das duas
garotas, juntos, o que tornou tudo especial para todos eles, porque eles eram família e
família compartilha momentos bons e ruins.

- Nós deveríamos ir pra minha casa na floresta perto do Monte Fløyen. - se pronunciou,
novamente, Sooyu. - Lá podemos continuar nossa produção das bebidas e aguentar por um
tempo sem ninguém nos achar. - os outros três concordaram com ele. - Mas nós sabemos
que uma hora vão nos achar, eu só espero que a gente consiga proteger nossos meninos. -
ele disse com a cabeça baixa e já arrumando as coisas que iria levar para a casa.

- Nossos meninos? - disse Claire, assustada. - Você está grávida, Yang Sieun, e não me
contou? - a mais velha disse, cruzando seus braços e olhando para a amiga com a cara de
brava mais fofa que já viu.

- Não estou, sua boba. - a mais nova lhe abraçou. - Mas Sooyu jura que quando tivermos
filhos, que ele acha que vai ser apenas um, vai ser um menino.

- Pois isso seria incrível. - Seong disse animado. - Ele e Jay seriam os melhores amigos do
mundo, assim como a gente. - ele diz sorridente, sempre o "moodmaker" do grupo, como os
outros o chamavam. - Eles seriam confidentes um do outro, se respeitariam, eles seriam
família também, isso é ótimo. - os olhos do mesmo brilhou, apenas de imaginar seu
pequeno e seu "sobrinho" a brincarem juntos. - Por favor, façam esse filho logo, eu imploro!
- e todos riram com a fofura do mais velho, que realmente havia ficado animado com a
ideia.

Assim, eles continuaram a conversar, ainda arrumando todas as coisas que levariam, sobre
as coisas que fariam caso Sieun e Sooyu tivessem filhos, como criariam eles e explicariam
toda a situação que estava ocorrendo. Porque era algo novo, e não um novo bom, era
assustador. E mais assustador era perceber em como o tempo passa rápido quando se tem
problemas a resolver, porque em um piscar de olhos Jay já havia nascido e Sieun realmente
estava grávida de um garotinho.

- Eu disse pra vocês que seria um menino. - Sooyu disse, se gabando.

- Realmente, você acertou, irmão. - disse o mais velho abraçando-o, era normal o afeto de
irmãos que eles tinham, 11 anos de amizade não são para qualquer amizade.

- Só estou preocupada com uma coisa. - Sieun se pronuncia. - Como a gente vai saber se a
bebida realmente deixa as pessoas mais amorosas e não os deixa esquecer das coisas? -
ela indaga. - Jay ainda é pequeno, não vamos conseguir ter uma resposta por ele. Nós não
tomamos a vacina, então não vamos sentir diferença. Precisamos achar alguém que tenha
tomado e caia em alguma brincadeira nossa, pra vermos se realmente funciona. - ela
conclui.

- Acho que consigo. - disse Seong, já com um plano em mente. - Sei que abusar das
pessoas é errado, principalmente de crianças, mas elas demonstram as coisas de uma
maneira mais fácil e objetiva. - ele continuou. - As crianças foram recolhidas mas um amigo
nosso, o Lee, lembram? - pergunta e todos assentem. - Ele tem um filho, de nove anos,
acho? Heeseung, o nome. Não gosto da ideia de usar as pessoas, mas isso não vai ser
algo beneficiário só da gente, sim pra toda nossa sociedade que não faz ideia do que tá
acontecendo.

Lee achou estranho quando os quatro amigos bateram em sua porta, não eram íntimos a
esse ponto, mas estava feliz por ver rostos conhecidos e felizes, não vivendo o inferno que
ele estava tentando sobreviver. Sabia do experimento deles, e sempre os apoiou quanto a
isso, pois era uma ideia inovadora e realmente fazia seu coração encher de alegria. Não
havia tomado a vacina, mas havia falsificado seu papel constando que havia sim tomado,
ele era um bom estudante de informática, afinal. Mas não conseguiu fazer o mesmo com
seu filho, Heeseung, já que não tinha controle sobre o que acontecia na vida do filho, que
morava com a mãe. O Lee mais novo ficava nos fins de semana na casa do pai, e por sorte,
ou nem tenta assim, ele estava lá naquele dia, onde tudo começou.

- Ei, Jeno. - disse Seong, cumprimentando o amigo. - Você sabe porque estamos aqui né?
- indagou.

- Não tinha tanta certeza, pra ser sincero. - ele deu espaço para eles entrarem na casa. -
Mas pelas expressões sérias de vocês, já posso imaginar que coisa boa não é. - todos se
sentaram no sofá da sala do mesmo.

- Sabemos que você não tomou a vacina, o que é ótimo porque deve ser horrível a
sensação de não sentir absolutamente nada. - Sieun disse, tomando a frente da situação. -
Mas sabemos que Hee tomou, já que você não tinha controle nenhum sobre isso. - ela
disse com calma, pois sabe que é um assunto delicado. - Você se lembra do nosso
experimento, certo?

- Claro que me lembro. - disse sorridente. - Como eu esqueceria de vocês correndo na


universidade pra lá e pra cá com caixas e mais caixas de bebidas, comidas e coisas
químicas tudo junto? - ele ri. - É impossível não lembrar do esforço que vocês faziam, vocês
só não sabiam que talvez isso fosse ser algo realmente necessário, era pra ser algo apenas
legal e gostoso pra sociedade mergulhar no amor.

- Infelizmente não controlamos o mundo. - Seong disse. - Mas como dissemos, Hee tomou
a vacina e gostaríamos de saber se podemos usá-lo como experimento... - dizendo desta
forma Claire lhe olhou com a cara mais assustada do mundo, tentando lhe alertar que tinha
falado algo de errado. - Não como experimento, mas ele é só uma criança, e você sabe que
elas expressam as coisas de forma mais natural, seria importante pra todos nós sabermos
se ela realmente vai funcionar, se ele vai expressar alguma coisa. - ele melhorou o discurso.

- Tá tudo bem em chamá-lo de experimento, pois foi exatamente isso que fizeram com ele e
com o resto do nosso país. - disse o Lee, rindo ironicamente. - Confio em vocês, por mais
que não sejamos os melhores amigos do mundo, sei que não matariam meu filho, não
fariam mal a ele. - ele se levantou. - Vou buscá-lo no quarto, só espero ter o meu filho de
volta porque o que está lá em cima é apenas um robô.

A bebida que os jovens tinham feito, tinha um prazo de dar certo até em uma semana, e
eles decidiram acompanhar Heeseung de perto e anotar todas as mudanças que o
garotinho estava tendo. E estava dando certo.

Em alguns dias, o menino já sorria mais, já dizia o quanto gostava de seu pai e se
preocupava ao ver pessoas deitadas na rua, se perguntava porque não tinham uma casa,
como ele tinha, pra ir. Heeseung era um herói, não um experimento, ele apenas confirmou o
que os quatro amigos já sabiam: eles haviam achado talvez a cura para a maior das
doenças do país, porque não sentir nada por ninguém, nem ao menos dó ou raiva, é uma
doença, e, até aquele momento da sociedade, algo impossível.

Felicidade era algo que os jovens estavam tendo pouco durante aquele período presos
dentro de uma casa, mas com Jay e Jungwon, como haviam chamado o filho de Sieun e
Sooyu, a casa de enchia de alegria, e por alguns míseros minutos, todos esqueciam que o
mundo lá fora estava virando a maior das ditaduras que o mundo veria, se o mundo um dia
soubesse sobre isso. E o que eles não esperavam, era que a mãe de Heeseung, ex-esposa
do amigo deles, Lee Jeno, os denunciaria, já que seu filho estava "diferente".

E agora o grupo de amigos não sabia mais se eles eram culpados ou inocentes.

- Não há necessidade de prender elas. - gritava Seong, desesperado ao ver os homens


jogando Sieun e Claire no chão, amarrando-as. - Não há necessidade de prisioneiros. - ele
começou a chorar.

- Vadia, mãos para trás. - um policial disse a Claire, enquanto tinha uma perna em sua
coluna, a impossibilitando de reagir.

Tudo o que eles não queriam, aconteceu. E Jay, que estava sendo levado pelo conselho,
segurava a mãozinha de Jungwon, mesmo que pequeno, sentia que precisava protegê-lo.
Porque os pais deles estavam fazendo tudo isso por eles, fazendo tudo por amor, porque o
amor deles é infinito.

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