Você está na página 1de 228

A presente tradução foi efetuada pelo grupo WL, de modo a

proporcionar ao leitor o acesso à obra. Incentivando à posterior


aquisição.

O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de


publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor,
sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as
obras, dando a conhecer os autores que, de outro original, modo,
não poderiam, idioma não ser no a impossibilitando conhecimento
de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os
direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo WL
poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender
o acesso aos livros e retirar o link de disponibilização dos mesmos,
daqueles que foram lançados por editoras brasileiras. Todo aquele
que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download
se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se
de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho
de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização
expressa do mesmo.

O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado


responderá pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o de
qualquer WL parceria, coautoria grupo ou coparticipação em
eventual delito cometido por presente obra literária para obtenção
de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal
e lei 9.610/1998.
SINOPSE
A princesa Pilar está cansada de seguir as regras.

Ela está cansada dos holofotes e de ser vista como a


tensa e boazinha que a mídia a transformou.

Ela está especialmente cansada do fato de que seus


irmãos podem fugir e fazer o que quiserem enquanto ela
fica lá vendo o mundo passar.

É por isso que decide que enquanto seus irmãos mais


velhos estão de férias de verão, ela vai fazer as malas
em silêncio e viajar para o único lugar onde seus pais
sempre a proibiram de ir - Ibiza.

Como estrela do futebol, Benjamin Drake tem de tudo - o


dinheiro, os carros, os contratos de roupas e qualquer
mulher que quiser.

O problema é que a única mulher que Ben sempre quis o


suficiente para se acomodar é a Princesa Pilar, aquela
que ele nunca, jamais poderá ter.

Apesar de sua fama e conquistas, no mundo de Pilar,


ela sempre será a realeza e ele sempre será um garoto
do lado errado das pistas que teve sorte.

E nunca seria aceito. Ele sabe disso.

No entanto, quando ele vê Pilar no mesmo clube que ele,


todas as apostas estão canceladas. Ele está
determinado a colocá-la em sua cama, mesmo que seja
apenas por uma noite.
PRÓLOGO

Pilar

1 ano atrás…

— Seu pai está morrendo.

Meus irmãos mais velhos e eu trocamos um olhar sério por


essas palavras. Não foi uma surpresa nem um choque. Sua saúde
vinha agravando há anos e era apenas uma questão de tempo
antes que isso acontecesse. Só que nada disso tornava a situação
mais fácil. Minha mãe estava estoica mesmo quando ela nos deu a
notícia. Disse uma vez disse que aprendeu observando meu
pai. No silêncio de seus aposentos, cantei em meus
pensamentos. “Vida longa ao rei!”

Era algo que as pessoas diziam em pubs enquanto bebiam,


fora dos muros do palácio durante as cerimônias e na forma de
saudação quando conheciam meu pai. Meu pai. O rei da
França. Aquele que estava se deteriorando lentamente na sala ao
lado, como muitos reis antes dele.
Éramos bem instruídos e conhecíamos a história de nossos
soberanos, assim como os da pátria da minha mãe, a Espanha. A
única constante em todas essas histórias era a morte. Morte por
peste, morte por combate, morte por câncer, mas sempre
morte. Por mais oportuno ou inoportuno que possa parecer. No
entanto, quando confrontados com isso, não tínhamos certeza do
que fazer. Quando confrontados por ela, todos nós sentimos a
mesma coisa que aqueles que estavam fora dessas
paredes. Mesmo que não mostrássemos em nossos rostos como
minha mãe. Por dentro, choramos e trememos. Ficamos com
medo. Sentimo-nos vazios.

Meu irmão mais velho, Elias, segurou minha mão


direita. Meu outro irmão, Aramis, pegou minha esquerda. Nós nos
confortamos, nós três sabendo que isso mudaria o curso de nossas
vidas para sempre. Éramos os únicos que poderiam entender o
que o outro estava sentindo, nos permitimos chafurdar enquanto
nossa mãe estava de costas para nós, de cabeça erguida enquanto
olhava pela janela.

— Ele quer coroar Elias antes de partir, — disse mamãe, com


a voz trêmula. — Quer estar aqui para isso, pelo menos.

A mão de Elias apertou mais a minha. Ele baixou a cabeça


como se as palavras dela tivessem desferido um golpe. Eu sabia
que sim. Uma coisa que Aramis e eu não invejamos é que Elias era
o próximo na fila. A ideia de ser rei pode parecer excitante para
alguns, mas conhecíamos a realidade disso. A prova estava
morrendo na sala ao lado.

— O médico está prevendo seis meses para ele, — continuou


a mãe. — Vocês todos se comportarão da melhor maneira nas
próximas semanas. Seu pai não quer que ninguém saiba disso
ainda. Não até que tudo esteja pronto para a coroação. Isso
significa que você pode tirar umas férias curtas como faria
normalmente, mas sem escândalos desta vez. Não temos tempo
para erros. Elias, faria bem em usar este tempo para refletir. Pode
ser a última vez que possa fazer isso. Aramis, imploro que seja
discreto. Por favor, nada de tabloides. Pilar, você nunca nos
incomodou. Por favor, se mantenha assim.

Ela se virou e nos encarou. Foi então que vimos sua


expressão angustiada e olhos injetados de sangue. Nós três nos
aproximamos um do outro, aconchegando-nos como se
quiséssemos evitar que algo se interpusesse entre nós.

— Foi para isso que os preparamos para todas as suas


vidas. Não nos decepcione.
CAPÍTULO UM

Pilar

— Quanto você está de ressaca? — minha melhor amiga e


secretária pessoal, Joslyn, perguntou enquanto abria todas as
persianas.

— Muito, — eu resmunguei, jogando um braço sobre meu


rosto para me proteger do sol. — Não se preocupe, nada de
escândalos da minha parte.

— Você tem certeza disso? O chef viu Benjamin Drake saindo


de sua villa pouco antes das cinco da manhã.

— O quê? — Sentei-me rapidamente com um suspiro. — Não.

— Sim. — Ela ergueu uma sobrancelha. — Eu tiro uma noite


de folga e você faz a festa sem mim?

— Eu... — Balancei minha cabeça. — Fui a um bar de


narguilé e depois ao clube ao lado dele... — Tentei me lembrar das
lembranças da noite anterior. — Eu... sim, eu definitivamente falei
com Ben. Acho que podemos ter dançado. — Fechei meus olhos
momentaneamente. — Eu estava extremamente bêbada.

— E você está tomando remédios. — Joss me lançou um olhar


pesado. — Sabe que não deve misturar coisas assim com álcool.

— Porra. — Levei minhas mãos ao meu rosto e enxuguei meus


olhos. Eu tinha esquecido completamente que tinha tomado o
remédio que o médico me deu para a sinusite que eu não tinha
mais. Era meu último dia tomando. — Como não me lembro de ter
passado a noite com Benjamin-maldito-Drake?

— Como, na verdade? — Joss suspirou enquanto se sentava


na beira da minha cama. — E deve ter causado uma boa
impressão.

— Por que você diz isso?

— Seu pessoal me ligou uma hora atrás. Ele quer que você o
acompanhe a um baile na próxima semana.

— Eu?

— Sim.

— Por que eu? Eu nem gosto de aparições públicas.

Joss trabalhava como minha secretária pessoal há pouco


tempo. Até agora, contratá-la foi a melhor decisão que já
tomei. Tínhamos ido para uma faculdade só para meninas. Antes
disso, frequentamos um colégio só para meninas. Nós nos
conhecíamos desde que nascemos - tecnicamente antes disso, já
que nossas mães ficaram grávidas ao mesmo tempo. Foram
melhores amigas ao longo da vida, e proclamaram o destino de
nossa amizade ficando emocionadas ao vê-la se concretizar da
maneira que aconteceu. Eu estaria perdida sem Joss.

Isso não significa que concordava com ela sobre essa coisa
em particular. Só fiz algumas aparições públicas porque sempre
resultavam em uma coisa ou outra. O último evento de que
participei em nome da Coroa foi com minha cunhada, Adeline, a
rainha. Eu caí de bunda ao descer um lance de escadas. Foi
morbidamente embaraçoso, para dizer o mínimo.

Adeline, sendo tão natural como era, sentou-se ao meu lado


e brincou como se estivéssemos procurando um brinco
perdido. Essa foi a foto que os paparazzi tiraram - duas mulheres
procurando uma relíquia de família. Estava tudo bem até que
minha mãe nos deu um sermão sobre como aquilo parecia
irresponsável e nos lembrou de como as rainhas e princesas nunca
deveriam estar no chão, etc., etc.

Eu olhei para cima e encontrei Joss olhando para seu telefone


com uma careta no rosto.

— O que tem de errado?

— Seu irmão é um idiota. Isso é o que está errado.

— Qual deles?

— Aramis. — Ela me lançou um olhar exasperado. — Ele está


mais uma vez nas manchetes. Não sei como Elias vai lidar com o
estresse do trono e os erros de seu irmão.

— Quem se importa? — Eu bocejei. — Aramis tem seu próprio


secretário para fazer o controle de danos.
— Ha. Você quer dizer aquele que desistiu esta manhã?

— O quê? — Eu pisquei. — George saiu?

— Sim. — Ela balançou a cabeça, jogando o telefone na


cama. — Isso dá três secretários em três semanas. Como eu disse,
ele é um idiota.

— Pobre George. Eu gostava dele.

— Eu também. — Joss se levantou. — De qualquer forma,


levante-se. Temos coisas para conversar e vestidos de bailes para
comprar.

— O quê? Não. Eu não vou ao baile com Ben. Diga a ele que
estou lisonjeada pelo convite, mas não poderei ir.

— Você vai dizer não para Benjamin Drake? O homem que


você deseja por cinco anos? O cara com quem você acabou de
passar a noite e não consegue nem se lembrar de um único
segundo?

— Nem me lembre. — Peguei o lençol e o puxei sobre minha


cabeça. — Diga a ele que eu não faço aparições públicas.

— É por uma boa causa. Vai ser bom para a Coroa. Isso tirará
os holofotes de Aramis e, por sua vez, de Elias e Adeline, e dará a
eles um momento de descanso.

Eu me acostumei a viver sob um microscópio. Às vezes,


absolutamente odiava, mas era a irmã mais nova do rei da
França. Era de se esperar que vivesse sob escrutínio. O
falecimento do meu pai atraiu a todos nós ainda mais atenção da
imprensa, especialmente Addie e Elias. Os paparazzi os amavam,
mas já estava demais. Eles não podiam nem andar pelos Jardins
de Versalhes sem ter fotos suas publicadas, então entendi quando
Joss disse que isso os ajudaria a dar um tempo enquanto
resolviam as coisas.

— Quando é este baile? — Perguntei, ainda tentando envolver


minha cabeça em torno de Benjamin Drake me convidando para ir
com ele, e o fato de que eu passei a noite com ele e não me
lembrava disso.

— Em dois dias.

— Dois dias? — Eu me sentei na cama. Como estava de


pijama, achei difícil acreditar que Ben e eu tivéssemos feito muito
juntos. Eu franzi a testa para isso. — Ouvi algo sobre a fundação?

— É a Fundação Drake. — Ela pegou o telefone e rolou na


tela, lendo uma mensagem de texto ou um e-mail. — Eles abrem
escolas e financiam atividades no turno inverso para crianças
carentes.

— Então quer que eu vá com ele ao baile de sua própria


fundação? — Perguntei. — Ele não estava namorando uma atriz?

— Sim. Sophia Deneuve. Eles terminaram recentemente.

— Oh.

Joss saiu da sala, deixando-me pensando em Benjamin e


Sophia. Era esse o tipo de mulher de que ele gostava? Eu os
encontrei juntos uma ou duas vezes e sempre pensei que eram um
par estranho. Não que eles não fossem lindos juntos, mas porque
Ben parecia que poderia partir Sophia ao meio. Ela era pequena e
delicada, e ele era forte e musculoso, com tatuagens em cada
centímetro de seu corpo perfeitamente tonificado. Meu rosto
esquentou. Eu tinha tocado seu tanquinho perfeito? As pontas dos
meus dedos formigaram com o pensamento. Eu tinha explorado
seu corpo? Ele explorou o meu? Oh, Deus. Fechei meus olhos
novamente e gemi. Só eu mesma, passar a noite com o espécime
mais perfeito do planeta e não me lembrar de um segundo sequer.
CAPÍTULO DOIS

Pilar

Levantei a mão e bati na porta duas vezes, alto, e depois


abaixei, limpando a palma na calça jeans. Eu estava tão nervosa.
Joss tinha partido mais cedo, pegando um avião de volta a Paris
para ajudar Aramis a contratar um novo secretário, deixando-me
aqui sozinha. Bem, sozinha com um punhado de guardas - um dos
quais estava por perto. A porta se abriu e eu jurei que meu coração
tinha parado. Ver Benjamin Drake na televisão sem camisa depois
de um jogo era uma coisa, mas presenciar isso na vida real? Eu
não tinha palavras para isso.

Ele usava shorts que caíam em seus quadris e um sorriso


arrogante em seu rosto que fez meu coração acelerar. Lambi meus
lábios. Eu era uma princesa, droga. Eu conheci todos os tipos de
pessoas de todas as origens diferentes. Havíamos hospedado todo
o time de rúgbi no ano passado no palácio. Tínhamos recebido o
time de futebol também. Ainda assim, nenhum deles me fez querer
arrancar minhas roupas do jeito que Benjamin Drake fez.

— Oi. — Ele continuou sorrindo. — O que a traz aqui


embaixo?
— Aqui embaixo? — Eu fiz uma careta, olhando para cima e
para baixo na faixa de pequenas cabanas.

— Descer de sua casa no alto da colina até o local onde vivem


os camponeses. — Ele sorriu mais amplamente ao dizer as
palavras, e não havia nada de condescendente em seu tom. Ainda
assim, eu senti minha carranca se aprofundar.

— Minha villa se parece com a sua, e você saberia, já que,


aparentemente, passou a noite nela. Só para esclarecer, não me
lembro de nada do que aconteceu. — Senti meu rosto esquentar,
mas continuei. — Eu estava realmente muito bêbada. E havia
tomado remédios porque sofria de um resfriado do qual não
conseguia me livrar, portanto não deixe que o que quer que eu
tenha feito ou dito ontem à noite suba à sua cabeça. — E me virei
rapidamente e comecei a me afastar.

— Espere. — Ben saiu e agarrou meu braço, virando-me em


direção a ele, uma confusão marcando suas feições. — Nada
aconteceu.

— O quê?

— Nada aconteceu entre nós ontem à noite. — Ele soltou meu


braço e ergueu a mão para afastar seus cachos rebeldes, deixando
escapar um suspiro quando baixou o braço novamente. — Eu te
levei para casa. Foi isso.

— O chef disse que viu você sair às cinco da manhã. — Lambi


meus lábios, odiando que meu rosto ficasse tão quente quando
falei.
— Isso é porque eu consegui tirar você do clube às quatro e
meia. — Ele ergueu uma sobrancelha. — Pergunte aos seus
guardas. Eles estavam lá. Você não queria sair quando eles
pediram. Eu facilitei.

— Facilitou como? — Olhei para ele com cautela.

— Eu carreguei você. — Seus lábios se espalharam em um


sorriso largo e sedutor. Um que eu jurei que me faria em
pedaços. Pisquei, tentando processar o que ele disse.

— Você me carregou para fora do clube?

— Sim. — Ele ainda estava sorrindo.

— Por que não há fotos disso nos tabloides? — Dei-lhe um


olhar desconfiado, depois voltei minha atenção para Amir que
estava de pé com os ouvidos atentos. — Isso é verdade?

— É verdade. — Amir acenou com a cabeça, sorrindo um


pouco. — Não são permitidos fotógrafos, lembra?

— Certo.

Foi a razão de eu ter vindo para cá em primeiro lugar. Não


queria ir a Marbella como meus irmãos faziam todos os verões. Eu
tinha escolhido Ibiza porque era uma ilha, e nesta época do ano,
embora pessoas famosas se reunissem com grandes DJs, não era
permitido paparazzi. Pelo menos não no lado da ilha em que
estávamos.

— Então, te vejo no baile? — Ben disse.


— Sim, eu acho que sim. — Levantei a cabeça e fui embora,
deixando-o com um ar um pouco mais alegre do que o que eu
gostaria.

Ben tinha comparecido algumas vezes aos famosos jantares


de domingo da minha mãe, convidado por meus irmãos. Mamãe o
recebia. Apesar disso, e do fato de termos nos esbarrado
frequentemente, não nos conhecíamos muito bem. Ainda não, de
qualquer forma. A menos que contassem o tempo que estávamos
ambos esperando por nossos casacos quando todos os outros
estavam do lado de fora apreciando os fogos de artifício. Falamos
poucas palavras, mas elas foram suficientes para alimentar minha
paixão por ele. Não que eu precisasse de qualquer incentivo. Para
mim, ele era um mistério. Ele mostrava ao mundo apenas o
suficiente para hipnotizá-los, mas nada o bastante para nos fazer
pensar que realmente o conhecíamos. Neste sentido, se parecia
muito com minha família. De todas as outras maneiras, não tanto.
Não tínhamos muita distância em idade, mas, por experiência,
talvez tenhamos vinte vidas entre nós.
CAPÍTULO TRÊS

Ben

Eu realmente não ficava tão animado para sair com uma


mulher há muito tempo. Eu namorei bastante. O tempo todo. Os
tabloides me rotularam como playboy, e eu levei isso na esportiva,
embora não me sentisse um playboy. Eu gostava de mulheres, era
solteiro, rico e um ótimo jogador de futebol. Porém, nenhuma
dessas coisas me definia como pessoa. Havia mais coisas em mim
que o mundo não conhecia, porque fiz questão de não mostrar a
eles. Gostava do fato de que eles só viam um homem sorridente e
despreocupado quando olhavam para mim. Isso fez com que fosse
menos provável que cavassem mais fundo. Então, eu namorava
mulheres que tiravam os holofotes de mim porque eram famosas
por seus próprios méritos.

Pilar foi a exceção, entretanto. Não porque ela não fosse


famosa. Ela era uma maldita princesa, mas nunca foi o centro das
atenções. Você não conseguia encontrar fotos dela fazendo coisas
malucas. Você não ouvia sussurros sobre ela nem rumores. Ser
visto com Pilar significaria que os paparazzi me olhariam um pouco
mais de perto e se perguntariam por que ela deixou sua vida
protegida para sair comigo. Era arriscado, especialmente porque
eu não queria que eles cavassem. No que me dizia respeito, meu
passado e minha vida pessoal não estavam em debate
público. Meu agente tinha aconselhado para não a convidar como
minha acompanhante. Meus amigos me aconselharam a não
convidar. Minha ex, da qual eu ainda era muito amigo, advertiu
contra o convite.

Uma parte de mim sabia que deveria ouvi-los. Já outra parte


maior de mim não conseguia. Provavelmente a mesma parte que
ficava de pau duro toda vez que a princesa entrava em uma sala,
imagem da qual eu desfrutava enquanto me masturbava,
imaginando-a montando forte e rápido, no meu colo. A parte que
eu precisava acalmar se eu fosse tratá-la como a realeza que ela
era. Embora, mesmo sem seu título, ela nunca seria um encontro
casual.

Algo em Pilar me encantava. Talvez fosse sua inocência ou a


maneira como ela se comportava como se estivesse tentando
manter a compostura em qualquer situação. Exceto na noite
passada. Na noite passada, ela estava selvagem - dançando nas
mesas, cantando alto, soltando o cabelo. Uma Pilar
completamente diferente da pura e certinha que encontrei
inúmeras vezes antes. Eu ouvi de muitos de nossos amigos em
comum que ela tinha uma queda por mim, mas ela nunca deixou
isso óbvio. Cada vez que ela me via, sorria educadamente,
conversava superficialmente e então passava para a próxima
pessoa. Eu odiava quando ela ia embora.

— Está tudo bem, chefe?

Eu olhei para David e balancei a cabeça. Meu agente


contratou David para ficar de olho em mim quando eu entrei na
liga. Eu era precipitado naquela época. Muito jovem, muito
estúpido e recebia muito dinheiro para o meu próprio bem. Foi
uma época descuidada para mim. A liberdade me foi dada
rapidamente, o que era outro luxo que eu não tinha em casa. E
então, a liga reclamou, e meu agente se envolveu e contratou David
para cuidar de mim.

No começo, fiquei chateado. Eu odiava David. Ele era muito


sério e certinho em seus ternos GQ1 e mocassins brilhantes. Um
contraste completo com meu corpo fortemente tatuado e tênis de
grife. Levei um ano para me aproximar dele, o que era uma regra
para mim. Eu não confiava facilmente. Fiz de tudo ao meu alcance
para afastá-lo, e ele continuava voltando. Dizia que o dinheiro era
bom demais para desistir. A maioria das pessoas ria, mas eu sabia
que ele não estava brincando. Então, David ficou e eu aprendi a
confiar nele. Ele me ensinou que nem todo mundo que entra em
sua vida está procurando maneiras de destruí-la.

— Pilar veio até a villa, — eu disse depois de um tempo.

— Oh? Aceitou ou recusou o convite?

— Nenhum dos dois. — Eu olhei para ele. — Ela aceitou, no


entanto.

1- GQ é uma revista masculina internacional com sede na cidade de Nova York. A


publicação se concentra em moda, estilo e cultura para homens.
— Achei que aceitaria. — Ele sorriu ligeiramente. — Sempre
teve uma queda por você.

— Ela veio porque achou que nós transamos.

— Por que ela pensaria isso? — Suas sobrancelhas se


juntaram. — Estou fora há uma semana e você... você não, não
né?

— Claro, que não. Eu a ajudei a chegar em casa depois de


uma noite de festa. Foi isso.

— Você disse que não iria tocá-la. Esse era o acordo.

— Estou bem ciente.

— Se os irmãos dela descobrirem que você ficou com a


irmãzinha deles, não quero nem pensar no tipo de coisas que eles
farão com o time, — continuou David. — A única razão pela qual
você está levando-a ao baile é porque eles sabem que isso vai
animá-la. Já se passou um ano desde a morte de seu pai e ela
ainda não se recuperou. Uma noite fora com a estrela de Le Bleus,
sua paixãozinha. Mas eles sabem que você nunca a tocaria porque
é muito mais velho, muito mais sábio e tem outras mulheres em
sua mente.

— David, cale a boca. Eu não vou dormir com a princesa. —


Suspirei, exasperado. — E não preciso de ninguém para me
lembrar disso, e não preciso de uma babá também.

— Eu sei que não. Você sabe que não. Mas você gosta de me
ter por perto. Eu mantenho você de castigo.

— Você me irrita.
— Ossos do oficio. — Encolheu os ombros, pegando a mimosa
que estava bebendo. — De qualquer forma, seu smoking chegou.
Você deveria experimentá-lo esta noite, caso precise de algum
ajuste de última hora. Encontro você mais tarde. — Ele esvaziou a
mimosa enquanto se levantava e colocava a taça vazia na mesa. —
Tenho um encontro esta noite.

Com isso, ele saiu, deixando-me pagar a conta e pensar no


que me disse. Ele não estava errado. Embora eu realmente
quisesse Pilar na minha cama, havia uma miríade de razões pelas
quais isso não deveria acontecer.

O único problema era que eu não era muito bom em seguir


as regras.
CAPÍTULO QUATRO

Pilar

— Eu sinto que meus seios vão saltar para fora deste vestido.
— Eu inalei e segurei minha respiração enquanto a designer,
Katrina, fechava meu zíper.

— Você está linda, querida.

— Seu vestido é deslumbrante. Parece que eu nem deveria


estar usando. — Eu olhei para o vestido preto justo.

— Bobagem. No minuto em que eu terminar de fechar o zíper,


você vai exalar e ver que ele cabe em você como uma luva.

Não queria dizer a ela que a luva era muito pequena porque
eu não queria ofendê-la, mas com certeza parecia que sim. O mero
ato de respirar fez sentir como se minhas costelas fossem saltar
para fora do vestido. Quando ela baixou as mãos e deu um passo
para trás, exalei lentamente. Ainda estava apertado, mas... tudo
bem.
— Caminhe por aí. — Katrina acenou com a mão. — Fique
confortável.

— Confortável? — Eu não tinha certeza se era uma palavra


que usaria enquanto usava este vestido, mas comecei a andar de
qualquer maneira, com medo de que Katrina pudesse me dar um
tapa na bunda se eu não o fizesse.

Ela tinha um ar de avó sobre ela, apesar de ser mais jovem


que minha mãe. Era a maneira como seus olhos avaliavam as
coisas, não diferente do olhar que encontrava nos olhos de
Benjamin Drake quando olhava para eles. Ele parecia sábio além
de sua idade, contudo era mais velho que meus vinte e quatro
anos. É claro, eu conhecera mulheres que tinham minha idade e
já pareciam ter a vida resolvida. Algumas eram casadas e
constituíram famílias. Outras estavam iniciando carreiras. Eu
tinha sido mimada por tanto tempo, e sob um controle tão rigoroso,
que mal sabia como escolher o que queria comer em um
restaurante quando saía para jantar fora. Era patético, na verdade.
Também estava nervosa de sair com Benjamin sem Joss para
assumir a liderança em tais assuntos, mas eu precisava crescer
um dia, e quem melhor que Benjamin Drake para me indicar o
caminho? Eu sorri com esse pensamento.

— Você amou o vestido, não foi? — Katrina disse.

— Sim, eu amei. E serviu perfeitamente. — Eu a encarei com


um sorriso.

— Eu disse que serviria. — Ela sorriu e acenou com a cabeça


uma vez. — Agora, os sapatos.
— Pilly, precisamos... — Joss parou de falar e ergueu os olhos
do telefone enquanto entrava na sala. — Oh, meu Deus, esse
vestido é tudo em você.

— É bonito, certo?

— É perfeito. — Ela me olhou de cima a baixo. — Ben não


será capaz de tirar os olhos de você.

— Você acha? — Perguntei, com minha voz estridente


enquanto eu mexia meus ombros e me olhava no espelho
novamente.

Com certeza, definitivamente eu morreria se Ben desse em


cima de mim. Imaginei isso por tanto tempo que sabia que a
realidade jamais seria fiel à fantasia. Mas só havia uma maneira
de descobrir.

— Você está... deslumbrante. — O olhar de Ben passou por


mim muito lentamente, fazendo-me sentir seu calor em cada
centímetro do meu corpo.

— Obrigada. — Eu sorri. — Você também está ótimo.

Ótimo era um eufemismo para Ben Drake de smoking, mas


meu vocabulário era fraco quando se tratava de tais assuntos - o
que foi chocante para mim, considerando que eu falava várias
línguas.
Devemos ter ficado ali durante uns três minutos antes de ele
rir e olhar para o chão. Lentamente erguendo o rosto e olhar
através dos espessos e escuros cílios, ao mesmo tempo em que me
mostrava um sorriso sexy. Pensei que meu coração poderia parar
de bombear sangue naquele momento. E imaginei se eu poderia
morrer antes de sair para um encontro formal com Benjamin
Drake. Mas eu morreria feliz.

— Você está pronta para ir? — ele perguntou, parecendo


divertido.

— Sim. — Eu pisquei. — Oh, meu Deus, eu não sei o que há


de errado comigo hoje.

Ele sorriu como se não fosse grande coisa conforme me levava


para fora. Estávamos flanqueados por seguranças - tanto dele
quanto meu - e, naquele instante, percebi que não existia um
encontro normal. Não para nós. Eu só estive em alguns, e todos
eles foram dentro das paredes do palácio, então pessoalmente não
os contava como encontros. Verdade seja dita, eu já tinha idade
suficiente para isso. A maioria das pessoas da minha idade viveu,
realmente viveram. Eu só tinha feito o que meus pais permitiam...
o que não era muito. Frequentei um internato só para meninas,
uma faculdade só para meninas e, quando voltei para casa, meu
pai estava morrendo, o que tirou mais dois anos da minha
vida. Mas eu não me queixaria disso. Jamais. Eu era uma princesa
e tinha tudo o que poderia desejar, mas não tinha liberdade. Eu
não tive o amor de um homem. Eu tive um namorado que também
era virgem quando nos conhecemos, então todas as experiências
que tive com o sexo oposto foram com alguém que estava
exatamente tão perdido quanto eu.
— Que carro vamos levar? — Perguntei, olhando para os três
veículos na frente da minha villa.

Um era meu Range Rover preto com suas janelas escuras que
Amir alugou quando chegamos, outro era um Range Rover branco
que imaginei ser de Ben, e o terceiro era um Corvette reluzente que
também imaginei ser dele. Isso fez meu coração saltar só de pensar
em entrar.

— Vamos pegar o Corvette. — Ele acenou com a cabeça para


o nosso segurança. — Eles vão nos seguir.

— Ok. — Exalei trêmula e fui em direção ao carro enquanto


ele abria a porta para mim. Quando ele se sentou no banco do
motorista, acrescentei: — Espero que você seja um motorista
seguro.

— Oh, eles não te contaram? Fui parado pelo menos dez vezes
por direção imprudente. — Ele deu um sorriso quando meus olhos
se arregalaram. — Relaxe, princesa, eu não colocaria você em
perigo. Eu gosto de minha cabeça pousada sobre meus ombros. —
Ele piscou e ligou o motor, o carro rugiu. Eu não tinha certeza se
o bater do meu coração era por causa de sua piscadela, seu sorriso
ou deste carro, mas eu gostei.

O evento era em um local a dez quarteirões de


distância. Durante o trajeto, Ben me fez perguntas sobre os
acontecimentos em minha vida (literalmente nada no momento), o
que eu planejava fazer agora que meu irmão era rei (continuar a
servir a Coroa e fazer mais aparições em seu nome), e o que eu
faria se não fosse uma princesa (eu não tinha absolutamente
nenhuma ideia porque ninguém nunca me fez essa
pergunta). Desnecessário dizer que toda a conversa girou em torno
de mim, e eu não tinha noção de como colocar os holofotes sobre
ele. Finalmente, quando terminei de explicar que não imaginava o
que faria se não fosse uma princesa, me virei para ele.

— O que você estaria fazendo se não jogasse futebol?

— Provavelmente estaria morto. Ou na prisão. — Ele disse


isso com tanta facilidade que levei um momento para compreender
a declaração.

— Por quê?

— Muitos dos caras com quem cresci estão mortos ou na


prisão. — Ele encolheu os ombros. — Eu teria que presumir que
acabaria como eles.

— Isso é... intenso. — Eu fiz uma careta. — Por que eles estão
na prisão?

— Drogas. Principalmente. Dois estão presos por homicídio.

— Por qual você estaria preso?

— Não tenho certeza.

— Você não tem certeza se teria matado alguém ou não, até


agora? — Eu quase gritei.

— Coisas acontecem, princesa. O mundo real não é preto e


branco.

— Eu sei que não é. — Minha carranca se aprofundou. — Mas


ainda assim. Assassinato é assassinato.
— Com todo o respeito, muitas pessoas consideram seu pai
um assassino, — disse ele. — Você sabe qual é a diferença entre
seu pai e um de meus amigos?

— Não, mas tenho certeza de que você está prestes a me dizer.

— A coroa em sua cabeça.

— Certo. — Eu olhei pela janela e pensei sobre isso.

Claro, eu não considerava meu pai um assassino, mas não


adiantava negar as coisas que ele fez quando estava vivo. Mesmo
que tentasse me cegar para seus pecados, não poderia me
esconder da verdade - as famílias afetadas, as notícias que
trouxeram tudo à tona, etc. Eu queria poder dizer que fiquei
perturbada com tudo isso. Em certo sentido, estou. Mas também
fiquei incrivelmente envergonhada porque ele deveria ser um servo
de seus súditos, um líder, alguém a quem as pessoas pudessem
recorrer para pedir ajuda. Em vez disso, eles encontraram uma
pessoa que não estava disposta a ceder por causa de suas próprias
tradições. Isso não importava. Meu pai estava morto, e meu irmão
Elias não era assim. E o mais importante, sua nova esposa nunca
o deixaria se tornar assim. O carro desacelerou e parou em frente
ao museu onde o evento estava sendo realizado.

— Ei, eu não quis dizer nada com isso. Só estou tentando


fazer com que você veja as coisas por outra perspectiva, — disse
Ben.

— Eu entendo. Obrigada. — Eu sorri.

Ele sondou meus olhos por um longo tempo antes de acenar


com a cabeça e sair do carro para abrir minha porta. As câmeras
estavam em nós no segundo em que aparecemos. Sua mão ao
redor da minha, me conduzindo para frente, e eu me concentrei
nisso em vez da atenção da mídia.
CAPÍTULO CINCO

Ben

Ela estava incrivelmente nervosa, algo que eu nunca


esperava. Já a tinha visto em bailes, festas, nos jantares de
domingo de sua mãe, que eram como entrar em uma cúpula
mundial, com líderes globais e atores famosos presentes. Ela
nunca tinha ficado nervosa com esses eventos. Isso alimentou o
mistério de Pilar, o que não era necessariamente uma coisa boa,
já que significava que eu queria vê-la novamente. E como David
havia apontado para mim, sexo entre nós não poderia acontecer, e
todos os caminhos levam ao sexo. Não acreditava que homens e
mulheres que se sentiam atraídos um pelo outro pudessem
simplesmente continuar sendo amigos, e não poderia complicar as
coisas com a princesa. Eu a queria por uma noite, era isso. Sem
amarras. Era uma possibilidade? Eu não tinha certeza, mas
descobriria esta noite assim que conseguisse que ela se soltasse
um pouco.

Soltei sua mão quando chegamos ao tapete vermelho que eles


haviam estendido e ela se adiantou para tirar uma foto em frente
às placas com o logotipo da minha fundação. Isso seria uma
grande publicidade, tê-la em pé na frente deles. Estaria em todos
os tabloides amanhã de manhã, que era o que eu queria. Não por
mim, mas para o que a fundação representava. Observei Pilar
sorrir, depois fazer uma cara mais séria e sexy e se virou para
mostrar as costas do vestido. Ela era muito natural diante das
câmeras. Todo o seu nervosismo anterior exibido pareceu
desaparecer quando as luzes dos flashes a atingiram. Era
desconcertante. Afastei-me quando David apareceu na minha
linha de visão.

— Você deveria intervir e tirar uma foto com ela, — disse ele.

— Sim. — Balancei a cabeça uma vez e caminhei até ela.

Estive olhando para ela pelo mesmo tempo que os fotógrafos,


encantado por sua beleza e elegância. Eu precisava parar de
idolatrá-la, pensar nela como um objeto inatingível. Ela era uma
mulher, e estava bem na minha frente. O fato de eu saber que ela
tinha uma grande paixão por mim era lisonjeiro, mas agora que
estava bem na minha frente, sem seus irmãos ou sua mãe ou
qualquer outra pessoa que se interpusesse entre nós, já não tinha
certeza do que esperava. Talvez porque minhas conquistas sempre
tivessem surgido facilmente, imaginei que ela já tivesse se lançado
sobre mim. Mas ela não o fez. Na verdade, nem um pouco. Não
considerei seus avanços bêbados na outra noite, porque teria sido
injusto fazê-lo. Eu não havia dito a ela como ela se despiu
lentamente para mim e implorou que eu a fodesse. Não lhe disse
como foi difícil para mim dizer não e sair de lá. Não. Risque isso.
Teria sido difícil para mim dizer não porque ela estava fora de si.
Se ela estivesse sóbria, sair dali teria quase me matado. E agora
aqui se encontrava ela, toda inocente novamente, com aquela
sensualidade subjacente à qual eu não podia deixar de me sentir
atraído.
Eu me aproximei e envolvi um braço em volta da sua cintura,
puxando-a ligeiramente para mim enquanto a imprensa
continuava tirando fotos nossas.

— Quando vocês dois se conheceram? — perguntou um dos


fotógrafos. Eu continuei sorrindo. Não ia dar nada a eles, mas Pilar
falou.

— Somos velhos amigos, — disse ela. — Nós dois estávamos


na cidade e eu não podia deixar escapar a oportunidade de apoiar
esta maravilhosa instituição que Benjamin criou.

— Você estava familiarizada com a Fundação Drake antes


desta noite?

— Eu sabia tanto quanto você. — Ela piscou. — Mas eu


conheço Ben, e quando ele me ligou para me dizer como a fundação
beneficia crianças carentes, eu sabia que gostaria de fazer parte
da inauguração.

— Você está aqui em nome da Coroa? — outro perguntou.

— Não estou sempre? — Pilar sorriu. — Mas também estou


aqui porque quero estar.

— Vocês são um casal? — outro perguntou.

Senti Pilar enrijecer.

— Nos vemos lá dentro, — eu disse, sorrindo. — Obrigada por


virem.

Eu a levei para longe dos fotógrafos. No segundo em que


estávamos fora de vista, ela suspirou pesadamente. Abri a boca
para dizer algo, mas fomos interrompidos por um homem com um
moicano prateado e um enorme sorriso dirigido a Pilar. Eu mantive
minha mão na parte inferior de suas costas enquanto ele se
apresentava, primeiro para ela e depois para mim. Bryan Silver.

— Bryan Silver, — eu repeti. — Apropriado. Com o cabelo e


tudo.

— Obrigado, companheiro. Eu acabei de fazer. Minha banda,


Silver Fox, está em turnê e achei que seria um toque legal.

— Raposa Prateada. — Eu sorri em reconhecimento. Sua


banda estaria se apresentando aqui esta noite. Eles estavam
doando todo o dinheiro ganho para a fundação. Apertei sua mão
novamente. — Muito obrigado por fazer isso por nós.

— Obrigado por nos convidar. Somos grandes fãs, — disse


ele. — Fãs massivos.

— Você já os ouviu tocar antes? — Pilar me perguntou.

— Não posso dizer que sim, mas estou ansioso por isso.

— Eles são realmente ótimos. Boa escolha, Benjamin. — Ela


sorriu, o sorriso genuíno, e eu me senti sorrindo de volta para ela.

— Bem, eu tenho que terminar de organizar tudo. Eu só quis


me apresentar. — Bryan se afastou com um leve aceno e uma
piscadela para Pilar.

Eu me pergunto se eles já saíram ou se ele estava tentando


um encontro com ela. Pelo que eu saiba, ela havia saído com
poucos caras, e foi por isso que optei por este evento. Eu sabia que
levá-la a um encontro normal, longe de todas as câmeras, teria
sido mais ideal, mas também não estava preparado para que me
rejeitasse da maneira como havia feito com tantos outros.

Quando a vi outra noite, dançando nas mesas e bebendo todo


seu peso em álcool, ela se abriu e me contou como deveria fazer
aparições em nome da Coroa. Naquele momento, pensei, bem, isso
não é uma oportunidade? Liguei para meu encontro inicial e
cancelei, algo que teria que resolver mais tarde. Eu não tinha
nenhuma ex-namorada maluca, mas Kayla não era uma ex-
namorada. Ela era uma foda casual e um pouco maluca, razão
pela qual continuou sendo uma foda casual e nunca chegou ao
status de namorada. E apesar que eu tenha deixado claro que ir
comigo ao baile não significava que estávamos de volta de forma
alguma, uma vez que cancelei, eu sabia que Kayla não achava
isso. Fiquei ainda mais feliz por ter cancelado. Era importante
manter uma linha clara entre amizade e algo mais.

— Isto é realmente bom, — disse Pilar após um


momento. Pisquei e a observei enquanto ela olhava as fotos nas
paredes.

— Sim, é. As crianças tiraram essas fotos, — eu disse.

— O quê? — Suas sobrancelhas se ergueram enquanto ela se


virava para olhar o resto. — Estou impressionada.

O objetivo dessa exposição em particular era arrecadar


dinheiro para fornecer equipamentos de arte para crianças
carentes. O foco da Fundação Drake eram as crianças, mas eu
pensei em dividir os eventos em etapas. Esta era sobre a arte, o
próximo seria concentrado em torno do esporte. Era incrível a
quantidade de crianças ao redor do mundo que jogavam beisebol
com um galho de árvore e uma meia enrolada.
— Onde as crianças estão instaladas? Em todo o mundo? —
Ela me olhou brevemente antes de passar para a próxima
fotografia.

— Sim, mas o objetivo é focar em determinadas áreas ao


mesmo tempo. Caso contrário, ficará muito caótico. — Balancei a
cabeça para a próxima imagem, uma nuvem cinza
empoeirada. Parecia exatamente isso, uma névoa cinza
empoeirada, mas a realidade por trás da imagem era horrível. — A
foto foi tirada por um menino de sete anos na Síria. No meio da
guerra. Com bombas caindo ao seu redor.

— Oh, meu Deus. — Pilar engasgou-se, levando a mão à


boca. — Isso é terrível.

— É, mas é assim que é a vida de algumas pessoas no


mundo. Isso serve como uma boa maneira de mostrar isso.

— Mas é tão triste. — Quando ela se virou para mim, parecia


que estava à beira das lágrimas. Eu lutei contra o desejo de puxá-
la em meus braços. — O que aconteceu com o menino?

— Ele sobreviveu. — Meu sorriso parecia apertado. — Seus


pais e sua irmãzinha não.

— Tão triste. — Ela balançou a cabeça, voltando para a


próxima fotografia.

Era mais do mesmo. Dor disfarçada de arte. A agonia usava


muitas máscaras, mas quando disfarçada de arte, na verdade
emocionava as pessoas.

— Por que a Síria? — Pilar se virou para mim novamente.


— Meu irmão era fotojornalista. Uma de suas missões foi na
Síria durante a guerra. Ele não era bem-vindo lá, mas continuou
fazendo seu trabalho. Apesar do tratamento, ele fez amizade com
alguns moradores, contou-me grandes histórias sobre eles, sobre
o sofrimento e o sacrifício. — Fiz uma pausa, engolindo. Eu odiava
falar sobre isso, mas ela perguntou, e eu devia uma explicação a
ela.

— Meus pais não aprovaram. — Eu sinalizei em direção às


fotos. — Disseram que eu poderia ter mostrado o sofrimento que
existe em qualquer parte do mundo. Estão amargurados com a
experiência do meu irmão lá, mas parecia certo. Não podemos
escolher quem sofre e quem não.

Ela engoliu em seco visivelmente e olhou para outra


fotografia. — Onde estão seus pais agora?

— Tel Aviv.

— Oh. — Ela ergueu uma sobrancelha. — Nunca estive lá.

— É lindo.

— É de onde você é? Achei que você fosse de Londres.

— Meu pai é de Londres, minha mãe é de Tel Aviv. Fui criado


entre os dois lugares, mas meu coração sempre esteve em Tel Aviv.

— Quero ouvir mais sobre sua família. — Ela sorriu para


mim.

Eu ri, esperando que ela desistisse. Muita coisa estava


faltando na maioria das minhas histórias pessoais, e eu havia
falado com poucas pessoas sobre elas. Não incomodava minhas
antigas namoradas. Kayla era uma das únicas que sabia sobre
meus pais, e isso era apenas porque nós nos relacionávamos há
muitos anos. Em algum lugar ao longo do caminho, as linhas
tinham borrado, logo antes de eu limpá-las e fazê-las nunca mais
ficarem borradas. Kayla era o que as WAGs – esposas e namoradas
dos jogadores de futebol – chamavam de groupie hardcore. Quando
limites começaram a se confundir, conversei com algumas
parceiras dos meus colegas e percebi que ela não era a mulher
certa para mim. Ela estava dormindo com mais do que alguns
jogadores do meu time nas minhas costas. Eu provavelmente não
teria me importado tanto com isso, se muitos deles não fossem
casados. Não me considerava acima de ninguém, mas suas
esposas eram gentis, respeitosas e generosas demais para merecer
aquele tipo de tratamento. E porque fui eu quem levei Kayla para
a mistura, me senti culpado. Eu terminei as coisas com Kayla, mas
ainda mantive uma amizade casual com ela por hábito. Apesar de
ter sido injustiçado por ela, era difícil virar completamente as
costas para alguém que conheci por quase toda a minha vida.

— Eu vou te contar sobre eles outra hora.

— E seu irmão. — Seus olhos estavam cheios de perguntas,


mas ela não as fez. Ou porque sentiu que eu não queria falar sobre
nada disso, ou porque sabia que não era o lugar.

Simplesmente sorriu de novo e continuou olhando as


fotos. Eu me perguntei quantas opiniões e perguntas ela guardava
para si mesma. Eu a tinha visto na frente de sua família muitas
vezes para saber que a maior parte do que fazia em público era
inteiramente para o benefício deles. Desejei que ela abandonasse
o fingimento ao meu redor. Ela iria. Logo, ela o faria. Eu só tinha
que provar a ela que podia. Embora o fato de eu querer fazer isso
fosse um problema em si.
CAPÍTULO SEIS

Pilar

Todo mundo o amava. Eu sabia disso, obviamente, mas estar


com Ben realmente me fez perceber que eu era apenas uma de
seus muitos admiradores. Era algo a que eu deveria estar
acostumada. Semelhante à quando eu ia a algum lugar com
Aramis ou Elias. Todos se reuniam a eles - mulheres, homens,
crianças. Eu ficava sempre ali apenas por... nem tinha mais
certeza. Pelo menos Ben me fazia sentir como se eu estivesse com
ele. Ao seu lado, não apenas um acessório com o qual ele andava
por aí. Entrou comigo, sorriu para mim do outro lado da sala.
Piscou para mim. Todas essas coisas que me faziam sentir como
se eu não conseguisse respirar. Uma coisa era vê-lo do outro lado
do corredor, em um dos jantares de domingo da minha mãe.
Completamente diferente tê-lo aqui, fazendo estas coisas
intencionalmente. Ben tinha deixado claro que ele me queria. Era
uma loucura, mas não havia como negar isso. Ele não tinha
declarado, mas eu percebi perfeitamente. Só que não estava segura
do que iria acontecer ou de como levar as coisas para o próximo
nível. Ou se ele estaria realmente interessado. Não foi como se ele
fosse o primeiro homem a me fazer sentir como se me quisesse,
mas a maioria deles fugia antes que algo pudesse acontecer.
Ficavam aterrorizados com a minha família e com o escrutínio que
vinha de ser visto com uma princesa.

Tudo o que eu sabia sobre Ben me dizia que ele era muito
cuidadoso em como era visto. Bad boy, divertido e descontraído,
charmoso, sexy, todos esses eram adjetivos com os quais ele estava
familiarizado e confortável. Havia uma razão para isso. Os meus
eram tímidos, dóceis, gentis, engraçados, inteligentes. Todos nós
tínhamos um papel a cumprir, e o meu era garantir que as pessoas
ficassem confortáveis.

Tinha acabado de me despedir de alguém quando Ben se


aproximou de mim e colocou a mão nas minhas costas.

— Você tem um verdadeiro dom. — Ele começou a me


conduzir para fora da sala e para o corredor que levava de volta
para a entrada. — Se você não fosse uma princesa, poderia ser
atriz.

— Não seria um sonho? — Eu ri, virando minha cabeça para


olhar para ele. Ao fazer isso, tive um vislumbre de nosso reflexo no
espelho ao nosso lado. Paramos de andar e ficamos parados. Ele
tirou a mão das minhas costas. — Isso é o que eu finjo que sou
quando estou na frente das câmeras. Uma velha atriz de
Hollywood. Como Grace Kelly.

— Muito mais bonita do que Grace Kelly. — Disse isso e


agarrou minha mão, levando-a aos lábios. O tempo pareceu
desacelerar um pouco. E me senti corar.

— Ninguém é mais bela do que Grace Kelly.


Ele me olhou através do espelho, com minha mão ainda na
dele. Virou-me de modo que minhas costas estavam contra seu
peito e baixou a cabeça, falando ao meu ouvido.

— Você é. — Seus olhos estavam nos meus, tons de verde e


marrom misturados para criar um avelã perfeito. — A mais bela.

— Você não precisa me agradar, — eu sussurrei, com meu


peito expandindo.

Ele nem estava me tocando, não realmente, apenas


segurando minha mão. No entanto, parecia que eu estava
completamente nua para ele.

— Não estou agradando você, princesa. Penso em você


frequentemente. Nua. Na minha cama. No banho. Abaixo de
mim. Em cima de mim. — Ele baixou a voz, ainda olhando nos
meus olhos, embora eles estivessem borrados e eu mal
conseguisse mantê-los abertos. — Mas me disseram para ficar
longe. Para manter minhas mãos afastadas. E eu deveria.

Isso me fez virar rapidamente, meus passos vacilando quando


olhei para ele. — Você não deveria. Por favor, não.

— Você não sabe o que está pedindo. — Sua voz estava rouca,
como se meu apelo fosse o teste final de sua determinação.

— Eu nunca peço nada. — Eu me pressionei mais perto,


meus seios contra seu peito. — Mas estou pedindo isso.

Ele aproximou seu rosto e pressionou seus lábios contra os


meus. Naquele momento, quando tudo e todos ao nosso redor
desapareceram, eu realmente sabia o que era ser livre.
CAPÍTULO SETE

Ben

— Você não deveria tê-la beijado.

— Você não deveria ter me interrompido quando eu a estava


beijando. — Eu olhei para David.

Ele entrou no corredor e chamou meu nome no momento


mais inoportuno. Eu tinha Pilar contra a parede, meus lábios nos
dela, uma mão no lado de seu rosto, a outra segurando sua bunda,
e o fodido David tinha arruinado o momento. Eu a levei para casa
e me revirei a noite toda, me perguntando o que poderia ter
acontecido e me dando tempo para apenas soltá-la e deixá-la ir.

— Estou te fazendo um favor, Ben. Você não quer a atenção


da mídia que essa garota vai trazer.

— E se eu quiser? E se eu disser que não me importo mais?

— Não? — Ele soltou uma risada sarcástica. — Eu te conheço


e estou dizendo que é um erro.
No fundo, eu sabia que ele estava certo, mas o fato é que Pilar
ficava a quatro vilas abaixo da minha, e eu estava em meu quarto
com um homem com quem não me importava estar conversando
agora. Principalmente a esta hora. Eu nem tinha tomado café
ainda.

Olhei para ele. — Bem, então, você fez seu


trabalho. Parabéns. Agora, se me der licença, preciso me preparar
para a minha corrida.

— Muito bem. Pego você às três para sua coletiva de


imprensa. — Com isso, ele saiu.

Depois de vestir um short e uma camiseta, saí do meu quarto,


tranquei a porta atrás de mim e comecei a correr. Eu me perguntei
o que Pilar estava fazendo. Ela ainda estaria dormindo? Deus, o
que eu não daria para entrar furtivamente em seu quarto e acordá-
la com minha língua. Afastei o pensamento e me concentrei em
minha respiração, tentando não pensar sobre como ela ficaria
embaixo de mim. Tentando evitar invocar a imagem de como ela
era nua. Qual seria a sensação de enterrar meu pau dentro
dela. Minha mente estava cheia com a visão, independentemente
de quão duro eu tentasse afastá-la. Quando parei para respirar,
percebi que estava em frente à sua villa.

Puxando meus fones de ouvido, soltei um suspiro pesado,


andando na frente do prédio. Eu não tinha que estar aqui. Eu
estava suado, e a única coisa que parecia querer era deixá-la
suada comigo. Fechei meus olhos e tirei meu cabelo da testa, ainda
respirando pesadamente, tentando me forçar a correr os últimos
passos que eu precisava para voltar para minha villa. De acordo
com meu relógio, corri seis quilômetros, de alguma forma, ainda
acabei aqui.
A porta dos fundos se abriu. Voltei minha atenção para Pilar,
que estava usando um biquíni azul-claro que eu só poderia ter
imaginado em meus sonhos mais loucos. Sua pele era dourada
quando o sol brilhou, mas eu podia ver um triângulo branco de
seu traje anterior, que cobria um pouco mais do que este. Linhas
bronzeadas não eram algo que eu já tinha apreciado totalmente
até este momento. Agora, a única coisa que eu conseguia pensar
era arrancar tudo e explorá-la.
CAPÍTULO OITO

Pilar

Ele estava simplesmente olhando para mim. Eu estava


olhando para trás e também não tinha dito uma palavra, mas em
minha defesa, meu coração estava batendo forte na minha
garganta e eu não sabia como fazer isso parar. Ben estava logo
abaixo da minha varanda, suado de tanto correr. Cintilante e
quente como o inferno. Eu fiquei perto da minha janela e observei
toda a sua corrida, e quando ele acabou na frente da minha villa,
pensei que estava imaginando coisas. E agora que estava parado
aqui, olhando na minha direção, seus olhos observando cada
centímetro meu, eu não tinha certeza se não estava imaginando
isso. Porque era óbvio que ele me queria. Eu. Princesa Pilar, que
ninguém nunca quis. Princesa Pilar, a quem todos usavam para
ganho pessoal, não pelo... prazer.

Dei mais um passo à frente, deixando-o ver tanto de mim


quanto podia. Ele engoliu visivelmente, mas ainda não falou. A
única conclusão que consegui tirar foi que estava tentando se
convencer a não subir. Bem, eu não o deixaria. Eu o teria desta
vez, e então ele estaria livre para partir e se arrepender de tudo se
quisesse. Mas eu o queria. Só desta vez, eu queria algo para mim.

— Você vai subir? — Perguntei, com minha voz firme, embora


minha decisão fosse instável.

— Você está me convidando?

— Você não me pareceu o tipo de homem que espera por um


convite.

Minha resposta pareceu derrubar qualquer barreira que ele


estivesse tentando manter, porque no momento em que falei as
palavras, sua expressão escureceu e ele se aproximou da villa. Eu
não conseguia vê-lo lá embaixo, mas ouvi sua voz e a dos
guardas. Eles sabiam que deveriam deixá-lo subir. Eu já disse a
eles que ele tinha autorização para entrar quando quisesse. Claro,
eu pensei que poderia ter sido ontem à noite, depois que ele me
deu um beijo bobo e me deixou em casa. Mas não apareceu. Eu
passei a noite inteira me virando e virando, imaginando-o entrando
sorrateiramente e fazendo o que quisesse comigo. A única coisa
que aconteceu foi que eu acordei sozinha, banhada em suor em
resposta ao sonho louco por sexo que eu tive. Nem mesmo Joss
estava aqui. Ela foi convocada de volta a Paris para lidar com as
besteiras do meu irmão, e eu fiquei com um punhado de guardas,
um jogador de futebol sexy e um coração que sentia a necessidade
de bater fora de controle toda vez que Ben estava por perto.

Quando ele alcançou o topo da escada, eu era a única sem


fôlego e suando. Ele não perdeu tempo tirando sua camiseta suada
e enxugando o rosto com ela. Tão sexy quanto parecia, meu nariz
enrugou.
— O que há de errado, princesa? — Sorriu lentamente, aquele
sorriso de tirar as calcinhas que sem dúvida conseguia tudo o que
ele queria. — Você quer que eu esteja limpo antes de chegarmos à
parte suja?

— Eu... eu não sei. — Lambi meus lábios. Como ele


conseguiu me fazer sentir assim com apenas algumas palavras?

— Quer se juntar a mim no chuveiro? — Caminhou em


direção ao banheiro como se fosse o dono do lugar.

Foi desconcertante, embora meio quente. Ninguém fez isso


perto de mim. Eu me encontrei atrás dele, meu olhar colado em
seu corpo enquanto ele descartava mais peças de roupa - tênis,
meias, shorts de corrida. Prendi minha respiração. Sua cueca
seria a próxima. Ele olhou para mim por cima de um ombro largo.

— Está gostando do show?

— Não posso dizer que não. — Lambi meus lábios novamente.

— Ótimo. — Ele sorriu enquanto enfiava os dedos no cós da


cueca e puxava para baixo, muito lentamente.

Seu corpo era uma obra de arte. Eu sabia disso antes desse
strip-tease, mas enquanto mordia meu lábio com força para não
fazer qualquer barulho que mudasse o curso desse momento, eu
sabia que era verdade. Benjamin Drake tinha o melhor corpo que
eu já imaginei em um homem. Ele entrou no chuveiro e ligou a
água. Ele não estava mais me olhando, mas eu não conseguia
afastar meus olhos. Eu nem tinha olhado... lá ainda. Não sei por
quê. Não era como se eu não tivesse visto um pau antes. Tinha
sido apenas um antes deste, mas eu não me detinha sobre isso.
Quão diferente poderiam ser os pênis de qualquer maneira?

Meus pés se moveram em direção ao vidro. Ben estava se


ensaboando quando sua atenção se voltou para mim. Coloquei
minha mão no vidro, esperando que o vapor não bloqueasse minha
visão dele. Ele não estava mais sorrindo. Sua expressão era
luxuriosa e sombria enquanto me observava olhando para
ele. Cada nuance que eu sonhei em ver em seu rosto foi
direcionado a mim. Lentamente, arrastou uma mão sobre os
músculos dilacerados enquanto massageava o sabonete entre as
pernas. Meu olhar finalmente caiu lá. Meu peito se expandiu em
um suspiro ao mesmo tempo em que o admirava, percebendo que
todos os pênis não eram iguais. Toby, meu ex-namorado, não era
tão grande.

Ben fechou o punho em torno de sua cintura e soltou um


grunhido que me fez morder o lábio. Antes que eu pudesse
compreender totalmente o que estava fazendo, a mão que não
estava no vidro estava em meu seio, beliscando meu mamilo
através do tecido fino. Então, a outra estava de repente na minha
barriga, mergulhando na parte inferior do meu biquíni. Ben gemeu
mais alto. Minhas mãos se moveram mais rápido - uma
esgueirando-se por baixo do topo do triângulo para cobrir
totalmente meu seio, e a outra fazendo pequenos círculos sobre
meu clitóris, no ritmo de Ben dando prazer a si mesmo.

— Você está me destruindo, princesa. — Sua voz estava


rouca. — Estou tentando não te puxar aqui e te erguer para te
foder contra a parede.

— Eu quero você. — Eu estava ofegante agora. — Por favor,


me fode contra a parede.
— Você é impossível. — Ele rosnou, jogando a cabeça para
trás enquanto bombeava mais rápido. — Porra. Nunca quis
ninguém tanto quanto quero você.

— Então me tenha. — Parei de me tocar e abri a porta do


chuveiro. O vapor me atingiu no rosto. — Me tenha.

A ereção de Ben agora estava visivelmente latejando em sua


mão, e eu nunca na minha vida quis estar de joelhos tanto quanto
naquele momento. Em vez de dizer isso, em vez do embaraço,
entrei no box e me abaixei, minha mão substituindo a dele
enquanto o lambia. Ele me soltou e enfiou os dedos no meu cabelo,
puxando-me um pouco para trás para que meus lábios não o
tocassem. Eu olhei para ele, a água espirrando sobre minha
cabeça tornando difícil parar de piscar.

— Você já ficou de joelhos, princesa?

— Não. — Balancei minha cabeça ligeiramente.

Eu não mentiria. Eu não tinha ideia do que estava fazendo, e


estava bem com isso porque assisti a muitos vídeos sobre o
assunto. Seu aperto aumentou em meu cabelo. Eu gritei e ele me
soltou um pouco, mas não muito.

— Você já colocou um pau em sua boca antes?

— Não. — Minha voz saiu trêmula.

— Inferno. — Ele fechou os olhos com força e respirou fundo,


seu abdômen contraindo lindamente. Eu levantei a mão para
rastreá-los. Ele abriu os olhos e olhou para mim quando sentiu
minha mão sobre ele. — Eu não sou sexista. Mas ter você de
joelhos diante de mim e saber que sou o primeiro me deixa louco.
Diga-me que estou errado em estar feliz por ser o único. — Ele me
puxou para ele novamente.

Abri minha boca e peguei a ponta de seu pau entre meus


lábios. Lambi, não lentamente como antes, mas como uma mulher
faminta que não conseguia o suficiente. Entre seu aperto firme e
seu pau duro como pedra, eu realmente não conseguia o
suficiente. Senti como se fosse morrer se ele não me deixasse dar-
lhe prazer assim. Eu trouxe as duas mãos para ele e as usei para
me ajudar a mantê-lo dentro da minha boca, para chupar, para
lamber descontroladamente. Ele cantou meu nome, — Pilar, Pilar,
Pilar. — Era muito melhor do que princesa. Foi melhor do que
qualquer coisa que eu já ouvi na minha vida.

Quando ele me puxou de cima dele, foi apenas para me


levantar e me beijar na boca, seus lábios batendo nos meus em
um frenesi - forte, rápido e punitivo. Ele estava agindo
irracionalmente, um pouco louco, e suas palavras de antes
voltaram para mim. Disse que nunca quis ninguém tanto. Eu
acreditei nele. Eu não conseguia imaginá-lo agindo assim -
nunca. Não Benjamin Drake, o deus do futebol, o playboy
inatingível dos tabloides, o homem charmoso e falante nos jantares
de domingo de minha mãe. Ele era uma série de coisas, e nenhuma
delas poderia ter me preparado para a besta sexual antes de mim.

Eu o beijei com reverência porque cada momento que eu


tentei imaginar isso empalideceu em comparação com a
realidade. Suas mãos eram ásperas, mas adorando enquanto
exploravam minhas curvas, seguravam meus seios. Quando ele
quebrou o beijo, foi para arrancar a parte superior do biquíni
triangular de mim para que ele pudesse beijar e lamber meu peito,
mordendo um mamilo um pouco rudemente. Senti algo se
acumular entre minhas pernas e me ouvi gritar quando ele repetiu
o movimento em meu outro seio. Minhas unhas cravaram em suas
omoplatas.

— Ben, — eu sussurrei.

Ele me ignorou, arrastando sua boca mais para baixo,


beijando, lambendo e mordendo cada centímetro que podia até
chegar à parte inferior do meu biquíni e puxá-lo também, jogando-
o contra o vidro e deixando-o cair com um barulho alto. Sua língua
deslizou entre minhas pernas e meus joelhos se dobraram em um
instante. Seu aperto aumentou na minha bunda quando ele olhou
para cima e encontrou meu olhar nebuloso.

— Diga-me, princesa, outro homem já fez isso com você?

— Um outro. — Minha voz estava trêmula. — Mas... não


assim.

— Assim não. — Ele trouxe sua língua para mim novamente,


lambendo uma, duas, três vezes. Eu gemi e levei minhas mãos ao
seu cabelo, segurando as mechas do jeito que ele tinha feito com
as minhas. Eu senti que ia desmaiar, estrelas voando diante dos
meus olhos enquanto sua língua fazia mágica.

— Por favor, Ben. Eu não aguento. Eu não posso...

Sua boca se moveu novamente, não parando desta vez. Ele


estava se deleitando comigo, sua boca diferente de tudo que eu já
experimentei ou imaginei. Engasguei, segurando em seu cabelo,
pressionando minhas costas contra o azulejo molhado atrás de
mim, sem saber o que fazer e como ficar de pé enquanto a sensação
de formigamento se espalhava por mim e então explodia. Eu me
movi contra sua boca, não querendo deixar isso acabar,
nunca. Ele não parou. Ele não fez uma pausa. Apenas continuou
lambendo, sugando e gemendo contra mim como se o que estava
fazendo lhe trouxesse grande prazer. Quando eu disse seu nome
mais três vezes, ele finalmente parou, me ergueu em seus braços
como se eu fosse leve como uma pena, antes de me empurrar
contra o azulejo e me segurar enquanto trazia sua boca para mim
de novo.

— Eu não aguento mais, Ben. Eu não posso. — Eu estava


chorando, ofegante, sem fôlego. Ele se posicionou entre minhas
pernas.

— Vou precisar de um preservativo, — disse ele.

— Você está…? — Eu pausei. Eu não conseguia acreditar que


estava perguntando isso. — Você está limpo?

— Estou, mas precisamos de um preservativo.

— Estou tomando pílula.

— Ainda precisamos de um preservativo, princesa. — Ele


beijou meu queixo e depois o mordeu antes de arrastar seus lábios
para o meu pescoço.

Uma de suas mãos encontrou seu caminho entre minhas


pernas, seus dedos no meu clitóris provocando antes que ele os
colocasse dentro de mim. Ele começou a bombear como se
estivesse me fodendo. Com a outra mão, acariciando a si mesmo,
de alguma forma conseguindo me manter no alto e contra a
parede. Seus olhos estavam nos meus e eu não conseguia desviar
o olhar. Ele estava dando prazer a nós dois contra a parede de um
chuveiro. Explodi em torno de seus dedos rapidamente. Não
consegui durar nem um minuto. Consegui sair de cima dele e
colocar meus pés no chão, substituindo suas mãos pelas
minhas. Eu o acariciei com força, com a mesma intensidade com
que ele havia sido consigo. Ajoelhei-me diante dele, acariciando
mais, então trouxe minha boca para ele novamente.

— Eu vou, princesa. Eu vou... — Suas palavras foram


agitadas. — Eu vou... oh porra, eu vou... eu vou... gozar na sua
boca. Eu vou na...

E então ele o fez.

Ele gozou na minha boca, e toda a substância espessa e


picante foi para todos os lugares - descendo pela minha garganta
enquanto eu tentava engolir, nos meus lábios enquanto eu me
movia para trás, porque embora eu soubesse que isso aconteceria,
ainda era inesperado acontecer assim. Eu o senti em todos os
lugares. E quando nós dois voltamos à realidade, nós lavamos
tudo.
CAPÍTULO NOVE

Ben

Nunca fique com uma princesa.

Nós nem tínhamos realmente fodido, mas todas que vieram


antes dela de repente ficaram sem rosto, e eu não queria pensar
em ninguém vindo depois também. Fui cauteloso quanto a quem
deixava entrar em minha vida. David havia me avisado para não
me envolver muito com Pilar e, agora que provei, estava
fodido. Literalmente e figurativamente.

— Isso foi... — Pilar lambeu os lábios, com um rubor brilhante


no rosto enquanto olhava para o chão.

— Lendário.

— Sim. — Ela olhou para mim, rindo levemente. — Lendário.

Ela tinha colocado outro biquíni de malha. E agora eu usava


um roupão branco. Achei que poderia caminhar de volta para
minha villa vestido com ele, e as pessoas só pensariam que eu
estava no spa. Nenhum paparazzi era permitido nesta parte da
ilha. Eles haviam recebido ordens estritas para não nos
incomodar, já que este era um dos únicos lugares no mundo onde
podíamos vir a fingir que tudo estava normal. Ninguém mais aqui
iria julgar. Afinal, estávamos todos fazendo as mesmas coisas.

— Tenho uma reunião daqui a pouco. — Eu me levantei e fui


até ela. Ela estava mordendo o lábio, olhando para baixo
novamente. Levantei seu queixo para que ela pudesse olhar para
mim. — Essa foi a experiência mais incrível da minha vida.

— Está dizendo isso só por dizer. — Ela tentou se mover,


desviar o olhar, mas eu mantive sua cabeça no lugar.

— Eu nunca diria isso. Eu não tenho que fingir. Com


qualquer um. — Eu a beijei. Era para ser um selinho rápido, mas
se aprofundou rapidamente. Eu andei para frente, ela deu um
passo para trás, batendo na cômoda atrás dela. Meu pau já estava
ficando duro novamente. — Quero você.

— Eu não tenho preservativos, — ela sussurrou contra meus


lábios.

— Vou comprar alguns.

— Então você vai voltar?

— Você está me convidando para lamber você de novo, Sua


Alteza?

— Não me chame assim, — ela sussurrou.

— Por que não? — Eu trouxe minha mão para sua coxa,


levantando o vestido que ela usava e parando em sua parte
inferior. — Isso te deixa molhada.
— Isso não.

— Não? — Eu movi meus dedos e os coloquei em sua


boceta. Ela estava molhada pra caralho. — Princesa?

Ela se moveu, pressionando-se contra mim. — Apenas


termine.

— O quê?

— Coloque seus dedos dentro de mim.

— Porque você está molhada, Sua Alteza?

— Oh, meu Deus! — Ela gritou quando coloquei meus dedos


dentro dela e usei meu polegar em seu clitóris. Era tão sensível,
essa mulher. Foi o que mais me excitou. Era tudo que eu sabia
que ela seria. Mas porra, a realidade era muito mais quente. Ela
deixou sua cabeça cair para trás, deixando seu pescoço
exposto. Eu a lambi enquanto meus dedos a trabalhavam. Ela
estava perto. Eu sabia que estava.

— Ben. Eu vou... — ela disse. — Eu realmente quero que você


me foda. Por favor. Nós dois estamos limpos.

Era um grande não, foder com alguém sem camisinha. Eu


confiava nela. Acreditava nela quando afirmava que tomava pílula
e estava limpa, mas não conseguia fazer isso. Não importava o
quanto eu quisesse. Eu simplesmente não conseguia. Eu não
conseguiria. Ela estava ofegando por ar, implorando por meu pau
quando gozou. Esperei que descesse do orgasmo antes de me
afastar completamente e olhá-la. Ela era a mulher mais bonita que
eu já havia visto. Beijei a ponta do nariz dela.
— Voltarei mais tarde. Com preservativos, — eu prometi.

— Mal posso esperar. — Sorriu. Uma expressão tímida.

O melhor sorriso do mundo.

Com isso, me virei e saí. Fui até minha villa, telefone em uma
mão e roupas sujas na outra, quando olhei para cima e vi David
com os braços cruzados.

— Você transou com ela, não foi?

— Só usei seu chuveiro.

— O que há de errado com o seu? — Ele seguiu atrás de mim


enquanto eu entrava na villa, jogando as roupas sujas na
lavanderia enquanto passava.

— Não tenho certeza. Não usei hoje.

— Seu idiota. Eu disse para você não transar com ela. Eu


disse para você não...

— Eu sei o que você disse. — Levantei minha mão. — Pilar é


uma mulher adulta. Ela faz suas próprias escolhas, e aconteceu
de ela me abordar sobre isso.

— Ela o que? Então você tem um acordo agora? Você assinou


um acordo de não divulgação com a Coroa?
— Não. — Eu fiz uma careta. — Eles não fazem você assinar
um NDA2.

— Isso é um erro, Ben.

— Você já disse isso. — Tirei o roupão e comecei a me vestir


para a entrevista. — Estou te dizendo, está tudo bem.

— Ok. Se isso explodir na sua cara, não vou ajudar no


gerenciamento de danos.

— Sim, você vai. — Eu pisquei para ele. — Eu pago muito a


você para você não fazer o gerenciamento de danos.

— Idiota. — E saiu do quarto, balançando a cabeça. Um


segundo depois, gritou: — Ligue para sua mãe. Ela está ligando.

Suspirei pesadamente. Eu amava minha mãe, mas ela era a


última pessoa para quem eu queria ligar depois de fazer um sexo
oral alucinante, e David sabia disso. Idiota.

2 - Um acordo de não-divulgação, termo de confidencialidade, é um contrato legal entre


ao menos duas partes que destacam materiais ou conhecimentos confidenciais que as partes
desejam compartilhar para determinado propósito, mas cujo uso generalizado desejam
restringir.
CAPÍTULO DEZ

Pilar

— Não quero me precipitar aqui, mas foi o melhor sexo -


embora oral e com as mãos - de toda a minha vida, — eu disse.

— E foi com Benjamin Drake. — Minha cunhada Adeline


estava mais quieta do que o normal, e eu não sabia se era porque
ela estava na frente das pessoas, com ciúmes ou chocada. Ela era
casada com meu irmão, recém-casada, e completamente
apaixonada, então descartei o ciúme imediatamente.

— Você está muito quieta, — eu disse finalmente.

— Estou tentando processar isso, — disse ela. — Pensei que


você me disse que só tinha feito sexo com um cara. E isso nem foi
um grande sexo.

— Isso dificilmente é o ponto.

— É só que... Ben tem uma reputação. Não que eu tenha que


te dizer isso, mas é algo para manter em mente.
— Eu sei.

— Ele não é exatamente o tipo de cara de relacionamento. E


quero dizer, o que realmente sabemos sobre ele? Além de ser
gostoso e um jogador de futebol incrível?

— Não muito. — Mordi meu lábio, desejando que a


preocupação em sua voz não estivesse se transformando em
preocupação na minha cabeça. — Minha mãe verifica os
antecedentes de todos que vão ao jantar de domingo. Ela tem
dossiês e outras coisas, mas só vocês têm acesso a isso.

— Você quer que eu invada os arquivos e veja o que posso


encontrar sobre ele? — Addie perguntou, soando como se fosse a
última coisa no mundo que ela queira fazer.

— Sim.

— Bem, você vai ter que me dar alguns dias, — ela disse
depois de uma longa pausa. — Eli está muito estressado agora, e
não quero que ele fique bravo comigo por causa disso.

— Eu não quero Eli envolvido em nada. Mas acho que se você


precisa contar a ele, tudo bem. Eu não quero você brigando por
mim.

— Nesse caso, eu ligarei para você amanhã. — Podia ouvir o


sorriso em sua voz, e isso me fez sorrir.

— Obrigada, Addie. Você é a melhor das melhores.

— Ei, a meu ver, se tudo der certo, há uma chance de


Benjamin Drake ser meu futuro cunhado. Eu considero isso uma
vitória para todos.
— Não se precipite. Você mesmo disse, ele não parece ser o
tipo de relacionamento. — Eu ri fracamente. — Além disso, eu não
posso ser a garota que se apega ao primeiro rebote com o qual ela
faz quase sexo alucinante.

— Eu não acho que sexo e amor funcionam assim, — Adeline


disse suavemente. — Amo você. Divirta-se e eu retornarei a você
com qualquer informação importante que eu encontrar sobre ele.

— Obrigada novamente, Addie.

— Falo com você em breve.

Joguei o telefone na minha cama e deitei com um suspiro


pesado. Joslyn definitivamente encontraria sujeira sobre Ben
rápido se eu pedisse a ela, mas ela estava tão ocupada agora. Não
tinha certeza se queria trazer isso à tona até mais tarde. Além
disso, ela não estava aqui, o que significava que eu não precisava
contar a ela cada coisa que estava acontecendo na minha vida
agora. Peguei minha bolsa e decidi ir ao mercado. Talvez eu
consiga alguns itens para esta noite. Como vinho e queijo e outras
coisas que provavelmente já tinha na cozinha, mas queria comprar
de novo porque estava entediada e precisava de uma distração.

Sempre fui flanqueada por seguranças. Era algo que eu


realmente nunca tinha pensado até que eu estava em público, e
meus guardas chamavam a atenção. Quando as pessoas paravam
e olhavam ou tiravam fotos em seus telefones enquanto
caminhávamos, era quando me lembrava que minha segurança
estava lá para fazer exatamente isso - resguardar e
proteger. Nunca havia chegado a esse ponto. Não comigo de
qualquer maneira. As pessoas me viam, tiraram suas
fotos. Quando eu estava na França, ocasionalmente gritavam algo
bom para me fazer sorrir. Quando eu estava fora do país, as
pessoas raramente sabiam quem eu era imediatamente. A maioria
deles tinha que usar a foto que tirou para investigar mais
tarde. Nunca me interessei pelo status de celebridade. Como tudo
mais, vinha com o pacote. E como a maioria das coisas, daria
muito para viver a vida sem ele por um dia.

— Você está planejando almoçar enquanto estamos aqui? —


A pergunta veio de Amir, meu guarda à direita. Eu sorri.

— Você só me pergunta isso quando está com fome.

— Estou sempre com fome. — Seus lábios se moveram


apenas um toque, o suficiente para eu saber que ele estava
sorrindo sem quebrar sua personalidade assustadora de guarda-
costas.

— Vamos parar então. Presumo que você já tenha pesquisado


todos os restaurantes da região e saiba suas classificações. — Era
algo que Amir fazia e todos nós zombávamos dele. Deus nos livre
com uma refeição em algum lugar classificado com menos de
quatro estrelas.

— Há um restaurante indiano à frente que é bom. — Ele


acenou com a cabeça em direção a um prédio no canto. —
Poderíamos comer comida espanhola se preferir, mas é tudo o que
você tem comido desde que chegamos aqui, e estou um pouco
cansado disso.

— Indiano está bem. — Eu sorri.

Nós seguimos nessa direção. Quando chegamos à porta, uma


mulher se aproximou de nós. Eu sorri, usando minha habitual
expressão amigável quando ela se aproximava. Falhei quando vi a
raiva em seus olhos. Eu parei para avaliá-la completamente. Amir
assumiu uma postura deixando claro que eu não deveria ser
tocada. A mulher, que provavelmente era apenas um pouco mais
velha do que eu, olhou para ele por um segundo antes de fixar seus
olhos em mim.

— Você deve se afastar de Ben antes que se machuque.

— O qu... o quê? — Senti-me franzir a testa


momentaneamente até que me ocorreu que ela provavelmente era
uma fã e tinha visto fotos nossa juntos. Eu ofereci a ela outro
pequeno sorriso. — Oh. Ele é apenas um amigo.

— Ben não mantém amigas mulheres.

— Vamos ter que pedir que você se afaste da princesa. — Amir


ergueu um braço sobre meu peito.

— Está tudo bem, Amir. — Eu olhei de volta para a mulher.

— Apenas fique ciente. Você nunca será a mulher mais


importante de sua vida. É o que é. Cheguei antes de você, e estarei
lá depois de você. — Desta vez, ela sorriu para mim. — Eu sou a
única com quem ele viaja. O que significa que estou sempre
lá. Esperando. E mesmo assim, eu não sou suficiente. Basta
lembrar-se disto na próxima vez que ele sair de sua villa.

Ela deu um pequeno aceno e o telefone em sua mão se


iluminou por tempo suficiente para eu ver que sua tela de bloqueio
estava com uma foto dela e de Ben. Observei enquanto ela se
afastava, com meu coração na garganta, me perguntando se as
coisas que ela disse eram reais. Não era como se eu conhecesse
todas as mulheres que Ben tinha namorado, mas eu o persegui
nas redes sociais e segui as colunas de fofocas nas quais ele
apareceu por tempo suficiente para reconhecer a maioria das
mulheres com quem ele tinha saído. Se ela fosse uma delas, eu me
lembraria.

Ela era linda, ao estilo de uma atriz italiana dos anos 60, com
quadris fartos, lábios carnudos e olhos grandes e castanhos que
brilhavam quando ela sorria. Eu não conseguia deixar de imaginá-
la com Ben. Eles combinavam como os casais que estavam juntos
há décadas. Imaginei sua tez escura contra a dela, imaginei como
seriam seus filhos se tivessem bebês - adoráveis bebês de cabelos
encaracolados e lábios carnudos. Afastei o pensamento e me
obriguei a parar de me obcecar com isso. Odiava que meu cérebro
conjurasse imagens num piscar de olhos. Ainda assim, agora eu
não podia desfazer nada disso, e não tinha certeza do que pensar
sobre o que havia acontecido entre Ben e eu. Teria ele feito essas
coisas comigo e depois ido até ela para terminar o ato? O
pensamento me fez sentir inadequada.

— Você quer que a sigamos? — Perguntou Amir.

— Não. — Eu engoli e voltei para a porta. — Não seguimos


mais as pessoas.

Não adiantava mencionar que eu já tinha Adeline


examinando o arquivo de Ben. Essas eram questões que era
melhor deixar dentro da família, e embora eu me importasse com
Amir como se ele fosse parte da minha família, no final do dia,
este era um trabalho para ele. Eu não queria mais drama para
meu irmão, não quando ele estava fazendo tudo ao seu alcance
para começar um reinado limpo, onde as pessoas confiavam nele
para tomar as melhores decisões para elas. Sentei-me com Amir
em uma mesa perto da janela, desejando que Joss estivesse aqui
para eu conversar sobre isso. Ela era uma mulher e tinha mais
experiência do que eu em questões como essas. Em vez disso,
fiquei presa ao meu guarda-costas que, apesar de seu estilo e
regime de condicionamento físico, poderia ser meu pai.

— Tenho uma pergunta, — eu disse depois do silêncio mais


longo de todos os tempos.

— Sobre a mulher?

— Não. — Eu olhei para ele. — Eu já disse para você deixar


isso pra lá.

— Qual é a sua pergunta? — Ele arrancou um pedaço de


paratha3 e mergulhou no grão de bico. Ele me observou enquanto
mastigava. Tentei pensar em uma maneira de fazer minha
pergunta que não parecesse idiota, mas Amir me conhecia, então
realmente não importava.

— Digamos que você realmente goste de uma pessoa


famosa... — comecei.

— Como você. — Ele acenou com outro pedaço de paratha


para mim.

— Não. Não como eu. Quero dizer, muito famoso.

3 Pão indiano.
— Você é muito famosa.

— Não, eu não sou. Meus irmãos são. Eu sou apenas a


princesa que vive em suas sombras.

— Isso não é verdade. — Ele franziu a testa. Suas


sobrancelhas grossas e escuras o faziam parecer ameaçador para
os outros quando fazia isso, mas sempre me fazia sorrir porque
Amir era o maior amor. — Qual é a sua pergunta?

— Minha pergunta. — Eu respirei fundo. — Então, digamos


que você realmente goste de um atleta profissional, um muito
famoso, e ele ou ela finalmente o convidou para sair

— Ela, — disse ele.

— Pelo amor de Deus, Amir, pare de se atrapalhar com os


detalhes.

— Ok. — Ele deu uma risadinha. — Continue.

— Então, ela ou ele convidam você para sair e você se


diverte. Então, vocês se veem novamente e se divertem ainda
mais. Só que esta pessoa é amiga de seus irmãos

— Só um pouquinho, — disse Amir. — Sinto que este é um


detalhe importante, já que seus irmãos provavelmente o matarão
quando descobrirem.

— Bem, então, é uma coisa boa que eles não vão descobrir. E
é outra coisa boa que eles não têm um motivo para matá-lo. —
Exibi meu olhar aprazível - cale-se agora - sorrindo para ele, que
continuou comendo. — Então, você realmente gosta dessa pessoa,
mas tem plena consciência de que não sabe muito sobre ela. Mas
continua a vê-la e começa a fazer perguntas autênticas para
conhecê-la ou apenas aproveita o seu tempo e se diverte e aceita o
que recebe?

— O que é isso?

— O que é o quê?

— Você disse: “aceita o que recebe”. O que é isso?

— Oh. — Eu fiz uma careta. — Não sei.

— Talvez você deva descobrir antes de decidir se vai ou não


fazer mais perguntas ou desistir.

— Eu acho.

— Benjamin Drake parece ser um cara legal, apesar de todos


os rumores dos tabloides sobre ele ser um playboy.

— Oh, meu Deus, Amir. Isso tudo é hipotético!

— Certo. Talvez possa ser hipotético com alguém que não está
com você 24 horas por dia, sete dias por semana. — Ele sorriu. —
Não se preocupe, jurei segredo.

Eu gemi e balancei minha cabeça. Amir havia jurado


segredo, mas o mesmo acontecia com todos os outros guardas e
empregados domésticos, e eles adoravam fofocar. Eu já podia ouvir
os sussurros, e eles nem tinham começado. Parte de mim se
divertiu com isso. A outra parte gostaria de poder convocar uma
reunião em casa e obter todas as suas opiniões sobre o
assunto. Porque eu honestamente não tinha ideia do que estava
fazendo. Os homens eram uma espécie de mistério para mim, mas
Ben Drake era águas completamente desconhecidas.
CAPÍTULO ONZE

Pilar

Eu olhei para a manchete do tabloide novamente.

“Princesa Pilar seguindo os passos dos irmãos”.

Estava acompanhado por uma fotografia minha de biquíni na


minha varanda. Deve ter sido tirada logo após Ben ter ido embora,
porque estava claro como o dia que eu tinha acabado de me
ferrar. Literalmente e figurativamente, aparentemente.

— Achei que paparazzi não fossem permitidos nesta parte da


ilha. — Eu olhei para Amir.

— O que significa que não foi um paparazzo que pegou isso.

— Isso é tão embaraçoso. — Eu cobri meu rosto. — O que Eli


vai dizer?

— Eu falei com ele. Ele não quer que você se preocupe.


— Eu estou... — Tirei minha mão do rosto e olhei para a foto
granulada de mim mesma. Pelo menos estava granulado. Ainda
assim, você podia ver minha expressão. — Eu pareço uma estrela
pornô.

Amir se encolheu. — Por favor, não diga isso.

— Só estou dizendo o que todo mundo provavelmente está


pensando. — Pousei a revista com um suspiro. — Eu sei que
Aramis não vai gritar comigo porque isso seria hipócrita, mas
Eli? Eu nem quero enfrentá-lo.

— Já te disse, falei com ele. Ele não parece chateado. Ele quer
que você se divirta, sabe?

— Divertir-se é uma coisa, mas a que custo para a Coroa?

— Você se divertindo ou fazendo coisas assim é perfeitamente


normal, Pilar. Você tem vinte e quatro anos, não oitenta e cinco. E,
francamente, você nunca saiu da linha. Isso dificilmente constitui
algo de que você deveria se envergonhar. Não é como se você
estivesse cuspindo no rosto de bebês.

Com essa sua analogia eu ri. — Bem, você é a pessoa mais


fiel às regras que conheço, então acho que se não está me julgando,
devo me acalmar.

— Exatamente.

— Eu simplesmente não entendo. Quem tiraria esta foto e a


venderia?

— Quem sabe. — Ele encolheu os ombros. — Vamos garantir


que isso não aconteça novamente.
Amir foi embora como um homem em uma missão, e eu tinha
certeza que ele cumpriria essa promessa. Minha mente voltou para
a mulher que conheci do lado de fora do restaurante
indiano. Poderia ter sido ela? Balancei minha cabeça. Não.
Pessoas que tiravam fotos como essas e as vendiam geralmente
faziam parte da indústria de fofocas. Decidi deixar para lá. Era a
única coisa que eu podia fazer agora. Levantei-me, joguei o
tabloide no lixo e fui para o meu quarto ligar para Joss. Ela era
minha secretária pessoal e encarregada de manter o mínimo de
fofocas. Se alguém saberia o que fazer agora, seria ela.

Fiquei olhando para o vaso de cravos vermelhos.

— Estes foram enviados para mim? — Perguntei pela segunda


vez.

Ninguém havia me enviado flores antes. Nem tinha lido o


bilhete ainda, mas sabia de quem eram. Eu simplesmente não
conseguia processar o que eu sentia sobre isso.

— Sim, Srta. Pilar, — disse Sylvia, nossa faxineira. Eu disse


à equipe para não se dirigir a mim formalmente, mas eles pareciam
não conseguir parar de fazer isso, então aceitei o senhorita. Sylvia
pigarreou. — Cravos vermelhos significam saudade. Você sabia
disso?
— Não, eu não sabia. — Meu coração batia forte enquanto eu
caminhava até o vaso e peguei o envelope, abri-o e tirei o pequeno
cartão.

Não trocamos números de telefone. Podemos nos ver de


novo? Esta noite? - Ben.

Ele incluiu seu número na parte inferior do cartão. Eu sorri


ao ler e mordi meu lábio enquanto pegava meu telefone para digitar
seu número. Não queria ligar, mas apertei o botão em vez de salvar
os dígitos. Ele atendeu rapidamente, parecendo um pouco sem
fôlego. Minha respiração ficou presa com o som de sua
voz. Imediatamente pensei na mulher que conheci na rua e desejei
que não fosse meu primeiro pensamento quando se tratava de sua
respiração pesada.

— Pilar?

— Sim, sou eu.

— Recebeu as flores. — Eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

— Eu recebi. Acho que o bilhete responde à primeira


pergunta que me veio à mente quando os vi.

— Que pergunta era essa?

— Não sei. Eu só... acho que não esperava flores. — Eu mordi


meu lábio. — Mas você realmente não tinha meu número para me
enviar uma mensagem.

— Enviar mensagem para você? — ele disse. — Você acha que


mandei flores no lugar de uma mensagem porque não tinha seu
número?
— Bem, não foi?

— Não, Pilar. — Ele ficou quieto por um segundo. — Meninos


mandam mensagens. Homens mandam flores.

— Oh. — A felicidade me inundou. — Você manda flores para


todas as mulheres com quem fica?

— De jeito nenhum.

— Humm. Apenas aquelas que você quer ver de novo?

— Basicamente.

— Bem, obrigada por sua honestidade. — Eu ri levemente. —


Por um minuto, pensei que você ia me dizer que nunca tinha
mandado flores a ninguém antes.

— Eu não preciso usar mentiras para impressionar


você. Prefiro fazer isso com ações.

— Gosto disso. — Eu sorri. — Então, esta noite? Às


nove? Dez? Eu quero fazer algo divertido.

— Nesse caso, vou buscá-la às dez. Vista algo


confortável. Nada muito sofisticado.

— Vejo você então. — Desliguei o telefone e soltei um grito


animado.

— Eu considero isso um bom sinal, — disse Amir, entrando


na sala de jantar. Ele se aproximou das flores. —
Cravos. Interessante. A maioria dos homens manda rosas.
— Cravos significam saudade. — Ergui meu queixo com
orgulho. — Sylvia acabou de me dizer isso.

— Saudade é um bom sinal. — Amir sorriu. — Então, hoje à


noite às dez?

— Você apenas fica sentado aí, escutando todas as minhas


conversas?

— Nem todas. Somente aquelas que você tem nas áreas


públicas da casa.

Eu o encarei por um longo tempo antes de me afastar e ir


para o meu quarto para escolher uma roupa para esta noite. Eu
compararia Amir com meu pai, mas se eu fosse completamente
honesta, Amir era mais um pai para mim do que meu
próprio. Fiquei triste quando papai morreu porque, quando tudo
foi dito e feito, ele ainda era meu pai, mas, honestamente, ficaria
mais triste com a ideia de perder alguém como Amir. Depois de
alguns minutos, houve uma batida na minha porta.

— Entre, — eu gritei, sabendo que era Amir novamente.

— Joss virá amanhã por alguns dias. Ela disse que tentou
ligar, mas não conseguiu entrar em contato com você. Eu disse a
ela que sua recepção não era boa na maior parte da casa.

— Obrigada. — Eu olhei para ele com um sorriso antes de


voltar para as roupas na minha frente. — Você acha que casual,
não sofisticado, significa um vestido maxi?

— O que é um vestido maxi?

— Este. — Peguei um e pressionei na minha frente.


— Muito legal. — Ele assentiu. — Você deveria usar algo para
cobrir sobre isso.

— Cobrir? — Eu ri. — Está quente. O objetivo disso é para


ser sexy.

— Bem, nesse caso, não use. — Ele continuou olhando para


o vestido como se quisesse dizer algo, mas não tinha certeza se
deveria. Finalmente, suspirei.

— Fale.

— Você deveria ir devagar com Benjamin.

— Você disse que ele era um cara bom.

— Mesmo os mocinhos machucam pessoas boas de má


vontade.

— Você acha que ele vai me machucar? — Baixei o vestido


com o cenho franzido.

— Não de bom grado, mas você é muito inocente para a sua


idade, Pilar. Foi muito protegida.

— Já fiz algumas coisas. — Minha carranca se


aprofundou. Eu fiz.

— Você teve um namorado de longa data com quem esteve


por quase seis anos. Isso não lhe dá espaço para fazer muitas
coisas.

— Sim, bem, Toby e eu...


— Cresceram juntos. — Amir sorriu. — E isso é uma coisa
maravilhosa. Ele te ama muito.

— Eu não vou voltar com Toby.

— Não é minha função sugerir que você deva.

— Bom. Então estamos claros sobre isso.

— Estamos. Te vejo depois. Eu tenho algumas tarefas antes


desta noite.

— Ele disse que vinha me buscar, — gritei.

— Claro, o que significa que temos que fazer o que fizemos da


última vez e segui-la por aí. Nada diz 'vamos a um encontro normal'
do tipo com uma caravana cheia de segurança em torno de um
carro esportivo excessivamente zeloso.

Eu ri do seu tom enquanto ele se afastava e fechava a porta,


mas com o passar do tempo, pensei no que ele disse e me ocorreu
que estar com o mesmo cara por seis anos significava
essencialmente que eu era inocente em questões de amor. Não
tinha certeza de como me sentia sobre isso.
CAPÍTULO DOZE

Pilar

Eu estive pensando se deveria ou não falar da fotografia para


Ben. Eu decidi contra isso. Em primeiro lugar, não queria chamar
atenção para ele se não tivesse visto. E em segundo lugar, decidi
que não me importava. Talvez um morador tenha tirado a foto para
vendê-la porque precisava do dinheiro para alimentar sua
família. Não era como se eu estivesse nua. Já havia superado isso.

A campainha tocou e, embora eu tivesse andado de um lado


para o outro na área em frente a ela nos últimos dez minutos, parei
e apenas olhei para ela por um segundo. Eu não poderia deixá-lo
pensando que eu estava esperando. Depois de contar até dez,
respirei fundo e me aproximei, destrancando e abrindo a
porta. Ben estava do outro lado, vestindo jeans rasgados e uma
camiseta preta. Seu cabelo escuro e encaracolado parecia como se
ele tivesse acabado de passar as mãos por ele antes de sair de casa,
e isso só aumentou seu apelo sexual.

— Você está linda. — Ele sorriu, os olhos brilhando. — Eu


disse para vestir algo casual, porque imaginei que poderíamos ter
um jantar tranquilo na minha villa, mas você está me fazendo
querer levá-la para sair.

— Pode me levar a qualquer lugar. — Demorei meio segundo


para rir da minha ansiedade excessiva. Ben apenas sorriu. Lambi
meus lábios e tentei novamente, — Quer dizer, não me importo
para onde vamos.

— Vamos a um clube e ver onde a noite nos leva. — Ele


piscou. E borboletas voaram dentro de mim.

— Ok. — Olhei para trás e encontrei Amir parado a alguns


metros de distância, olhando para o telefone. Ele olhou para cima
quando sentiu minha atenção.

— Pronto?

— Pronto, — Ben confirmou.

Eu o segui para fora e parei quando ele abriu a porta do


passageiro, esperando que eu me acomodasse no assento baixo
antes de fechar e contornar o veículo. Observei Amir entrar no
banco do motorista do SUV estacionado na frente do carro de
Ben. Ben sentou no banco do motorista e digitou algo rapidamente
em seu telefone.

— Amir quer que eu dê a ele nosso itinerário completo. Acho


que algo espontâneo ou irresponsável não vai funcionar com você.
— Ele me lançou um olhar de soslaio e um sorriso sexy.

Eu queria dizer a ele para esquecer Amir, mas sabia que era
uma tarefa impossível. A ilha era muito pequena e ele nos
encontraria em dois segundos. Além disso, embora eu estivesse
aqui para escapar do escrutínio e viver minha vida pelo menos uma
vez, não conseguia me livrar da responsabilidade que pesava sobre
meus ombros com meu título e meu irmão sendo o rei. Em vez
disso, fiquei quieta. Eu era boa nisso. Ele ficou quieto também, e
eu me perguntei se isso tinha alguma coisa a ver com a mulher
que me confrontou hoje cedo. Eu abri minha boca para contar a
ele sobre ela, mas rapidamente a fechei novamente. Ele deveria se
abrir comigo sobre ela. Ou não. Era como Amir havia sugerido,
Ben não parecia ter relacionamentos sérios. Se eu o quisesse em
qualquer posição, precisava manter isso em mente.

Paramos na frente do clube onde eu o vi na minha primeira


noite aqui. Eu podia ouvir a música explodindo de dentro, e ainda
estávamos no carro com as janelas abertas.

— Aqui? — Eu olhei para ele.

— Você não gostou?

— Gostei. — Eu mordi meu lábio. — Mas também tomei


muitas decisões erradas naquela noite.

— Bem, eu não vou deixar você cometer muitas hoje. Mas se


fizer isso, estou aqui para garantir que ninguém se aproveite de
você. — Ele piscou. Mordi meu lábio com mais força, sentindo-me
corar. Ben deu uma risadinha. — O quê?

— E se eu quiser que se aproveitem de mim?

— Então eu diria que depende. Se você quer dizer algum cara


qualquer por aí... — ele ergueu uma sobrancelha, apontando para
a boate — ...eu diria que está sem sorte porque não vou deixar isso
acontecer. Se está insinuando o que eu acho que você está, estou
aqui para isso.
— Ótimo. — Eu ainda estava corando, mas sorri. — Vamos,
então?

Antes que ele tivesse a chance de dar a volta para abrir minha
porta, Amir estava lá, abrindo e me ajudando a sair do carro.

— Tem certeza que quer ficar neste lugar?

— Por que não? Estou aqui para me divertir.

— Há dois DJs famosos aqui esta noite. Vai ficar


lotado. Liguei para o gerente do carro e reservei uma área privada
na seção VIP. — A expressão de Amir estava séria. — Contanto que
você saiba no que está se metendo.

— Vou ficar bem. — Eu sorri e olhei para Ben, que estava


contornando o carro.

Eu não tinha certeza do que esperava que ele fizesse, mas


pegar minha mão não era uma das opções. Então, quando ele o
fez, uma emoção correu através de mim. Seguimos Amir conforme
outros três seguranças nos cercavam. Mesmo que os paparazzi não
fossem permitidos no local, não me surpreendeu que pessoas
portando telefones apontassem para nós, tirando fotos e vídeos
enquanto passávamos. Eu olhei para Ben para ver como ele estava
reagindo a isso. Se sua cabeça estivesse baixa, eu também
manteria a minha baixa, mas ele manteve de cabeça erguida, com
um sorriso orgulhoso, apertando minha mão ao redor da sua. Eu
sorria muito, incapaz de conter minha excitação, e olhava para
frente com minha cabeça erguida também. Fiquei feliz por estar
aqui com ele, e não tinha absolutamente nada a esconder. Fomos
escoltados lá para cima até uma área escura e isolada, bem acima
do DJ. Ben manteve minha mão na sua ao falar com a garçonete,
e eu olhei à minha volta. Conduziu-me a o sofá, onde ainda
tínhamos uma vista do palco em que o DJ estava.

— O que você quer beber? — Aproximou-se do meu ouvido.

— Qualquer coisa, — eu gritei. — Vodka?

— Peguei vodka e tequila. — Ele sorriu. — Não acho que já


tenha visto você bebendo. Digo, exceto da última vez.

— Eu normalmente não bebo. — Eu ri. — Você conhece


minha família.

— Sim, e eles festejam muito. — Ele parecia divertido.

— Eu não tinha permissão para fazer isso. Estas são minhas


férias deles, e a primeira vez que estou vivenciando tudo isso. —
Fiz uma careta, encontrando seus olhos. — Não é que eu não
tenha ido a clubes, mas na realidade eu não... não sei. Não sei
como explicar isso.

— Você não se soltava.

— É isso, — eu disse depois de um momento refletindo. —


Mas da última vez eu exagerei. Eu também estava tomando um
medicamento e havia esquecido.

— Medicação para quê?

— Tive uma infecção nasal, e eles me deram medicação para


isso. Era meu último dia de uso, mas deviam ser muito fortes
porque eu apaguei.

— Não vou deixar você fazer isso hoje.


Eu sorri e observei enquanto a garçonete colocava nossas
garrafas na mesa e, em seguida, colocava os copos para nós.

— É muito álcool, — eu disse.

— Tenho amigos passando por aqui. Espero que não se


importe.

— Sim, claro. — Eu sorri. — Você apresenta todos aos seus


amigos?

— Nem todos. — Ele sorriu enquanto pegava a garrafa de


vodka e servia em nossos copos. — Suco ou refrigerante?

— Suco, por favor.

— Eu só apresento pessoas importantes para meus amigos e


família.

— Pessoas importantes, — eu repeti. — E eu estou nessa


lista?

— Parece que sim.

— Então... — eu suspirei. — Sinto que deveria te contar uma


coisa.

— Parece sério. — Recostando-se no sofá depois de me


entregar meu copo e tomar um gole do seu. — O que foi?

— Uma mulher se aproximou de mim esta manhã a caminho


do almoço. E disse um monte de coisas que nem consigo me
lembrar agora, mas no final, ela sugeriu que você sempre viajava
com ela. Que era para ela que você sempre voltava.
— Kayla. — Ele exalou pesadamente, balançando a
cabeça. — O que ela disse?

— Honestamente, não me lembro. Minha mente estava


correndo, e não conseguia me concentrar em tudo isso. Algo sobre
você ter uma mulher que você coloca na frente de todos, mas não
sei se ela se referia a ela ou a outra pessoa. — Mordi meu lábio e
tomei um gole forte de vodca e suco de laranja, tentando não me
encolher quando engoli. Os primeiros drinques eram sempre os
mais difíceis. — E então eu percebi que não sei muito sobre você.

— Nós nos conhecemos há anos.

— E, no entanto, não sei muito sobre você.

— Humm. — Ele se concentrou no DJ enquanto bebia. Eu me


concentrei em sua expressão cautelosa.

— Não é muito acessível, — eu disse depois de um momento.

— O que você gostaria de saber? — Ele olhou para mim. —


Basta perguntar.

— Acho que não tenho uma pergunta específica. — Tomei


outro gole da minha bebida. — Você realmente viaja com Kayla
para todos os lugares?

— Não, e se ela se aproximar de você novamente, é melhor


avisar Amir ou quem quer que esteja com você.

— Ela parecia bastante inofensiva.

— Não estou dizendo que ela machucaria você fisicamente,


mas não precisa se sujeitar a coisas assim. De ninguém.
— Coisas como o quê? Ela parecia uma namorada magoada
ou algo assim. — Mordi meu lábio, esperando estar errada sobre
isso.

Os únicos exemplos de bons homens que tive foram aqueles


em minha vida, e nenhum deles foi um santo. Meu pai teve mais
casos do que eu provavelmente sabia. Meu irmão Aramis,
reconhecidamente, ficava entediado com as mulheres rapidamente
e estava sempre correndo atrás de uma nova. Felizmente, meu
irmão mais velho, Elias, conheceu alguém sem a qual ele não
poderia viver, e eu sabia, sem dúvida, que ele permaneceria fiel a
ela. Ainda assim, homens como Benjamin Drake eram do tipo
indomável. Os que definitivamente brincavam, mas nunca se
acomodavam com você - não por falta de esforço. Embora eu
estivesse bem com essas coisas, com certeza eu não estava bem
em ser a outra.

— Ela não é minha namorada, — disse Ben após um longo e


silencioso momento. — Nunca foi, nunca será. Mas já viajei com
ela no passado.

— Mas não desta vez?

— Ela foi ao meu baile na outra noite, embora eu tenha


convidado você para se juntar a mim. Tenho certeza que ela ficou
mais tempo para absorver a cena da festa antes de ir para casa.

— Onde fica a casa?

— Paris.

— Humm. — Lambi meus lábios. — Não aparentava ser


parisiense.
— Ela é israelense.

— Como você.

— Como eu. — Ele sorriu.

— Eu tenho uma pergunta pessoal.

— Certo. — Esvaziou o que restou em seu copo e olhou para


o meu. — Quer uma recarga enquanto você me interroga?

— Claro. — Entreguei a ele meu copo vazio e me perguntei se


isso parecia um interrogatório. Esse termo sempre tinha uma
conotação negativa. — Você está dormindo com ela?

— Não estou. Há muito tempo que não. Esse navio partiu. Eu


a convidei para o baile, mas como amiga.

— Ela tem uma foto de vocês juntos como tela de bloqueio em


seu telefone. Tenho certeza de que discorda.

— Bem, isso é Kayla. — Ele riu, balançando a cabeça


enquanto me entregava minha bebida e pegava a sua. — Nós nos
conhecemos quando éramos jovens. Ela meio que se agarrou a
mim, e eu deixei porque gostava de me sentir útil. Mas o que
tínhamos era mais próximo de uma aventura de uma noite do que
de um relacionamento real.

— Não é isso que relacionamentos tecnicamente é? Casos


longos de uma noite?

— Não se você não se envolver.

— E você não se envolveu.


— Não é bem assim. — Ele olhou para o DJ, que estava
anunciando outro DJ para ocupar seu lugar no palco.

— Você me fez muitas perguntas, — eu disse.

— Não considero você um caso de uma noite.

— E quanto a Sophia, — perguntei, mencionando a atriz que


ele namorou. — Você esteve com ela por um tempo.

— Sophia e eu quase nunca estivemos na mesma


cidade. Essa foi outra longa noite sem muito envolvimento. Ela é
uma ótima mulher, mas não é a certa para mim.

— Então, quem é? — Inclinei-me um pouco mais perto para


não ter que gritar.

Ele olhou para mim e sorriu. Estávamos sentados bem


próximos agora, nossos joelhos roçando, nossos narizes quase se
tocando. Analisando meus olhos por um longo tempo, tanto tempo
que eu tinha certeza que havia esquecido que fiz uma pergunta a
ele. Prendi minha respiração. Esperei. Mordi meu lábio. Então,
seu olhar caiu para minha boca, meu corpo aquecendo quando ele
encontrou meus olhos novamente. Depositando a sua bebida na
mesa sem quebrar o contato visual, levando uma mão ao meu
rosto, depois a outra. Eu pensei que meu coração poderia apertar
no meu peito enquanto ele se aproximava ainda mais, seus olhos
nos meus, sua respiração fazendo cócegas em meu nariz.

— Acho que você é a certa para mim, — disse, sua voz baixa
antes de me beijar.
Nossas línguas se encontraram e o beijo se aprofundou. O
gosto do álcool misturado ao meu me fez sentir como se eu pudesse
morrer de felicidade ali mesmo.
CAPÍTULO TREZE

Ben

Eu não conseguia me cansar dela. Esperava que fosse esse o


caso, mas não poderia ter previsto a maneira como estar com ela
me faria sentir. Uma coisa era admirá-la quase sempre de longe e
sentir-me lisonjeado por ela ter demonstrado interesse por
mim. Tê-la só para mim era outra coisa. Isso me lembrou o que eu
sentia cada vez que colocava o pé no campo, pronto para correr
atrás da bola. Era emocionante e desconhecido, e eu queria
explorar tanto quanto ela permitisse. Nem mesmo suas perguntas
me incomodavam, o que normalmente acontecia com todas as
mulheres com quem saía. Sempre queriam saber muito e
questionavam meu relacionamento com Kayla assim que
descobriam sobre ela, o que era comum. Kayla gostava de se
apresentar a todas as mulheres com quem eu era visto. Como eu
assegurei a Pilar, ela era inofensiva. David achou que eu era um
idiota por deixá-la vir e por convidá-la ao baile neste fim de
semana. Foi ela quem me deu a ideia para a fundação, no
entanto. Eu não poderia usar a sugestão e não a convidar para a
festa por isso. Como se estivesse ouvindo meus pensamentos,
David apareceu na minha linha de visão. Afastei-me de Pilar e sorri
para o desgosto marcado em seu rosto.

— Meus amigos estão aqui, — eu disse.

— Oh. — Ela endireitou e arrumou o cabelo.

As sobrancelhas de David se ergueram. Eu não consegui tirar


o sorriso do meu rosto enquanto me levantava para cumprimentá-
lo. Apertamos as mãos e batemos os ombros.

— Parece exatamente o oposto do que eu disse para você


fazer, — disse, dando um tapinha nas minhas costas e se
afastando para cumprimentar Pilar.

— Nós nos conhecemos, — disse ela, sorrindo enquanto se


levantava. — David, certo?

— Isso mesmo. Nós nos conhecemos em um dos jantares de


domingo de sua mãe. — Ele sorriu para ela e olhou para mim. —
Warren e Camila estão estacionando.

— Legal. — Olhei para Pilar, cujos olhos se arregalaram. Eu


ri, lembrando que ela era na verdade uma ávida fã de futebol. —
Sim, Warren Silva.

— Oh, meu Deus. — Ela sorriu o maior sorriso que eu já


vi. Era fofo, especialmente porque Warren era um homem de
família casado e feliz com dois filhos pequenos.

— Vou tirar uma foto sua com ele. — Eu pisquei.

— Isso seria épico. — Ela tomou um gole de sua bebida,


aparentemente incapaz de tirar o sorriso do rosto.
— Você sabe quem mais está vindo? — disse David,
zombando de Pilar agora. — Alex Scott.

— Nãooo. — Sua boca caiu. Ela me encarou com um sorriso


malicioso que me virou do avesso. — Pode ser que tenha alguma
competição hoje à noite.

— É mesmo? — Ergui uma sobrancelha.

Eu sabia que ela estava brincando, mas não gostei do que


isso significava. Se qualquer outra pessoa tivesse feito esse
comentário, eu teria rejeitado o comentário e a mulher
imediatamente. Mas Pilar dizer isso me fez ver vermelho. Alex era
um dos meus melhores amigos e nunca se meteria entre uma
mulher e eu, mas ele também adorava foder comigo. Se soubesse
o quanto eu gostava da Pilar, ele flertaria propositalmente com ela
para implicar comigo. Eu me preparei mentalmente para isso.

— Teremos que ver como me sinto quando ele chegar aqui. —


Pilar piscou.

David riu, curtindo profundamente isto. Eu me surpreendi.


Poucas vezes isso acontecia. David disse que ia dizer oi a algumas
pessoas e que voltaria. O DJ tocou uma interpretação de Bazzi's
Paradise, e Pilar começou a dançar. Eu a observei por um
momento, adorando a maneira como ela movia seus quadris, suas
mãos balançando no ar, e seus olhos fechados enquanto cantava
junto. Ela era simplesmente linda quando estava assim, e eu me
senti privilegiado por ver este seu lado. Antes que eu pudesse me
deter, puxei-a para mim e comecei a dançar com ela, minhas mãos
em seus quadris, minha boca perto de sua orelha. Não conseguia
me lembrar da última vez que uma mulher me fez sentir assim,
onde compartilhar o mesmo espaço era emoção suficiente, e o fato
de que eu a levaria para casa esta noite era a cereja no topo do
bolo. Quando Warren entrou segurando a mão de Camila, eu olhei
e acenei para ele em saudação. Ele fez o mesmo, e Camila acenou
e sorriu. Ela já estava movendo seus quadris com a música, e eu
sabia que eles se juntariam a nós dançando na pequena área da
seção VIP em breve. Quando a música acabou, eu os apresentei a
Pilar.

— Eu deveria me curvar ou algo assim? — Camila perguntou,


timidamente estendendo a mão para Pilar apertar.

Pilar riu e se adiantou para dar um beijo em Camila nas duas


bochechas.

— Isso é fácil, — disse Camila, sorrindo. — Prazer em


conhecê-la. Eu nunca conheci alguém da realeza antes.

— Ela não é da realeza neste fim de semana. — Pisquei para


Pilar. Ela corou, sorrindo amplamente. — Ela é apenas uma
cidadã normal como o resto de nós.

— Legal. — Warren sorriu. — Gosto do que seu irmão está


fazendo em Paris. Não que eu more lá, mas acompanho as notícias.

— Onde você mora? — Perguntou Pilar.

— Ah, um lugarzinho chamado Harlem. É em Nova York. —


Warren sorriu. — Uma pequena joia preciosa.

— É uma joia de um lugar, na verdade. — Camila lhe deu


uma cotovelada forte, mas tudo o que fez foi fazê-lo rir ainda
mais. Ela sorriu para Pilar. — Vocês deveriam vir visitar algum dia.
— Uh, sim. Pode ser. — Pilar sorriu, mas eu poderia dizer que
ela ficou chocada com o convite, principalmente porque quando
Camila te convidava para algum lugar, era óbvio que ela estava
falando sério.

— Nós definitivamente iremos um dia. — Peguei a mão de


Pilar na minha e apertei. Ela encontrou meu olhar com uma
expressão de surpresa.

Warren, Camila, Pilar e eu nos sentamos e começamos a


conversar, inclinando-nos um sobre o outro para ouvir por cima
da música alta. David se juntou a nós logo depois, e então, Alex
chegou, completamente encantando Pilar e Camila. Ambas
estavam corando e trocando olhares até que Warren e eu
estávamos prestes a expulsar Alex do grupo.

— Quem convidou esse cara? — Warren perguntou em voz


alta depois de um momento.

— Sua mãe, — disse Alex.

Eu ri.

As mulheres riram mais alto.

— Acho ótimo que ele esteja aqui, — disse Pilar.

— Claro que você acha. — Eu fiz uma careta.

As sobrancelhas de Alex se ergueram e eu imediatamente


soube do meu erro. Ele passou o braço por cima do ombro de Pilar.

— Então, você está gostando de Ibiza? É a sua primeira vez?


— Estou amando. — Ela ficou dez tons de vermelho.

Eu agarrei o braço do meu suposto melhor amigo e o


empurrei para longe do meu encontro, lançando lhe um olhar
feroz.

— O quê? — ele murmurou, fingindo ser inocente.

— Vou socar você. — Eu olhei para ele.

Ele riu alto, balançando a cabeça. — Isso é ótimo.

Nós conversamos, dançamos, bebemos, dançamos um pouco


mais, bebemos um pouco mais.

— Onde estão as crianças? — Perguntei a Warren. — Em


casa?

— Sim. Nós os deixamos com nossas mães, o que já é um


pesadelo. — Ele balançou sua cabeça.

— Minha mãe me ligou há pouco e disse que o bebê pode ou


não ter assaduras, e que ela iria fazer um chá para ele passar na
área afetada— disse Camila, suspirando. — Não aguento isso.

— Chá no bumbum do bebê? — Pilar franziu a testa. — Por


que?

— Porque ela não colocaria pomada lá, e uma vez que essa é
a cura número um para tudo em uma casa dominicana e ela não
pode fazer isso, o chá com todas essas ervas estranhas está em
segundo lugar.
— Oh, meu Deus. — Pilar riu. — Isso é ótimo. É bom que ela
se preocupe.

— Demais. — Camila balançou a cabeça. — Minha irmã está


passando por um divórcio desagradável e ela tem um filho de três
anos, então não quero incomodá-la. Mas estou morrendo de
vontade de ela levar as crianças para a casa dela.

— Isso é péssimo. Eu não sabia que Vanessa estava se


divorciando, — eu disse. Eu a vi com seu marido algumas vezes, e
eles sempre foram legais.

— Sim. É a vida, eu acho. — Camila encolheu os ombros.

— Não é a nossa vida. — Warren agarrou a mão dela e se


inclinou para beijá-la. — Não tenha ideias.

— Acredite em mim, eu já teria te deixado. — Ela riu da


expressão dele.

Alex e eu assistimos melancolicamente. Warren foi nosso


herói por tanto tempo dentro de campo, mas fora de campo, ele
marcou gols sérios, com uma bela mulher em seus braços e dois
filhos adoráveis. Ele dirigiu uma fundação de sucesso e tinha
negócios em Nova York e na Espanha. Era o que todos nós
estávamos tentando ser, embora parecesse inatingível. Olhei para
Pilar, que agora estava bebendo água, e me perguntei como ela se
sentiria se eu contasse a ela que esse era o meu objetivo. Ela
correria, fugiria? Ela era jovem e inocente, talvez não quisesse
nada disso agora. Sem mencionar que ela era uma princesa. Isso
complicava as coisas. Eu nem tinha certeza de porquê estava me
perguntando sobre isso ou me importava como ela se sentiria. Não
era como se ela pudesse ser um objetivo de longo prazo,
independentemente de como ela me fazia sentir.
CAPÍTULO QUATORZE

Ben

— Eu me diverti muito. — Ela suspirou ao meu lado enquanto


eu dirigia para minha casa.

— Ótimo. — Eu coloquei minha mão sobre a dela.

— Acho que estou bêbada.

— Eu acho também. — Eu ri.

— Vamos voltar para a sua casa?

— Sim.

— Você vai se aproveitar de mim? — Ela levou minha mão aos


lábios e chupou meu polegar em sua boca.

— Não. — Eu gemi.

— Eu quero que você se aproveite. — Ela chupou novamente.


— Pilar. — Soltei um suspiro trêmulo enquanto estacionava
o carro na garagem e fechava a porta grande atrás de nós. — Por
mais tentadora que você seja, prefiro esperar para tirar vantagem
de você quando não estiver bêbada.

— Mas eu quero que você faça isso, — ela repetiu.

— E eu vou... quando você estiver sóbria. — Retirei minha


mão e segurei seu rosto, inclinando-me para beijá-la
profundamente.

Ela tinha gosto de vodca e laranja. Como o pecado mais doce


pelo qual já fui tentado. Quando me afastei, ela resmungou, mas
eu a conduzi para fora do carro e para dentro da minha villa
mesmo assim. Eu a teria de novo, mas esta noite não era a hora
para isso. Eu não descartaria a manhã, entretanto.

Lá dentro, dei a ela algo para a dor de cabeça que ela


provavelmente teria amanhã. Eu a ajudei no banheiro enquanto se
despia para o banho. Eu nunca tinha mostrado mais contenção
em minha vida, disso eu tinha certeza. Uma vez que estávamos
ambos limpos e vestidos com uma das minhas camisetas,
deitamos na cama. Eu a puxei para mim e apreciei o som de sua
respiração suave. Tenho certeza de nunca ter sentido esse nível de
paz antes.

— Diga-me algo que ninguém mais sabe sobre você, — ela


sussurrou.

— Estamos tendo uma conversa franca? — Eu sussurrei de


volta.

Ela olhou para mim. — Tudo bem?


Nunca fui um homem acessível, principalmente porque tinha
visto o que acontecia com pessoas que baixavam a guarda. A
vulnerabilidade era um vírus. No momento em que você deixava
seu controle escapar, você ficava exposto a ataques de maneiras
que nunca imaginou.

— Algo que ninguém mais sabe, — eu disse, deixando-me


saborear a ideia de me abrir totalmente para essa mulher que se
desnudou para mim. — Eu tinha um irmão. — Engoli. — Ele
morreu quando eu entrei na liga. O ano em que vencemos o
campeonato. Todos estavam exultantes, comemorando, enquanto
eu estava de luto. Talvez seja por isso que ganhar sempre tem um
gosto amargo para mim.

— Sinto muito. — Ela olhou para cima e encontrou meus


olhos. — Não consigo imaginar perder um irmão.

— É bastante inimaginável. — Eu exalei, segurando-a mais


perto.

— Como ele... como ele morreu?

— Ele foi morto enquanto documentava uma zona de guerra.

— Eu sinto muito. — Ela se endireitou, não mais encostada


em mim. Eu imediatamente senti falta de seu calor.

— Como mencionei no baile, ele era fotojornalista e essa era


a sua paixão. Todos nós conhecíamos os riscos, mas ainda era
difícil. A área específica em que ele estava deveria ser
segura. Ele viu muito naqueles dias, viveu mais vidas do que a
maioria de nós, experimentou perdas de uma forma que espero
que nenhum de nós jamais tenha passado. — Eu engoli, me
permitindo contar essa história em voz alta pela primeira vez. —
Disseram que foi suicídio, não um ato de guerra, mas não acredito
nisso.

— Talvez... talvez ele tenha testemunhado muita dor?

— Possivelmente. Ou talvez alguém o matou porque ele viu


muito. De qualquer maneira, ele se foi, e nós nem mesmo
recuperamos seu corpo para lhe dar um enterro digno. Não
importa. Eu simplesmente odeio pensar que meu irmão, meu
melhor amigo, não iria recorrer a mim em um momento de
necessidade.

— Entendo. — Ela colocou a mão sobre a minha. — Eu sinto


muito. Obrigada por compartilhar isso comigo.

Eu sorri suavemente.

— Ele alguma vez viu você jogar?

— Ele foi a muitos dos meus jogos. — Eu sorri. — Ele foi meu
maior apoiador.

— Tenho certeza que você sente falta dele.

— Mais do que tudo.

Ela me segurou com mais força. — Gostaria de tê-lo


conhecido.

— Ele teria te amado.

— Mesmo?
— Com certeza.

— Você teria me apresentado? Parece que você não apresenta


muitas mulheres à sua família. — Ela olhou para mim
novamente. — Estou certa sobre isso?

— Está.

— Ainda assim, você teria me apresentado?

— Com certeza. — Eu beijei o topo de sua cabeça.

Eu não estava dizendo isso apenas porque ela estava deitada


em meus braços. Eu estava falando sério. Pilar era o tipo de
mulher que eu gostaria de apresentar a todos em minha vida. Ela
era gentil, boa e bonita e me fazia sentir coisas que eu não me
permitia sentir há muito tempo, se é que senti alguma vez. Não
tenha certeza do que fazer com isso ou para onde ir a partir daqui,
mas eu sabia que queria mantê-la em meus braços assim pelo
maior tempo possível.
CAPÍTULO QUINZE

Pilar

— Alguém está aqui para ver você. — A voz de Amir fez meus
olhos se abrirem.

Eu bocejei. Devo ter adormecido em algum momento


enquanto escrevia minha carta. Elias e Adeline me pediram para
escrever mensagens às crianças para o primeiro dia de aula, que
estava chegando. “Escreva algo inspirador que os faça querer
aprender”, disseram. Sempre fui uma excelente aluna, mas nunca
precisei de inspiração externa para fazer isso acontecer. Eu
apenas fiz o que sabia que deveria fazer, e tirar boas notas era uma
dessas coisas. E agora, neste ponto da minha vida, eu ainda não
tinha certeza de como me sentia em relação às crianças em geral,
então este foi um exercício interessante. Deixei o papel e a caneta
de lado e saí do meu quarto, olhando Amir com desconfiança.

— Quem está aqui para me ver?

— Eu estou. Espero que você não se importe.


Meu coração bateu um pouco mais rápido ao som da voz de
Ben, e quando eu percorri o corredor até o saguão e o vi, pensei
que iria entrar em um frenesi. Ele estava vestido casualmente com
jeans e uma camisa de botão branca, as mangas enroladas até os
cotovelos. Nunca pensei muito sobre braços. Sempre tinha sido
uma garota de bumbum, mas os antebraços de Ben eram
possivelmente a coisa mais sexy que eu já tinha visto em um
homem. E isso era dizer algo, dado o restante dele.

— Não me importo. — Eu sorri, então olhei para a bolsa que


ele carregava. — Você trouxe comida?

— Vinho, queijo e presunto.

— Isso soa maravilhoso. — Olhei para a sala de jantar, mas


parecia muito chata e formal. A cozinha poderia funcionar, mas os
chefs eram intrometidos e se reuniam ali, preferia não ter
público. Finalmente, virei para o meu quarto. Tinha um amplo
espaço e uma área de estar, bem como uma varanda - e memórias
do que tínhamos feito lá. Eu me senti corar e afastei o pensamento
rapidamente. — Amir, peça a alguém que nos traga pratos, um
abridor de garrafas e...

— Copos, — disse ele. — Estou trabalhando nisso.

Poucos minutos depois, Amir entrou com as coisas e as


colocou na mesa antes de sinalizar para mim que ele estaria por
perto. Agradeci e acenei enquanto ele fechava a porta atrás de
si. Ben estava perto da janela, olhando para o oceano abaixo de
nós.

— Você quer abrir as portas? — Eu me movi para fazer


exatamente isso, mas ele assumiu e empurrou-as
amplamente. Ele então moveu a mesa um pouco mais perto da
varanda. Eu sorri. — Perfeito.

— Também acho. — Ele sorriu para mim e tive a sensação de


que não estava falando sobre a vista.

Sentamo-nos lado a lado. Ele abriu a garrafa de vinho


enquanto eu peguei o que ele trouxe - queijos, presunto, geleia,
pão. Tudo parecia tão bom que meu estômago começou a roncar.

— Acho que estava com fome. — Minhas bochechas


esquentaram enquanto eu comia uma fatia de queijo.

— Estou sempre com fome. — Ele piscou para mim enquanto


servia o vinho.

— Obrigada.

— Saúde. — Ele ergueu seu copo para o meu. — Ao


inesperado.

Eu bati meu copo no dele e tomei um gole antes de pousá-


lo. — O que é inesperado?

— Você.

— E quanto de mim é inesperado? — Eu levantei uma


sobrancelha.

— Absolutamente tudo, princesa. — Ele colocou a mão sobre


a minha. — Inesperado, mas bem-vindo.

— Não é tão inesperado se você me pediu especificamente


para ser seu par no baile.
— Bem, eu gostaria de pensar que éramos uma espécie de
amigos antes deste verão. — Ele encontrou meus olhos. — Mas
não tenho certeza se amigos compartilham tanta química ou
sentem tanta atração um pelo outro.

— Se o fizessem, imagino que se tornariam mais do que


amigos.

— Se eles tiverem sorte.

— Você tem?

— Sorte? — ele perguntou. Eu concordei. Então, deu uma


risadinha. — No momento, me sinto o homem mais sortudo do
mundo.

— Eu também me sinto com muita sorte.

Ele sorriu para mim e olhou para o oceano. — Você gosta da


liberdade que estar aqui traz?

— Gosto. — Eu olhei para ele. — Não tanto quanto você,


tenho certeza.

— Não estou acostumado a estar sob os holofotes.

— Eu não posso dizer como seria ficar longe disso por muito
tempo. Mesmo quando as câmeras não estão piscando e os
paparazzi não estão perseguindo, estamos sempre encenando para
alguém.

— Mesmo durante os jantares de domingo?


— Especialmente durante os jantares de domingo. — Eu ri,
encolhendo os ombros. — Acho que depende de quem está lá.

— Quando estou lá, você é sempre a anfitriã perfeita. Calma


e atenciosa. Quem saberia que por baixo de tudo, você é uma
princesa tão travessa?

Mordi meu lábio quando ele se aproximou, roçando seu nariz


contra o meu. — Eu só sou travessa quando você está por perto.

— É mesmo?

— Sim.

— Provavelmente não gostaria de ouvir isso tanto quanto eu,


— ele murmurou contra mim, mordendo meu lábio inferior e
puxando-o em sua boca. Meu corpo estava pegando fogo. Eu
coloquei meu copo na mesa e me aproximei, envolvendo meus
braços em seus ombros, desejando poder me envolver
completamente em torno dele. Ele moveu sua cadeira e me deu as
boas-vindas a seu colo, seus dedos habilmente empurrando para
cima o vestido de verão que eu usava. Ele encontrou meu núcleo
rapidamente.

— Devemos entrar, — eu sussurrei ofegante contra sua boca,


embora meus quadris balançassem, claramente não concordando.

— Nós deveríamos?

— Sim. — Engasguei quando seus dedos entraram em mim.

— Devo parar?

— Deus, não. — Minha cabeça caiu para trás.


Eu não queria que ele parasse. Nunca.

Ben e eu éramos inseparáveis. Tanto é verdade que Joslyn


estava na cidade há dois dias e eu nem mesmo a tinha
visto. Então, quando entrei em meu quarto e a vi, gritei.

— Você esqueceu que eu estava aqui? — Ela levantou uma


sobrancelha enquanto olhava para mim.

— Honestamente? Sim. — Eu respirei fundo enquanto


abaixei minha mão do meu coração acelerado.

— Bem, eu não queria incomodar você. Achei que se você


precisasse de mim, ligaria. — Ela sorriu. — Você parece feliz.

Ela estava sentada na confortável poltrona de couro no canto


do meu quarto e lia um jornal como um velho. Eram pessoas como
Joss que mantinham a indústria jornalística funcionando, então
nunca zombei dela por isso, mas ela realmente parecia engraçada
com seus óculos de leitura e jornal.

— Eu estou feliz. — Suspirei, abrindo meus braços e me


deixando cair bem no meio da cama king-size luxuosa.

— Desembucha. — Em seguida, colocou o jornal enrugado


para o lado.
— Nem sei por onde começar. — Virei de lado para poder
olhar para ela.

— Bem, há dois dias você não volta para a villa. Comece por
aí.

— Tem sido um encontro sem fim. — Eu sorri amplamente.

— Você irá compartilhar?

— Bem, quero dizer, quer detalhes? Não posso te dar todos


os detalhes.

— Do jeito que você está corando, eu os quero, mas não vou


pedir porque não quero que você se esconda de mim nos próximos
dias. Estava ficando entediada aqui sozinha.

— Eu realmente gosto dele.

— Pilar. — Havia uma nota de advertência em seu tom.

— Eu sei. Eu sei.

— Nós dissemos diversão. Você se divertiria enquanto


estivesse aqui. Algumas vezes, não se leva a diversão para casa.

— Eu sei. — Fechei meus olhos para essa realidade.

Ela não estava errada. Por mais desejada que Ben me fizesse
sentir, eu sabia que isso era temporário. Tinha que ser. Agora que
eu tinha assumido mais responsabilidades com a Coroa, qualquer
pessoa com quem eu namoraria seria colocada no centro das
atenções, e pelo que eu sabia sobre Ben, essa era a última coisa
que ele queria.
— Imagine como será nos jantares de domingo de sua mãe se
você não aceitar totalmente que é temporário, — disse ela.

— Sim, você está certa. — Eu abri meus olhos novamente. —


Mas também quero lembrá-la de que você estava errada sobre
Elias e Adeline.

— Eu estava, não estava? — Ela franziu a testa


ligeiramente. — Mas isso foi porque seu irmão insistiu e fez algo a
respeito. Ele estava em uma posição em que podia. Ben...bem, ele
teria que se acomodar. Acha que ele quer se acomodar?

— Não tenho certeza. Ele não parece se opor a isso. — Eu dei


a ela um pequeno sorriso. — Mas também não quero cobrar isso
dele. Ele gosta de manter sua vida privada. — Dei de ombros.

— E essa é uma tarefa impossível com a Coroa, — disse ela.

Balancei a cabeça tristemente.

— Bem, vamos esperar que ele decida o que quer. — Ela


suspirou. — Às vezes, o amor escolhe por você.

— Amor? — Eu senti meus olhos se arregalarem. — Eu não


acho que ele... eu não acho que estamos... — Fiz uma pausa. — É
muito cedo para amor.

— O amor não tem restrições de tempo. — Ela me lançou um


olhar. — Mas não vou encorajar isso. Eu não deveria, e não
vou. Devo falar com você de bom senso e dizer que é idiota, não
dizer para estar aberta a isso.

— Falou como uma verdadeira secretária da Coroa, — eu


disse, embora eu quisesse dizer isso sarcasticamente.
Não esperava grande coisa, mas ultimamente, eu tenho feito
isso em todas as situações. Estava começando a não gostar da
ideia de que havíamos sido trazidos a esta Terra com um único
propósito, que era servir à Coroa. Eu queria servir a mim mesma
pelo menos uma vez. Eu não conseguia nem imaginar como foi
para Elias, com o peso de tanta responsabilidade sobre os ombros
- desde o momento em que nasceu. A única coisa que eu queria
era Ben, e cada momento que passei com ele, eu só o queria mais
e mais. Mas o fato de quem eu era fazia com que tudo parecesse
quase impossível.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Pilar

— Você disse a Ben para levá-la?

— O quê? — Eu olhei para Amir, que estava parado na soleira


do meu quarto. — Não. Eu disse a ele que tinha que ir para casa
neste fim de semana para fazer algumas coisas e que voltaria na
segunda-feira.

— Bem, o segurança dele nos ligou e disse que está vindo


para cá porque está levando você ao aeroporto.

— Digo, não me oponho. — Eu sorri. Mais tempo com Ben era


definitivamente algo que eu não recusaria.

— Ele estará aqui em dez minutos. Você está pronta?

— Pronta.

Eu deveria voltar a Paris para uma viagem rápida. Joss tinha


saído esta manhã para cuidar de algumas coisas com
Aramis. Aparentemente, ele trancou uma herdeira com quem
tinha saído em seu apartamento e a deixou lá fora batendo na
porta enquanto os paparazzi a fotografavam. Eu juro, meu irmão
Elias estava perto de colocar Aramis em The Bachelor: Eligible
Prince Edition4 se ele não colocasse a cabeça no lugar. Eu nem
tinha perguntado a Adeline se ela tinha falado com meu irmão
sobre minha situação com Ben. Não queria que ninguém
estourasse minha bolha e me dissesse que era demais para mim -
mais velho, mais experiente etc. Estar com ele me fez sentir segura
e livre, e a ideia de desistir de tudo isso me dava vontade de
chorar. Eu ouvi o barulho do motor de um carro quando Ben parou
na frente da casa e me senti sorrir.

— Ei, — eu disse ao sair da villa e ver o carro esporte preto.

— Espero que você não se importe que eu tenha sequestrado


o trabalho de Amir. — Ben saiu do banco do motorista e caminhou
até a porta do passageiro, abrindo-a enquanto esperava que eu me
aproximasse. Quando o alcancei, ele passou um braço em volta de
mim e me puxou contra ele, beijando-me profundamente antes de
me soltar.

— Como eu poderia me importar? — Entrei no carro e esperei


que ele fechasse a porta. Eu olhei para Amir, que estava
balançando a cabeça com uma risada. — Eu te vejo lá.

Ele correu até o SUV atrás de nós e assumiu o volante, nos


seguindo enquanto Ben dirigia. Ele colocou a mão sobre a minha,
que estava descansando no meu joelho.

4 Programa de TV, para arranjar uma noiva;


— Não sei o que vou fazer sem você enquanto você estiver
fora.

— Só estarei fora por alguns dias. — Eu sorri tão amplamente


que meu rosto doeu. — Tenho certeza que você encontrará outra
pessoa para ocupar seu tempo.

— Definitivamente não. — Ele apertou minha mão, olhando


nos meus olhos quando parou em um sinal vermelho. — Estarei
esperando por você.

— Isso provavelmente não deveria me deixar tão feliz quanto


parece, mas aqui estamos. — Eu pisquei para ele. — Quando você
deve voltar a Paris para o treinamento?

— Em uma semana. — Ele suspirou. — Eu amo futebol. É


minha coisa favorita no mundo, mas quanto mais velho fico, mais
minhas articulações doem quando penso em ir lá por uma
temporada inteira.

Eu ri. — Você está ficando velho, Drake.

— Suponho que sim. — Ele me beliscou de brincadeira. —


Não muito velho para você, espero.

— Acho que tenho uma queda por homens mais velhos. —


Mordi meu lábio enquanto olhava para ele. — Ou talvez apenas
homens mais velhos chamados Benjamin Drake.

— Boa resposta. — Ele ergueu minha mão e a beijou


enquanto entrava no estacionamento onde os hangares de jatos
particulares estavam localizados.
Depois que Amir acertou tudo com nossa identificação,
entramos e estacionamos em frente ao pequeno escritório. Ben
saiu e abriu a porta para mim, segurando minha mão enquanto
me levava para dentro.

— Estamos prontos, — Amir anunciou, afastando-se do


balcão e indo em nossa direção.

— Eu acho que isso é um adeus. — Encarei Ben.

— Não adeus. Vejo você em breve. — Ele me beijou então, e


eu passei meus braços ao redor dele para aprofundar o beijo
porque eu senti que precisava saborear este momento para
compensar por todos os que eu perderia no fim de semana.

Era uma sensação perigosa, mas não pude evitar. Não pude
evitar me apaixonar e, neste ponto, não tinha certeza se queria
tentar.

Eu estava em Paris apenas algumas horas antes de me


apresentar para meu primeiro dever. Estava servindo comida em
um dos abrigos para moradores de rua hoje. Sempre foi um dos
meus lugares favoritos para vir quando criança. Meus pais traziam
meus irmãos e eu todo Natal. Embora sejamos extremamente
privilegiados, e o Papai Noel nunca deixava de ir em nossas casas,
servir comida para os menos afortunados colocava as coisas em
outra perspectiva. O abrigo também foi um dos poucos lugares que
sempre apoiou meu pai, independentemente do que o resto do país
falasse sobre ele. Quando meu irmão assumiu o papel de rei, eles
elogiaram muito. E quando ele escolheu se casar com Adeline,
uma plebeia, eles gostaram ainda mais. Amir e eu paramos no
abrigo e ele desligou o carro.

— Tem certeza que quer dirigir para casa sozinha?

— Por favor. São apenas dois quarteirões e preciso de espaço.


— Eu sorri. — Além disso, Aramis está vindo para servir comida
comigo, então estarei segura. — Eu pisquei.

Amir acenou com a cabeça quando saímos do carro, e correu


até o SUV que esperava com os outros membros da segurança. O
que adorava em Paris é que, sim, sempre fomos flanqueados por
seguranças, mas em casos como esse, em que estávamos perto de
casa e em um lugar seguro, tínhamos alguma liberdade. Não era
muita, mas quando você vivia sob um microscópio, você aprendia
a valorizar cada pedacinho dela. Enquanto eu caminhava para a
porta, enviei uma mensagem de texto ao meu irmão, dizendo que
o esperaria lá dentro. Nas raras ocasiões em que nos sentimos
mais ousados, ficamos um tempo do lado de fora sem segurança,
escondidos atrás de óculos escuros e chapéus. Hoje, eu só queria
entrar e cumprir meu dever para poder ir para casa e dormir na
minha cama. Meu telefone vibrou e parei de andar, desbloqueando
a tela para encontrar uma mensagem, embora não do meu irmão.

Ben: Espero que você tenha feito um bom voo. Já sinto sua
falta.

Respirei fundo e sorri, deleitando-me com essas


palavras. Ben sentiu minha falta e não era como se precisasse me
contar isso. Ele poderia ter sido legal como a maioria dos caras que
eu conhecia. Ao invés disso, ele havia me enviado uma mensagem,
dizendo que sentia minha falta. Eu mordi meu lábio enquanto
respondia.

Eu: Eu também sinto sua falta. Eu gostaria de ter pensado


em sequestrar você e trazê-lo na minha mala.

Ben: Eu vi o tamanho da sua mala. Acho que caberia.

Eu: haha. Acho que sim!

Ben: Eu não me oporia a ir para casa e ficar com você.

As borboletas alçaram voo na minha barriga. Mordi meu lábio


com mais força.

— Estou surpresa que ele a deixou fora de sua vista.

Engasguei com o som da voz de Kayla e olhei para cima para


encontrá-la parada a poucos metros de mim. — O que você está
fazendo aqui?

— Eu moro na área. — Ela encolheu os ombros. — Ouvi dizer


que você iria alimentar os pobres hoje. Deve ser um trabalho
tedioso, considerando que nem mesmo se alimenta.

Minha pulsação acelerou. — O que você quer?

— O que eu quero? Nada. Estou apenas dando um passeio.

— Deveria ir embora.

— Eu irei. — Ela olhou além de mim. — Belo carro. Tem


certeza de que deseja deixá-lo estacionado em um bairro como
este?
As portas do abrigo se abriram antes que eu pudesse formar
uma resposta, e Monsieur Baron saiu.

— Pilar! Nós estávamos esperando você. — Ele sorriu.

— Bonjour. — Eu sorri de volta, então olhei para Kayla. —


Tenho que ir. Tenho pessoas importantes me esperando.

Ela me olhou com raiva, mas foi embora. Eu caminhei para


dentro, tentando ignorar o encontro. Os jornais sempre
publicavam onde estaríamos fazendo aparições para a Coroa,
então não fiquei chocada que ela soubesse onde eu estaria. Mas o
fato de me seguir até aqui foi perturbador. Anotei para contar a
Amir sobre isso. Nosso encontro anterior foi desconfortável, mas
este foi mais do que isso. Logo, Monsieur Baron me colocou atrás
do balcão, e Aramis entrou, me dando um grande sorriso.

— Eu estive esperando por você. — Eu olhei para ele.

— Eu estava ocupado chutando alguém para fora da minha


cama. — Ele piscou.

— Você estava? Ou Joss estava? — Levantei uma


sobrancelha.

— Joslyn se tornou uma grande dor na minha bunda. — Ele


vestiu um avental branco, caminhou até mim e me apertou em um
abraço. — Estou com saudades de você. Como foi seu feriado?

— Não acabou. Volto em dois dias. Mas está esplêndido até


agora. Tudo com que sempre sonhei. Não sei porquê não comecei
a ir antes.
— Porque você é boa garota demais para se rebelar. — Ele se
afastou. — Então, algo que queira me contar?

— Não. — Corei apesar de tudo e desviei o olhar


rapidamente. Ben contou ao meu irmão sobre nós? Afinal, eles
eram amigos. — Você tem algo que você quer me dizer?

— Tirando o fato de que estou morrendo de vontade de dirigir


aquele seu carro novinho em folha? Não.

— Você pode dirigir até minha casa. Eu vou dirigir o seu. —


Eu bati em seu quadril com o meu quando começamos a servir
comida nos pratos. — Como estão Elias e Adeline?

— Oh, você sabe, tentando controlar o reino, mas tudo bem.

— Eles não estão controlando, Aramis. — Eu ri. — Você


simplesmente não quer mudar, e isso é um problema para a família
agora.

— Então, eu sou um problema?

— Honestamente? Sim.

— Como? — ele zombou.

— Eli nos pediu para não chamar a atenção para nós, e isso
é tudo o que você tem feito.

— Mesmo? Porque, ao contrário de todos vocês, por acaso eu


leio os jornais, e todos estão falando sobre como você está
festejando demais em Ibiza.
— Ibiza é uma festa. — Eu revirei meus olhos. — Não é minha
culpa que eles não tenham mais nada para relatar agora.

— É exatamente assim que me sinto em relação à minha


situação.

Eu sorri para a mulher pegando o prato na minha frente e


conversei brevemente com ela antes de voltar para o meu irmão. —
Sua situação é totalmente diferente. Para começar, as mulheres
com quem você dorme são famosas, e você as trata como
lixo. Publicamente.

— Mesmo assim, elas continuam voltando. — Ele encolheu


os ombros.

— O que você precisa é de um chute rápido na bunda. Uma


mulher que surge do nada e te faça sossegar de uma vez por todas.

— Boa sorte com isso. Todos as boas estão comprometidas,


— ele zombou.

— Joss não está comprometida.

Ele abriu a boca e depois fechou, franzindo a testa antes de


balançar a cabeça. — Joslyn me odeia.

— Eu nunca entendi o por quê.

— Todos nós temos nossos segredos. — Ele me lançou um


olhar que falava muito, e eu calei minha boca sobre o amor pelo
resto do nosso tempo no abrigo. A última coisa que eu precisava
era meu irmão me dando um sermão sobre Ben, e eu tinha certeza
de que ele sabia tudo sobre nós.
CAPÍTULO DEZESSETE

Pilar

Eu não conseguia parar de rir do show que meu irmão estava


fazendo enquanto entrava no meu carro esporte vermelho
brilhante. Ele estava agindo como se seu carro não fosse tão
luxuoso. Eu balancei minha cabeça atrás do volante de seu SUV e
coloquei meu telefone no suporte magnético que ele tinha colocado
na saída de ar. Todos nós os tínhamos, um presente de Joslyn no
ano passado, para que enquanto estivéssemos dirigindo, ainda
pudéssemos conversar ao telefone. Liguei para meu irmão e o vi
fazer a mesma coisa com seu telefone no meu carro enquanto
atendia.

— Seu assento está sobre o volante.

— Isso é porque eu sou muito mais baixa do que você. — Eu


coloquei meu cinto de segurança e fixei seu assento para que
ficasse mais perto do volante. — Este é um carro seguro. Um carro
de papai total, se você me perguntar.

— Carro de papai? — Ele deu uma risadinha. — Acho que


meu Range Rover seria péssimo em comparação com este R8.
— Eu concordo.

— Estamos indo para a sua casa, certo?

— Sim. A menos que você queira ir jantar. Ou vá para a casa


de Eli e Addie.

— Você não acabou de chegar? Já esteve em casa?

— Ainda não. — Observei as luzes de freio do meu carro


piscarem, o que significava que ele estava prestes a começar a
dirigir. Também acionei o motor do SUV.

— Está com fome? Podemos pegar comida e dizer a Eli e Addie


para nos encontrar lá.

— Parece uma ideia melhor, — concordei. — Vou ligar para o


pequeno restaurante chinês perto da minha casa e fazer o pedido.

— Ok. Vou ligar para Eli.

Desligamos e começamos a dirigir. Aramis saiu da vaga com


um forte giro do motor, e tentei segui-lo com tanto entusiasmo,
mas seu Range Rover não tinha a mesma velocidade - pesado
demais. Chegamos ao primeiro semáforo, passamos por ele e
viramos à direita. Ao nos aproximarmos do segundo semáforo, que
cruzava entre uma rua principal e a saída da rodovia, vi que
tínhamos cinco segundos para vencer o semáforo amarelo que se
aproximava e sabia que Aramis pisaria forte no acelerador. Eu me
preparei para fazer o mesmo, a adrenalina correndo por mim
enquanto nos aproximávamos. Ouvi o motor do carro na minha
frente, senti o do veículo em que eu estava, mas sabia que não
bateríamos no amarelo. Ficaria vermelho quando passássemos, se
tivéssemos sorte. Tudo se desenrolou em câmera lenta, da maneira
como se assiste a um filme que é aterrorizante e intrigante, um
desastre de trem do qual você não consegue desviar o olhar.

Aramis pisou fundo. O veículo, que era seguro, desviou para


a esquerda e para a direita antes de perder o controle no meio do
vermelho. Eu pisei no freio, ofegando quando meu coração bateu
na minha garganta, olhando em antecipação, esperando que ele
recuperasse o controle antes que o cruzamento abrisse para a rua.

Senti como se o mundo parasse quando um veículo, depois


outro colidiu com o carro que Aramis estava dirigindo. O carro que
eu deveria estar dirigindo. Eu não pensei sobre o que estava ao
redor quando saí do carro e corri até ele. Não pensei em como as
ruas estavam lotadas ou que eu também poderia me machucar
fazendo isso.

A única coisa que eu conseguia pensar era no meu irmão.


CAPÍTULO DEZOITO

Ben

— Você viu as notícias? — David perguntou, entrando na


villa.

— Não. O que aconteceu? — Eu mudei de canal.

“Príncipe Aramis e Princesa Pilar envolvidos em acidente fatal


de carro”.

Acidente de carro fatal.

O controle escorregou da minha mão, caindo no chão.

— Em estado crítico.

— Ben?

Pisquei, olhando para David, meus olhos vidrados e turvos.

— Você quer ir? — Perguntou David.


Eu pensei que assenti. Eu pensei ter dito algo. Eu não tinha
certeza. Eu me senti entorpecido. Acabei de vê-la. Eu tinha
acabado de trocar mensagens com ela algumas horas atrás. Olhei
para a televisão, observei a filmagem do helicóptero enquanto ela
circulava pela cena. Meu coração apertou. Deus, por favor, não. Eu
desistiria dela se isso significasse que ela ficaria bem. Eu desistiria
do futebol. Eu desistiria de qualquer coisa para voltar no tempo
para que ela pudesse ficar bem. Esse foi o mantra que mantive em
minha cabeça durante todo o voo e a caminho do hospital quando
finalmente chegamos lá. Nada mais importava, eu percebi. E
quando saí do SUV e entrei no mar de câmeras que tiravam fotos
minha, não me importei mais. Não me importei em me esconder
atrás de uma parede. Eu me preocupava com Pilar, precisava ir
até Pilar e me certificar de que ela estava bem. Era a única coisa
com que me importava naquele momento.

— O que você está fazendo aqui? — Elias se virou para mim


quando me viu no corredor. Dois de seus seguranças se
interpuseram entre nós.

— Eles estão bem? Aramis está bem? Pilar? O que


aconteceu?

— Eles... eles vão ficar bem. — A expressão de Elias caiu. Ele


acenou para longe a equipe de segurança entre nós e me deixou
aproximar. — Aramis estava dirigindo o carro de Pilar e ele perdeu
o controle. — Ele balançou sua cabeça. — Ela foi tentar ajudar, e
foi atropelada por um ciclista, caiu, mas está bem. Ele está
bem. Ele acabou de sair da cirurgia e está bem.

— E quanto ao incêndio? Parecia que houve um incêndio.

— Um dos carros… — Elias engoliu em seco. — Um dos


outros carros envolvidos pegou fogo.

— E as mortes? — Prendi a respiração, sentindo como se cada


coisa que saísse de sua boca fosse a coisa mais importante que eu
já ouvi.

— Duas pessoas morreram. — Ele olhou para baixo.

— Oi. — Adeline saiu de um dos quartos e se dirigiu para


nós. — Ben, você está aqui para ver...?

— Pi... estou aqui pelos dois, — eu disse, porque era


verdade. Eu teria estado aqui por Aramis, mas eu corri, voei para
cá, por Pilar.

— Ela está ali, — Adeline sussurrou, apontando para o quarto


que tinha acabado de sair.

Ela colocou a mão na de Elias e puxou-o para as cadeiras da


sala de espera. Foi então que notei que a mãe de Elias também
estava lá, sentada e conversando com algumas
pessoas. Nossos olhos se encontraram e eu dei a ela o que
esperava ser um olhar simpático. Ela reconheceu com um aceno
de cabeça e depois voltou sua atenção para aqueles com quem
estava falando.

Abri a porta devagar e parei de respirar quando vi Pilar na


cama do hospital, com Amir ao seu lado. Ele parecia ter perdido
horas de sono e ganhou centenas de anos desde a última vez que
o vi. Olhou para mim e caminhou em direção à porta, colocando a
mão no meu ombro ao sair. Avancei rapidamente e fui até Pilar.

— Oi. — Ela sorriu fracamente. — Estou bem. Foi só...


arranhões. — Ela apontou para o arranhão em seu rosto e ergueu
os braços para mostrar hematomas leves. — Mas meu irmão... —
Seus olhos se encheram de lágrimas. — Aramis.

— Ele está bem. Ele está estável. Acabou de sair da cirurgia,


— eu disse, agarrando suas mãos nas minhas e sentando ao seu
lado na pequena cama. Eu olhei para ela e me senti desmoronar
quando me inclinei e a abracei tão delicadamente quanto pude. —
Você me assustou muito, princesa. — Eu me afastei. — Você está
realmente bem? O que aconteceu?

— Estou bem. Eu me sinto bem. Estarei fora daqui


amanhã. Eu só... — Seu lábio tremeu. — Aramis.

— Ele realmente está bem. — Eu apertei a mão dela. — Em


seguida vou vê-lo, mas seu irmão está bem. Você sabe que ele é
muito teimoso para nos deixar.

— Eu sei. — Ela riu e soluçou quando uma lágrima caiu pelo


seu rosto. — Foi tão assustador.

Acenei com a cabeça. Era assustador, e eu nem sequer tinha


estado envolvido. O caroço na minha garganta não tinha saído,
nem mesmo agora que eu estava aqui com ela e sabia que estava
tudo bem. Era um lembrete de como a vida era curta e frágil, que
eu podia perdê-la do jeito que tinha perdido meu irmão. Não
conseguiria lidar com isso. Ela não. Apertei sua mão com mais
força.
— O que você está fazendo aqui? — ela sussurrou, enxugando
uma lágrima.

— Eu vim para te ver. Saí assim que vi a notícia. Eu não


poderia simplesmente... — Eu exalei. — Não suportava a ideia de
perder você, não assim.

Ela sorriu fracamente e apertou minha mão de volta, então


perdeu totalmente o sorriso. — Kayla estava lá.

— Onde?

— No abrigo. Aramis e eu fomos alimentar os sem-teto hoje,


e ela estava lá fora. — Pilar franziu a testa. — Ela disse algo sobre
eu não deixar meu carro lá. Você acha que…? — Ela olhou para
mim.

— Não. — Eu me senti franzir a testa. O que Kayla poderia ter


feito com o carro? No grande esquema das coisas, não importava o
que ela poderia ter feito ou não, eu precisava acabar com essa
perseguição. — Ela não iria. Ela não seria capaz disso. Como
estava o carro antes do acidente?

— Perfeito. Era totalmente novo.

— Vou acabar com essa história de Kayla, — eu disse.

— Eu disse a Amir sobre isso apenas no caso. Eu só... parece


louco e teatral, eu sei, mas não consigo parar de pensar nisso.

— Ela não vai chegar perto de você novamente. — Beijei sua


mão, sentindo como se nunca quisesse soltá-la.
O peso disso empurrou-me, pesou fortemente no meu
peito. Eu precisava contar coisas a ela se quisesse mantê-la em
minha vida. Eu precisava ser vocal e aberto. Mas não era hora
para isso. Precisava que ela se concentrasse em melhorar
primeiro.
CAPÍTULO DEZENOVE

Pilar

— Ouvi dizer que você está namorando Drake. — A voz de


Aramis estava seca e baixa.

Suas palavras me fizeram rir, chorar e rir de novo. Meu irmão


parecia horrível, e eu não estava dizendo isso apenas porque ele
estava deitado em uma cama de hospital com um gesso na perna
esquerda e o ombro esquerdo coberto por faixas. Seu rosto estava
cheio de pequenos arranhões do para-brisa quebrado e curativos
cobriram as queimaduras que ele adquiriu do carro que pegou
fogo. No entanto, ele estava vivo, e ele estava aqui, e ele se curaria
e ficaria bem novamente, pelo menos de acordo com os médicos e
cirurgiões. Nós tivemos sorte. Duas pessoas morreram, mas
Aramis de alguma forma conseguiu sobreviver.

— Eu sinto muito. — Eu apertei sua mão. — Se eu estivesse


dirigindo...

— Não faça isso. — Ele me lançou um olhar. — Nem pense


nisso. Eu nunca trocaria de lugar com você. Eu não
permitiria. Você é minha irmãzinha e preciso que fique
segura. Sempre. Estou bem.

— Você não está. — Comecei a soluçar, meu peito arfando. —


Está completamente destruído.

— Estou sempre destruído, querida. — Ele piscou, então se


encolheu.

— Pare com isso. — Eu ri enquanto as lágrimas corriam pelo


meu rosto. Eu funguei e limpei eles. — Eu disse a Amir para ver o
que aconteceu. Ben tem uma ex louca e ela me confrontou antes
de eu entrar no abrigo. Ela sabia qual veículo era o meu. Sabia que
estaria lá sozinha.

— Você acha que ela fez alguma coisa?

— Não sei o que pensar. — Eu exalei. — Não sei. O que ela


poderia ter feito? Alterado o motor? Os freios?

— Não. — Ele balançou a cabeça e estremeceu um pouco. —


Não foi nada disso. Era quase como se... era como se o carro não
pudesse ficar em linha reta.

— Os pneus? — Perguntei. Eu dirigi Audis durante a maior


parte da minha vida adulta e meus pneus já furaram. Eles não
cediam tão rapidamente, mesmo com um prego cravado neles. Eu
disse isso em voz alta e Aramis balançou a cabeça.

— Isso não era um prego, Pilar. Tinha que ser uma barra.

Meu coração parou de bater. — Ela poderia me querer tanto


fora da vida de Ben?
— Possivelmente. — Ele olhou para mim por um momento. —
A questão é: você quer estar nesse relacionamento o suficiente
para aguentar pessoas como ela?

Minha resposta automática foi “é claro”, mas ver meu irmão


assim... eu não tinha tanta certeza.

— Como isso aconteceu, afinal? — ele perguntou.

— O quê?

— Você e Ben.

— Essa é realmente a primeira coisa que você vai me


perguntar? — Eu ri. — Falaremos sobre isso mais tarde.

— Acho que vale a pena discutir agora, visto que não tenho
para onde ir. — Seu lábio se contraiu, mas seus olhos estavam
opacos e continuaram tristes.

— Nós... — Eu limpei minha garganta. — Simplesmente


aconteceu. Acho que começou como apenas diversão, mas pode ter
se tornado algo mais.

— Como está sentindo? — Aramis ergueu as sobrancelhas e


se encolheu de dor. — É diversão ou não? É simples assim.

— Estou.

— Mas não é sério? Ou é?

— Nós não discutimos isso. — Mordi meu lábio inferior. — É


Ben, você sabe. Ele tem uma reputação, e certamente não se trata
de namorar sério.
— Só porque ele não teve um relacionamento sério, não
significa que ele não queira um. — Ele inclinou a cabeça. — Além
disso, ele voou para cá no minuto em que soube que você estava
no hospital.

— Ele veio ver você também.

— Tenho certeza que ele veio aqui por você. — Ele piscou. —
Ele não dormiu ao lado da minha cama a noite toda.

— Isso é verdade. — Respondi.

Era verdade, não era? Ele tinha vindo aqui sabendo muito
bem que seria visto e fotografado. E ficou comigo a noite toda. Só
saindo esta manhã porque tinha coisas para cuidar, e eu disse a
ele que queria ver meu irmão sozinha. Levantei-me e inclinei-me
para beijar a testa de Aramis.

— Descanse um pouco. Eu volto em breve.

— Sim. Descansando. Não se preocupe, estarei de volta ao


normal e festejando em nenhum momento. — Aramis piscou e
então se encolheu. — Porra.

— Pare de piscar, — eu disse.

— É difícil. — Ele gemeu.

— Elias disse que quer que você vá para a cabana em


Roussillon quando eles derem alta para que você possa continuar
se curando.

— Você só pode estar brincando. Eles vão me banir agora por


ficar assim? — Ele ergueu o braço e gesticulou para a perna e o
rosto. — O quê? Isso não se encaixa na narrativa de como nossa
família deveria ser?

— Não é isso, seu idiota. Ele quer que você fique cem por
cento melhor. Você precisará de fisioterapia para sua perna.

— Já quebrei uma perna antes. Eu vou viver. — Ele revirou


os olhos.

— Pare de ser tão teimoso. Vejo você em breve. — Saí do


quarto e vi que Elias e Adeline ainda estavam com minha mãe. E
fui até eles. — Ele está bem.

— Ouvimos falar sobre Kayla, — disse Elias. — Por que você


não nos contou? — Ele olhou para Amir, que estava perto do
elevador. — Eu não falei sobre isso com ele ainda, mas vou.

— Não faça isso. Não coloque Amir em apuros por isso. Foi
minha culpa não dar muita importância antes. Você acha que ela
cortou os pneus ou algo assim?

— Como Aramis poderia ter dirigido tão longe sem perceber?


— Adeline perguntou.

— Se ele estivesse em qualquer outro carro, provavelmente


seria impossível, — disse Elias. — Mas aquele... — Ele balançou a
cabeça. — Você acha que ela é capaz de cortar seus pneus?

— Sim.

— Precisamos prendê-la.

— Eli. — Adeline agarrou seu braço. — Não podemos


simplesmente prendê-la antes de inspecionar o carro.
— Diabos que não podemos. Eu sou o rei e meu irmão está
no hospital. Minha irmã poderia ter morrido. — Ele puxou o braço
de Adeline.

— Ela está certa, Eli. — Lambi meus lábios. — Se você a


prender, seria como o pai de novo. Seu povo perderia a confiança
em você.

— Eu não gosto de saber que ela está lá fora. — Ele fez uma
careta.

— Nós os faremos inspecionar os pneus imediatamente, —


disse Adeline. — Nesse ínterim, temos um compromisso público e
precisamos manter a agitação no mínimo agora. Voltarei mais
tarde para visitar Aramis enquanto você se encontra com o
Parlamento.

Nos despedimos e eu fiquei para trás com minha mãe.

— É uma pena, — disse ela.

— O quê?

— Que você tem que deixar Benjamin por causa da ex-


namorada dele.

— O quê? — Eu disse novamente e pisquei. — Não vou deixá-


lo por causa dela. Ele não tem mais nada a ver com ela.

— Ela sabe disso?

— Se ela não sabia antes, vai agora. — Dei um beijo de


despedida em minha mãe e caminhei até Amir, pronta para ir
embora.
CAPÍTULO VINTE

Ben

Eu sabia que o frenesi da mídia seria avassalador, mas não


previ o quanto. Havia câmeras em todos os lugares, o tempo
todo. Estava acostumado a ter atenção. Não era como se eu fosse
o tipo de homem que poderia ir a um pub com amigos e não
esperar ser notado, mas eu ainda podia sair. Hoje em dia, isso
parecia quase impossível. Mas tenho Pilar. Eu me lembrei disso. E
eles não tinham se intrometido muito na minha vida pessoal, então
isso era bom. Bati na porta novamente e esperei com um
suspiro. Quando abriu, sorri para minha ex, Tamara, que estava
lá usando uma camiseta grande e shorts.

— Bem, se não é o membro mais novo da família real. — Ela


abriu mais a porta. — Devo me curvar a você?

— Não seja boba. — Eu ri, entrando e olhando ao redor por


um segundo antes de ouvir pequenos passos correndo a toda
velocidade em minha direção. Então, eu me agachei e abri meus
braços enquanto meu filho corria para eles. Eu o levantei e me virei
enquanto ele ria.
— Papai, você deveria ter vindo mais cedo, — ele disse
enquanto eu o colocava de volta no chão.

— Eu queria, mas tinha algumas coisas para fazer. —


Baguncei seu cabelo encaracolado e sorri.

— Fique aqui. Eu quero mostrar a você o que eu fiz na escola.


— Ele saiu correndo.

— Você checou o acampamento de futebol que eu te enviei?


— Eu olhei para Tamara.

— Sim. Mas, Ben, tenho um milhão de coisas acontecendo


agora. Eu nem mesmo me mudei apropriadamente. — Ela apontou
para as caixas espalhadas pela sala de estar.

— Tam, já se passaram dois meses.

— Tenta conciliar a mudança com uma criança de quatro


anos e um emprego.

— Eu disse que contrataria pessoas para ajudá-la. Você que


foi teimosa. — Eu balancei minha cabeça. — Onde está o
americano, afinal?

— O nome do americano é Jack, — disse ela, revirando os


olhos com um sorriso. — E você sabe muito bem que ele está em
Nova York trabalhando. Ele vai se mudar para cá no final do mês
que vem.

— Para cá? — Levantei minhas sobrancelhas.

— Ele vai pagar o aluguel, não se preocupe.


— Humm. — Eu andei por aí. Eu comprei este apartamento
para ela quando aluguei o andar de cima porque queria estar perto
do meu filho. Não tinha previsto o que aconteceria se seu
namorado ficasse mais sério e realmente quisesse morar com
ela. Acho que isso respondia à minha pergunta.

— Ben, nós conversamos sobre isso. — Ela suspirou. — Eu


disse que pagaria por este lugar, mas você insistiu.

— Tam, eu não me importo. Eu realmente não me importo.


— Eu me virei para olhar para ela.

Tamara foi o mais perto que cheguei do casamento. Ela era o


relacionamento que ninguém conhecia. Estraguei tudo ao traí-la
com Kayla e me arrependi todos os dias depois - não apenas
porque perdi minha chance de estar com uma grande mulher, a
mãe do meu filho, mas porque eu a magoei profundamente, e ela
era uma das pessoas mais atenciosas que conheci. Foi um período
turbulento para mim, não que fosse uma desculpa fazer o que eu
fiz. Kayla esteve lá para mim durante toda a minha vida, antes,
durante e depois de Tamara. Meu irmão acabara de morrer de
overdose, eu estava sozinho em uma cidade grande com um
contrato de um milhão de dólares e tinha 23 anos. Naquela época,
eu sentia muito por ter machucado Tamara, mas não por ter feito
isso. Achei que não havia como permanecer fiel nessas
circunstâncias. Todos os homens da minha vida me ensinaram
que não havia problema com a infidelidade. Tudo com Tamara era
antes de eu viver e ver coisas e conhecer homens que eram
decentes e respeitavam seus outros significativos. Hoje em dia, eu
me arrependo de tudo isso. Perder uma mulher como Tamara por
alguém como Kayla era simplesmente estúpido, mas se eu fosse
completamente honesto, Kayla transando com meus
companheiros de equipe foi realmente o que me fez finalmente
perceber o quanto eu tinha estragado tudo. Agora, Tamara tinha
Jack, o americano, um grande homem que a amava
ferozmente. Ajudava o fato de ele ser um fã meu e também adorar
meu filho. No começo, demorei um pouco para aprová-lo, mas vê-
lo com Asher foi o suficiente para me convencer de tudo. Então,
ele pagando ou não o aluguel era a última coisa em minha
mente. Se ele ia se mudar para cá com meu filho, eu não precisava
que ele pagasse por nada.

— Jack não vai querer esmolas de qualquer maneira. Ele vai


querer pagar. — Ela me lançou um olhar enquanto começava a
lavar os pratos.

Asher correu de volta para a sala, acenando com os punhados


de papel para mim. Eu me senti sorrir. Sempre sorria quando
estava perto dele. A criança me fazia mais feliz do que qualquer
outra pessoa em minha vida.

— Olhe. Eu desenhei isto e isto. — Ele me mostrou o primeiro


papel. Era uma casa com uma família. Havia quatro pessoas
desenhadas no papel.

— Quem são eles?

— Você, mamãe, eu e Jack!

— Ah. — Eu ri, olhando para Tam, que estava me observando


de perto.

Era como se ela meio que esperasse que eu ficasse maluco


por causa do namorado na metade do tempo. Eu não a
culpava. Eu tinha sido uma pessoa diferente quando estávamos
juntos, embora realmente esperasse mostrar a ela que estava
muito mais calmo hoje em dia.

— Eu realmente amei isso. — Limpei a garganta e olhei para


o resto da obra de arte.

— Eu tenho que te mostrar outra coisa. — Ele agarrou os


papéis da minha mão e saiu correndo novamente.

— Ele não para, — eu disse, balançando a cabeça.

— Nem me fala. — Tamara desligou a pia da cozinha e secou


as mãos. — Então, o que está acontecendo com você e a princesa
Pilar? Isto é sério?

— Acho que sim, mas ainda não sei.

— Você ainda não sabe? — Ela ergueu uma sobrancelha. —


Quer que seja sério.

— Quero. — Não adiantava negar, mas ainda não tinha falado


com Pilar sobre como ela se sentia a respeito.

— Você contou a ela sobre Asher?

— Ainda não.

— Provavelmente deveria.

— Eu irei quando for a hora certa. Ela tem muito em que


pensar agora.
— Tenho certeza que sim. O que aconteceu com ela e seu
irmão foi horrível, mas você deve considerar contar a ela mais cedo
ou mais tarde.

— Eu sei. — Eu me levantei e fui até ela. — Só não quero os


paparazzi perseguindo vocês, e eles vão. No momento em que
descobrirem sobre qualquer um de vocês, eles não os deixarão em
paz.

— Nos deixariam em paz se você fosse honesto sobre


nós. Além disso, tiramos algumas fotos, vendemos direto para uma
revista, deixamos a história correr e pronto. — Ela encolheu os
ombros.

— Nós combinamos. — Eu pausei. — Foi você quem me disse


que não queria ser o centro das atenções.

— Eu não, mas Ash está mais velho agora. Estou cansada de


brincar de me fantasiar toda vez que saímos juntos. Ou dizendo
que sou sua irmã. — Ela me lançou um olhar.

— Isso foi uma vez.

— Uma vez, Ben. — Ela revirou os olhos e continuou


organizando as coisas na cozinha. — Você está com medo de que
ela goste menos de você se você contar a ela?

— Não.

— Você está com medo de que ela não goste de Ash?

— Não, — eu disse com veemência. — Quem não gostaria


dele?
— Tudo o que estou dizendo é que se você estiver realmente
sério sobre ela, terá que dizer a ela. Mas, novamente, pensei que
estava falando sério sobre Sophia, e você nunca disse a ela.

— Sophia e eu nunca fomos sérios.

— A mídia pensava assim.

— A mídia está cheia de mentiras. Você, mais do que


ninguém, deveria saber disso.

— Pilar sabe sobre Kayla?

— Sim. — Era algo que eu odiava discutir com Tam, de todas


as pessoas. — Kayla se aproximou dela enquanto estávamos em
Ibiza e novamente no dia do acidente.

— Por que Kayla estava em Ibiza? Você a convidou?

— Eu precisei.

— Nunca vou entender como alguém tão inteligente pode


fazer tantas coisas estúpidas. — Ela revirou os olhos.

Felizmente, Asher correu de volta para a sala com alguns


brinquedos, e me ocupei brincando com ele. Depois da hora do
banho, voltei para o meu apartamento, lá em cima, longe da família
que deveria estar emocionado em ter, mas que joguei fora por
descuido e egoísmo. Era o oposto da minha versão que eu queria
que Pilar soubesse, e realmente não tinha certeza se queria dizer
a ela alguma coisa.
CAPÍTULO VINTE E UM

Pilar

Quem pensou que seria uma boa ideia me acusar de


trabalhar com crianças estava quase louco. Não fui feita para
isso. Mesmo assim, aqui estava eu, cortando papel com um grupo
de crianças de cinco anos que mal sabia se limpar. Um deles
estava comendo meleca, a pequena loira chamada Saddie - com um
ie no final - estava sentada toda certinha, pernas cruzadas e
cabeça erguida como se ela fosse a princesa nesta mesa. E o
último, Marcus, estava apunhalando o papel com tanta força que
eu tinha certeza de que ele se cortaria no final desse pequeno
exercício, com tesoura segura ou não.

— Lembre-se de cortar os pontos, — eu disse, minha voz tão


alegre quanto o sorriso forçado em meu rosto. — E, por favor,
Daniel, pare de colocar as mãos na boca.

Foi a única coisa que eu poderia dizer para não mencionar o


fato de que eu o observei comer meleca nos últimos cinco
minutos. Suspirei. Por que as pessoas têm filhos de propósito? Eu
não sabia. Eles eram uns patifes bonitinhos, eu admitiria. E
inteligentes. Eu não poderia imaginar ter esses pequenos
portadores de germes ao meu redor o tempo todo. Provavelmente
foi por isso que fui designada para fazer isso para
começar. Possivelmente ideia da minha mãe. Ela sempre disse que
eu precisava trabalhar meu lado materno porque nasci sem esse
instinto. Ela não estava errada. Nunca me importei com cães,
gatos, pássaros ou qualquer outro tipo de animal de
estimação. Quando o cachorro da família, Salsicha, morreu
quando eu tinha 12 anos, não chorei por ele como os outros
faziam. Talvez eu fosse quebrada. Mordi meu lábio e afastei essa
ideia enquanto cortava ao longo das linhas e dobrava o
papel. Estávamos fazendo uma fileira de corações. Em seguida,
tivemos que colori-los. Saddie já estava na metade do caminho. Eu
poderia dizer que ela era uma perfeccionista, pelo cuidado com que
coloriu os corações.

Ela era a garota com quem eu teria me dado melhor na


escola. Sempre gostei que tudo fosse limpo e organizado em todos
os aspectos da minha vida. Até Ben. Ele me fez querer desistir de
todas essas pretensões estúpidas. Com ele, ansiava por colorir fora
das linhas.

— Por que está corada? — Saddie com o ie perguntou.

— Eu? Eu não estou corando.

— Está. — Ela ergueu o nariz para mim. — Você está


pensando no Príncipe Encantado?

— Príncipe encantado? — Levantei uma sobrancelha. —


Definitivamente não.

— Eu penso muito no Príncipe Encantado, — ela disse. —


Você deveria também, se vai se casar com um.
— Não tenho certeza se vou casar com um príncipe.

— Não? — ela franziu a testa. — Mas você é uma


princesa. Essa é a melhor parte.

— É mesmo? — Eu ri. — Eu não estava ciente.

— Qual é a melhor parte de ser uma princesa? — Marcus


fungou, esfregando o nariz com a mão. Observei onde ele a colocou
em seguida - na tesoura, é claro.

— Acho que fazer coisas assim. — Eu sorri.

— Você quer dizer cortar e colorir corações para a sala de aula


da Srta. Kate? — Daniel perguntou. — Não precisa ser uma
princesa para fazer isso.

— Verdade. Mas eu quis dizer passar o tempo com crianças


inteligentes como vocês.

— Você não precisa ser uma princesa para fazer isso, — disse
Saddie.

— Então, basicamente, a única coisa legal em ser uma


princesa é achar e se casar com um príncipe? — Perguntei.

— Ele deveria encontrar você, — Saddie disse.

— Oh.

— Ele deveria resgatar você de uma torre, — acrescentou


Marcus.

— Oh?
— E lutar contra um dragão, — disse Daniel.

— Bem, se eu estiver em uma torre com um dragão me


protegendo, com certeza vou chamar um príncipe. Mas vou te dizer
uma coisa, meu irmão é um príncipe e eu não acho que ele
resgataria ninguém de uma torre.

— Não? — Saddie engasgou. — E se a princesa estivesse em


perigo?

— Meu melhor palpite? — Eu me inclinei para frente. — Ela


teria que se salvar.

— Bem, essa é uma história chata, — disse Daniel.

— Não é romântico, — acrescentou Saddie.

— Mas realista. — Dei de ombros. — Somos os únicos que


podemos nos salvar.

— Mas e o dragão? — Marcus franziu a testa.

— O dragão é vida, e nós somos todas princesas e Príncipes


Encantados.

— Hmm. — Isso foi Saddie. — Eu gosto mais da minha


versão.

Eu também, Saddie. Eu também.


CAPÍTULO VINTE E DOIS

Pilar

Meu telefone vibrou na minha mão e sorri quando vi o nome


de Ben na tela. E respondi.

— Oi.

— Oi. — Eu podia ouvir o sorriso em sua voz. — Senti falta


do som da sua voz.

Eu me senti corar profundamente. — Está no treino?

— Estou saindo agora. Terminou seu compromisso?

— Sim. Acabei de chegar em casa cerca de cinco minutos


atrás. — Estiquei meus braços acima da minha cabeça com um
bocejo. — Não sei como os professores fazem isso.

— Que loucura, não é?

— Muito louco. As crianças são uma mão-cheia.


— Foi divertido?

— Foi... — eu pausei. — Sim, na verdade foi muito divertido


depois que superei o choque inicial. Quer dizer, eu sabia que eles
seriam enérgicos, mas foi muito.

— Eu aposto. — Ele deu uma risadinha. — Quando posso te


ver novamente?

— Quando você quer me ver de novo?

— Se dependesse de mim, eu estaria vendo você neste


segundo.

— Bem, nesse caso, sempre que você estiver livre. — Meu


rosto doeu de tanto sorrir.

— Nesse caso, vou buscá-la para jantar.

— Nesse caso, vejo você às sete.

Ele deu uma risadinha. — Nesse caso, mal posso esperar


para te beijar.

— Ok, vou desligar agora.

— Vejo você em breve.


Fomos a um pequeno restaurante de sushi perto do meu
prédio. Normalmente era silencioso e não muito lotado, mas
mesmo assim, Amir e o resto da segurança foram em frente e se
certificaram de que poderiam acomodar Ben e eu na parte de trás,
longe de olhares curiosos. Eu me perguntei quantas vezes ele teve
esse problema e se ele se aventurou muito. Assim que nos
sentamos frente a frente em uma mesa tão pequena que fomos
forçados a nos tocar, mesmo que quiséssemos manter nossas
mãos e pernas para nós mesmos, soltei um suspiro e sorri para
ele. A mesa era no chão, então tivemos que tirar os sapatos para
sentar, e ficava dentro do que parecia ser um quartinho com uma
cortina como portas, mas não podíamos ver ninguém, e ninguém
podia nos ver.

— Você se aventura com frequência? — Perguntei. — Quero


dizer, boates, bares.

— Geralmente, não na cidade.

— Por que? Você não gosta de ser fotografado a menos que


seja ensaiado? — Eu estava meio brincando, mas ele acenou com
a cabeça.

— O quê? Mesmo? — Inclinei-me no momento em que o


garçom colocou dois copos d'água entre nós. — Eu nunca teria
imaginado isso.

— Por que? Você costuma procurar fotos minhas?

— Talvez.

— Talvez, — ele repetiu, tomando um gole de sua água. —


Acho que estou lisonjeado.
— Você está?

— Claro. Quer dizer, uma linda princesa procurando fotos


minhas. Como eu poderia não ficar lisonjeado? — Ele piscou
enquanto colocava o copo na mesa. Eu me senti corar.

— Eu tenho uma pergunta. Por que você nunca tentou falar


comigo nos jantares de domingo da minha mãe?

— Eu sempre falei com você nessas ocasiões.

— Foi simpático. E porque você sabia que eu gostava de você.


— Jurei que meu rubor estava se aprofundando, o que era idiota,
considerando que já estávamos juntos.

— Eu sempre gostei de você.

— Então, por que não me convidou para sair?

— Você tinha namorado, lembra?

— Nos vimos muito depois que ele e eu terminamos. —


Levantei uma sobrancelha.

— Bem, então vamos apenas dizer que eu tive meus motivos


e não quero divulgá-los no momento. — Ele piscou. — Acredito
piamente que tudo acontece por uma razão

— Eu também. Quero dizer, apesar do fato de que na noite


em que você me levou para casa, eu estava completamente bêbada.

— Na primeira noite em que te levei para casa. — Ele


sorriu. — Estou planejando te levar para casa esta noite. Para
minha verdadeira casa.
— A palavra na rua é que você raramente leva mulheres para
sua casa. Devo ficar lisonjeada?

— Palavra na rua. — Ele riu. — Não sabia que minha vida


pessoal era discutida tanto.

— Oh, é sim. Você é sempre o assunto da conversa quando


está na sala.

— Estou feliz por não saber disso.

— Por que? Teria subido à sua cabeça?

— Não, isso teria me deixado um pouco constrangido.

— Mesmo? — Meus olhos se arregalaram. — Você?

— Sim, e provavelmente teria subido à minha cabeça. — Ele


riu, seus olhos escurecendo quando olhou para mim. — Você sabe
o que eu realmente quero discutir?

— O quê? — Meu peito pareceu apertar com a maneira como


ele olhou para mim.

— O que você está vestindo agora. — Seus olhos percorreram


o vestido preto curto e a meia arrastão que eu usava, e sua mão
deslizou até o meu joelho, roçando cada buraco nas meias. — Isto
está me enlouquecendo.

— Mesmo? — Sussurrei, lambendo meus lábios, desejando


que ele nunca parasse de olhar para mim ou de me tocar.

— Sim. — Ele mordeu o lábio inferior como se estivesse com


dor enquanto continuava tocando minha perna. — Não consigo
parar de pensar em foder você nesta mesa, neste chão, nas
almofadas em que estamos sentados.

— Oh, Deus. — Eu já estava ofegante. — Estamos em público.

— Bem, então eu acho que não serviria para nada pedir a


você que esperasse dois segundos e depois se levantasse e se
sentasse nesta mesa bem aqui, na minha frente, com as pernas
abertas. — Ele lambeu os lábios novamente, e eu jurei que
praticamente podia sentir aquela língua contra mim, entre minhas
pernas.

— Eu faria isso. — Eu estremeci. — Mas o que você vai fazer


nesses dois segundos?

— Garantir que ninguém vá nos incomodar pela próxima


meia hora.

— Oh.

Ele se levantou e saiu, fechando as cortinas atrás de si. Eu


podia ouvir sua voz, mas não conseguia entender o que ele estava
dizendo. Pensei naquela fotografia que alguém vendeu de mim em
pé na varanda em Ibiza e me perguntei se isso era um erro. Alguém
entraria aqui sem permissão e tiraria uma foto? Eu me
importaria? Eu me levantei e fiz como ele instruiu. Não me
importei. Eu também confiava em Ben implicitamente e sabia que
ele não permitiria que isso acontecesse.

Enquanto eu estava sentada lá, esperando que ele voltasse,


me perguntei se ele tinha feito isso antes. Ele disse que
normalmente sai da cidade a menos que não se importe de ser
fotografado, mas isso não significa que não tenha levado mulheres
em encontros secretos e feito o mesmo com elas. Eu odiava a
maneira como meu coração quebrou com o mero pensamento. Eu
achava que não era uma pessoa ciumenta, mas quando se tratava
de Ben, parecia que tudo me incomodava. Bem, tudo o que tinha
a ver com ele ter uma vida antes de mim. Talvez fosse porque eu
não pude deixar de pensar em como seria a vida dele depois de
mim, e absolutamente odiava a ideia de não o ter em minha vida.

Escutei ele atrás de mim enquanto me sentava na mesa


baixa, esperando. Minhas pernas estavam apenas ligeiramente
separadas, mas suficientemente separadas. O quarto estava
escuro, então ele não podia ver que eu não estava usando calcinha
debaixo das meias. Não conseguiria ver muito, mas eu sabia que
ele sentiria isso. Acomodou-se entre minhas pernas como se
estivesse sentado em frente a um prato. Esperava que me tratasse
como a refeição que veio fazer aqui.

Quando suas mãos se fecharam em torno dos meus


tornozelos, eu sabia que ele o faria. Meu peito começou a subir e
descer com minhas respirações. A cada centímetro que ele me
tocava, parecia que tirava um pouco mais do meu fôlego. Meus
pulmões pareciam estar se preparando para um massacre. Seu
olhar sombrio encontrou o meu sob longas pestanas, e eu sentia
que poderia explodir imediatamente. Quando percebi que seus
dedos alcançavam o interior de minhas coxas, minha cabeça caiu
para trás.

— Sem calcinha? — Ele fez uma careta. — Que princesa


safada. — Seus dedos avançaram mais perto de onde eu precisava
deles. — Esperava que eu descobrisse?

Mordi meu lábio com força, levantando minha cabeça para


encontrar seu olhar, então assenti.
— Esperava que eu arrancasse essas meias? — Ele ergueu
uma sobrancelha. Eu balancei a cabeça novamente. —
Interessante.

— Por favor, Ben. — Foi um apelo.

— Por favor, o quê, princesa?

— Por favor, me toque, faça alguma coisa.

— Oh, eu realmente pretendo. — Ele trouxe sua boca até


minha panturrilha e me mordeu. — Mas você precisa prometer que
ficará quieta.

— Prometo. — Eu balancei a cabeça rapidamente. O


restaurante estava barulhento, mas eu sabia que as pessoas nos
cercavam e elas me ouviriam se eu não ficasse quieta.

— E você tem que prometer não me deixar rasgar essas meias.


— Ele mordeu minha outra panturrilha. — Gostei muito delas.

— Pode rasgá-las. Eu não me importo. — Grandes buracos


estavam por toda parte, incluindo na virilha. Mas mesmo se ele
não os rasgasse, definitivamente os esticaria a um ponto sem volta
se continuasse dessa forma. Honestamente, não me importei nem
um pouco.

— Oh, não, princesa. Eu vou me importar, quero isso intacto.

— Mas... mas como você vai...?

— Nós apenas teremos que encontrar um jeito. — Seus dois


polegares deslizaram para dentro de mim ao mesmo tempo, e eu
deixei cair minha cabeça para trás com um gemido. — Quieta,
princesa.

— Sim, — sussurrei, meus quadris se movendo, esfregando


contra seus dedos. Nunca pensei que me sentiria tão carente, pelo
menos não antes dele, mas senti que iria explodir se ele não fizesse
algo mais.

— Você pensava em mim com frequência antes disto começar,


princesa?

— Humm. — Eu acenei com a cabeça, ofegante quando mais


dedos uniram aos polegares. Agora, ele estava dentro de mim e em
meu clitóris, acariciando e friccionando círculos. Eu não
sobreviveria a isto. Eu não sobreviveria.

— Você se tocou?

— Sim.

— Fechava os olhos quando fodia com seu ex e fingia que era


eu entre suas pernas?

Engasguei alto, abrindo meus olhos para encontrar os


dele. Eu balancei a cabeça, a vergonha da minha admissão
colorindo meu rosto, mas eu não me importava. Quando ele deu
aquele sorriso de lobo, eu definitivamente não me importei.

— Ótimo. — Ele tirou as mãos, e pouco antes de eu abrir


minha boca para reclamar, as substituiu por seu rosto, sua língua,
me chupando, me lambendo, me mordendo.

Não havia absolutamente nenhuma maneira de eu ficar


quieta. Sem chance. Ele não estava jogando limpo e sabia
disso. Minhas mãos voaram para seu cabelo e agarrei seus cachos
com força, puxando-o para parar, para continuar, eu não tinha
certeza. De qualquer maneira, ele não ouviu. Continuou a se
deleitar comigo, me comendo como se eu fosse seu aperitivo, prato
principal e sobremesa. Eu gozei forte. Ruidosamente. Meus gritos
foram abafados pela mão que ele atirou em meu rosto para cobrir
minha boca. Nunca estive mais excitada em toda a minha vida.

Ele se afastou, balançando nos calcanhares enquanto olhava


para mim, sua boca brilhando com a evidência do que ele tinha
acabado de fazer. Eu assisti, sem palavras, enquanto ele abaixava
as calças e colocava uma camisinha. Lambi meus lábios
reflexivamente, desejando ter energia para me levantar e levá-lo
em minha boca, mas também sabendo que se eu não o fizesse, ele
me foderia, e eu não tinha certeza de qual resultado eu queria
mais. Optei por ficar parada. Ele abriu mais minhas pernas e
colocou a mão entre nós. Senti seus dedos acariciando meu clitóris
novamente e imediatamente comecei a me mover, meu corpo foi
despertado por seu toque. Ele não deixou seus dedos ali por muito
tempo.

— Eu preciso abrir espaço nessas meias, — ele disse, sua voz


áspera enquanto se acomodava entre minhas pernas. — Preciso
abrir espaço nesta pequena boceta para mim.

— Sim, — eu engasguei, arqueando minhas costas e


mordendo meu lábio com força enquanto ele deslizava dentro de
mim, centímetro a centímetro. Meus olhos se fecharam e minha
cabeça voou para trás, e eu gemi, — Ben, — enquanto me
penetrava. — Sim, Ben. Sim.

— Diga isso de novo, princesa. — Ele deslizou para fora e


penetrou novamente.
— Ben.

— Sim, — ele assobiou. — Sim. Você é fodidamente perfeita


para mim. Perfeita.

Parecia que ele estava dizendo muito mais do que essas


palavras, mas não tive tempo de questioná-lo porque ele realmente
começou a me foder, e nada mais importava naquele momento.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Ben

— Você leu isso? — David largou o jornal no balcão da


cozinha.

— Não, eu leio as notícias como uma pessoa normal - online.


— Voltei para o sanduíche que estava fazendo para Asher.

— Bem, esse é o tipo de notícia que ganha as manchetes dos


jornais de verdade, — disse ele. — O que significa que é grande.

— Quais as novidades?

— Kayla está falando sobre escrever um relato sobre o tempo


que passou com você.

— O quê? — Eu ri e parei quando vi a expressão séria no rosto


de David. — Você está cheio de merda.

— Não estou. — Ele pegou o jornal novamente e o abriu,


caminhando até mim enquanto o inclinava para que eu visse a
manchete. Dizia: O Passado Podre do Golden Boy, Benjamin Drake.
— Por que eles dariam a ela esse tipo de atenção? — Puxei o
jornal de sua mão e li as palavras abaixo do título.

— Talvez porque você seja um mistério para eles, — sugeriu


David.

— Jesus Cristo, David. Você deve garantir que esse tipo de


merda não aconteça. — Eu bati o jornal no balcão. — E quanto ao
Asher? Ela disse alguma coisa sobre ele?

— Ainda não, mas meu palpite é que isso fará parte do conto-
tudo. Você deveria ter feito ela assinar um NDA.

— Quando? Quando eu tinha quatorze anos e morava com a


porra dos meus pais? Quando eu estava lidando com a morte do
meu irmão Ezra? Quando eu a faria assinar este NDA? Descobri o
que é um NDA há alguns anos! — Eu levantei minhas mãos e
comecei a andar pela cozinha.

— Está tudo bem, papai? — Asher correu para a cozinha. —


Meu sanduíche está pronto? Minha barriga está com fome.

— Sim, amigo. Está tudo bem. — Respirei fundo e soltei o ar,


pegando seu prato e colocando-o na mesinha onde ele gostava de
se sentar. — Eu coloquei pastrami nele, assim como você gosta.

— Mamãe sempre coloca pastrami. — Ele deu uma


mordida. — E salame.

— Bem, sua mãe me ganhou mais uma vez. — Pisquei para


ele, depois me virei para David e sussurrei: — Tamara vai me
matar.
— Ela vai me matar também. — David pegou seu telefone. —
Vou ligar para Idris.

— Não ligou para ele ainda? O advogado não é a primeira


pessoa para quem você deve ligar quando vê algo assim? — Eu
pausei. — Merda. Tenho que contar a Pilar.

— Tenho certeza que ela já sabe sobre isso.

— Mais uma razão para eu ligar para ela. — Peguei o telefone


e disquei. — Eu tenho treino às três hoje. Você leva Asher ao
parque enquanto estiver lá? — Eu olhei para David.

— É claro. — Ele sorriu para Ash. — Estamos indo para o


museu. Certo, amigo?

— Sim, e vamos tomar sorvete.

— Não muito sorvete, — eu avisei.

— O que é muito sorvete? — Pilar perguntou no meu ouvido,


me assustando. Saí da cozinha para encontrar um local tranquilo.

— Nada. Eu estava conversando com David. Então, você viu


as notícias?

— Como eu não poderia?

— E?

— E o que? — ela esperou.

— Como você se sente com isso?


— Acho que ela é louca e você precisa fazer um controle de
danos sério antes que saia do controle.

— Não estou pedindo conselhos de relações públicas,


Pilar. Eu perguntei como você se sentia sobre isso.

Ela ficou quieta por um momento. Quando ela falou


novamente, sua voz era quase um sussurro, — Não gostei.

— Por que? — Prendi minha respiração. Por que eu estava


perguntando e sentindo como se minha vida dependesse da
resposta que ela daria?

— Para começar, sei que não deve ser fácil para você. Fez um
ótimo trabalho mantendo a maior parte de sua vida pessoal fora
dos holofotes. Eu nem sabia que você tinha um irmão antes de te
conhecer. E, bem, eu não gosto que ela te conheça tanto para
começar. — Ela ficou quieta por um longo momento. — Estou com
ciúmes.

— Você não tem nada para ter ciúmes, — eu disse, mas não
pude evitar meu sorriso.

— Eu sinto que não te conheço, não como ela.

— Você me conhece. Eu quero que você me conheça. —


Suspirei, de repente desejando que estivéssemos tendo essa
conversa cara a cara. — Venha para a arena mais tarde. Tenho
treino às três, mas podemos fazer algo depois.

— Vou ver você treinar?

— Quer me assistir?
— Eu mataria para assistir um treino seu, — ela disse, com
um grito em sua voz. Eu ri.

— Venha um pouco antes das três. Vou avisar a segurança


que receberei a visita de uma fã muito importante.

— Fã número um, você quer dizer.

— Você é minha fã número um?

— Claro que sou.

Eu estava sorrindo tanto que meu rosto doeu. Jesus, me


senti como uma criança de novo. Olhei para Asher, que estava
terminando seu almoço. Eu sabia que ele viria correndo em
breve. Eu precisava contar a Pilar sobre ele. Eu iria mais tarde
hoje. Desligamos e eu passei o resto da minha tarde com Asher até
que precisei ir para o treino.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Pilar

Quando Amir e eu paramos na arena, eu estava praticamente


quicando no banco do passageiro. Ele olhou enquanto colocava o
carro no estacionamento.

— Espero que você pelo menos mantenha a calma lá. — Seus


olhos brilharam. — Porque com certeza está agindo como uma
daquelas crianças da escola outro dia.

— Amir. — Estendi a mão e agarrei seu antebraço, apertando-


o enquanto falava. — Estamos prestes a assistir ao treino dos Le
Bleus. Na vida real. Em campo. Na nossa frente. Sem um milhão
de outras pessoas no estádio.

— Entendi. — Ele riu. — Porque você está namorando um dos


jogadores. Você está namorando, certo?

Pensei em como responder quando saímos do carro e nos


encontramos na frente dele.
— Quer dizer, nós vamos a encontros. — Eu sorri. Não
conseguia parar de sorrir.

— Gosto de ver você assim. — Amir sorriu para mim enquanto


caminhávamos. — Está mais leve. Mais divertida.

— Mais divertida? — Eu engasguei, rindo. — Você está


dizendo que eu era chata antes de começar a namorar Ben? É
porque não fomos capazes de fazer coisas assim?

— Você sabe que não foi isso que eu quis dizer, mas isso é
definitivamente uma vantagem. — Diminuímos a velocidade
quando alcançamos o segundo portão de segurança e ele seguiu
em frente. — Deixe-me ver aonde devemos ir.

— Estarei aqui. — Olhei ao redor do estádio, evitando pular


para cima e para baixo apenas porque sabia que havia câmeras
por toda parte e não queria parecer uma idiota no vídeo.

Comecei a andar pela calçada, olhando para as placas na


parede, lendo sobre jogadores anteriores e o recorde do time.

— Impressionante, não é? — A voz me assustou e fiquei ainda


mais surpresa ao ver que era Kayla. Tão surpresa que nem
consegui pensar no que falar. Ela sorriu, aparentemente divertida
com minha reação.

— O que você está fazendo aqui?

— Pegando algumas coisas que deixei na casa de alguém. —


Ela ergueu a mochila Le Bleu em sua mão para que eu pudesse
me concentrar. — Ben levou você para a casa dele? Provavelmente
não, certo?
— Isso não é da sua conta. — Meus ouvidos zumbiam.

Eu me perguntei onde Amir estava. Ainda não havíamos


entrado com uma ordem de restrição contra Kayla, mas vê-la aqui
me fez querer. Ainda não tínhamos provas do que havia acontecido
com o acidente. O carro foi levado para o lixão e registrado como
perda total pela seguradora.

— Não posso dizer que o culpo por não ter levado você, —
disse ela. — Ele gosta de manter as coisas privadas das mulheres
com quem sai.

— Eu não sei qual é o objetivo de tudo isso. Se for para me


afastar de Ben, não vai funcionar. Somos adultos e fazemos o que
queremos.

— É claro. — Ela encolheu os ombros. — Provavelmente estão


tendo apenas um relacionamento casual.

Mas eu não estava, estava? Eu odiava a maneira como suas


palavras pareciam infiltrar-se em meu cérebro e marinar.

— Não tem um livro para escrever? — Perguntei. — Sua


reivindicação à fama.

— Eu nunca disse que ia escrever um. Eu disse


que poderia escrever um com todas as coisas que sei sobre ele. O
jornal distorceu minhas palavras.

— Tenho certeza que sim. — Eu a encarei.

Ela era muito bonita, de uma forma despretensiosa que


poderia ter me deixado um pouco desconfortável se não fosse pelo
fato de que eu sabia que Ben não a queria.
— Enfim, vou sair da sua frente agora, — disse ela,
sorrindo. — Diga ao Ben que o verei quando ele terminar de
explorar isto... o que quer que ele pense que esta coisa com você
seja. Como se uma princesa fosse se apaixonar de verdade por um
homem que veio da vila.

— Não importa de onde ele venha. O importante é onde esteja


agora, e da última vez que verifiquei, ele estava do meu. — Dei a
ela um sorriso. — Mas se você quiser esperar que ele volte para a
seu, fique à vontade.

— Diga a si mesma o que quiser, Princesa. Isso não muda o


fato de não ser eu ou você que ele vai escolher. Nós duas somos
distrações. Acontece que eu sou uma distração a longo prazo. Mas
eu sei meu lugar, e logo você saberá o seu. — E foi embora sem
outra palavra, e fiquei me perguntando o que ela quis dizer com
tudo isso.

— Está tudo bem? — Amir perguntou atrás de mim. Eu pulei


e me virei para ele. — Eu estava aqui o tempo todo. Só não queria
interferir. Parecia que você tinha tudo controlado.

— Até que ela jogou aquela última bola curva5. — Mordi meu
lábio inferior por um segundo antes de respirar fundo e me lembrar
de quem eu era e onde estava. — Mas sim, estou bem. Ainda não
temos novidades sobre os pneus?

— Ainda não. — Ele olhou para mim. — Eu sei que você não
quer dar grande importância a isso porque acha que ela vai correr

5 Algo inesperado, surpreendente ou perturbador.


para os jornais se você colocar uma ordem de restrição contra ela,
mas eu acho que é necessário. Está ficando fora de controle.

— Presumo que esteja certo.

Começamos a caminhar em direção à entrada do estádio.


Amir virou-se para mim. — Então, o que isso significa? Jogou uma
bola curva? Isso é coisa americana?

— Eu não faço ideia. Adeline diz o tempo todo, e agora não


consigo me livrar disso. — Eu fiz uma careta, pensando sobre
isso. — Acho que tem a ver com beisebol.

— Beisebol? Quem assiste beisebol?

— Americanos. — Eu me senti sorrir. — E Adeline.

— Interessante.

Passamos pelos portões e entramos na seção do estádio onde


estavam os armários e vestiários. O segurança que nos escoltava
indicava as coisas enquanto caminhávamos, dando-nos uma
espécie de tour. Eu tentei muito prestar atenção, mas estava muito
atônita por estar aqui e andar por esses corredores para envolver
minha cabeça em qualquer um dos fatos divertidos. Ele nos levou
para os vestiários, que estavam vazios porque os caras estavam em
campo, mas não podia nos deixar entrar por causa disso. Vimos
as suítes, o refeitório e as áreas de estar onde apenas pessoas com
conexões com a equipe e a mídia podiam entrar. Eu sabia que
meus irmãos tinham estado aqui com seus amigos, mas é claro
que nunca fui convidada. Não foi como se eu tivesse pedido para
vir. Se eu tivesse, eles teriam me trazido. Enquanto
caminhávamos em direção ao campo, senti a adrenalina
bombeando dentro de mim como se fosse eu quem estivesse
prestes a jogar.

— Você o vê? — Amir perguntou enquanto olhávamos para o


time, correndo para frente e para trás no campo. Quando Ben
chamou minha atenção, apontei e pulei.

— Lá! — Eu ri e me virei para Amir. — Tire uma foto


minha. Tenho que enviar para Eli e Aramis.

Quando ele me devolveu o telefone, enviei a foto e digitei:


Tenho quase certeza de que tenho os melhores lugares da casa.

Aramis: DE JEITO NENHUM

Eli: POR QUE VOCÊ NÃO NOS CONVIDOU?

Eu: Você nunca me convida quando vem. Então aí.

Eli: Não é justo

Aramis: Diga a Ben que não somos mais amigos

Eu ri ao ler suas respostas em voz alta para Amir, que riu


comigo. Quando Ben terminou de jogar, me apresentou a alguns
de seus amigos. Eu já tinha conhecido Alex em Ibiza, mas fiquei
tonta ao conhecer o resto deles, não apenas porque eu era uma fã,
mas porque Ben estava obviamente deixando claro que isso não
era temporário.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Pilar

Adorava estar em sua casa. Tudo nele era tão... ele, desde as
paredes neutras até a biblioteca repleta de recordações e troféus
que ele havia ganho. Eu tinha tido um rápido vislumbre do seu
quarto durante o passeio em que me ofereceu, mas nossa comida
chegou antes que eu pudesse explorar tudo o mais. Agora,
estávamos no chão ao redor de sua mesa de café, comendo sushi
e bebendo vinho. Era o encontro mais glorioso que eu já havia tido.

— Você está com dor? — Observei enquanto ele terminava de


mastigar o rolo de sushi que acabara de colocar na boca.

— Você quer dizer se estou dolorido?

— Sim. Só de assistir os exercícios de hoje fiquei dolorida.

— Acho que esqueci a sensação de não estar dolorido. — Ele


deu uma risadinha. — Jogo desde os três anos. Acho que estou
apenas condicionado a isso.
— Isso é incrível. — Sua resistência também era incrível. Eu
me senti corar quando o pensamento cruzou minha mente e tentei
esconder olhando para longe, mas Ben pegou minha mão. Não
pude deixar de encontrar seu olhar, que era um pouco divertido, e
levemente excitado.

— O que você está pensando?

— O quanto eu quero você.

— Ah. — Ele riu enquanto levava minha mão aos lábios e


mordiscava meu polegar. — É uma coisa boa para se pensar.

— Também não posso deixar de pensar que você é muito mais


experiente do que eu. — Eu lutei para manter meu olhar no dele.

— Você é perfeita. — Ele puxou meu braço e me puxou para


mais próxima dele, analisando meus olhos. — Ei, você é
perfeita. Eu não poderia imaginar uma mulher melhor.

Suas mãos roçaram por debaixo da minha camisa, parando


no elástico do meu sutiã.

— Está tudo bem? — ele sussurrou contra meu pescoço, me


inspirando enquanto me beijava.

— Mais do que bem. — Eu empurrei meu peito, convidando-


o a fazer mais.

Ele não colocou as mãos embaixo do meu sutiã da maneira


que pensei que faria. Em vez disso, ele colocou as mãos atrás de
mim, desabotoando o fecho. Ben se afastou e olhou nos meus
olhos. Havia muito mais do que luxúria neles, e eu não sabia o que
isso significava. Apesar de tudo, meu coração galopou com tanta
força que pensei que ele poderia ouvir. Trazendo minha mão para
tocar seu rosto, acariciei seu queixo, com sua barba fazendo
cócegas nas pontas dos meus dedos. Mesmo enquanto eu o tocava,
não conseguia acreditar que estava com ele, com o homem por
quem sou apaixonada há anos e imaginei fazendo isso mais vezes
do que eu gostaria de admitir. Ele me observou por um longo
tempo, suas mãos ainda logo abaixo dos meus seios.

— Você é linda demais para mim, — disse ele, e o jeito como


me olhou me fez acreditar.

— Você é muito bonito para mim. — Eu sorri, inclinando-me


para ele e beijando seus lábios.

Engasguei quando ele trouxe seus dedos para minha


mandíbula e aprofundou o beijo, sua língua dançando com a
minha, sua ereção pressionando minha boceta com tanta força
através de nossas roupas que eu não tive controle sobre mim
quando meu corpo começou a se mover, buscando o prazer que ele
havia prometido. Suas mãos finalmente envolveram meus seios,
seus dedos beliscando meus mamilos com tanta força que tive que
parar de beijá-lo e jogar minha cabeça para trás para gemer. Ele
os beliscou novamente, suas mãos trabalhando rapidamente para
me livrar da minha camisa e sutiã para sua boca se agarrar a cada
um deles, acariciando, beijando, chupando. Com seus lábios, suas
mãos, ele me fez sentir uma sensação de abandono que eu nunca
experimentei antes. Ele desvendou uma versão sexualmente
faminta de mim que eu nem sabia que existia.

Continuei me movendo contra seu pau, embora ainda


estivéssemos usando jeans e eu sabia que não encontraria o alivio
de que precisava. Como se estivesse lendo meus pensamentos,
Ben se afastou. De repente, nós dois estávamos de pé, tirando
rapidamente o resto de nossas roupas. Ele me trouxe de volta para
o seu colo comigo montada nele e continuou marcando minha pele
com seus lábios. Sua mão se moveu para o sul, seus beliscões
suaves se transformando em mordidas enquanto seus dedos
começaram a se mover contra mim.

— Você está tão molhada, princesa. — Ele gemeu contra meu


peito. — Estava todo esse tempo molhada?

— S...sim, — eu gaguejei. Desejei que meu corpo parasse de


ranger, mas sabia que era absolutamente incapaz de me conter
neste ponto.

— Preciso de um preservativo, — ele respirou. — Eu quero te


foder assim. Eu quero que você monte meu pau com essa boceta
molhada.

— Oh, Deus. — Eu joguei minha cabeça para trás. Isso era


diferente de tudo que eu já fiz. A conversa suja, as coisas
perversas. Cada vez que eu estava com Ben, ele trazia algo que eu
não sabia que estava perdendo, e sabia que nunca seria a
mesma. Por causa dele.

— Pegue o preservativo. Bolso traseiro da minha calça jeans.


— Ele se inclinou, sua língua girando em meu mamilo esquerdo.

Peguei o bolso de sua calça no chão, não sem


dificuldade. Meu corpo inteiro estava vibrando agora. Seus dedos
estavam dentro da minha boceta e deslizando contra meu clitóris,
sua língua no meu mamilo enquanto sua outra mão trabalhava no
outro seio. Eu tinha certeza de que morreria. De alguma forma,
consegui recuperar e abrir a camisinha.
— Deslize em mim, princesa. — Sua voz estava rouca, e ainda
mais áspera quando fiz o que me foi dito. — Uma garota tão
boa. Sim.

Não sobreviveria a Ben Drake. Não havia absolutamente


nenhuma chance disso. Mais do que nunca, eu sabia disso agora.
Não quando ele podia me tocar desta maneira e me fazer sentir
assim.

— Monte em mim, baby. — Ele agarrou meus quadris e me


colocou sobre ele, deslizando-me para baixo muito lentamente,
centímetro a centímetro. Minha respiração se alojou em meus
pulmões enquanto ele me enchia. Ele era enorme, mas de alguma
forma, meu corpo o acolheu. — Cavalga-me, princesa. Cavalga-me.

Então eu fiz.

— Foda-se, — eu disse, meu coração na minha garganta


enquanto me movia em cima dele. — Oh, meu Deeeeeus.

— Sim. sim. Sim, — ele cantou. — Pilar. Foda-me, Pilar.

Estimulada por seus apelos e a forma como tudo dentro de


mim parecia vibrar, eu o montei forte e rápido, minhas unhas
cavando em suas omoplatas fortes enquanto seus dedos cravavam
em meus quadris, minha bunda, qualquer parte de mim que ele
pudesse alcançar e usar para controlar o ritmo. Joguei minha
cabeça para trás, sentindo outro orgasmo crescendo dentro de
mim e o agarrei com tanta força que tive certeza de que iria tirar
sangue.

Quando cheguei ao êxtase, gritei seu nome e continuei


gritando enquanto ele gritava o meu e bombeava em mim com mais
força do que antes. Eu balancei e vibrei contra ele enquanto meus
olhos se fechavam, então o senti beijar o topo da minha cabeça
enquanto sussurrava: — Perfeita para mim.

Estava tentando não fazer barulho quando saí do


apartamento dele e fechei a porta atrás de mim, mas arfei alto
quando me voltei e encontrei uma mulher e um garotinho parados
ali.

— Oi. — Eu fiz uma careta, confusa. Este andar abrigava


apenas o apartamento de Ben, e ele estava dormindo.

— Oi. — A mulher sorriu, com uma expressão gentil que


alcançou seus olhos azuis. —Ben está aí?

— Ele está dormindo. — Eu senti minha carranca se


aprofundar. — Me disse que a porta fecha assim que tranca.

— Tudo bem. — Ela balançou a chave na mão. — Eu tenho


uma chave.

— Oh. — Eu me afastei da porta, ainda olhando para ela. —


Você é da família?

— Acho que sim. — Ela riu. — Se namoradas são


consideradas família.
— E filhos, — disse o garotinho, falando pela primeira vez
desde que eu os tinha visto.

— Na...namorada e filho?

— Ex-namorada, — ela corrigiu. — Definitivamente, não


estamos mais juntos.

— Mas ele é... seu... filho. — Eu estava gaguejando, mas não


conseguia entender o que estava ouvindo.

— Ele não te contou, — ela disse, e parecia tão inconsolável


quanto eu. Eu balancei minha cabeça, piscando para conter as
lágrimas que senti chegando.

Não me importava que Ben tivesse um filho ou uma ex-


namorada importante. Eu simplesmente não conseguia entender
como ele podia esconder coisas assim de mim. Parecia o tipo de
coisas que alguém revelaria em um primeiro encontro, ou em um
segundo, talvez até mesmo em um terceiro. Nós tínhamos passado
tanto tempo juntos. Quase todos os momentos juntos em Ibiza e
aqui desde que tínhamos voltado. Meu coração sentia como se
pudesse sair do meu peito.

— Sinto muito, — disse a mulher. — De verdade. Eu


lamento. Achei que ele tivesse dito alguma coisa. Já que ele te
trouxe aqui.

— Ele não disse. — Limpei a lágrima que escorreu pela minha


bochecha e sorri para o menino, que se parecia com o pai - cachos
castanhos, pele caramelo, olhos verdes. — Foi tão bom conhecer
vocês dois.
Afastei-me e entrei no elevador. No minuto em que as portas
se fecharam, comecei a chorar.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Pilar

Além de tudo que havia caído sobre mim, tínhamos acabado


de receber a confirmação de que dois dos meus quatro pneus
haviam sido cortados antes do acidente. Não havia mais dúvidas
persistentes em minha mente. Eu sabia com certeza que Kayla
estava por trás disso. Haveria uma maneira de provar? Eu não
sabia. O que eu sabia era que queria que ela fosse presa por
isso. Eu não era uma pessoa vingativa, mas meu irmão ainda
estava se recuperando do acidente. Aramis poderia ter
morrido. Eu poderia ter morrido se estivesse dirigindo. Meu lábio
inferior estremeceu com esse pensamento. Quando meu telefone
tocou de novo e vi o nome de Ben na tela acompanhado de uma
foto nossa na varanda em Ibiza, pensei que poderia perder tudo de
novo.

— Você não pode simplesmente ignorar as ligações dele para


sempre, — disse Joss.

— Não entendo como não sabíamos que ele tinha um filho. A


única coisa que encontrei sobre ele foi a morte de seu irmão. Achei
isso horrível, mas isso... — Adeline disse em um sussurro. Ela
olhou para Elias. — Você sabia?

— Não. — Elias olhou para Aramis, cujo rosto caiu quando


ele acenou com a cabeça.

— Eu sabia. — Aramis fechou os olhos brevemente enquanto


todos nós o encarávamos. — Em minha defesa, Ben me disse
quando nós dois estávamos bêbados, perdidos. Tivemos uma
conversa sincera sobre isso e não pensei muito depois. Não
conheci o garoto. Eu só percebi que ele não o queria perto de mim
porque eu sempre estava acompanhado por fotógrafos quando
estávamos juntos. Meu palpite é que ele não quer seu filho sob os
holofotes.

— Obviamente. — Joss revirou os olhos. — Isso não o isenta


de não contar a Pilar.

— Eu pensei que vocês eram casuais, — disse Aramis.

— Nós somos. Nós éramos, — eu rebati. Jurei que meu irmão


poderia me irritar mais rápido do que qualquer um. — Isso não
significa que eu gosto que mintam para mim.

— Ele mentiu? — Elias perguntou.

— Eu realmente não suporto nenhum de vocês agora. Eu


estava tentando fazer desta uma noite das garotas, e vocês dois se
convidaram. Como se alguém quisesse você aqui. E você está
realmente me irritando.

— A única razão pela qual você queria fazer essa noite das
garotas era para ter pessoas com quem se lamentar. — Aramis
ergueu uma sobrancelha. — Já que as meninas são odiosas.
— Não somos, — Joss interrompeu.

— Não? — Ele olhou para ela. — Você me odeia o dia todo,


todos os dias.

— Isso é porque você é arrogante e irritante. — Ela respirou


fundo. — E, honestamente, não sei como vou bancar a
casamenteira e encontrar alguém que realmente queira aturar
você.

Aramis mordeu o lábio enquanto olhava para Joss, mas


nenhuma mordida no lábio poderia impedi-lo de falar o que
pensava. Então me preparei quando o vi abrir a boca. — Tem
certeza que não é porque você prefere aquecer minha cama?

— Oh, meu Deus. — Joss corou ao se levantar e caminhar


até a porta, olhando para ele antes de sair. — Eu não suporto você.

Aramis riu alto quando a porta bateu atrás dela.

— Você é um idiota, — eu disse.

— Ela é muito fácil de irritar. — Ele sorriu momentaneamente


antes de voltar sua atenção para Elias. — Veja? Ninguém quer ser
responsável por essa sua ideia de santo casamenteiro.

— Bem, ela será responsável por isso, e você vai se acomodar,


mesmo que seja apenas para fingir, — disse Elias. — Deveria estar
descansando para se curar. Só saiu do hospital há duas semanas
e a única coisa que você fez com esse tempo foi ficar bêbado e
dormir por aí mais do que nunca.

— Não mais do que antes, — Aramis argumentou.


— Podemos voltar ao problema em questão? — Eu bati minha
mão na mesa lateral. — O homem que estou namorando tem um
filho que eu não conhecia e não sei o que fazer com essa
informação.

— Talvez falar com ele sobre isso, — sugeriu Adeline.

— Ele já deveria ter falado comigo sobre isso.

— Eu concordo, mas tenho certeza que ele teve seus motivos


para não fazer.

— Talvez ele não confie em mim. — O pensamento trouxe


lágrimas aos meus olhos.

— Basta dar-lhe tempo, — disse Elias. — Não somos


exatamente conhecidos como a família mais acessível.

— Mas eu sou. Eu fui. Sempre fui honesta com ele.

— Então fale com ele. Ouça-o — sugeriu Aramis. — Você o


verá no domingo de qualquer maneira.

Meus ombros caíram. O domingo seria o primeiro jantar de


domingo em muito tempo. Elias e Adeline estavam substituindo
minha mãe. Ela não queria recebê-los desde que meu pai faleceu,
o que era compreensível. Mesmo assim, Adeline e Elias achavam
importante continuar, e eu compreendia isso. Os jantares de
domingo haviam se tornado a Corte moderna, onde convidamos
velhos amigos e novos compartilhavam comida e bebida com eles.
Era muito divertido e era o único lugar onde eu podia olhar de
relance para Benjamin Drake por horas sem que ele percebesse.
Agora, tê-lo na mesma sala era sufocante. Uma criança. Ele tinha
um filho com alguém. A única razão pela qual eu tinha avançado
com ele era ignorar o fato de que ele tinha um passado colorido,
mas uma criança tornava isso impossível de ignorar. E o menino
era adorável e parecia uma cópia fiel de seu pai. Ainda assim. Uma
criança. Eu nem conseguia fingir que seria uma boa madrasta
para uma. Peguei minha bolsa e me levantei.

— Onde você está indo? — Perguntou Aramis.

— Fora. Eu preciso pensar, e esta pequena reunião não está


me ajudando.

— Vejo você domingo. — Aramis me deu um abraço e se


encolheu quando fiz o mesmo. Eu o soltei rapidamente.

— Eu sinto muito. Continuo esquecendo.

— Sem problemas. — Ele lançou um olhar para Elias. — Mas


quando eu bebo, é tolerável.

— Você precisa descobrir maneiras mais saudáveis de lidar


com sua dor, — disse Adeline, levantando uma sobrancelha. —
Como ioga.

— Ioga. — Aramis zombou.

— Ela não está errada. — Coloquei minha mão na boca e


mandei um beijo. — Nos vemos domingo.

— Pilar, — Elias gritou. Eu me virei para encará-lo


novamente. — Vamos prendê-la esta noite. Discretamente. A
interrogaremos e partiremos daí.
— Você quer dizer que a polícia vai interrogá-la, — disse
Adeline, levantando uma sobrancelha. — Você não vai estar
presente nisso, Eli.

— Veremos.

— Ela está certa, irmão. Você quer que todos nós façamos a
nossa parte fingindo que somos apenas uma grande família feliz e
não disfuncional, então precisa fazer a sua parte também e deixar
a polícia fazer o seu trabalho sem a sua interferência. — Isso foi
Aramis. Surpreendentemente.

— Eu quero justiça, — disse Eli.

— Eu também, — eu disse. — Tenho certeza de que Aramis


quer isso também. Mas deixe-os fazer o seu trabalho.

Com isso, eu fui embora.


CAPÍTULO VINTE E SETE

Ben

Era o segundo dia sem comunicação com Pilar e não


gostei. Eu ainda tinha o treino e Asher comigo enquanto Tamara
ajudava Jack a se mudar para seu apartamento. Pensei em
aparecer na casa dela, mas teria que levar Asher comigo, e não
tinha certeza de como seríamos recebidos. A última coisa que eu
queria era que qualquer um deles fosse colocado em uma posição
estranha. Bem, não poderia ser mais estranho do que o que
Tamara havia explicado para mim. Ela disse que Pilar tinha
lágrimas nos olhos. Isso me fez sentir péssimo, só piorou pelo fato
de que ela não atendia minhas ligações ou mensagens agora. Olhei
para o meu telefone novamente, apenas no caso. Nada
ainda. Minha sala de estar parecia catastrófica - havia brinquedos
por toda parte. Asher e eu tínhamos passado de minicarros de
corrida para jogar cartas, para desenhar e agora montar um
quebra-cabeça. Normalmente, o "eu" de David, movido pelo TOC,
estava aqui, recolhendo enquanto circulávamos de brinquedo a
brinquedo, mas como eu o tinha dado o dia de folga, era apenas
Asher e eu e a pizza que encomendaríamos mais tarde.
— É verdade que ela é uma princesa? — Asher perguntou.

Pisquei da peça do quebra-cabeça em minha mão. — O quê?

— A senhora que vimos outro dia saindo do seu


apartamento. Mamãe disse que ela é uma princesa.

— Ela é uma princesa.

— Uau. — Seus olhos se arregalaram antes de estreitar. —


Ela não estava com um vestido de princesa.

— Ela não usa um, mas ela é definitivamente uma princesa.

— Ela mora em um castelo?

— Não, — respondi lentamente. Isso certamente não me


ajudaria a provar meu ponto de vista. — Mas o irmão dela, o rei,
sim.

Não me preocupei em explicar que Elias não morava no


castelo. Ele deveria. Mas ele só marcava seus compromissos
lá. Ele dormia em uma residência particular que era tão grande
quanto um castelo, então eu acho que não importava que não fosse
o castelo em que todos queriam acreditar que ele dormia.

— O irmão dela é o rei? — Asher gritou. — Como um rei de


verdade?

— Sim. — Mordi meu lábio para conter minha risada. Um


Asher entusiasmado sempre foi adorável.

— Você o conhece?
— Sim.

— Posso conhecê-lo?

— Claro.

— Você não parece ter tanta certeza. — Ele caminhou até


onde eu estava no chão em frente ao quebra-cabeça que estávamos
construindo por quase uma hora e sentou no meu colo. Colocou
os braços em volta do meu pescoço e apertou. — Você parece triste.

— Não mais. Seus abraços me deixam feliz


instantaneamente. — Eu beijei sua cabeça. Ele me apertou com
mais força.

— A princesa te faz feliz?

— Ela faz. — Eu me senti sorrir.

— Eu vou vê-la de novo?

— Pode ser. Espero que sim, amigo. — Exalei, bagunçando


seus cachos enquanto me inclinei contra o sofá atrás de mim. —
Ela está um pouco triste agora também.

— Ela tem filhos?

— Não.

— Talvez eu devesse dar um abraço nela também.

— Pode ser. — Eu sorri mais e o puxei contra meu peito. —


Tenho tanta sorte de ter você.
— Eu sei. — Ele bocejou.

Fechei os olhos e ambos adormecemos ali mesmo no chão,


em meio ao caos.
CAPÍTULO VINTE E OITO

Pilar

Mais do que tudo, eu desejava que Kayla parasse de falar com


a imprensa. Parecia que ela tinha diminuído após ter feito seus
comunicados iniciais, mas não. Isso foi pura ilusão. Agora todos os
jornais tinham o rosto dela na capa. O que era pior, era o rosto
dela e de Ben. Algumas das fotos que ela havia vendido eram dos
dois se beijando e de mãos dadas. Apesar de aparentar ser muito
jovem nelas, o que ajudou a provar que ele não estava mentindo
sobre não estarem juntos, não fez com que fosse menos doloroso
vê-lo com outra mulher. Beijando-a. De mãos dadas. Me lembrei
da criança e suspirei intensamente.

— Você precisa parar de olhar para isso. — Joss balançou a


cabeça enquanto caminhava até minha cama e começava a
recolher os tabloides. — Quem traz essa porcaria para você, afinal?

— Amir. — Fechei os olhos e caí no travesseiro.

— Por que ele...?


— Porque eu pedi a ele. — Eu me sentei rapidamente. —
Quero saber o que as pessoas estão falando sobre tudo isso. Há
fotos minhas com Ben, e então Ben com Kayla e eu só... — Suspirei
novamente. — Não sei mais o que pensar.

— Você sabe o que é estranho? — Joss se sentou na beira da


minha cama. — Não há fotos da ex ou do menino. Em qualquer
lugar. Nem mesmo Kayla os mencionou.

— Eu sei. Também achei estranho.

— É estranho.

— Eu concordo. Só queria que ele confiasse em mim com


isso. Eu não teria ido aos tabloides. — Minha voz enfraqueceu. —
Não acredito que ele não me contou.

— Você deu a ele a chance de se explicar?

— Não. — Eu balancei minha cabeça lentamente. — Eu não


acho que posso ouvir sua voz ou vê-lo sem chorar.

— Ok, vamos conversar sobre isso. — Ela se levantou e se


aproximou de mim, sentando-se ao meu lado. — O que exatamente
te incomoda? É o fato de ele não ter contado ou de que tem um
filho com outra pessoa?

— Ambos. — Minha voz falhou. — Ambos. É tão estúpido. O


menino tem uns cinco anos e nunca pensei que ficaria com
Ben. Sonhei com isso sim, mas não pensei que fosse acontecer, e
agora descubro que ele teve essa experiência com outra
mulher. Essa coisa de ligação com a vida. Ela sempre estará em
sua vida.
— Como deveria ser, P. — Joss pousou a mão na minha. —
Isso é uma coisa boa. Isso significa que ele é um ser humano bom
e decente.

Eu limpei meu rosto. — Eu não tinha pensado nisso assim.

— Bem, você deveria. Ele é um bom homem. E gosta mesmo


de você, P. O homem dos seus sonhos. Caramba, dos nossos
sonhos. E ele gosta de você. — Ela enfatizou essa última
parte. Peguei um travesseiro e joguei nela.

— É melhor ele não estar mais em seus sonhos.

— Só as vezes. — Ela ergueu as mãos. Eu joguei outro


travesseiro nela. Ela riu. — Estou apenas brincando. — Ela
levantou.

— Brincando sobre o quê? — Aramis perguntou, entrando no


meu quarto. Ele usava um gesso preto para andar que agora exibia
como se fosse o sapato ensanguentado do Papa.

— Não bate mais? — Revirei os olhos, exalando.

— Do que estamos brincando? Estou pronto para piadas


hoje. — Ele caminhou até a minha cama e sentou-se na beirada.

— Joss estava dizendo que ainda sonha com Ben, — eu disse.

— Ainda sonha com Ben? — A sobrancelha de Aramis se


ergueu. — Você sonhou com ele no passado?

— O tempo todo, — disse Joss, piscando para mim, então eu


sabia que ela estava brincando. Ela caminhou em direção à porta.
— E o que aconteceu nesses sonhos? — Perguntou Aramis.

— Coisas sujas, — disse ela.

Sua expressão escureceu. — Mesmo?

— Você perguntou. — Ela encolheu os ombros e saiu.

— É verdade, — eu disse. — Você perguntou.

Ele encolheu os ombros e olhou para longe, como fazia


quando estava de mau humor. Algo que ele sempre fazia quando
Joslyn estava envolvida, soubesse ou não.

— O que você está fazendo aqui? — Eu limpei minha


garganta.

— Eu estava na área, então resolvi dar uma olhada em você.

— Não deveria ser eu a checar você?

— Acabei de deixar meu fisioterapeuta. — Ele sorriu. — Estou


bem.

— Como estão suas queimaduras?

— Bem. — Seus lábios se achataram. — Acho que nunca vou


me acostumar, mas quem sabe. Talvez sejam como tatuagens. As
pessoas se acostumam com isso.

Eu não me incomodei em mencionar que ele nunca quis


tatuagens porque ele sempre foi contra marcar sua pele
perfeita. Suas palavras. Eu me inclinei e gentilmente coloquei
meus braços ao redor dele.
— Eu te amo, Aramis.

— Eu te amo, irmã. — Ele deitou a cabeça no meu braço. —


Você já falou com Ben?

— Não. — Eu me afastei e olhei para ele. — Eu sei que é


idiota, mas não consigo superar.

— Você vai vê-lo em breve.

— Eu sei.

— Nem sei o que dizer sobre isso, para ser honesto. Eu nunca
vi vocês juntos. O que eu sei é que ele é um grande amigo e tem
me perguntado sem parar perguntando sobre você. — Ele me
lançou um olhar. — O homem não pergunta por ninguém, Pilar.

— Como você disse, ele é um grande amigo seu. Claro, ele vai
te perguntar sobre mim.

— Ele pode ser um grande amigo, P, mas Ben é um espírito


livre quando se trata de mulheres. Ele é o tipo de cara pegar ou
largar. Ele não fica de mau humor, e definitivamente está de mau
humor agora, quer saiba disso ou não.

— Soa familiar. — Levantei uma sobrancelha.

— O que isto quer dizer? — Ele franziu a testa.

— Você fica de mau humor toda vez que Joss menciona um


cara novo.
— Isso é... — Ele começou a balançar a cabeça e revirar os
olhos antes de terminar a frase. — Isso é estupido. Eu não fico
amuado. Apenas gosto de incomodar Joslyn. Ela é um alvo fácil.

— Sim, ok. — Eu dei de ombros e suspirei. — Olha, eu


entendo. Você não quer ver seu amigo ferido.

— Não, eu não quero ver minha irmã magoada. Também não


quero que minha irmã se afaste de um bom homem só porque tem
reservas. Só acho que você deveria ouvi-lo. Fale com ele.

— Veremos. — Eu mordi meu lábio. — Como você disse, eu


tenho que vê-lo amanhã de qualquer maneira.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Pilar

O jantar de domingo foi estranho para mim. Quando as


trombetas soaram e Benjamin Drake foi apresentado, nem olhei
naquela direção. Na verdade, eu olhei para o lado oposto. Eu
estava tentando fazer o que meu irmão havia dito. Estava tentando
lembrar que Ben era humano como o resto de nós, e
ele tinha tentado conversar comigo. Eu estava tentando não ficar
chateada com o fato de que ele escondeu um filho de mim e todo
um passado que eu deveria ter tido conhecimento. Por quê? Por
que eu deveria saber disso? Porque eu estava apaixonada por
ele? Eu engasguei por dentro. Eu estava apaixonada por ele? Em
vez de me juntar à multidão como normalmente fazia, saí. O jantar
de domingo de hoje estava sendo realizado em Versalhes. Bastante
adequado para uma fábrica de fofocas. Enquanto eu caminhava
pelos grandes corredores e subia as escadas rapidamente, não
pude deixar de pensar em quantos de meus ancestrais sofreram o
mesmo destino tentando escapar de ser o assunto da
festa. Quantos deles correram para fora em busca de ar fresco para
fugir da presença de um amante na corte?
Não importa. Ao contrário deles, eu não tinha obrigação de
estar aqui. Eu estava aqui porque era o primeiro jantar de domingo
do meu irmão, e Adeline me pediu para vir. Eu estava aqui porque,
sem isso, provavelmente estaria na cama lamentando. E
honestamente, eu precisava enfrentar Benjamin mais cedo ou
mais tarde. Eu realmente, realmente não queria enfrentá-
lo. Soube no momento em que estivesse na frente dele, eu
desmoronaria. Meu coração cederia aos seus encantos e boa
aparência, e eu me curvaria à sua vontade. Mas não consegui. Era
mais do que apenas a omissão. Falando a verdade, Deus, eu não
achava que poderia ficar com um pai. Um pai solteiro. Meu
coração se partiu só de pensar nisso. Não que ele fosse um pai
solteiro. Eu respeitei isso, mas não estava pronta para o que isso
significaria para mim.

Estava perdida em pensamentos e tinha chegado à entrada


do labirinto quando ouvi um movimento atrás de mim.

— Oi.

— Oi. — Eu me preparei para enfrentá-lo. Quando o fiz,


percebi que não tinha me preparado o suficiente. Eu engoli quando
ele olhou para mim com uma cautela que eu nunca tinha visto em
seu rosto.

— Eu tenho ligado para você.

— Eu sei.

— Eu mandei uma mensagem.

— Eu sei.

— Eu sinto sua falta.


Aquilo me quebrou. Eu engoli novamente. — Estou brava
com você.

— Eu sei, e sinto muito. Eu sinto muitíssimo. — Ele estendeu


a mão para mim. Eu me afastei, dando um passo para trás.

— Não estou... acho que não estou pronta para isso. — Fechei
meus olhos brevemente. Quando os abri novamente, ele estava
apenas olhando para mim, a timidez se transformando em tristeza.

— Porque eu tenho um filho. — Ele engoliu em seco. Eu


concordei.

— Eu sinto muito.

— Você não precisa se desculpar comigo. — Ele soltou uma


risada, passando os dedos pelos cachos. Desejei tanto que as
coisas fossem diferentes para que pudesse tocá-lo. — Eu deveria
ter lhe contado.

— Você não achou que estávamos num relacionamento sério.

— Não no começo, mas então... — Ele virou o rosto e olhou


para longe, as árvores e terras nas quais ele poderia se perder tão
facilmente.

— Então o que? — Eu dei um passo à frente.

— Então algo aconteceu. Algo clicou. — Ele balançou a


cabeça, sorrindo para mim. — Talvez fosse tarde demais quando
aconteceu. Talvez eu devesse ter percebido isso antes. — Ele
piscou, desviando o olhar novamente. — Acho que não importa,
dadas as circunstâncias.
— Eu acho que não, — sussurrei. Meu peito doía como se
meu coração estivesse pendurado por uma corda.

— As coisas seriam diferentes se eu tivesse contado?

Eu mordi meu lábio, balançando minha cabeça. — Acho que


não.

— Você simplesmente não está pronta, — ele disse com um


aceno de cabeça como se entendesse. — Eu também não
estava. Ainda não sei se estou. A paternidade é uma coisa
engraçada.

— Mas ele é seu, então você cuida disso.

— Exatamente.

— Eu gostaria de não ser tão imatura, — eu disse sobre o nó


na minha garganta.

— Você não é imatura, Pilar. — Ele estendeu a mão para mim


novamente. Desta vez, eu o deixei segurar minha mão na sua,
embora seu toque me fizesse sentir que ia quebrar. — Nem todo
mundo está pronto para esse tipo de compromisso.

— Eu gostaria de estar.

— Eu também. — Ele apertou minha mão. — Nos divertimos,


certo?

— Sim, foi divertido. — Não adiantava tentar impedir que as


lágrimas escorressem pelo meu rosto agora. — Acho que não
estávamos destinados a ficar juntos.
— Pode ser. — Ele estava tentando ser compreensivo, mas eu
percebi que ele estava apenas concordando comigo. Chorei mais
forte, odiando o fato de saber isso sobre ele. Ao invés de soltar
minha mão, ele me puxou em seus braços e me abraçou, colocando
seu queixo na minha cabeça e exalando. — Talvez uma outra hora
seja a hora certa.

— Pode ser. — Eu funguei contra ele, meu coração quebrando


mais enquanto eu dizia minhas próximas palavras. — Ou talvez
você encontre alguém que não tenha medo desse tipo de
compromisso e se case e se esqueça de mim.

Sua risada vibrou através de mim. — Não há nenhuma


chance de eu esquecer de você, princesa.

— Eu nunca vou te esquecer também. — Eu me afastei,


limpei meu rosto e respirei fundo enquanto olhava em seus olhos
castanhos profundos, tentando memorizar o momento.
CAPÍTULO TRINTA
Ben havia me enviado flores junto com uma carta de
desculpas quando descobriu que Kayla foi responsável pelo corte
dos meus pneus. Soube que ele enviou a Aramis uma garrafa de
uísque ridiculamente cara. Eu só podia imaginar como ele se
sentia horrorizado com tudo isso, mesmo que a culpa não fosse
dele.

Já havia passado uma semana desde que eu tinha visto ou


tido notícias do Ben, e não sabia o que fazer comigo mesma. Não
era apenas tristeza, era desânimo. Eu tive um namorado durante
anos antes de Ben, e não fiquei assim quando nos separamos.
Hoje, sentia como se meu coração estivesse sendo arrancado do
peito. Levei três dias para seguir com minha vida normal. Fui a
Londres com minha mãe e estava atualmente ajudando Adeline a
organizar um jantar para o Parlamento.

— Você sabe que pode contratar alguém para fazer isso,


certo? — Perguntei pela terceira vez desde que entramos na
floricultura.

— Obviamente, Pilar. Minha mãe é dona de uma empresa de


planejamento de eventos. Eu só quero ter certeza de que minha
ideia seja executada corretamente.

— E você não confia na sua mãe para fazer isso?


Ela me lançou um olhar furioso. — Eu não disse isso.

— Você meio que disse.

— Apenas... procure recipientes de bronze, pelo amor de


Deus. E pare de brigar comigo.

— Eu não estou brigando com você. — Eu fiz uma careta.

— Você tem estado mal-humorada a semana toda. Entendo


que você está passando por um rompimento, mas é muito para
todos nós lidarmos.

— Não é... não é tecnicamente um rompimento.

— É um rompimento. — Ela me olhou de cima a baixo. Eu


olhei para mim mesma.

— O que foi?

— Está basicamente de pijama na rua. Eu estou


envergonhada.

— Envergonhada? — Eu suspirei. — É de grife.

— Grife ou não, ainda são pijamas.

— Você age como se eu estivesse usando Crocs.

— Deus, por favor, salve-nos disso. — Ela cobriu o rosto com


a mão.

— Quase nem estive com ele, — eu disse finalmente. — Fiquei


com meu ex por muito mais tempo.
— Eu sei.

— Parece uma morte lenta.

— Porque você está apaixonada.

Mordi meu lábio. Eu mesma cheguei a essa conclusão


recentemente, mas ouvir isso dos lábios de outra pessoa tornava
real. Concentrei-me em encontrar os vasos de bronze e pensei
nisso o restante do tempo. O amor era suficiente? O amor me
ajudaria a superar o medo que eu tinha de não ser suficiente para
o filho dele? Balancei minha cabeça. Eu não podia.

— Ei, P. Eu sei que este é um momento ruim e tudo, mas


realmente não há um bom momento para isso, — Adeline disse
enquanto se agachava para pegar um vaso. E olhou para mim. —
Estou grávida.

— O quê? — Os vasos em minha mão tremeram. — O quê? —


Eu repeti.

— Estou grávida. — Ela se levantou, sorrindo.

— Meu irmão sabe?

— Ele estava lá quando eu fiz xixi no palito. Claro, que ele


sabe. — Ela riu. — Mas eu achei que você deveria superar sua
coisa com crianças logo. Digo nos próximos sete meses. Porque,
bem, você vai ser titia.

Eu só conseguia olhar para ela de boca aberta. Adeline


beliscou minha bochecha e continuou fazendo compras, deixando-
me parada ali congelada. Quando meus pensamentos não estavam
mais confusos, fui atrás dela.
— Aramis sabe?

— Ainda não. Acho que Eli está contando a ele hoje.

— Você sabe o que é? — De repente, eu estava sorrindo e


animada. — É uma menina?

— Não sabemos ainda. — Adeline sorriu largamente. — Seja


o que for, será amado.

— Sim. — Eu pisquei. — Definitivamente, será amado.

Estava saindo da escola primária em que fiz as rondas de hoje


quando o vi - a cabeça cheia de cachos, olhos verdes brilhantes e
um sorriso que prometia problemas. Uma versão diminuta de seu
pai, mas definitivamente filho de seu pai. Amir e eu trocamos um
olhar e não precisei dizer a ele para onde meus pés me levariam a
seguir. Não era como se eu tivesse planejado isso. Eu nem sabia
que essa era sua escola.

— Oi, — eu disse ao menino.

— Oi. — Seus olhos se estreitaram ligeiramente. — Você é a


princesa do meu papai.

Soltei o que parecia uma risada nervosa. — Eu sou uma


princesa, sim.
— Humm. — Seus lábios se moveram quando ele fez aquele
som, e uma pequena covinha apareceu. — Você é a razão pela qual
ele está triste?

— O que você quer dizer?

— Meu pai. Ele está triste. Tentei dar-lhe sorvete, mas nem
isso o animou. Eu perguntei se ele ainda gostava da princesa e ele
pareceu ainda mais triste. — O menino fez beicinho.

— Lamento que ele esteja triste, — eu sussurrei, ajoelhando-


me ao nível dos seus olhos. — Aposto que ele ficará feliz em breve.

— Nem mesmo meus abraços estão funcionando. — Ele


balançou sua cabeça. — E ele diz que meus abraços curam tudo.

— Eu sinto muito.

— O que uma princesa está fazendo na nossa escola, afinal?

— Passar um tempo com as crianças.

— Princesas gostam de crianças? — Suas sobrancelhas se


ergueram.

— Acho que sim.

— Crianças gostam de princesas. — Ele sorriu, o sorriso


idêntico ao de seu pai e fez meu coração derreter.

— Gostam?

— Eu gosto.
— Você gosta? — Eu me senti sorrir ainda mais. — Porque
elas esperam por um príncipe para salvá-las?

— Nah. — Ele balançou sua cabeça. — Papai disse que


princesas não precisam ser salvas.

— Ele disse?

— Ele diz que são elas que salvam.

— Mesmo?

— Sim. — Ele franziu a testa. — Você acha que ele está certo?

— Não tenho certeza. — Suspirei, me reposicionando para


ficar mais confortável. — Qual o seu nome?

— Asher. Asher Drake, — ele anunciou com orgulho.

— Eu sou Pilar. — Estendi minha mão para ele. Ele pegou em


seu pequeno aperto e se curvou antes de beijar a parte de trás dos
meus dedos. Eu ri.

— Isso foi muito oficial.

— Eu sei. Eu vi num filme.

— Acho que você é meu novo garoto favorito, Asher Drake.

— Isso significa que posso ser um cavaleiro?

— Com certeza.

— Você me fará um cavaleiro? — Seus olhos se arregalaram.


— Só o rei pode nomeá-lo cavaleiro. — Eu pisquei. — É uma
coisa boa que eu o conheço.

— Ash. — A voz veio de uma mulher, e nós dois nos viramos


nessa direção. A mãe dele. Levantei-me rapidamente e acariciei
seus cachos.

— Foi ótimo falar com você, Asher.

— Você também, princesa.

Senti um pequeno rasgo em meu coração, em seguida, engoli


a emoção que ameaçava me oprimir.

— Eu sinto muito. Estava na escola e... — Comecei a me


desculpar com a mãe dele por falar com seu filho, mas ela levantou
a mão e rejeitou o pedido de desculpas.

— Eu estou feliz por você estar aqui.

— Oh.

— Não é como se eu pudesse exatamente falar com você. —


Ela sorriu. — E normalmente eu não gostaria, mas eu conheço Ben
e nunca o vi tão perturbado.

— Sinto muito por ouvir isso. — Eu mordi meu lábio.

— Ele me disse que era por causa disso. — Ela virou a cabeça
ligeiramente para Asher.

— Não é só isso. Não é isso na verdade. — Eu sorri


tristemente. — Sou eu. Eu sou o problema.
— Porque você não acha que está pronta para isso.

— E não estou.

— Ninguém está. Quer dizer, eu não acho que estou na


maioria dos dias.

— Isso é o que Ben disse.

— E não está errado, — disse ela. — E meu namorado, Jack,


tudo é novo para ele também, mas ele está tentando, e está indo
muito bem. — Ela fez uma pausa, exalando. — De qualquer forma,
estou falando demais, e não conheço sua história completa ou
problema. Mas só quero que você saiba que estamos aqui por você.
Se você ama Ben metade do que ele a ama, estamos todos aqui por
você.

As lágrimas vieram, embora eu as tivesse enxotado


rapidamente. — Ele me ama?

— Ele ama.

— Ele disse isso?

— Não precisou. — Ela sorriu. — Quando você sabe, você


sabe.

Lambi meus lábios, balançando a cabeça. — Obrigada por


isso…

— Tamara. — Ela riu. — Eu deveria ter começado com


isso. Meu nome é Tamara.
— Obrigada, Tamara. Realmente. — Olhei para Asher
novamente, que agora estava conversando com o garotinho ao lado
dele. — Você fez um trabalho excepcional com ele.

— Obrigada. — Ela sorriu e pegou a mão do filho. — Espero


ver você por aí.

Eu sorri, mas não disse nada. Não tinha certeza do que


poderia dizer. Eu rejeitei Ben e seus sentimentos por mim porque
não tinha certeza se estava pronta para assumir um papel na vida
de seu filho. Porque eu não tinha certeza se estava preparada para
isso. Eu não sabia nem como falar com uma criança na maioria
das vezes. Eu não tinha pensado nos sentimentos de Ben por mim
ou nos meus por ele. Eu não tinha pensado em todas as coisas
extras que estaria jogando fora quando me despedisse dele. Eu não
tinha levado em consideração a sensação de vazio em meu peito
ou como todos os dias eram consumidos por pensamentos sobre
ele. E com certeza não sabia como consertar agora. Mas talvez
fosse hora de sair da minha zona de conforto e tentar.
CAPÍTULO TRINTA E UM

Ben

A última coisa que eu queria fazer era ir lá e jogar uma


partida, mas eu sabia que tinha que fazer. Entre a coisa com Kayla
pesando muito sobre mim, porque eu me sentia responsável por
ela estar em qualquer lugar perto de Pilar em primeiro lugar, e
deixar Pilar, as coisas simplesmente não estavam parecendo boas
para mim. Mas o futebol era meu trabalho, e o show tinha que
continuar depois de Pilar. Só perdi um jogo em toda a minha
carreira, e isso foi depois que meu irmão morreu.

— Vai dar tudo certo. — David me entregou minha garrafa de


água.

— Eu sei. — Concordei.

Mesmo se eu não tivesse isso, eu fingiria até conseguir. Às


vezes, demorava para ir, para entrar na zona.

— Drake! — A voz veio atrás de mim.


Eu me virei para ver Warren Silva se aproximando. Agora eu
definitivamente tinha que fazer o meu melhor lá fora. Silva era meu
ídolo, meu mentor quando entrei na liga e um dos melhores
jogadores de futebol a agraciar o campo. Eu disse oi para ele, e dei-
lhe um rápido abraço.

— Eu não sabia que você estaria aqui hoje.

— Camila queria fazer uma viagem a Paris, então aqui


estamos. — Ele sorriu.

— Como está o bebê?

— Ah, você sabe como é. Ele está aguentando


firme. Trouxemos a mãe de Camila conosco para observá-lo
enquanto fazemos coisas de adultos.

— É bom que você tenha esse suporte.

— Isto é. Como estão seus pais?

— Eles são ótimos.

— Ainda em Israel?

— Sim, estou tentando tirá-los de lá, mas eles continuam


dizendo que não podem viver longe da água.

— Ah, eu aposto que seria bom para eles estarem perto de


Asher.

— Bem, eles estarão aqui em algumas semanas. Talvez se


você ainda estiver na cidade, pode vir e me ajudar a convencê-los.
— Gostaria disso. Podemos fumar um charuto como nos
velhos tempos. — Warren deu uma risadinha. — Eles vão
encontrar a princesa quando estiverem aqui, ou isso é notícia
velha?

— Estou feliz que você ainda esteja lendo os tabloides. —


Estava meio divertido com isso.

— Você sabe que não, mas a monarquia é inevitável, mesmo


nos Estados Unidos.

— Bem, não, eles não vão conhecê-la. Já está resolvido.

— Droga, eu pensei que talvez ela fosse a escolhida. Você


parecia feliz nas fotos. Na verdade, sorrindo para variar.

— Eu estava. Feliz, eu quero dizer. — Eu me senti sorrir


novamente. Por mais desoladora que fosse a situação, eu ainda
estava grato por tê-la tido. Só desejava que não doesse tanto
pensar nela agora.

— Lamento que acabou então. — Warren parecia querer fazer


perguntas, mas olhou para cima e percebeu que a equipe estava
se preparando para correr para o campo, todos de pé ao lado dos
garotos que haviam sido designados. Ele deu um tapinha nas
minhas costas. — Boa sorte hoje, mano. Vamos conversar depois
do jogo.

Corri até a criança que esperava por mim e percebi que dessa
vez era uma menina. Uma menina adorável que devia ter cerca de
cinco anos, com grandes olhos e longos cabelos castanhos. Ela se
parecia com Pilar. Esta era definitivamente a maneira do universo
de me dar uma surra. Ela tinha um pedaço de papel em sua mão
livre. Muitas crianças traziam objetos para nós assinarmos.
Supostamente, eles deveriam deixá-las para trás, mas não
tínhamos tempo para isso, então eu fingi não ter visto.
Caminhamos para o campo e a multidão rugiu. Era nosso primeiro
jogo em casa, e todos estavam animados com isso. A adrenalina
disparou através de mim, e eu me vi vibrando junto com seus
aplausos. A garotinha puxou minha mão. Eu olhei para baixo e
sorri para ela, mas ela estava me entregando o papel.

— Não posso assinar agora, querida.

— Não é para você assinar. É da princesa.

Meu coração parou de bater. Tirei o papel da mão dela, soltei


a outra mão e abri para ver a letra de Pilar olhando para mim.

Não posso dizer tudo o que quero dizer aqui, mas posso dizer
que sinto muito. Te vejo depois do jogo. Com amor, sua fã número
1, Pilar.

Será possível? Ela tinha mudado de ideia? Eu o li novamente


cercado pela multidão rugindo e me senti quase sorrindo, mas não
totalmente. Eu sabia que Pilar não me daria isto antes de um
grande jogo se ela não estivesse falando sério, mas seu pedido de
desculpas não significava que ela estava me aceitando de volta.
Olhei para as arquibancadas e camarotes onde ela provavelmente
estaria, com o sorriso intacto no rosto. Finalmente, olhei de volta
para a garotinha.

— Ela estava na minha escola outro dia. Ela é legal. — Ela


sorriu também. — Mas sinto dizer, você não é um príncipe.

— Não sou. — Eu ri.


— Ela diz que não precisa de um príncipe.

— Aposto que sim.

— Ela disse que precisa de um jogador de futebol bonito. —


A garotinha levantou a mão para cobrir sua risada antes de correr
com as crianças.

Eu não pude evitar sorrir. Peguei o bilhete na mão e o


coloquei no bolso minúsculo dentro do elástico do meu
short. Esperava que a escrita ainda fosse legível após o jogo,
porque eu queria mantê-lo para sempre.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Pilar

Aguardei do lado de fora. Nem sabia o que esperar. Eu o tinha


visto sorrindo antes do jogo enquanto lia o bilhete. Tinha visto seu
olhar examinando a multidão como se pudesse me encontrar no
mar de fãs de azul. Pensei que se eu tentasse o suficiente, poderia
dizer a ele onde eu estava sentada, talvez pudesse unir nossas
mentes por um momento. Obviamente, isso não aconteceu. Este
não era um filme de romance. Era a vida real. E muitas vezes,
histórias de amor verdadeiras não aconteciam do jeito que
queríamos. Às vezes, não havia perdão ou redenção. Às vezes,
havia apenas palavras de despedida e outras vezes, não havia
nenhum encerramento.

Eu não estava me iludindo pensando que ele me aceitaria de


volta assim. Fazia apenas uma semana e meia desde a última vez
que nos vimos. E claro, aquele tempo tinha sido brutal, mas talvez
ele tenha percebido que não valia a pena enquanto estávamos
separados. Comigo, ele estaria aos olhos do público. Asher estaria
sob os olhos do público agora e não teria mais o anonimato que
obviamente ansiava, então eu entendia perfeitamente se ele viesse
aqui e me dissesse para sair.

Quando finalmente passou pelos portões, eu me preparei,


engolindo em seco e olhando para Amir como se este fosse um dos
cenários em que ele teria que levar uma bala por mim. Quando ele
simplesmente entrou no banco do motorista do carro e fechou a
porta, isso me disse que ele não faria isso. Era uma luta solitária,
como costuma acontecer com as guerras do coração. Ben tinha
mudado para suas roupas de treino, seu cabelo ainda molhado do
banho e sua elegância ao caminhar até mim.

— Recebi sua mensagem. — Sua expressão estava fechada


agora, não eufórica como estava antes do jogo.

— E?

— E. — Ele colocou a mochila de grife apoiada em seu ombro


no chão. — Acho que merece uma conversa.

— Uma conversa honesta. — Lambi meus lábios, com minhas


mãos trêmulas, de repente nervosa.

— Se é assim que você quer chamar.

Oh, Deus. Eu estraguei tudo completamente. Meu peito


doeu. Não sei porquê pensei que seria fácil. Isso era tudo menos
fácil. Eu senti como se estivesse me abrindo para ele e ele estava
apenas... neutro. Reservado. Eu não o queria assim. Eu queria
que ele se sentisse tão vulnerável quanto eu.

— Então? — Ele ergueu uma sobrancelha.


— Eu... — Fechei meus olhos brevemente. Quando os abri
novamente, ele ainda estava olhando para mim, e eu pensei... que
se dane, qual é a pior coisa que pode acontecer? E respirei fundo. —
Eu amo você. Estou apaixonada por você, há muito tempo e...

— Quanto tempo?

— O quê?

— Há quanto tempo você está apaixonada por mim?

— Não sei. Isso importa?

— Importa para mim. — Ele inclinou a cabeça


ligeiramente. — Você estava apaixonada por mim na primeira noite
em que ficamos?

— Provavelmente.

— Provavelmente. — Ele desviou o olhar do meu e acenou


para alguém atrás de mim, provavelmente um de seus
companheiros de equipe, já que todos eles continuaram andando
tornando essa provação muito mais mortificante para mim.

— Não importa. O que quero dizer é que estou apaixonada


por você. Achei que não estava pronta para Asher, mas... bem,
estou pronta para você, e você é um pacote, e eu... quero tentar. Eu
entendo se você estiver relutante e não quiser trazer outras
mulheres ao redor de seu filho sem ter certeza de que elas ficarão
por perto, mas eu prometo que vou. — Fiz uma pausa
momentânea, tomando outro gole de ar. — Quero dizer, a menos
que você não queira que eu fique por perto. Nesse caso, não
vou. Mas isso era tudo que eu tinha a dizer. — Desviei os olhos
porque não conseguia mais suportar olhar para ele.
Ele se aproximou cada vez mais até que fechou a distância
entre nós e não conseguiu se mover mais um centímetro sem me
bater contra o carro atrás de mim.

— Olhe para mim, Pilar.

Eu fiz, lentamente trazendo meu olhar de volta para o dele,


meu coração batendo forte contra o meu peito.

— Estou apaixonado por você há tanto tempo que não sei nem
dizer quando aconteceu. Tudo o que sei é que ficava dizendo a mim
mesmo que não era, porque pensei que você nunca me veria desse
jeito. Eu sou apenas... sou apenas um jogador de futebol. Um
ninguém. Sou um pobre garoto do lado errado dos trilhos. Não sou
um aristocrata. Achei que poderia ter uma vida normal e tranquila
e não ter meu filho envolvido em nada disso, e sei que estar com
você significa o contrário disso. Estar com você vai virar meu
mundo de cabeça para baixo. Isso trará caos, câmeras e histórias.

Mordi meu lábio, olhando para os meus pés. Isso era


exatamente o que eu temia que ele me dissesse. Ele segurou meu
queixo e ergueu meu rosto para que eu tivesse que olhar para ele
novamente.

— Mas se isso é o que significa estar com você, vou escolher


você sempre. Porque eu te amo. Eu amo você, Princesa. Não há
mais ninguém com quem eu prefira estar. Não há ninguém que eu
prefira com meu filho. Não há nada sem você.

— Mesmo? — Eu ri, incapaz de me conter.

— Mesmo.

— Você me ama?
— Muito, princesa. — Ele pressionou seus lábios contra os
meus. — Muito.

Nós nos beijamos, parados em um estacionamento deserto


com apenas Amir e os outros guardas que estavam por perto
assistindo. Ficamos até o pôr do sol com a promessa de que
viveríamos um dia de cada vez.

Juntos.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Ben

Pilar e eu éramos felizes juntos há alguns meses e tudo tinha


sido maravilhoso. Foi uma das razões pelas quais meus pais
decidiram voar para a cidade e conhecê-la. Eles alegaram que
estavam aqui para passar um tempo com Asher, mas eu sabia
melhor e era grato por isso. Eu mal podia esperar para apresentá-
los à mulher da minha vida.

— Tem certeza de que ela gosta de falafels?

— Tenho certeza que ela vai gostar de tudo o que você fizer,
mãe.

— Ela é uma princesa, Benjamin. Não sei cozinhar para uma


princesa.

— Pare de ser dramática. — Joguei meus braços em volta da


minha mãe e a apertei com força.
Ela ficou na cozinha o dia todo cozinhando para Pilar, que
deveria vir jantar para conhecer meus pais e fazer uma refeição
adequada com Asher, Tamara e Jack.

— Você está nervoso? — Minha mãe me deu um tapa com


uma colher de pau.

— Um pouco.

— Por causa de nós? — Papai perguntou sobre o jornal em


suas mãos.

— Por causa de tudo. Eu só quero que todos se deem bem.

— Você vai propor? — Papai ergueu uma sobrancelha.

Mamãe engasgou, virando-se. — Você vai propor?

— Não essa noite. — Eu olhei para os dois. — Sem falar sobre


propostas.

— Não podemos falar sobre propostas, não podemos falar


sobre casamentos, não podemos perguntar se ela quer filhos, —
mamãe assinalou. — Sobre o que podemos conversar, Benjamin?

— Apenas coisas normais.

— Ela é uma princesa. Duvido que ela fale sobre coisas


normais, — disse papai. — O que é normal, afinal? — Ele olhou
para o papel novamente. — Devo perguntar a ela porquê seu irmão
está aumentando os impostos?

— Deus, não. Por favor, sem política.


— Vamos ficar mudos, Uri. — Mamãe olhou para papai. —
Vamos ficar mudos.

— Melhor mudos agora do que mudos porque nossas línguas


foram cortadas pelo rei, Ester.

— Ele não vai cortar suas línguas. — Fechei meus olhos


brevemente.

Por mais que eu absolutamente amasse meus pais, tê-los


aqui a cada minuto do dia estava testando minha paciência. Essa
era a principal razão de eu não ter pedido que ficassem de
vez. Fiquei grato quando a porta da frente se abriu e David entrou
com uma garrafa de vinho. Ele o ergueu.

— Trouxe vinho em vez de champagne. Eu não tinha certeza


se você ia propor, mas isto estava à venda, então optei por vinho.

— Jesus. — Balancei minha cabeça e me virei.

— Veja? Até David acha que você pode propor, — disse a mãe.

— Espero que vocês não a assustem. — Olhei para os três e


de volta para a porta da frente quando ela se abriu novamente e
Tamara, Jack e Asher entraram.

— Chegamos cedo? — Perguntou Tam.

— Está tudo bem. — Acenei com a mão.

— Estávamos discutindo a proposta de Benjamin em


casamento à princesa, — disse mamãe.

— Você deve estar brincando comigo, — eu murmurei.


— A princesa vai ser minha madrasta? — Asher perguntou
animadamente, então olhou para sua mãe. — Está tudo bem,
mamãe, você sempre será minha mamãe de verdade.

— Estou totalmente ciente disso, Ash. — Tamara riu. — E,


francamente, estou um pouco animada com a chegada da princesa
à nossa família. — Ela piscou para ele e olhou para mim. — Você
está propondo hoje?

— Não. Não, não. — Eu levei as duas mãos para cima e olhei


para o teto. — Por que isso está acontecendo?

— Vou te dizer uma coisa, se ela ficar por aqui depois do


almoço, você provavelmente deveria propor, — disse Jack, rindo.

— Irmão, você leu minha mente. — Eu olhei para ele e


balancei minha cabeça.

A campainha tocou e foi quando eu congelei. Era ela. Ela


esteve aqui um milhão de vezes agora. Eu dei a ela uma chave da
minha casa, e ela me deu uma da sua. Estávamos oficialmente
juntos há meses, mas ela nunca tinha estado aqui quando todas
as pessoas mais importantes da minha vida estavam. De repente,
me senti extremamente nervoso.

— Posso abrir? — Ash perguntou, pulando para cima e para


baixo.

— Sim.

Ele correu e abriu a porta, fazendo uma reverência. — Bem-


vinda, princesa.
Ela riu. — Ash, você não precisa fazer isso toda vez que me
ver.

Eu sorri largamente ao som de sua voz. Eu nem a tinha visto


ainda, e meu coração já estava batendo a mil por hora. Quando
ela entrou com Amir atrás dela, sorriu para todos. Ela se agachou
e abraçou Asher primeiro, dando-lhe um beijo na cabeça. Era tão
lindo vê-los juntos. Apesar de todas as suas reservas em relação
aos filhos, Pilar tratava Ash como se fosse dela e mantinha contato
com Tamara sobre tudo. Sempre pensei que pessoas com famílias
mescladas eram um pouco malucas. Como isso poderia
funcionar? Mas para nós, sim. Todos nós tentamos muito fazer
com que fosse assim. Jack e eu trocamos mensagens de texto e
assistimos a alguns jogos juntos. Tamara e Pilar se tornaram
amigas por causa de Asher, mas agora conversavam mesmo
quando Asher não estava envolvido. Minha mãe e meu pai
compartilharam um olhar que dizia que eles estavam estranhos
com tudo isso, mas sorriram, e eu sabia que por mais estranho
que isso fosse, eles estavam orgulhosos. Depois que Pilar disse olá
para Tam e Jack, ela cumprimentou David e, finalmente, se
aproximou de mim. Era óbvio que ela estava nervosa para
cumprimentar meus pais. Eu a beijei com força e agarrei sua mão.

— Mãe, esta é Pilar. Pilar, esta é minha mãe, Esther.

— Muito prazer em conhecê-la, Esther. — Pilar sorriu e riu


quando minha mãe a puxou para um abraço.

— Você é amável. Obrigada por ter vindo. Queria agradecer


pessoalmente por colocar este sorriso bobo no rosto do meu filho,
— disse minha mãe.

— Mãe, — eu avisei.
— Você está corando, — disse Pilar, rindo ao olhar para
mim. — Eu não pensei que isso fosse possível.

— Pare. — Desviei o olhar, sabendo que estava corando


completamente, então olhei para trás para apresentá-la ao meu
pai. — Este é meu pai, Uri.

— Muito prazer em conhecê-lo, Uri. — Pilar sorriu e o abraçou


também.

Papai deu uma risadinha. — Um abraço da princesa!

— Normalmente, eu cobro por eles. — Pilar piscou.

— Oh? Quanto? — Papai inclinou a cabeça.

— Estou apenas brincando. — Pilar riu.

— Bem, você deveria considerar cobrar, — papai começou.

— A próxima coisa que você sabe é que ele vai querer começar
a cuidar de suas finanças, — disse David, apontando para o pai. —
Cuidado com aquele.

— Absurdo. — Papai acenou para ele. — Não sou um


consultor financeiro, sou um professor de matemática que sabe
muito sobre estabilidade financeira.

— Vou manter isso em mente, — disse Pilar.

— Pilar, eu tenho um carro novo. — Asher correu até ela com


o carro de controle remoto que meus pais lhe deram. — Você quer
brincar?
— Claro. — Ela sorriu. — Depois de comer sua refeição.

— Aw. — Ele fez beicinho e sorriu. — Certo, tudo bem. Estou


sentado ao seu lado, no entanto.

— Contanto que sua mãe esteja bem com isso, — disse ela,
passando a mão pelo cabelo dele.

Não conseguia parar de olhar para ela. Ela era tão boa com
todos, e eu sabia, sem dúvida, que meus pais já a
amavam. Passamos o resto do dia comendo, conversando e
brincando com Asher. A única coisa que faltava era meu irmão,
mas eu sabia no fundo, ele ficaria feliz por mim também.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Pilar

Para nossa incredulidade, Kayla tinha conseguido sair da


prisão. Aparentemente, agora tinha um namorado rico, que pagou
por um excelente advogado. De acordo com o relato, não havia
provas de que ela tivesse feito o que fez. Não havia câmeras ou
testemunhas naquela área. Tive a intenção de pagar uma
testemunha falsa, mas percebi que esse era o tipo de coisa que
meu pai teria feito, e o tipo de coisa que passaríamos o resto de
nossas vidas tentando limpar. Mesmo assim, quando a vi
caminhando na minha direção fora do estádio, deixei Amir assumir
a liderança.

— Você precisa ficar a três metros de distância dela, — disse


ele.

— Oh, eu não estou aqui por ela. — Kayla franziu a testa. —


Já superei isso. Eu segui em frente.
— Ainda assim, aqui está você. — Acenei na direção do
estádio atrás de nós.

— Só porque meu namorado é dono do time adversário.

— Chelsea? — Meus olhos se arregalaram. — Como você


consegue fisgar esses homens é um mistério absoluto para mim.

— Eu tenho algo que alguns chamam de vagina dourada.

— Bem, você provavelmente deveria checar isso. Parece ser


uma patologia grave.

— Você teve o seu momento, agora pode ir embora, — disse


Amir.

— Está bem. — Acenei com a mão. — Esperançosamente não


nos veremos novamente tão cedo.

— Bem, você está certa sobre isso. Esta é a minha última


saída em Paris antes de ter que deixar a cidade para sempre,
graças ao seu irmão. — Ela me lançou um olhar irritado.

— Eu pediria desculpas, mas não sinto muito por isso. Não


gostamos de lixo por aqui. — Quando me virei com Amir atrás, vi
dois de nossos seguranças caminhando até ela.

— Ela realmente não tem permissão para chegar perto de


você, — disse Amir. — Acho que terá que assistir ao jogo do hotel
ou esperar pelo novo namorado em Londres.

Eu ri enquanto entravamos.
Assistimos ao jogo e, felizmente, o Le Bleu venceu o Chelsea
por dois gols - ambos marcados pelo meu namorado. Ele me fez
sentar no campo hoje no camarote do dono. Geralmente eu
recusava, pois sabia que ele detestava a atenção extra da mídia, e
com certeza isso traria alguma atenção. Mesmo assim, ele havia
perguntado, e eu havia me arrependido depois de lhe dizer o
mesmo. Ele sorriu e disse que estava bem com a atenção enquanto
eu estivesse lá. No final do jogo, tiveram uma cerimônia para
entregar uma placa a um jogador aposentado, e Ben estava na
frente e no centro. Eu me levantei e aplaudi e então Ben pegou o
microfone e se dirigiu ao estádio, que ainda era uma casa cheia.

— Não compartilho muito sobre minha vida pessoal com


vocês, não porque não os ame, mas porque não queria que isso
ofuscasse minhas habilidades em campo, — ele disse, — Mas hoje,
eu quero apresentar meu filho, Asher. — A multidão aplaudia e
rugia enquanto Asher corria para o campo vestindo a camisa de
seu pai - número quatro. — E como todos vocês sabem, Asher e eu
temos uma pessoa muito importante em nossas vidas, a princesa
Pilar. — A multidão rugiu novamente. Meu coração disparou. O
que ele estava fazendo? — Asher e eu estávamos nos perguntando
se ela se juntaria a nós aqui.

— O quê? — Eu murmurei. Eu olhei em volta em todos os


lugares, e meus olhos pousaram em Amir, depois em Elias ao lado
dele. E Aramis ao lado dele com Adeline, Joss, Warren e Camila. —
O que está acontecendo?

— Vai! — todos eles sinalizaram.

Eu vi Tamara e Jack e os pais de Ben e minha mãe, e eu não


conseguia entender tudo isso, mas meus pés se moveram e eu saí
para o campo com o rugido do estádio me levando para frente
ainda mais rápido. Não conseguia imaginar como deve ser a
sensação de me concentrar em jogar aqui. Cobri minha boca
quando alcancei Ben e Asher, que correram até mim para me
abraçar.

— O que você está fazendo, Benjamin? — Eu abaixei minha


mão.

— Asher e eu temos uma pergunta que só você pode


responder, — disse ele, ainda falando ao microfone. Mordi meu
lábio quando ele se inclinou para incluir seu filho no discurso, e
então Ben disse: — Quer se casar comigo? —Asher perguntou: —
Você se casará com meu pai?

Eu ri, cobrindo meu rosto com as duas mãos enquanto


comecei a chorar e acenar com a cabeça, e chorar e acenar mais
um pouco e rir.

Ben pegou uma caixa e se ajoelhou na minha frente, dando o


microfone para Asher para que essa parte não fosse divulgada.

— Nunca pensei que eu seria o tipo de homem que gostaria


de me acomodar com alguém, e sei que você tinha suas reservas
sobre mim e a bagagem que eu trago comigo também, mas este
último ano com você tem sido o melhor de toda a minha vida. Eu
não quero que isso nunca termine. Nunca vou deixar de estar
apaixonado por você, Princesa. Case-se comigo. Por favor.

— Sim.

Ele deslizou o anel no meu dedo, um lindo anel oval


incrustado de diamantes que, como Ben, era muito mais do que
eu jamais imaginei. Ele se levantou e me abraçou, me levantando
do chão enquanto eu o beijava. Asher saltou para cima e para
baixo, torcendo junto com a multidão no estádio. Foi, de longe, o
momento mais perfeito que já experimentei.

Fim

Você também pode gostar