O início do período republicado da História do Brasil foi marcado por vários
conflitos e revoltas populares. O Rio de Janeiro não escapou desta situação. No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro (capital do país). O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.
Situação do Rio de Janeiro no início do século XX (contexto histórico)
A situação do Rio de Janeiro, no início do século XX, era precária. A população
(800 mil habitantes ) sofria com a falta de um sistema eficiente de saneamento básica e além disso nas ruas acumulavam-se toneladas de lixo . Desta maneira , o vírus da varíola se espalhava , proliferavam-se ratos e mosquitos transmissores de doenças epidêmicas , entre elas tuberculose, peste bubônica, febre amarela, malária, tifo e cólera. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias, era a principal vítima deste contexto. O então presidente Rodrigues Alves, que havia assumido o governo em 1902, com o intuito de modernizar e embelezar a cidade e também controlar tais epidemias, iniciou uma série de reformas urbanas, que mudou a geografia da cidade e o cotidiano de sua população. As mudanças arquitetônicas da cidade ficaram a cargo do engenheiro Pereira Passos. Ruas foram alargadas, cortiços foram destruídos e a população pobre removida de suas antigas moradias. A população foi obrigada a mudar para longe do trabalho e para os morros, incrementando a construção das favelas. Coube a Oswaldo Cruz, nomeado diretor geral de Saúde Pública em 1903, a missão de promover um saneamento na cidade e erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.
Campanha de Vacinação Obrigatória: causa principal da revolta
Em 1904 , com o intuito de acabar com os focos das doença e o lixo
acumulado pela ruas, começou se uma campanha , chama de Campanha de Vacinação Obrigatória. Primeiro, o governo anunciou que pagaria a população por cada rato que fosse entregue às autoridades. O resultado foi o surgimento de criadores desses roedores a fim de conseguirem uma renda extra. Devido às fraudes, o governo suspendeu a recompensa pela apreensão dos ratos. Além disso também havia sido feita uma proposta de lei que tornava obrigatória a vacinação da população. Que apesar de ter tido 15 mil assinaturas contrárias , foi aprovada no dia 31 de outubro. A esta lei já impopular, juntou-se uma drástica regulamentação proposta por Oswaldo Cruz. Nela, exigia-se comprovantes de vacinação para realizar matrículas nas escolas, assim como para obtenção de empregos, viagens, hospedagens e casamentos. Previa-se também o pagamento de multas para quem resistisse à vacinação. A campanha de vacinação obrigatória foi colocada em prática em novembro de 1904. Embora parece que o objetivo de tudo isso fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois, grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. Numa sociedade onde as pessoas se vestiam cobrindo todo o corpo, mostrar os seus braços para tomar a vacina foi visto como "imoral".
Revolta da Vacina e suas consequências
Devido a Campanha da Vacina e a forma como ela estava sendo empregada, o povo estava cada mais insatisfeito e então estourou uma revolta . Foi no dia 10 de novembro que os primeiros resquícios dela foram registrados. Carros e ônibus foram depredados, lojas foram roubadas e postes de luz quebrados, muitas dessas revoltas eram por grupos que achavam que a vacina era uma violação de questões morais e da privacidade já que a vacina era obrigatória as pessoas seriam vacinadas mesmo que não desejassem . Para conter esse caos o governo precisaria endurecer a repressão. Para conter os populares foi preciso recorrer à ajuda das forças armadas que utilizaram um verdadeiro arsenal para destruir os focos da revolta. Foram utilizadas bombas nos bairros e embarcações de guerra em volta da capital federal. A obrigatoriedade da vacinação foi suspensa temporariamente, o governo decretou estado de emergência para solucionar a crise. Após os conflitos, o governo federal acabou por suspender a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, e com isso, a revolta cessou, deixando como saldo o número de 900 pessoas presas , 30 mortos, 110 feridos e 461 pessoas deportadas para o estado do acre. Por fim , alguns dias depois, a campanha de vacinação foi reiniciada sem ser obrigatória, e em bem pouco tempo a varíola foi erradicada da cidade. Referências BEZERRA, Juliana. Revolta da Vacina (1904). Toda Matéria, 2022 Disponível em <https://www.todamateria.com.br/revolta-da-vacina/>. Acesso em 29, mar 2022. PALADINI, Victor. Detalhes da Revolta da Vacina. Colégio Web, 2014. Disponível em <www.colegioweb.com.br/historia/detalhes-da-revolta-da-vacina.html>. Acesso em 29, mar 2022. POUBEL, Mayra. Revolta da Vacina. Info Escola, 2022. Disponível em <https://www.infoescola.com/historia/revolta-da-vacina/ >. Acesso em 29, mar 2022. RAMOS, Jefferson Evandro Machado. A Revolta da Vacina. Sua Pesquisa, 2020. Disponível em < https://m.suapesquisa.com/historiadobrasil/revolta_da_vacina.htm >. Acesso em 29, mar 2022.