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Nova de Lisboa
Mestrado em Ciências da Linguagem
Seminário de Morfologia
Docente: Maria do Céu
Caetano Discente: Solange
Silva
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Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa
Mestrado em Ciências da Linguagem
Índice
1. Introdução
2. Enquadramento Teórico
2.2. Bloqueio
4. Conclusões
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1. Introdução
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Entenda-se rivalidade ou competição sufixal como a seleção do mesmo tipo de bases por parte
de constituintes sufixais que apresentem propriedades fonológicas, semânticas e identidade
funcional diversas, conferindo, porém, ao produto que deles deriva, o mesmo semanticismo,
comportamento este atribuído a afixos isofuncionais (cf. CAETANO, 2008:23 e RIO-TORTO,
1998:47).
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Coincidentemente, aquando da pesquisa dos vocábulos em dicionários, deparámo-nos com a
inexistência de “ternurento” no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das
Ciências, apenas estando registados “terno” e “ternura“. Encontrámo-lo, porém, nos restantes
consultados, da Porto Editora e da Priberam online.
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Citação de Fernão de Oliveira retirada de Rio-Torto (2009:282).
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No que diz respeito aos vocábulos apresentados para análise, é de referir que
os mesmos foram selecionados com base em dados empíricos, através de um
método introspetivo, bem como com recurso a dicionários que os atestassem.
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Caetano (1994:62) refere: “Na relação base ͍sufixo deve ser tomado em consideração o ponto de
vista semântico, i.e. o valor semântico do formante sufixo e os traços que confere à base, a par do
aspeto formal (...)”, embora neste contexto formante sufixo se apresente como um conceito mais
abrangente que o de mero sufixo (elemento preso) que aqui tratamos.
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Regras de Formação de Palavras
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2. Enquadramento Teórico
2.1. Produtividade
Aronoff sugere ainda que quanto mais coerência semântica houver por
parte do afixo, maior será a sua produtividade. Verificamos aqui uma associação
de critérios de frequência e grau da produtividade, em que, segundo o autor, as
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formas que fossem
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Bauer (2001:12) menciona, entre outros, Anderson (1982), Aronoff (1976) ou Saussure (1969).
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Corbin, em 1987, introduziu os critérios de regularidade, disponibilidade e rentabilidade, porém,
neste último ponto, rentabilidade, é associado à aplicação a um maior número de bases.
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O gráfico do estudo é apresentado na página 9 de Morphological Productivity.
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2.2. Bloqueio
Assim, um sufixo poderia ser mais produtivo que outro, mas o menos produtivo
nunca seria completamente bloqueado, visto poder tornar-se especializado num
campo semântico em que o seu rival não atuasse. (cf. Aronoff&Lindsay, 2014:72).
Muito embora a reflexão dos autores acabe por seguir, neste artigo, num outro
sentido, pelo questionamento dos conceitos apresentados, parece-nos pertinente
testar, em português, se tal especialização semântica se verifica entre os sufixos
rivais –oso e -ento9.
formas em
–idade designam a ‘qualidade’, enquanto a maioria dos derivados formados a partir da mesma base com
outros sufixos, para além de designarem a ‘qualidade’, se polissemizaram, adquirindo outras aceções.” (cf.
Caetano, 2008:27) ; “dois produtos construídos no âmbito do mesmo paradigma derivacional, por
definição isofuncionais, podem não ser equivalentes (...), podendo até ser semanticamente bem
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distintos.” (cf. Rio- Torto, 1998:46).
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(i) Posse;
(ii) Procedência (inclui os chamados adjetivos étnicos);
(iii) Semelhança ou similitude;
(iv) Tipicidade;
(v) Pertença ou inclusão
(vi) Causa
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parecem ter ocorrido sobretudo na sua fase latina, visto que a primeira vogal se
associa à última vogal da forma derivante latina (cf. impetu-impetuoso).
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proveniência latina, mas curiosamente o mesmo não é feito em –oso, decerto por
casualidade. A designação dada tem base nas
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abordagens feitas, anteriormente a esta, por Said Ali (1931) e José Joaquim Nunes
(1945), como poderemos constatar mais à frente.
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É interessante notar que José Joaquim Nunes faz as seguintes referências: “Para que um sufixo possa
resistir, torna-se condição indispensável que tanto ele como o radical a que se junta apresentem
ao nosso espírito ideias claras, bem nítidas e distintas.” (cf. NUNES, 1945:379). Parece, portanto,
que já antes de Aronoff se reconhecia o critério de transparência semântica como pertinente. Refere
ainda “Por vezes não há diferença sensível na significação de alguns sufixos que, por isso, podem
chamar-se sinónimos (ex. –
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edo;-al, olivedo, olival).” (cf. NUNES, 1945:385). Aqui verificamos a aceitação da existência de
formas sufixais rivais.
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Caloroso
Que causa ou tem calor. = CALORENTO, QUENTE
2. Que tem ou demonstra afecto (ex.: sorriso caloroso; felicitações calorosas). = AFECTUOSO
3. [Figurado] Que denota ardor, energia ou intensidade (ex.: discussão calorosa; palmas
calorosas). = ARDE NTE
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Calorento
gordurento
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Consultado em http://www.priberam.pt/
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Consultado em http://www.priberam.pt/
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a. habilidoso13/*habilidento
b. ferrugento/*ferrujoso
c. rabugento/*rabujoso
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No Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa não aparece como tendo origem latina, apenas a
forma derivante a tem, segundo o mesmo.
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O vocábulo também aparece registado no dicionário Priberam online.
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(Cf.Nunes, 1945:395) “-lento, -ento – […]abundância na maioria doa casos e também cores por
vezes, juntando-se igualmente a substantivos[…].
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4. Conclusões
Na análise feita no ponto anterior, foram dados alguns exemplos para testar a
competição sufixal entre –oso e –ento e, segundo os dados apresentados,
parece-nos que a formulação de bloqueio, em Aronoff& Lindsay (2014), de que
uma palavra bloqueada poderia ainda ocorrer, mas num outro sentido, se apresenta mais
adequada. Quanto à produtividade dos mesmos, parece-nos, todavia, necessário
dar conta de outros casos para que se possa chegar a uma conclusão mais
consistente. Ainda assim, cremos haver uma tendência para a especialização
semântica de um dado sufixo. Certo é que o recurso a uma análise diacrónica dá
conta de factos que, com uma análise meramente sincrónica, não seriam
desvendados e, consequentemente, encontrariam menos soluções aos problemas
colocados pela dita irregularidade do fenómeno morfológico.
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Referências Bibliográficas
AZUAGA, Luísa (1996) Morfologia in Faria, I. H.; Pedro, E. R.; Duarte, I.; Gouveia,
C. (Orgs.) Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, Lisboa, Caminho: 215-241.
MATEUS, M. H., Brito, A. M., Duarte, I., Faria, I. H., Frota, S., Matos, G., et al.
(2003).
Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho.
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Dicionários online
http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa http://www.priberam.pt/dlpo
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