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Conceitos de adicional: insalubridade e

periculosidade
Neste momento, abordaremos os conceitos de adicional.
Primeiramente apresentaremos o adicional de insalubridade e
suas características e, logo em seguida, o adicional de
periculosidade. A legislação trabalhista brasileira antecipa o
pagamento de adicional sobre o salário para os casos em que seja
constatado que o trabalhador exerce suas atividades exposto a
riscos.

Ao longo de sua formação, estamos analisando as diferentes


legislações trabalhistas, as quais amparam e fundamentam o
processo de trabalho em condições dignas de saúde e segurança.
É por meio das normas regulamentadoras (NRs) que todo
trabalhador, que executa suas funções em atividades insalubres ou
perigosas, recebe uma remuneração adicional, de forma a
amenizar o impacto destas atividades para a saúde.

Na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Lei n.º


5.452, de 1º de maio de 1943, artigo 189, está definido
que:
Art. 189 – Serão consideradas atividades ou
operações insalubres, aquelas que, por sua natureza,
condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e
da intensidade do agente e do tempo de exposição aos
seus efeitos.

Para tanto, vamos conceituar cada uma destas situações que


serão utilizados frequentemente em sua formação e na sua vida
profissional.

Insalubridade
São consideradas atividades ou operações insalubres, aquelas
que são desenvolvidas acima dos limites de tolerância. Estes limites
estão previstos nos anexos da NR-15. São eles:
Anexo 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Anexo 2 – Limites de tolerância para ruídos de impacto

Anexo 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor

Anexo 5 – Radiações ionizantes

Anexo 11 – Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada


por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho

Anexo 12 – Limites de tolerância para poeiras minerais

A única exceção seria o anexo em o CNEN-NN-3.01: "Diretrizes


Básicas de Proteção Radiológica” estabelece os limites de tolerância
para radiações ionizantes.

As atividades ou operações insalubres, comprovadas por meio de


laudo de inspeção do local de trabalho, constam em determinados
anexos da NR-15. São eles:

Anexo 7 – Radiações não ionizantes

Anexo 8 – Vibrações

Anexo 9 – Frio

Anexo 10 – Umidade

Portanto, será estabelecida a caracterização da insalubridade por


meio do laudo do engenheiro de segurança do trabalho ou do médico
do trabalho. O engenheiro ou o médico definirá, por meio de uma
avaliação ou com base em critérios técnicos, se há grau de exposição
suficiente para caracterizar condições insalubres que colocam em risco
a saúde dos trabalhadores. O anexo 8 da NR-15 estabelece um limite
de tolerância para vibrações de mãos e braços e para vibrações de
corpo inteiro, mas o critério de caracterização de insalubridade requer o
laudo.

Também são consideradas atividades ou operações insalubres


aquelas mencionadas nos anexos 6, 13 e 14. Nelas, basta o conceito
de exposição aos agentes dos anexos 6 e 13 ou o contato com o
agente nas atividades do anexo 14. Lembre-se de que o risco biológico
do anexo 14 não é a exposição, e sim o contato direto com o agente
biológico. Os anexos citados compreendem os seguintes temas:

Anexo 6 – Trabalho sob condições hiperbáricas

Anexo 10 – Umidade

Anexo 13 – Agentes químicos

Anexo 14 – Agentes biológicos

O exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura


ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
mínimo da região, equivalente às seguintes proporções:

40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau


máximo

20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio

10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo


Existem muitas discussões e informações a respeito deste tipo de
atividade e seus respectivos adicionais. No entanto, NR apresenta que
no caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será
apenas considerado o de grau mais elevado.

Vale lembrar que, quando ocorre à eliminação ou neutralização da


insalubridade, por meio dos equipamentos de proteção individual ou
coletiva, por exemplo, automaticamente ocorrerá a interrupção do
pagamento do adicional.

Como é possível eliminar ou neutralizar a


insalubridade?
Com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o
ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância.

Com a utilização de equipamento de proteção individual.

A própria NR-9 estabelece uma hierarquia nas medidas de


controle de riscos, na qual as medidas de ordem geral e de
equipamentos de proteção coletiva estão acima das medidas de
proteção individual.
É evidente, neste contexto, a importância da atuação do
técnico em segurança do trabalho, pois ele é o agente que está
envolvido diretamente na possibilidade de prevenção de situações
de acidente. Portanto, no transcorrer das unidades curriculares
deste curso, estamos enfatizando e destacando a importância da
prevenção e do planejamento de ações de educação em segurança
e saúde, nos diferentes ambientes de trabalho. A consolidação
desta prática é possível apenas a partir do momento em que
conhecemos o processo de trabalho e compreendemos a realidade
dos trabalhadores.

Periculosidade
São consideradas atividades e operações perigosas as que
constam nos anexos da NR-16. Logo, o exercício de trabalho, em
condições de periculosidade, assegura ao trabalhador a percepção
de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário,
sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participação nos lucros da empresa.

Então, e quando o empregado tiver direito aos dois adicionais


(periculosidade e insalubridade), ele poderá optar pelo adicional de
insalubridade, caso entenda que este seja mais adequado?
Os trabalhadores regidos pela CLT, de acordo com o parágrafo
2.º do artigo 193, devem optar por um dos tipos de gratificação,
sendo que, no momento do término do risco, o adicional deixa de
ser necessário. Isso significa que os trabalhadores terão que optar
por um dos adicionais, conforme já estabelecido inclusive em
súmula do Tribunal Superior do Trabalho.

Quem é o responsável pela


caracterização ou a descaracterização da
periculosidade?

É de responsabilidade do empregador realizar essa


caracterização, mediante laudo técnico, elaborado por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos termos do
artigo 195, da CLT.

Para os fins da NR-16, são consideradas atividades ou


operações perigosas as executadas com explosivos sujeitos às
seguintes situações:

Degradação química ou autocatalítica

Ação de agentes exteriores: calor, umidade, faíscas, fogo,


fenômenos sísmicos, choque e atritos

As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos


liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são consideradas
condições de periculosidade. Exclusão apenas para o transporte
em pequenas quantidades, até o limite de 200 (duzentos) litros,
para os inflamáveis líquidos, e 135 (cento e trinta e cinco) quilos,
para os inflamáveis gasosos liquefeitos.
Não se deve levar em
consideração o combustível
utilizado pelo veículo com força
motriz própria.

Todas as áreas de risco previstas na NR-16 devem ser


delimitadas pelo empregador. Ressalta-se ainda que serão
consideradas atividades ou operações perigosas aquelas que estão
previstas nos anexos da NR-16. São elas:

Atividades e operações perigosas com


explosivos.

Atividades e operações perigosas com


inflamáveis.
Atividades e operações perigosas, com
exposição a roubos ou outras espécies
de violência física, nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial.

Atividades e operações perigosas com


energia elétrica.

Atividades perigosas em motocicleta.


Atividades e operações perigosas com
radiações ionizantes ou substâncias
radioativas.
A insalubridade é uma gratificação instituída por lei e tem o
intuito de recompensar, mediante bonificação, o risco que o
trabalhador está exposto; ou seja, a possibilidade de dano à vida ou
à saúde daqueles que executam determinados trabalhos que são
classificados como insalubres e/ou perigosos.

Esta gratificação, por risco de vida e de saúde, não cobre o


dano efetivo que o trabalhador venha suportar no serviço. Ele tende
apenas a compensar a possibilidade de dano. Ou seja, o risco de
vida em si mesmo, e não a morte, a doença ou a lesão ocasionada
pelo trabalho. Por isso, embora o trabalhador receba esse
adicional, ele precisa desenvolver suas atividades com cautela e
segurança, utilizando os equipamentos de segurança adequados
para uma prática segura, de forma a evitar situações de risco.
Portanto, os adicionais são definidos para os casos em que o
trabalhador desenvolva atividades em exposição a riscos. No
adicional de insalubridade, o trabalhador, ao longo de sua jornada
de trabalho, permanece exposto a locais insalubres ou se mantém
em contato com substâncias que podem causar adoecimento. Com
relação ao adicional de periculosidade, o risco é mais iminente, pois
o tipo de atividade desenvolvida pelo trabalhador acarreta em risco
de morte imediata.

Nesse tópico, apresentamos conceitualmente a diferença entre


o adicional de insalubridade e de periculosidade. Demonstramos,
nesta reflexão, a importância de conhecer a NR-15 e a NR-16, pois
estas normas abordam a temática que envolve acidentes e
incidentes no ambiente de trabalho, de forma a permitir ao
profissional a apropriação das ações que devem ser adotadas no
ambiente de trabalho para que os riscos sejam minimizados. Para
ampliar os seus conhecimentos, acesse o site do ENIT e
desenvolva a leitura completa dos textos das NRs.

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