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HIDROLOGIA

E DRENAGEM
PROF. TAISON ANDERSON BORTOLIN
AULA 12 – MICRODRENAGEM URBANA – PARTE 2
ELEMENTOS DE MICRODRENAGEM

Sarjeta
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO

Estrutura hidráulica destinada a


interceptar águas pluviais que escoam pela
sarjeta para encaminhá-las às canalizações
subterrâneas

Funções:
Captar o escoamento superficial das sarjetas
Garantir a eficiência do sistema de galerias
Evitar inundações no pavimento das vias públicas
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO

Consiste de uma caixa de alvenaria ou pré-moldado de


concreto, localizada sob o passeio ou sob a sarjeta

Sob o passeio:
Capta as águas pela abertura na guia, denominada
chapéu.

Sob a sarjeta:
Capta as águas por meio de uma grelha, geralmente de
ferro fundido
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Dependendo da estrutura, localização ou do funcionamento, as bocas coletoras recebem
várias qualificações agrupadas como segue:

a) quanto à estrutura da abertura ou entrada


- simples ou lateral;
- gradeadas com barras longitudinais, transversais ou mistas;
- combinada;
- múltipla.

b) quanto a localização ao longo das sarjetas


- intermediárias;
- de cruzamentos;
- de pontos baixos.

c) quanto ao funcionamento
- livre;
- afogada.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
CLASSIFICAÇÃO:

a) quanto à localização
- as intermediárias são aquelas que situam-se em pontos ao longo das sarjetas
onde a capacidade destas atingem o limite máximo admissível;
- as de cruzamento situam-se imediatamente a montante das seções das
sarjetas, nas esquinas dos quarteirões, nascendo da necessidade de evitar o
prolongamento do escoamento pelo leito dos cruzamentos;
- as bocas coletoras de pontos baixos caracterizam-se por receberem
contribuições por dois lados, visto que situam-se em pontos onde há a inversão
côncava da declividade de rua, ou seja, na confluência de duas sarjetas de um
mesmo lado da rua.

b) quanto ao funcionamento
- dependendo da altura da água na sarjeta e da abertura da boca coletora
denomina-se de livre a que funciona como vertedor e de afogada a que funciona
como orifício, sendo estas mais frequentes em pontos baixos e, na maioria, com
grades.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Recomendações de locação:

• O espaçamento das bocas de lobo deve ser projetado de forma que de 90 a 95% da
vazão da sarjeta seja interceptada pela boca de lobo (a parcela restante é deixada
para a boca de lobo de jusante);

• Quanto maior a declividade transversal da via, melhor a condição de esgotamento


pela boca de lobo, mas declividades muito altas comprometem o tráfego e
prejudicam a comodidade dos pedestres;

• Em vias de declividade suave (até 5%), recomenda-se o uso de bocas de lobo


simples, com ou sem depressão;

• Em pontos baixos de sarjetas, quando há mudança de declividade longitudinal, a


boca de lobo deve ser do tipo simples ou combinada.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Recomendações de locação:

• Serão locadas em ambos os lados da rua, quando a saturação da sarjeta o requerer


ou quando for ultrapassada sua capacidade de engolimento;
• Serão locadas nos pontos baixos das quadras;
• Recomenda-se adotar um espaçamento máximo de 60 m entre as bocas de lobo,
caso não seja analisada a capacidade de engolimento;
- Rio de Janeiro: Adota-se o espaçamento máximo de 40 m.

• Devem ser alocadas em pontos um pouco a montante da faixa de pedestre junto às


esquinas;
• Não é conveniente sua locação no vértice do ângulo de interseção das sarjetas de
duas ruas convergentes:
- Os pedestres, para cruzar a rua, teriam de saltar sarjeta onde a vazão é máxima
- As torrentes convergentes teriam como resultante um escoamento com velocidade
em sentido contrário ao da afluência para o interior da boca de lobo
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
As bocas de lobo não devem ser instaladas em esquinas (trecho de máxima vazão pela sarjeta) para que o
fluxo da água não atrapalhe a passagem de pedestres. Além disso, se instalados nos vértices das vias, as
torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas seriam escoadas em velocidade contrária à da afluência para o
interior da boca de lobo. Por isso, recomenda-se que a instalação de bocas de lobo seja feita em pontos pouco
a montante de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Escolha do Tipo de Boca Coletora
a)Boca coletora lateral/simples
- pontos intermediários em sarjetas com pequena declividade longitudinal (I ≤ 5%);
- presença de materiais obstrutivos nas sarjetas;
- vias de tráfego intenso e rápido;
- montante dos cruzamentos.

b) Boca coletora com grelha


- sarjetas com limitação de depressão;
- inexistência de materiais obstrutivos;
- em pontos intermediários em ruas com alta declividade longitudinal (I ≥ 10%).

c) Combinada
- pontos baixos de ruas;
- pontos intermediários da sarjeta com declividade média entre 5 e 10%;
- presença de detritos.

d) Múltipla
- pontos baixos;
- sarjetas com grandes vazões.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Boca coletora lateral/simples
Boca coletora lateral/simples Padrão DEP (Porto Alegre)

Link: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/dep/usu_doc/ce-dep-2005_completo.pdf
Boca coletora com grelha

Concreto

Metálica Plástico
Boca coletora grelha Padrão DEP (Porto Alegre)
Boca coletora combinada
Boca coletora múltipla
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
Chama-se de depressão um rebaixamento feito na sarjeta junto a
entrada da boca coletora, com a finalidade de aumentar a capacidade
de captação desta.

Observação: quando maior a declividade da rua, maior a vantagem de


utilizar depressões e grelhas, no lugar de bocas simples.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO

Importante frisar que toda boca coletora


(independente do tipo) deve possuir um
acesso para poder fazer a limpeza e
remoção dos detritos.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO

Atualmente existem modelos de filtros (ou cestos) que podem ser instalados na boca de
lobo para reter as sujeiras e evitar que essas entupam as tubulações. Ressalta-se
apenas que os filtros precisam ser limpos esporadicamente, especialmente após
grandes chuvas.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA CAIXA DE LIGAÇÃO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
DIMENSIONAMENTO

- Fluxo hidráulico em um vertedor:


Dimensionamento:
Equação de Francis:
3
𝑄 = 𝐾 × 𝐿 × 𝐻 ൗ2

“coeficiente de descarga”
- Fluxo hidráulico em um orifício:

Dimensionamento:
Equação para pequenos orifícios:
𝑄 = 𝐶𝑑 × 𝐴 × 2×𝑔×ℎ

“coeficiente de descarga”
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

São calculadas para funcionarem afogadas ou, mesmo que sejam, poderão vir a funcionar como tal,
em razão das situações atípicas e imprevistas no projeto, tais como
• Tormentas imprevistas
• Entupimentos por motivos imprevistos
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

1,71 × 𝐿 × 𝑌 3/2
𝑄=
𝐹𝐶

Onde:
Q = Vazão de engolimento (m³/s);
1,71 = Coeficiente de descarga;
L = Comprimento da soleira (m);
Y = Altura da água próximo a soleira da guia (m);
FC = Fator de correção por obstruções e desalinhamentos (Tabela);
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

Observação: Quando o fluxo ocorrer pelos dois lados da boca de lobo (como em pontos
baixos), a altura “Y” é definida pela média das alturas de ambos os lados. Ainda, caso a
boca de lobo seja com depressão, esse valor deve ser somado à altura “Y” .
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

Fator de correção por obstruções e desalinhamentos

Como toda obra de engenharia, a boca coletora não deve ser dimensionada para funcionamento
com sua capacidade de captação limite igual à vazão de chegada, isto é, a vazão de definição de
suas dimensões deve ser um pouco superior a vazão de projeto da sarjeta que a abastecerá.
Alguns fatores podem ser citados como:

- obstruções causadas por detritos carreados pela água;


- irregularidades nos pavimentos das ruas, na sarjeta e na entrada da própria boca;
- hipóteses de cálculo irreais.

A ocorrência de pelo menos uma destas situações certamente provocará prejuízos ao bom
funcionamento do projeto quando solicitado em suas condições limites. Por força destes
argumentos costuma-se utilizar os coeficientes de reforço indicados na tabela seguinte.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

Localização Tipo Fator de correção


Simples 1,25
Ponto baixo Com grelha 2,00
Combinada 1,50
Simples 1,25
Grelha transversal 2,00
Ponto Intermediário Grelha longitudinal 1,65
Combinada c/ transversal 1,80
Combinada c/ longitudinal 1,50
Exercício 1: Determine a vazão suportada pela boca de lobo simples apresentada abaixo,
sabendo que a mesma se localiza em um ponto baixo:

Dados:
Y1 = 10 cm
Y2 = 10 cm
a = 5 cm
L = 90 cm

Resposta: 71,5 l/s


BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL SIMPLES EM PONTO BAIXO

Observação:
• Como forma de simplificar os cálculos, muitas prefeituras estabelecem uma vazão de
engolimento por tipo de boca coletora (geralmente entre 40 e 60 l/s);
• Da mesma forma, muitas fazem uma segunda simplificação e adotam um espaçamento
máximo entre bocas, baseado numa estimativa média de vazão por m²;
• Cabe ressaltar que estas constituem em estimativas, e devem ser adotadas com cuidado,
especialmente em regiões mais propícias a entupimentos, de elevada declividade ou com
grandes bacias hidrográficas.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL GRELHA (GRADE) EM PONTO BAIXO

1,655 × 𝑃𝑚 × 𝑌 3/2 Onde:


Como vertedor livre: 𝑄 = Q = Vazão de engolimento (m³/s);
𝐹𝐶
Y < 12cm Pm = Perímetro dos lados molhados (m);
Au = Área útil da grelha (m²);
Entre 12 e 42 cm: Avaliar Y = Altura da água próximo a soleira da guia (m);
metodologia FC = Fator de correção por obstruções e
desalinhamentos (Tabela);
Como orifício: 2,91 × 𝐴𝑈 × 𝑌
𝑄=
Y > 42cm 𝐹𝐶
Exercício 2: Determine a vazão suportada pela boca de lobo com grelha
apresentada abaixo, sabendo que a mesma se localiza em um ponto baixo:

Dados:
Y = 12 cm
a = 61 cm
b = 100 cm

Resposta: 76 l/s
Exercício 3: Calcule a boca de lobo abaixo utilizando ambas as metodologias e compare os
resultados. Considere se tratar de uma grelha localizada em ponto baixo

Dados:
Y = 18 cm
a = 48 cm
b = 90 cm
evazio = 4 cm
n°vazios = 6 Resposta:
Vertedor: 117 l/s
Orifício: 133 l/s
Diferença: 13%
Exercício 4: Determine a vazão suportada por uma boca de lobo combinada, sabendo que a
altura da lâmina da água é 12 cm, a largura da boca simples é de 80 cm, e a grelha possui 60 x
80cm, estando orientada longitudinalmente ao fluxo. Ainda, a mesma se localiza em um ponto
baixo:

Resposta:
Combinada: 130 l/s

Para Boca Coletora Combinadas, se


somam as duas bocas, e aplica-se o Fc
adequado.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA

Cuidado: Para bocas de lobo em pontos intermediários, é necessário calcular a


eficiência da boca, ou seja qual a proporção de água que é efetivamente
captada pela mesma.

Devido à complexidade de calcular a eficiência de uma boca de lobo intermediária, muitos


projetistas optam por dimensionar bocas intermediárias como bocas de ponto baixo. Nestes
casos, é importante prever uma folga no projeto.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
BL INTERMEDIÁRIA
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
ESPAÇAMENTO DAS BOCAS DE LOBO

Tecnicamente, enquanto a boca de lobo suportar


a vazão da área, não existe necessidade de
implantar a seguinte. O ideal nestes casos é
verificar a capacidade máxima da boca e definir
qual a área (e por consequência a distância)
necessária para atingir essa vazão.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
ESPAÇAMENTO DAS BOCAS DE LOBO

Dx: espaço entre dispositivos em m;


Q: vazão em m3/s;
i: intensidade dada em m/s;
C: coeficiente de escoamento.
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
ESPAÇAMENTO DAS BOCAS DE LOBO

MÉTODO DNIT
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO

A primeira boca de lobo do sistema deve ser instalada no ponto em que o


escoamento ultrapasse o limite da capacidade máxima da sarjeta.

➢ Sendo a altura máxima da guia 15 cm, a altura d’água na sarjeta não deve
ultrapassar o valor y0 = 13 cm.
➢ Para avaliar escoamentos, geralmente empregam-se equações do tipo:
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO

Caso os cálculos indiquem que a primeira boca de


lobo poderia ficar um pouco a jusante do
cruzamento, deve-se projetá-la para o montante
da esquina anterior (Medeiros Filho, 2004);
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO

Caso os cálculos indiquem que a primeira BL


poderia ficar a poucos metros antes do
cruzamento, deve-se dividir a extensão da
sarjeta para que essa primeira BL se situe
em posição intermediária em relação à
fachada do quarteirão, enquanto que a
próxima BL se situaria no imediato montante
da próxima esquina (Medeiros Filho, 2004);
BOCA COLETORA OU BOCA DE LOBO
LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA BOCA DE LOBO

Caso existam saídas de edifícios


públicos de grande movimento de
pessoas (escolas, hospitais, etc.),
aconselha-se localizar a primeira boca
de lobo a montante, mesmo que a
sarjeta tenha muita folga (Medeiros
Filho, 2004).
DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO
DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO
DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO

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