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Roteiro para elaborar projetos elétricos residenciais

A proposta neste artigo é trazer uma sequência (em tópicos) do roteiro básico para
elaborar projetos elétricos de residências, com explicações relativas a cada etapa de
projeto.
O conteúdo abordado aqui, é sugestão para orientar iniciantes. Cada tópico será
conduzido de forma sucinta, quando necessário farei indicações de material
complementar.
As informações tem foco em projetos prediais habitacionais, mas boa parte se
aplica também em projetos comerciais, bastando adaptar e desconsiderar
informação explicita para o residencial.
Coloquei os tópicos numerados sequencialmente, um ou outro passo pode ser
reordenado conforme o estilo do projetista, mas há uma sequência lógica do
projeto. Portanto, a quem está iniciando agora os estudos, a recomendação é que
siga a leitura na sequencia apresentada no índice.
Índice:
1. Elementos do projeto elétrico residencial
2. Desenhe utilizando softwares
3. Use a NBR 5410
4. Analise a arquitetura
5. Necessidades do projeto
6. Previsão de cargas
7. Separar circuitos elétricos
8. Distribuir tomadas e luminárias nos ambientes
9. Localizar o quadro de distribuição
10. Traçar eletrodutos e fiações
11. Localizar o medidor de energia (padrão)
12. Quadro de cargas e dimensionamentos
13. Diagrama Unifilar
14. Dimensionar eletrodutos
15. Legenda de Símbolos
16. Lista de materiais elétricos
17. Material de apoio para elaborar projetos

1. Elementos do projeto elétrico residencial


Primeiramente vamos verificar o que precisa constar no projeto final, na folha de
desenho técnico.

A prancha (folha) do projeto, deve ser montada de acordo com o padrão da série A
(A0, A1, A2, A3, A4), definidos na NBR 10068. Também deve ter a legenda (carimbo
ou selo) com informações do projeto, anotações técnicas, data de projeto, escalas
utilizadas, proprietário, autor do projeto etc.

No material de apoio foi disponibilizado um manual sobre montagem de folhas e


um projeto (dwg e pdf) que você pode usar como base para analisar os componentes
necessários no projeto.
Os elementos comuns da prancha final são:

 Planta baixa com locação de pontos, caixas, quadro, tubulações e


fiações;
 Quadro de cargas com dados resultantes de calculos;
 Previsão de cargas (Normalmente exigido em trabalho acadêmico);
 Diagrama unifilar apresentando esquemas de circuitos, quadros e
medidor;
 Calculo de demanda (pode ser integrado ao quadro de cargas);
 Legenda de convenções (simbologia usada no projeto);
 Anotações e recomendações técnicas importantes (quando houver);
 Detalhes construtivos (conforme projeto) como caixas de passagem,
aterramento, medidores etc.

No que diz respeito ao desenho técnico, considere estas informações:


A planta baixa, use escalas 1:50 quando possível. Escalas de 1:75 e 1:100 também se
consegue manter legíveis, só tenha cuidado com escalas que diminuem mais que
isto, faça um teste com prova de impressão no papel, que pode ser um trecho do
projeto apenas para conferencia.

Em nome da compreensão do projeto, você pode (e muitas vezes deve) desmembrar


seu projeto em mais de uma folha, isto é util em projetos maiores. Neste caso,
seguindo a técnica, as pranchas precisam ser enumeradas seguindo a sequencia
NN/TT, onde NN é o numero da prancha e TT o total de pranchas. Por exemplo,
01/05 indica a prancha nº 01 de um total de 05. 02/05 indicaria a folha nº 02 do total
de 05 e assim por diante...
Detalhes construtivos podem ter escalas como 1:20, 1:25, 1:10... dependendo do
item. Elementos como diagrama unifilar não tem escala real (devem simplesmente
ter texto e símbolos legíveis)

Limpe a planta. O projeto elétrico é um desenho bem carregado de informações


gráficas, então mantenha apenas paredes, esquadrias, nomes de ambientes e
mobiliário fixo (balcão, bancadas, pias, lavatórios e similares). Remover também
cotas, moveis (sofás, mesas, camas e correlatos), anotações de projeto.

Na representação de penas (espessuras), paredes e esquadrias sempre em espessura


fina. Destaque tomadas, luminárias, eletrodutos com espessura mais grossa. Fiações
e textos indique em espessura mais fina para manter o desenho legivel.

2. Desenhe utilizando softwares

AutoCAD é uma ótima opção para projetos elétricos prediais.


Pode ser combinado com o plugin AditivoCAD 3

Já faz muito tempo que a entrega de projetos feitos manualmente não tem boa
aceitação no mercado.

Seja pela agilidade no desenvolvimento ou mesmo a qualidade do desenho técnico


final, é imperativo o uso de software de desenho e projeto (CAD). Em muitos casos
a entrega final, além do projeto impresso em papel, podem exigir o arquivo digital
(que pode ser em .dwg e/ou .pdf).
Em vários trechos do artigo será possível observar que estou instruindo este
desenvolvimento baseado em desenhos no CAD. No próprio material de apoio deste
artigo verá conteúdo de download específico para este caso.
O AutoCAD é largamente utilizado atualmente. Você pode usar apenas os recursos
de desenho técnico do software, ou combina-lo com nosso plugin de projeto
elétrico que vai te levar a um patamar mais alto de produtividade.
Obviamente você é livre para escolher outro CAD qualquer, o que coloquei no
paragrafo acima é sugestão :)

Outro tipo de recurso que irá te ajudar bastante, são as planilhas. Portanto aprender
MS Excel é algo que vai melhorar a qualidade de seu projeto e proporcionar mais
velocidade.

3. Use a NBR 5410

Esta norma é aplicada para desenvolvimento de projetos elétricos de baixa tensão,


é importante te-la em mãos. Ela é uma norma comercial (vendida) pela ABNT, mas
há alternativas gratuitas...
Algumas faculdades oferecem a cópia da norma em bibliotecas físicas e digitais. Em
uma busca rápida no google, você também acha bastante coisa.

Há artigos e apostilas PDF que trazem interpretações de trechos específicos e


importantes da norma, os quais muitas vezes ajudam o projetista iniciante a
compreender melhor o assunto.

No item final deste artigo há um material pra baixar, onde constam links para vários
materiais de apoio, como uma versão da NBR 5410 interpretada que pode baixar
gratuitamente, além de algumas apostilas e planilhas prontas pra auxiliar em
cálculos de projeto.

4. Analise a arquitetura
Esta análise é importante para que consiga manter a compatibilização do projeto
elétrico com demais instalações e sem interferencias estruturais.
Antes de começar o projeto, avalie a planta baixa (arquitetura) preferencialmente
com o mobiliário (Layout). Conhecer o Layout é de suma importância para que
consiga locar os pontos de tomadas e iluminação adequados.

O layout arquitetônico e informação do pé direito costuma ser suficiente em projetos


menores. Mas em se tratando, por exemplo, de projetos de sobrados ou mesmo
arquitetura com vários níveis em uma topografia, é importante ter em mãos cortes e
mais detalhes do projeto.

Em projetos de maior porte, também é importante ter em mãos o estrutural e


hidrossanitário afim de obter maiores detalhes e limites relativos a instalação, além
de saber da existência de elementos reservados para embutir tubulações, quadros e
caixas.

5. Necessidades do projeto
Verificar se há necessidades do projeto, no que diz respeito a equipamentos
comuns e especiais.
Equipamentos comuns que me refiro aqui são tomadas TUG (Tomadas de Uso
Geral), aquelas cuja corrente não ultrapassa 10A.
Já os especiais são as tomadas do tipo TUE (Tomadas de Uso Específico), aquelas
cuja corrente é acima de 10A, sendo estas colocadas em circuitos separados para
cada aparelho.
Para determinar estes pontos (TUG e TUE), toma-se como base o proprio projeto e
recomendações específicas do cliente proprietário (quando houver). Uma boa prática
é criar um checklist de aparelhos de uso provável e marcar o que será utilizado.

Alguns equipamentos de alta potência são comuns em residências e devem ser


considerados sempre no projeto, por exemplo, o forno elétrico e chuveiro. Já alguns
itens específicos como fogão elétrico, secadora de roupa, ar condicionado e outros,
nem sempre são utilizados e você deve consultar a existencia destes no projeto
arquitetônico ou consultar o autor do projeto de arquitetura.

Equipamentos de consumo alto (potência) como o exemplo do ar condicionado e


aquecedores, não é prudente coloca-los sem critérios em todo e qualquer cômodo,
pois pode acabar gerando uma instalação superdimensionada, desperdiçando
dinheiro em material e mão de obra.

Portanto lembre-se sempre de conversar com o projetista que fez a arquitetura ou


mesmo o proprietário da residência. Ou em casos de trabalho acadêmico, informar-
se com seu professor.
Haverá casos onde não é possível consultar o proprietário da obra para fazer este
levantamento de uso de equipamentos específicos, como é o caso casas feitas para
venda, kitnets e apartamentos.

Nestas situações considere o porte da construção (popular, médio ou alto) e use o


trivial, então deixe circuitos reservas para que o futuro proprietário possa ampliar as
instalações se precisar.

6. Previsão de cargas
Este é o passo inicial relativo aos primeiros calculos no roteiro do projeto elétrico.
A tabela com esta previsão pode ser incluida no projeto final (na prancha).

Planilha de calculo da previsão de cargas, material de acesso gratuito.

A previsão de cargas que deve seguir a NBR 5410, serve para que consiga estabelecer
o número mínimo de tomadas e a carga de iluminação de cada ambiente.
O critério da norma estabelece um numero mínimo de tomadas, mas no decorrer do
projeto é comum perceber necessidade de uma quantidade maior. Principalmente
em ambientes como salas e cozinhas esta necessidade é mais perceptível, visto o
maior acesso das familias a equipamentos eletroeletronicos.

Saiba que não há problema algum em colocar mais pontos que o cálculo pede. O
que não deve fazer é colocar menos que o mínimo exigido.

Ao fazer esta previsão de cargas, você já pode considerar pontos adicionais que serão
necessários e ir marcando em cada ambiente no proprio projeto, ou em uma planilha
a parte.

No item de material de apoio deixamos uma planilha para cálculo de previsão de


cargas, que trabalha em consonância com as diretrizes da NBR. Você pode usar a
calculadora para checar se seu projeto atende um mínimo exigido, além de usar o
modelo de lançamento da previsão que consta no mesmo download.
Com base no relatório de cargas você terá a carga total instalada, útil para
dimensionar o medidor de entrada do projeto e calcular a demanda. Uma opção é
deixar este calculo para o final do projeto (na geração do quadro de cargas), pois em
casos de alterações não há necessidade de refazer.
Lembre-se que a previsão das cargas deverá considerar:
 TUG - Tomadas de Uso Geral: Calculadas por critério normativo e
eventualmente acrescidas conforme necessidade do projeto;
 TUE - Tomadas de Uso Específico: Calculadas conforme equipamentos
especiais do projeto;
 Iluminação: Carga estabelecida exclusivamente para fins de
dimensionamento de circuitos, calculada seguindo critério da NBR, não
sendo recomendado o aumento das cargas uma vez que o cálculo pela
a norma já resulta valores altos.

Projetistas mais experientes muitas vezes pulam esta etapa da previsão de carga,
sobretudo em projetos residenciais onde há grandes semelhanças entre projetos já
feitos anteriormente. Com a experiência você acaba aprendendo as questões de
números de pontos baseado no tamanho de ambientes.

7. Separar circuitos elétricos


Circuitos simples de TUG e de Iluminação, procure manter cada circuito em até
10A de corrente*. Para tensão de 127V isto compreende em uma carga máxima de
1270 VA, para tensão 220V equivale a 2200 VA.
* Para calcular a corrente, basta dividir a carga pela tensão da rede. Exemplo, 3500va em 220v
implica 3500 ÷ 220 = 15,9 (16 ampere arredondando).

Em alguns casos você não conseguirá manter este limite de 10A, ocorre muito em
ambientes como cozinhas e lavanderias onde encontramos equipamentos de
consumo mais alto. Não há problemas quanto a isto, só lembre-se de separar TUE
de TUG, além de colocar a proteção adequada a corrente do circuito.
Lembre-se que qualquer equipamento individual que exceda a corrente de 10A, deve
estar em um circuito separado e exclusivo. Exemplos disto são o chuveiro elétrico e
aquecedor por acumulação.

Na separação dos circuitos (TUG e Iluminação) agrupe ambientes próximos em um


mesmo circuito, isto facilita manutenção. Uma boa estratégia é agrupar ambientes
pelo tipo de uso. Em uma residencia padrão isto implica em separar por área social,
serviços e área intima.
Sugestões de ambientes a agrupar:

 Quartos/dormitórios e halls de acesso;


 Salas de estar/tv/jantar (é possível agrupar aos dormitórios se houver
proximidade e manter a corrente até 10A);
 Iluminação e TUG de banheiros podem ser agrupadas com circuitos
próximos (Ex. TUG de um banheiro de suíte no mesmo circuito da
suíte);
 Garagem (integrada na edificação) também pode ficar junto com o
circuito do ambiente mais próximo;
 Cozinha coloque em circuito separado para TUG (TUE deste ambiente
em circuito separado);
 Lavanderia e áreas de serviços, também com circuito separado;
 Iluminação e tomadas em áreas externas da residência, separe-os para
facilitar a manutenção e lembre-se de proteger estes com o dispositivo
DR.
 Chuveiros, aquecedores, secadora de roupas e outros itens que tenham
uma corrente acima de 10A (as TUE), devem ter um circuito para cada
ponto.

Observações:

A norma informa que devemos separar circuitos de iluminação e tomadas. Mas


em residências (habitações) há uma exceção (9.5.3 da NBR 5410), que permite este
tipo de circuito misto (se for no máximo de 16A), desde que não se tenha todo o
circuito da iluminação ou da tomada em um só circuito.
Portanto se houver a devida separação de circuitos, podem ter tomadas e iluminação
juntos (apenas em residências). O que não pode é colocar toda a iluminação da casa
em um só circuito e incluir tomadas junto a este. Do mesmo modo que não pode ser
todas as tomadas da casa em um só circuito e incluir alguma iluminação junto a este.
Considerar que a divisão do circuitos, além de atender o quesito segurança, deve ser
feita de modo a facilitar uma manutenção.

Inclua circuitos de reservas para garantir uma eventual possibilidade de ampliação.


O número reservas depende da quantidade de circuitos efetivamente utilizados,
conforme abaixo:
 Até 6 circuitos: 2 reservas

 De 7 a 12 circuitos: 3 reservas
 De 13 a 30 circuitos: 4 reservas
 Acima de 30 circuitos: 15% do total de circuitos.
Estas reservas devem estar previstas no número de elementos físicos do quadro de
distribuição. Portanto seu quadro deve ter elementos para atender todos os circuitos
em uso somados com as reservas.

Lembre-se ainda, os circuitos devem ser numerados sequencialmente (a partir do 1),


reiniciando a numeração em cada quadro de distribuição que tiver no mesmo
projeto.

8. Distribuir tomadas e luminárias nos ambientes


Sabendo das quantidades de pontos, as respectivas cargas e divisão dos circuitos,
pode começar a inserir em todo seu projeto as simbologias elétricas de iluminação
e pontos de tomadas.
Esquema de distribuição de iluminação/tomadas (simbologia em verde).

Atualmente* não existe mais no Brasil uma norma vigente de símbolos para projetos
elétricos. Era utilizada é a NBR 5444, que carecia de atualização, mas acabou sendo
abandonada.
A ABNT acabou deixando como sugestão normas internacionais que não tem
tradução para nossa língua (IEC 60617 e 60417), o que acabou não sendo bem aceito
no mercado. O fato é que se trata de mera sugestão.

Apesar disso a simbologia da NBR 5444 acabou se consolidando no mercado, com


alguns complementos que as vezes acabam sendo sugeridos em bibliografias sobre
o assunto. Portanto, como referência use estas simbologias da norma cancelada. Para
itens que não encontrar na norma você pode criar o seu, desde que especifique-o na
legenda.
Ao distribuir os pontos de elétrica, considerar que todo ponto de iluminação deve
incluir sua potência comando e circuito. Tomadas devem indicar o circuito e carga,
sendo que as simples de 100va podem ser omitidas e inserida uma nota de projeto
"Tomadas não cotadas são de 100va".
Os comandos de luminárias devem ser devidamente replicados no interruptor que a
aciona, feito pela indicação de letra iniciando do ‘a’ e seguindo sequencialmente o
alfabeto.

* Atualmente refere-se a publicação inicial deste artigo (Out/2019)

9. Localizar quadro de distribuição


O quadro de distribuição de luz e força (Q.D.L.F ou Q.D.), por questões de economia
deve ser colocado mais próximo do ponto onde se concentra a maior carga do
projeto.

Nem sempre é possível instalar no ponto exato de maior carga, pois deve-se
considerar também a intervenção na arquitetura e a facilidade de acesso ao quadro.

Para projetos com mais de um pavimento, coloque um quadro em cada pavimento.


Residências com edícula que sejam alimentadas por um mesmo medidor, também
devem ter quadro separado para a edícula.

10. Traçar eletrodutos e fiações


A partir do quadro de distribuição, já com os pontos de luminárias e tomadas, trace
as tubulações fazendo as ligações para os circuitos.

Esquema de eletrodutos (azul) e fiação (vermelho) ligando aos pontos de tomadas.

Não existe uma regra exata de ordem para este traçado. Neste estágio você já deve
saber os circuitos de cada tomada e luminária incluida no projeto, então comece por
cada ambiente ligando tubulações para tomadas, luminárias e interruptores, insira
também as fiações indicando nelas o circuito. Posteriormente faça a ligação dos
circuitos até o quadro de distribuição.

No projeto feito em CAD você pode desenhar linhas, arcos e polilinhas para
representar as tubulações/eletrodutos.

A fiação deve ser inserida em cima do eletroduto. Em casos onde não houver espaço
no desenho, pode-se indicar uma linha guia com as fiações, indicando o eletroduto.

Uma informação importante relativa as fiações, a NBR 5410 exige que todos os
circuitos devem possuir aterramento (fio terra).

Outra questão diz respeito ao número de fios dentro de cada eletroduto. Como
sugestão, para circuitos compostos de fase+neutro+terra, em um eletroduto de até
25mm procure não exceder três circuitos (9 fios) de #2,5mm². Para eletrodutos de
diâmetro 20mm, até dois circuitos de #2,5mm² (6 fios).

Estes diâmetros de eletrodutos e numeros de fios sugeridos no paragrafo


acima, não devem ser encarados como limite. Pode-se usar diâmetros maiores,
desde que dimensionados. A sugestão acima é uma pratica que costuma resolver
casos usuais.
Dimensione casos especiais com muitos cabos (veja o item sobre dimensionar
eletrodutos), conforme desenvolve o projeto.
11. Localizar o medidor de energia (padrão)
Esta parte é super simples e não necessariamente precisa ser feita neste passo (11).
Apenas posicione o medidor no limite do lote (no muro normalmente) e ligue um
eletroduto até chegar no quadro de distribuição. Caso se trate de uma ligação aérea,
você pode diferenciar a representação para indicar que não se trata de um eletroduto
mas de uma fiação aérea.

Entradas subterrâneas também devem ser indicadas com representação específica


(normalmente tracejado).

12. Quadro de cargas e dimensionamentos


Nesta fase da elaboração do quadro de cargas é onde você vai iniciar o
dimensionamento dos circuitos, da alimentação (medidores) e o balanceamento de
cargas (que se aplica em bifásico e trifásico).

O quadro de cargas elétricas deve ter incluir os calculos por circuitos.

A tabela do quadro de cargas, deve indicar itens como:

 Quantidades de lâmpadas/tomadas por circuito e as respectivas


cargas;
 Carga total de cada circuito;
 Secção das fiações em cada circuito;
 Disjuntores termomagnético (DTM);
 Dispositivos diferencial residual (DR);
 Fases de cada circuito (Confira a planilha de
balanceamento no material de apoio);
 Descrição e identificação do circuito (incluindo tipo de uso);
 Proteção geral do quadro (DTM e cabos de alimentação);
 O quadro de cargas também pode constar observações que o
projetista considerar importante.

Se você optou por fazer seu projeto no CAD com o uso do plugin de elétrica
AditivoCAD, o quadro é gerado automático. Caso contrário, você pode facilitar as
coisas elaborando uma planilha Excel para calcular valores como somatórias de
cargas por circuitos.
Nesta mesma fase de projeto você vai estabelecer finalmente o medidor (dimensões
de cabos, disjuntor etc.). Alguns projetistas também fazem esta escolha na fase inicial
do projeto, assim que se tem a previsão de cargas, o único problema de fazer na fase
inicial é se houver grandes alterações no decorrer do projeto você acaba tendo que
refazer.

Importante:
Não esqueça de colocar o DR nos circuitos que precisam te-lo.

O Dispositivo residual diferencial (ou DR) é a proteção de circuitos necessária de


áreas molhadas (cozinhas, banheiros, lavanderia) e áreas áreas externas.

O DR deve ter a mesma amperagem do DTM (Disjuntor Termo Magnético), quando


não tiver a mesma amperagem usa-se a primeira acima do DTM adotado. Em casos
de circuitos mistos, como um exemplo de um quarto suíte e as TUG do banheiro
junto com este, obviamente odo o circuito deve ser protegido com o DR.

13. Diagrama Unifilar


Este item permite entender a distribuição de circuitos e características básicas do
mesmo, tais como fases, uso de aterramento etc.

O diagrama representa graficamente componentes que são exibidos em texto no


quadro de cargas. A elaboração do Unifilar, é recomendada que seja feita logo após
ter os dados do quadro de cargas.

Diagrama unifilar apresenta divisão e dados de circuitos.

O unifilar deve apresentar pelo menos:

 O esquema geral de entrada com cabos de alimentação;


 Indicações de aterramento de medidores e quadros;
 Disjuntor do medidor;
 Fiação de alimentação;
 Esquema de separação dos circuitos;
 Disjuntores, fiações e proteção de cada circuito;
 Descrição de circuitos;
 Derivações (quando houver mais de um quadro).

No material de apoio você também pode baixar modelos de diagramas para analisar.

14. Dimensionar eletrodutos

Eletrodutos com 3 ou mais fios, a taxa máxima de ocupação é 40%.

Estabelecer o diâmetro de cada tubulação, deve ser feito após ter conhecimento das
bitolas de fiações.

Tubulações que passam vários circuitos precisam ter um diametro capaz de receber
estas fiações. Estes eletrodutos especiais devem ter a indicação no projeto de sua
bitola.

O critério da NBR 5410 estabelece uma taxa de ocupação das fiações dentro desta
tubulação. Nesta taxa, a área do diametro interno do eletroduto pode ter no máximo
os seguintes percentuais de ocupação dos fios: 53% para um condutor; 31% para
dois condutores; 40% para três ou mais condutores.
Uma opção rápida para se estabelecer o diametro do eletroduto é a consulta de
tabela pronta. Confira o material de apoio logo ao final.

15. Legenda de Símbolos


Exemplo de uma legenda simples.

Toda a simbologia utilizada no projeto deve constar em uma legenda.

Considere estes pontos:

 Todos os simbolos devem constar na legenda, por mais óbvios que


sejam;
 Procure seguir um padrão de simbologia, adote a NBR5444. Embora
ela tenha sido descontinuada, tem as convenções mais utilizadas;
 Você pode complementar simbologias não existentes criando os
proprios itens, isto é permitido desde que conste o simbolo e a
descrição na legenda;
 Evite alterar simbolos que já são conhecidamente utilizados (como os
da nbr). Utilizar itens já conhecidos facilita a leitura de seu projeto;
 No caso específico do projeto feito em CAD puro, a recomendação é
que tenha uma legenda pré-definida, então finalizado o projeto insira
a legenda e remova os itens não utilizados;

No conteúdo de download ao final, no item de blocos tem modelos de legendas


prontas :-)

Caso esteja utilizando o plugin AditivoCAD, a legenda é gerada automaticamente de


acordo com o projeto.

16. Lista de materiais elétricos


Há casos específicos onde a listagem pode ser feita por um orçamentista juntamente
com demais materiais da obra. Se não for este seu caso, entregar a lista é o mais
correto.

Para começar a lista, crie uma tabela e quantifique todos os pontos de tomadas,
interruptores, interfones, campainhas, caixas de passagem, luminárias, quadro de
distribuição e demais itens de símbolos na planta baixa.
Para tubulações e fiações, é preciso medir o trecho percorrido (comprimento)
considerando subidas/descidas, por exemplo, de pontos em teto e parede (exemplo
luminária no teto e interruptor/tomada na parede). Esta medição pode ser feita no
CAD mesmo, medindo a distância entre os dois pontos e acrescentando descida (a
descida é a altura do pé direito diminuida da altura do ponto na parede em relação
ao piso).
Medidas as distancias, anote-as no próprio projeto ou um rascunho, separe por
diâmetro dos eletrodutos, acrescente uma margem de segurança (sugerida 10%) e
salve as quantidades em uma planilha ou tabela no CAD mesmo.

Para as fiações, tendo em mãos estes trechos das tubulações, verifique as fiações que
passam dentro deste eletroduto e veja no quadro de cargas ou unifilar a bitola da
mesma para relaciona-la na sua lista de materiais, então acrescente uma margem de
segurança (sugerida 10%).

Outros itens que devem ser lembrados na lista de materiais, pois não tem
representação gráfica na planta baixa elétrica, é o disjuntor termomagnético (DTM)
e Dispositivo DR.

Fios precisam ser identificados no projeto quanto ao tipo (fase, neutro, terra). Esta
identificação é feita normalmente pela cor, e neste caso a norma indica um padrão
de cores para fiação elétrica. Faça a lista destes fios seguindo este padrão de cores:
 Neutro: Azul claro;
 Proteção (fio terra): Verde (ou verde e amarelo);
 Fase: Vermelho, preto ou marrom;

17. Material de apoio para elaborar projetos elétricos


Separei alguns links de conteúdo gratuito que você pode baixar aqui no site:

 Manual instalações elétricas PDF


 NBR 5410 - Guia PDF
 Modelos de memorial descritivo (inclui de elétrica)
 Manual folhas de desenho técnico (formatos, montagem e dobragem)
 Planilha previsão de cargas
 Planilha balanceamento de cargas
 Planilha dimensionamento de cabos e fios
 Planilha cálculo de demanda
 Planilha dimensionamento de eletrodutos
 Blocos elétricos Dwg (simbolos, modelos prontos etc.)
 Modelo de projeto elétrico simples (72m²)
 Modelo de projeto elétrico residencial (206m²)

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