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PRAXEIS APOSTOLWN
Por Marcos Alexandre R. G. Faria
“Este livro nos mostra o impacto que uma comunidade pode causar quando vive e age no poder do
Espírito Santo.” (Guilhermino Cunha)
“Graças a Deus por Atos dos Apóstolos! O Novo Testamento seria imensamente mais pobre sem ele.
Recebemos quatro relatos sobre a vida de Jesus, mas apenjas um sobre a igreja primitiva. Atos,
portanto, ocupa um espaço indispensável na Bíblia.” (John R. W. Stott)
“Vivei neste livro, eu vos exorto; ele é um tônico, o maior tônico que conheço no domínio do Espírito.”
(Martin Lloyd-Jones)
SUMÁRIO
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS................................................................................................................................2
1.1 A questão da historiografia lucana .........................................................................................................................2
1.2 A posição de Atos no cânon...................................................................................................................................4
2 AUTOR ......................................................................................................................................................................4
3 DATA E LOCAL/OCASIÃO ......................................................................................................................................5
Final de Atos (data) ......................................................................................................................................................5
4 PROPÓSITO E DESTINATÁRIOS ...........................................................................................................................7
Destinatário: (Teófilo) ...................................................................................................................................................9
5 CARACTERÍSTICAS E TEMAS .............................................................................................................................10
5.1 A UNIVERSALIDADE DA IGREJA.......................................................................................................................10
5.2 CONTEÚDO DA PREGAÇÃO..............................................................................................................................10
A pregação Apostólica - 9 palestras de Pedro e 9 de Paulo......................................................................................10
5.3 A COMUNHÃO FRATERNAL ..............................................................................................................................11
5.4 O CULTO..............................................................................................................................................................11
5.5 A ORAÇÃO...........................................................................................................................................................11
5.6 OS MINISTÉRIOS ESPECIAIS ............................................................................................................................11
6 ESTRUTURA DE ATOS .........................................................................................................................................12
7 POLÊMICAS E DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO EM ATOS ....................................................................13
7.1 UM “PROBLEMA HERMENÊUTICO” ..................................................................................................................13
7.2 INFORMATIVO OU TAMBÉM NORMATIVO?.....................................................................................................14
7.3 O ESPÍRITO SANTO EM ATOS ..........................................................................................................................14
7.3.1 Trabalhando os Termos Gregos........................................................................................................................15
7.3.2 Alguns Aspectos da Ação do Espírito Santo em Atos ......................................................................................15
8 ESBOÇO DE ATOS ................................................................................................................................................16
9 APÊNDICES............................................................................................................................................................17
A. ASPECTOS GEOGRÁFICOS E BIOGRÁFICOS EM ATOS .................................................................................17
B. UMA VISÃO DA PESSOA E OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM ATOS................................................................19
C. O BATISMO “EM NOME DE JESUS” NO LIVRO DE ATOS – Dr. Alderi S. Matos ..............................................22
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 2
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Há um equívoco em uma leitura apressada de Lucas em pensar que sua intenção era escrever
um tratado histórico bem embasado e coerente. Sendo assim a obra de Lucas passa a ser considerada
tão somente como obra histórica e Lucas apenas um mero historiador, como podemos observar na obra
de Adolf Harnack, que chama Atos de “essa grande obra histórica”1. Cremos no entanto, que uma
leitura mais apurada do que vem a ser o "Evangelho", não pode ser reduzida a fatos históricos apenas.
Portanto, o objetivo de Lucas não era simplesmente "compilar" e ordenar dados históricos como o faria
um cronista. Lucas não era apenas um historiador; tinha mente de teólogo. Por tal motivo, não se
propõe a escrever história, senão trazer às claras o significado da história.2
Lucas escreve este evangelho, não impelido pelo embaraço da volta iminente de Jesus, mas
pela suprema confiança do avanço inevitável e bem sucedido do evangelho inaugurado por Jesus, “O
Senhor” (título que Lucas gosta muito) 3. A história em Lucas é a história da redenção, a história do
redentor, a história do "Senhor" soberano que a escreve.
1
Adolf Harnack, The Acts of the Apostles (Londres: Williams & Norgate, 1909), p. 121,146.
2
José Martínez, Hermeneutica Biblica (Terrassa: Barcelona: Libros Clie, 1987, p. 391. Para uma abordagem sobre a história no
Novo Testamento, consulte Oscar Culmann, Cristo e o Tempo (Sâo Paulo: Editora Custom, 2003), p. 55-88.
3
Só em Lucas, a palavra "Senhor" aparece 83 vezes.
4
Este texto está baseado no artigo de Nicholas M. van Ommeren, Was Luke an Accurate Historian? (Lucas foi um preciso
historiador?). Bibliotheca Sacra, January-March, 1991, pg 57-71.
5
Sobre essa sua posição, veja em português seu livro: Rudolf Bultmann: Jesus Cristo e Mitologia (São Paulo: Editora Novo
Século Ltda, 2000).
6
Veja em português, I. Howard Marshall, Atos: Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão).
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 3
Apesar da grande influência que essa escola exerceu7, o erudito teólogo inglês, representante da
ortodoxia, Lightfoot, demonstrou claramente o quão fraca e destituída de bases sólidas era a proposta
da Escola de Tübingen, provando a historicidade de Lucas e Atos e a confiabilidade nos escritos de
Lucas. "Por causa do trabalho de Lightfoot, as idéias da Escola de Tübingen nunca ganharam
supremacia na erudição bíblica inglesa" 8. Ao lado de Lightfoot, trabalhando essas mesmas questões,
temos outro grande representante inglês da ortodoxia: F. F. Bruce 9. Além destes, podemos ainda citar
como grandes defensores da acuidade histórica de Lucas, Sir William Ramsay10 e A. N. Sherwin-
Whte11, conforme citados por J. Stott12.
Ommeren termina seu artigo falando-nos sobre as visões da historiografia. Esses eruditos não
ortodoxos, afirmam ou se baseiam no pressuposto de que a historiografia de Lucas (ou um paulinista)
pode ser análoga a historiografia moderna, se a leitura que fazem é da perspectiva da "nova
hermenêutica", onde se dá maior valor ao texto em si do que ao seu autor, isto é, o texto é objeto
passivo de análise, enquanto o autor é sujeito ativo no processo. Desta forma não se analisa o fato em
si, pois o mesmo não é confiável. O que se analisa é a redação do autor, que modificou os fatos
relatando-os segundo os seus propósitos.
A crítica que se faz a essa posição é que Lucas ao escrever sua obra, se valeu da historiografia
de seu tempo, que não é análoga a historiografia moderna. "É melhor comparar o historiador Lucas com
os historiadores de seu tempo do que julgá-lo a partir de padrões da moderna ciência histórica"13.
Ommeren nos diz que é notório que nos escritos de seus dois livros, Lucas usou um padrão
literário aceito no seu tempo14. O objetivo de Lucas era escrever uma história de acordo com os padrões
de seu tempo. Seu objetivo era construir um relato histórico confiável, conforme podemos depreender
dos quatro primeiros versos do cap. 1 de Lucas. Podemos notar que Lucas tinha todo um interesse na
infalibilidade dos fatos que estava relatando.
Nosso autor ainda nos chama a atenção, de que a historiografia de Lucas não deveria ser
comparada apenas com a historiografia de seu tempo, mas principalmente com a do Antigo
Testamento, onde vemos Deus guiando a história (História da Salvação). Assim, à luz do AT podemos
ver Lucas indicando em seu livro, como Deus tem um plano e que Ele intervém diretamente na história
através de Seus atos a fim de cumprir Seu plano eterno.
Citando Marshall e van Unnik, Ommeren nos chama a atenção ainda para o fato de que Lucas e
outros escritores dos Evangelhos, além de terem sido historiadores, foram antes de tudo, evangelistas.
Eles escreveram de tal forma que seus ouvintes e leitores aceitassem a Jesus Cristo como seu
Salvador15.
Sobre a relação entre história e fé, Martínez16 cita Käsemmann que nos diz:
A história de Jesus é constitutiva para a fé, e o é pelo fato da revelação ter lugar uma vez por todas na
história terrena, em uma pessoa concreta no tempo e no espaço. A ação de Deus na história precede a fé.
O kerygma pascoal inclui o testemunho de que Deus, no Jesus da história, já tem atuado antes que a fé
existisse. O Senhor glorificado não é outro que o Jesus encarnado, crucificado e ressuscitado. Fuchs não
conclui de forma diferente quando sustém que ´o chamado Cristo da fé não é, na realidade, outro que o
Jesus histórico´”.
7
Veja sobre esse debate, a tese de doutorado do Dr. Roberto Alves de Souza, A comparative study of Paul in Acts and in the
pauline epistles (Southern Baptist Theological Seminary, 1977).
8
Nicholas M. van Ommeren, Was Luke an Accurate Historian?, 65.
9
Seu clássico sobre o assunto é The History of New Testament Study. Sobre o mesmo assunto, em português temos Merece
Confiança o Novo Testamento? (São Paulo: Vida Nova, 1960).
10
Sir William Ramsay, St. Paul the Traveller and the Roman Citizen (Hodder & Stoughton, 1895).
11
A. N. Sherwin-White, Roman Society and Roman Law in the New Testament (Oxford University Press, 1963; Baker, 1978).
12
J. Stott, A Mensagem de Atos (São Paulo: ABU, 1994), p. 22.
13
Nicholas M. van Ommeren, Was Luke an Accurate Historian?, 69-70.
14
"Herdou Lucas as altas tradições da historiografia grega e teve acesso a várias fontes excelentes de informação quanto aos
eventos de que trata, além de haver testemunhado não poucos fatos que narra." F. F. Bruce, Merece Confiança o Novo
Testamento? (São Paulo: Vida Nova, 1960), 106.
15
Nicholas M. van Ommeren, Was Luke an Accurate Historian?, 71.
16
José M. Martínez, Hermeneutica Biblica (Terrassa-Barcelona, CLIE, 1987), 362.
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 4
O livro de Atos se distingue por sua singularidade. O cânon do Novo testamento contém quatro
evangelhos e vinte e uma cartas ou epístolas; mas apenas em uma obra temos a narração dos inícios
históricos e do desenvolvimento da Igreja com suas tremendas implicações sociológicas e religiosas.
Atos constitui um elo único entre os evangelhos e o restante dos escritos do Novo Testamento, sendo
uma ponte entre os dias do ministério terreno de Jesus e a época da Igreja a partir do Pentecostes;
entre os ensinamentos do Mestre e o culto e testemunho das primeiras comunidades cristãs. Por tais
motivos este livro nos ajuda a entender algumas epístolas de Paulo e iluminam o fundo histórico das
restantes.17
2 AUTOR
17
José M. Martínez, Hermeneutica Biblica (Terrassa:Barcelona: Libros CLIE, 1987), p. 466.
18
Rafael Aguirre Monasterio e Antonio Rodríguez Carmona, Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos (São Paulo: Ed. Ave-
Maria, 2000), p. 331-2.
19
Idem, p. 332.
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3 DATA E LOCAL/OCASIÃO
Existem três datas sugeridas para o livro de Atos: antes de 70 d.C.; de 80 a 85 d.C. e de 105 a
130 d.C.. As duas datas mais recentes baseiam-se parcialmente nas teorias que não acham provável
que Lucas seja o autor de Atos, e obtém informações sobre os revolucionários Teudas e Judas (5.36,
37) extraídas dos escritos do historiador judaico Josefo (Antigüidades 18.4-10 e 20.97-98), divulgados
na segunda metade do primeiro século. Mas o Teudas mencionado no livro de Atos pode ter sido
apenas um dos muitos revolucionários que se manifestaram, por ocasião da morte de Herodes o
Grande, e não o Teudas mencionado por Josefo. O conhecimento que Lucas tinha de Judas não foi,
necessariamente, derivado de Josefo da mesma forma que o de Josefo pode não ter sido derivado de
Lucas. Alguns têm utilizado como argumento a opinião de que Lucas utilizou o registro feito por Josefo
da morte do rei Herodes Agripa I, ocorrido em 44 d.C. (12.19-22), uma vez que ambos utilizam palavras
semelhantes na descrição do evento. Os dois relatos, entretanto, diferem consideravelmente.
A opinião de que Lucas e Atos foram escritos antes da destruição de Jerusalém, ocorrida em 70
d.C., é baseado nas seguintes considerações: Primeiro, o capítulo 28 se encerra com a prisão domiciliar
de Paulo. Enquanto aguardava sua apresentação à César ele tinha liberdade de pregar àqueles que o
procuravam. Isso teria que ter acontecido antes de 64 d.C., que é o ano que marca o grande incêndio
de Roma, cuja culpa foi colocada nos cristãos pelo imperador Nero. Em segundo lugar, o livro de Atos
não menciona a morte de Paulo, que parece iminente em 2Tm 4 e que ocorreu em torno do ano 68 d.C..
Em terceiro lugar, próximo do final de Atos, Lucas apresenta o governo romano como benevolente para
com o cristianismo. Essa atitude mudou depois do ano 64 d.C.. Em quarto lugar, parte do vocabulário
utilizado aponta para uma data mais antiga. Este vocabulário inclui: “discípulo”; “o primeiro dia da
semana” (mais tarde tornou-se “o Dia do Senhor”, Ap 1.10); uma referência ao “povo de Israel” em 4.27
(um termo que, mais tarde, compreenderia tanto os judeus como os gentios; Tt 2.14); o título mais
antigo “Filho do Homem” (7.56); bem como a linguagem utilizada na descrição de detalhes geográficos
e políticos.
Tanto Lucas 1.3 quanto Atos 1.1 são dirigidos a Teófilo. Ele pode ter sido aquele que dava
suporte, proteção ou um benfeitor de Lucas. Certamente era um gentio que havia recebido instrução
cristã (Lc 1.4). Como aquele que dava suporte à Lucas, Teófilo teria providenciado o sustento
necessário à pesquisa e escrita dos dois livros. Como comparação, sabemos que o historiador Josefo
teve como patrocinadores os generais Vespasiano e Tito além de outros benfeitores, como por
exemplo, certo Epafrodito, a quem ele dedicou o seu livro Contra Ápio.
Lucas coletou o material de sua própria experiência e de fontes semíticas de dentro e fora da
Palestina. Ele menciona o nome de várias pessoas que possivelmente o auxiliaram (16.11; 20.4). É
provável que chegou a entrevistar a Maria, mãe de Jesus, e a várias outras “testemunhas oculares e
ministros da palavra” (Lc 1.2). (Bíblia de Genebra).
Embora não seja possível determinar de forma precisa o local da escrita, temos algumas
possibilidades: Roma, levando em consideração o “nós”. Éfeso, Antioquia, Acaia, ou Ásia Menor são
possibilidades não descartadas.
Quanto ao local, a tradição antiga fala da Acaia (conforme vimos acima no prólogo
Antimarcionita) e Beócia (São Jerônimo). A análise interna aponta para um contexto helenista, fora da
Palestina, cuja geografia, por outra parte, o autor parece desconhecer20.
As datas limites seriam 62, data do relato com que termina o livro dos Atos dos Apóstolos e 150,
data aproximada do Cânon Muratoriano e dos primeiros testemunhos sobre Lucas-Atos. Dentro dessas
20
Rafael Aguirre Monasterio e Antonio Rodríguez Carmona, op. cit, p. 335.
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datas, na atualidade, seguem-se propondo todas as possibilidades, embora a amioria dos exegetas
situe a dupla obra no decênio 80-90, primeiro Lucas e depois Atos dos Apóstolos.21
Pela sua atualidade, e a título de pesquisa, abaixo transcrevo o parecer dos dois grandes
eruditos espanhóis da área do Novo Testamento: Rafael Aguirre Monasterio e Antonio Rodríguez
Carmona, sobre as recentes pesquisas sobre a data de Lucas-Atos22:
Até o século XVIII, Lucas-Atos foi situado na primeira geração cristã, entre o ano de 63 e uma data
imediata à sua morte, o ano de 67, certamente antes do ano de 70. A primeira data, que se deduz do final
de Atos dos Apóstolos e de 2 Timóteo 4.11, é sugerida por Eusébio (HE II 22) e São Jerônimo a confirma
(De viris ill., 7). Por sua parte, Irineu (Adv. Haer.,III 1,1) e o Prólogo antimarcionita situam essas duas
obras depois da morte de Paulo, sendo este o ponto de vista mais difundido na antiguidade. Atualmente,
esse ponto de vista é minoritário, junto com o que propõe uma data no século II. O final de Atos dos
Apóstolos, que fala de Paulo no cárcere em que permaneceu por dois anos, que nos situa nos anos de
62/63, foi a razão pela qual, a partir do século IV com Eusébio, até recentemente, fosse situada a dupla
obra nos anos 60-63 (cf. no século XX A. Harnack, M. Michaelis, B. Reicke, J. A. T. Robinson, e nos
setores católicos J. Cambier, L. Cerfaux, M. Meinertz e outros). Mas, a maioria dos exegetas acredita que
esse dado é redacional-teológico, por isso, não se pode deduzir nada dele. À objeção de que Lucas supõe
a destruição de Jerusalém, os autores que defendem a data antecipada, respondem como C. H. Dodd que
Lucas 21.20 não alude à destruição de Jerusalém realizada por tito, mas à de Nabucodonosor, já que é
um texto profético que emprega a linguagem do Antigo Testamento. Pode ser que seja assim, mas isso
não exclui de per si o fato da destruição de Tito, e por outra parte as pistas que aludem à guerra contra
Roma não se limitam a 21.20, pois, aparecem em outros lugares como 21.8s. J. A. T. Robinson deduz do
silêncio explícito sobre a destruição de Jerusalém em todo o Novo Testamento que tudo foi escrito antes
de 70, mas, a dedução não é correta, já que existem dados que implicitamente supõem a destruição,
como o fato de que Jerusalém e o judeu-cristianismo tinham deixado de ser o centro sociológico do
cristianismo. Os defensores da data no século II costumam fundamentar-se em diversas razões. A Escola
de Tübingen, no século passado, baseou-se em reconstrução arbitrária da história da Igreja primitiva.
Atualmente, J. C. O´Neill afirma que há relações entre Atos dos Apóstolos e Justino, por isso situa Atos
entre os anos de 115-130, mas esta relação não foi aceita pela maioria.
21
Idem, p. 334.
22
Idem, p. 335.
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 7
4 PROPÓSITO E DESTINATÁRIOS
Como já vimos no item 1, Lucas não escreveu Atos para tentar resolver um problema entre
Paulo e Pedro/Tiago23, seu trabalho também não apresenta evidências internas de que a ênfase
principal é apologética (defesa da fé)24, e por fim, sua obra também não tinha intenção nenhuma em
ser um tratado histórico. Gordon Fee25 assevera que “a história da igreja por si só simplesmente não era
a razão de Lucas ter escrito” Atos. John Stott também afirma: “relatar a história não pode ter sido o
único propósito de Lucas, pois a história que ele apresenta é seletiva e incompleta.”26 Nesta mesma
linha, François Bavon27 afirma: “Todavia, a destinação do livro dos Atos para as nações mostra que
Lucas, diversamente dos historiadores judeus, visa a uma outra meta, além da descrição e elogio de um
povo privilegiado.” Sendo assim, qual foi o real propósito em Lucas escrever sua obra?
Não podemos deixar de considerar o livro de Atos como sendo parte de uma única obra
inicialmente planejada: Lucas-Atos. A obra completa circulou junta até que no final do primeiro século
os quatro evangelhos foram reunidos formando o que se passou a denominar “O Evangelho”. Desta
forma Lucas ficou dividido e a sua segunda parte (Atos) se conservou independente da obra anterior.
Na própria narrativa de Lucas podemos notar esta unidade entre Lucas-Atos. Primeiramente
notemos as introduções de ambos os livros:
Lucas Atos
ARA* 1:1 Visto que muitos houve que empreenderam uma ARA 1:1 Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas
narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar
2 conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram
deles testemunhas oculares e ministros da palavra,
3 igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito,
excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem,
4 para que tenhas plena certeza das verdades em que
foste instruído.
*ARA = Almeida Revista e Atualizada
Observem na expressão “o primeiro livro” (At 1.1) – como o próprio autor o denomina – se expõe
“todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar” durante seu ministério público. Em sua
“segunda obra” (Atos), narra o que Jesus, ainda que fisicamente ausente, continua fazendo e ensinando
mediante o Espírito Santo por meio do ministério apostólico.
Notamos portanto, um propósito em mostrar a continuidade do ministério terreno de Jesus por
meio da sua igreja. Lucas deixa claro que a cruz não foi capaz de parar o desenvolvimento do
cristianismo, visto que, Cristo não morreu, mas ressuscitou. Lucas termina seu evangelho, não com a
morte e ressurreição de Jesus, mas nos mostra que ele ressuscitou e foi elevado aos céus e portanto
vivo está. O livro de Atos inicia da mesma forma, mostrando Cristo vivo depois de sua crucificação, se
despedindo de seus discípulos e sendo elevado aos céus.
Lucas está escrevendo sobre verdades eternas. As “verdades em que fostes instruído” (Lc 1.4) é
uma referência ao Evangelho, que não é outro senão o próprio Jesus (At 4.12; Rm 1.16; 2 Tm 1.8-9). A
revelação destas verdades nos foram dadas no tempo e no espaço, ou seja, na história. Os fatos
históricos, apontados por Lucas em seu relato, tão somente atestam a veracidade do fato (Cristo e sua
Igreja) em si. Sem dúvida Lucas está nos mostrando a origem e o desenvolvimento da Igreja. Mas
Lucas não nos revela todos os detalhes históricos, muito menos todos os atos de Pedro ou Paulo. Os
dados históricos são minuciosamente selecionados por Lucas, assim como as narrativas dos
acontecimentos empreendidos por Pedro e Paulo, que por sua vez também foram dois personagens
23
Confira os importantes paralelos que J. Stott (op. cit., p. 26) traça entre o ministério de Pedro e Paulo, mostrando igualdade e
não rivalidade ou supremacia de um em relação ao outro.
24
Veja abaixo o propósito “apologético-político”.
25
Gordon Fee, Atos, o problema do precedente histórico. Em FEE, Gordon; STUART, Douglas, Entendes o que Lês? (São
Paulo: Vida Nova, 1989), p. 84-5.
26
J. Stott, op. cit., p. 23.
27
François Bavon, Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos. Em Auneau, J., et al., Evangelhos Sinóticos e Atos dos
Apóstolos (São Paulo: Paulinas, 1985), p. 272.
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selecionados por Lucas dentre vários outros que também poderiam ter sido citados mas não o foram.
Temos assim um arranjo histórico que objetiva um fim que ultrapassa a própria intenção historiográfica.
Temos aqui um testemunho da força do evangelho. O texto de At 1.8 pode ser considerado chave para
o entendimento do propósito lucano, ou seja, mostrar a expansão deste evangelho por meio de sua
igreja na força do Espírito Santo. Martinez28, cita W. Barclay que afirma: “o propósito de Lucas foi
expor a quase milagrosa expansão do Evangelho, e conclui seu escrito ao mostrar que o cristianismo já
havia se estabelecido na capital do mundo.”29
Portanto, vemos assim, um Lucas teólogo-evangelista. Howard Marshall, expressa esse
propósito de Lucas em Atos com as seguintes palavras: “O que Atos efetivamente faz é demonstrar
como a salvação que se manifestou em Jesus durante a sua vida terrestre numa área limitada de
terreno e durante um período curto, tornou-se uma realidade para quantidades sempre maiores de
pessoas, e durante um considerável período de tempo. Como resultado disto, Lucas-Atos pode ser
considerado uma obra evangelística que proclama aos seus leitores a salvação.”30 Desta forma
notamos a história em Atos como sendo a “História da Salvação” e não uma mera narração de fatos.31
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Gordon Fee32 esboça o propósitos de Lucas com as
seguintes palavras:
É nossa hipótese, baseada na exegese precedente, que [Lucas] estava querendo demonstrar como a
igreja emergiu como um fenômeno mundial, principalmente gentio, a partir das suas origens como uma
seita de crentes judaicos, baseada em Jerusalém e orientada para Jerusalém, e como o Espírito Santo
foi diretamente responsável por este fenômeno de salvação universal baseada na graça somente. O
tema recorrente de que nada pode impedir este movimento para a frente da igreja no poder do Espírito
Santo nos leva a pensar que Lucas também pretendia que seus leitores fossem ver este como um
modelo para sua existência. E o fato de que Atos está no cânon nos leva a pensar, além disto, que
decerto é assim que a igreja sempre deveria ser – evangelística, alegre, dotada do poder do Espírito
Santo.
Reforçando esta idéia, François Bavon33 afirma que “enquanto Marcos e Mateus compuseram
sua obra para uso das comunidades – e serão respeitadas pelos copistas – Lucas dirige-se sem dúvida
aos cristãos, mas pensa também nos leitores profanos: sua obra apresenta , de início, um caráter
missionário e apologético.” A característica evangelística-missionária-apologética em Atos, se evidencia
também pelos sermões de Pedro e Paulo, que podem ser considerados como verdadeiros “discursos
missionários”34. Negando a intenção proeminentemente histórica de Atos, mas ressaltando seu caráter
apologético e missionário, François Bavon35 afirma:
Sua [de Lucas] intenção, entretanto, conforme o prólogo demonstra, não é unicamente histórica: é também
missionária e apologética. Quer demonstrar a respeitabilidade do “caminho”, isto é, da mensagem cristã e
da Igreja; ilustrar o vigor da missão, asinalando seus sucessos; manifestar o apoio que Deus dispensou a
Jesus e depois às testemunhas; e, mais ainda, proclamar que a vida de Jesus realiza as promessas da
Escritura, revela a afeição de Deus pelo povo e pelas nações desgarrados, oferece uma ocasião de
voltarem-se para o Deus vivo. Todos estes conceitos não são afirmados pelo próprio Lucas; ele faz com
que suas personagens o digam e o sugere pela organização do seu relato. Não inventa seus discursos,
nem os acontecimentos: limitado pela preocupação de historiador, dispõe, entretanto, de um conjunto de
táticas necessárias à sua convicção de cristão, de teólogo e de apologeta.
Notemos abaixo que quanto a um propóstio biográfico, o livro deixa a desejar, enquanto que o
argumento em favor do texto ser também apologético, já possui uma força maior.
28
José Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 468.
29
The Acts of the Apostles, (The Westminster Press, 1955, p. XVIII).
30
I. Howard Marshall, Atos dos Apóstolos (São Paulo: Vida Nova, 1982), p. 18.
31
Confira mais detalhes sobre esta perpectiva em I. Howard Marshall, op. cit., p. 15-20 e J. Stott, op. cit., p. 27-9.
32
Gordon Fee, Atos, o problema do precedente histórico, em FEE, Gordon, STUART, Douglas, Entendes o que Lês? (São
Paulo: Vida Nova, 1989), p. 92-3.
33
François Bavon, Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos. Em Auneau, J., et al., Evangelhos Sinóticos e Atos dos
Apóstolos (São Paulo: Paulinas, 1985), p. 206.
34
Idem, p. 245.
35
Idem, p. 271.
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 9
- Os onze (1.13)
- Os únicos citados no livro:
- Pedro – freqüente até o cap. 10
- João - < freqüência, aparece junto com Pedro
- Tiago – irmão de João – no martírio com Herodes – Cap 12
- Estevão e Filipe – não são apóstolos, mas têm grande papel no livro
- Paulo - toma mais da metade dos capítulos – Cap. 13ss
Destinatário: (Teófilo)
Existem várias hipóteses sobre quem poderia ser Teófilo, aquele para quem as duas obras de
Lucas, Lucas-Atos, foram endereçadas:
- Real ou pseudonímico
- Teo-filo: Literalmente, amigo de Deus.
Designa uma pessoa ou grupo de crentes
- Excelentíssimo: designa pessoa real.
- Quem financiou a cópia de um determinado número de exemplares da obra e favoreceu,
assim, a difusão do livro. Desta forma, gozava de alguma largueza financeira.
John Stott, acredita que Lucas possui também um interesse político-apologético ao situar o
cristianismo em um contexto sócio-político muito bem definido, onde, ao invés de provocar distúrbios
sociais e políticos, tem influenciado a sociedade de forma extremamente saudável. Diante disto, Teófilo
seria a pessoa mais bem indicada como destinatário principal. Desenvolvendo seu argumento, Stott38
assim se expressa:
Apesar de o adjetivo theophiles (“amado por Deus” ou “o que ama Deus”, cf. BAGD39) poder simbolizar
qualquer leitor cristão, é mais provável que seja o nome de uma pessoa específica. E apesar de o adjetivo
kratistos (“excelentíssimo”, Lc 1.3) poder ser apenas “uma forma de tratamento honrosa usada para
pessoas que ocupavam uma posição oficial ou social mais elevada que a do orador” (BAGD), o último uso
parece ser o mais provável, pois ocorre mais tarde em referência aos procuradores, Félix (23.26; 24.3) e
Festo (26.25). Um equivalente moderno seria “Vossa Excelência”.
36
J. Stott, op. cit., p. 23-7.
37
Hipótese defendida por Matthias Schneckenburger, Über den Zweck der Apostelgeschichte (“Sobre o propósito de Atos”),
1841; conf. Citado por J. Stott, op. cit., p. 25.
38
J. Stott, op. cit., p. 23.
39
BAGD = Walter Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (University of
Chicago Press, 1979).
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 10
5 CARACTERÍSTICAS E TEMAS
É precisamente o acontecido na casa de Cornélio (At 10) o que revela o caráter universal que
havia de distinguir a Igreja e a total emancipação que ela haveria de chegar em relação ao judaísmo.40
O Espírito Santo também atinge os gentios (10.44-45). O fato de Deus estar trabalhando com estes
gentios da mesma forma que tratou com os judeus convertidos no dia de Pentecostes significava que
em Cesaréia acabava de iniciar uma autêntica revolução religiosa promovida pelo próprio Deus.41 Deus
também tem dado aos gentios arrependimento para vida (11.18). Exemplo; Pedro - 10.9ss, 28, 34.
Nenhum homem fica excluído da graça do Evangelho por meras razões étnicas.11.1-12, 18.
A salvação não depende de cumprimento de nenhum rito, nem da vinculação de nenhuma forma
institucionalizada de religião, senão da resposta afirmativa na fé no Deus que nos interpela e nos chama
por sua Palavra.
• Pedro - 2
• Estevão - 7
• Pedro ante Cornélio - 10
• Paulo - 13.16ss; 14.15ss; 17.22ss; 20.18ss; 22.1ss; 24.10ss
40
José Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 472.
41
Idem.
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A distribuição dos bens (2.44-47; 4.32-37). Este é uma aspecto impressionante no livro de
Atos. Algo como que sui generis. Não se encontra na história uma experiência de alcance social tão
profundo. A partir da daí pergunta-se se a igreja deveria ter o mesmo comportamento, ou seja, o relato
é informativo apenas ou também normativo? Martínez42 nos responde esta questão: “Que a experiência
comunitária da primeira igreja cristã não teve caráter normativo se depreende da ausência de dados
que confirmem tal prática em tempos posteriores. Quando a igreja mãe se viu mais adiante em apuros
econômicos, a solução na veio de uma ampliação no sistema comunal nos restantes das igrejas locais,
senão de ofertas enviadas a Jerusalém provenientes de diversos lugares (11.27-30; Rm 16.1-4; 2 Co
8.1-4; 9.1ss).”
5.4 O CULTO
Partir do pão se converteu em centro de adoração e testemunho - 2.46,47
Lembremos o contexto de profunda pobreza dos irmãos de Jerusalém.
O batismo também se torna um ato de destaque em Atos (2.38, 41; 8.12; 8.36-38; 9.18; 10.47;
16.15, 33; 18.8; 19.5).
5.5 A ORAÇÃO
A oração também toma uma lugar de destaque em Atos (2.42; 3.1; 4.24ss; 6.6; 7.59, 60; 9.40;
12.5,12; 13.3; 14.23; 16.25; 20.36; 21.5). É muito mais que uma prática piedosa a ser observada em
determinados momentos (3.1). É uma expansão espontânea da fé, uma expressão de gratidão, de
louvor, de comunhão com Deus, ou ainda um clamor em petição e auxílio. Nela a comunidade cristã
encontra uma fonte inesgotável de poder tanto para o mantimento e vitalidade espiritual como para
anunciar ousadamente o Evangelho.
42
Ibid., p. 475.
43
Idéias principais tiradas do texto de de Cone, James H., A Igreja Branca e o Poder negro. Em: Wilmore, Gayraude S., Cone,
James H., Teologia Negra (São Paulo: Paulinas, 1986), p. 135-159.
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6 ESTRUTURA DE ATOS
I - Expansão geográfica:
Jerusalém: 1.1 – 7.60
Judéia/Samaria: 8.1 – 12.25
Confins da Terra: 13.1 – 28.31
II - Pedro e Paulo45
Pedro Cap 1-12
Paulo Cap 13-28
IV – O Crescimento da Igreja
44
José Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 477.
45
Veja no final desta apostila o esboço traçado a partir deste esquema.
46
Esboço sugerido por Gordon Fee, Atos, o problema do precedente histórico, em FEE, Gordon; STUART, Douglas, Entendes
o que Les? (São Paulo: Vida Nova, 1989), p. 83-4.
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Não há dúvidas quanto a autenticidade dos textos narrados em Atos. O que muitas vezes é
questionado é a atualidade destes textos para os dias de hoje. Ou seja, a experiência da comunidade
da igreja primitiva deve continuar reproduzindo-se ainda hoje? O batismo com o Espírito Santo no dia
de Pentecostes tem de repetir-se na experiência individual do crente em particular e da igreja? Os dons
devem ser manifestados da mesma maneira? Estes dons cessaram ou continuam? Desta forma, a
pergunta que fica é se o livro de Atos possui um caráter meramente informativo ou possui também um
valor normativo.
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No século XVII, Johann Albrecht sugeriu para o livro de Atos o título de “Atos do Espírito Santo”.
John Stott52, nos informa que “Albrecht escreveu que o segundo volume da obra de Lucas descreve não
tanto os Atos dos Apóstolos, mas, sim, os Atos do Espírito Santo, assim como o primeiro tatado contém
os Atos de Jesus Cristo. Esse conceito, segundo Stott53, foi popularizado por Arthur T. Pierson (1895).
Stott54, concorda que o Espírito Santo está em evidência em Atos, mas não podemos enfatizar
sua pessoa em detrimento dos apóstolos, que são os instrumentos por meio dos quais o Espírito age.
Sendo assim, Stott55 sugere para o livro de Atos o seguinte título: “As Palavras e obras de Jesus que
Continuam Através de Seu Espírito por Intermédio dos Apóstolos.”
47
Donald Guthrie, New Testament Theology (England: Inter-Varsity Press, 1981), p. 548-9.
48
Op. Cit., p. 86.
49
Op. Cit., p. 91.
50
José Martínez, Hermeneutica Biblica, p. 471.
51
Confira também no Apêndice B desta apostila mais informações sobre o assunto.
52
Op. cit., p. 31.
53
Idem.
54
Ibid., p. 31-2.
55
Ibid, p. 32.
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O ES não ocupa um lugar que não seja o de Jesus - I Co 12.3 Por isso, vos faço compreender
que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode
dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.
NOTEMOS A ORDEM - Não é quem não tem o Espírito Santo que não tem Cristo, É O
INVERSO, quem não tem Cristo não tem o Espírito Santo!!!
56
duvnamiß, (1) É algo capaz de produzir um forte efeito, significando “poder”, “grande força”, “resistência” (At 1.8); O plural
pode ter um significado de poderes dominadores universais ou sobrenaturais (MT 24.29); (2) Pode significar também
capacidade para fazer algo: “habilidade”, “capacidade”, “recurso”, “condições” (2Co 8.3); (3) Possui também p sentido de
habilidade para comunicar por meio da linguagem, “força no argumento” (1Co 14.11); (4) Também pode assumir o sentido de
manifestações sobrenaturais de poderes miraculosos, “prodígios”, (AT 2.4); (5) Assume em alguns casos, o sentido de
“utilidade” e “proveito” de dinheiro e riquezas como fontes (Ap 18.3).
57
evxousiva, “autoridade”, “direito”, “poder” (1) deonta o poder de se tomar decisões, especialmente como possibilidades
ilimitadas de ação, que são próprias de Deus, assumindo o significado de “autoridade” e “poder” (At 1.7); (2) Denonta o poder
de Deus manifesto na natureza, tendo também o significado de “poder”, “autoridade” (Ap 9.10, 19); (3) Pode denotar
autoridade limitada para agir, dado a Satanás em sua esfera de dominação, tendo assim o significado de “poder”, “esfera de
poder”, “dominação” (At 26.18); (4) Poder irrestrito dado ao divino Jesus para exercer sua liberdade de agir de acordo com sua
própria vontade, significando também “poder” e “autoridade” (Jo 10.18); (5) autoridade transmitida à comunidade para que sua
ordem interna seja mantida, significando assim “direito”, “controle” e “autoridade” (2Co 13.10); (6) Diz respeito também àqueles
sobre quem a autoridade para governar repousa, autoridade sobrenatural e humana, especialmente no plural, “oficiais”,
“autoridades”, “dignatários”, “o governo” (Cl 1.16); (7) sibolicamente a autoridade pode vir representada por meio de uma
vestimenta que simboliza o casamento, como a cabeça coberta de uma mulher, é um “símbolo”, “sinal de autoridade” exercida
pelo homem (1Co 11.10).
58
eutovnw" = “estritamente”, “rigorosamente”, “com todo esforço”; “veementemente”, “forçosamente”, “vigorosamente”.
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8 ESBOÇO DE ATOS
além (8.1-12.24)
(10.1-11.18)
5. A igreja em Antioquia da Síria (11.19-30)
6. A perseguição de Herodes Agripa I à Igreja e a sua morte (12.1-24)
9 APÊNDICES
As viagens de Filipe (ver At 6.5) estão registradas em At 8.5-13 e 8.26-40. A grande reação à
sua pregação, em Samaria, fez com que Pedro e João se dirigissem para lá com a finalidade de
ministrar aos novos convertidos. Filipe seguiu a instrução divina de viajar pela estrada que atravessa o
deserto na direção sul, de Jerusalém a Gaza. Pelo caminho, ele batizou o eunuco etíope. Depois desse
incidente, Filipe continuou pregando ao longo da planície costeira que vai de Azoto a Cesaréia.
Pedro e João viajaram até Samaria para se unir a Filipe no reavivamento que ali ocorria (At 8.14-
25). O esforço missionário de Pedro, registrado em Atos 9.32-10.48, demonstra a operação do poder de
Deus. Ele viajou para Lida, onde Enéias foi curado. Em Jope ele restaurou a vida de Dorcas e ali ficou
muitos dias com Simão o curtidor. A visão dos animais e pássaros impuros preparou a Pedro para a
59
João Alves dos Santos, Panorama do NT (São Paulo: CPPGAJ, 2000).
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 18
pronta aceitação do convite de Cornélio para que se dirigisse à Cesaréia, onde o evangelho foi
poderosamente recebido pelos gentios.
iv. Paulo vai à Galácia (A primeira viagem missionária, At 13; 14)
Paulo e Barnabé foram enviados pela igreja de Antioquia (At 13.1-3) e se dirigiram às cidades da
Galácia, na Ásia Menor. As sinagogas judaicas, nessas cidades, providenciaram a Paulo uma
plataforma para a pregação do evangelho. Em certas ocasiões, entretanto, ele encontrou oposição nas
próprias sinagogas.
Iniciando a viagem em Jerusalém, Paulo levou consigo a Silas para visitar mais uma vez as igrejas
da
Galácia. O jovem Timóteo uniu-se a eles em Listra. Juntos partiram para a Macedônia e para Acáia
(atualmente, Grécia). Nessa viagem o carcereiro filipense foi salvo, os de Beréia “pesquisaram
diariamente as escrituras” (At 17.11) e Paulo pregou em Atenas, no Areópago.
vi. Novas visitas à Ásia e à Grécia (A terceira viagem missionária de Paulo, At 18.23-21.16)
Paulo visitou as igrejas da Galácia pela terceira vez e então se estabeleceu em Éfeso por mais
de dois anos. Quando saiu de Éfeso, Paulo viajou mais uma vez à Macedônia e à Acáia (Grécia) onde
permaneceu durante três meses. Ele retornou para a Ásia passando pela Macedônia.
Nessa terceira viagem Paulo escreveu de Éfeso 1 Coríntios e, da Macedônia, 2 Coríntios. De
Corinto ele escreveu a carta aos Romanos.
Em Jerusalém após a sua terceira viagem missionária, Paulo teve um conflito com os judeus que
o acusavam de haver profanado o templo (At 21.26-34). Ele foi colocado sob custódia dos romanos, em
Cesaréia, durante dois anos. Depois de apelar à César, foi enviado de navio a Roma. Depois da partida
da ilha de Creta, o navio de Paulo naufragou na ilha de Malta, por causa de uma grande tempestade.
Três meses depois ele finalmente chegou à cidade imperial.
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Lc 4.1 - E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.
At 11.24 - Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao
Senhor.
É a mesma expressão usada em Lc. 5.12 - aconteceu que, quando estava em uma daquelas
cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto e rogou-lhe,
dizendo: Senhor, se quiseres, bem podes limpar-me. E At 13.10 - filho do diabo, cheio de todo o
engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do
Senhor?
a. INSTANTÂNEO
At 2.1-4 - 2:1 Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2 e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda
a casa em que estavam assentados.
3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles.
4 E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito Santo lhes concedia que falassem.
At 4.31 - E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram
cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.
At 13.9 - Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo e fixando os
olhos nele, disse:
b. UM PROCESSO
At 4.8 - Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo e vós, anciãos de
Israel,
6.5,8 - E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e
do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia;
8 E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
At 13.52 - E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
60
Este é um esboço que está baseado no livro de Caio Fábio D´Araújo Filho, Espírito Santo: O Deus que vive em Nós ( São
José dos Campos-SP: CLC Editora, 1991).
FTBB-NT1-Estudos Introdutórios no Livro de Atos- 1ºSem/2003 – Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria - página 20
• Não podemos criar doutrina em cima do livro de Atos – relata apenas experiências não
padronizadas.
• Não se pode transformar experiências em padrões doutrinários. Ex. a conversão de Saulo.
ARGUMENTOS:
At 2.1-4 - 2:1 Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2 e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda
a casa em que estavam assentados.
3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles.
4 E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito Santo lhes concedia que falassem.
13 E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo
os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
Confr. V. 18,19 - 18 E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era
dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19 dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as
mãos receba o Espírito Santo.
Rm 8.9 - Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus
habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
- Cornélio ainda não era cristão! At 11.14 - o qual te dirá palavras com que te salves, tu
e toda a tua casa.
O Batismo era ATO SEGUNDO – At 10.47 - Respondeu, então, Pedro: Pode alguém,
porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam,
como nós, o Espírito Santo?
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Joel 2.28 - E há de ser que, depois, derramarei o At 2.17 17 E nos últimos dias acontecerá, diz
meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos Deus, que do meu Espírito derramarei sobre
e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos toda a carne; e os vossos filhos e as vossas
terão sonhos, os vossos jovens terão visões. filhas profetizarão, os vossos jovens terão
visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;
Jo 17.2,9 - 2 assim como lhe deste poder sobre 1 Co 12.13 - 13 Pois todos nós fomos batizados
toda carne, para que dê a vida eterna a todos em um Espírito, formando um corpo, quer
quantos lhe deste. judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e
9 Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas todos temos bebido de um Espírito.
por aqueles que me deste, porque são teus.
- O Batismo com o Espírito Santo acontece com “TODOS NÓS” quando recebemos a vida eterna!
- “Toda carne” de Joel não é quantitativo, é qualitativo.
v. Gl. 3.28 - 28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
2. Não se atinge o ápice da espiritualidade aqui. Deve-se estar sempre deixando-se “encher” –
Ef. 5.18 - E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do
Espírito,
I Co 12.13 - Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.
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