1) No texto “a autonomia possível”, Guattari aponta que a autonomia apenas é
possível ser pensada a partir da ruptura com as significações dominantes. A partir do documentário “Absorvendo o Tabu”, é possível pensar a autonomia no grupo? Justifique.
Sim. Na medida que as mulheres do documentário tiveram a oportunidade de
problematizar o tabu da menstruação a partir do acesso ao conhecimento elas puderam tecer rachaduras nas significações dominantes. A formação do grupo, a fabricação dos absorventes possibilitaram aquelas mulheres construírem novas significações sobre seus corpos, ampliarem suas possiblidades de trabalho (antes reduzida ao trabalho doméstico) e almejar outros lugares como a jovem que queria ser policial e sua manifestação do desejo não de se casar. Ao terem a possibilidade de refletirem sobre a menstruação podemos perceber duas rachaduras nas significações dominantes: a compreensão do corpo da mulher e dos lugares sociais que elas podem ocupar. Esse movimento potencializa a autonomia das mulheres do grupo e que ao saírem para divulgar e vender seus produtos puderam compartilhar e levar outras possiblidades paras mulheres da comunidade local. O grupo também possibilitou que alguns homens também problematizassem as significações dominantes.
2) Guattari coloca que acabamos sempre voltando aos três cercos
fundamentais, quando tratamos da questão grupal: o da repressão social, o da segmentariedade dos grupelhos e o sobreinvestimento inconsciente do “ideal de grupo”. Com isso, pensar a autonomia requer combater os aspectos mencionados. O sobreinvestimento inconscientes do ideal de grupo significa as exigências que eles impõem para que as pessoas sejam aceitas. Analise estes três aspectos no documentário refletindo como eles atravessam o funcionamento do grupo.
A repressão social, pode ser visualizada no grupo (aqui a comunidade na qual
aquelas mulheres estão inserida) na visão limitada do corpo da mulher, a visão da menstruação como algo impuro essa repressão não se dá somente no corpo, mas também se configura no lugar social atribuído as essas mulheres. Segmentariedade dos grupelhos: pode ser visualizado de como clara e excludente a divisão entre homens e mulheres. No acesso a informação (os homens sabiam o que era a menstruação e a maioria das mulheres não podiam e não sabiam o que acontecia com elas), também essa segmentação pode ser visualizada na questão do trabalho. Sobreinvestimento inconsciente do ideal do grupo: o casamento como única possiblidade da mulher, o não falar sobre algo que é natural do funcionamento do corpo da mulher, o tabu sobre essa assunto, a submissão as normas de não entrar no templo no período do ciclo menstrual.
3) - Um dos grandes desafios para o trabalho com grupos ou quando se fala de
grupos é conseguir desconstruir a lógica da identidade, da unidade para a da multiplicidade, heterogeneidade. Quais são os atravessadores (composição de forças que dificultam) e quais são as transversalidades (composição de forças que impulsionam) que operam para a construção do grupo sujeito? Compreendo que os alguns dos atravessadores são: a tradição os costumes arraigados e cristalizados. O receio do conflito, do questionamento e da mudança. O hábito, a repressão, o desejo de pertença (o que pode impedir a subjugar as determinações do pensamento geral). Já as transversalidades (forças que impulsionam) compreendo que seja o acesso ao conhecimento, a oportunidade de problematizar o que está posto, acolhida ao conflito, as ideias diferentes, o respeito ao diverso e contraditório, alternâncias das lideranças – lideranças compartilhadas.