Você está na página 1de 6

Leitura / Martín-Baró

valora os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter
histórico do grupo.

!historicidade | caráter histórico


(3) grandes problemas dos modelos utilizados pela psicologia social
a) a parcialidade dos paradigmas predominantes b) a perspectiva individualista c)ahistoricismo
para superar os supracitados segundo Martín :
a} o grupo deve dar conta da realidade social do grupo enquanto tal-ñ redutível as carac. pessoais. b}incluir tanto
os pequenos como os grandes grupos. c} caráter histórico dos grupos humanos.

*3* parâmetros principais para análise do processo grupal:


○ IDENTIDADE DO GRUPO
○ O PODER DE QUE DISPÕE O GRUPO EM SUA RELAÇÃO COM OS DEMAIS GRUPOS
○ A ATIVIDADE GRUPAL E MAIS A SIGNIFICAÇÃO SOCIAL DO QUE PRODUZ ESSA ATIVIDADE GRUPAL

tipos de grupos: primários, funcionais e estruturais


através das dimensões citadas, os *3* parâmetros, Martín faz a diferenciação dos tipos de grupos.

PROCESSO GRUPAL E O PODER SOCIAL

ARTICULAÇÃO PENSADA EM GRUPO( CONSULTAR O artpad ) :

Resumo…
Grupos: um grupo não deve somente ser analisado pela soma de seus indivíduos

> enxergar sua concretitude e especifidade histórica

Identidade grupal: a identidade do grupo é variada, no sentido de que pode ser bem firmada e delimitada ou mais
difusa a depender de outros fatores.

3 principais aspectos que confirmam a identidade de um grupo:


● Formalização organizativa: refere-se ao grau de de estruturação interna de um grupo

● Sua relação com outros grupos: as relações c/ outros grupos definem sua realidade; (grupo >
mediação de uma situação/momento e de uma circunstância histórica.

● A consciência de seus membros: a identidade se reafirma por meio da consciência de seus


membros, assim quanto maior a consciência e a identificação maior será o compromisso das pessoas
com o grupo.

Poder grupal: um dos parâmetros para a compreensão dos grupos é o poder.

Poder não é possuído > é conquistado.

É definido como a desigualdade das relações sociais que se funda na posse diferencial de recursos > quanto
maior a posse de recursos maior é o poder de um grupo na sociedade.

» O poder de um grupo se fundamenta nos diferenciais de recursos produzidos em relações c/ outros grupos.

● Os grupos mais poderosos em determinada sociedade são aqueles que possuem todo tipo de recurso
em quantidade suficiente para produzir diferenciais favoráveis em suas relações com outros grupos.

O poder é um aspecto inerente a toda relação social.

Atividade grupal: a definição do que é um grupo deve incluir o que ele faz ou realiza > sua contribuição para os
membros e para a sociedade em geral.

O grupo é analisado com base no que produz.

» A origem, existência e sobrevivência de um grupo depende da sua capacidade de realizar ações que são
significativas em determinada circunstância e situação histórica.

● Quando um grupo não é capaz de realizar ações significativas tende a desaparecer > os membros se
distanciam ou deixam de participar.

● A atividade é essencial para a coesão do grupo

3 elementos para serem considerados em relação à atividade do grupo

1) o que o grupo faz (qual atv desenvolve, qual finalidade…)

2) Como e quando o grupo atua > com que frequência ou intensidade, se há autonomia ou independência.

3) qual o efeito decorrente da atividade e sobre quem atua


» Um grupo surge quando os interesses de várias pessoas confluem e demandam sua canalização em uma
circunstância histórica concreta
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
TEORIA PARA INTERVENÇÃO GRUPAL

Equipe de facilitação: Giulia Costa, Hélio Soares, Saulo Gonçalo, Raysa Karollyne

Um breve panorama histórico sobre a trajetória de vida de Ignácio Martín-Baró


Ignácio Martín-Baró nasceu em Valladolid, Espanha, no dia 7 de novembro de 1942. Após a conclusão
dos estudos em Filosofia (em 1963 na Colômbia) e Teologia (em 1970 na Bélgica) e o início de sua graduação em
Psicologia (finalizada em 1975 em El Salvador), todos os seus escritos na psicologia expressaram tanto a
preocupação com a realidade dos setores populares - marcada pela desigualdade, injustiça, governos autoritários,
guerra civil e más condições materiais de realizações das aspirações sociais - e os rumos de suas lutas quanto
críticas à Psicologia hegemônica, individualista, positivista e acrítica, trazendo formulações sobre como colocá-la a
serviço dos processos de mudança social (JÚNIOR, 2017).
Foi nas condições mais adversas, que Martín-Baró realizou a maior parte de sua produção acadêmica,
portanto, “longe da tranquilidade e serenidade que se pressupõe em uma vida acadêmica encastelada em seu
próprio fazer, na maioria das vezes distante da realidade concreta” (OLIVEIRA et al., 2014, p. 209)
Por conta de seu envolvimento político e de suas ideias, que se opunham frontalmente às políticas
conservadoras, sofreu várias perseguições. Em 16 de novembro de 1989, foi executado por um esquadrão de elite
do exército de El Salvador nas dependências da Universidad Centroamericana (UCA).

Contextualização sobre as contribuições de Martín-Baró


Suas contribuições partem de um crítica às teorias grupais vigentes até então, marcadas pelo
individualismo, parcialidade paradigmática e a-historicismo. Segundo o autor, elas são limitadas para compreender
a realidade concreta do sindicalismo salvadorenho. Martín-Baró adota o movimento sindical salvadorenho como
ponto de partida de suas análises grupais, pois ele nos obriga a olhar para o mundo das relações trabalhistas de
produção, a refletir sobre grupos de diversos tamanhos, sem presumir que os grupos maiores são reprodução de
pequenos grupos; a olhar para os processos grupais a partir da perspectiva das lutas populares. Ou seja,
possibilita compreender os grupos sem apartá-los da história concreta, das relações de poder e das contradições
do capitalismo.

O grupo humano
Segundo Martín-Baró, uma boa teoria sobre os grupos deve atentar para três condições: a especificidade social,
pois a realidade do grupo não pode ser reduzida às características pessoais de seus membros, deve explicitar o
caráter dialético do grupo; Compreensão estrutural, com a aplicabilidade teórica que possibilite, igualmente, a
compreensibilidade de pequenos quanto de grandes grupos; Historicidade, análise do grupo a partir de sua
realidade concreta, como parte de um processo que o configurou dentro de uma rede de forças e relações
estruturais.

A partir disso, ele define grupo como “uma estrutura de vínculos e relações entre pessoas que canaliza, em cada
circunstância, necessidades individuais e/ou interesses coletivos” (MARTÍN-BARÓ, 2017, p. 210).

Por que processo grupal? Silvia Lane e Martín-Baró pensam o grupo como uma experiência histórica,
constituída em um espaço e tempo, atravessado pelas relações cotidianas, pelo poder. O processo grupal explicita
o caráter de constante construção que atravessa os grupos, tendo em vista suas interconexões estruturais com
processos sociais, econômicos, políticos e, portanto, históricos.

Três dimensões do grupo humano


● Identidade - revela a essência, o que define cada grupo e que o diferencia de qualquer outro. A
identidade de um grupo é muito variável. Há aqueles grupos com uma identidade muito sólida,
historicamente afirmada, mas também grupos cuja identidade é confusa. A identidade é externa (dada na
relação dialética intergrupal), mas também interna (dada pelo grau de consciência que os membros têm
do grupo e o que este representa para eles). Essas duas dimensões estão intrinsecamente relacionadas.
○ Formalização organizativa (institucionalização) - Explicita como o grupo se organiza
internamente, se há divisão de funções, de tarefas e como elas são distribuídas.
○ Relações com outros grupos - o grupo surge na dialética intergrupal produzida historicamente
em cada sociedade. É um fator crucial para o próprio surgimento do grupo e sua afirmação como
tal.
○ Consciência dos membros (pertencimento) - grau de pertencimento subjetivo dos indivíduos ao
grupo. Quanto maior o grau de consciência e identificação, maior o comprometimento das
pessoas com o grupo.
● Poder - não é algo que se possui, ele é inerente a cada relação social. Materialmente, o que se possui
são recursos que permitem ou não a conquista do poder nas relações sociais. Assim, o poder pode ser
definido como “a desigualdade das relações sociais que se funda na posse diferencial de recursos,
permitindo a alguns realizarem e imporem seus interesses pessoais, grupais ou de classe sobre outros”
(MARTÍN-BARÓ, 1984). O que é um grupo, o seu caráter e sua natureza, depende, em boa medida, do
poder de que dispõe em suas relações com outros grupos sociais.
○ Importante: O objeto de estudo de Martín-Baró é definir e delimitar o papel do poder na
determinação da ação humana, mostrar o que há de ideológico nas mais diversas relações
sociais.
○ O poder tende a se ocultar e apresentar-se como algo natural, como um fatalismo “sempre foi
assim…”.
○ Segundo Martín-Baró, o tamanho de um grupo pode ser um de seus recursos mais importantes
nas relações sociais.
○ Características principais: se dá nas relações sociais, assim, tem um caráter de oposição e
conflito; se sustenta na posse diferencial de recursos; produz efeitos sobre as relações, sobre as
pessoas e sobre os mais diversos grupos.
● Atividade do grupo - é aquilo que o grupo faz e realiza, sua contribuição para os membros e sua
contribuição para a sociedade. A atividade é essencial para a coesão do grupo. O autor destaca três
importantes elementos analíticos da atividade grupal: o tipo de atividade desenvolvida e qual sua
finalidade; como tal atividade é realizada, com que frequência e intensidade; qual o efeito daquela
atividade para os membros, sobre outros grupos. Além disso, destaca que quando o grupo não é capaz de
realizar ações valiosas, tende a desaparecer: os membros se distanciam ou deixam de participar
(MARTÍN-BARÓ, 2017, p. 217).

A partir dos parâmetros de análise (identidade, poder e atividade), o autor diferencia três tipos de grupos:
● Grupos primários - desempenham importante papel na satisfação de necessidades básicas de
cada indivíduo, influenciando a construção identitária. Possuem vínculos interpessoais mais fortes.
São formados espontaneamente a partir da atração entre membros, do grau de semelhança entre
eles, da complementaridade de características pessoais. A vinculação a grupos primários é bem
restrita ao longo da vida.
● Grupo funcional - a identidade é construída a partir do papel social que o indivíduo desempenha;
atividade alinha-se à satisfação de necessidades sistêmicas e não apenas pessoais; Referem-se
apenas a aspectos parciais da vida dos membros, o que pode gerar conflito entre os diferentes
papéis. Um grupo funcional pode vir a ser primário, evidenciando o processo grupal.
● Grupo estrutural - a identidade é formada a partir de interesses comuns objetivos; o poder é
desempenhado pelo controle dos meios de produção; a atividade produz a satisfação de
interesses de grupos e classes hegemônicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JÚNIOR, F. L. Colocando a Psicologia contra a ordem: introdução aos escritos de Ignacio Martín-Baró. In:
MARTÍN-BARÓ, I. Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais. Petrópolis: Vozes, 2017.

OLIVEIRA, L. B. et al. Vida e a Obra de Ignácio Martín-Baró e o Paradigma da Libertação. Revista


Latinoamericana de Psicología Social Ignacio Martín-Baró, v. 3, n. 1, p. 205-230, 2014.

MARTINS, S. T. F.. Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicologia & Sociedade, v. 15, p.
201-217, 2003.

Você também pode gostar