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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

Curso de Licenciatura em Anatomia Patológica

Trabalho de fim de curso

Tema de Pesquisa:
Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da
cabeça e pescoço diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital
Central de Maputo de 2010 à 2015.

Autor:
Heitor Da Conceição Zeca Sande
Código: TFCAPHS01/16CIBS

Maputo, Abril de 2017


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

Curso de Licenciatura em Anatomia Patológica

Tema de Pesquisa

Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e


pescoço diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de
Maputo de 2010 à 2015.

Trabalho de fim de curso apresentado ao


Instituto Superior de Ciências de Saúde –
ISCISA, para obtenção do grau de
Licenciatura em Anatomia Patológica.

Autor: Supervisor:
Heitor Da Conceição Zeca Sande Dr. Leonel Fidalgo Monjane

Maputo, Abril de 2017

ii
DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Heitor Da Conceição Zeca Sande, declaro para os devidos fins que o trabalho, ora
apresentado como requisito para conclusão do curso de Licenciatura em Anatomia
Patológica, "intitulado Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células
escamosas da cabeça e pescoço diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do
Hospital Central de Maputo de 2010 à 2015 ", é da minha autoria e resulta da minha
própria investigação.
Também declaro que esta pesquisa nunca foi submetida a qualquer instituição de
ensino superior para a obtenção de algum grau académico. Por último declaro que
todas as fontes e literaturas usadas foram devidamente indicadas na bibliografia.

Maputo, Abril de 2017

___________________________
Heitor Da Conceição Zeca Sande

iii
DEDICATÓRIA

.
Ao meu pai e à minha mãe.
À Flávia e à Khaylon, por compreenderem os períodos de ausência e pelo apoio
incondicional demonstrado.

iv
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, ao Dr. Leonel Fidalgo Monjane, pela orientação, compreensão,


disponibilidade, amizade e apoio demonstrado ao longo da investigação.
A Dr.ª Cesaltina Lorenzoni pelas sugestões que em muito contribuíram para o estudo.
Aos meus pais, Zeca Chiringa Sande e Florinda Renato Da Conceição Sande, que
sempre me deram amor e incentivo e sempre foram fundamentais para o meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
A minha esposa, Flávia Nelson, pelo companheirismo e apoio incondicional.
Aos colegas de turma e outros como Manuel Companhia, Moisés Mussa e Jacob
Nankwanga pelo carinho, companheirismo e apoio material.
A direcção do Instituto Nacional de Saúde e aos técnicos do laboratório de
Virologia pela disponibilização de material e equipamentos de laboratório para a
realização do trabalho.
A direcção do Hospital Central de Maputo e do Serviço de Anatomia Patológica
pela disponibilização de material e equipamentos de laboratório para a realização do
trabalho.
A todos, o meu sincero obrigado.

v
RESUMO

INTRODUÇÃO: O cancro do colo do útero causado pelo papilomavírus humano (HPV) é endémico na
África Oriental. Aumentos dramáticos na incidência de cancro orofaríngeo nos Estados Unidos e na
Europa estão ligados aos genótipos de HPV de alto risco responsáveis pelo cancro cervical.
Actualmente, há dados extremamente limitados sobre o papel do HPV nos cancros de cabeça e pescoço
em África. A evidência do HPV como agente etiológico nos cancros de cabeça e pescoço na África teria
importantes implicações na prevenção e no tratamento. OBJECTIVOS: Determinar a frequência de HPV
em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço em amostras diagnosticadas no Serviço de
Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de 2010 à 2015. MÉTODOS: Foram
seleccionados a partir da base de dados do SAP-HCM todos os registos de biópsias com diagnóstico de
carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço que deram entrada no SAP-HCM no período de
estudo, tendo-se contabilizado 56 registos comprovados por biópsia da orofaringe (n = 37) e base da
língua (n = 19), tiveram seu ADN extraído, seguido da genotipagem de HPV por PCR em tempo real.
RESULTADOS: Todos casos analisados de CCE da cabeça e pescoço tiveram resultados negativos
para HPV. CONCLUSÃO: Embora Moçambique tenha níveis extremamente elevados de cancro do colo
do útero positivo ao HPV, este estudo demonstra ausência de carcinoma epidermóide da cabeça e
pescoço relacionados ao HPV em biópsias do SAP-HCM.

Palavras-chave: HPV, carcinoma de células escamosas, frequência, cabeça e


pescoço.

vi
ABSTRACT
BACKGROUND: Cervical cancer caused by human papillomavirus (HPV) is endemic in East Africa.
Dramatic increases in the incidence of oropharyngeal cancer in the United States and Europe are linked
to the high-risk HPV genotypes responsible for cervical cancer. Currently there are extremely limited data
on the role of HPV in head and neck cancers in Africa. Evidence of HPV as an etiologic agent in head and
neck cancers in Africa would have important implications for prevention and treatment. OBJECTIVES: To
determine the frequency of HPV in squamous cell carcinomas of the head and neck in samples
diagnosed at the Pathological Anatomy Service of Maputo Central Hospital from 2010 to 2015.
METHODS: Selected from the SAP-HCM database All records of biopsies diagnosed with squamous cell
carcinoma of the head and neck that entered the SAP-HCM during the study period, and recorded 56
records confirmed by biopsy of the oropharynx (n = 37) and base of the tongue = 19), had their DNA
extracted, followed by HPV genotyping by real-time PCR. RESULTS: All cases analyzed for head and
neck SCC had negative results for HPV. CONCLUSION: Although Mozambique has extremely high levels
of HPV positive cervical cancer, this study demonstrates the absence of HPV related head and neck
epidermoid carcinoma in SAP-HCM biopsies.

Keywords: HPV, squamous cell carcinoma, frequency, head and neck.

vii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ADN – Ácido desoxirribonucleico

HCM – Hospital Central de Maputo

HE – Hematoxilina e Eosina

HPV – Papilomavirus Humano (do inglês Human Papilomavirus)

IHQ – Imunohistoquímica

ISCISA – Instituto Superior de Ciências de Saúde

ITS – Infecção de Transmissão Sexual

MISAU – Ministério da Saúde

P15 – Inibidor de quinase dependente de ciclina,

P16 – Inibidor de quinase dependente de ciclina, CKI2A

P21 – Inibidor de quinase dependente de ciclina, CK1

P27 – Inibidor de quinase dependente de ciclina, CK1B

P53 – Proteína supressora tumoral P53

pb – Pares de base

PCR – Reacção em Cadeia de Polimerase (do inglês Polymerase Chain Reaction)

pRb – Proteína do retinoblastoma

ARN – Acido Ribonucleico

SAP – Serviço de Anatomia Patológica

viii
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS

Figura 1 - Esquema representativo do genoma do HPV.

Figura 2 - Infecção por HPV e integração do ADN viral ao ADN da célula hospedeira.

Figura 3 - Resultado negativo para todos os genótipos de HPV, apenas com


amplificação de β-globina.

Figura 4 - Resultado positivo para todos os controlos positivos.

Figura 5 - Resultado negativo para todos os controlos negativos.

Gráfico 1 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça


e pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro de 2015, de acordo com a
localização.

Gráfico 2 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça


e pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com o sexo.

Tabela 1 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça


e pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro de 2015.

Tabela 2 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça


e pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com a
sublocalização.

Tabela 3 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça


e pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com a faixa etária.

ix
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA..........................................................................................iii

DEDICATÓRIA..................................................................................................................iv

ABSTRACT......................................................................................................................vii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS..........................................................................viii

LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS...............................................................ix

I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

1.1. Problematização...................................................................................................2

1.2. Justificativa...........................................................................................................3

II.OBJECTIVOS.................................................................................................................4

2.1. Geral........................................................................................................................4

2.2.Específicos...............................................................................................................4

III. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................5

3.1. Histologia da cavidade oral.....................................................................................5

3.2. Classificação histopatológica dos carcinomas........................................................5

3.3. Historial do HPV......................................................................................................6

3.4. Morfologia e patogenia do HPV..............................................................................6

3.5. Ciclo celular...........................................................................................................10

3.6. Detecção do HPV..................................................................................................11

3.7. Epidemiologia da infecção por HPV......................................................................12

IV. MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................14

4.1. Local de estudo.....................................................................................................14

4.3. Critérios de inclusão..............................................................................................14

4.4. Técnica de colheita e recolha de dados...............................................................14

x
4.5. Variáveis de Estudo..............................................................................................15

4.6. Procedimentos......................................................................................................15

4.7. Técnicas de análise de dados...............................................................................16

V. RESULTADOS............................................................................................................17

VI. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................................................23

VII. CONCLUSÃO............................................................................................................26

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................27

IX.ANEXOS.........................................................................................................................i

Anexo 1: Ficha de colheita de dados.............................................................................ii

Anexo 2: Credencial......................................................................................................iv

Anexo 3: Curriculum Vitae..............................................................................................v

Anexo 4: Carta de autorização.....................................................................................vii

xi
Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

I. INTRODUÇÃO

O papilomavírus humano (HPV) encontra-se amplamente distribuído na


população mundial. Apesar da grande maioria das infecções serem transientes,
assintomáticas e passíveis de regressão espontânea, a infecção persistente
pode levar ao desenvolvimento de neoplasias (BETIOL et al., 2013).

Segundo Porro (2000), o cancro da cavidade oral é a 6ª neoplasia mais comum


no mundo e os sítios anatómicos que estão incluídos nesse grupo de neoplasias
são: a cavidade oral, que compreende mucosa bucal, gengivas, palato duro,
língua, soalho de língua; faringe, que inclui: orofaringe, nasofaringe, hipofaringe;
cavidade nasal e seios paranasais; laringe glótica e supraglótica; e glândulas.

Cerca de 3% de novos cancros em homens e mulheres são da cavidade oral,


destes o carcinoma de células escamosas (CCE) é o mais prevalente, sendo
mais comum em homens e raramente ocorrendo antes dos 40 anos de idade
(PORRO, 2000).

De acordo com De Abreu (2015, apud, CASNATI, 1999), a incidência de CCE da


cabeça e pescoço é bastante variada de região à região e as maiores taxas são
descritas no sudeste asiático onde 30% de todos os cancros ocorrem na
orofaringe. Além disso, é relatada uma elevada mortalidade decorrente destas
neoplasias que são responsáveis por cerca de 7% das mortes por cancro em
homens e 4% entre as mulheres.

Entre os países europeus, a França apresenta a mais alta incidência de cancro


da orofaringe, sendo aproximadamente duas vezes maior que a taxa observada
nos Estados Unidos da América (PORRO, 2000).

Segundo De Abreu (2015, apud, DE VILLIERS, 2013), múltiplos factores estão


envolvidos no desenvolvimento de CCE da cabeça e pescoço, entre eles estão o
tabaco, o álcool, a irradiação, os vírus e os irritantes crónicos, entretanto,

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

percebe-se que agentes biológicos são factores causais importantes e, entre


eles, os virais têm a capacidade para desenvolver vários tipos de doenças
devido a sua complexidade e dificuldade terapêutica.

De acordo com De Abreu (2015, apud, CASNATI, 1999), o declínio destes


tumores nos países desenvolvidos associa-se à tendência de declínio do
consumo de tabaco, com excepção dos carcinomas da orofaringe que
continuam a aumentar. Esta tendência tem sido particularmente robusta na
Europa Ocidental e América do Norte.

Acredita-se que o aumento dos carcinomas da orofaringe associa-se à infecção


pelo HPV, que são um grupo de vírus oncogénicos que tem sido implicados na
génese de vários tumores, particularmente tumores escamosos do colo uterino,
da região anogenital, da pele, do trato digestivo e respiratório superior.

1.1. Problematização

No mundo, mais de 550.000 novos casos de cancro de cabeça e pescoço


ocorrem anualmente. (DE ABREU, 2015, apud HADDAD & SHIN, 2008).

Nos últimos anos, vários estudos tem sugerido a associação entre infecções por
HPV com o desenvolvimento de CCE.

A frequência com que o HPV é detectado em CCE da cabeça e pescoço é


bastante variável no mundo. Estudo realizado no Reino Unido por Lopes (2011),
revelou uma baixa frequência de HPV, equivalente a menos de 2% da
população estudada. Na Índia, foi publicado um estudo por Chakrobarty (2014);
mostrando a frequência de HPV em 46% nos CCE da cavidade bucal. Nos
Estados Unidos, um estudo realizado por Lingen (2013), detectou a presença do
HPV em 5,9% dos tumores analisados. Apesar das evidências da participação
do HPV em tumores de cabeça e pescoço, dados sobre HPV em cancros da
cabeça e pescoço na África Austral, em particular em Moçambique são
escassos.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Em Moçambique o HPV está associado ao carcinoma do colo uterino, o cancro


mais frequente na mulher no nosso País (BLUNBERG et al, 2014). É de esperar
que o HPV também possa ter um papel no desenvolvimento de CCE da cabeça
e pescoço.

Todas acepções da frequência do HPV suscitam a seguinte questão de


pesquisa: “Qual é a frequência de HPV em CCE da cabeça e pescoço em
amostras diagnosticadas no SAP do HCM”?

1.2. Justificativa

De acordo com Zhang et al. (2004), o CCE da cabeça e pescoço está associado
a uma elevada mortalidade e morbilidade porque os sintomas iniciais são muitas
vezes negligenciados pelos doentes, o seu diagnóstico geralmente é feito numa
fase avançada da doença e por vezes os doentes quando são diagnosticados já
apresentam metástases ganglionares regionais.

O CCE cabeça e pescoço afecta homens e mulheres na razão de 3:1, e a sua


ocorrência aumenta com a idade sendo mais frequente entre os 50 e os 70 anos
(ZHANG et al., 2004).

A comunidade científica tem vindo a deparar-se com o facto da incidência do


CCE estar a aumentar em grupos da população considerados não de risco e
com características particulares como: idades jovens, sexo feminino e sem
história de hábitos tabágicos ou de consumo imoderado de álcool (RYERSON et
al., 2008).

Estudo realizado em Moçambique por Blunberg et al. (2014), onde foram


avaliados 51 casos de CCE da orofaringe e da base da língua, teve resultados
negativos para HPV 16 em todos os casos, apesar de Moçambique apresentar
uma frequência elevada de carcinoma do colo uterino associado ao HPV.
Percebe-se que o resultado do estudo pode ter sido influenciado pelo facto de
ter sido usado apenas o HPV 16. Tendo sido recomendado a realização de

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

outros estudos com inclusão de outros tipos de HPV para um melhor


esclarecimento do papel deste vírus no desenvolvimento do CCE da cabeça e
pescoço.

Pretende-se por isso, determinar a frequência de HPV em CCE da cabeça e


pescoço em amostras diagnosticadas no SAP do HCM, bem como contribuir
para a reflexão sobre o tema, fornecendo não apenas ao MISAU mas também a
outros sectores de intervenção, um panorama do HPV em CCE.

II.OBJECTIVOS

2.1. Geral

 Determinar a frequência de HPV em CCE da cabeça e pescoço em


amostras diagnosticadas no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital
Central de Maputo no período de 2010 à 2015.

2.2.Específicos

 Caracterizar a população de acordo com o sexo, faixa etária e raça;

 Identificar as sublocalizações do CCE da cabeça e pescoço


diagnosticados;

 Identificar os genótipos associados aos CCE da cabeça e pescoço


diagnosticados.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

III. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Histologia da cavidade oral


De acordo com Drake et al. (2005), a cavidade oral é revestida por epitélio
pavimentoso estratificado não queratinizado na maioria dos sítios anatómicos,
mas que mostra queratinização nas áreas de mucosa aderida e especializada
(gengiva, palato duro e dorso lingual). O tecido conjuntivo subjacente pode estar
associado a presença de tecido muscular estriado esquelético, tecido adiposo,
vasos sanguíneos e nervos. Glândulas salivares menores são frequentemente
observadas no tecido conjuntivo, excepto na gengiva e no terço anterior do
palato duro.

3.2. Classificação histopatológica dos carcinomas


Entende-se que classificação histopatológica de malignidade proposta pela OMS
(2005), baseou-se no grau de atipia celular, número relativo de mitoses e da
presença ou ausência de “pérolas” córneas, “pontes” intercelulares e necrose
celular, o que permitiu o agrupamento dessa neoplasia maligna em três
categorias:

 Tumores bem diferenciados ou Grau I;


 Tumores moderadamente diferenciados ou Grau II;
 Tumores indiferenciados ou Grau III.

3.2.1. Tumores bem diferenciados ou Grau I

Tem pequeno grau de atipia celular, poucas figuras de mitose, frequentes


“pérolas” córneas e “pontes” intercelulares facilmente identificáveis. O
citoplasma celular frequentemente é abundante e adquire uma coloração violeta.
Esses tumores tendem a formar lesões papilomatosas exofiticas que infiltram os
planos mais profundos com projecções delicadas em forma digitais (WHO,
2005).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

3.2.2. Tumores Moderadamente diferenciados ou Grau II

Características intermediárias aos extremos apresentados. Assim a actividade


mitótica e atipia celular são menos evidentes que no grau III, as “pontes”
intercelulares e as “pérolas”córneas podem estar presentes, porem em menor
frequência que no grau I (WHO, 2005).

3.2.3. Tumores Indiferenciados ou Grau III

Caracterizam-se pelo número abundante de mitoses, ausência de “pontes


intercelulares”, de “pérolas” córneas, alem de prenunciada atipia nuclear e a
necrose pode estar presente (WHO, 2005).

3.3. Historial do HPV

Segundo Flint (2009), as origens históricas do HPV remontam à Grécia Antiga


onde existem relatos do aparecimento de lesões, nomeadamente, verrugas e
papilomas. Nesta época, ainda não existia uma relação causal entre a presença
de vírus e este tipo de lesões. A ideia de que estas lesões poderiam estar
relacionadas com a presença de vírus foi pela primeira vez proposta por Richard
Shope em 1933. Estava assim estabelecida a primeira associação entre a
presença de um vírus de ADN e o desenvolvimento de cancro.

Nos últimos anos, foram efectuados estudos que verificaram a existência de


uma relação entre a presença de certos tipos de HPV e o desenvolvimento de
cancros da cabeça e do pescoço (DE ABREU, 2015, apud, RAMPIAS et al.,
2014).

3.4. Morfologia e patogenia do HPV

De acordo com Betiol et al. (2013), o HPV é um vírus da família


Papillomaviridae, grupo de vírus não envelopados, epiteliotrópicos, de simetria
icosaédrica. O virion do HPV tem cerca de 55 nm de diâmetro e apresenta
genoma de ADN dupla fita circular, com cerca de 8.000 pares de bases.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Para Betiol et al. (2013), o genoma do HPV possui cerca de oito genes que
podem ser funcionalmente divididas em três regiões: região precoce (composta
pelos genes E1, E2, E4, E5, E6, E7), responsável pela codificação de proteínas
necessárias para replicação viral e transcrição; região tardia (composta pelos
genes L1 e L2) que codifica as proteínas estruturais do capsídeo; e uma região
reguladora (URR – Upstream Regulation Region), a qual apresenta elementos
necessários para a replicação do ADN viral e regulação da transcrição.

Figura 1-Esquema representativo do genoma do HPV.

Fonte: Muñoz (2006).

De acordo com Ferraz (2012), os genes E1 e E2 têm a função de codificar


proteínas essenciais para replicação do ADN viral e controlo da transcrição
gênica viral, sendo os primeiros genes expressos. E1 tem função específica de
replicação viral, com seu produto apresentando actividade ATPase e ADN
helicase e ligando-se na origem de replicação do ADN viral, sendo essencial
para a replicação do vírus.

Segundo Ferraz (2012), E2 é responsável por codificar uma proteína que age
como factor regulador da transcrição de E6 e E7; E4 é responsável pela
alteração no citoesqueleto, maturação e liberação de novas partículas virais,
sendo expresso em estágios mais avançados da infecção; E5 estimula a
proliferação e transformação celular através do aumento da transdução de sinal
intracelular, que ocorre por meio de factores de crescimento; E6 e E7 são

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

responsáveis pela amplificação do genoma viral, mecanismo este, dependente


da expressão dos genes anteriores. As regiões L1 e L2 codificam,
respectivamente, proteínas principais e secundárias do capsídeo nas etapas
finais da replicação viral.

Para Ferraz (2012), o potencial oncogênico do HPV é dependente do


comportamento do genoma viral na célula hospedeira. Assim, os tipos de HPV
considerados de baixo risco oncogênico mantém seu ADN em forma circular e
epissomal, enquanto os de alto risco oncogênico integram seu ADN ao genoma
da célula hospedeira.

Mais de 100 tipos de HPV são classificados como de baixo e de alto risco
oncogênico. Sendo o HPV 6, 11, 40, 42, 43, 44, 55 de baixo risco e 16, 18, 26,
31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 53, 56, 58, 59, 66, 67, 68, 70, 73, 82 de alto risco
(FERRAZ, 2012).

Entende-se que os factores envolvidos na carcinogênese estão relacionados à


afinidade do HPV às células epiteliais e ao seu potencial oncogênico.

De acordo com Betiol (2013), as células alvas do HPV são as células


indiferenciadas proliferativas da camada basal do epitélio escamoso. O vírus
penetra nestas células após perda da solução de continuidade do tecido, quando
então estabelece-se uma relação entre o ciclo viral e a diferenciação da célula
infectada.

Segundo Ferraz (2012), o ADN na forma epissomal é responsável apenas pela


replicação viral. No ciclo normal de infecção por HPV, há um baixo número de
cópias do ADN viral na forma epissomal e baixo nível de expressão de E6, E7,
E1 e E2, suficientes apenas para a manutenção do genoma viral. A expressão
dos genes do HPV é regulada e dependente da diferenciação das células
infectadas pelo HPV e sua migração no epitélio. Para as partículas virais serem

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

produzidas, ocorre a amplificação do genoma do HPV e montagem das


partículas nas camadas médias e superiores do epitélio.

Para Ferraz (2012), os genes L1 e L2 codificam proteínas do capsídeo viral e


são expressos nos grupos de células com maior expressão de E4, responsável
por alterar o citoesqueleto, maturação e replicação viral. A montagem dos vírus
e o empacotamento ocorrem na camada superficial do epitélio, a formação e
liberação de partículas virais completas ocorrem na superfície do epitélio sem
que haja lise celular.

De acordo com Ferraz (2012), o desenvolvimento de neoplasias está associado


à perda da regulação do ciclo celular, o que é frequentemente observado em
infecções persistentes por HPV de alto risco oncogênico, onde é observada a
integração do genoma viral ao da célula hospedeira, em vez de manter o ADN
na forma epissomal.

Figura 2 - Infecção por HPV e integração do ADN viral ao ADN da célula hospedeira.

Fonte: Adaptado de Woodman, et al, (2007).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Para Simonato & Miyahara (2007), a integração do genoma viral ao genoma da


célula hospedeira, o ADN viral é clivado na região onde localizam-se os genes
E1/E2, interferindo assim no controlo transcricional exercido por E2. O produto
do gene E2 é um factor que regula a transcrição dos oncogenes E6 e E7, sendo
este controlo perdido em decorrência da clivagem, provocando um aumento da
expressão dessas proteínas.

A acção de E6 e E7 no ciclo celular é determinante para a carcinogênese viral,


uma vez que estimula a proliferação e transformação celular a partir da
interferência no ciclo celular (FERRAZ, 2012).

A activação da enzima telomerase, determinada por E6, promove a


imortalização de queratinócitos, caracterizando importante evento na
carcinogênese (DE ABREU, 2015, apud, GUPTA & METGUD, 2013).

3.5. Ciclo celular

De acordo Ferraz (2012), a progressão do ciclo celular a partir da fase G1 é


regulada por ciclinas, através da formação de complexos com CDK. Esses
complexos ciclina-CDK têm a função de regular a fosforilação de proteínas
relacionadas à progressão do ciclo celular. O gene P16INK4a codifica a proteína
p16 a qual regula negativamente a progressão do ciclo celular, actuando como
inibidor de CDK 4/6 e, desta forma, bloqueando a fosforilação da proteína do
retinoblastoma (pRB). A pRB, por sua vez, exerce efeitos antiproliferativos por
meio do controlo da transição entre as fases G1 e S do ciclo celular. Em sua
forma activa, hipofosforilada, pRb está ligada ao factor de transcrição E2F,
bloqueando sua acção e mantendo a célula na fase G1. Quando fosforilada, a
pRB torna-se inactiva e libera o factor E2F, o qual induz a progressão do ciclo
celular para a fase S.

Segundo Ferraz (2012), a oncoproteína viral E7 inibe a actividade da pRB por


ligar-se a esta proteína, liberando o factor E2F, desencadeando o processo de

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

replicação do ADN e aumentando a proliferação das células do epitélio


infectado. O gene P16INK4a por sua vez, tem sua expressão controlada por
feedback negativo exercido pela pRB. Assim, a inactivação de pRB por E7
resulta no acúmulo de p16 nas células infectadas. A oncoproteína viral E7
também é capaz de ligar-se a p21 e p27, as quais também actuam como CDKIs,
o que contribui para o descontrolo do ciclo celular em diferentes pontos de
checagem.

Para Ferraz (2012), o gene supressor de tumor P53 é responsável por activar
genes envolvidos no controlo do ciclo celular, reparo do ADN e indução da morte
celular por apoptose. Desta forma, entende-se que o P53 actua impedindo a
progressão de células com danos genéticos no ciclo celular, favorecendo
mecanismos de reparo do ADN e caso o reparo não seja efectivo, activa
mecanismos que induzem à apoptose. O gene P16INK4a, cuja transcrição é
activada por p53, que efectua a paragem do ciclo celular, conforme descrito
anteriormente; GADD45 pode então reparar o dano ao ADN e o gene BAX induz
apoptose nas células cujo dano ao ADN foi irreversível.

Percebe-se que a oncoproteína viral E6 liga-se à p53, promovendo sua


degradação por proteassomo, causando instabilidade cromossomal,
imortalização e proliferação anormal das células transformadas, favorecendo
assim o desenvolvimento tumoral. Além disso, a oncoproteína E6 é capaz de
degradar a proteína BAX em queratinócitos, impedindo a apoptose.

3.6. Detecção do HPV

A participação do HPV em CCE de cabeça e pescoço, de forma geral, tem sido


intensamente estudada nos últimos anos. No entanto, as taxas de detecção do
ADN viral são bastante variáveis, dependendo do método de detecção utilizado.

Segundo De Abreu (2015, apud, GRAVITT, 2000), os pares de primers


MY09/MY11 e GP5+/GP6+, usados na PCR para detecção do HPV, são primers

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

consenso degenerados para a identificação de uma região conservada de L1,


gene responsável pela produção de proteínas principais do capsídeo viral do
HPV. Os primers MY09/MY11 são desenhados para identificação de alguns
tipos de HPV e são utilizados inicialmente para amplificar, pela técnica de PCR,
um fragmento do genoma viral correspondente a L1. A partir do produto desta
reacção, é feita uma nova amplificação (nested PCR) utilizando os primers
GP5+/GP6+, obtendo-se assim um fragmento menor, o qual será posteriormente
detectado por eletroforese em gel.

3.7. Epidemiologia da infecção por HPV

O cancro é considerado um problema de saúde pública mundial. Para o ano de


2012, foi estimada para o cancro de lábio e cavidade bucal uma incidência
equivalente aos 299.051 novos casos, com 145.353 óbitos (IARC, 2014).

Dentre os tumores mais frequentes na cavidade bucal, está o CCE, com origem
em epitélio de revestimento, representando mais de 95% dos casos (BRENER,
2007).

Entende-se que os principais factores de risco relacionados ao desenvolvimento


do cancro da orofaringe são: tabagismo, alcoolismo e virais, que se destacam
por serem os mais estudados e possivelmente relacionados ao desenvolvimento
do cancro.

De acordo com IARC (2014), o tabaco contém nitrosaminas e hidrocarbonetos


policíclicos carcinogênicos genotóxicos, responsáveis pela alteração do perfil
molecular e pela indução de mutações nas células, enquanto o álcool actua
como solvente, facilitando a exposição da mucosa a agentes carcinogênicos, o
que resulta no aumento da absorção destes carcinógenos. Além disso, o
acetaldeído, um dos metabólitos do álcool, pode formar adutos de ADN,
interferindo na síntese e reparo do ADN. Quando utilizados concomitantemente,

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

álcool e tabaco, produzem um efeito sinérgico, aumentando o risco de


tumorigênese.

Percebe-se que nos últimos anos, a participação do HPV na patogênese dos


tumores de cabeça e pescoço tem sido sugerida em vários estudos, sobretudo
relacionada ao CCE da orofaringe.

Segundo De Abreu (2015, apud, CHATURVEDI, 2013), na última década houve


uma redução no consumo de tabaco, no entanto, não foi observada redução na
incidência dos tumores de cabeça e pescoço. Pelo contrário, tem sido observado
um aumento na incidência dos tumores de orofaringe nos últimos 20 anos, o que
pode estar relacionado à infecção pelo HPV.

Em Moçambique não foi estabelecida a relação entre o HPV e o CCE da cabeça


e pescoço, portanto, o estudo de frequência de HPV poderá auxiliar na
determinação.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

IV. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Local de estudo

O estudo foi realizado no Serviço de Anatomia Patológica (SAP) do Hospital


Central de Maputo (HCM). O HCM é um hospital de nível quaternário, é a maior
unidade hospitalar do País e de referência nacional. O Serviço de Anatomia
Patológica localiza-se no IV Quadrante do HCM entre a casa mortuária e o
Serviço de Medicina Legal e é responsável pelo diagnóstico anatomopatológico.

4.2. População e tipo de estudo

Foram analisados 56 casos de biópsias com diagnóstico de CCE da cabeça e


pescoço diagnosticados e registados no SAP do HCM no período de 2010 à
2015, nos quais foi realizada a detecção e genotipagem de HPV. O presente
estudo é do tipo observacional, descritivo, retrospectivo, com abordagem
quantitativa.

4.3. Critérios de inclusão

 Foram incluídos todos os casos de biópsias com diagnóstico histológico


de CCE da cabeça e pescoço registados na base de dados do SAP do
HCM no período de interesse.
 Disponibilidade da amostra incluída em bloco de parafina.

4.4. Técnica de colheita e recolha de dados

Para a presente pesquisa aplicou-se a técnica de informação disponível, com


utilização de dados secundários, cuja informação estava contida na base de
dados do SAP do HCM. Para a compilação dos dados, foi usada uma ficha de
recolha de dados (Anexo1).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

4.5. Variáveis de Estudo

Foram recolhidos dados demográficos: idade, sexo e raça; dados de


diagnóstico: diagnóstico histológico e presença ou ausência de HPV.

4.6. Procedimentos

Para a efectivação do trabalho recorreu-se a base de dados do SAP do HCM


onde, com o auxílio de uma ficha de colheita de dados foram registados todos os
dados de biópsias com diagnóstico de CCE da cabeça e pescoço no período de
estudo. Em seguida fez-se a identificação das lâminas correspondentes a todos
os números e as respectivas amostras em blocos de parafina. Efectuou-se
novos cortes a partir dos blocos e coloração de HE para a reconfirmação do
diagnóstico pelo patologista. Os casos confirmados como CCE, foram
submetidos a PCR em tempo real para a detecção e genotipagem usando
primers específicos de 14 tipos de HPV, sendo 6 e 11 de baixo risco, 16, 18, 31,
33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59 de alto risco.

Para a PCR, amostras fixadas em formol a 10%, incluídas em blocos de parafina


e identificadas como CCE da cabeça e pescoço foram cortadas a uma
espessura de 4µm, 2 a 6 cortes foram obtidos em cada amostra e depositados
em tubos ependorf de 1.5 mL para extracção do ADN usando um kit da Qiagen
(QIAamp ADN FFPE) de acordo com o protocolo do fabricante. O ADN extraído
foi quantificado por nanodrop e após a verificação da quantidade do mesmo, fez-
se a PCR usando primers (QIAamp Mini kit 50 da Qiagen) para detectar os
genótipos de HPV.

Foi usado um termociclador (Marca ABI7500, modelo 7500 fast) associado a um


leitor de fluorescência capaz de medir a luz proveniente de uma reacção de
amplificação. Os sinais de fluorescência produzidos à medida que o produto era
amplificado, foram expressos graficamente o que permitiu monitorar em tempo
real a cinética e a eficiência da reacção. A especificidade da reacção foi

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

confirmada através de uma curva que indica o ponto de dissociação dos primers
específicos para as sequências-alvo que estavam sendo pesquisadas, o que
permitiu ter os resultados (Figuras 3, 4 e 5). No entanto, para afirmar-se que um
resultado é negativo ou não, deve-se ter a certeza de que a ausência de curvas
no gráfico é devido à ausência de ADN molde e não à falha na reacção. Para tal,
deve-se utilizar um controlo de amplificação nas reacções. As curvas controlo
nas reacções de PCR são geradas a partir da amplificação de uma sequência
que obrigatoriamente existe no material analisado e preferencialmente em uma
única cópia. Vários genes são utilizados, mas para o estudo foi usado a β-
globina. No final foram tiradas fotografias para revisão, análise e inclusão no
relatório.

4.7. Técnicas de análise de dados


Os dados foram organizados em frequências absoluta e relativas, apresentados
em tabelas e gráficos. Recorreu-se ao pacote informático Excel.

4.8. Considerações éticas

Pediu-se isenção do consentimento informado dos pesquisados devido ao facto


de as biópsias serem deixadas na recepção por serventes e tratando-se de um
estudo retrospectivo ser difícil entrar em contacto com os mesmos, dai que foi
pedida a autorização da direcção do SAP.

O presente protocolo foi aprovado pelo Comité Institucional de Ética do ISCISA,


tendo sido isento de consentimento informado pela natureza do estudo e foi
autorizado pelo HCM.

Os dados foram tratados de maneira absolutamente confidencial, utilizando-se


um código individual para cada paciente sem a identificação do nome.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

V. RESULTADOS

5.1. Descrição geral

No período de estudo 2010-2015 foram registadas no SAP-HCM, 56 biópsias


com diagnostico de CCE da cabeça e pescoço, das quais 11 em 2010, 11 em
2011, 6 em 2012, 14 em 2013, 8 em 2014 e 6 casos em 2015 (Tabela 1). A
maior parte dos casos, 29 (51.8%) foram do sexo masculino e 55 casos
(98.21%) da raça negra. O grupo etário mais frequente foi dos ≥60 anos
(30.4%). A idade mínima foi de 5 anos e a máxima 91 anos, com uma média de
48 anos.

Quanto a localização das lesões, a orofaringe foi a mais frequente com 37


casos, correspondente a 66% (Gráfico 1).

Tabela 1- Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça e pescoço,


SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro de 2015.

Ano Frequência absoluta (Fa) Frequência relativa (%)

2010 11 19.64
2011 11 19.64
2012 6 10.71
2013 14 25
2014 8 14.3
2015 6 10.71
Total 56 100

Fonte: Os autores (2016).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Gráfico 1- Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça e


pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro de 2015, de acordo com a localização.

100%

100
90
80 66%
70 56
60
50 37
34%
40
19
30
20
10
0
Base da lingua Orofaringe Total

Frequência Percentagem

Fonte: Os autores (2016).

Quanto a sublocalização, a mais comum observada para orofaringe foi a


amígdala-orofaringe com 9 casos (24.3%), seguida de palato com 4 (10.8%),
embora a maioria tenha sido designada apenas como orofaringe (Tabela 2). A
orofaringe demonstrou patologia variada de indiferenciada a bem diferenciada,
com 18 das 37 amostras demonstrando queratinização, embora nenhuma
tivesse morfologia basaloide. As amostras de língua também demonstraram
patologia variando de indiferenciado a bem diferenciadas, com 3 das 19
amostras demonstrando queratinização, sem morfologias basaloide.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Tabela 2 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça e


pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com a sublocalização.

Sublocalização Frequência absoluta (Fa) Frequência relativa (%)

Palato 4 10.8
Parede da faringe 1 2.7
Amígdala-orofaringe 9 24.3
Orofaringe SOE 23 62.2
Total 37 100

Fonte: Os autores (2016).

No que concerne a idade, para pacientes com tumores da orofaringe e da língua


a idade média foi de 44.1 e 54,2 anos, respectivamente (Tabela 3).

Tabela 3 - Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça e


pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com a faixa etária.

Faixa etária Frequência absoluta (Fa) Frequência relativa (%)


>20 2 3.6
20-29 6 10.7
30-39 13 23.2
40-49 7 12.5
50-59 11 19.6
≥ 60 17 30.4
Total 56 100

Fonte: Os autores (2016).

Em relação ao sexo, os tumores orofaríngeos foram 21 (37,5%) do sexo


masculino e 16 (28.6%) do sexo feminino em comparação com os tumores da
língua com 8 (14,3%) do sexo masculino e 11 (19.6%) do sexo feminino (Gráfico
2).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Gráfico 2 – Frequência de diagnóstico histológico na totalidade das biópsias da cabeça e


pescoço, SAP-HCM, Janeiro de 2010 a Dezembro 2015 de acordo com o sexo.

Orofaringe Base da lingua

37

21
19
16

11
8

Masculino Feminino Total

Fonte: Os autores (2016).

No que diz respeito aos resultados, todas as amostras tinham ADN, extraídos
com sucesso como descrito acima. A PCR para todas as amostras, quer da
orofaringe bem como da língua, foi negativa para todos tipos de HPV em
pesquisa (HPV 6 e 11 de baixo risco, 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e
59 de alto risco) como mostram as figuras (Figura 3, 4 e 5) em comparação com
os controlos.

A figura 3 mostra que não houve amplificação de todas as amostras com


excepção da β-globina representada no gráfico pela curva rosa. O número 48
corresponde ao código da amostra analisada e o ponto Ct indica o momento a
partir do qual a reacção foi optimizada (fase exponencial) e o produto amplificado
foi quantificado.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Figura 3 - Resultado negativo para todos os genótipos de HPV, apenas com amplificação de β-
globina.

Fonte: Os autores (2016).

Fonte: Os autores (2016).

Quanto ao controlo positivo, em todas as corridas feitas durante a pesquisa


foram positivas para HPV. A figura 4 mostra que houve amplificação de todas as
amostras controlos positivos, expressos graficamente. O código PTC (Posetive
Control) corresponde a amostra controlo positivo analisada e o ponto Ct indica o
momento a partir do qual a reacção foi optimizada (fase exponencial) e o produto
amplificado foi quantificado.

Figura 4 - Resultado positivo para todos os controlos positivos

Fonte: Os autores (2016).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Todos os controlos negativos usados durante a pesquisa foram negativos para


HPV (Figura 5). O código NTC (None Template Control) corresponde a amostra
controlo negativo analisada e o ponto Ct indica que não houve reacção e o
produto não foi amplificado e nem quantificado.

Figura 5 - Resultado negativo para todos os controlos negativos.

Fonte: Os autores (2016).

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

VI. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Fez-se uma análise retrospectiva a partir da base de dados do SAP-HCM de


todos os registos de biópsias com diagnóstico de CCE da cabeça e pescoço que
deram entrada no SAP-HCM no período de estudo, tendo-se contabilizado 56
registos comprovados por biopsia da orofaringe (n = 37) e base da língua (n =
19), com o objectivo de determinar a frequência de HPV. Em contraste com os
Estados Unidos e a Europa Ocidental e apesar da presença significativa de HPV
como demonstrado por taxas extremamente elevadas de cancro do colo do
útero, o CCE relacionado com HPV da cabeça e pescoço não foi identificado nas
amostras examinadas.

Moçambique é um país com cerca de 26 milhões de habitantes, mas, apesar do


tamanho, existem apenas quatro Hospitais Centrais, dos quais três com serviços
de Anatomia Patológica em funcionamento, sendo o de Maputo (onde o estudo
foi realizado) o maior e o centro de referência para o país. Isto foi reflectido nas
nossas amostras por maior número de pacientes ou biópsias realizadas serem
da Cidade e Província de Maputo. Além disso, o país tem poucos
otorrinolaringologistas, a maioria em Maputo, oferecendo assim, poucas
oportunidades para amigdalectomia ou biópsia fora da capital. No entanto,
sentimos que as amostras representam um corte transversal da população
moçambicana com acesso a serviços de otorrinolaringologia.

Uma limitação notável da pesquisa foi o tamanho da amostra. A maioria dos


estudos realizados nos Estados Unidos e em outros países forneceram dados
sobre centenas de pacientes. O nosso estudo foi limitado a 56, mas isso pode
ser parcialmente explicado pela história natural do CCE da cabeça e pescoço e
recursos médicos em Moçambique. Apesar de melhorar a esperança de vida
actual desde o nascimento em Moçambique que é de 57,6 anos. Um estudo
realizado recentemente na Alemanha onde foram avaliados 275 pacientes com
cancro da amígdala demonstrou uma média de idade de 56 e 59 para HPV
positivos e negativos respectivamente (PSYCHOGIOS et al., 2014). Além disso,

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

uma avaliação do cancro da orofaringe potencialmente associada ao HPV e de


cancro da língua nos EUA mostrou apenas 3% dos tumores da amígdala
presentes antes dos 40 anos de idade (RYERSON et al., 2008).

Mas localmente, um estudo realizado em Moçambique onde foram avaliados 51


casos de CCE da orofaringe e da base da língua com 34 pacientes do sexo
masculino e 17 do sexo feminino, com uma idade média de 59.3 e 51.8 anos,
respectivamente, apresentou resultados negativos para HPV 16 em todos os
casos, apesar de Moçambique apresentar uma frequência elevada de carcinoma
do colo uterino associado ao HPV (BLUNBERG et al., 2014).

A idade média dos nossos dados estiveram próximos aos dos estudos acima
citados (44 para orofaringe e 54 para base da língua), mas uma parcela
significativa de pessoas em Moçambique, infelizmente, pode não viver o tempo
suficiente para desenvolver esse cancro. Outro dado relevante é que, muitos
pacientes que se apresentam ao hospital com cancro da cabeça e pescoço o
fazem em um estágio tão tardio que a biópsia muitas vezes não é realizada e os
pacientes geralmente são tratados com paliativos. E como acontece com muitos
países em desenvolvimento, a falta de atendimento médico rápido e
amplamente acessível, especialmente o tratamento do cancro é limitado,
particularmente pela economia (THE WORLD BANK., 2014).

As outras explicações poderiam ser as práticas culturais. D'Souza (2008),


demonstrou um risco aumentado e significativo de CCE da cabeça e pescoço
relacionado ao HPV em indivíduos com múltiplos parceiros sexuais, bem como a
pratica de sexo oral, confirmando o papel do sexo oral na transmissão do vírus
HPV e eventual carcinogênese. Em Moçambique o sexo oral é uma prática nova
impulsionada pela globalização e pelas tecnologias de informação. O povo
moçambicano possuía uma cultura sexual natural e justifica-se a não presença
do HPV no grupo etário em estudo. Pensamos que, com a prática do sexo oral
pela camada jovem, no futuro poder-se-á verificar a associação do HPV ao CCE
da cabeça e pescoço em Moçambique. Às taxas de prática do sexo oral

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

observadas nos EUA e na Europa se aproxima a 65-66% entre os 15-24 anos de


idade (COPEN et al., 2012). Davidson et al. (2014), avaliaram o estado de HPV
em 125 trabalhadores do sexo masculino de uma fábrica na África do Sul e
complementaram isto com uma pesquisa sobre práticas sexuais, onde
encontraram uma taxa de prevalência de 5,6% de infecção por HPV.
Notavelmente, a pesquisa concluiu que sexo oral era uma prática incomum para
a maioria dos participantes do estudo, mas indivíduos com resultado positivo
praticaram sexo oral.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

VII. CONCLUSÃO

No presente trabalho descreveu-se a frequência de HPV em carcinomas de


células escamosas da cabeça e pescoço em amostras diagnosticadas no
Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Dos 56 casos de carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço não foi


identificado nenhum tipo de HPV. Não encontrou-se nenhuma relação ao
carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço. Este é provavelmente
um fenómeno multifactorial com práticas culturais, saúde/acesso a cuidados de
cancro e economia, todos desempenhando papéis importantes.

No entanto, este é um pequeno estudo e à medida que o país se moderniza, a


qualidade de vida melhora e o acesso aos cuidados de saúde aumenta. Os
carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço relacionados ao HPV
podem começar a aparecer, como tem acontecido nos países desenvolvidos e
deve continuar a ser rastreado. Isto é particularmente importante, visto que a
confirmação de carcinoma de células escamosas da cabeça e pescoço
relacionados com o HPV ajudaria na sensibilização e difusão dos mecanismos
de prevenção do cancro.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo no período de
2010 à 2015.

Ryerson, A; Peters, E; Coughlin, S; Chen, V; Gillison, M; Reichman M. Burden of


potentially human papillomavirus-associated cancers of the oropharynx and oral
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Simonato, L; Miyahara, G. O Papel do Papilomavírus Humano na Carcinogênese


Bucal. Revista Brasileira de Cancerologia,v. 53, n. 17, p. 471–476, 2007.

The World Bank: Washington DC: The World Bank Group. GDP per capita:
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29
Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

IX.ANEXOS

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

Anexo 1: Ficha de colheita de dados

FICHA DE COLHEITA DE DADOS


1. Identificação da Biópsia
Código do Paciente ___/__/__/__/
Nº da Biópsia ___/__________/
Data da Biópsia ___/___/___

2. Identificação do doente
Sexo: Masculino Feminino Sem informação
Raça: Negra Mista Indiana Branca Sem informação
Idade: _____ anos

3. Dados Clínicos e anatomopatológicos


Local da Biopsia: Base da língua Orofaringe

3.1. Sublocalização:
Amígdala Parede da Faringe
Amígdala-orofaringe Orofaringe SOE
Palato
Outros________________________________________

3.2. Classificação Histológica (Morfologia)

 CCE bem diferenciados ou Grau I


 CCE moderadamente diferenciados ou Grau II
 CCE indiferenciados ou Grau III

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

4. Resultados laboratoriais (PCR):

HPV de baixo risco


HPV 6 Positivo Negativo

HPV 11 Positivo Negativo


HPV de alto risco
HPV 16 Positivo Negativo

HPV 18 Positivo Negativo

HPV 31 Positivo Negativo

HPV 33 Positivo Negativo

HPV 35 Positivo Negativo

HPV 39 Positivo Negativo

HPV 45 Positivo Negativo

HPV 51 Positivo Negativo

HPV 52 Positivo Negativo

HPV 56 Positivo Negativo

HPV 58 Positivo Negativo

HPV 59 Positivo Negativo

SOE: Sem Outra Especificação.


CCE: Carcinoma de Células Escamosas.

O investigador principal
______________________________
Heitor da Conceição Zeca Sande

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

Anexo 2: Credencial

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Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

Anexo 3: Curriculum Vitae

Curriculum Vitae

I. Dados Pessoais:

Nome completo Heitor Da Conceição Zeca Sande


Data e local de nascimento 11 de Setembro de 1987, Mocuba (Zambézia)
Filiação Zeca Chiringa Sande e Florinda Renato Sande
Sexo / Raça / Altura Masculino / Negra / 189cm
Estado Civil Solteiro
Morada (endereço) Bairro Malhangalene, Av. Joaquim Chissano,
Q. 45, casa no 855
E-mail heitorsande@yahoo.com.br
Telefones (+258) 821869734 / 842536996

II. Dados Profissionais:

Categoria profissional Técnico de Saúde, classe ˝E˝


Função Técnico de Medicina Geral

III. Qualificações Académicas:

Período Local de País Tipo de formação Nível


formação
2006- 2008 I.C.S.Q Moçambique Téc. de Medicina Geral Médio
Escola
2011 Secundaria Moçambique 12º Ano Médio

Samora Machel-
Chimoio

v
Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

IV. Línguas:

Fluência Comunicação Percepção Leitura Escrita


Português Excelente Excelente Excelente Excelente
Inglês Razoável Razoável Razoável Razoável
Chuabo Excelente Excelente Excelente Excelente
Lomwe Excelente Excelente Razoável Razoável

V. Experiência Profissional
 Outubro 2008 à Julho de 2009 trabalhou como Técnico de Medicina Geral no
Hospital provincial de Chimoio-Manica.
 Agosto de 2009 à Janeiro de 2012 trabalhou como Director no Centro de
Saúde de Dombe, Sussundenga-Manica.
 Fevereiro de 2012 à Fevereiro de 2013 trabalhou como Responsável do
programa ITS/HIV-SIDA nos Serviços Distrital de Saúde, Mulher e Acção
Social de Chimoio-Manica.
 Actualmente Estudante do Curso de Anatomia Patológica no Instituto
Superior de Ciências de Saúde (ISCISA).

VI. Atributos Pessoais:


 Trabalho Árduo
 Trabalho em equipa
 Persistência
 Criatividade e Inovação
 Trabalho baseado em tarefas
 Iniciativa
 Qualidade e eficiência
 Vontade de aprender cada vez mais
 Disponibilidade
 Valores: honesto, íntegro, respeitoso, cumpridor das leis e regulamentos.

vi
Detecção e genotipagem de HPV em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço
diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputono período de
2010 à 2015.

Anexo 4: Carta de autorização

Instituto Superior de Ciências de Saúde

=ISCISA=

Curso de Licenciatura em Anatomia Patológica

Ao Presidente do Conselho Científico

Na qualidade de tutor do estudante n o 13066,Heitor Da Conceição Zeca Sande,


que frequenta o 4o ano do curso de Licenciatura em Anatomia Patológica,
declaro que o presente trabalho, com o tema “Detecção e genotipagem de HPV
em carcinomas de células escamosas da cabeça e pescoço diagnosticados no
Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo de 2010 à 2015”,
obedeceu às normas de estrutura e elaboração do trabalho científico para
posterior discussão em ambiente académico.

Assim sendo, aprovo e concordo que este trabalho do fim de curso seja
submetido ao Instituto Superior de Ciências de Saúde para que sirva de alicerce
para a obtenção do grau de Licenciatura em Anatomia Patológica.

Cordiais saudações

O Tutor
_____________________
Dr. Leonel Fidalgo Monjane

Maputo, Abril de 2017

vii

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