A organização dos processos de gerenciamento
da manutenção de equipamentos em
Estabelecimento de Auxílio à Saúde (EAS)
1
Jefferson Davis Pena Cária & 2Marco Túlio Perlato
Abstract—This article intends to act in the management of the
maintenance of the technology park of the Hospital das Clínicas,
performing a theoretical survey of preventive, corrective and
predictive maintenance field diagnosis in the hospital, the object
of this study. The proposal, therefore, is a survey of the quality
processes prevailing in the area, through a literature review,
conducting field research to get details on the flaws in the existing
software in the maintenance sector used by the Hospital, as well
as examine the need the existence of a sector of the maintenance
schedule.
Index Terms—Accreditation, Maintenance, Quality, Action
Plan.
Resumo—Este artigo pretende atuar na gestão da
manutenção do parque tecnológico de uma EAS de grande porte,
realizando um levantamento teórico sobre manutenção
preventiva, corretiva, preditiva e um diagnóstico de campo no
hospital, objeto deste estudo. A proposta, portanto, é o
levantamento dos processos de qualidade vigentes na área,
através de levantamento bibliográfico, realização de pesquisa de
campo para levantar em detalhes as falhas no software vigente no
setor de manutenção utilizado por este EAS, assim como analisar
a necessidade da existência de um setor de programação de
manutenções.
Palavras-Chave—Acreditação, Manutenção, Qualidade, Plano
Ação.
I. INTRODUÇÃO
Os Estabelecimentos de Auxilio à Saúde (EAS) são
instituições complexas, que além de possuir profissionais
qualificados e capacitados ao atendimento direto ao paciente
deve também possuir um sistema de gerenciamento da
manutenção de sua infraestrutura e dos equipamentos eletro
médicos utilizados. Um bom gerenciamento da manutenção
garantirá segurança aos usuários, e principalmente aos
pacientes atendidos por este EAS. O EAS analisado para este
trabalho é um hospital geral público e universitário, que
realiza atividades de ensino, pesquisa e assistência, sendo
referência no sistema municipal e estadual de saúde no
atendimento aos pacientes portadores de patologias de média e
alta complexidade.
Diante do seu amplo número de especialidades e de
especialistas em diversas áreas médicas, este Estabelecimento
de Auxílio à Saúde (EAS) presta atendimento a pacientes de
todas as áreas do estado de Minas Gerais.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica e Eng. Clínica.
Orientador: Prof. Marco Túlio Perlato. Trabalho aprovado em Dez/2014
Trata-se, no entanto de um hospital com características
diversificadas, tais como serviço de pronto atendimento,
centros cirúrgicos, centro de tratamento intensivo, de nível
federal pertencente, conveniado com o governo do estado de
Minas Gerais e com o município de Belo Horizonte, através
do Programa de Fortalecimento dos Hospitais (PRO HOSP) e
do Plano Operativo Anual, onde são previstos o cumprimento
de metas e repasses de recursos.
Dentro da grande diversidade do parque tecnológico de
equipamentos eletromédicos deste EAS, surge a necessidade
de um programa de manutenção ágil e eficiente que atenda aos
níveis de qualidade e segurança para o uso destes
equipamentos, entre eles, monitores multiparamétricos,
aparelhos de anestesia, equipamentos de diagnóstico por
imagem, dentre outros. Há, portanto, uma necessidade de se
investir na reorganização dos processos de gerenciamento da
manutenção deste EAS, atualizando o nível de informatização
do processo, o que tornará este trabalho mais eficiente e
seguro.
Atualmente a organização dos processos informatizados de
manutenção é gerida por um software exclusivo implantado
neste EAS no ano de 2001. Este software apresenta algumas
deficiências tais como a velocidade de processamento,
desaparecimento de dados armazenados, travamento constante
dentre outros problemas, além de não ser possível alterar ou
acrescentar qualquer outro tipo de informação que possa ser
necessária ao bom gerenciamento da manutenção. Isto
acontece devido a linguagem de programação utilizada em sua
construção ser ultrapassada, portanto, não possuindo
possibilidade de algum tipo de atualização. Considerando as
falhas apresentadas, a impossibilidade de sua manutenção e o
aumento do número de equipamentos do parque tecnológico
deste EAS, que possui hoje mais de 5.000 equipamentos
cadastrados, este software se tornou inadequado, ineficiente e
inseguro.
A proposta de um novo sistema de informatização prevê a
capacidade de registro de todos os equipamentos existentes
neste EAS. Além disso, deverá oferecer ferramentas, onde seja
possível, programar, registrar e analisar dados de todas as
manutenções, movimentações e intervenções realizadas em
cada equipamento individualmente.
Para isto, este trabalho pretende atuar na gestão da
manutenção do parque tecnológico deste EAS, realizando um
levantamento teórico sobre manutenção preventiva, corretiva,
preditiva e um diagnóstico de campo no hospital, objeto deste
estudo. A proposta, portanto, é o levantamento dos processos
de qualidade vigentes na área, através de levantamento
bibliográfico, realização de pesquisa de campo para levantar
em detalhes as falhas no software vigente no setor de
manutenção utilizado por este EAS, assim como analisar a
necessidade da existência de um setor de programação de
manutenções.
II. OBJETIVOS
Elaborar um plano de ação para a implantação de um novo
sistema informatizado para gerenciamento do planejamento, e
programação e controle da manutenção, visando maior
eficiência e segurança no atendimento aos profissionais e
pacientes do EAS.
Estruturação de uma equipe adequada ao uso do novo
software através de treinamentos específicos dentro das
necessidades do setor responsável pelo gerenciamento da
manutenção.
Manter atualizado o inventário de todos os equipamentos
eletromédicos e de infraestrutura do EAS objeto do estudo.
III. CONCEITOS DA MANUTENÇÃO
A manutenção de equipamentos hospitalares é um fator
muito importante que requer precisão e detalhes, e de uma
forma geral temos as seguintes definições:
“Combinação de todas as ações técnicas e administrativas,
incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar
um item em um estado no qual possa desempenhar uma
função requerida” [1].
“Garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e
instalações de modo a atender a um processo de produção e a
preservação do meio ambiente, com confiabilidade, segurança
e custo adequados” [2].
IV. ESPECIFICIDADES DA MANUTENÇÃO – TEORIA E
PRÁTICA
A partir das bibliografias encontradas, foi possível
descrever a parte normativa da manutenção, suas respectivas
atribuições e responsabilidades. No entanto, no decorrer do
texto serão feitas ressalvas quanto à viabilidade e a real
situação para o EAS objeto deste estudo, considerando suas
especificidades.
O EAS é uma instituição complexa que deve estar apta a
trabalhar continuamente. A equipe de serviço de manutenção
depende da complexidade da instituição e da sua magnitude
para realizar seus serviços. Dentre suas funções está a
segurança hospitalar e seu serviço está relacionado à eficiência
operacional. Por isso a previsão e detecção de falhas ou
defeitos coíbem interrupções e gastos desnecessários,
permitindo adequado funcionamento da Instituição, o que
reflete no atendimento fornecido aos pacientes que dependem
do adequado funcionamento das instalações e equipamentos
para terem bom atendimento e tratamento [3].
As mudanças e evoluções tecnológicas dos últimos anos na
área de saúde fizeram da gestão tecnológica dos equipamentos
e instalações assumir cada vez mais importância diante dos
problemas enfrentados por estas Instituições para preservação
de seus ativos operacionais, com qualidade, segurança,
disponibilidade e custos compatíveis.
Os responsáveis técnicos devem ainda garantir a aplicação
do Plano de Manutenção por intermédio da execução contínua
deste serviço, manter disponível o registro da execução dos
procedimentos estabelecidos no Plano e divulgar os
procedimentos e resultados das atividades de manutenção,
operação e controle.
A definição mais especifica e operacional para a
Manutenção consiste no conjunto de ações que permitem
manter ou restabelecer um bem a um estado específico ou,
ainda, assegurar um determinado serviço.
A manutenção deve iniciar seu planejamento desde a fase
inicial da construção, no projeto arquitetônico, pois no dia-a-
dia a manutenção operacional está relacionada com os
resultados da manutenção preditiva que é antecipativa e
previne descontinuidades nos serviços já que precede a
manutenção operacional e predetermina sua atuação nas
diferentes áreas da Instituição [3].
V. TIPOS DE MANUTENÇÃO
Os tipos de manutenção, nada mais são do que as formas
como são encaminhadas as intervenções nos instrumentos de
produção, ou seja, nos equipamentos que compõem uma
determinada planta. Neste sentido observamos que existe um
consenso, salvo algumas variações irrelevantes, quanto aos
tipos de manutenção [4].
Os principais tipos de manutenção:
A.Manutenção Corretiva
É a Manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane,
destinada a colocar um item em condições de executar uma
função requerida [1].
É importante lembrar que a manutenção corretiva ocorre em
duas situações específicas: quando o equipamento apresenta
um desempenho abaixo do esperado, apontado pelo
monitoramento do equipamento; ou quando ocorre a falha do
equipamento [2].
B.Manutenção Corretiva não planejada
Este tipo de manutenção acontece após a falha ou perda de
desempenho de um equipamento sem que haja tempo para a
preparação dos serviços, trazendo prejuízos enormes para as
empresas, pois implica em altos custos (causados pela
interrupção da produção ou pelos altos custos necessários para
realizar esta manutenção inesperada) e dependendo da
atividade da empresa, perda da qualidade do produto. Um dos
grandes desafios da manutenção é conseguir evitar esse tipo de
manutenção, que apesar de todos os transtornos, ainda é muito
praticada nos dias de hoje [2].
C.Manutenção Corretiva planejada
Este tipo de manutenção depende da qualidade da
informação fornecida pelo acompanhamento preditivo e
possibilita um planejamento para a execução das tarefas, de
forma que os custos podem ser minimizados, uma vez que
estamos esperando a falha ou a perda de rendimento do
equipamento [2].
A decisão por este tipo de manutenção pode advir de vários
fatores: a falha não oferece qualquer possibilidade de risco às
pessoas e ou instalações; possibilidade de conciliar a
necessidade da intervenção com os objetivos de produção;
garantia de disponibilidade de sobressalentes e ou ferramentas
necessárias à execução da manutenção; existência de recursos
humanos necessários à execução da atividade.
 D.Manutenção Preventiva
A manutenção efetuada em intervalos pré-determinados, ou
de acordo com critérios prescritos, destina-se a reduzir a
probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de
um item [1].
A manutenção preventiva, ao contrário da corretiva, visa
evitar a falha do equipamento. Este tipo de manutenção é
realizado em equipamentos que não estejam em falha, ou seja,
estejam operando em perfeitas condições [2].
Desta forma podemos ter duas situações bastante diferentes
quando realizamos este tipo de manutenção:
A primeira situação é quando paramos o equipamento bem
antes do necessário para fazer a manutenção do mesmo;
A segunda situação é a falha do equipamento, por termos
estimado o período de reparo do mesmo de maneira incorreta.
Baseando-se nestas duas situações é importante que a
definição do período de parada dos equipamentos seja
efetuada por pessoas experientes, ou seja, que conheçam bem
o equipamento a ser manutenido, baseando-se em informações
do fabricante do equipamento e principalmente nas condições
climáticas que estes se encontram, pois um mesmo
equipamento pode se comportar de maneira bem distinta
quando submetido a condições climáticas diferentes.
Para se chegar à Manutenção Preventiva, é necessária que a
equipe envolvida seja uma equipe experiente, que realmente
conheça os grupos de equipamentos envolvidos, além disso, é
necessário ter ações para reduzir os defeitos. Pode-se adotar
manutenção zero defeitos, que tem como necessidades para
sua efetivação:
1. Qualidade da mão-de-obra;
2. Qualidade do serviço;
3. Auditoria de qualidade;
4. Programa de ação corretiva.
A qualidade, ou melhor, o grau em que o serviço ou produto
satisfaz às necessidades e exigências do usuário, precisa ser
uma busca constante para um melhor trabalho, o qual é feito
pelo trabalhador e com o envolvimento de todos os
funcionários [5].
A educação, em especial o treinamento e o
desenvolvimento, tem que ser compreendida como
investimento rentável que retorna resultados e constrói
interesse, ousadia e consciência, na integração teoria com a
prática, pois são as pessoas que definirão o futuro da
organização.
Outro aspecto que talvez possa auxiliar consiste na melhor
divulgação do perfil almejado dos funcionários e das
oportunidades no mercado de cursos e especializações,
descrevendo os ganhos obtidos, tanto na melhoria da
qualidade do trabalho quanto financeira ao trabalhador, e,
assim, incentivando-os ao aperfeiçoamento.
Os impactos do triangulo vontade – educação –
treinamento, geram resultados às pessoas diretamente
envolvidas, na qualidade do serviço e do trabalho e,
consequentemente, à organização, o qual depende do
adequado funcionamento dos equipamentos, aparelhos e
instalações, para poder exercer suas atividades corretamente.
Com isso, haverá melhoria no atendimento fornecido a toda
sociedade que utiliza os serviços do Hospital [5].
Inserido no tema da mão-de-obra, podem ser analisadas as
principais vantagens e desvantagens sobre o processo de
manutenção por funcionários próprios ou por terceiros:
Sabendo que o ideal da manutenção, nessa breve teorização
não é o de reparar e deixar como antigamente, mas sim reparar
e deixar melhor do que era quando novo, procurando fazer
certo da primeira vez. O que acarreta na prevenção que
oferece maior confiabilidade na prestação de serviços e na
produção. Para tanto é necessária à pesquisa de origem, ou
seja, ao invés de analisar os efeitos é necessário analisar as
causas, investigando-as. Desse modo a manutenção deve visar
à correção da origem do problema, através, por exemplo, de
listas de possibilidades, do diagrama de Ishikawa como a
ferramenta de análise denominada “Espinha de peixe”. Dessa
maneira, a prevenção significa a atitude permanente voltada
para a prevenção, pessoal com experiência e conhecimento no
produto e no processo, análise dos dados estatísticos e
acompanhamento das ações corretivas [3].
A manutenção preventiva começa com pequenos
instrumentos indicadores e analisadores do que está ocorrendo
e necessita que a equipe conheça sua área de trabalho e suas
máquinas, as quais devem ter uma ficha de referência que
inclui as principais características e o histórico de falhas.
Também é prudente comprar desde o inicio, materiais de
qualidade. Para a Manutenção Preventiva são necessários os
trabalhos de programação das ações de manutenção,
preparação do plano de avaliações, definição de pontos,
reunião de informações, realização de diagnósticos,
planificação de reparos e execução de procedimentos segundo
plano previamente definido.Por meio da manutenção
preventiva é possível agir contra desperdícios e uma
campanha de conscientização para os usuários também é uma
boa medida a ser adotada [3].
VI. ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO
A Engenharia de Manutenção é na verdade uma evolução
da manutenção industrial. A engenharia de manutenção
significa perseguir benchmarks, aplicar técnicas modernas,
estar nivelado com a manutenção de Primeiro Mundo [2].
Quando a área de manutenção de uma empresa passa a
praticar a engenharia de manutenção, ela começa a mudar sua
cultura; passa a investigar as causas das quebras e
interrupções, modificar situações crônicas, melhorar
sistemáticas, enfim, almeja garantir maior disponibilidade à
planta, utilizando técnicas consagradas a custos aceitáveis [6].
Neste mesmo sentido, a engenharia de manutenção
encarrega-se da gestão do processo de manutenção,
procurando melhorar continuamente a eficiência do mesmo.
Dentre as atividades, que geralmente são atribuídas à
Engenharia de Manutenção, podemos citar [6]:
• Arquivo técnico: documentação técnica em geral,
elaboração de procedimentos;
• Desenvolvimento de fornecedores;
• Estudos, automações e melhorias de manutenção;
• Apoio técnico a manutenção;
• Normalizações: componentes, sobressalentes,
treinamentos.
 Pode ser dito ainda que a manutenção está compreendida
em:
• Administrativa: ligada à administração do hospital,
faz projeções e avaliações, com planejamento abrangente
e, desse modo, orienta a manutenção preventiva e corretiva
[3].
• Preventiva: consiste em ações e providencias antes
dos problemas surgirem, evitando-os. Requer vigilância e
programação, e quanto melhor seu desempenho que
depende de um serviço estruturado, atuante e apoiado pelas
administrações superiores, menores são as ocorrências de
panes. Também contem a manutenção de rotina, a qual é
programada e continua, e a manutenção preventiva
condicionada que utiliza melhores tecnologias e possibilita
um diagnostico mais preciso [3].
• Corretiva: uma das etapas que trata de reparos e
consertos. É mais onerosa e prevalece na deficiência dos
outros tipos de manutenção [3].
VII. ESTRATÉGIAS DE MANUTENÇÃO
A estratégia de manutenção para cada equipamento consiste
na escolha da política de manutenção mais adequada para o
equipamento, visualizando-se os objetivos claros de: maior
disponibilidade através do aumento da confiabilidade e
manutenibilidade, maximização da vida útil e minimização
dos custos. E essa escolha é fundamental para que a empresa
obtenha êxito na manutenção dos equipamentos [7].
Para que possamos determinar corretamente quais os tipos
de manutenção são mais adequados para os equipamentos que
serão manutenidos, é importante a verificação de alguns
fatores, como as recomendações do fabricante, segurança,
características do equipamento, meio ambiente e custos [6].
É importante a verificação de manuais do fabricante do
equipamento para que possam ser observados aspectos
relevantes para cada tipo de equipamento, como por exemplo:
periodicidade de manutenção, procedimentos de correção de
falhas, etc.
As características dos equipamentos não podem ser
esquecidas, já que para a determinação da estratégia de
manutenção, aspectos como tempo médio entre falhas, vida
dos componentes, tempo médio do reparo, são muito
importantes.
O fator econômico, também é determinante para a definição
da estratégia de manutenção e deve ser analisado com muita
frieza, uma vez que é determinante para o sucesso de qualquer
empresa. Devem ser observados, neste caso, todos os custos
relacionados com a parada do equipamento, como por
exemplo: quanto vai custar para a empresa deixar de produzir
por um determinado intervalo de tempo para fazer manutenção
em certo equipamento, ou quanto vai custar à quebra de um
determinado equipamento que não parou para receber
manutenção. Outro aspecto importante é quanto à empresa irá
gastar com recursos humanos, ferramentas e peças para
realizar uma determinada estratégia de manutenção.
Uma vez definidas as políticas de manutenção mais
adequadas para cada equipamento, devem ser elaborados os
planos de manutenção. Através dos Planos de Manutenção
Preventiva são operacionalizadas as políticas de manutenção
dos equipamentos, estabelecendo-se as frequências e
abrangências das intervenções bem como os parâmetros de
monitoramento [6].
VII. SISTEMA INFORMATIZADO DE MANUTENÇÃO
Um sistema de manutenção informatizado permite a
interligação da manutenção com as demais áreas da empresa,
tornando o gerenciamento de custos, materiais e pessoal mais
ágil e seguro. O fator primordial da informatização da
manutenção é o gerenciamento dos equipamentos e
instalações, visando possibilitar a formação de um banco de
dados histórico dos equipamentos, o planejamento e
programação de recursos para a manutenção, orientar
atividades e estabelecer o panorama das condições dos
equipamentos [8].
O uso de sistemas informatizados no gerenciamento da
manutenção, pois é fundamental para a execução da política
de manutenção, em razão do alto volume de informações
manuseado pela equipe e do pequeno número de profissionais
envolvidos [6].
Um sistema de manutenção informatizado possui um papel
importante na evolução do processo de manutenção,
dinamizando o mesmo, através do fluxo rápido das
informações.
O sistema informatizado de manutenção é utilizado como
ferramenta para o gerenciamento, formação do banco de
dados, permitindo também o uso de históricos na busca de
informações para o planejamento, rastreabilidade de
problemas que já ocorreram e também geração de relatórios
com indicadores de manutenção [6].
Os relatórios de manutenção são baseados em informações
inseridas no sistema informatizado vindos da execução das
manutenções e podem gerar alguns indicadores de
manutenção, como exemplificado a seguir, servindo para
melhoria constante da qualidade dos serviços prestados.
IX. INDICADORES DE MANUTENÇÃO
MTBF - Tempo médio entre falhas
É definido como a divisão da soma das horas disponíveis do
equipamento para a operação (HD), pelo número de
intervenções corretivas neste equipamento no período (NC). A
serventia deste índice é de observar o comportamento dos
equipamentos, diante das ações mantenedoras. Se o valor do
MTBF com o passar do tempo for aumentando, será um sinal
positivo para a manutenção, pois indica que o número de
intervenções corretivas vem diminuindo, e consequentemente
o total de horas disponíveis para a operação, aumentando [9].
MTTR - Tempo médio de reparo
É dado como sendo a divisão entre a soma das horas de
indisponibilidade para a operação devido à manutenção (HIM)
pelo número de intervenções corretivas no período (NC). É
simples deduzir que, quanto menor o MTTR no passar do
tempo, melhor o andamento da manutenção, pois os reparos
corretivos demonstram ser cada vez menos impactantes na
produção [9].
TMPF - Tempo médio para a falha
Existe determinados componentes que não sofrem reparos,
ou seja, após falharem são descartados e substituídos por
novos, tendo então um MTTR igual a zero. O tempo médio
para a falha tem como enfoque este tipo de componente,
consistindo na relação entre total de horas disponíveis do
equipamento para a operação (HD) dividido pelo número de
falhas detectadas em componentes não reparáveis. Vale
ressaltar que MTBF e TMPF são distintos devido ao fato de
este levar em consideração falhas em componentes reparáveis,
e aquele nos não reparáveis [9].
Disponibilidade física do maquinário
É a capacidade de um item estar em condições de executar
certa função em um dado instante ou durante um intervalo de
tempo determinado. A fórmula do cálculo da disponibilidade
varia de um setor produtivo para outro, e até mesmo de uma
empresa concorrente para a outra. De maneira geral a
disponibilidade física (DF) representa o percentual de
dedicação para operação de um equipamento, ou de uma
planta, em relação às horas totais do período [9].
Custo da manutenção por valor de reposição
Este índice consiste na relação entre o custo total de
manutenção de um determinado equipamento com seu valor
de compra. Devemos calcular o custo de manutenção por valor
de reposição, para equipamentos de criticidade alta,
equipamentos X da instituição. Um valor aceitável deste
indicador dependeria do retorno financeiro e estratégico dado
pelo equipamento analisado, que pode vir a justificar um custo
de manutenção considerado alto [9].
Backlog
É tempo que uma equipe de manutenção deve trabalhar para
concluir todos os serviços pendentes, com toda a sua força de
trabalho. Este índice consiste na relação entre a demanda de
serviços e a capacidade de atendê-los [9].
Índice de retrabalho
O índice de retrabalho representa o percentual de horas
trabalhadas em Ordens de serviço encerradas, reabertas por
qualquer motivo, em relação ao total geral trabalhado no
período. A observação deste indicador tem como objetivo
verificar a qualidade dos serviços de manutenção, se as
intervenções vêm sendo definitivas, ou paliativas gerando um
constante retorno ao equipamento. O ideal é que o valor do
índice seja zero, ou seja, após a intervenção mantenedora não
haja ocorrência de falha com a mesma origem da primeira OS
[9].
A. Índice de Corretiva: O índice de corretiva objetiva
nos fornecer a real situação, da ação, planejamento e
programação, indicando o percentual das horas de
manutenção que foram dedicadas em corretiva. Um
patamar aceitável de corretivas deve estar abaixo de 25%
do total de horas de manutenção. Normalmente o índice de
corretiva acima de 50% indica o caos na manutenção, visto
que sua programação será frequentemente interrompida,
fazendo com que se entre no efeito “bola de neve”, onde
tudo fugirá do controle do PCM (Planejamento e Controle
da Manutenção) e da gerência de manutenção. O índice de
corretiva alto necessariamente ensejará um backlog alto,
um custo de manutenção alto, e uma disponibilidade física
baixa, enfim, tudo irá mal nos principais produtos de
manutenção [9].
B. Falta de manutenção preventiva: O índice de
preventiva (IP) é o oposto de índice de corretiva (IC),
logicamente se temos um IC iguala 30%, corresponde a um
IP de 70%. Quanto maior o valor deste indicador melhor
para a manutenção, se trabalharmos com IP cima de 75%,
estaremos com uma tranqüilidade no processo, nos
proporcionando uma rotina bem definida, e
consequentemente, um liberação de recursos para a busca
de melhoria contínua [9].
Em seguida, metas devem ser estabelecidas para cada um
dos indicadores. Estas metas são estabelecidas a nível
gerencial. Após a definição das metas, devem ser elaboradas
planilhas individualmente, o que permitirá inserir os dados
fornecidos pelo sistema de manutenção e gerar gráficos
automaticamente indicando se o indicador está acima ou
abaixo da meta estabelecida. Estas planilhas facilitam a gestão
por parte dos supervisores, porque permite uma visualização
rápida dos dados já organizados sem a necessidade de
verificação no sistema de manutenção.
Para a obtenção do sucesso esperado na implantação da
nova estrutura de planejamento, programação e controle (PPC)
da manutenção será necessária uma preparação prévia por
parte de todos os envolvidos no processo. Essa preparação
deverá acontecer através de treinamentos dos fluxos definidos
para cada função do PPC, para que todos passem a conhecer
saber para que serve e como funciona essa ferramenta [6]
Esses treinamentos serão essenciais para que a nova
estrutura seja implantada, pois sua base está na utilização
correta das ferramentas. Com este planejamento será possível
adequar o pessoal envolvido, substituir equipamentos
obsoletos, aumentar o número de preventivas, diminuir o
número de corretivas, diminuir o tempo de equipamento
parado, reduzir custos, diminuir quebra de equipamentos por
mau uso, dentre outros.
X. ESTRUTURAÇÃO DE UM PROGRAMA DE
MANUTENÇÃO
Para se estruturar um programa de manutenção é necessário
o levantamento e avaliação de dados e elementos.
Resumidamente:
• Cadastro do patrimônio: edifícios, instalações,
benfeitorias, externos;
• Cadastro do equipamento: nome, função,
características, localização, instruções e recomendações,
estoque mínimo, aquisições, vida útil, peças vitais,
etiquetagem de equipamentos, medidas de segurança
dentre outros.
• Adequação do número ideal, qualificação e
capacitação da equipe técnica.
XI. PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO
Segundo Branco Filho (2005), é através de um
planejamento adequado de manutenção é que se consegue
obter melhores níveis de disponibilidade do equipamento e
consequentemente do processo produtivo, sendo a
disponibilidade operacional o grande indicador da excelência
da manutenção e da garantia de produtividade.
O processo de manutenção, cada vez mais tem importância
no alcance dos objetivos globais da organização,
principalmente aqueles relacionados com a estratégia de
produção. O processo de manutenção deve servir de apoio
para que a produção consiga atingir seus objetivos, ou seja, ele
deve estar adequado às suas necessidades. Este alinhamento
desejado entre o processo de manutenção e os objetivos de
produção é alcançado com um bom planejamento de
manutenção.
O planejamento de manutenção é resultante do processo de
manutenção, que deve ser desenvolvido com base nas
estratégias de produção e deve estar consequentemente
orientado pelo planejamento estratégico da empresa. Assim,
tanto o planejamento de manutenção quanto seu processo de
gestão, precisam ser constantemente revistos e readequados
para o atendimento das necessidades cada vez mais flexíveis
da produção [6].
Se tivermos atividades de manutenção realizadas sem
planejamento, corremos o risco de trazer prejuízos e
comprometer inclusive a imagem da empresa junto a seus
clientes. Imaginemos que uma empresa deixe de produzir
porque está com equipamentos danificados e o tempo de
reparo destes foi muito grande e comprometeu a produção
diária. Esta empresa está correndo o risco de comprometer os
prazos de entrega dos produtos junto aos seus clientes, perder
a credibilidade e afetar negativamente a imagem da empresa.
Segundo Barbosa (2002), a média de trabalho de
funcionário de manutenção é cerca de quatro horas para uma
jornada de oito horas. Isso mostra que diversas empresas têm
uma deficiência muito grande para planejar suas atividades de
manutenção.
Os principais problemas que afetam a manutenção e
comprometem os tempos de reparo são: muitas idas ao
almoxarifado e a ferramentaria, falta de material no local de
trabalho (esperando entrega do almoxarifado), insuficiência de
mão-de-obra programada, transferência de mão-de-obra para
outro local de trabalho por causa de manutenção de
emergência, etc [9].
Todos estes problemas podem ser evitados se existir um
planejamento bem feito para as atividades, onde os materiais e
a mão-de-obra sejam alocados de maneira correta, o
almoxarifado entregue os materiais em tempo hábil, as
ferramentas sejam programadas com antecedência e estejam
no local de trabalho para a execução dos serviços.
O planejamento tem como finalidade comunicar as
intenções daquilo que se planeja, levando outras pessoas a
conhecerem a realidade que se pretende e, assim, à execução
das etapas que conduzem às metas e objetivos. Todo plano
deve possuir duas características [4]:
• Tarefas: coisas a fazer;
• Recursos: pessoas, máquinas, materiais - que serão
utilizados para a realização das tarefas.
XII. OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO
O planejamento visa proporcionar maior confiabilidade,
manutenibilidade e consequentemente disponibilidade ao
equipamento. Deve atender bem os equipamentos críticos da
produção, por isso sua elaboração precisa ser orientada pela
união de objetivos e políticas de produção juntamente com os
de manutenção. Cabe a engenharia de manutenção
proporcionar um processo de manutenção que dê sustentação
para a eficiente elaboração e execução de um plano de
manutenção. Plano este que deve ser orientado em função da
criticidade dos processos, e ou equipamentos, visando
direcionar os esforços para os equipamentos dos processos
realmente críticos, e economizando os esforços para os menos
críticos [6].
XIII. VANTAGENS DE UM BOM PLANEJAMENTO DE
MANUTENÇÃO
A adoção de um bom planejamento pode trazer muitos
benefícios para a área de manutenção da empresa [6]. Abaixo
estão listadas algumas vantagens importantes, como:
• Possibilidade de planejamento de recursos humanos;
• Evita erros na contratação de terceiros e na aquisição
de sobressalente (possibilita o gerenciamento de
sobressalente);
• Possibilidade de aquisição de materiais com melhor
qualidade e com menor custo;
• Através de planos de trabalho, cronogramas podem
ser preparados e coordenados com planos de produção;
• Permite a identificação de padrões de trabalho ainda
não elaborados;
• O senso de responsabilidade das pessoas pode ser
estimulado;
• Evita-se o trabalho desnecessário;
• Possibilita a manutenção de oportunidade (quando há
uma paralisação do equipamento para preparações, falta de
matéria-prima, ou outro fator que permita a entrada da
equipe de manutenção para a realização de manutenção);
• É possível estimar o número de etapas envolvidas no
plano de manutenção e o custo de cada uma.
XIV. ORGANIZAÇÃO DE UM PROGRAMA DE
MANUTENÇÃO
Estrutura-se da seguinte forma, com os requisitos
descriminados:
A. Organização geral
Deve a cargo da manutenção administrativa e deve seguir
os seguintes itens:
• Definir o sistema de organização pretendido;
• Detalhar o programa de manutenção, conservação,
substituição e reparos;
• Cadastrar recursos humanos;
• Definir necessidades e tipos de conservação;
• Definir a frequência de inspeção;
• Fornecer instruções referentes ao uso,
funcionamento;
• Registrar e controla solicitações;
• Levantar dados;
• Controlar estoques de peças e as disponibiliza as
manutenções.
• Avaliar dispêndios;
• Subscrever áreas de trabalho específicas de cada
funcionário;
• Elaborar normas, rotinas e treinamento da equipe;
• Organizar as oficinas, em número adequado de
funcionários, dimensões e especializações adequadas.
 Deve-se atentar para que a manutenção não se torne uma
fábrica de móveis, aparelhos e peças, e para tanto, é necessário
dar cobertura à indispensável conservação das instalações,
preservação do patrimônio e operacionalização da Instituição a
contento.
B. Arquivo:
Os arquivos devem possuir:
• Mapoteca
• Catálogos de equipamentos e de aparelhos.
• Relação de aparelhos e ferramentas.
• Manuais de manutenções.
• Biblioteca técnica.
• Cadastro de estoques de peças de reposição.
• Normas, rotinas e instruções de uso.
• Cadastros de fabricantes, fornecedores, firmas de
manutenção, mão-de-obra especializada.
• Cadastro de hospitais, de cursos de formação.
Da forma como está colocada anteriormente, a
administração da manutenção fica encarregada de muitos
serviços e normatizações. Dessa maneira, deve ser avaliada
pela administração a viabilidade de executar todos esses
atributos e a possibilidade de delegar outros, aos setores onde
os equipamentos estão alocados [3].
Ainda é necessário salientar que a Engenharia da
Manutenção deve reunir o conjunto de ações para corrigir as
deficiências e tomar como sua responsabilidade esse
encaminhamento para os envolvidos na execução das
manutenções: funcionários da manutenção, coordenadores
gerais, gerência e demais.
XV. DO PROGRAMA DE AÇÃO CORRETIVA PARA
PREVENTIVA
Para a remoção de erros da manutenção é necessário:
preparar procedimentos do mesmo e criar grupos que analisem
os principais problemas da manutenção e apresentem
soluções. No entanto essa postura precisa ser substituída pela
manutenção planejada, que exige dos responsáveis a
consciência de sua importância nos processos.
Dessa manutenção planejada com vistas no futuro e na
ampliação das atividades de Prevenção e Inspeção, é preciso
levar as questões dos avanços tecnológicos, buscar uma
melhor integração com os fornecedores e com os outros
setores envolvidos e principalmente entre os próprios setores
ou Setores de Manutenção, com a possibilidade de
transferência de atividades sem rígidas separações, procurando
encontrar formas para uma intensiva integração e trocas de
informações.
De modo geral a manutenção está colocada em três grupos
básicos:
• Manutenção de campo: dividida geograficamente,
tecnologicamente ou setorialmente de forma estratégica, de
acordo com as necessidades, visando um atendimento
emergencial e a execução da manutenção planejada.
• Oficina de manutenção: apoio aos plantões, para
resolver consertos demorados, reformas e confecções.
• Administração de manutenção: equipe de apoio para
programação das manutenções, elaboração de sistema de
apoio, planejamento de prevenção e avaliação dos índices
e falhas.
XVI. SITUAÇÃO ATUAL DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA CLÍNICA/HOSPITALAR DO EAS
ANALISADO
O Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar do EAS
analisado é divido nos seguintes setores:
• Setor administrativo: Responsável pela a
administração do Almoxarifado, e secretaria. Tem a função
de controlar o fornecimento e controle de peças de
reposição e realização dos processos administrativos e
burocráticos dando suporte aos demais subssetores do
Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar.
• Setor de Engenharia Clínica - Assessoria técnica para
aquisição e substituição de equipamentos que tem a função
de assegurar confiabilidade e disponibilidade dos
equipamentos e instalações do EAS. Tecnovigilância que
possui a função de monitorar problemas graves ou crônicos
em equipamentos médico-hospitalares, notificando ao
Hospital sentinela visando à identificação da causa raiz e
encaminhando conforme roteiro de inspeção interna.
• Setor de Gestão de Contratos - Responsável pela
elaboração e acompanhamento dos contratos de
manutenção externa.
• Setor de Eletrônica - Responsável pela manutenção
de equipamentos eletromédicos do parque tecnológico do
EAS, assegurando confiabilidade e disponibilidade dos
equipamentos e instalações deste hospital. Também atua
com a tecnovigilância, monitorando problemas graves ou
crônicos em equipamentos médico-hospitalares,
notificando ao Hospital sentinela visando à identificação
da causa raiz e encaminhando conforme roteiro de
inspeção interna.
• Setor de mecânica fina e sistemas - Responsável
Manutenção de equipamentos de precisão, ótica e
mecânica fina, preservando padrão de precisão dos
equipamentos, suprindo as demandas dos diversos setores
deste EAS.
• Setor de eletromecânica - responsável pela
manutenção do sistema de ar condicionado, do sistema de
geração de vapor e de equipamentos eletromecânicos. Tem
função de manter o Grau de pureza do ar previsto na
legislação, a Qualidade do vapor e Geração de vapor
compatível com a demanda e a Confiabilidade e
disponibilidade dos equipamentos.
As manutenções executadas em todo parque tecnológico
deste EAS são realizadas por equipe de trabalho mista, onde
parte de equipamentos são manutenidos internamento por sua
própria equipe e parte é executada por equipe externa
contratada.
Esta divisão é feita devido à alta complexidade de grande
parte dos equipamentos utilizados neste EAS, onde é
necessária uma mão de obra especializada, garantindo assim
qualidade e segurança no atendimento por ele realizado. Os
demais equipamentos, menos complexos, mas com mesma
importância, são manutenidos pela equipe uma interna
competente e detentora do conhecimento para sua realização.
 Quanto à manutenção, podemos afirmar que ela se encontra
majoritariamente intensificado na manutenção corretiva. Isto
toma o maior tempo de suas atividades diárias, ou seja, os
serviços executados são feitos a partir das solicitações, o que
podemos chamar de quebra-repara.
As manutenções preventivas gerenciadas pelo
Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar também se
encontram em estágio inicial, longe do número ideal, mas com
várias rotinas definidas e sendo implementadas regularmente.
São executadas manutenções preventivas em sistemas e
equipamentos de refrigeração, caldeira, monitores
multiparamétricos, cardioversores, fototerapia, microscópios
dentre outros. Este planejamento tem como objetivo atender
de forma ideal e completa a manutenção preventiva em todo o
parque tecnológico deste EAS.
Considerando a manutenção preditiva, é natural analisar que
o parque tecnológico de qualquer instituição vá envelhecendo,
e para evitar que este efeito cause impactos negativos no
atendimento, é necessário que seja feito um planejamento de
sua substituição, o que ainda não é executado por falta de
indicadores confiáveis e suficientes para sua implementação, o
que acaba sendo feito apenas pelo conhecimento e experiência
de funcionários atuantes nesta área.
Atualmente, o gerenciamento de todas as manutenções é
feito por um software que possui 13 anos de uso. Este
software foi instalado no EAS em questão no ano de 2001,
pela uma empresa de consultoria de gerenciamento da
manutenção, vencedora de licitação no ano de 2000, com um
trabalho de instalação e ajustes previsto para 13 meses.
Durante este período, além do fornecimento e instalação do
software, a empresa efetuou as seguintes atividades, com
emissão de relatórios mensais:
• Diagnóstico da situação inicial da manutenção
(número de funcionários, cargos existentes, grau de
escolaridade dos funcionários, espaço físico, recursos
disponíveis, relatórios encaminhados a outros setores do
EAS);
• Relatório da situação instalada (funcionários, cargos,
recursos, ferramentas, uniformes e espaço físico
necessário);
• Treinamentos mensais aos funcionários da
manutenção (mudança de paradigmas, gerenciamento da
manutenção, água de uso intra-hospitalar, salas limpas,
Engenharia Clínica);
• Cadastro físico de todos os equipamentos e
instalações prediais.
• Inserção de dados no programa: cadastro de todos os
equipamentos, cadastro de usuários, instalações prediais,
centro de custos, cadastro de inspeções e preventivas de
alguns equipamentos;
• Treinamento do pessoal de manutenção;
• Treinamento dos usuários;
• Testes e emissão de relatórios.
Posteriormente, foi acrescido no programa, um relatório de
horas trabalhadas a ser enviado mensalmente ao setor de
custos, e isso gerou vários erros no sistema, que foram
corrigidos ao longo do período de consultoria. Porém ao
término dos 13 meses, o programa ainda apresentava vários
erros e falhas, o que fez com que a empresa desenvolvedora
do sistema prolongasse por mais seis meses o período de
consultoria.
Ao término dos trabalhos desta empresa, os erros foram
corrigidos, porém após alguns anos inserindo os serviços
realizados, históricos e outras ocorrências, o banco de dados
foi esgotando usa capacidade e o programa ficou muito lento.
Mesmo com ajustes, o software continuou apresentando
falhas, tais como:
• Sem limite para usuários: não existem senhas de
acesso e qualquer usuário que possui acesso ao módulo
completo, pode inserir e apagar qualquer dado;
• Não há obrigatoriedade de inserção do patrimônio do
equipamento na abertura das Ordens de Serviço (OS),
gerando históricos de manutenção incompletos;
• O programa foi concebido, há mais de 12 anos, em
linguagem de software ultrapassada e com escassez de
assistência técnica;
• Vários dados inúteis não podem ser apagados;
• O programa não comunica com outros programas do
EAS, como por exemplo, o software do setor de
patrimônio;
Além disso, houve uma alteração do software de patrimônio
deste EAS, que antigamente trabalhava com 10 dígitos e
passou a trabalhar apenas com 8 dígitos (foram eliminados o
primeiro e o ultimo dígito de seu cadastro). Com esta alteração
da numeração de patrimônio dos equipamentos, houve a
geração de um grande transtorno para o cadastro no software
de manutenção existente.
Mesmo com as falhas do software atualmente utilizado, o
Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar tem
executado ações com relação à manutenção de equipamentos e
sistemas dentro do EAS, tais como desenvolvimento de rotinas
de manutenções preventivas, arquivamento de documentos e
relatórios relativos a manutenções, fluxo das manutenções,
levantamento do parque tecnológico, organização de suas
instruções técnicas operacionais dentre outras.
Os processos internos também estão sendo revistos, visando
à melhoria da atuação da engenharia dentro daquilo que lhe
cabe. Com isso está havendo a reestruturação de seus setores e
seu corpo funcional a partir de necessidades detectadas. Como
exemplo, podemos citar a criação de um novo setor
responsável em cuidar da elaboração e gestão dos contratos de
prestação de serviço relacionados com o Departamento de
Engenharia Clínica/Hospitalar. Por esse mesmo motivo
também foi criado um grupo responsável pela especificação de
equipamentos e acessórios para o EAS analisado.
Nos últimos dois anos houve uma melhora significativa dos
processos internos e atendimento realizado pelo Departamento
de Engenharia Clínica/Hospitalar, porém, estas ações
poderiam ser melhoradas se ferramentas (softwares) que
pudessem subsidiar o sistema com informações
imprescindíveis fossem fornecidas.
Dentre situações ideais defendidas pelas teorias da
manutenção e o que encontramos atualmente sendo executado
dentro da manutenção do EAS em questão, podemos fazer um
comparativo que poderá auxiliar nas tomas de decisões futuras
segundo a tabela I.
 TABELA I programadores especializados na linguagem do software),
COMPARATIVO ENTRE SITUAÇÕES DA MANUTENÇÃO preenchimento incorreto de ordens de serviço. Além disso
também foram detectadas falhas devido a falta de equipe
Ideal Real Situação
técnica qualificada para programar as manutenções,
Preventiva Corretiva 85% Fora do ideal
dificuldade de acesso aos equipamentos, falta de análise das
100% Preventiva 15%
condições dos recursos, falta das condições físicas,
Corretiva 0%
operacionais e de segurança, falta de programação de serviços,
Equipe de Equipe Mista Atendido
falta da elaboração do cronograma semanal de serviço no
manutenção
software de manutenção para cada equipe executante,
mista
dificuldade de negociação de parada de equipamentos, falha
Equipe de Sem equipe de Fora do ideal no fechamento da programação, falha na confirmação de
Programação programação paradas e falhas no planejamento de prevenção e avaliação dos
Software Software desatualizado Fora do ideal índices e falhas dentre outros.
atualizado O conjunto destas falhas e dificuldades influenciou em todo
Indicadores e Indicadores e relatórios de Fora do ideal o processo de manutenção do EAS em questão, gerando um
relatórios de manutenção não baixo número de manutenções preventivas, alto índice de
manutenção confiáveis. manutenção corretiva, número de horas de equipamento
confiáveis parado elevado, falta de planejamento para a substituição de
Sistema de O EAS possui gestão da Em adequação tecnologias ultrapassadas, demora no tempo de atendimento
qualidade qualidade sendo de solicitações de serviço, dificuldade de acesso aos
implantado No equipamentos devido à falta de planejamento e programação
Departamento de da manutenção, preenchimento de OS incorreta, causando o
Engenharia atraso no atendimento das ordens de serviço. Além disso,
Clínica/Hospitalar impossibilitou a definição de peças em estoque, inviabilizou o
Instruções de Em fase de Em adequação levantamento do valor gasto com a manutenção de cada
trabalho e desenvolvimento e análise equipamento, prejudicou a identificação de mau uso e de
protocolos equipamentos e consequentemente treinamento específico para
Cadastro total Erros no cadastramento. Fora do ideal áreas onde isto ocorre com mais frequência.
do patrimônio Falta de padrão de
no software numeração. Banco de XVIII. DISCUSSÃO
dados desatualizado
Para que seja possível realizar o gerenciamento da
Cadastro total Necessidade de Fora do ideal
dos atualização dos dados do manutenção de equipamentos eletromédicos com qualidade,
para que não haja um comprometimento no atendimento do
equipamentos patrimônio no software
no software EAS, é necessário que exista um registro do histórico de todas
as intervenções realizadas nestes equipamentos e indicadores
relativos. Apenas através destes indicadores será possível a
XVII. PLANO DE AÇÃO E INTERVENÇÃO
geração dos relatórios individuais ou de grupo necessários
Considerando a importância da manutenção de máquinas e para o planejamento e análise da viabilidade de uma
equipamentos para bom andamento dos serviços ligados a manutenção ou troca deste equipamento. Porém, para se
saúde, envolvendo segurança e o impacto direto aos pacientes conseguir fazer este controle de forma eficiente é preciso que
e toda a comunidade assistencial do EAS, definimos que seria uma série de atitudes seja tomada:
de muita importância melhorar os processos de trabalho deste A – Aquisição ou desenvolvimento de um software de
setor. manutenção eficiente, pois através será possível registrar todas
As atividades iniciaram-se por informações retiradas nos as intervenções realizadas em cada equipamento. Desta forma,
setores de manutenção do Departamento de Engenharia um histórico de cada equipamento será criado, e com essas
Clínica/Hospitalar do EAS analisado, com o propósito de informações, uma série de medidas e ações poderão se
realizar um diagnóstico específico de suas dificuldades tomadas, como por exemplo, avaliação do tempo e recursos
operacionais em relação à falta de registros de manutenção, gastos em cada manutenção, avaliação de obsolescência dentre
fornecendo elementos que pudessem contribuir para a outros dados.
implantação de uma gestão programada de manutenção. B – Definição de um programador de manutenção, que será
Através das informações conseguidas nestas áreas, foram responsável por fechar as programações planejadas, distribuir
encontrados problemas comuns, tais como falhas na cópia do cronograma das manutenções para as pessoas
programação das manutenções, perda de programação no envolvidas, confirmar a data e horário de parada de
software, falta de indicadores de manutenção, lentidão de equipamentos viabilizando as manutenções preventivas. Esta
acesso ao seu banco de dados, travamento do software, falta pessoa também será responsável em encerrar as OS’s
de recursos de programação da manutenção, falta de realizadas e reprogramar as manutenções que por algum
comunicação entre outros setores (almoxarifado, custos), motivo não pôde ser realizada.
geração de ordens de serviço (OS) com 2 número de registro Apenas através das informações que serão obtidas através
(usuário e oficina), falta de manutenção no software (falta de do histórico dos equipamentos será possível a geração dos
relatórios individuais ou de grupo necessários para o
planejamento e análise da viabilidade de uma manutenção ou
troca deste equipamento, e com isso, fazer com que todos os
processos internos relativos à manutenção tenham uma
comunicação entre si, melhorando desta forma todo o tipo de
atendimento realizado por este EAS.
XIX. OPERACIONALIZAÇÃO DOS PLANOS DE AÇÃO E
INTERVENÇÃO
A. Problema 1
Software de manutenção desatualizado com falhas e falta de
indicadores.
B. Objetivo Estratégico
Eliminar os problemas com a falta de registros de
manutenção.
C. Meta
Substituir o software de manutenção existente por outro
software mais robusto, atualizado e com mais recursos.
Implantar setor de programação da manutenção.
D. Estratégia:
Apresentar a necessidade de reorganização do setor de
manutenção no que diz respeito à informatização.
XX. CONCLUSÃO
O gerenciamento adequado do parque de equipamentos das
instituições de saúde deve estar compatível com a importância
e responsabilidade dos Hospitais como organizações de
preservação da vida.
Este trabalho de pesquisa teve como objetivo central,
elaborar um plano de ação para a implantação de um novo
sistema informatizado para gerenciamento do planejamento
identificando e refletindo sobre os principais aspectos que
condicionam um adequado gerenciamento das operações de
manutenção em uma EAS de grande porte, tais como o
histórico de cada equipamento.
Nele foram apresentadas as necessidades de reestruturação
no planejamento, programação, operacionalização e controle
da manutenção no EAS, sendo apontado como fator crítico à
necessidade de implantação de um software adequado à gestão
da manutenção dos equipamentos em um ambiente hospitalar
tão amplo e complexo como o EAS estudado. Assim, o
presente trabalho demonstra a importância da implantação de
um novo sistema informatizado de manutenção e que esse,
possa permitir a interface entre diversas áreas, e a equipe de
programação de manutenção, permitindo desta forma, uma
maior agilidade e melhor planejamento nas atividades do
Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar.
Além disso, este trabalho tem a intenção de colaborar com a
reorganização dos processos de manutenção de seus
equipamentos com definição dos protocolos a serem
utilizados, de forma a garantir um serviço seguro, de qualidade
e que possibilite a rastreabilidade do histórico de manutenção
do equipamento.
Como resultado dessa reestruturação, espera-se que o
Departamento de Engenharia Clínica/Hospitalar possa realizar
suas atividades de forma mais eficiente e segura, permitindo
uma melhoria significativa na área, através do melhor
planejamento das atividades e uma melhor gestão da
manutenção.
Desta forma, espera-se conseguir uma melhor interface com
as áreas de manutenção, devido à proximidade do plano de
planejamento e controle da manutenção, melhorar a
qualificação dos profissionais que receberão treinamentos e
estarão cada vez mais preparados para os novos desafios da
manutenção, garantindo desta forma mais segurança e
qualidade aos profissionais e pacientes deste EAS.
REFERÊNCIAS
[1] DRUMOND, Maurício Rocha. Manual do sistema de gerenciamento da
manutenção: Companhia Vale do Rio Doce. Minas Gerais, 2004.
[2] PINTO, Alan Kardec & XAVIER, Júlio Nascif. Manutenção: função
estratégica. Rio de Janeiro: Qualimark.Ed.1999.
[3] KARMAN, J. Manual de Manutenção Hospitalar Preditiva, São Paulo:
Pini, 1994.
[4] VIANA, H. R. G. PCM: Planejamento e controle da manutenção. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2002.
[5] MIRSHAWKA, V. Manutenção preditiva: caminho para zero defeitos.
São Paulo: Makron Books, 1987.
[6] FABRO, Elton. Modelo para planejamento de manutenção baseado em
indicadores de criticidade de processos. Florianópolis, 2003.
[7] MENEZES, Ivan Montenegro & ALMEIDA, Magnus de Lellis. Manual
de manutenção Industrial: Companhia Vale do Rio Doce. Minas Gerais:
Letragráfica, 2002.
[8] BRANCO, F. G. Curso Planejamento e Controle de Manutenção.
Associação Brasileira de Manutenção. Rio de Janeiro: ABRAMAN,
2005.
[9] BRANCO. F. G. Dicionário de termos de manutenção e confiabilidade,
2 ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2000.
[10] BARBOSA, Paulo. Planejamento e programação da manutenção: 2
curso de especialização em Engenharia de Manutenção. Vitória, 2002.
1
Jefferson Davis Pena Cária nasceu em Amparo do Serra, MG, em janeiro
de 1976. Possui graduação em Engenharia Elétrica, modalidade Eletrônica,
ênfase em Telecomunicações (2002) e curso de Suplementação em
Engenharia Biomédica (2004) pelo Instituto Nacional de Telecomunicações –
INATEL de Santa Rita do Sapucaí – MG. Pós Graduado em Qualidade e
Produtividade pela Universidade Federal de Itajubá e em Qualidade
Hospitalar pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais – ESP/MG. Mestre
em Ciências e Técnicas Nucleares, título obtido em junho de 2010, pelo
Departamento de Engenharia Nuclear da Universidade Federal de Minas
Gerais. Foi Engenheiro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Minas Gerais, de 01/2006 a 10/2014, trabalhando na área de Engenharia
Clínica, atuando nos processos de especificação para a aquisição de
equipamentos médicos, coordenação e gestão da manutenção do parque
tecnológico do hospital, participante dos grupos focados no processo de
Acreditação Hospitalar (ONA e JCI) além de desenvolver treinamento aos
usuários técnicos. Leciona no curso de Pós Graduação em Engenharia
Clínica/Biomédica do Instituto Nacional de telecomunicações (INATEL).
Leciona na Faculdade Pitágoras e na Faculdade UNI-BH nos cursos de
Engenharia Elétrica, Engenharia de Automação Industrial, Engenharia
Mecânica e Ciências da Computação. Lecionou na Faculdade Anhanguera de
Belo Horizonte nos Cursos Superiores de Tecnologia em Mecatrônica
Industrial e de Tecnologia em Eletrotécnica Industrial.
2
Marco Túlio Perlato nasceu em Pouso Alegre, MG, em junho de 1967.
Possui graduação em Engenharia de Telecomunicações (1993) pelo Instituto
Nacional de Telecomunicações, especialização em Engenharia Clínica (1995)
pela Universidade Estadual de Campinas, especialização em Administração
Hospitalar e Sistemas de Saúde Pública (2000) pela Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo e Mestrado em Saúde Coletiva (2011) pela Universidade do
Vale do Sapucaí. Atualmente é coordenador e professor do curso de
graduação e pós graduação em Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica
do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), consultor em projetos de
Engenharia Clínica, diretor da Regional Sul de Minas da Associação
Brasileira de Engenharia Clínica (ABClin) e membro do Grupo de Trabalho
para desenvolvimento de metodologia e classificação em tecnovigilância da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).