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Artigo – Manutenção centrada

em confiabilidade: por que


aplicar na gestão de
equipamentos médico-
hospitalares?
28/09/2017
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“Reliability Centred Maintenance – RCM” ou em português “Manutenção


Centrada em Confiabilidade – MCC” é uma metodologia proposta pela
Engenharia de Manutenção para garantir que dispositivos, máquinas ou
qualquer produto realize sua função adequada sob as condições de
operação determinadas, para um tempo especificado, definindo qual as
melhores estratégias de manutenção, certificando o controle dos riscos
de segurança, ambiental, qualidade e economia.

Diante disso, os focos da RCM são voltadas para preservar a função do


sistema, identificar, classificar e priorizar, segundo suas consequências,
as falhas funcionais, através da aplicação de ferramentas de qualidade,
como o FMEA.

RCM na gestão de equipamentos médico-hospitalares

Segundo a norma brasileira NBR 5462 (1994), manutenção é definida


como a combinação de todas as ações técnicas e administrativas,
incluindo as de coordenação, destinadas a manter ou recolocar um item
em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida,
podendo inclusive incluir uma modificação do item. Ainda, a norma
inglesa BS-3811 (1993) define manutenção como sendo a combinação
de qualquer ação para reter ou restaurar um item, de acordo com um
padrão aceitável.

Diante de todas essas definições que indicam combinação de ações e


técnicas, os atuais avanços da tecnologia e todo o incremento de
equipamentos elétricos utilizados na prática médica, se faz necessário
uma constante prevenção das falhas e das consequências dessas falhas,
além da redução de custos de manutenção, e aumento da confiabilidade
e disponibilidade.

Para isso, é necessário que a gestão seja qualificada e especializada,


adotando estratégias que trabalhem diante dos pontos citados acima.
Como solução, a Manutenção Centrada em Confiabilidade se torna de
extrema contribuição aos planos de gerenciamento dos equipamentos
médico-hospitalares, eliminando a improvisação e metodologias focadas
em manutenção não planejada.

Além disso, algumas certificações da qualidade em instituições ligadas à


saúde, como a ISO 9001 e Acreditações Hospitalares, exigem que seus
processos, apesar de distintos, tenham procedimentos formais,
planejamento e controle, simplificando e atestando a qualidade do
trabalho através dos enfoques citados da Manutenção Centrada em
Confiabilidade.

Quais as vantagens de aplicação da metodologia RCM?

A Manutenção Centrada em Confiabilidade apresenta grandes vantagens


para o gerenciamento dos equipamentos médico-hospitalares, dentre
eles, os pontos forte que podemos destacar são:

 Maior agilidade da equipe técnica na execução dos serviços,


visto que existirá um maior conhecimento sobre os
equipamentos, resultando em diminuição das horas de mão de
obra da equipe técnica;
 Diminuição dos custos, visto que existirá um melhor
planejamento das manutenções, potencializando o serviço e
evitando também a compra desnecessária de peças
sobressalentes;

 Redução de falhas no equipamento, visto que haverá maior


planejamento e acompanhamento das manutenções, otimização
do serviço e maior conhecimento sobre os equipamentos,
implicando em maior disponibilidade e prolongamento da vida
útil do parque tecnológico;

 Maior cuidado e preservação das especificações de fábrica do


equipamento, uma vez que evitará  manutenções
desnecessárias, deficientes e que podem interferir em seu
desempenho;

 O retrabalho será evitado, visto que a manutenção será mais


eficiente e a operação será adequada;

 Maior segurança ambiental.

Como é aplicada a metodologia RCM?

O processo de implantação da RCM se divide em etapas que vão desde o


planejamento até a prática real do que foi programado. Através dos
questionamentos aplicados na metodologia do FMEA (indicado na
imagem abaixo), que analisa modos de falha e seus efeitos, são
encontradas as respostas para a determinação de tarefas pró-ativas ou
reativas, através do diagrama de decisão para as manutenções.

 
 

As tarefas pró-ativas se dividem basicamente em algumas tomadas de


decisões: Manutenção Preditiva e Manutenção Preventiva.
 A manutenção preventiva tem caráter elaborado e programável
no intuito de realizar, por exemplo, ajustes, inspeções
sistemáticas, preservação do equipamento, reparo de defeitos.
Por outro lado, a manutenção preventiva tem sua eficácia
questionável, pois às vezes envolve alto custo na revisão, além
da possibilidade de ser induzida a falhas sobressalentes,
contaminação na lubrificação, falhas humanas e em
procedimentos operacionais.

 A manutenção preditiva é realizada a partir da alteração de


padrões de funcionamento ou condição, obedecendo a uma
metodização. Seu propósito é impedir falhas nos equipamentos
ou sistemas, realizando acompanhamentos de diversos
parâmetros, porém sem a necessidade de interromper a
operação da máquina ou sistema.

Para as tarefas reativas, são realizadas ações secundárias caso não seja
possível a utilização das tarefas pró-ativas por fins injustificáveis. Essas
ações constituem três grupos distintos: Busca de Falhas, Reprojeto e
Manutenção Corretiva.

 A busca de falhas é uma etapa anterior ao reprojeto que tem o


intuito de minimizar o risco de falhas múltiplas procurando
identificar defeitos ocultos ou não explícitos aos profissionais da
operação. Dessa forma, é feita a verificação no sistema e
possível correção, caso precise, sem precisar tirá-lo de
execução.

 O reprojeto é realizado quando as falhas funcionais trazem


consequências que afetam a segurança ambiental e física, tanto
do paciente quanto do operador.

 Manutenção Corretiva é operada a fim de corrigir uma falha


aleatória, de caráter emergencial. Essas falhas muitas vezes
acarretam em consequências graves, podendo danificar ainda
mais o equipamento, provocando perdas na produção e na
qualidade, impactando custos negativamente.
Como acompanhar os resultados obtidos pela RCM?

Algumas métricas são de extrema importância quando levada em conta


a Manutenção Centrada em Confiabilidade, para verificar se a
metodologia está apresentando resultados esperados e, para isso, é
essencial que os indicadores sejam medidos com o máximo de
veracidade. Abaixo, alguns dos indicadores mais utilizados para medir a
eficiência de um plano de RCM dentro de uma companhia:

 Tempo médio entre falhas;


 Tempo médio de reparo;
 Gráficos e relatórios que apresentam diagnósticos dos
equipamentos.

Para atender a essas necessidades, existem softwares de gestão e


automação em manutenção, principalmente voltados para a área da
saúde que, se alimentados corretamente, te fornecem informações
precisas e que podem contribuir para melhorar a qualidade do seu
serviço.

Nathalia Mazotti  é engenheira biomédica e especialista em engenharia


da qualidade (blog.arkmeds.com)

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