PAISAGENS CARIOCAS

ENTRE O MAR E A MONTANHA

Anderson Ladislau
anderladislau@hotmail.com

Edilon Teixeira
edilon.tx@hotmail.com

Júlia Telles
juliaac.marques@hotmail.com

Sonia Maria Silva Nascimento

soniamsn10@gmail.com

04 de julho de 2022

CURSO:
CONSERVAÇÃO DA PAISAGEM E DO PATRIMÔNIO URBANO

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA VERA HAZAN 2022 – CAU-RJ

Sítio Paisagens Cariocas entre o Mar e a Montanha (2012)
Fonte: Rio de Janeiro | Baia de Guanabara - Rio de Janeiro - Brasil… | Flickr

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Objeto
O Sítio Rio Patrimônio Mundial – Paisagens Cariocas, entre a montanha e o mar – na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, possui
um Plano de Gestão Global apresentado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O sítio foi
reconhecido pela Unesco em sua 36ª sessão do Conselho do Patrimônio Mundial em 01 de julho de 2012, em São
Petersburgo, Rússia, e incluído na Lista de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural.

Na época, o Sítio do Rio de Janeiro foi descrito como “um bem que consiste numa paisagem urbana excepcional,
compreendendo os principais elementos naturais que formaram e inspiraram o desenvolvimento da cidade: desde os pontos
mais altos das montanhas do Parque Nacional da Tijuca até o mar. Eles também incluem o Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, criado em 1808, a montanha do Corcovado com sua celebrada estátua do Cristo Redentor, as montanhas no
entorno da Baía de Guanabara e ainda, as paisagens desenhadas ao longo da orla de Copacabana, que muito contribuíram
para a vida cultural ao ar livre desta cidade espetacular. O Rio de Janeiro é também reconhecido como fonte de inspiração
artística para músicos, paisagistas e urbanistas.”

No dossiê apresentado à Unesco, informou-se que o sítio corresponde às áreas que definem a relação da cidade com a
montanha, a floresta e o mar e a forma como ele foi agenciado pelo trabalho humano. O Maciço da Tijuca, com o Parque
Nacional da Tijuca e o Jardim Botânico, a entrada da Baía de Guanabara e as bordas d´água redesenhadas pelo trabalho
humano correspondem aos eixos principais do sítio.

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Objeto
O quadro que se segue, informa sobre os bairros em que os componentes estão inseridos, as coordenadas de seu ponto
central, suas respectivas áreas, assim como a área total do Sítio e a zona de amortecimento.

COMPONENTES DO SÍTIO PATRIMÔNIO MUNDIAL

Nº NOME DO COMPONENTE BAIRRO COORDENADAS ÁREA DO SÍTIO ÁREA DE
DO PONTO (ha) AMORTECIMENTO
CENTRAL (ha)
1 PNT – Floresta da Tijuca, Pretos Alto da Boa Vista 43°28’W 22°94’S 1.982,58
Forros e Covanca
2 PNT – Pedra Bonita e Pedra da São Conrado 43°28’W 22°99’S 257,89
Gávea
3 Parque Nacional da Tijuca e Jardim Alto da Boa Vista, 43°23’W 22°95’S 1.823,97
Botânico Jardim
Botânico,
Sumaré
4 Entrada da Baía de Guanabara e Jurujuba, Urca, 43°21’W 22°95’S 3.184,34
bordas d’água desenhadas – Centro, Flamengo,
P.Flamengo, Fortes Históricos Botafogo,
do Rio de Janeiro e de Niterói,
Copacabana
Mon. Natural Pão de Açúcar, 8.621,38
Orla de Copacabana

ÁREA TOTAL (ha) 7.248,78

Fonte: Plano de Gestão do Sítio - Rio de Janeiro: Paisagens cariocas entre a montanha e o mar, p.17
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Contexto
O Sítio contém os principais marcos de visualização da cidade, correspondendo aos topos de seus grandes morros, de
onde se descortinam vistas panorâmicas tornando mais fácil a compreensão e interpretação da paisagem cultural
urbana. Em alguns deles, as facilidades de acesso e a implantação de equipamentos, como no Corcovado, Pão de
Açúcar, Morro do Leme e Outeiro da Glória, permitem melhor usufruto destes visuais.

Fonte: https://whc.unesco.org/document/136037https://whc.unesco.org/document/136037

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Contexto
Para delimitação do Sítio, foram traçadas duas linhas
imaginárias a partir dos principais pontos de visualização,
Corcovado e Morro do Pico, cujos ângulos definiram um
quadrilátero. No mapa a seguir, a área nele compreendida
contém os mais importantes elementos do sítio, indicando
diferentes aspectos da paisagem – o mar, a montanha, a
cidade e suas florestas – e demonstrando sua interligação.
Estes componentes correspondem a áreas da cidade do Rio
de Janeiro em que predomina uma forte interface com a
montanha e o mar, guardando os principais exemplares da
diversidade geomorfológica e ecológica que a caracteriza e
com a qual o homem constituiu uma relação especial
desde sua fundação aos dias de hoje.
Mapa do Sítio
Fonte:
https://whc.unesco.org/document/136037https://whc.unesco.org/document/136037

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Contexto

Mapa dos Visuais do Sítio

Fonte:
https://whc.unesco.org/document
/136037https://whc.unesco.org/d
ocument/136037

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Valores do sítio
O sítio inscrito na Cidade do Rio de Janeiro constitui-se um exemplo único,
onde a relação homem-cidade-natureza mantém-se equilibrada e
reconhecida como um monumento à qualidade de vida e ao prazer de viver
na urbe. Esta paisagem tropical, construída em uma natureza exuberante de
forma deliberada e determinada, foi constituída por processos históricos e
culturais singulares, a partir da partilha de valores humanos, desde a
colonização portuguesa até os dias atuais, resultando em um excepcional
conjunto de áreas públicas, jardins históricos, parques e monumentos
naturais, cujo significado científico, qualidades formais e associações
culturais simbólicas lhes concedem valor universal excepcional, digno de ser
partilhado por toda a humanidade. Vista do Pão de Açúcar, ponto turístico da cidade - Fonte: GettyImages

As transformações impostas pelo homem na montanha e nas bordas do mar e a maneira como essas foram sendo
desenhadas e ocupadas, tornou a cidade referência mundial. Isso se deu primeiro pela experiência de aplicação dos
ideais do paisagismo europeu dos séculos XVIII e XIX para os trópicos, e, posteriormente, pelo desenvolvimento de
uma escola de paisagismo moderno que cresceu em torno de Roberto Burle Marx e se espalhou pelo mundo.

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Valores do sítio
Este sítio é caracterizado por uma das mais complexas paisagens culturais, produzida pela troca entre diferentes
culturas associadas a um sítio natural marcado pela sua originalidade. A utilização intencional da natureza,
inicialmente por interesses econômicos dos colonizadores portugueses, formou, ao longo dos anos, a paisagem
carioca. Mais tarde, a imposição da natureza tropical e do relevo acidentado, aliados aos traços culturais do homem
que aqui se estabeleceu, fez com que os elementos naturais trabalhados pelo ser humano se tornassem soberanos na
paisagem da cidade, garantindo em grande parte a manutenção da biodiversidade local.

Modelo à outras cidades

Na segunda metade do século XIX, os desastres ambientais relacionados à cafeicultura e à expansão da cidade
trouxeram preocupação com a preservação ambiental, tendo como consequência direta o reflorestamento dessas
enormes áreas, antes utilizadas para agricultura, e a criação do Parque Nacional da Tijuca. O modelo implantado no
Parque foi pioneiro na América Latina, por atender a uma demanda ambiental ainda pouco amadurecida na
consciência da população na época e por oferecer os atrativos à visitação. Estes conceitos foram logo disseminados
em diversas cidades brasileiras e americanas.

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Valores do sítio
Inspiração
A deslumbrante paisagem natural em que se insere inspirou,
ao longo de cinco séculos, a criação de um vasto legado
iconográfico, como poucos existentes no planeta, produzido
por artistas profissionais e amadores, brasileiros e
estrangeiros. Como reflexos da observação e vivência da
cidade, enquadram-se ainda outras obras de excepcional
qualidade e importância, como os relatos dos viajantes, a
música, a literatura, o cinema e a fotografia, os quais
oferecem múltiplos olhares sobre o Rio de Janeiro. Além de
uma série de manifestações surgidas na cidade se difundiu
pelo mundo: o samba; a bossa nova; o futebol; o carnaval de
rua e as tradicionais festas religiosas, tornando uma cidade Vista da Cidade do Rio de Janeiro - Fonte: CTG
única.

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Problemas, vulnerabilidades e desafios
A arquitetura apesar de ser um recorte do momento vivido, não é estática e tudo a sua volta, assim como ela mesma,
está em constante mudança. Para se alcançar o título do patrimônio, a própria paisagem do Rio passou por grandes
transformações ao longo dos anos e, o que lhe conferiu tal título, hoje, é o que pode transformar totalmente a
paisagem construída.

As mudanças causadas pelo homem estão intimamente ligadas à evolução e crescimento das sociedades e tecnologias.

O sítio apresenta muitas riquezas naturais e proporciona belas paisagens que são identificadas entre as regiões
montanhosas e sua proximidade com o mar. Entretanto, essa diversidade é repleta de desafios para a estruturação
urbana e seu controle demográfico. Com o crescimento desordenado da população, as regiões preservadas, com
densas florestas, transformam-se em áreas de risco para estas famílias, sobretudo, em períodos de chuvas, causando
deslizamentos quando, nestas áreas, surgem construções irregulares causadas por questões sociais e a falta de
fiscalização.

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Casos de sucesso
O Rio de Janeiro é a primeira paisagem cultural urbana
declarada Patrimônio Mundial da UNESCO e por isso pioneira
nos casos de sucesso dentro desta temática, servindo assim de
modelo para futuras cidades a receberem este título.

Entretanto, a Cidade Histórica de Ouro Preto, Minas Gerais foi a

primeira a ganhar o título de Patrimônio Mundial no Brasil, em
1980, e desde então vem preservando sua história presente nos
monumentos e nas construções ainda hoje existentes, fruto de
leis presentes em todas as esferas para manter cada vez mais
essa conservação viva e presente na rotina da sociedade local e
turística. A influência da cidade diminuiu com o passar dos
anos, mas muitas igrejas, pontes e chafarizes permanecem
como testemunhos de seu passado de prosperidade e do
Centro Histórico de Ouro Preto - Fonte: Tripadvisor
excepcional talento do escultor barroco Aleijadinho.

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Casos de sucesso
Outro caso após a nomeação das “Paisagens Cariocas - entre o mar e a
montanha”, em 2012, é “Paraty e Ilha Grande - Cultura e Diversidade” em
2019, ainda na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.

O sítio de Paraty e Ilha Grande apresenta valor universal excepcional por

suas características naturais e culturais, assim como a interação entre
elas. A sua área de abrangência envolve porções territoriais de oito
municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior
parte da área núcleo está localizada entre a Serra da Bocaina e o Oceano
Atlântico, em Paraty. Que apresenta uma paisagem cultural que inclui o
centro histórico de uma das cidades costeiras mais bem preservadas do
Brasil, além de quatro áreas naturais protegidas da Mata Atlântica
brasileira e um dos cinco principais focos de biodiversidade do mundo.
Vista da Capela Santa Rita de Cássia em Paraty
Fonte: Patrimônio Mundial no Brasil (unesco.org)

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Casos de sucesso
No final do século XVII, Paraty foi o ponto final do Caminho do Ouro. Um sistema de defesa foi construído para proteger a
riqueza do porto e da cidade. O centro histórico de Paraty manteve seu projeto urbanístico do século XVIII e grande parte de
sua arquitetura colonial, que data do século XVIII e início do século XIX.

Foto da Cidade de Paraty - Fonte: Site Paraty

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Estratégias/ações/intervenções
Como apontado, o grande problema deste sítio é a evolução da urbanização na cidade e o desordenado crescimento
populacional. Novos modelos arquitetônicos, novas tecnologias e o adensamento populacional são uma ameaça a
paisagem carioca, visto que a cada nova alteração urbanística e desmatamento podem alterar significativamente a orla
carioca.
A estruturação de um bom plano diretor e uma rigorosa fiscalização dessa área garantiria um atraso dessas
modificações na paisagem da orla carioca.

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Parceiros envolvidos
● Empresas privadas; desenvolvendo projetos de cunho educacional patrimonial e ambiental em torno da cidade,
da serra e da Baía de Guanabara, em troca de benefícios fiscais.
● O poder público; com a Câmara na aprovação do novo plano diretor já pendente de análise e aprovação com a
criação de zonas com foco de sustentabilidade.
● As associações de moradores; que façam essa conexão entre a comunidade e o poder público.

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Sustentabilidade
Para as áreas de adensamento é proposto Áreas de Adensamento Sustentável - AAS, baseado no Plano Diretor de Santos/SP.
Compreendendo as áreas ao longo da paisagem “entre o mar e a montanha” que serão delimitadas na Lei de Uso e Ocupação
do Solo.

Objetiva-se:

I - promover maior aproveitamento do solo urbano nas proximidades dos sistemas de transporte coletivo público, com
aumento na densidade construtiva, demográfica, habitacional e de atividades urbanas articuladas com oferta de serviços,
equipamentos e infraestruturas urbanas, adequada ao adensamento previsto;

II - incrementar a oferta de comércios, serviços e espaços produtivos nos bairros mais distantes da região central,
aumentando as oportunidades de trabalho, emprego e geração de renda;

III - ampliar a oferta de Habitações de Interesse Social - HIS e de Habitação de Mercado Popular - HMP para a população de
baixa e média rendas, em áreas em que há oferta de emprego e de atividades econômicas e serviços públicos em níveis
adequados ao adensamento previsto;

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Sustentabilidade
V - melhorar as condições urbanísticas dos bairros existentes com oferta de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas
em níveis adequados ao adensamento previsto;

VI - melhorar as articulações (de integração) entre os sistemas de transportes coletivos e diferentes padrões de uso e
ocupação do solo;

VIII - promover melhorias na articulação entre os modos motorizados e não motorizados de transporte, especialmente de
pedestres e ciclistas;

IX - normatizar a produção imobiliária da iniciativa privada de modo a gerar:

b) valorização dos espaços públicos, áreas verdes, espaços livres e paisagem urbana;
c) convivência adequada entre os espaços públicos e privados e entre usos residenciais e não residenciais;

X - desestimular o uso do transporte individual.

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Resultados esperados
Os resultados esperados diante de toda a pesquisa é fazer com que a paisagem se preserve por mais tempo, trazendo
melhor qualidade de vida para a população que habita essa área, bem como para os turistas.

Curto e médio prazo:

2022 - Aprovação do plano diretor pela Câmara.
2025 - Aplicação da AAS (Área de Adensamento Sustentável).

Longo prazo:
2032 - Levantamento estatístico e revisão do plano diretor com base na sustentabilidade.

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Bibliografia:
● https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil
● https://www.archdaily.com.br/br/801657/rio-de-janeiro-e-a-primeira-paisagem-cultural-urbana-declarada-patri
monio-mundial-da-unesco
● https://planodiretor-pcrj.hub.arcgis.com/
● https://exame.com/brasil/50-cidades-que-dao-aula-de-planejamento-urbano-no-brasil/
● http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/45/
● http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Plano_de_Gestao_versao_ingles_candidatura_RIO_2014.p
df

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